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PARTO-200705-125347-1594299520

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SUMÁRIO
1. Estática fetal................................................................. 3
2. Mecanismo do parto ................................................. 7
3. Trabalho de parto .....................................................10
4. Fases clínicas e assistência ao parto ...............11
5. Partograma ................................................................18
Referências Bibliográficas ........................................20
3PARTO
1. ESTÁTICA FETAL
Antes de estudarmos o parto em si, 
é essencial o conhecimento sobre as 
relações uterofetais, com o estudo da 
estática fetal, de acordo com a atitu-
de, situação, apresentação e posição 
do feto.
A atitute fetal compreende a relação 
entre as diversas partes fetais. O feto 
se aloja no útero em atitude de flexão 
generalizada, com a cabeça e o men-
to aproximando-se do tórax anterior; 
isso é possível graças à flexibiidade 
da coluna vertebral e da articulação 
occipitovertebral. 
A situação fetal é a relação entre o 
maior eixo da cavidade uterina e o 
maior eixo fetal. Sendo assim, quan-
do ambos se coincidem, a situação 
será longitudinal (99,5% das vezes); 
quando perpendiculares, a situação 
é transversa; por fim, se forem cru-
zados, recebe o nome de oblíqua ou 
inclinada.
Figura 1. Atitude e situação fetal (longitudinal e trans-
versa). Fonte: Zugaib, 2016.
Já a apresentação fetal compreende 
a região fetal que ocupa o estreito su-
perior da bacia materna. Assim como 
a situação, a apresentação também 
pode mudar ao longo da gestação 
até o momento do parto, quando, na 
maior parte das vezes, estará com 
o polo cefálico encaixado. Quando 
a situação é transversa, estaremos 
sempre diante de uma apresentação 
4PARTO
córmica. Na situação longitudinal, é 
possível a apresentação cefálica (polo 
cefálico) e a pélvica (polo pélvico).
O polo cefálico fetal pode estar total-
mente fletido, com o mento próximo à 
face anterior do tórax ou se afastar do 
tórax em alguns graus de extensão. 
Na primeira situação, há a apresenta-
ção cefálica fletida. Nos demais ca-
sos, temos as apresentações defle-
tidas, que podem ser de 1º grau ou 
bregmática, 2º grau ou de fronte, e 
de 3º grau ou de face.
Figura 2. Graus de deflexão: fletida – bregmática – fronte – face. Fonte: Zugaib, 2016.
O último estudo sobre a estática fe-
tal inclui a posição, que é a relação do 
dorso fetal com o dorso materno, po-
dendo ser direita, esquerda, anterior, 
posterior ou transversa.
A variedade de posição é definida 
pela relação entre os pontos de refe-
rência maternos (púbis, eminências 
ileopectíneas, extremidades do diâ-
metro transverso máximo, sinostose 
sacroilíaca e sacro) e fetais. 
Para determinar a variedade de po-
sição é importante saber a linha de 
orientação fetal/estrutura que está 
em relação ao diâmetro materno. São 
elas: 
• Lambda e sutura sagital: apresen-
tação cefálica fletida;
• Sutura sagital e metópica: apre-
sentação cefálica defletida grau 1;
5PARTO
• Sutura metópica: apresentação 
cefálica defletida grau 2;
• Linha facial (nariz até o mento): 
apresentação cefálica defletida 
grau 3;
• Sulco interglúteo: apresentação 
pélvica.
A nomenclatura final da estática fe-
tal leva em consideração a situação, 
a apresentação, a posição e varieda-
de de posição. A primeira letra se re-
fere ao ponto de referência ósseo da 
apresentação fetal; as demais corres-
pondem ao ponto de referência em 
relação ao estreito superior da bacia 
materna. Exemplo: OEA -> apresen-
tação do occipital, sendo que o ponto 
de referência (lambda) está à esquer-
da e anterior em relação ao estreito 
superior. Sendo assim, considerando 
a apresentação cefálica fletida, pode-
mos ter as seguintes variedades de 
posição:
• OP: occipitopubiana;
• OEA: occípito-esquerda-anterior
• OET: occípito-esquerda-transversa;
• OEP: occípito-esquerda-posterior;
• OS: occipitossacra;
• ODP: occípito-direita-posterior;
• ODT: occípito-direita-transversa;
• ODA: occípito-direita-anterior
Durante o trabalho de parto, a identifi-
cação da variedade de posição é feita 
pelo toque vaginal, que também es-
tabelece a altura da apresentação. 
No início do trabalho de parto (ou al-
guns dias antes) o feto se encaixa na 
bacia quando a maior circunferência 
da apresentação fetal chega na área 
do estreito superior. 
O maior circunferência nas apresenta-
ções cefálicas é o diâmetro biparietal; 
já nas apresentações pélvicas, é a dis-
tância bitrocanteriana. A determinação 
da altura é feita, na maior parte das ve-
zes, pelos critérios de DeLee. O plano 0 
é o diâmetro da biespinha ciática, que 
é o plano de referência para os demais. 
O plano -1 consiste na apresentação 1 
cm acima do plano 0; 2 cm acima com-
preende o plano -2, e assim sucessi-
vamente, até o plano -5. Já o plano 1 
é alcançado quando a apresentação ul-
trapassar 1 cm do plano 0; 2 cm abaixo, 
encontra-se o plano 2, e assim sucessi-
vamente, até o plano 5.
Figura 3. Planos de DeLee. Fonte: Rezende, 2011.
6PARTO
MAPA MENTAL – ESTÁTICA FETAL
Altura da 
apresentação
ESTÁTICA 
FETAL
Apresentação Situação fetal
Variedade de posição Atitude fetal
Planos de DeLee
Flexão generalizada
Oblíqua
Transversa
Longitudinal
Cefálica
Pélvica
Córmica
Fletida
Defletida 
(graus 1, 2 e 3)
Direitas
Esquerdas
Medianas
ODA, ODT e ODP
OEA, OET e OEP
OP e OS
7PARTO
2. MECANISMO DO PARTO
O mecanismo do parto se refere as 
fases do parto, assim como aos movi-
mentos do feto durante a passagem 
pelo canal de parto. Sendo assim, po-
demos dividi-lo em 3 tempos: insi-
nuação, descida e desprendimento. 
Estudaremos o mecanismos de parto 
fisiológico, ou seja, apresentação ce-
fálica fletida em bacia ginecoide. 
A insinuação indica a passagem do 
maior diâmetro do polo cefálico pelo 
estreito superior da bacia materna 
(plano 0 de DeLee). Nas primigestas, 
a insinuação do feto geralmente se 
dá cerca de 15 dias antes do parto; 
já nas multíparas, isso pode ocorrer a 
qualquer momento. 
Nesse período, ocorre a redução dos 
diâmetros fetais, o que no caso da 
apresentação cefálica, consiste na 
flexão (mais frequente) ou deflexão 
da cabeça. Há, ainda, movimentos 
de flexão lateral, já que um dos ossos 
parietais atravessará o estreito supe-
rior antes do outro; essa situação é 
denominada de assinclitismo. 
ASSINCLITISMO OU SINCLITISMO: POLO CEFÁLICO COM FLEXÃO LATERAL
Assinclitismo posterior Quando a linha sagital se aproxima do púbis
Assinclitismo anterior Quando a linha sagital se aproxima do sacro
Sinclitismo Quando a linha sagital fica equidistante do púbis e do sacro
Figura 4. Assinclitismo posterior (A), sinclitismo (B) e assinclitismo anterior (C). Fonte: Zugaib, 2016.
8PARTO
da bacia, ou seja, fazer com que o polo 
cefálico se alinhe com o púbis. 
O grau da rotação interna varia de 
acordo com a variedade de posição 
da cabeça fetal. Ou seja, nas varieda-
des anteriores, há rotação de 45°; nas 
transversais, de 90°; e nas posterio-
res, de 135°. 
A descida é a passagem do polo fe-
tal do estreito superior até o inferior, 
o que ocorre com movimentos rota-
cionais. Este tempo do mecanismo do 
parto pode ser dividido didaticamen-
te em tempos acessórios : 
Rotação interna da cabeça, que tem o 
objetivo de coincidir o maior diâmetro 
do polo cefálico com o maior diâmetro 
Figura 5. Rotação interna das variedades de posição posterior (A), anterior (B) e transversa (C) para a occipitopúbica 
(D). Fonte: Zugaib, 2016.
Insinuação das espáduas no estreito 
superior da bacia, que ocorre simul-
taneamente à progressão no canal de 
parto. O diâmetro biacromial mede 
12 cm, o que seria incompatível com 
os diâmetros do estreito superior; po-
rém, no período da descida, os om-
bros se aconchegam, moldando-se 
conforme do diâmetro da bacia. 
Por fim, o último tempo do meca-
nismo de parto, o desprendimento, 
consiste na saída do polo cefálico do 
canal de parto e também pode ser 
dividido didaticamente em tempos 
acessórios. 
Rotação externa da cabeça, também 
chamada de restituição,que consis-
te em novo movimento logo após o 
desprendimento total da cabeça fetal, 
voltando para sua posição original na 
bacia. 
9PARTO
Figura 6. Rotação interna da apresentação em OEA para OP, seguida do desprendimento cefálico. Fonte: Rezende, 2011.
O diâmetro biacromial per-
manece em posição oblíqua 
ou transversa desde sua 
passagem pelo estreito su-
perior; chegar no assoalho 
pélvico, há rotação das es-
páduas para que o diâmetro 
biacromial fique na direção 
anteroposterior da saída do 
canal. Assim, o ombro ante-
rior fica sobre a arcada púbi-
ca e o posterior fica em con-
tato com o cóccix materno.
Por fim, há o desprendimen-
to das espáduas, no qual, 
primeiramente, a espádua 
anterior aparece no orifício 
vulvar, seguida pela libera-
ção da espádua posterior. 
Com a saída das espáduas, 
há liberação de todo o tronco 
fetal. 
Figura 7. Rotação (A – B) e desprendimento das espáduas (C – D). Fon-
te: Rezende, 2011.
10PARTO
3. TRABALHO DE PARTO
O parto pode ser estudado anali-
sando-se suas três fases principais 
(dilatação, expulsão e secundamen-
to), além do período premonitório 
(pré-parto). 
O período premonitório é caracte-
rizado pela descida do fundo uterino 
(cerca de 2 a 4 cm), possibilitando 
maior amplitude de ventilação pul-
monar. A insinuação do feto no es-
treito superior da bacia causa dores 
lombares com o estiramento das arti-
culações da cintura pélvica. Há maior 
saída de muco via vaginal, que pode 
estar associada a pequena quanti-
dade de sangue, além das percep-
ções maternas das metrossístoles 
intermitentes. 
As metrossístoles podem ser doloro-
sas e vão aos poucos diminuindo o 
tempo de intervalo, assim como au-
mentando sua intensidade; são cha-
madas de dores preparantes. Neste 
período, há o amolescimento e apa-
gamento do colo, que podem ser veri-
ficados pelo toque vaginal. Essa fase 
pode ser chamada de fase latente do 
parto, em que as contrações uterinas 
não determinam, ainda, a dilatação 
progressiva do colo.
FLUXOGRAMA – MECANISMOS DO PARTO
MECANISMOS 
DO PARTO
INSINUAÇÃO DESCIDA DESPRENDIMENTO
Assinclitismo Rotação interna da cabeça Rotação externa da cabeça
Insinuação das espáduas Rotação das espáduas
Desprendimento das espáduas
11PARTO
SE LIGA! O diagnóstico do trabalho de parto é muito importante e 
nem sempre fácil de ser estabelecido. Deve ser considerado como um 
conjunto de alterações e não por elementos isolados. Sendo assim, as 
alterações significativas que devemos considerar são a presença de 
contrações dolorosas e rítmicas (no mínimo 2 em 10 minutos, com 
duração de 50-60 segundos cada); apagamento e dilatação do colo 
(2cm nas primíparas e 3cm nas multíparas); formação da bolsa-das-
-águas; e perda do tampão mucoso.
Figura 8. Apagamento e dilatação do colo em primípa-
ras (A – D) e multíparas (E – H). Fonte: Rezende, 2011.
PREMONITÓRIO X TRABALHO DE PARTO
PERÍODO PREMONITÓRIO TRABALHO DE PARTO
• Contrações intermitentes, com 
aumento da frequência e intensidade;
• Sem dilatação do colo uterino;
• Saída de muco cervical;
• Dores lombares.
• Contrações dolorosas e rítmicas 
(≥2 em 10min, 50-60seg cada);
• Apagamento e dilatação do colo uterino;
• Bolsa-das-águas;
• Perda do tampão mucoso.
4. FASES CLÍNICAS E 
ASSISTÊNCIA AO PARTO
O primeiro período do parto é a fase 
de dilatação, que se inicia com as al-
terações cervicais (dilatação e apaga-
mento) e termina com a completa di-
latação cervical (10cm). Sua duração 
é de cerca de 12 horas nas primípa-
ras e 7 horas nas multíparas. O apa-
gamento e dilatação do colo ocorrem 
em momentos diferentes nas primí-
paras, enquanto nas multíparas ocor-
rem simultaneamente. A bolsa-das-
-águas consiste no aparecimento das 
membranas ovulares (âmnio e cório) 
através do colo dilatado. 
12PARTO
RELEMBRANDO... Diante da chegada 
da parturiente no hospital ou maternida-
de, logo na sua admissão deve ser feita 
a coleta da história, feito o exame físico 
do abdome e toque vaginal, além da re-
alização de alguns exames laboratoriais. 
Os exames laboratoriais admissionais 
devem incluir tipagem sanguínea ABO, 
fator Rh (coombs indireto, se Rh nega-
tivo), além do VDRL e teste rápido para 
HIV.
No período de dilatação, a equipe de 
saúde deve ter alguns cuidados ini-
ciais, como garantir a presença de um 
acompanhante durante todo o parto, 
além de realizar os toques vaginais 
seguintes para verificação das alte-
rações cervicais. No toque vaginal, 
deve-se explorar o colo (apagamen-
to, dilatação e consistência), além da 
bolsa-das-águas, a apresentação fe-
tal e a altura da apresentação. Atual-
mente, tem sido empregada a ideia 
de fazer o toque vaginal o mínimo de 
vezes possível, no geral, a cada 2 ou 
até 4 horas. 
SE LIGA! O acompanhamento da dila-
tação cervical, assim como da altura da 
apresentação fetal consiste em um dos 
elementos mais importantes para a evo-
lução do parto. Vamos relembrar isso 
um pouco mais a frente...
Durante todo o trabalho de parto, 
a equipe de saúde deve se atentar 
também a outros cuidados, como o 
acompanhamento da vitalidade fetal, 
através da ausculta dos batimentos 
cardiofetais, que, idealmente, deve 
ser feita a cada 30 minutos; a me-
dição dos sinais vitais; alimentação 
adequada da parturiente; e estímulo 
à deambulação. A equipe deve pro-
curar medidas para alívio das dores, 
sejam elas medicamentosas ou não, 
como uma posição mais confortável, 
banhos quentes e massagens, além 
do apoio psicológico.
SE LIGA! A alimentação durante o tra-
balho de parto pode ser feita com líqui-
dos e alimentos de baixa caloria para 
pacientes de baixo risco.
A analgesia via bloqueio raquimedu-
lar/peridural, no geral, é feita com 4-5 
cm de dilatação, porém não é um pro-
cedimento de rotina, já que pode tra-
zer complicações como vômitos, hi-
potensão, retenção urinária e período 
expulsivo prolongado, com maior uso 
do fórcipes. 
SE LIGA! A analgesia não medicamen-
tosa deve ser feita de forma a garantir 
um trabalho de parto mais humanizado, 
sendo que o posicionamento da partu-
riente de forma verticalizada, o uso de 
terapias como a imersão em água mor-
na e acupuntura, apresentam resultados 
promissores no controle da dor, segun-
do alguns estudos.
A rotura das membranas ovulares 
ocorre, na maioria das vezes, ao final 
do período de dilatação ou início da 
13PARTO
expulsão, com saída parcial do con-
teúdo líquido. A rotura artificial das 
membranas (amniotomia) não deve 
ser uma prática generalizada e sim 
restrita à situações em que é neces-
sária pra a evolução do parto.
SAIBA MAIS! 
A rotura de membranas ovulares na ausência de trabalho de parto configura o quadro de Ro-
tura Prematura das Membranas Ovulares (RPMO), que pode ocorrer inclusive em gestações 
pré-termo. Nessas situações, a maior preocupação da equipe de saúde está na maior possi-
bilidade de evolução para corioamnionite, endometrite ou bacteremia, além da prematuridade 
e infecção neonatal.
MAPA MENTAL – FASE DE DILATAÇÃO
Sinais vitais e 
alimentação da gestante
FASE DE 
DILATAÇÃOVitalidade fetal (BCF)
Toque vaginal a cada 2-4 horas
Apoio psicológico
Amniotomia, se necessária
Duração 7-12 horas
Garantir acompanhante Exame físico e laboratoriais na admissão
Alívio das dores
O segundo período é a fase de ex-
pulsão, que se inicia com a dilatação 
completa do colo uterino e se prolonga 
até a saída do feto, tendo duração vari-
ável de 20 a 50 minutos. Corresponde 
ao período de maior intensidade e fre-
quência das contrações uterinas, até 
consistirem em cerca de 5 contrações 
em cada 10 minutos. Nesse momento, 
a parturiente passa a sentir os puxos, 
comparável à “vontade de espremer”, 
como na evacuação ou micção dificul-
tadas. No decorrer da descida do feto 
pelo canal de parto, percebe-se que 
a vulva se entreabre e se dilata, mos-
trando a apresentação fetal. 
Nesse período, a equipe de saúde deve 
orientar a parturiente sobre como agir 
14PARTO
diante das contrações uterinas. Dessa 
forma, orientar que deve fazer força 
apenasdurante as contrações efetivas 
e descansar nos intervalos das mes-
mas. Deve-se realizar a antissepsia 
da região perineal e a colocação dos 
campos estéreis para isolar as partes 
maternas, exceto a vulva.
Pode ser feita a analgesia locorregio-
nal, com bloqueio troncular do nervo 
pudendo interno, na extremidade da 
espinha ciática. Pode ser feita, se ne-
cessária, a episiotomia, com o obje-
tivo de impedir ou diminuir o trauma 
dos tecidos do canal de parto e favo-
recer a descida e desprendimento do 
feto. A episiotomia pode ser mediana 
(perineotomia) ou mediolateral, po-
dendo ser feita com tesoura ou bistu-
ri. A mediolateral inclui lesão de mais 
tecido, tem maior sangramento, po-
rém possui menor chance de rotura 
esfincteriana; já a mediana, não lesa 
músculos e sangra menos, ao tempo 
em que pode se estender até o es-
fíncter anal. 
Algumas das indicações da episioto-
mia são: previsão de lacerão perineal 
grave (3º ou 4º grau); sofrimento fetal; 
distocia de ombros; uso de fórceps ou 
extrator à vácuo; fetos macrossômi-
cos; e período expulsivo prolongado.
SAIBA MAIS! 
O uso do fórceps é restrito a algumas situações e tem a função de apreender o polo fetal, 
tracionar e rodar. Porém, para o uso deste instrumento, algumas condições devem estar ga-
rantidas, como ausência de desproporção cefalo-pélvica; bolsa rota; conhecer a variedade de 
posição; dilatação total; feto insinuado; e feto vivo.
usência de desproporção
onhecer variedade
star insinuado 
olsa rota
ilatação total
eto vivo 
A
C
E
B
D
F
MNEMÔNICO - 
CONDIÇÕES DE 
APLICABILIDADE PARA 
USO DE FÓRCEPS
15PARTO
Outra forma de proteção do períneo é 
o apoio anterior e posterior, utilizado 
compressas, diante da saída do polo 
cefálico (Manobra de Ritgen); isso 
é feito para evitar a movimentação 
brusca da cabeça do feto e conse-
quentemente, as lacerações.
Figura 9. Proteção do períneo: episiotomia (mediana e 
mediolateral) e apoio com compressas. Fonte: Rezen-
de, 2011.
Após o desprendimento do polo cefá-
lico, a equipe deve verificar a existên-
cia de circulares do cordão umbilical 
ao redor do pescoço do feto; se hou-
ver presença, estas devem ser des-
feitas ou seccionadas. O profissional 
responsável pelo parto deve apoiar 
as mãos na apresentação e tracioná-
-la levemente para baixo, com o ob-
jetivo de liberar o ombro anterior. Em 
seguida, tracionar para cima, liberan-
do o ombro posterior e consequente-
mente, todo o concepto. 
Figura 10. Assistência ao desprendimento dos ombros. 
Fonte: Rezende, 2011.
16PARTO
No momento do desprendimen-
to das escápulas, a equipe de apoio 
deve realizar 10UI de ocitocina, via 
intramuscular (IM), para reduzir as 
perdas sanguíneas e acelerar a saída 
da placenta.
O terceiro período é a fase de secun-
damento ou dequitação, que consis-
te no descolamento, descida e expul-
são da placenta e deve ter duração 
máxima de 30 minutos. O descola-
mento da placenta pode ocorrer por 
dois mecanismos: 
• Baudelocque-Schultze: é o mais 
frequente (75%) e ocorre quando 
a placenta, inserida na parte supe-
rior do útero, se inverte e se des-
prende em forma de guarda-chu-
va. Nesses casos, há formação 
de hematoma retroplacentário, ou 
seja, há saída de sangue após a li-
beração da placenta. 
Figura 11. Dequitação a Baudelocque-Schultze. Fonte: 
Rezende, 2011.
FLUXOGRAMA – PERÍODO EXPULSIVO
SN: Se necessário 
ORIENTAÇÃO
ANTISSEPSIA
ANALGESIA LOCORREGIONAL (SN)
MANOBRA DE RITGEN + 
EPISIOTOMIA (SN) 
VERIFICAR CIRCULAR DE CORDÃO
LIBERAÇÃO DE OMBRO 
ANTERIOR E POSTERIOR
OCITOCINA 10UI, IM
PUXOS
CAMPOS ESTÉREIS
PERÍODO EXPULSIVO
17PARTO
• Baudelocque-Duncan: ocorre em 
25% dos casos, quando a placen-
ta está localizada na parede lateral 
do útero e seu desprendimento co-
meça pela borda inferior. O sangue 
se exterioriza antes da saída total 
da placenta.
Figura 12. Dequitação a Baudelocque-Duncan. Fonte: 
Rezende, 2011.
A expulsão da placenta é realizada 
pelas contrações uterinas e pela ação 
gravitacional. Nesse momento, o pro-
fissional deve segurar o cordão um-
bilical e realizar tração controlada do 
cordão para estimular a saída placen-
tária total. A placenta deve ser inspe-
cionada para verificar sua integridade, 
bem como a integridade dos anexos 
através da análise das faces materna 
e fetal, que devem estar íntegras. 
Após a dequitação total, deve-se 
realizar a revisão do canal de par-
to, incluindo colo e vagina, à procura 
de possíveis lacerações e analisan-
do se há presença de hemorragias 
significantes. Se houver a presença 
de lacerações ou episiotomia, deve-
-se realizar a rafia das mesmas com 
pontos simples realizados por planos 
anatômicos.
MAPA MENTAL – DEQUITAÇÃO
Rafia das lacerações/ 
episiotomia
SECUNDAMENTO 
OU DEQUITAÇÃO
Inspeção da 
placenta e anexos
Mecanismos de 
descolamento
Revisão do canal de parto Tração controlada do cordão
Baudelocque-Schultze
Baudelocque-Duncan
18PARTO
Alguns autores descrevem, ainda, um 
quarto período clínico para o parto, 
chamado de período de Greenberg, 
que compreende a primeira hora após 
a saída da placenta. Essa fase é con-
siderada como parte do parto pelo 
grande risco de sangramento nesta 
primeira hora, principalmente diante 
de uma má assistência. 
Após a expulsão da placenta, o úte-
ro se contrai de forma intermitente, 
constituindo uma laqueadura viva dos 
vasos uterino abertos. A equipe deve 
estar atenta para a altura do fundo 
uterino e sua consistência contraída 
(globo de segurança de Pinard).
5. PARTOGRAMA
O partograma é a representação grá-
fica do trabalho de parto, permitindo 
acompanhar a evolução, documentar 
e diagnosticar alterações. Isso permi-
te a tomada de condutas para a cor-
reção adequada dos desvios, além de 
evitar intervenções desnecessárias. 
O eixo das abscissas (eixo X) repre-
senta o tempo em horas e as orde-
nadas (eixo Y), a dilatação cervical 
em centímetros. A dilatação é pro-
gressiva, representada por uma linha 
ascendente, inicialmente com menor 
velocidade. 
No partograma colocam-se duas li-
nhas paralelas, a linha de alerta e a 
de ação. Quando a dilatação atinge a 
linha de alerta, há maior necessida-
de de observação clínica, sendo que, 
a intervenção médica deve ser feita 
quando a dilatação atingir a linha de 
ação. 
De forma geral, o registro no parto-
grama começa a ser feito quando a 
parturiente estiver na fase ativa do 
trabalho de parto. Os toques vaginais 
são feitos a cada 2-4 horas e deve-se 
anotar a dilatação, altura da apresen-
tação, variedade de posição e as con-
dições da bolsa-das-águas e do líqui-
do amniótico. A linha de ação deve 
ser marcada na hora imediatamente 
após a dilatação cervical inicial, en-
quanto a linha de alerta estará para-
lela, 4 horas após a primeira.
Outro ponto importante é o preen-
chimento do padrão das contrações 
uterinas (frequência em 10 minutos e 
duração de cada uma), dos BCFs, da 
infusão de líquidos e/ou drogas, além 
do uso ou não da analgesia; e da rea-
lização de amniotomia. 
19PARTO
Figura 13. Partograma fisiológico. 
Fonte: Rezende, 2011.
MAPA MENTAL - PARTOGRAMA
INSUFÃO DE 
LÍQUIDOS/ DROGAS
PARTOGRAMA
BCFs
AMNIOTOMIA
LINHAS DE ALERTA 
E DE AÇÃO
CONTRAÇÕES UTERINAS DILATAÇÃO CERVICAL
ANALGESIA
20PARTO
REFERÊNCIAS 
BIBLIOGRÁFICAS 
Montenegro, CAB; Rezende Filho, J. Rezende Obstetrícia Fundamental. 13ª Ed. Rio de Ja-
neiro: Guanabara Koogan, 12ª edição, 2011.
Zugaib, M. Obstetrícia. 2ª ed. Barueri, SP: Manole, 2016.
21PARTO

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