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SUMÁRIO 1. Estática fetal................................................................. 3 2. Mecanismo do parto ................................................. 7 3. Trabalho de parto .....................................................10 4. Fases clínicas e assistência ao parto ...............11 5. Partograma ................................................................18 Referências Bibliográficas ........................................20 3PARTO 1. ESTÁTICA FETAL Antes de estudarmos o parto em si, é essencial o conhecimento sobre as relações uterofetais, com o estudo da estática fetal, de acordo com a atitu- de, situação, apresentação e posição do feto. A atitute fetal compreende a relação entre as diversas partes fetais. O feto se aloja no útero em atitude de flexão generalizada, com a cabeça e o men- to aproximando-se do tórax anterior; isso é possível graças à flexibiidade da coluna vertebral e da articulação occipitovertebral. A situação fetal é a relação entre o maior eixo da cavidade uterina e o maior eixo fetal. Sendo assim, quan- do ambos se coincidem, a situação será longitudinal (99,5% das vezes); quando perpendiculares, a situação é transversa; por fim, se forem cru- zados, recebe o nome de oblíqua ou inclinada. Figura 1. Atitude e situação fetal (longitudinal e trans- versa). Fonte: Zugaib, 2016. Já a apresentação fetal compreende a região fetal que ocupa o estreito su- perior da bacia materna. Assim como a situação, a apresentação também pode mudar ao longo da gestação até o momento do parto, quando, na maior parte das vezes, estará com o polo cefálico encaixado. Quando a situação é transversa, estaremos sempre diante de uma apresentação 4PARTO córmica. Na situação longitudinal, é possível a apresentação cefálica (polo cefálico) e a pélvica (polo pélvico). O polo cefálico fetal pode estar total- mente fletido, com o mento próximo à face anterior do tórax ou se afastar do tórax em alguns graus de extensão. Na primeira situação, há a apresenta- ção cefálica fletida. Nos demais ca- sos, temos as apresentações defle- tidas, que podem ser de 1º grau ou bregmática, 2º grau ou de fronte, e de 3º grau ou de face. Figura 2. Graus de deflexão: fletida – bregmática – fronte – face. Fonte: Zugaib, 2016. O último estudo sobre a estática fe- tal inclui a posição, que é a relação do dorso fetal com o dorso materno, po- dendo ser direita, esquerda, anterior, posterior ou transversa. A variedade de posição é definida pela relação entre os pontos de refe- rência maternos (púbis, eminências ileopectíneas, extremidades do diâ- metro transverso máximo, sinostose sacroilíaca e sacro) e fetais. Para determinar a variedade de po- sição é importante saber a linha de orientação fetal/estrutura que está em relação ao diâmetro materno. São elas: • Lambda e sutura sagital: apresen- tação cefálica fletida; • Sutura sagital e metópica: apre- sentação cefálica defletida grau 1; 5PARTO • Sutura metópica: apresentação cefálica defletida grau 2; • Linha facial (nariz até o mento): apresentação cefálica defletida grau 3; • Sulco interglúteo: apresentação pélvica. A nomenclatura final da estática fe- tal leva em consideração a situação, a apresentação, a posição e varieda- de de posição. A primeira letra se re- fere ao ponto de referência ósseo da apresentação fetal; as demais corres- pondem ao ponto de referência em relação ao estreito superior da bacia materna. Exemplo: OEA -> apresen- tação do occipital, sendo que o ponto de referência (lambda) está à esquer- da e anterior em relação ao estreito superior. Sendo assim, considerando a apresentação cefálica fletida, pode- mos ter as seguintes variedades de posição: • OP: occipitopubiana; • OEA: occípito-esquerda-anterior • OET: occípito-esquerda-transversa; • OEP: occípito-esquerda-posterior; • OS: occipitossacra; • ODP: occípito-direita-posterior; • ODT: occípito-direita-transversa; • ODA: occípito-direita-anterior Durante o trabalho de parto, a identifi- cação da variedade de posição é feita pelo toque vaginal, que também es- tabelece a altura da apresentação. No início do trabalho de parto (ou al- guns dias antes) o feto se encaixa na bacia quando a maior circunferência da apresentação fetal chega na área do estreito superior. O maior circunferência nas apresenta- ções cefálicas é o diâmetro biparietal; já nas apresentações pélvicas, é a dis- tância bitrocanteriana. A determinação da altura é feita, na maior parte das ve- zes, pelos critérios de DeLee. O plano 0 é o diâmetro da biespinha ciática, que é o plano de referência para os demais. O plano -1 consiste na apresentação 1 cm acima do plano 0; 2 cm acima com- preende o plano -2, e assim sucessi- vamente, até o plano -5. Já o plano 1 é alcançado quando a apresentação ul- trapassar 1 cm do plano 0; 2 cm abaixo, encontra-se o plano 2, e assim sucessi- vamente, até o plano 5. Figura 3. Planos de DeLee. Fonte: Rezende, 2011. 6PARTO MAPA MENTAL – ESTÁTICA FETAL Altura da apresentação ESTÁTICA FETAL Apresentação Situação fetal Variedade de posição Atitude fetal Planos de DeLee Flexão generalizada Oblíqua Transversa Longitudinal Cefálica Pélvica Córmica Fletida Defletida (graus 1, 2 e 3) Direitas Esquerdas Medianas ODA, ODT e ODP OEA, OET e OEP OP e OS 7PARTO 2. MECANISMO DO PARTO O mecanismo do parto se refere as fases do parto, assim como aos movi- mentos do feto durante a passagem pelo canal de parto. Sendo assim, po- demos dividi-lo em 3 tempos: insi- nuação, descida e desprendimento. Estudaremos o mecanismos de parto fisiológico, ou seja, apresentação ce- fálica fletida em bacia ginecoide. A insinuação indica a passagem do maior diâmetro do polo cefálico pelo estreito superior da bacia materna (plano 0 de DeLee). Nas primigestas, a insinuação do feto geralmente se dá cerca de 15 dias antes do parto; já nas multíparas, isso pode ocorrer a qualquer momento. Nesse período, ocorre a redução dos diâmetros fetais, o que no caso da apresentação cefálica, consiste na flexão (mais frequente) ou deflexão da cabeça. Há, ainda, movimentos de flexão lateral, já que um dos ossos parietais atravessará o estreito supe- rior antes do outro; essa situação é denominada de assinclitismo. ASSINCLITISMO OU SINCLITISMO: POLO CEFÁLICO COM FLEXÃO LATERAL Assinclitismo posterior Quando a linha sagital se aproxima do púbis Assinclitismo anterior Quando a linha sagital se aproxima do sacro Sinclitismo Quando a linha sagital fica equidistante do púbis e do sacro Figura 4. Assinclitismo posterior (A), sinclitismo (B) e assinclitismo anterior (C). Fonte: Zugaib, 2016. 8PARTO da bacia, ou seja, fazer com que o polo cefálico se alinhe com o púbis. O grau da rotação interna varia de acordo com a variedade de posição da cabeça fetal. Ou seja, nas varieda- des anteriores, há rotação de 45°; nas transversais, de 90°; e nas posterio- res, de 135°. A descida é a passagem do polo fe- tal do estreito superior até o inferior, o que ocorre com movimentos rota- cionais. Este tempo do mecanismo do parto pode ser dividido didaticamen- te em tempos acessórios : Rotação interna da cabeça, que tem o objetivo de coincidir o maior diâmetro do polo cefálico com o maior diâmetro Figura 5. Rotação interna das variedades de posição posterior (A), anterior (B) e transversa (C) para a occipitopúbica (D). Fonte: Zugaib, 2016. Insinuação das espáduas no estreito superior da bacia, que ocorre simul- taneamente à progressão no canal de parto. O diâmetro biacromial mede 12 cm, o que seria incompatível com os diâmetros do estreito superior; po- rém, no período da descida, os om- bros se aconchegam, moldando-se conforme do diâmetro da bacia. Por fim, o último tempo do meca- nismo de parto, o desprendimento, consiste na saída do polo cefálico do canal de parto e também pode ser dividido didaticamente em tempos acessórios. Rotação externa da cabeça, também chamada de restituição,que consis- te em novo movimento logo após o desprendimento total da cabeça fetal, voltando para sua posição original na bacia. 9PARTO Figura 6. Rotação interna da apresentação em OEA para OP, seguida do desprendimento cefálico. Fonte: Rezende, 2011. O diâmetro biacromial per- manece em posição oblíqua ou transversa desde sua passagem pelo estreito su- perior; chegar no assoalho pélvico, há rotação das es- páduas para que o diâmetro biacromial fique na direção anteroposterior da saída do canal. Assim, o ombro ante- rior fica sobre a arcada púbi- ca e o posterior fica em con- tato com o cóccix materno. Por fim, há o desprendimen- to das espáduas, no qual, primeiramente, a espádua anterior aparece no orifício vulvar, seguida pela libera- ção da espádua posterior. Com a saída das espáduas, há liberação de todo o tronco fetal. Figura 7. Rotação (A – B) e desprendimento das espáduas (C – D). Fon- te: Rezende, 2011. 10PARTO 3. TRABALHO DE PARTO O parto pode ser estudado anali- sando-se suas três fases principais (dilatação, expulsão e secundamen- to), além do período premonitório (pré-parto). O período premonitório é caracte- rizado pela descida do fundo uterino (cerca de 2 a 4 cm), possibilitando maior amplitude de ventilação pul- monar. A insinuação do feto no es- treito superior da bacia causa dores lombares com o estiramento das arti- culações da cintura pélvica. Há maior saída de muco via vaginal, que pode estar associada a pequena quanti- dade de sangue, além das percep- ções maternas das metrossístoles intermitentes. As metrossístoles podem ser doloro- sas e vão aos poucos diminuindo o tempo de intervalo, assim como au- mentando sua intensidade; são cha- madas de dores preparantes. Neste período, há o amolescimento e apa- gamento do colo, que podem ser veri- ficados pelo toque vaginal. Essa fase pode ser chamada de fase latente do parto, em que as contrações uterinas não determinam, ainda, a dilatação progressiva do colo. FLUXOGRAMA – MECANISMOS DO PARTO MECANISMOS DO PARTO INSINUAÇÃO DESCIDA DESPRENDIMENTO Assinclitismo Rotação interna da cabeça Rotação externa da cabeça Insinuação das espáduas Rotação das espáduas Desprendimento das espáduas 11PARTO SE LIGA! O diagnóstico do trabalho de parto é muito importante e nem sempre fácil de ser estabelecido. Deve ser considerado como um conjunto de alterações e não por elementos isolados. Sendo assim, as alterações significativas que devemos considerar são a presença de contrações dolorosas e rítmicas (no mínimo 2 em 10 minutos, com duração de 50-60 segundos cada); apagamento e dilatação do colo (2cm nas primíparas e 3cm nas multíparas); formação da bolsa-das- -águas; e perda do tampão mucoso. Figura 8. Apagamento e dilatação do colo em primípa- ras (A – D) e multíparas (E – H). Fonte: Rezende, 2011. PREMONITÓRIO X TRABALHO DE PARTO PERÍODO PREMONITÓRIO TRABALHO DE PARTO • Contrações intermitentes, com aumento da frequência e intensidade; • Sem dilatação do colo uterino; • Saída de muco cervical; • Dores lombares. • Contrações dolorosas e rítmicas (≥2 em 10min, 50-60seg cada); • Apagamento e dilatação do colo uterino; • Bolsa-das-águas; • Perda do tampão mucoso. 4. FASES CLÍNICAS E ASSISTÊNCIA AO PARTO O primeiro período do parto é a fase de dilatação, que se inicia com as al- terações cervicais (dilatação e apaga- mento) e termina com a completa di- latação cervical (10cm). Sua duração é de cerca de 12 horas nas primípa- ras e 7 horas nas multíparas. O apa- gamento e dilatação do colo ocorrem em momentos diferentes nas primí- paras, enquanto nas multíparas ocor- rem simultaneamente. A bolsa-das- -águas consiste no aparecimento das membranas ovulares (âmnio e cório) através do colo dilatado. 12PARTO RELEMBRANDO... Diante da chegada da parturiente no hospital ou maternida- de, logo na sua admissão deve ser feita a coleta da história, feito o exame físico do abdome e toque vaginal, além da re- alização de alguns exames laboratoriais. Os exames laboratoriais admissionais devem incluir tipagem sanguínea ABO, fator Rh (coombs indireto, se Rh nega- tivo), além do VDRL e teste rápido para HIV. No período de dilatação, a equipe de saúde deve ter alguns cuidados ini- ciais, como garantir a presença de um acompanhante durante todo o parto, além de realizar os toques vaginais seguintes para verificação das alte- rações cervicais. No toque vaginal, deve-se explorar o colo (apagamen- to, dilatação e consistência), além da bolsa-das-águas, a apresentação fe- tal e a altura da apresentação. Atual- mente, tem sido empregada a ideia de fazer o toque vaginal o mínimo de vezes possível, no geral, a cada 2 ou até 4 horas. SE LIGA! O acompanhamento da dila- tação cervical, assim como da altura da apresentação fetal consiste em um dos elementos mais importantes para a evo- lução do parto. Vamos relembrar isso um pouco mais a frente... Durante todo o trabalho de parto, a equipe de saúde deve se atentar também a outros cuidados, como o acompanhamento da vitalidade fetal, através da ausculta dos batimentos cardiofetais, que, idealmente, deve ser feita a cada 30 minutos; a me- dição dos sinais vitais; alimentação adequada da parturiente; e estímulo à deambulação. A equipe deve pro- curar medidas para alívio das dores, sejam elas medicamentosas ou não, como uma posição mais confortável, banhos quentes e massagens, além do apoio psicológico. SE LIGA! A alimentação durante o tra- balho de parto pode ser feita com líqui- dos e alimentos de baixa caloria para pacientes de baixo risco. A analgesia via bloqueio raquimedu- lar/peridural, no geral, é feita com 4-5 cm de dilatação, porém não é um pro- cedimento de rotina, já que pode tra- zer complicações como vômitos, hi- potensão, retenção urinária e período expulsivo prolongado, com maior uso do fórcipes. SE LIGA! A analgesia não medicamen- tosa deve ser feita de forma a garantir um trabalho de parto mais humanizado, sendo que o posicionamento da partu- riente de forma verticalizada, o uso de terapias como a imersão em água mor- na e acupuntura, apresentam resultados promissores no controle da dor, segun- do alguns estudos. A rotura das membranas ovulares ocorre, na maioria das vezes, ao final do período de dilatação ou início da 13PARTO expulsão, com saída parcial do con- teúdo líquido. A rotura artificial das membranas (amniotomia) não deve ser uma prática generalizada e sim restrita à situações em que é neces- sária pra a evolução do parto. SAIBA MAIS! A rotura de membranas ovulares na ausência de trabalho de parto configura o quadro de Ro- tura Prematura das Membranas Ovulares (RPMO), que pode ocorrer inclusive em gestações pré-termo. Nessas situações, a maior preocupação da equipe de saúde está na maior possi- bilidade de evolução para corioamnionite, endometrite ou bacteremia, além da prematuridade e infecção neonatal. MAPA MENTAL – FASE DE DILATAÇÃO Sinais vitais e alimentação da gestante FASE DE DILATAÇÃOVitalidade fetal (BCF) Toque vaginal a cada 2-4 horas Apoio psicológico Amniotomia, se necessária Duração 7-12 horas Garantir acompanhante Exame físico e laboratoriais na admissão Alívio das dores O segundo período é a fase de ex- pulsão, que se inicia com a dilatação completa do colo uterino e se prolonga até a saída do feto, tendo duração vari- ável de 20 a 50 minutos. Corresponde ao período de maior intensidade e fre- quência das contrações uterinas, até consistirem em cerca de 5 contrações em cada 10 minutos. Nesse momento, a parturiente passa a sentir os puxos, comparável à “vontade de espremer”, como na evacuação ou micção dificul- tadas. No decorrer da descida do feto pelo canal de parto, percebe-se que a vulva se entreabre e se dilata, mos- trando a apresentação fetal. Nesse período, a equipe de saúde deve orientar a parturiente sobre como agir 14PARTO diante das contrações uterinas. Dessa forma, orientar que deve fazer força apenasdurante as contrações efetivas e descansar nos intervalos das mes- mas. Deve-se realizar a antissepsia da região perineal e a colocação dos campos estéreis para isolar as partes maternas, exceto a vulva. Pode ser feita a analgesia locorregio- nal, com bloqueio troncular do nervo pudendo interno, na extremidade da espinha ciática. Pode ser feita, se ne- cessária, a episiotomia, com o obje- tivo de impedir ou diminuir o trauma dos tecidos do canal de parto e favo- recer a descida e desprendimento do feto. A episiotomia pode ser mediana (perineotomia) ou mediolateral, po- dendo ser feita com tesoura ou bistu- ri. A mediolateral inclui lesão de mais tecido, tem maior sangramento, po- rém possui menor chance de rotura esfincteriana; já a mediana, não lesa músculos e sangra menos, ao tempo em que pode se estender até o es- fíncter anal. Algumas das indicações da episioto- mia são: previsão de lacerão perineal grave (3º ou 4º grau); sofrimento fetal; distocia de ombros; uso de fórceps ou extrator à vácuo; fetos macrossômi- cos; e período expulsivo prolongado. SAIBA MAIS! O uso do fórceps é restrito a algumas situações e tem a função de apreender o polo fetal, tracionar e rodar. Porém, para o uso deste instrumento, algumas condições devem estar ga- rantidas, como ausência de desproporção cefalo-pélvica; bolsa rota; conhecer a variedade de posição; dilatação total; feto insinuado; e feto vivo. usência de desproporção onhecer variedade star insinuado olsa rota ilatação total eto vivo A C E B D F MNEMÔNICO - CONDIÇÕES DE APLICABILIDADE PARA USO DE FÓRCEPS 15PARTO Outra forma de proteção do períneo é o apoio anterior e posterior, utilizado compressas, diante da saída do polo cefálico (Manobra de Ritgen); isso é feito para evitar a movimentação brusca da cabeça do feto e conse- quentemente, as lacerações. Figura 9. Proteção do períneo: episiotomia (mediana e mediolateral) e apoio com compressas. Fonte: Rezen- de, 2011. Após o desprendimento do polo cefá- lico, a equipe deve verificar a existên- cia de circulares do cordão umbilical ao redor do pescoço do feto; se hou- ver presença, estas devem ser des- feitas ou seccionadas. O profissional responsável pelo parto deve apoiar as mãos na apresentação e tracioná- -la levemente para baixo, com o ob- jetivo de liberar o ombro anterior. Em seguida, tracionar para cima, liberan- do o ombro posterior e consequente- mente, todo o concepto. Figura 10. Assistência ao desprendimento dos ombros. Fonte: Rezende, 2011. 16PARTO No momento do desprendimen- to das escápulas, a equipe de apoio deve realizar 10UI de ocitocina, via intramuscular (IM), para reduzir as perdas sanguíneas e acelerar a saída da placenta. O terceiro período é a fase de secun- damento ou dequitação, que consis- te no descolamento, descida e expul- são da placenta e deve ter duração máxima de 30 minutos. O descola- mento da placenta pode ocorrer por dois mecanismos: • Baudelocque-Schultze: é o mais frequente (75%) e ocorre quando a placenta, inserida na parte supe- rior do útero, se inverte e se des- prende em forma de guarda-chu- va. Nesses casos, há formação de hematoma retroplacentário, ou seja, há saída de sangue após a li- beração da placenta. Figura 11. Dequitação a Baudelocque-Schultze. Fonte: Rezende, 2011. FLUXOGRAMA – PERÍODO EXPULSIVO SN: Se necessário ORIENTAÇÃO ANTISSEPSIA ANALGESIA LOCORREGIONAL (SN) MANOBRA DE RITGEN + EPISIOTOMIA (SN) VERIFICAR CIRCULAR DE CORDÃO LIBERAÇÃO DE OMBRO ANTERIOR E POSTERIOR OCITOCINA 10UI, IM PUXOS CAMPOS ESTÉREIS PERÍODO EXPULSIVO 17PARTO • Baudelocque-Duncan: ocorre em 25% dos casos, quando a placen- ta está localizada na parede lateral do útero e seu desprendimento co- meça pela borda inferior. O sangue se exterioriza antes da saída total da placenta. Figura 12. Dequitação a Baudelocque-Duncan. Fonte: Rezende, 2011. A expulsão da placenta é realizada pelas contrações uterinas e pela ação gravitacional. Nesse momento, o pro- fissional deve segurar o cordão um- bilical e realizar tração controlada do cordão para estimular a saída placen- tária total. A placenta deve ser inspe- cionada para verificar sua integridade, bem como a integridade dos anexos através da análise das faces materna e fetal, que devem estar íntegras. Após a dequitação total, deve-se realizar a revisão do canal de par- to, incluindo colo e vagina, à procura de possíveis lacerações e analisan- do se há presença de hemorragias significantes. Se houver a presença de lacerações ou episiotomia, deve- -se realizar a rafia das mesmas com pontos simples realizados por planos anatômicos. MAPA MENTAL – DEQUITAÇÃO Rafia das lacerações/ episiotomia SECUNDAMENTO OU DEQUITAÇÃO Inspeção da placenta e anexos Mecanismos de descolamento Revisão do canal de parto Tração controlada do cordão Baudelocque-Schultze Baudelocque-Duncan 18PARTO Alguns autores descrevem, ainda, um quarto período clínico para o parto, chamado de período de Greenberg, que compreende a primeira hora após a saída da placenta. Essa fase é con- siderada como parte do parto pelo grande risco de sangramento nesta primeira hora, principalmente diante de uma má assistência. Após a expulsão da placenta, o úte- ro se contrai de forma intermitente, constituindo uma laqueadura viva dos vasos uterino abertos. A equipe deve estar atenta para a altura do fundo uterino e sua consistência contraída (globo de segurança de Pinard). 5. PARTOGRAMA O partograma é a representação grá- fica do trabalho de parto, permitindo acompanhar a evolução, documentar e diagnosticar alterações. Isso permi- te a tomada de condutas para a cor- reção adequada dos desvios, além de evitar intervenções desnecessárias. O eixo das abscissas (eixo X) repre- senta o tempo em horas e as orde- nadas (eixo Y), a dilatação cervical em centímetros. A dilatação é pro- gressiva, representada por uma linha ascendente, inicialmente com menor velocidade. No partograma colocam-se duas li- nhas paralelas, a linha de alerta e a de ação. Quando a dilatação atinge a linha de alerta, há maior necessida- de de observação clínica, sendo que, a intervenção médica deve ser feita quando a dilatação atingir a linha de ação. De forma geral, o registro no parto- grama começa a ser feito quando a parturiente estiver na fase ativa do trabalho de parto. Os toques vaginais são feitos a cada 2-4 horas e deve-se anotar a dilatação, altura da apresen- tação, variedade de posição e as con- dições da bolsa-das-águas e do líqui- do amniótico. A linha de ação deve ser marcada na hora imediatamente após a dilatação cervical inicial, en- quanto a linha de alerta estará para- lela, 4 horas após a primeira. Outro ponto importante é o preen- chimento do padrão das contrações uterinas (frequência em 10 minutos e duração de cada uma), dos BCFs, da infusão de líquidos e/ou drogas, além do uso ou não da analgesia; e da rea- lização de amniotomia. 19PARTO Figura 13. Partograma fisiológico. Fonte: Rezende, 2011. MAPA MENTAL - PARTOGRAMA INSUFÃO DE LÍQUIDOS/ DROGAS PARTOGRAMA BCFs AMNIOTOMIA LINHAS DE ALERTA E DE AÇÃO CONTRAÇÕES UTERINAS DILATAÇÃO CERVICAL ANALGESIA 20PARTO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Montenegro, CAB; Rezende Filho, J. Rezende Obstetrícia Fundamental. 13ª Ed. Rio de Ja- neiro: Guanabara Koogan, 12ª edição, 2011. Zugaib, M. Obstetrícia. 2ª ed. Barueri, SP: Manole, 2016. 21PARTO
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