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História e crítica musical: Música Brasileira Parte II Professor(a):mariana galon A ERA DO FESTIVAIS 1964 e 1968 - A Era dos Festivais é caracterizada pelos concursos de canções populares televisionados que ganharam cada vez mais espaço nas mídias, chegando-se a ter uma espécie de “modelo” de canção destinada a esse tipo de evento. - A partir de 1964, o Brasil viveria o mais extenso período ditatorial em sua história. - Dentro desse conturbado período, portanto, o posicionamento ideológico sobre a música popular nacional se vê em inevitável transformação: “Para os envolvidos neste debate tratava-se de redefinir não só o lugar da música popular, mas também o seu papel político e ideológico e o seu estatuto e identidade’”(NAPOLITANO, 1998, p. 93). Festival de 1965 Nesse ano, a TV Excelsior realizou o “I Festival da Canção”. Na edição, despontavam os primeiros nomes que um festival lançava ao Brasil: Edu Lobo e Elis Regina. A composição “Arrastão”, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes, venceu esse festival da TV Excelsior, revelando, de uma só vez, Edu Lobo como compositor e Elis Regina como intérprete (COELHO, 1998). Logo, a composição estaria entre as primeiras nas paradas de sucesso e listas de vendagem. Arrastão: https://youtu.be/gf8Cqv_HqJI Festivais de 1966 Nesse ano, mais de um festival ganhou importância na Era dos Festivais. O “II Festival de Música Popular Brasileira” – transmitido por TV Record, TV Paulista e TV Globo, realizado no Teatro Record em setembro/outubro de 1966 – teve “A Banda” de Chico Buarque (interpretada por Nara Leão e o próprio compositor) empatada em primeiro lugar com “Disparada” de Geraldo Vandré e Théo de Barros, interpretada por Jair Rodrigues. A banda: https://youtu.be/wFPPawLq_5Q Disparada: https://youtu.be/QonDtLlh1bI Festival de 1967 II Festival Internacional da Canção Popular O “II Festival Internacional da Canção Popular” teve como vencedora “Margarida” de Gutemberg Guarabyra, interpretada pelo compositor e também pelo Grupo Manifesto. Em segundo lugar estava o até então anônimo Milton Nascimento, que participou como intérprete e compositor, ao lado de Fernando Brant, com a canção “Travessia”. Margarida: https://youtu.be/f5nVqJeQ1ts Travessia: https://youtu.be/otiGw2LcQ6s II Festival Internacional da Canção Popular II Festival Internacional da Canção Popular 1967 Como não apenas as canções classificadas entre os três primeiros lugares são importantes, e serão citadas mais adiante, segue uma lista dos classificados: 1º lugar: “Ponteio”, de Edu Lobo e Capinam https://youtu.be/043n6IT9u6c b) 2º lugar: “Domingo no Parque”, de Gilberto Gil https://youtu.be/bl7xHuEtlyg c) 3º lugar: “Roda Viva”, de Chico Buarque https://youtu.be/fEY9Z8LJfMY d) 4º lugar: “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso https://youtu.be/vQcPP4GeV18 “III Festival Internacional da Canção Popular” 1968 O ano de 1968 encerra o momento áureo dos festivais. Outros aconteceriam nos anos subsequentes, contudo, após as tendências culturais e políticas da época, como o Tropicalismo e a implementação do AI-5, os festivais perderam força. Sabiá: https://youtu.be/lL5yU2DMcjc Pra não dizer que não falei das flores: https://youtu.be/wkEGNgib2Yw Considerações sobre o reflexo dos festivais sobre a música popular brasileira Dentre diversos elementos da Era dos Festivais que contribuíram com transformações na música popular, destacam-se três aspectos marcantes: • o aparecimento de um considerável número de artistas que permanecem, de uma ou outra forma, no cenário e/ou nas audições dos espectadores da música popular; • a instituição da sigla MPB como “rótulo”, padrão, demarcação de território musical e processo composicional; • o ponto de encontro entre músicos de diferentes ideais de musicalidade, seguimentos e influências musicais, gerando a efervescência que culminou no Movimento Tropicalista a partir de 1968. TROPICÁLIA O Movimento denominado tropicalismo ou tropicália, surgido em São Paulo no fim da década de 60 por iniciativa de compositores baianos herdeiros da bossa nova carioca nos meios universitários de Salvador, constituiu a tentativa de – como definiria o próprio líder do grupo, Caetano Veloso – obter “a retomada da linha evolutiva da tradição da música brasileira na medida em que João Gilberto fez”. (...) Tal retomada da “linha evolutiva” aparecia como a tentativa de criação a partir do rock americano e de seu instrumental eletrificado, de um sucedâneo musical brasileiro semelhante ao obtido dez anos antes em relação ao jazz, através da bossa-nova (TINHORÃO, 1998, p. 323). Dentro da própria música, o velho e o novo, o requintado e o brega, o interiorano e o internacional conviviam, a fim de formar a sonoridade pretendida por eles, segundo a ideologia e a estética desse grupo. Tropicália: https://youtu.be/CFC9ceKUm5Y No mais representativo álbum do Tropicalismo, denominado Tropicália ou Panis et Circensis, temos a participação dos principais nomes do Tropicalismo: Rogério Duprat, Os Mutantes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Capinam, Torquato Neto, Gal Costa, Nara Leão e Tom Zé. CLUBE DA ESQUINA O que se chamou Clube da Esquina foi um movimento ocorrido na capital mineira, integrado por Milton Nascimento, Lô Borges, Toninho Horta, Beto Guedes, Marcio Borges, Túlio Mourão, Fernando Brant, Ronaldo Bastos e Wagner Tiso, entre outros, em sua maioria músicos mineiros, que se tornou conhecido a partir do lançamento, em 1972, do LP “Clube da Esquina”, liderado por Milton Nascimento e Lô Borges. (INSTITUTO CULTURAL CRAVO ALBIN, 2016). O Clube da Esquina reuniu artistas de características peculiares e habilidades diversas, trazendo uma nova musicalidade, sonoridade e transmutando mais uma vez o conceito de MPB (VILELA, 2010). A sonoridade do grupo era inovadora, na medida em que recursos ainda não trabalhados na música popular ganhavam força nesse grupo. Características [...] sofisticação harmônica, combinação de compassos incomuns, nova forma de timbrar os instrumentos e a presença de sobreposição de camadas musicais – uso de massas sonoras –, recurso utilizado até então somente pela música erudita. Ademais, há ainda o uso da voz como um instrumento e do falsete como recurso sonoro (OLIVEIRA, 2014, p. 64). O Clube da Esquina fez parte do contexto histórico brasileiro do final da ditadura, e seus membros dialogaram com compositores de canções de protesto latino-americanos, como a argentina Mercedes Sosa. Assim, algumas letras, como a da canção “Clube da Esquina 2”, podem, sim, remeter o imaginário do ouvinte às manifestações, entre outras atitudes que tomem de volta a liberdade perdida desde 1964 com a ditadura e ainda mais cerceada pelo AI-5 a partir de 1968. San Vicente: https://youtu.be/Ie89fdGuazg MANGUE BEAT O Mangue Beat foi um movimento artístico dos anos 1990, surgido na cidade de Recife (PE). O movimento tem como base a diversidade e o hibridismo entre a música global e a local, ou seja, ritmos folclóricos regionais são mesclados ao pop internacional. Além disso, o punk e o rock entram em cena, bem como os protestos contra a desigualdade em Recife. O movimento abarca influência das manifestações folclóricas (maracatu, caboclinho etc.) e da música urbana local e global (por exemplo, hip-hop), divulgada por meio da produção de espetáculos musicais do movimento. O Mangue Beat nos traz uma nova concepção do tipo de apropriação e difusão desse recurso de composição musical. O hibridismo entre a música popular mundial e o folclore do interior de Pernambuco é evidente na música de dois dos principais grupos musicais do movimento: Chico Science & Nação Zumbi e Mestre Ambrósio. A cidade: https://youtu.be/AXdDo3hch8Q
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