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Terapêutica Medicamentosa Letícia Bezerra – Turma 85 • A inflamação é uma resposta dos organismos vivos a uma agressão sofrida. Entende-se como agressão qualquer processo capaz de causar lesão celular ou tecidual. • Dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a uma lesão real ou potencial. Eventos da Inflamação: • Lesão aos tecidos locais; • Liberação de mediadores inflamatórios (histamina pelos mastócitos); • Dilatação dos vasos sanguíneos; • Aumento da permeabilidade capilar; • Quimiotaxia para células de defesa; • Fagocitose e liberação de outros mediadores; • Ativação plaquetária e cascata da coagulação; Lesão Tecidual -> Ativação da Fosfolipase A2 (local de atuação dos corticosteroides) -> Fosfolipídios da Membrana Celular -> Produção de Ácido Araquidônico (local de atuação dos AINES): • A Cicloxigenase (local de atuação dos AINES) é advinda do ácido araquidônico, e produz COX-1 e COX-2 (local de atuação dos seletivos para COX-2). • A Lipoxigenase também é advinda do ácido araquidônico, e produz os leucotrienos (aumentado durante a inflamação, está relacionado à quimiotaxia e inflamação, especialmente em processos alérgicos). • COX-1: Constitutiva ou fisiológica, está relacionada à proteção gástrica, regulação renal e agregação plaquetária. • Os sintomas clínicos da inflamação são: dor, rubor, calor, tumor ou edema e perda de função. Eventos da Dor: Lesão Tecidual -> Estímulo direto aos nociceptores -> Mediadores Inflamatório -> Alteração de permeabilidade da membrana (os analgésicos deprimem os nociceptores) -> Aumento da excitabilidade dos neurônios. Analgésicos e Anti-inflamatórios: 1. Inibidores da Fosfolipase A2: • Corticoesteroides: Dexametasona e Betametasona. 2. Inibidores da COX: • AINES: Diclofenaco, Ibuprofeno/Cetoprofeno, Cetorolaco, Tenoxicam, Seletivos para COX-2 (inclui Nimesulida). 3. Depressores dos Nociceptores: • Dipirona e Paracetamol. Quando utilizar o anti-inflamatório? • Usar quando, após algum dano, as manifestações clínicas apresentadas suplantarem os benefícios da reparação tecidual determinada pela inflamação. • Quando o procedimento é pouco invasivo, a resposta inflamatória é mínima, geralmente autolimitada. Nessas situações há pouco desconforto e dor leve, sendo suficiente a prescrição de analgésicos de ação periférica. • Quando o procedimento é muito invasivo, o trauma tecidual e a resposta inflamatória são mais intensos. Nessas situações há mais desconforto, edema e dor, sendo suficiente necessária a associação de anti- inflamatórios aos analgésicos. Princípios para a seleção do analgésico ou anti-inflamatório 1. Identificar a origem e intensidade da dor, eliminar a dor com o tratamento específico para sua causa. • Considerar a necessidade de analgesia preventiva, ou seja, antes da sensação dolorosa. 2. Se o tratamento for sintomático, iniciar com fármacos com menor incidência de toxicidade e efeitos colaterais. • Considerar a toxicidade renal dos anti-inflamatórios não-esteroidais e a toxicidade hepática do paracetamol. 3. Usar esquemas de administração apropriados por tempo adequado, reconhecendo doses equivalentes dos diferentes representantes. • A dor decorrente de procedimentos cirúrgicos odontológicos perdura por aproximadamente 24h e o edema atinge seu pico após 36h. Dipirona (Anador ou Novalgina) • É um analgésico e antipirético (utilizado para febre). • Na forma de comprimido, se apresenta como 500mg e deve ser utilizado de 6 em 6h. • Na forma de solução, se apresenta como 500mg/ml, é utilizado de acordo com o peso da criança 25mg/kg. • Boa ação nos casos em que já houve estimulação ou dor instalada. • Provoca hipotensão. • Considerar risco de agranulocitose (diminuição das células granulosas no sangue - leucócitos) a anemia aplásica (produção suprimida de todos os tipos de células sanguíneas). • Possui metabolização no fígado; absorção no plasma; meia-vida de 4 horas; e excreção renal. Paracetamol (Tylenol e Dorflex) • É um analgésico e antipirético (utilizado para febre). • Na forma de comprimido/cápsula, se apresenta como 500mg ou 750mg, e deve ser utilizado de 6 em 6h. • Na forma de xarope, se apresenta como 200mg/ml, é utilizado de acordo com o peso da criança 10mg/kg. • É hepatotóxico. • São fracos inibidores das protaglandinas periféricas, porém potentes inibidores das prostaglandinas do SNC. • Seguro para gestantes e lactantes (primeira escolha). • Interações: Plasil (utilizado para enjoo). • Possui metabolização no fígado; absorção no intestino delgado; meia-vida de 2 a 4 horas; e excreção renal. Diclofenaco (Voltaren - Sódio e Cataflan - Potássio) • É um analgésico, antipirético e anti-inflamatório. • Na forma de comprimido, se apresenta como 50mg, 75mg ou 100mg, e deve ser utilizado 50mg de 8 em 8h. • Na forma de solução, se apresenta como 15mg/ml, é utilizado de acordo com o peso da criança 0,5mg/kg. • É nefrotóxico. • Podem levar a alterações na proteção gástrica. • Interações: Anticoagulantes; Pentoxifilina; Ciclosporina. • Possui metabolização no fígado; absorção no plasma; meia-vida de 2 horas; e excreção renal. • O diclofenaco de sódio é diferente do diclofenaco de potássio, sendo o de potássio melhor para pacientes que têm problema de hipertensão arterial. Ibuprofeno (Advil ou Alivium) • É um analgésico, anti-inflamatório e relaxante muscular. • Na forma de comprimido, se apresenta como 200mg, 400mg ou 600mg, e deve ser utilizado 400mg a 600mg de 8 em 8h. • Na forma de solução, se apresenta como 50 e 100mg/ml, é utilizado de acordo com o peso da criança 5 a 10mg/kg. • É o único AINE indicado para crianças. • Podem levar a alterações na proteção gástrica. • Interações: Anticoagulantes; Hormônios tireoideanos. • Possui metabolização no fígado; absorção no plasma (albuminas plasmáticas); meia-vida de 2 horas; e excreção renal. Nimesulida (Nisulid ou Scaflam) • É um analgésico, antipirético e anti-inflamatório. • Na forma de comprimido, se apresenta como 100mg, e deve ser utilizado de 12 em 12h. • Na forma de solução, se apresenta como 50 mg/ml, é utilizado de acordo com o peso da criança 2,5mg/kg. • Inibe a função leucocitária (razão de estar sendo menos utilizada), além de ser hepatotóxico. • Podem levar a alterações na proteção gástrica. • Interações: Anticoagulantes; Ciclosporina; Anti-hipertensivos diuréticos. • Possui metabolização no fígado; absorção no plasma; meia-vida de 2 a 5 horas; e excreção renal. Dexametasona (Decadron) • É um corticoesteroide anti-inflamatório. • Na forma de comprimido, se apresenta como 0,5-0,75 e 4mg, e deve ser utilizado 4 a 8mg de 12 em 12h. • Na forma de solução, se apresenta como 2 mg/ml, é utilizado de acordo com o peso da criança 0,08mg/kg. • Tem efeito imunossupressor, caso seja usado por um longo período. • Interações: Anticoagulantes; Imunossupressores. • É muito interessante utilizar para pré-operatório. • Possui metabolização no fígado; absorção no trato gastrointestinal; meia-vida de 3 horas; e excreção renal. Infecção • Infecção é a colonização de um organismo hospedeiro por uma espécie estranha. O organismo infectante procura utilizar os recursos do hospedeiro para se multiplicar (com evidentes prejuízos para o hospedeiro). • As infecções bucais costumam ser de evolução rápida e curta, especialmente se o foco é eliminado. Entretanto, quando as medidas locais por si só não têm o efeito desejado, há sinais de disseminação ou comprometimento sistêmico, o uso de antibióticos é indicado para favorecera resposta orgânica. • A prevenção é feita em pacientes não apresentam evidências de infecção, com o objetivo de prevenir a colonização bacteriana e suas complicações. Antibióticos 1. Beta-lactâmicos • Cefalosporinas • Penicilinas: Amoxicilinas e Ampicilinas. 2. Quinolonas • Ciprofloxacino • Ofloxacino 3. Macrolídeos • Eritromicina • Azitromicina 4. Anaerobicidas • Clindamicina • Metronidazol 5. Tetraciclinas Tratamento da Infecção • Para o tratamento das infecções, deve-se considerar: ✓ Gravidade da infecção. ✓ Tratamento cirúrgico adequado pode ser realizado. ✓ Condição sistêmica do paciente. • Indicações de Antibioticoterapia: ✓ Infecção de início agudo. ✓ Paciente imunologicamente comprometido. ✓ Envolvimento dos espaços fasciais profundos. ✓ Pericoronarite grave. ✓ Osteomielite. • Antibioticoterapia não é necessária: ✓ Abcesso pouco extenso, crônico e localizado. ✓ Alveolite localizada. ✓ Pericoronarite branda, edema discreto e dor leve. ✓ Demanda do paciente. ✓ Dor de dente rotineira. Princípios para a seleção de antibióticos – TRATAMENTO 1. Uso rotineiro da terapia empírica; • As infecções odontogênicas são causadas por microorganismos conhecidos. Sendo assim, uso de cultura e testes de sensibilidade não são necessários rotineiramente. 1. Antibiótico de espectro reduzido; • Reduzir a interferência na flora hospedeira normal e as chances de resistência bacteriana. 2. Antibiótico com a menor incidência de toxicidade e efeitos colaterais; • Os antibióticos comumente usados em casos de infecções odontogênicas possuem baixa toxicidade e poucos efeitos colaterais. Efeitos Colaterais: Amoxicilina: Alergia. Clindamicina/Ampicilina: Colite pseudomembranosa. Metronidazol: Efeito dissulfiram. 3. Preferencialmente selecionar antibióticos bactericidas; • Os antibióticos bacteriostáticos requerem defesas do hospedeiro relativamente intactas. 4. Respeitar a dose e intervalo adequados; • Necessário para obtenção e manutenção dos níveis plasmáticos acima da concentração inibitória mínima para as bactérias envolvidas na infecção. Prevenção da Infecção • A profilaxia pode reduzir a incidência de infecção pós-operatória e, consequentemente, a morbidade pós- operatória; • A profilaxia apropriada pode reduzir o custo dos cuidados de saúde; • A profilaxia requer período menor de uso do antibiótico. Princípios para seleção de antibióticos – PREVENÇÃO 1. O procedimento deve ter risco significativo de infecção; • Avaliar a presença de inoculação bacteriana na área cirúrgica, procedimentos prolongados, presença de corpos estranhos e condição sistêmica do paciente. 2. Escolher adequadamente o antibiótico; • A profilaxia deve usar antibióticos que atuam sobre os microrganismos mais prováveis de causar infecções odontogênicas, considerar também o espectro reduzido e a menor toxicidade. 3. O nível plasmático do antibiótico deve ser elevado. • Favorece a difusão entre os fluidos e espaços teciduais onde será realizada a cirurgia. Usualmente a recomendação (exceto quando para endocardite bacteriana) é que a dose profilática seja pelo menos duas vezes a dose terapêutica usual. 4. Momento correto de administração (2h ou menos antes da cirurgia); • Depende da via de administração, usualmente para via oral recomenda-se 1h antes da cirurgia. 5. Menor tempo de exposição que seja eficaz. • A profilaxia deve ser feita antes da cirurgia, mantendo os níveis plasmáticos adequados durante todo o procedimento cirúrgico. A continuação do antibiótico traz pouco benefício. Endocardite Bacteriana • É uma infecção/inflamação que atinge parte da membrana mais interna do coração, o endocárdio, que está em contato direto com o sangue interno. Também podem afetar as válvulas cardíacas. Profilaxia Recomendada: • Condições cardíacas de alto risco: ✓ Valva cardíaca protética/material protético para reparo da valva; ✓ Endocardite prévia; ✓ Receptores de transplante cardíaco que têm valvulopatia cardíaca; ✓ Doenças cardíacas congênitas: - Cardiopatia congênita cianogênica não corrigida; - Cardiopatia congênita corrigida com material protético (6 meses após cirurgia); - Cardiopatia congênita cianogênica corrigida que evoluiu com defeito residual; • Condições odontológicas de risco: ✓ Todo procedimento odontológico que envolve manipulação dos tecidos gengivais ou da região periapical ou perfuração da mucosa oral. Penicilinas • Descobertas por Alexander Fleming. • Possuem ação bactericida. • Tem baixa toxicidade. • Considerar a possibilidade de hipersensibilidade. • Facilidade de uso oral. Amoxicilina • Mecanismo de Ação: Inibe síntese de parede celular. • Na forma de cápsulas, se apresenta como 500mg e deve ser utilizado de 8 em 8h. • Na forma de solução, se apresenta como 50mg/ml, é utilizado de acordo com o peso da criança 50mg/kg. • Boa absorção por via oral. • Reação de sensibilidade cruzada com outras penicilinas. • Interações: Antibióticos bacteriostáticos; Contraceptivos orais. Metronidazol • Mecanismo de Ação: Inibem síntese do DNA. • Na forma de cápsulas, se apresenta como 250 e 400mg e deve ser utilizado 400mg de 8 em 8h (não é indicado para profilaxia local). • Na forma de solução, se apresenta como 40mg/ml, é utilizado de acordo com o peso da criança 20mg/kg. • Bactericidas e atuam sobre anaeróbios. • Hidróxido de alumínio reduz sua absorção. • Contraindicado na gestação (1º trimestre). • Interações: Anticoagulantes; Fenobarbital; Álcool. Clindamicina (Dalacin) • Mecanismo de Ação: Inibem a síntese proteica. • Na forma de cápsulas, se apresenta como 300mg e deve ser utilizado 300mg de 8 em 8h (para profilaxia local, deve-se utilizar uma dose única de 600mg). • Na forma de solução, se apresenta como - , é utilizado de acordo com o peso da criança 20mg/kg. • Tem atividade imuno-estimuladora (Macrófagos e leucócitos). • Atuam principalmente sobre anaeróbios. • Relacionado à ocorrência de colite pseudomembranosa (inflamação do cólon, produz diarreia e aparição no interior do cólon de placas esbranquiçadas chamadas pseudomembranas.) • Boa disponibilidade em tecido ósseo. Azitromicina (Clindal) • Mecanismo de Ação: Inibem a síntese proteica. • Na forma de cápsulas, se apresenta como 500mg e deve ser utilizado 500mg de 24 em 24h (para profilaxia local, deve-se utilizar uma dose única de 500mg). • Na forma de solução, se apresenta como 600 mg em 15ml, é utilizado de acordo com o peso da criança 15mg/kg. • Bactericidas com espectro de ação amplo. • Rápida difusão tecidual e meia-vida longa. “A terapêutica medicamentosa é um complemento importante em todo procedimento cirúrgico. Deve ser prescrita considerando o porte da cirurgia, peculiaridades de cada paciente e visando o controle da dor, da inflamação e da infecção.”
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