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CBF ACADEMY LICENÇA B PORTO ALEGRE LEGISLAÇÃO II PROF: OSVALDO TORRES THIAGO MOREIRA DANTAS FORTALEZA 2020 1- O QUE É UM CONTRATO? EXISTEM ELEMENTOS QUE FORMAM O CONTRATO QUE SÃO ESSENCIAIS? QUAIS SÃO? Um contrato é uma convenção, um acordo que se faz entre partes interessadas sob determinadas condições. Os elementos que formam o contrato são: Capacidade das partes: Este é o primeiro elemento (art. 104, I), pois o contrato celebrado pelo incapaz é nulo (166, I) e pelo relativamente incapaz é anulável (171, I). A nulidade é assim mais grave, do que a anulabilidade, depois revisem este assunto de Civil 1. Mas o menor e o louco, embora incapazes, podem adquirir direitos e celebrar contratos, desde que devidamente representados. Então os pais representam os filhos, os tutores representam os órfãos e os curadores representam os loucos (assunto de Direito de Família, Civil 6). Desta forma, a capacidade de direito é inerente a todo ser humano (art. 1º), a capacidade de fato é que falta a algumas pessoas (ex: menores, loucos) e que por isso precisam ser representadas para celebrar contratos (116). Objeto do contrato: é a operação, é a manobra que as partes visam realizar. O objeto corresponde a uma prestação lícita, possível, determinada e de valoração econômica. Falaremos mais de prestação abaixo. Então A não pode contratar B para matar C, nem A pode contratar B para comprar contrabando ou drogas, pois o objeto seria ilícito. Igualmente o filho não pode comprar um carro com o dinheiro que vai herdar quando o pai morrer, pois a lei proíbe no art. 426 (chama-se de pacta corvina, ou pacto de corvo este dispositivo já que é muito mórbido desejar a morte do pai, e ninguém garante que o filho é que vai morrer depois). Quanto à possibilidade do objeto, seria impossível contratar um mudo para cantar, ou vender passagens aéreas para o sol. O objeto também precisa ser determinado ou determinável, conforme visto no semestre passado quanto às obrigações de dar coisa certa ou incerta (243). Finalmente, o contrato precisa ter valor econômico para se resolver em perdas e danos se não for cumprido por ambas as partes, conforme explicado na aula passada (389). O valor econômico do contrato viabiliza a responsabilidade patrimonial do inadimplente, já que não se vai prender um artista que se recusa a fazer um show. O artista será sim executado patrimonialmente para cobrir os prejuízos, tomando o Juiz seus bens para satisfazer a parte inocente. Vide art 104, II do CC. Forma: A forma do contrato é livre, esta é a regra, lembrem-se sempre disso. Existem exceções, mas esta é a regra geral: os contratos podem ser celebrados por qualquer forma, inclusive verbalmente face à autonomia da vontade que prevalece no Direito Civil (107). O formalismo está em desuso nos países modernos para estimular as transações civis e comerciais, trazendo crescimento econômico com a circulação de bens e de riqueza. A vontade inclusive prevalece sobre a forma, nos termos do art 112 que será explicado nas próximas aulas. Quando vocês forem redigir um contrato não há formalidades a obedecer, basta colocar no papel aquilo que seja imprescindível ao acordo entre as partes, até porque, como dito na aula passada, os contratos podem ser verbais, como na compra e venda, locação e empréstimo. Vide art 104, III: assim salvo expressa previsão em lei, a forma do contrato é livre. Que contratos têm forma especial e precisam ser escritos? Veremos ao longo do curso, mas já se podem adiantar dois: a doação de coisas valiosas (541 e pú) e a compra e venda de imóvel (108). Percebam que os contratos escritos se dividem em “instrumento particular” (feito por qualquer pessoa, qualquer advogado) e “escritura pública” (feita por tabelião de Cartório de Notas, com as solenidades do art. 215). Legitimidade: está próxima da capacidade, são irmãs, mas não se confundem. A legitimidade é um limitador da capacidade em certos negócios jurídicos. A legitimidade é o interesse ou autorização para agir em certos contratos previstos em lei. A pessoa pode ser capaz, mas pode não ter legitimidade para agir naquele caso específico. Exs: o tutor não pode comprar bens do órfão (497, I), o cônjuge não pode vender uma casa sem autorização do outro (1647, I), a amante do testador casado não pode ser sua herdeira (1801, III), o pai não pode vender um terreno a um filho sem a autorização dos outros filhos (496). Em todos estes exemplos falta legitimidade e não capacidade às partes. Realmente, o marido não pode vender um imóvel sem a outorga uxória não porque o marido seja incapaz (louco ou menor), mas porque lhe falta autorização para agir, prevista em lei, para proteger a família ( = legitimidade). Para não esquecerem da legitimidade, que é tão importante, acrescentem a lápis um inciso IV ao art. 104 do CC. Causa: qual o motivo do contrato? Qual a finalidade do contrato? Por que João quer comprar? Por que Maria quer alugar? Isto não interessa, não há relevância jurídica para a causa/motivo do contrato. Em termos econômicos, as pessoas contratam para ganhar dinheiro, para ter conforto, afinal ninguém contrata para ter prejuízo. Mas o motivo juridicamente é irrelevante. Prestação: é uma conduta humana, é um ato ou omissão das partes, é um dar, é um fazer ou é um não-fazer. O contrato é uma fonte de obrigação, e toda obrigação tem por objeto uma prestação que corresponde a um dar, fazer ou não-fazer. Então se eu contrato um advogado para me defender, o objeto deste contrato será o serviço jurídico que será feito pelo bacharel (obrigação de fazer). Outro exemplo: vejam o conceito legal de compra e venda no art. 481. Observem a expressão “se obriga”. Então o objeto da compra e venda não é a coisa em si, mas a prestação de dar o dinheiro pelo comprador e de dar a coisa pelo vendedor. O vendedor se obriga a dar a coisa, e se ele não der, o comprador não pode tomar a coisa, mas sim exigir o dinheiro de volta mais eventuais perdas e danos (389). O art 475 é uma exceção a este 389, veremos em breve. Em suma, o objeto do contrato é uma prestação, essa prestação pode ser de dar, fazer ou não-fazer. O objeto da prestação de dar será uma coisa, o objeto da prestação de fazer será um serviço e o objeto da prestação de não-fazer será uma omissão, conforme visto em Civil 2. Elementos acidentais: Estes não são obrigatórios, mas facultativos, ou seja, as partes inserem se quiserem (ex: cláusula penal, 408; encargo na doação, 562, etc). 2- O QUÉ UMA RELAÇÃO DE EMPREGO? COMO SE CARACTERIZA? Primeiro, há de destacar que nem toda relação de trabalho é uma relação de emprego, porém toda relação de emprego é sim uma relação de trabalho. Podemos então dizer que a relação de emprego é uma relação de trabalho mais os requisitos caracterizadores da relação de emprego. Antes de entrarmos nos requisitos da relação de emprego, é importante destacar os conceitos de empregador e empregado, que estão presentes nos Art. 2º e 3º da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Art. 2º – Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Art. 3º – Considera-se empregada toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Dentro destes dois artigos, retiramos os 05 requisitos necessários e cumulativos, para se caracterizar uma relação de emprego: Os requisitos essenciais, em que pese alguns entendimentos diversos da doutrina, estão constantes nos artigos 2º e 3º da CLT, sendo eles: não eventualidade, subordinação, onerosidade, pessoalidade e alteridade. Não eventualidade: O contrato gera uma continuidade na prestação de serviço, o que mantém uma regularidade no desenvolvimentoda atividade em benefício do empregador. Ressalta-se que a CLT não determina uma especificidade quanto à periodicidade dos serviços prestados, podendo ser prestados todos os dias da semana, como também de forma semanal, quinzenal, mensal, desde que haja uma habitualidade. Subordinação: A subordinação consubstancia-se na submissão às diretrizes do empregador, o qual determina o lugar, a forma, o modo e o tempo - dia e hora - da execução da atividade. O empregado está sujeito às ordens do empregador. Onerosidade: Esta consiste no percebimento de remuneração em troca dos serviços prestados pelo empregado. Assim, existe uma reciprocidade de obrigações, quais sejam: prestação de serviços pelo empregado e contraprestação pecuniária por parte do patrão. Pessoalidade: Enquanto para os empregadores vigora a não pessoalidade, para os empregados deve existir pessoalidade: este requisito está vinculado ao caráter pessoal da obrigação trabalhista, proibindo o empregado de fazer-se substituir na prestação de serviços quando não puder comparecer ou prestá-los, sob pena de descaracterização do vínculo empregatício. Frise-se ainda que o empregado deve ser pessoa física. Alteridade: Este requisito, o qual nem todos os doutrinadores consideram essencial, significa que o empregador assume os riscos decorrentes do seu negócio, mas não os repassa ao empregado. Isto é, se o negócio vai bem ou mal, o salário do empregado será garantido. Uma vez presentes os requisitos elencados acima, resta configurado o vínculo empregatício, mesmo que o empregado tenha sido contratado a título de outro regime, com fulcro no art. 9º da CLT e no princípio da Primazia da Realidade. 3- O ATLETA TEM CONTRATO ESPECÍFICO? QUAIS SÃO AS PARTICULARIDADES DESTE CONTRATO? Sim, o Atleta tem contrato especifico. ART 28 da LEI 9615/98 modificada pela lei 12.395 DE 2011. A atividade do atleta profissional é caracterizada por remuneração pactuada em contrato especial de trabalho desportivo, firmado com a entidade de pratica desportiva, no qual deverá constar obrigatoriamente: I. Clausula indenizatória desportiva, devida exclusivamente à entidade de pratica desportiva à qual está vinculado o atleta, nas seguintes hipóteses: a) transferência do atleta para outra entidade, nacional ou estrangeira, durante a vigência do contrato especial de trabalho desportivo; ou b) por ocasião do retorno do atleta às atividades profissionais em outra entidade de prática desportiva no prazo de 30 (trinta) meses; e ...” Cláusula indenizatória é devida exclusivamente ao clube, no caso de transferência nacional ou internacional do atleta, para outro clube, bem como para o retorno do atleta as atividades profissionais em outro clube, no prazo de 30 meses. O valor máximo da cláusula indenizatória para transferências nacionais é de até 2000 vezes o valor médio contratual. Para transferências internacionais não há limite. Há solidariedade no pagamento do atleta com a nova entidade desportiva que o contratou “art. 28 II – cláusula compensatória desportiva, devida pela entidade de prática desportiva ao atleta nas hipóteses dos incisos III a V do parágrafo 5 : III- com a rescisão decorrente de inadimplemento salarial, de responsabilidade da entidade de prática desportiva empregadora nos termos da lei; IV – Com a rescisão indireta nas demais hipóteses previstas na lei V – Com a dispensa imotivada do atleta.” O atleta que for demitido imotivadamente terá direito ao recebimento da cláusula compensatória desportiva, sendo que o seu valor mínimo é o valor total dos salários que o atleta teria direito de receber até o final do contrato e o valor máximo é o de 400 vezes o valor do salário no momento da rescisão do contrato do atleta. Não se aplica mais ao Atleta o art. 479 da CLT que previa o pagamento de 50 % do que o jogador teria para receber até o final do contrato. Neste caso importante destacar que não foi respeitada a isonomia entre as partes porque para a rescisão de contrato por parte do atleta a multa é de até 2000 vezes o valor do salário médio do atleta e por culpa do clube no máximo de 400 vezes o salário médio do atleta. Outras mudanças na lei referentes ao contrato de trabalho do atleta: CONCENTRAÇÃO Não poderá ser superior a três dias consecutivos por semana, desde que esteja prevista partida oficial naquela semana. Caso o atleta seja convocado para a seleção Brasileira, o período de concentração pode ser majorado, sem o pagamento de qualquer adicional. Previsão em contrato de acréscimos em razão de períodos de concentração, viagem, pré-temporada DESCANSO SEMANAL REMUNERADO “ITEM IV – DO PARÁGRAFO 4 DO ART. 28 Repouso semanal remunerado de 24 horas ininterruptas, preferencialmente em dia subsequente à participação do atleta na partida, prova ou equivalente, quando realizada no final de semana.” A prática trará problemas porque no Brasil se joga duas vezes por semana além de no dia seguinte a partida existir treino regenerativo. FÉRIAS ANUAIS Assegurado ao atleta férias de 30 dias anuais remuneradas e acrescidas de 1/3 de acordo com a Lei item V do parágrafo 4 do artigo 28 da Lei. JORNADA DE TRABALHO Fixada uma jornada de trabalho de 44 horas semanais. Item VI do parágrafo 4 do Artigo 28 da Lei. Caso o atleta fique impossibilitado de atuar em razão de ato ou evento de sua exclusiva responsabilidade desvinculado de sua atividade profissional, pelo período ininterrupto a 90 dias, o clube poderá suspender seu contrato de trabalho desde que exista previsão contratual ficando dispensado do pagamento do pagamento do salário neste período. PRORROGAÇÃO AUTOMÁTICA Caso aconteça suspensão do contrato de trabalho e desde que exista previsão contratual fica permitida a prorrogação do contrato de trabalho do atleta. Item II do parágrafo 4 do Artigo 28 da Lei. O vínculo trabalhista do atleta deverá ser registrado na entidade desportiva de administração daquele desporto. 4- QUALQUER ATLETA PODE FIRMAR UM CONTRATO? POR QUE? Segundo a legislação esportiva brasileira (lei Pelé, art. 29), a partir dos 16 anos de idade o atleta pode assinar um contrato de trabalho com seu clube, passando, dessa maneira, a ser um atleta profissional, com direitos e deveres regulados em lei e no respectivo contrato de trabalho. No que concerne à questão dos menores de 16, a lei possibilita que dos 14 aos 20 anos o atleta possa receber auxílio financeiro da entidade de prática desportiva formadora, sob a forma de bolsa aprendizagem livremente pactuada mediante contrato formal, sem que seja gerado vínculo empregatício entre as partes. Tal instituto é definido como “contrato de aprendizagem esportiva” 5- O QUE É SER UM MENOR APRENDIZ? O programa jovem aprendiz é um projeto do governo federal criado a partir da Lei da Aprendizagem (Lei 10.097/00) com o objetivo de que as empresas desenvolvam programas de aprendizagem que visam a capacitação profissional de adolescentes e jovens em todo o país. O programa é composto por curso de aprendizagem gratuito com duração de até dois anos. Durante este período o aprendiz receberá ensinamentos teórico (sala de aula) e prático (dentro da empresa contratante). O jovem aprendiz recebe capacitação para aprimorar habilidades na área que atuará na empresa. Dessa forma, ele tem a chance de vivencia o dia-dia dentro da empresa e, ao mesmo tempo, aprender uma profissão. 6- O QUE É UMA ENTIDADE FORMADORA? https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI187673,51045-Contrato+de+formacao+de+atletas+e+transparencia https://www.vagasjovemaprendiz.com.br/trabalho/lei-da-aprendizagem https://www.vagasjovemaprendiz.com.br/trabalho/lei-da-aprendizagem É considerada formadora de atleta a entidade de prática desportiva que: Forneça aos atletas programas de treinamento nas categorias de base e complementação educacional e satisfaça cumulativamenteos seguintes requisitos: 1- Estar o atleta em formação inscrito por ela na respectiva entidade regional de administração do desporto há pelo menos 1 ano. 2- Comprovar que efetivamente o atleta em formação está inscrito em competições oficiais. 3- Garantir assistência educacional, psicológica, médica e odontológica, assim como alimentação, transporte e convivência familiar. 4- Manter alojamento e instalações desportivas adequados, sobretudo em matéria alimentação higiene segurança e salubridade. 5- Manter corpo de profissionais especializados em formação técnico desportiva. 6- Ajustar o tempo a efetiva atividade de formação do atleta, não superior a 4 horas por dia, aos horários do currículo escolar ou de curso profissionalizante, além de propiciar-lhe matricula escolar com exigência de frequência e satisfatório aproveitamento. 7- Ser a formação do atleta gratuita. 8- Comprovar que participa anualmente de competições organizadas por entidade de administração do desporto, em pelo menos duas categorias da modalidade esportiva. 9- Garantir que o período de seleção não coincida com os horários escolares. Cumpridas todas estas formalidades a entidade formadora receberá um certificado da CBF que declara esta ser uma entidade de pratica desportiva formadora. Paragrafo3 do Artigo 29 da Lei. 7- OS DIRIGENTES ESPORTIVOS TÊM ALGUM TÍPO DE RESPONSABILIDADE PELOS ATOS PRATICADOS NA GESTAÕ DE UMA ASSOCIAÇÃO? Apenas aos clubes que não adotarem da forma de sociedade empresarial, impondo-lhes o regime próprio de sociedade comuns, no qual os bens particulares dos seus associados (hoje impropriamente nominados como sócios) respondem pelas obrigações, responsabilidade essa ilimitada e solidária, nos termos do art. 990 cc. O art. 27 da lei 9.615/98, dispõe: Art. 27. As entidades de prática desportiva participantes de competições profissionais e as entidades de administração de desporto ou ligas em que se organizarem, independentemente da forma jurídica adotada, sujeitam os bens particulares de seus dirigentes ao disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, além das sanções e responsabilidades previstas no caput do art. 1.017 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, na hipótese de aplicarem créditos ou bens sociais da entidade desportiva em proveito próprio ou de terceiros. § 11. Os administradores de entidades desportivas profissionais respondem solidária e ilimitadamente pelos atos ilícitos praticados, de gestão temerária ou contrários ao previsto no contrato social ou estatuto, nos termos da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil. Também estão sujeitos ao arts. 50 e 1.017 do código civil: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigaçõessejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. Art. 1.070. Nas vendas a crédito com reserva de domínio, quando as prestações estiverem representadas por título executivo, o credor poderá cobrá-las, observando-se o disposto no Livro II, Título II, Capítulo IV. 8- O QUE É CLAUSULA COMPENSATORIA E CLAUSULA INDENIZATORIA EM CONTRATO DE ATLETAS? CLÁUSULA INDENIZATÓRIA De acordo com a Lei Pelé (LEI Nº 9.615, DE 24 DE MARÇO DE 1998), a cláusula indenizatória é devida à entidade de prática desportiva à qual está vinculado o atleta, nas seguintes hipóteses: transferência do atleta para outra entidade, nacional ou estrangeira, durante a vigência do contrato especial de trabalho desportivo; ou por ocasião do retorno do atleta às atividades profissionais em outra entidade de prática desportiva, no prazo de até 30 (trinta) meses; A segunda hipótese trata de um caso de quarentena. Exemplo: o jogador de futebol pede demissão de um clube durante a vigência do contrato de trabalho, porém 10 meses depois assina contrato com outro clube. Neste caso, deverá pagar cláusula indenizatória ao primeiro clube, uma vez que o atleta não cumpriu todo o tempo de contrato. O valor da cláusula indenizatória deverá ser especificado no instrumento contratual. Para transferências nacionais, terá o limite de máximo de 2.000 vezes o valor médio do salário contratual. Para transferências internacionais não há limite de valor. Na prática, é possível que o clube inviabilize a transferência do atleta devido à possibilidade de instituir altos http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1036324/lei-pele-lei-9615-98 http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.615-1998?OpenDocument valores para a cláusula indenizatória. Tanto o atleta quanto à nova entidade de prática desportiva empregadora será solidariamente responsável pela cláusula indenizatória. CLÁUSULA COMPENSATÓRIA A cláusula compensatória será devida nos seguintes casos: rescisão contratual decorrente do inadimplemento salarial, de responsabilidade da entidade de prática desportiva empregadora; rescisão indireta, nas hipóteses previstas na legislação trabalhista; dispensa imotivada do atleta. Em relação ao inadimplemento salarial, o atraso deverá ser superior a 3 (três) meses. Além disso, a mora contumaz será considerada também pelo não recolhimento do FGTS e das contribuições previdenciárias. De acordo com o art. 483 da CLT, o empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a devida indenização quando: a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei, contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor excessivo; c) correr perigo manifesto de mal considerável; d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa fama; f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos salários. Por fim, conforme art. 28, § 3º da Lei Pelé, o valor da cláusula compensatória desportiva será livremente pactuado entre as partes e formalizado no contrato especial de trabalho desportivo, observando-se, como limite máximo, 400 (quatrocentas) vezes o valor do salário mensal no momento da rescisão e, como limite mínimo, o valor total de salários mensais a que teria direito o atleta até o término do referido contrato. 9- QUAL A DIFERENÇA ENTRE DIREITO DE ARENA E DIREITO DE IMAGEM? DIREITO DE ARENA: Pertence às entidades desportivas o direito de arena, consistente na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, transmissão, retransmissão, ou reprodução de imagens, por qualquer meio ou processo, de espetáculo desportivo de que participem. Salvo convenção coletiva de trabalho em contrário, 5% da receita proveniente de exploração de direitos esportivos audiovisuais serão repassados aos sindicatos de atletas http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10708868/artigo-483-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11316618/artigo-28-da-lei-n-9615-de-24-de-marco-de-1998 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11316535/par%C3%A1grafo-3-artigo-28-da-lei-n-9615-de-24-de-marco-de-1998 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1036324/lei-pele-lei-9615-98 profissionais, e estes distribuirão em partes iguais aos atletas profissionais participantes do espetáculo, como parcela de natureza civil.O disposto neste item não se aplica a exibição de flagrantes de espetáculo ou evento desportivo para fins exclusivamente jornalísticos desportivos ou educativos, respeitadas as seguintes condições: A) A captação das imagens para a exibição de flagrante de espetáculo ou evento desportivo dar-se-á em locais reservados, nos estádios e ginásios, para não detentores de direitos ou, caso não disponíveis, mediante o fornecimento das imagens pelo detentor de direitos locais para respectiva mídia. B) A duração de todas as imagens do flagrante do espetáculo ou evento desportivo exibidas não poderá exceder 3% do total do tempo de espetáculo ou evento. C) É proibida associação das imagens exibidas com base neste item qualquer forma de patrocínio, propaganda ou promoção comercial. DIREITO DE IMAGEM: O decreto nº 7.984/2013, ao regulamentar a Lei nº 9.615/1998, determinou que o direito ao uso da imagem do atleta pode ser por ele cedido ou explorado por ajuste contratual de natureza civil e com fixação de direitos, deveres e condições inconfundíveis com o contrato especial de trabalho desportivo. O ajuste de natureza civil referente ao uso da imagem do atleta não substitui o vínculo trabalhista entre ele e a entidade de pratica desportiva e não depende de registro em a entidade de administração do desporto. Serão nulos de pleno direito os atos praticados através de contrato civil de cessão da imagem com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar as garantias e direitos trabalhistas do atleta. 10- O QUE É DENOMINADO MECANISMO DE SOLIDARIEDADE? Compensação ao clube formador pelas despesas na formação do atleta, conforme disposto no Art. 29-A da Lei 9.615, de 14 de março de 1998: Art. 29-A Sempre que ocorrer transferência nacional, definitiva ou temporária de atleta profissional, até 5% do valor pago pela nova entidade de pratica desportiva serão obrigatoriamente distribuídos entre as entidades de práticas desportivas que contribuíram para a formação do atleta, na proporção de: I- 1% para cada ano de formação do atleta, dos 14 aos 17 anos de idade. II- 0,5% para cada ano de formação dos 18 aos 19 anos de idade, inclusive. § 1º Caberá à entidade de pratica desportiva cessionária do atleta reter do valor a ser pago à entidade desportiva cedente 5% do valor acordado para a transferência, distribuindo-os às entidades de pratica desportiva que contribuíram para a formação do atleta. § 2º Como exceção à regra estabelecida no §1º deste artigo, caso o atleta se desvincule da entidade de pratica desportiva de forma unilateral, mediante pagamento de clausula indenizatória desportiva prevista no inciso I do art. 28 desta Lei, caberá à entidade de pratica desportiva que recebeu a clausula indenizatória desportiva distribuir 5% de tal montante às entidades de prática desportiva responsáveis pela formação do atleta. §3º O percentual devido às entidades de pratica desportivas formadoras do atleta deverá ser calculado sempre e acordo com certidão a ser fornecida pela entidade nacional de administração do desporto, e os valores distribuídos proporcionalmente em até 30 dias da efetiva transferência, cabendo-lhe exigir o cumprimento do que dispõe este parágrafo. REFERENCIAS 1- https://www.passeidireto.com/arquivo/3152943/apostila-de-contratos 2- https://sergioluizbarroso.jusbrasil.com.br/artigos/363586235/quais-sao-os-requisitos-para- formacao-do-vinculo-empregaticio 3- https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11316618/artigo-28-da-lei-n-9615-de-24-de-marco- de-1998#:~:text=28.,n%C2%BA%2012.395%2C%20de%202011). 4- https://www.migalhas.com.br/depeso/187673/contrato-de-formacao-de-atletas-e- transparencia 5- https://jovemaprendiz2020.org/jovem-aprendiz/ 6- http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.672.htm#:~:text=de%20trabalho%20de sportivo.%22-,%22Art.,dirigentes%20ao%20disposto%20no%20art. 7- https://jeanrox.jusbrasil.com.br/artigos/198220831/diferenca-entre-clausula-compensatoria- e-clausula-indenizatoria-desportiva 8- https://jeanrox.jusbrasil.com.br/artigos/199625379/o-que-e-o-direito-de- arena#:~:text=%22Art.,espet%C3%A1culo%20desportivo%20de%20que%20participem.
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