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Farmacologia Adrenérgica Prof. Dr. Renato Oliveira Anatomia do SNA Sistema Nervoso Sistema Nervoso Periférico Sistema Nervoso Central Divisão Eferente Divisão Aferente Sistema Nervoso Autônomo Sistema Nervoso Somático Parassimpático Simpático Entérico Aspectos Funcionais Aspectos Anatômicos Sinapse Adrenérgica Simpático Sinapse Adrenérgica • As sinapses adrenérgicas são aquelas que produzem e liberam catecolaminas no neurônios pré-sinápticos; • As catecolaminas são moléculas que apresentam uma porção catecol (anel benzênico com duas hidroxilas adjacentes) e uma cadeia lateral de amina. Sinapse Adrenérgica Sinapse Adrenérgica • Farmacologicamente as catecolaminas mais relevantes são: • Noradrenalina: neurotransmissor liberado pelos terminais nervosos simpáticos; • Adrenalina: hormônio secretado pela medula da adrenal; • Dopamina: Precursor de noradrenalina e adrenalina e também um neurotransmissor no SNC; • Isoprenalina (isoproterenol): derivado sintético da noradrenalina, não existe de maneira endógena. Receptores Adrenérgicos • Receptores adrenérgicos são do tipo ligado à proteína G (metabotrópicos); Ativa canais de Ca2+ e adenilato ciclase Ativa canais de K+ e inibe adenilato ciclase Ativa fosfolipase C Receptores Adrenérgicos • Principais efeitos de ativação: • α1: vasoconstrição, relaxamento da musculatura lisa do TGI, secreção salivar e glicogenólise hepática. • α2: inibição da liberação de neurotransmissores (incluindo NA), liberação de ACh do SNAPS, agregação plaquetária, contração da musculatura lisa vascular e inibição da liberação de insulina; • β1: aumento da FC e da força de contração; • β2: broncodilatação, vasodilatação, relaxamento da musculatura lisa visceral, glicogenólise hepática e tremores musculares; • β3: lipólise Receptores Adrenérgicos Subtipo de receptor Proteína G envolvida Tecido Efeito α1 Gq/Gi/Go Musc. lisa vascular Contração Musc. lisa genitourinária Contração Musc. lisa intestinal Relaxamento Coração ↑ Inotropismo e excitabilidade Fígado Glicogenólise e gliconeogênese α2 Gi/Go Células β do pâncreas ↓ Secreção de insulina Plaquetas Agregação Neurônios pré-sinápticos ↓ Liberação de norepinefrina Musc. lisa vascular Contração β1 Gs Coração ↑ Cronotropismo e inotropismo Coração ↑ Velocidade de condução no NAV Células justaglomerulares renais ↑ Secreção de renina β2 Gs Musc. liso Relaxamento Fígado Glicogenólise e gliconeogênese Musc. esquelética Glicogenólise e capatação de K+ β3 Gs Tecido adiposo Lipólise • Receptores α2 são expressos nos terminais pré-sinápticos e inibem a adenilato ciclase, reduzindo o AMPc e as concentrações de Ca++ intracelulares; • A queda no Ca++ intracelular inibe a exocitose da noradrenalina. Auto-inibição Pré-sináptica • Nos terminais periféricos cerca de 80% da noradrenalina é recaptada pelo tranportador neuronal (NET); • Os 20% restantes são captados pelo transportador extraneural (EMT). Recaptação de Noradrenalina Degradação da NA • Uma vez dentro da célula a NA é degradada por duas enzimas: • MAO: monoamino-oxidase; • COMT: catecol-O-metil transferase • A MAO converte as catecolaminas em seus aldeídos correspondentes. Está ligada a membrana das mitocôndrias e é muito importante para o SNC; • A COMT adiciona o grupo metil às hidroxilas das catecolaminas, formando um grupo metoxi. É expressa em tecidos neurais e não neurais. Degradação da NA Degradação da NA Ácido vanilmandélico Vanilglicol Fármacos Simpatomiméticos Simpatomiméticos • Relação estrutura/atividade dos fármacos adrenérgicos: Intensifica o efeito α s/ degradação pela MAO Intensifica o efeito β Catecol Lipossolubilidade Efeito indireto Simpatomiméticos • Uso clínico de simpatomiméticos: • Sistema cardiovascular: • Parada cardíaca: Adrenalina; • Choque cardiogênico: Dobutamina (agonista β1); • Anafilaxia: Adrenalina Simpatomiméticos • Uso clínico de simpatomiméticos: • Sistema respiratório: • Asma: Agonistas seletivos β2 (salbutamol, terbutalina); • Descongestionante nasal: Xilometazolina ou efedrina. Simpatomiméticos • Uso clínico de simpatomiméticos: • Indicações diversas: • Adrenalina: prolonga a ação dos anestésicos locais; • Salbutamol: Trabalho de parto prematuro. • A ativação de receptores adrenérgicos favorece a mobilização dos estoques energéticos; • Glicogênio e gordura ➞ glicose e ác. graxos; • Nos adipócitos a estimulação β3 promove a lipólise. Simpatomiméticos Simpatomiméticos • A musculatura lisa, exceto do TGI, se contrai em resposta a estimulação α1 e relaxa em resposta a estimulação β. Simpatomiméticos • No coração a ativação β1 tem efeito estimulante: • ↑ FC ➞ Efeito cronotrópico positivo; • ↑ força de contração ➞ Efeito inotrópico positivo; • Esta estimulação leva a aumento do débito cardíaco e do consumo de O2 pelo miocárdio. Efeito dos agonistas adrenérgicos Efeito dos agonistas adrenérgicos • Receptores: • α: Noradrenalina > adrenalina > isoprenalina; • β: Isoprenalina > adrenalina > noradrenalina. Efeito dos agonistas adrenérgicos • Demais efeitos: • Efeito β2 aumenta a força de contração da musculatura esquelética e tem efeito trófico; • Ativação β-adrenérgica leva a tremores musculares; • Ativação β2 reduz a liberação de histamina no tecido pulmonar; • Células do sistema imune apresentam receptores adrenérgicos e sua ativação modula a liberação de citocinas e proliferação celular. Agonistas Seletivos • Agonistas α2-adrenérgicos apresentam seletividade variável sobre receptores α2 e α1; • A dexmedetomidina é o agonistas α2-adrenérgico mais seletivo disponível atualmente; • A seletividade da dexmedetomidina α2:α1 é de 1620:1; • Estimulam seletivamente os receptores α2 pré-sinápticos e também possuem ação central; • São sedativos e apresentam efeito cronotrópico negativo além de efeito vasoconstritor. Agonistas Seletivos • A efedrina é um agonista α e β-adrenérgico; • Aumenta a liberação de NA, eleva a pressão arterial e estimula o SNC; • Usado também como descongestionante nasal; • A fenilefrina é um agonista α1 usado como descongestionante nasal, midriático e vasoconstritor. Agonistas Seletivos • A dobutamina é um agonista β1 seletivo com maior efeito inotrópico que cronotrópico; • Aumenta a força de contração e facilita a passagem do impulso elétrico pelo coração; • Usado para tratar insuficiência cardíaca congestiva e choque cardiogênico; • Não deve ser usado em caso de isquemia pois aumenta a demanda de O2 do miocárdio. Agonistas Seletivos • Salbutamol, terbutalina e salmeterol são agonistas β2- adrenérgicos seletivos; • No pulmão 70 dos receptores são β2 e 30% β1; • A ativação β2 leva ao relaxamento muscular e inibe a liberação de mediadores inflamatórios. Simpatolíticos • Simpatolíticos reduzem a neurotransmissão do SNA simpático; • Os de ação direta são antagonistas de receptores adrenérgicos; • Os de ação indireta interferem na produção de NA; • São usado no tratamento de hipertensão arterial. Simpatolíticos • Fenoxibenzamina e fentolamina são bloqueadores dos receptores α1 e α2-adrenérgicos; • Foram usados para produzir vasodilatação em casos de hipertensão, entretanto não são mais utilizados para este fim. Simpatolíticos • Fenoxibenzamina tem uso no preparo pré-cirúrgico de pacientes com feocromocitoma; • Ela se liga irreversivelmente aos receptores α- adrenérgicos, reduzindo a probabilidade da liberação de aminas pressoras na circulação. Simpatolíticos • Prasozina, doxazosina e terazosina são antagonistas seletivos dos receptores α1-adrenérgicos; • Causam relaxamento da musculatura lisa da uretra e próstata; • Tem uso em animais com histórico de obstrução uretral por plugs e ureterolitíases. β-bloqueadores • β-bloqueadores são antagonistas competitivos dos receptores β-adrenérgicos; • A ação depende da atividadeadrenérgica no momento do bloqueio β-adrenérgico; • Tem uso em doenças cardiovasculares, como insuficiência cardíaca, e no tratamento de glaucoma. β-bloqueadores • Reduzem a FC e a força de contração no esforço, sem alterar o inotropismo no repouso; • Reduzem a pressão intraocular; • O bloqueio β2-adrenérgico aumenta o tônus vascular; • Causa broncoconstrição, pode desencadear crises asmáticas em pacientes suscetíveis. β-bloqueadores • Propanolol, alprenolol e oxprenolol são antagonistas não seletivos de receptores β1 e β2-adrenérgicos. β-bloqueadores • Seus efeitos anti-hipertensivos ocorrem por mecanismos complexos de forma lenta e gradual. β-bloqueadores • Efeitos colaterais: • Broncoconstrição; • Bradicardia e insuficiência cardíaca; • Fadiga; • Hipoglicemia; • Extremidades frias. Simpatolíticos de Ação Indireta • Bloqueiam as ações α e β dos neurotransmissores; • Podem ser: • Fármacos que interferem na síntese de NA; • Fármacos que afetam o armazenamento de NA; • Fármacos que afetam a liberação de NA; • Fármacos bloqueadores de neurônios adrenérgicos. Simpatolíticos de Ação Indireta • α-metil-tirosina inibe a tirosina hidroxilase; • Esta enzima converte a tirosina em DOPA; • É utilizada no tratamento de hipertensão arterial decorrente de feocromocitoma não excisado. Simpatolíticos de Ação Indireta • Carbidopa inibe a DOPA descarboxilase na periferia, não atravessa a BHE; • Esta enzima converte a DOPA em dopamina; • É utilizada no tratamento de doença de Parkinson e afeta pouco a síntese de noradrenalina; • Usualmente administrada com a levodopa; • Seu mecanismo de ação se baseia no menor uso de substrato para formação de dopamina perifericamente, garantindo maior suprimento central, uma vez que na doença de Parkinson há redução de neurônios dopaminérgicos. Simpatolíticos de Ação Indireta • A reserpina inibe a captação de NA pelas vesículas presentes nas terminações nervosas, o que provoca a degradação da NA pela MAO e COMT; • Interfere não só com a NA mas com outras monoaminas, como dopamina, adrenalina e serotonina. Simpatolíticos de Ação Indireta • A metildopa é um fármaco que é usado para tratamento de hipertensão gestacional; • É captada pelos neurônios e convertida em um falso neurotransmissor, α-metilnoradrenalina; • A α-metilnoradrenalina não é degradada por MAO e COMT, se acumulando nos terminais sinápticos e deslocando a NA das vesículas; • Adicionalmente atua sobre receptores α2 pré-sinápticos, inibindo a liberação de NA.
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