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A PRESCRIÇÃO E A 
DECADÊNCIA NO 
DIREITO DO TRABALHO
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Carlota Bertoli Nascimento
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol
 Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
 Cristiane Lisandra Danna
 Norberto Siegel
 Camila Roczanski
 Julia dos Santos
 Ariana Monique Dalri
 Bárbara Pricila Franz
 Marcelo Bucci
Revisão de Conteúdo: Lucilaine Ignacio da Silva
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2018
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
N244a
 Nascimento, Carlota Bertoli
 A prescrição e a decadência no direito do trabalho. / Carlota 
Bertoli Nascimento – Indaial: UNIASSELVI, 2018.
 89 p.; il.
 ISBN 978-85-53158-14-0
1.Prescrição – Brasil. 2.Decadência – Brasil. 3.Direito do 
trabalho – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 658.404 
Carlota Bertoli Nascimento
Formada pela Fundação Universidade Federal 
de Rio Grande, Pós Graduada em Direito Público, 
Pós Graduada em Direito e Processo do Trabalho, 
especialista em Direito Marítimo, Mestre pela PUC –
RS, Professora de Graduação nos cursos de Direito 
e Administração e Pós Graduação de Direito e 
Processo do Trabalho, advogada atuante nas 
áreas de Direito do Trabalho, Direito Público, 
Direito Societário e Marítimo.
Sumário
APRESENTAÇÃO ....................................................................07
CAPÍTULO 1
Introdução ao Estudo da Prescrição e Decadência ........09
CAPÍTULO 2
Normas Específicas à Prescrição Trabalhista .................29
CAPÍTULO 3
Prescrição e a Constituição Federal de 1988 ..................71
APRESENTAÇÃO
Estamos iniciando a disciplina de Prescrição e Decadência no Direito do 
Trabalho. Você já sabe que determinados institutos do Direito possuem importância 
ímpar no sistema jurídico democrático e social, pois têm como finalidade a 
estabilidade das relações jurídicas e, portanto, busca segurança jurídica.
Também sabemos que nos institutos originários do Direito Civil aplicam-se 
as relações privadas, públicas e também as relações de trabalho, mas alguns 
questionamentos surgem quando se trata do estudo da prescrição e decadência 
em relação às relações de trabalho:
•	A prescrição e a decadência nas relações de trabalho e nas relações de 
emprego são idênticas?
•	Existem exceções às regras impositivas do Código Civil relativas à 
prescrição para as relações de trabalho?
•	A prescrição nas relações de trabalho pode ser reconhecida de ofício 
pelo juiz?
Para responder a diversos questionamentos, no primeiro capítulo vamos 
estudar os institutos em questão aplicados diretamente nas relações de trabalho, 
sem deixar de lado sua origem civilista.
Dando continuidade ao tema da Prescrição e Decadência, a partir do segundo 
capítulo vamos adentrar nas especificidades do tema na esfera trabalhista.
Agora que você já está familiarizado com o tema, tendo se apropriado dos 
conceitos e teorias sobre a prescrição e decadência, vamos observar como os 
institutos da prescrição e da decadência se aplicam nos contratos de trabalho e 
como a doutrina e jurisprudência vêm enfrentando a temática na práxis laboral.
Por fim, no terceiro capítulo veremos os institutos da prescrição parcial e 
prescrição total, bem como a prescrição sobre alguns institutos afetos ao contrato 
de emprego como o INSS, FGTS, etc.
CAPÍTULO 1
Introdução ao Estudo da 
Prescrição e Decadência
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Compreender os institutos da prescrição e decadência, suas fi nalidades e 
natureza jurídica.
 Entender as diferenças entre os institutos e outros correlatos.
10
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
11
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Capítulo 1 
ConteXtualiZação
Quantas vezes você escutou as perguntas “quantos anos você tem?”, 
“quanto tempo leva pra chegar?”, “que horas são?’’. 
O homem mede o tempo das mais diversas formas: em dias, horas, meses, 
anos, estações, através das estrelas. O tempo determina nossas vidas em quase 
todas as esferas, inclusive nas relações familiares, profi ssionais, fi nanceiras etc.
O ministro do STJ Nilson Vital Naves afi rmava com maestria que “o tempo 
disciplina a vida do homem em todas as esferas. [...] O tempo determina o 
nascimento e a extinção do direito” (NAVES, 1964, 164).
A importância do tempo é essencial no direito, pois nota-se que ao longo dos 
anos o direito se modifi ca, multiplica, extingue-se, recria-se e se justifi ca. Contudo, 
nos institutos da decadência e da prescrição é que observamos a infl uência do 
tempo no direito.
No presente capítulo, estaremos trabalhando os conceitos, o nascimento e 
a importância do instituto da prescrição e da decadência para o direito e como 
ocorrem no nosso ordenamento jurídico. O estudo preliminar é essencial para 
que possamos identifi car o direito do trabalho nas mais diversas relações que o 
universo laboral apresenta, a aplicação prática da prescrição e da decadência.
Portanto, o foco principal do capítulo é o estudo aprofundado da prescrição 
e da decadência no que se refere aos seus conceitos e naturezas jurídicas, para 
que possamos, como profi ssionais do direito, salvaguardar a ordem jurídica em 
um de seus pontos mais sensíveis: a estabilidade das relações. 
“Todos os dias quando acordo
Não tenho mais
O tempo que passou
Mas tenho muito tempo
Temos todo o tempo do mundo”
(Renato Russo – Legião Urbana)
12
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
Prescrição e Decadência: Conceito 
e ImportÂncia
a) O tempo e o direito
Nada que conhecemos é perene, “o passar do tempo conduz ao feneci-
mento dos seres, da natureza e da vida” (RIZZARDO, 2017, p. 52). Com o direito 
não podia ser diferente.
Segundo Theodoro Júnior (s.d.), o passar do tempo no campo 
jurídico por si só pode ter importância, segundo é ser objeto de tutela, ou 
seja, produzir efeitos, como no caso da usucapião, sendo um fato jurídico 
lato sensu. 
Pode causar estranheza a um leigo o fato de o passar do tempo 
causar efeitos no campo jurídico, perguntando-se se um direito pode 
fi car velho e morrer com a passagem do tempo.
Para aqueles, no entanto, que labutam no mundo jurídico, tal tem se tor-
nado lugar comum, em especial em tempos líquidos, segundo Bauman (2001). Na 
era da informação, onde a acessibilidade está no toque dos dedos na palma da 
mão, é quase impossível crer na perenidade do direito. Veja que a jurisprudência 
se modifi ca, isso signifi ca que a maneira de ler o direito também se modifi ca com 
o passar dos anos e alguns direitos deixam de existir enquanto outros nascem.
Em diversos aspectos, no campo do direito do trabalho e do direito fun-
damental não é diferente. A passagem do tempo opera decisivamente em alguns 
aspectos trabalhistas: tempo para aquisição e gozo do direito às férias; tempo de 
disposição ao empregador ou tempo efetivamente laborado etc.
No entanto, alguns direitos, por pertencerem à esfera fundamental da pes-
soa, jamais perecem, como o direito à vida, ao trabalho, à dignidade, à intimidade. 
Os direitos citados são cunhados na esfera constitucional e, portanto, na esfera 
positiva de um Estado, como direitos fundamentais e essenciaisà existência. Por 
isso, a passagem do tempo não os retira do indivíduo.
Na esfera trabalhista, muitos direitos são elevados à categoria de direitos 
fundamentais no artigo nº 7 da Constituição Cidadã de 1988. Isso não signifi ca 
que com a passagem do tempo, como se verá ao longo da disciplina, não sejam 
alcançados os direitos, portanto, cuidado ao mencionar a imprescritibilidade de um 
direito ou não na esfera trabalhista.
A seguir veremos algumas aplicações práticas sobre o tempo e o direito. 
Você poderá observar a imprescritibilidade de alguns direitos fundamentais no Brasil.
O passar do tempo 
no campo jurídico 
por si só pode ter 
importância, segundo 
é ser objeto de tutela, 
ou seja, produzir 
efeitos, como no caso 
da usucapião, sendo 
um fato jurídico lato 
sensu.
13
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Capítulo 1 
Ementa: PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. 
ESPOSA. PRESCRIÇÃO DE FUNDO DE DIREITO. PRESCRIÇÃO 
QUINQUENAL. QUALIDADE DE SEGURADO. COMPROVAÇÃO. 
REQUISITOS PREENCHIDOS. TERMO INICIAL. CORREÇÃO 
MONETÁRIA E JUROS. INCIDÊNCIA. 1 A prescrição quinquenal 
atinge as parcelas individualmente, e não ao fundo do direito em 
que se baseiam, visto que o direito ao benefício é imprescritível. 2 
São requisitos para a concessão do amparo em tela: (a) a qualidade 
de segurado do instituidor da pensão; e (b) a dependência dos 
benefi ciários, que na hipótese de esposa é presumida (artigo 16, § 4º, 
da Lei 8.213/91). 3 Comprovada a qualidade de segurado especial 
do de cujus à época de seu óbito, é de ser concedida a pensão por 
morte à requerente. 4. O termo inicial do benefício deve ser a partir 
da data do requerimento administrativo, na hipótese do art. 74, inc. 
II, da Lei nº 8.213/91. 5 As prestações em atraso serão corrigidas, 
desde o vencimento de cada parcela, ressalvada a prescrição 
quinquenal (TRF4, AC 0012549-15.2013.4.04.9999, SEXTA TURMA, 
Relator NÉFI CORDEIRO, D.E. 16/09/2013).
Ementa: APELAÇÃO. DIREITO CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO DE 
INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. DNA. PRESCRIÇÃO. A ação 
de investigação de paternidade é imprescritível, por se tratar de 
direito personalíssimo, pois a sentença que reconhece o vínculo 
parental tem caráter declaratório, visando a acertar a relação jurídica 
da paternidade do fi lho, sem constituir para o autor nenhum direito 
novo, não podendo o seu efeito retro-operante alcançar os efeitos 
passados das situações de direito. Precedentes do STJ. RECURSO 
DESPROVIDO (Apelação Cível Nº 70074976986, Sétima Câmara 
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifi no Robles 
Ribeiro, Julgado em 27/09/2017).
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE NULIDADE DE BENS. 
PRESCRIÇÃO. As ações de nulidade de partilha e de testamento não 
são suscetíveis à prescrição e decadência. Na verdade, a pretensão 
delas é imprescritível, bem como é insuscetível de decadência o 
direito de se insurgir contra a validade da partilha e do testamento. 
Afi nal, o negócio jurídico nulo não é suscetível de confi rmação e 
não convalesce pelo decurso do tempo (art. 169 do CC). NEGARAM 
PROVIMENTO (Apelação Cível Nº 70071905624, Sétima Câmara 
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifi no Robles 
Ribeiro, Julgado em 22/02/2017).
14
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. CONDOMÍNIO. AÇÃO 
DE EXTINÇÃO DE CONDOMÍNIO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA. 
DIREITO IMPRESCRITÍVEL E FUNDAMENTAL DO CONDÔMINO.
PEDIDO DE ADJUDICAÇÃO DO IMÓVEL POR UM DOS 
CONDÔMINOS. DIREITO DE PREFERÊNCIA QUE DEVERÁ SER 
EXERCIDO NO CURSO DO PROCEDIMENTO DE ALIENAÇÃO 
DOS ART. 1.113 E SEGUINTES DO CPC. DECISÃO MANTIDA. 
O direito de preferência de que trata o art. 1.118, III, do CPC não 
obsta a alienação judicial da coisa no presente caso. A determinação 
para alienação judicial do imóvel não impede ou reduz, em absoluto, 
o direito de preferência alegado pelo agravante em relação a terceiro, 
e mesmo diante dos demais coproprietários, devendo exercê-
lo nos termos do art.1.322 do CC. AGRAVO DE INSTRUMENTO 
DESPROVIDO. UNÂNIME (Agravo de Instrumento nº 70053363974, 
Vigésima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rubem 
Duarte, Julgado em 05/06/2013).
b) Relevância e defi nição dos institutos
Segundo Rizzardo (2017), a importância dos institutos da prescrição e 
da decadência se dá essencialmente no âmbito dos direitos e ações deles 
decorrentes cuja passagem do tempo causa efeitos jurídicos às relações entre as 
pessoas e os atos contratuais realizados.
As relações jurídicas travadas entre as pessoas necessitam de estabilidade 
para que sejam possíveis a convivência e a própria existência pacífi ca da vida em 
sociedade.
A vida em sociedade seria insuportável se todos tivessem que guardar 
documentos de todas as relações encetadas. Uma pequena pessoa jurídica 
necessitaria de mais de um prédio de muitos andares para tal, imagine então uma 
sociedade anônima de proporções intercontinentais.
Ademais, os direitos não são absolutos, ou seja, não há direitos criados 
no nosso ordenamento ou que possam ser exercidos de forma egoísta, sem 
consideração ao meio social, sem que seu titular se importe com as consequências 
externas ou a terceiros do exercício de seu direito.
15
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Capítulo 1 
Em nosso ordenamento jurídico, nem mesmo a vida e a liberdade são direitos 
absolutos no sentido citado. 
Nas palavras de Ehrhardt Júnior (2009, p. 339):
Os institutos jurídicos da prescrição e da decadência são 
fundamentais em qualquer sistema jurídico, na medida em 
que evitam, por exemplo, a obrigação de guarda, por tempo 
indefi nido, de grande quantidade de documentos, e limitam o 
período de tempo a ser considerado quando da análise dos 
requisitos de validade na celebração de um negócio jurídico. 
Enfi m, trata-se de instrumentos fundamentais para assegurar 
a tranquilidade na ordem jurídica.
Assim, a estabilidade das relações e a segurança jurídica no ordenamento 
jurídico são as pedras de toque dos institutos da prescrição e da decadência. 
c) Conceito de prescrição e decadência
Prescrição: O conceito tradicional de prescrição, que pode ser extraído 
do Código Civil Brasileiro, é ser a mesma causa extintiva da pretensão do direito 
material pelo seu não exercício no prazo estipulado em lei (NERY JÚNIOR, 2011). 
O conceito clássico é interpretado do art. 189 do CCB: “Violado o direito, nasce 
para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que 
aludem os arts. 205 e 206”.
Se realizada uma interpretação literal do artigo citado anteriormente, no-
tamos que em verdade o Código menciona que a pretensão se extingue pela pre-
scrição, correto?
 Então é preciso questionarmos: o que é pretensão para o 
direito, ou seja, o que é pretensão jurídica?
Segundo Nery Júnior (2011), o texto da lei não dá margens a interpretações, 
dele não se podendo inferir que a prescrição é do direito de ação, ou seja, da 
ação de cobrança ou da ação de execução, por exemplo, mas sim da pretensão 
do direito, o que signifi caria, segundo o doutrinador, que não é o direito em si ou a 
ação que prescreve, mas essencialmente a pretensão ao direito.
16
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
Ao contrário do entendimento apresentado, Rizzardo (2017, p. 63) afi rma que 
a prescrição em verdade atinge o próprio direito de ação e, segundo o autor, “se a 
pessoa não faz uso dos meios assegurados, entende-se que houve a desistência, 
levando os sistemas jurídicos a retirar a faculdade de defesa”. 
É importante observar que a doutrina nacional diverge sobre o que 
exatamente fulmina a prescrição: se o direito de ação ou a pretensão 
sobre o direito subjetivo - a pretensão sobre o direito material.
Por isso é tão importanteo conceito de pretensão jurídica que é ensinado 
na disciplina de Teoria Geral do Processo. Afi nal, pretensão se equivale ao direito 
subjetivo de ação?
Elucidando a controvérsia, Pereira (2004) seguido de Theodoro Júnior 
(2005), inicialmente explicita dois conceitos fundamentais: a diferença entre 
perda do direito e extinção do direito. Segundo o aquele autor, a perda do direito 
é menos profunda do que a extinção, pois na perda tem-se a transferência de 
titularidade, ou seja, a perda ocorre quando um direito se separa de seu titular. 
Já na extinção ocorre a destituição total do vínculo jurídico, ou seja, as faculdades 
jurídicas decorrentes do direito não podem mais ser exercidas por qualquer titular 
do mesmo.
Ainda, Theodoro Júnior (2005), explicitando o tema, apresenta de forma 
didática a corrente segundo a qual não é o direito subjetivo de ação, ou seja, de 
buscar o Poder Judiciário para obtenção de uma resposta, que é atingido pela 
prescrição, em antagonismo ao autor Rizzardo (2017).
Tampouco é o direito subjetivo da pessoa que se vê fulminada pela inércia. 
Em verdade, o que é fulminada pela inércia é a pretensão jurídica. Segundo os 
ensinamentos da doutrina moderna processualista, aproxima-se da teoria da actio 
nata dos romanos, segundo a qual pretensão é a reação à violação do direito 
subjetivo, enquanto que ação é direito subjetivo, autônomo e abstrato de obter 
uma resposta judicial.
Pode-se conceituar prescrição como sendo a inércia por certo lapso temporal 
defi nido em lei do titular de direito subjetivo violado, que culmina com a perda da 
efi cácia da pretensão.
17
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Capítulo 1 
Para que possa aprofundar mais o conceito de pretensão e sua 
diferenciação do direito subjetivo de ação, recomenda-se a leitura do 
texto de Dias (2010). Disponível em: <http://www.mariaberenice.com.
br/manager/arq/(cod2_755)2__observacoes_sobre_o_conceito_de_
pretensao.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018.
Decadência: A decadência, de modo mais facilitado, embora não sem a 
já citada controvérsia doutrinária, é defi nida, para a doutrina em geral, como a 
extinção do direito material em si.
Rizzardo (2017) conceitua a decadência como sendo a perda do próprio 
direito não aproveitado ou não procurado no período de tempo assegurado em lei.
Donizetti (2014, p. 194) afi rma que a decadência é “um fato jurídico 
consubstanciado no decurso de um prazo dentro do qual um direito potestativo 
não é exercido, cujo efeito é a extinção desse direito”.
O que se observa da doutrina é que a decadência de um direito, ou seja, a 
extinção de um direito pelo seu não uso está invariavelmente conectada ao direito 
potestivo. Assim, convém questionar: você se lembra o que é um direito potestivo?
Direito potestivo, em suma, é aquele que o titular tem direito 
de exigir algo que se repercute na esfera de outrem sem a devida 
contraprestação. É o direito que pode ser exigido de um terceiro, o 
qual não possui outra alternativa se não a sujeição.
Segundo Júnior (2005, p. 51), enquanto nos direitos a uma prestação o 
sujeito depende da atuação ou omissão de uma terceira pessoa, nos direitos 
potestativos “[...] não há prestação a ser cumprida. O que há é tão apenas a sua 
sujeição a um estado jurídico que o titular do direito potestivo cria”.
No direito laboral, em especial no direito individual, a legislação heterônoma 
não apresenta expressividade em relação à criação de prazos decadenciais.
18
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
Na legislação heterônoma pode ser citado, além do prazo decadencial para a 
propositura da ação rescisória, o prazo para a propositura da ação de inquérito de 
apuração de falta grave, previsto no art. 853 da CLT.
Com a nova tendência de fl exibilização das relações laborais, no entanto, em 
alguns aspectos questionáveis, é possível que através de normas autônomas as 
partes criem prazos decadenciais nos contratos laborais.
Distinção Entre Prescrição e 
Decadência
Vários são os critérios que podem ser adotados para a distinção entre a 
prescrição e a decadência: legal, funcional, axiológico, literal etc.
Como você já pôde observar, a primeira distinção que evidencia os institutos 
é que enquanto a prescrição fulmina a pretensão do direito (para alguns, o direito 
de ação), a decadência fulmina o próprio direito potestativo.
Além disso, pode-se observar do próprio Código Civil, art. 207, que não se 
aplicam à decadência as causas que impedem, suspendem ou interrompem a 
prescrição, com exceção da causa impeditiva de prescrição ao menor – art. 198 I 
do Código Civil.
 
Ainda, os prazos decadenciais admitem renúncia ou diminuição pelas partes, 
enquanto os prazos prescricionais não admitem diminuição ou renúncia pelas 
partes. A decadência pode ser objeto de contrato, criada pelas partes, a prescrição 
não. A seguir, listamos a distinção adotada por Filho (1961, s.p.):
1ª) - Estão sujeitas à prescrição (indiretamente, isto é, em 
virtude da prescrição da pretensão a que correspondem): - 
todas as ações condenatórias, e somente elas.
2ª) - Estão sujeitas à decadência (indiretamente, isto é, 
em virtude da decadência do direito potestativo a que 
correspondem): - as ações constitutivas que têm prazo especial 
de exercício fi xado em lei.
3ª) - São perpétuas (imprescritíveis): - a) as ações constitutivas 
que não têm prazo especial de exercício fi xado em lei; e b) 
todas as ações declaratórias. 
Várias inferências imediatas podem ser extraídas daquelas 
três proposições. Assim:
a) não há ações condenatórias perpétuas (imprescritíveis), 
nem sujeitas a decadência;
b) não há ações constitutivas sujeitas a prescrição; 
c) não há ações declaratórias sujeitas a prescrição ou a 
decadência. 
19
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Capítulo 1 
Para que você possa fi xar essa diferenciação aprofundando-
se no arcabouço jus fi losófi co da mesma, recomenda-se a leitura 
do texto de Seco (2015), disponível em:<https://www.ibdcivil.org.br/
image/data/revista/volume3/04---rbdcivil-volume-3---prescriucueo-
e-decaduuncia-no-direito-civil-em-busca-da-distinucueo-funcional-.
pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018.
A seguir, veja algumas aplicações práticas sobre a decadência. Você poderá 
observar de forma prática a diferença entre prescrição e decadência:
Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO ANULATÓRIA. 
PRESCRIÇÃO. DECADÊNCIA. Possuindo o pedido de anulação 
de doação efetivada pelo cônjuge, sem o consentimento do outro, 
natureza essencialmente constitutiva, porque ligado a um direito 
potestativo, aplicam-se-lhe as regras atinentes à decadência, e não à 
prescrição. Deram provimento, ao efeito de afastar o reconhecimento 
da prescrição. Unânime. (Agravo de Instrumento nº 70009091315, 
Tribunal de Justiça RS. Sétima Câmara Cível, relatora: Maria 
Berenice Dias, data do julgamento: 27/10/2004). 
Fundamentos e NatureZa Jurídica
Como você já pôde observar, o fundamento dos institutos da prescrição e 
da decadência é a paz social, consubstanciada na estabilização das relações 
jurídicas, tendo como fi m último a segurança jurídica.
Desta forma, é fácil notar que a prescrição e a decadência possuem 
importância não apenas para a esfera privada, ou no âmbito das relações 
privadas, mas grande relevância no plano social e na ordem pública.
Não se pode esquecer que a prescrição se aplica inclusive nas relações 
de ordem pública, bem como dos entes públicos com os privados e até mesmo 
na persecução penal, tudo com o objetivo maior de sustentar a ordem jurídica e 
democrática.
20
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
Com relação à natureza jurídica dos institutos, pode-se dizer que a prescrição 
possui natureza jurídica de ato-fato jurídico, pois depende de uma conduta 
omissivahumana – inércia do titular do direito subjetivo depende do nascimento 
de uma pretensão que decorre da violação de um direito.
Já a decadência possui natureza de fato jurídico, qual seja, a passagem do 
tempo e a inércia do titular de um direito potestativo.
Ambos possuem natureza mista de direito público e privado, pois disciplinam 
relações entre particulares e públicas, pode-se dizer que apesar de possuir raiz 
no direito privado, possuem inegável interesse público. Há autores, a exemplo 
de Orlando Gomes (1996), que defendem a natureza eminentemente pública do 
instituto.
Prescrição, Preclusão e Perempção
Como você já pôde observar, a prescrição fulmina a pretensão do direito ante 
a inércia de seu titular. Portanto, possui natureza de ato-fato jurídico que atinge o 
direito no plano da efi cácia. Já a preclusão e a perempção são institutos presentes 
no direito processual, mais especifi camente no processo em si.
A preclusão, segundo Dinamarco (2009), constitui expediente empregado em 
prol da abreviação do processo, ou melhor dizendo, para que o processo não se 
perpetue ou perdure por duração indeterminada, a preclusão tem por fi nalidade 
última garantir o dinamismo do processo, vindo ao encontro do princípio da 
celeridade.
Assim como a prescrição, a preclusão se opera no campo da efi cácia, sendo 
o resultado de atos comissivos ou omissivos (ASSIS, 2016).
A preclusão pode ser classifi cada em temporal, lógica e consumativa.
a) preclusão temporal: presente no art. 223 caput do CPC e aplicável ao 
processo do trabalho, consiste na extinção do direito de a parte praticar 
o ato quando decorrido o prazo do mesmo: Art. 223. Decorrido o prazo, 
extingue-se o direito de praticar ou de emendar o ato processual, 
independentemente de declaração judicial, fi cando assegurado, porém, 
à parte provar que não o realizou por justa causa.
b) preclusão lógica: decorre de ato comissivo da parte, ou seja, da 
incompatibilidade de praticar ato processual contraditório, incompatível 
com o ato anteriormente praticado. Por exemplo: quando imediatamente 
21
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Capítulo 1 
após a sentença o réu apresenta cálculo de liquidação e depósito dos 
valores objetos da condenação, não pode apresentar recurso. Outro 
exemplo encontra-se no art. 806 da CLT. “Art. 806 - É vedado à parte 
interessada suscitar confl itos de jurisdição quando já houver oposto na 
causa exceção de incompetência”.
Segundo Assis (2016), essa espécie de preclusão decorre do dever de boa-fé 
das partes relativamente ao processo, bem como da vedação ao comportamento 
contraditório.
c) preclusão consumativa: Consiste na “perda da faculdade de repetir, 
melhorar ou corrigir ato processual já praticado” (ASSIS, 2016, p. 1432). 
A preclusão consumativa também é consectário do dever de lealdade 
processual, do princípio da unirrecorribilidade, bem como da irradiação 
das declarações de vontade presente no art. 200 do CPC: “Os atos das 
partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade 
produzem imediatamente a constituição, modifi cação ou extinção de 
direitos processuais”.
A perempção, também fi gura processual que visa a inibir atos abusivos 
das partes, é originária do processo civil, arts. 485, V e 486, §3º, porém sem 
correspondente na CLT e, segundo Delgado (2011), instituto que inexiste e não 
pode ser aplicado ao processo do trabalho.
A CLT possui instituto parecido que muitos intitulam de perempção trabalhista 
nos arts. 731; 732 combinados com o art. 844, vejamos:
Art. 731 - Aquele que, tendo apresentado ao distribuidor 
reclamação verbal, não se apresentar, no prazo estabelecido 
no parágrafo único do art. 786, à Junta ou Juízo para fazê-lo 
tomar por termo, incorrerá na pena de perda, pelo prazo de 
6 (seis) meses, do direito de reclamar perante a Justiça do 
Trabalho.
 Art. 732 - Na mesma pena do artigo anterior incorrerá o 
reclamante que, por 2 (duas) vezes seguidas, der causa ao 
arquivamento de que trata o art. 844.
Art. 844 - O não comparecimento do reclamante à audiência 
importa o arquivamento da reclamação, e o não comparecimento 
do reclamado importa revelia, além de confi ssão quanto à 
matéria de fato.
Como você pode observar, a prescrição e os institutos da preclusão e 
perempção, apesar de possuírem proximidades, são institutos diferentes. 
Lembre-se de que enquanto a prescrição é instituto do direito material, a 
perempção e a preclusão são institutos do direito processual.
Enquanto a 
prescrição é instituto 
do direito material, 
a perempção e 
a preclusão são 
institutos do direito 
processual.
22
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
Causas ImpeditiVas, SuspensiVas e 
InterruptiVas da Prescrição
Como você já observou, a prescrição é norma de ordem pública limitativa 
de direitos. A lei, assim como impõe limitação ao uso indiscriminado dos direitos 
buscando a paz social, também a ordem jurídica limita a prescrição através 
da imposição de causas impeditivas, suspensivas e interruptivas dos prazos 
prescricionais.
As causas impeditivas da prescrição situam-se nos fatos tipifi cados em 
lei que obstam o início do prazo prescricional, ou seja, a causa impeditiva nasceu 
antes ou conjuntamente à pretensão do direito. São causas que restringem o 
campo de atuação do credor e não poderiam causar-lhe, portanto, prejuízo.
Já nas causas suspensivas o prazo prescricional já se iniciou, mas algum 
fato posterior ao início da contagem do prazo suspende, obsta para o seu curso. 
Cessada a causa obstativa, o curso do prazo volta a correr de onde parou.
Nas palavras de Russomano (1978), podemos resumir a diferença entre 
causas suspensivas e impeditivas, pois segundo o autor, a diferença essencial 
entre as causas que impedem o fl uxo do prazo prescricional e as causas que 
suspendem está no fato de que as primeiras evitam que o prazo comece a fl uir, 
enquanto que as segundas suspendem. O autor compara ilustrativamente as 
causas impeditivas a um dique e as causas suspensivas a um parêntese.
Exemplo típico de causa impeditiva do prazo prescricional 
no direito do trabalho é a menoridade do trabalhador. Outra causa 
impeditiva do prazo prescricional existente na esfera civil que cabe 
ao direito do trabalho é a ausência do país do titular do direito em 
serviço público da União, Estados e Municípios.
Ainda no que diz respeito às causas impeditivas da prescrição, convém 
relembrar a Orientação Jurisprudencial nº 83 da SDI-I do TST, segundo a qual 
durante o aviso prévio indenizado, o curso da prescrição fi ca impedido apenas 
iniciando sua contagem quando fi ndo o período. Vejamos o precedente ERR94048 
de 1993 da referida orientação:
23
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Capítulo 1 
O prazo prescricional para a postulação de verbas rescisórias, 
no caso de aviso prévio, tem início com o decurso do tempo 
de sua duração porque com a integração deste ao tempo 
de serviço, a exigibilidade das parcelas devidas só surge no 
momento da efetiva extinção do contrato de trabalho. 
No precedente se observa a presença e infl uência da Teoria da actio nata, ou 
seja, a prescrição somente inicia seu curso no instante em que nasce a pretensão 
para o titular do direito. Nas palavras de Delgado (2011, p. 249), “[...] antes de 
poder ele exigir do devedor seu direito, não há como falar-se em início do lapso 
prescricional”.
No que tange às causas suspensivas da prescrição no direito do trabalho, 
o exemplo mais comum é o afastamento do empregado em virtude de doença/
acidente laboral, suspendendo o contrato de trabalho, no entanto, não impede o 
transcurso do lapso prescricional.
Com relação à interrupção do prazo prescricional, neutraliza os efeitos do 
prazo que já tenha se iniciado, de modo que acontagem do tempo que já se 
iniciou passa a ser recontada, ou seja, com a causa interruptiva pode-se dizer que 
o contador é zerado, iniciando-se novamente o prazo.
As causas que interrompem a prescrição estão elencadas no art. 202 do 
Código Civil, ocorrendo apenas uma vez:
I – por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a 
citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da 
lei processual;
I I – por protesto, nas condições do inciso antecedente;
II I – por protesto cambial;
IV – pela apresentação do título de crédito em juízo de 
inventário ou em concurso de credores;
V – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI – por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que 
importe reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágr afo único. A prescrição interrompida recomeça a correr 
da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo 
para a interromper.
No processo do trabalho, a data da propositura da reclamatória fi xa o 
termo exato da interrupção da prescrição a teor do que determina o art. 841 
da CLT. Salientando que mesmo o arquivamento da reclamatória não obsta os 
efeitos interruptivos da prescrição, estando tal posicionamento consubstanciado 
na Súmula 268 do TST: “A ação trabalhista, ainda que arquivada, interrompe 
a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos”. A seguir, algumas 
aplicações práticas sobre o tema:
24
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
 AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO PELA PRIMEIRA 
RECLAMADA – FUNDAÇÃO ARMANDO ÁLVARES PENTEADO.
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMISSIBILIDADE. 
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. GRUPO ECONÔMICO. 
RAZÕES DISSOCIADAS DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO 
AGRAVADA. Os argumentos aduzidos nas razões do Agravo de 
Instrumento devem contrapor-se aos fundamentos norteadores da 
decisão que se tenciona desconstituir, sob pena de tornar inviável 
o exame do recurso interposto pela parte, diante da ausência de 
dialeticidade. Agravo de Instrumento de que não se conhece.
PRESCRIÇÃO. HERDEIROS MENORES DE 16 ANOS. 
ARTIGO 189, I, DO CÓDIGO CIVIL. APLICAÇÃO NA JUSTIÇA DO 
TRABALHO. A Consolidação das Leis do Trabalho, em seu artigo 
440, dispõe que não corre prazo prescricional contra os menores 
de dezoito anos. O aludido dispositivo trata, de forma específi ca, 
do trabalhador menor de dezoito anos. No que tange aos herdeiros 
de empregado falecido, menores de 16 anos, tem aplicação nesta 
Justiça Especializada a causa impeditiva da prescrição prevista no 
artigo 198, I, do Código Civil, ante a lacuna da Consolidação das 
Leis do Trabalho, além de ser compatível com seus princípios. Diante 
disso, a determinação da Corte de origem, no sentido da aplicação 
da supramencionada causa impeditiva do prazo prescricional aos 
herdeiros do empregado falecido, menores de 16 anos, está em 
consonância com o artigo 8º, parágrafo único, do texto consolidado. 
Agravo de Instrumento a que se nega provimento (AIRR nº 29600-
73.2007.5.02.0088. TST. 1ª Turma. Rel. Des. Convocado Marcelo 
Lamego Pertence. Julgado em 28/10/2015).
RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. 
AUXÍLIO-DOENÇA. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. 
INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO. É entendimento desta Corte 
que não há interrupção do prazo prescricional pelo fato de o contrato 
de trabalho do reclamante estar suspenso por motivo de doença, 
uma vez que tal hipótese não se enquadra em nenhuma das causas 
impeditivas, suspensivas ou interruptivas do prazo prescricional 
previstas nos arts. 197 a 202 do Código Civil de 2002. Recurso de 
revista conhecido e provido (RR - 2100-33.2001.5.15.0071 , Relatora 
Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 11/06/2008, 8ª 
Turma, Data de Publicação: DJ 13/06/2008).
25
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Capítulo 1 
PRESCRIÇÃO INTERRUPÇÃO – ENUNCIADO 268/TST 
APLICAÇÃO APENAS NOS CASOS EM QUE O PEDIDO FORMULADO 
NA SEGUNDA AÇÃO TENHA SIDO OBJETO DA PRIMEIRA. A 
interrupção do prazo prescricional prevista no Verbete 268/TST 
somente ocorre em relação aos pedidos objeto da ação anteriormente 
ajuizada, não quanto a novos pedidos. O fato de se tratar do mesmo 
contrato de trabalho não acarreta a interrupção da prescrição 
para novos pedidos que deixaram de ser formulados na primeira 
ação. Caso contrário, poderia o empregado juizar inúmeras ações, 
postulando um novo pedido em cada uma delas, o que implicaria 
a perpetuação das demandas. Tal situação afastaria, por sua vez, 
o objetivo do instituto da prescrição, que é manter a paz social e a 
segurança nas relações jurídicas. Desse modo, sendo possível o 
empregado cumular os pedidos numa mesma ação, não há que se 
falar na interrupção da prescrição. Embargos conhecidos e providos. 
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos em Recurso 
de Revista nº TST-E-RR-467.268/98.0, em que é Embargante 
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL e é Embargado FRANCISCO 
ROSSAL DE ARAÚJO (Precedente da Súmula 268). 
Atividade de Estudos:
1) Analise a situação a seguir:
Márcia e Paulo foram casados em regime de comunhão parcial 
de bens de 1999 até 21 de março de 2015, quando realizaram o 
divórcio com a divisão de bens.
Márcia possuía uma dívida com Paulo e o pai dele assinou uma 
confi ssão de dívida na data de 12/01/2013.
Ainda, o sobrinho de Márcia, Josué, propôs ação de cobrança 
de um cheque prescrito que o tio Paulo havia dado em pagamento 
pelos serviços prestados por aquele na casa dos tios na data de 
12/12/2014.
Com a distribuição do processo, em face de ambos os tios 
na data de 27/08/2016, Josué afi rmou que abria mão dos juros e 
da multa contratual. No entanto, quando do trânsito em julgado 
26
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
apresentou planilha de cálculos com valores atualizados, juros de 
mora de um por cento ao mês e multa de 18% sobre o débito, tudo 
conforme o contrato avençado.
Agora responda às seguintes questões:
a) Qual o último dia do prazo prescricional para Paulo cobrar a dívida 
de sua ex-esposa?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
b) Há diferença entre o prazo que Paulo e seu pai possuem para a 
cobrança da dívida?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
c) A dívida pode prescrever antes do divórcio? Por quê?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
d) Com relação aos atos de Josué, o cálculo pode ser embargado? Em 
caso positivo, qual preliminar poderia ser destacada nos embargos?
_______________________________________________________
_______________________________________________________
_______________________________________________________
AlGumas ConsideraçÕes
Como você pôde notar, os institutos da prescrição e da decadência, apesar 
de suas ímpares aplicabilidades na práxis jurídica, ou seja, no processo, são 
institutos do Direito Material e não do Direito Processual. Mesmo possuindo 
efi cácia dentro do processo judicial, a passagem do tempo se opera em verdade 
no campo do direito subjetivo da pessoa.
No Direito do Trabalho não é diferente. Embora os prazos prescricionais no 
contrato de celetista sejam, basicamente, de dois e cinco anos, como veremos nos 
próximos capítulos, eles fulminam a pretensão do trabalhador e não o direito de ação.
27
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA Capítulo 1 
Assim, tendo apropriado os conceitos e teses a respeito dos institutos da 
prescrição e decadência, vamos realizar uma atividadepara fi xar os principais 
pontos do capítulo.
Referências
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cia e para identifi car as ações imprescritíveis. Revista de direito processual civ-
il, São Paulo, v. 3, p. 95-132, jan./jun. 1961.
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damentais: Tomo I. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Tradução: Plinio Dentzien. Rio de Ja-
neiro: Zahar, 2001.
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do trabalho. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
Del5452.htm>. Acesso em 14 fev. de 2018
______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: 
Senado Federal: Centro Gráfi co, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 20 mar. 2018.
______. Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Disponível em : 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm Acesso em 14 fev. 2018.
______. Lei nº 3.071 de 1º de janeiro de 1916. Código Civil. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L3071.htm Acesso em 14 fev. 2018.
______. Lei nº 13.467 de 13 de julho de 2017. Altera a Consolidação das Leis do 
Trabalho. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20152018/2017/
Lei/L13467.htm#art1 Acesso em 14.fev. 2018.
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 10. ed. São Paulo: 
LTr, 2011.
DINAMARCO, Candido Rangel. Instituições de direito processual civil. 6. ed. 
São Paulo: Malheiros, v. 2. 2009.
DONIZETTI, Elpídio; QUINTELLA, Felipe. Curso didático de direito civil. 3. ed. 
São Paulo: Atlas, 2014.
28
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
EHRHARDT JÚNIOR, Marcos. Direito civil: LICC e parte geral. Salvador: Jus 
PODIUM, v.1. 2009.
NAVES, Nilson Vital. Prescrição e decadência no direito civil. Revista da Facul-
dade de Direito. Minas Gerais, 1964, nº 4 p. 164-187.
NERY JÚNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Código civil comentado. 
8. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de direito civil. 20. ed. V. 1. Rio de 
Janeiro: Forense, 2004.
RIZZARDO, Arnaldo et al. Prescrição e decadência. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2017.
RUSSOMANO, Mozart Victor. O empregado e o empregador no direito do tra-
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THEODORO JUNIOR, Humberto. Ensaio sobre a Decadência, Prazo, Termo Final 
e Extinção da Efi cácia do Negócio Jurídico. Revista Lex Magister. Disponível em: 
<http://www.lex.com.br/doutrina_25797423_ENSAIO_SOBRE_DECADENCIA_
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THEODORO JÚNIOR, Humberto. Distinção Científi ca entre Prescrição e Decadên-
cia. Um Tributo à Obra de Agnelo Amorim Filho. In: Revista dos Tribunais. Ano 
94. Volume 836. Junho de 2005.
CAPÍTULO 2
Normas Específicas à Prescrição 
Trabalhista
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Compreender as características e normas específi cas da prescrição na relação 
de trabalho, em especial na relação de emprego.
 Identifi car o momento da ocorrência da prescrição, bem como os diferentes 
aspectos dela no contrato de trabalho.
30
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
31
NORMAS ESPECÍFICAS À PRESCRIÇÃO TRABALHISTA Capítulo 2 
ConteXtualiZação
Enquanto os institutos da prescrição e decadência têm por escopo a paz 
social e a segurança jurídica nas relações, o direito do trabalho busca, em última 
ratio, equalizar partes de uma relação privada que, por questões históricas, 
econômicas e sociais, estão em patamares não apenas diferentes, mas 
essencialmente opostos.
Não é nova a celeuma existente entre a doutrina internacional, especialmente 
a respeito da aplicabilidade do instituto da prescrição na vigência do contrato de 
trabalho, porque há a discrepância existente entre os polos da relação trabalhista: 
de um lado, o empregador com o jus variandi e, de outro, o empregado, que 
apesar de possuir o jus resistentiae, sem a intervenção estatal na relação, através 
das leis heterônomas, fi ca em posição de desvantagem.
CONCEITO DE JUS VARIANDI: decorre do poder de direção 
do empregado, sendo, na verdade, o poder de estabelecer certas 
modifi cações na prestação do serviço pelo empregador.
Segundo Gustavo Garcia (2012), o jus variandi pode ser dividido 
em ordinário e extraordinário. Aquele, são as pequenas modifi cações 
contratuais que não representam efetivos prejuízos ao empregado, 
causando-lhes no máximo um desconforto, como pequenas 
alterações no horário de entrada para se adequar ao consumidor.
Já o jus variandi extraordinário seria aquele que “autoriza a 
modifi cação do contrato de trabalho de maior relevância, podendo 
ocorrer apenas nos estritos limites da lei, como a modifi cação do 
local de trabalho” (GARCIA, 2012, 519-520).
CONCEITO DE JUS RESISTENTIAE: é o direito de resistência 
do obreiro perante ordens ilícitas ou irregulares do empregador. 
Segundo Delgado (2000, p. 133), mesmo sendo um princípio 
mitigado pela inexistência de garantia contra despedida arbitrária, é 
um princípio que ao lado da inalterabilidade do contrato de trabalho 
tem por escopo “privilegiar a perspectiva protetiva dos interesses 
obreiros na dinâmica das alterações contratuais”.
32
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
 A prescrição, segundo Delgado (2008), possui inegável caráter imoral, 
já que favorece o praticante de ato ilícito, mesmo sendo essencial à realização 
da paz social. Contudo, na relação empregatícia será que é possível crer que 
o fenômeno da prescrição efetivamente ocorre por ter o titular da pretensão 
“dormido”, deixando o direito de socorrer o trabalhador porque este foi negligente 
em exigir seus direitos?
Viana (2008, p. 164), em seu intrépido artigo intitulado “Os paradoxos 
da prescrição: quando o trabalhador se faz cúmplice involuntário da perda de 
seus direitos”, responde com precisão determinada questão citando o seguinte 
exemplo:
Suponhamos que um dia eu entre numa padaria, peça um pão 
e não pague. O que acontecerá? Certamente, a moça (pois é 
sempre uma moça) me chamará, exigindo o dinheiro. Se eu 
ignorar seus apelos, é provável que apronte um escândalo. 
Mas se, no dia seguinte, eu conseguir emprego noutra padaria, 
e o patrão não me pagar a hora extra, o que acontecerá? Se 
a minha coragem permitir, pedirei educadamente que ele me 
pague; mas caso ele não me atenda, não atendido estarei. 
Essa diferença talvez possa ser explicada pelo fato de que - ao 
contrário do que acontece nos contratos em geral - é o devedor, 
e não o credor, quem detém o poder no contrato de trabalho.
É justo o instituto da prescrição ao longo do contrato de trabalho 
quando os polos estão invertidos?
O trabalhador brasileiro realmente pode exigir seus direitos 
durante o contrato de trabalho sem que haja uma represália pelo 
empregador?
O princípio da proteção e do in dubio pro operario não deveriam 
impedir qualquer violação aos direitos fundamentais do trabalhador 
lesados e aos quais ele não pode renunciar?
A aplicação do reconhecimento da prescrição de ofício prevista 
na CLT após a reforma trabalhista encampada pela Lei 13.467/2017 
é constitucional?
Não se quer aqui fi xar a ideia de que a prescrição possa existir 
no contrato de trabalho, que também é uma relação privada, mas 
33
NORMAS ESPECÍFICAS À PRESCRIÇÃO TRABALHISTA Capítulo 2 
apenas buscar que você, operador do Direito, refl ita de forma 
sistemática sobrea aplicabilidade do instituto.
 Para refl exão, leia o texto do autor Marcio Túlio Viana (2008) 
na íntegra:<http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/fi les/anexos/32797-
40592-1-PB.pdf>.
Prescrição nos Contratos Urbanos 
e Rurais
A atual Carta Constitucional impõe igualdade nos prazos prescricionais aos 
contratos de emprego urbanos e rurais. No entanto, nem sempre foi assim.
A prescrição nas relações jurídicas privadas – civil, contratos de empreitada 
ou locação de serviços – estava tutelada no Código Civil de 1916. Também previu 
aquele código a prescrição de parte das relações laborais no seu art. 178, § 10, 
inciso V:
Art. 178. Prescreve:
§10. Em cinco anos:
V. A ação dos serviçais, operários e jornaleiros, pelo pagamento 
dos seus salários.
Deve ser relembrado que naquele período ainda não havia Justiça do 
Trabalho e, com a organização pelo Decreto-Lei 1.237/1939, regulamentada pelo 
Decreto 6.596/1940, toda e qualquer reclamação perante a Justiça do Trabalho 
se aplicava o prazo de prescrição de dois anos, salvo expressa previsão em 
contrário. Assim, até o surgimento da Consolidação das Leis do Trabalho, em 
1943, o prazo de prescrição das pretensões laborais era de dois anos para os 
trabalhadores urbanos e rurais.
Com a publicação da CLT (Decreto-Lei 5.452, de 1º de maio de 1943), o 
prazo de prescrição das relações empregatícias no cenário urbano e rural passou 
a ser diferente porque a CLT deixava de lado os empregados rurais alijados de 
sua proteção – nos termos do artigo 7º, alínea “b”, aplicando-se originariamente 
apenas aos trabalhadores urbanos, os quais nos termos do artigo 11 da redação 
original da CLT tinham o prazo de dois anos para pleitear a reparação dos 
dispositivos da CLT infringidos na relação de trabalho.
34
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
Em março de 1963, no entanto, os trabalhadores rurais passaram a ter 
uma aplicação do prazo prescricional de dois anos às suas pretensões, com o 
surgimento do Estatuto do Trabalhador Rural e, de uma maneira mais favorável 
que os trabalhadores urbanos, passaram a ter dois anos após o término de seu 
contrato para pleitear toda e qualquer pretensão violada ao longo de todo o 
contrato.
Em 1988, com a publicação da Constituição Federal, determinada diferença 
foi elevada para patamares fundamentais na redação original do art. 7°, inciso 
XXIX:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de 
outros que visem à melhoria de sua condição social: 
XXIX - ação, quanto a créditos resultantes das relações de 
trabalho, com prazo prescricional de: 
a) cinco anos para o trabalhador urbano, até o limite de dois 
anos após a extinção do contrato;
b) até dois anos após a extinção do contrato, para o trabalhador 
rural.
No entanto, com a publicação da Emenda Constitucional 28, de 25 de maio 
de 2000, houve uma modifi cação no texto da Carta Magna, demonstrando, para 
fi ns de prescrição, os empregados urbanos e rurais sendo equiparados. Vejamos 
o texto da EC 28/2000:
Art. 1o O inciso XXIX do art. 7º da Constituição Federal passa 
a vigorar com a seguinte redação:
"XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações 
de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os 
trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após 
a extinção do contrato de trabalho;" (NR)
"a) (Revogada)"
"b) (Revogada)".
Você notou que em verdade os rurícolas foram prejudicados com a nova 
redação do inciso XXIX do art. 7º? A resposta é simples. Para eles, assim como 
aos empregados urbanos, passou-se a admitir a prescrição ao longo do contrato 
de trabalho, ou seja, das parcelas devidas pelo empregador ao longo do contrato 
desrespeitadas.
35
NORMAS ESPECÍFICAS À PRESCRIÇÃO TRABALHISTA Capítulo 2 
Questiona-se: a Constituição Federal, no artigo 60, parágrafo 
4º, inciso IV, eleva a cláusula pétrea dos direitos fundamentais 
individuais. Então será que o referido inciso XXIX do artigo 7º poderia 
ter sofrido aquela modifi cação?
A emenda não é contrária à redação do caput do artigo 7º, o 
qual prevê que os direitos dos trabalhadores são os ali elencados, 
além de outros que melhorem suas condições sociais?
 Não por outro motivo a referida Emenda Constitucional sofreu severas críticas 
da doutrina ante a sua incompatibilidade material com o sistema, sofrendo os 
direitos fundamentais para um retrocesso social (OLIVEIRA, 2013). Em verdade, 
melhor seria se o legislador tivesse equiparado os direitos dos trabalhadores 
urbanos aos dos trabalhadores rurais e não o contrário. Hoje estão equiparados 
para fi ns prescricionais e, portanto, para os efeitos do instituto como um todo no 
contrato celetista, os contratos urbanos e rurais, a despeito da incongruência da 
modifi cação com o sistema constitucional vigente. Assim, convém que fi xemos 
os conceitos e as diferenciações entre as prescrições existentes no contrato de 
emprego: a prescrição quinquenal e a prescrição bienal.
 No Capítulo 1, você estudou os conceitos de prescrição construídos a partir 
de, basicamente, duas correntes doutrinárias: uma para a qual a prescrição atinge 
o direito de ação e outra que entende atingir a prescrição e a pretensão de direito 
tão somente.
Quando se trata de prescrição bienal e quinquenal, determinada diferenciação 
parece um tanto confusa, sendo conveniente citar na íntegra as palavras de 
Delgado (2016, p. 245):
A prescrição extintiva constrói-se sob a ótica do titular do 
direito atingido. Conceitua-se, na linha teórica expressa no art. 
189 do Código Civil de 2002, como a extinção da pretensão 
correspondente a certo direito violado em decorrência de o 
titular não ter exercitado no prazo legalmente estabelecido. 
Também se conceitua como a perda da ação (no sentido 
material) de um direito em virtude do esgotamento do prazo 
para seu exercício. Ou: a perda da exigibilidade judicial de um 
direito em consequência de não ter sido exigido pelo credor ao 
devedor em certo lapso de tempo. 
36
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
Assim, no direito do trabalho existem basicamente dois prazos prescricionais: 
o bienal e o quinquenal. O primeiro fulmina o fundo de direito e o segundo as 
parcelas anteriores ao seu prazo.
Quando realizamos a leitura da doutrina geral do direito sobre prescrição e 
decadência, podemos suscitar a dúvida sobre os prazos de prescrição bienal e 
quinquenal conforme a redação trazida pela Emenda Constitucional.
Como você já viu, a decadência fulmina o próprio direito. Então 
questiona-se: o prazo bienal para propositura da ação não seria 
um prazo decadencial, enquanto o quinquenal, o verdadeiro prazo 
prescricional?
Embora a nova redação dada pela Emenda Constitucional aos pra-
zos prescricionais da CLT tenha trazido celeuma sobre a sua aplicabilidade 
ou interpretação dos mesmos, a doutrina majoritária e a jurisprudência já 
sedimentaram entendimento a respeito da aplicabilidade dos prazos bienal 
e quinquenal de prescrição:
Súmula nº 308 do TST
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL (incorporada a Orientação 
Jurisprudencial nº 204 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 
22 e 25.04.2005
I. Respeitado o biênio subsequente à cessação contratual, 
a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões 
imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do 
ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao quinquênio 
da data da extinção do contrato (ex-OJ nº 204 da SBDI-1 - 
inserida em 08.11.2000).
II. A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição 
da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata 
e não atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal 
quando da promulgação da CF/1988 (ex-Súmula nº 308 - Res. 
6/1992, DJ 05.11.1992).
 
O Tribunal Superior do Trabalho, ao editar a suprarreferida súmula, pacificou 
não apenas a interpretação em relação à contagem da prescrição, como o 
termo inicial. Melhor dizendo, o quinquênio se conta retroativamente da data da 
propositura da ação. Proposta a ação, contam-se cinco anos atrás, os cinco anos 
não se contam da extinção do contrato de trabalho.
37
NORMAS ESPECÍFICAS À PRESCRIÇÃO TRABALHISTA Capítulo 2 
Ainda, após extinto o contrato de trabalho, o empregado tem dois anos para 
propor a ação trabalhista.
Figura 1 – Prescrições bienal e quinquenal
Fonte: A autora.
Importante a leitura de um dos acórdãos que foram precedentes da referida 
Súmula 308 do TST, para que você fi xe a matéria:
PROCESSO: RR NÚMERO: 275387 ANO: 1996
PUBLICAÇÃO: DJ - 13/06/1997
 A C Ó R D Ã O
(Ac. 1ª T-3098/97)
JOD/GB
PRESCRIÇÃO. GRATIFICAÇÃO ADICIONAL POR TEMPO DE 
SERVIÇO, VAPAS E PROMOÇÕES DA RESOLUÇÃO Nº 256/56 DO 
ICFEB
Contanto que intentada a ação trabalhista no biênio subsequente 
à extinção do contrato, apura-se a prescrição retroagindo-se cinco 
anos da data do ajuizamento da ação e não da data da rescisão 
do contrato. O biênio previsto no artigo 7º, inciso XXIX, letra "a", da 
Constituição da República da 1988, não é novo prazo, de natureza 
decadencial, mas o termo fi nal do prazo prescricional iniciado.
Recurso parcialmente conhecido e parcialmente provido.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de recurso de revista 
nº TST-RR-275.387/96.5, em que é Recorrente BANCO DO ESTADO 
DA BAHIA S/A - BANEB e Recorrido ANTONIO VIDAL.
38
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
Irresignando-se com os v. acórdãos proferidos pelo Egrégio 
5º Regional (fl s. 611/613 e 641/642), interpõe recurso de revista o 
Reclamado (fl s. 647/691).
Nas razões, alega o Demandado, preliminarmente, a nulidade 
do julgado regional por negativa de prestação jurisdicional. No mérito, 
insurge-se quanto à condenação sofrida nos seguintes tópicos: 
pagamento da multa; prescrição; promoções da Resolução nº 256/56 
do ICFEB; pagamento do VAPAS; adicional por tempo de serviço; 
estabilidade econômica; estabilidade da Constituição Estadual; 
diferenças salariais do IPC de junho/87; horas extras; gratifi cação de 
balanço e compensação.
Contrarrazões apresentadas às fl s. 773/776.
A douta Procuradoria-Geral do Trabalho absteve-se de opinar.
É o relatório.
(...)
2 - MÉRITO DO RECURSO
2.1 PRESCRIÇÃO. GRATIFICAÇÃO ADICIONAL POR TEMPO 
DE SERVIÇO, VAPAS E PROMOÇÕES DA RESOLUÇÃO Nº 256/56 
DO ICFEB
Consoante entendimento jurisprudencial pacífi co, é total a 
prescrição para reclamar verbas trabalhistas, salvo se decorrentes 
de lei (Súmula 294/TST).
Os pedidos alusivos à gratifi cação adicional por tempo de 
serviço, promoções e VAPAS fundam-se em norma regulamentar 
editada em 1956 e alterada em 1976 e 1977. Admitido o Recorrido 
em 22/11/79 e demitido em 15/01/92, buscou socorro do Judiciário 
em 20/10/92. Ora, é evidente que seus direitos não foram fulminados 
pela ação do tempo, muito embora a postulação envolva a aplicação 
da prescrição total.
Conforme defl ui do artigo 7º, inciso XXIX, letra "a", da Carta 
Magna de 1988, o prazo prescricional da ação trabalhista é de cinco 
anos, com termo fi nal dois anos após a extinção do contrato de 
emprego. A meu juízo, o biênio de que cuida a norma constitucional em 
tela não tem natureza de prazo decadencial, cujo fl uxo comece com a 
dissolução do contrato: ilógico que um prazo principie prescricional e, 
a seguir, rompido o vínculo contratual, transmude-se para decadencial.
39
NORMAS ESPECÍFICAS À PRESCRIÇÃO TRABALHISTA Capítulo 2 
De resto, a lição clássica da doutrina de CÂMARA LEAL não 
vislumbra prazo decadencial quando o direito subjetivo material 
preexiste e é violado, como se dá aqui: o prazo é tipicamente 
prescricional, neste caso.
Ora, pacífi co em doutrina e jurisprudência que a data da 
propositura da ação trabalhista marca a interrupção do prazo 
prescricional (artigo 172, inciso IV, do Código Civil).
Se assim é, no suposto do ajuizamento da ação no biênio 
subsequente à extinção do contrato, para se fi xar a prescrição da 
ação trabalhista cumpre retrotrair cinco anos da data da propositura 
da demanda, com limite transitório em 05.10.86 (sob pena de violar-
se direito adquirido do empregador à luz da lei velha, no caso o artigo 
11, da CLT).
Na espécie, pois, intentada a ação trabalhista, em 26/10/92, 
reputa-se prescrita no tocante às prestações legalmente exigíveis 
anteriores a data de 26/10/87.
Dou provimento parcial ao recurso para decretar a prescrição da 
ação no que tange às prestações legalmente exigíveis anteriores a 
26/10/87.
Fonte: Disponível em: <http://brs02.tst.jus.br/cgi-bin/nph-brs?s1=223442.nia.&u=/
Brs/it01.html&p=1&l=1&d=blnk&f=g&r=1>. Acesso em: 18 mar. 2018.
Com relação ao inciso II da Súmula 308, o Tribunal deixou claro a natureza 
material do prazo ao afi rmar que as pretensões já alcançadas pela prescrição 
bienal não se modifi cam com a ampliação do prazo prescricional para cinco anos, 
pois o direito adquirido dos empregadores deve ser respeitado nos termos do art. 
5º inciso LV da CF/88.
a) Interrupção e suspensão do contrato de trabalho
Você já estudou no Capítulo 1 as causas interruptivas, suspensivas e 
impeditivas da prescrição, as quais são elencadas no Código Civil, artigos 197 a 
204. Muitas delas, quando transpostas do direito comum para o direito especial do 
trabalho, são plenamente aplicáveis, no entanto, algumas outras não se aplicam 
à esfera laboral.
As causas impeditivas da prescrição são anteriores à fl uência do prazo e 
impedem a ocorrência do fenômeno prescricional. Dentre elas, a de maior 
relevância é a prevista no art. 198, inciso I – impedimento de prescrição contra 
absolutamente incapaz.
40
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
No entanto, a CLT possui norma mais benéfi ca impedindo a fl uência do prazo 
prescricional para o menor, ou seja, ao menor de 18 anos não correm os prazos 
bienal e quinquenal de prescrição. Se o menor se emancipar, para o menor 
emancipado não aplicar-se-ia a regra do art. 440 da CLT?
A resposta dada pela doutrina é clara: não se afasta a regra da CLT, pois 
não adotou como critério a incapacidade absoluta, mas critério especial de 
menoridade. Assim leciona Delgado (2016, p. 250): 
A lei trabalhista tem preceito específi co sobre a relação 
incapacidade e prescrição, ao dispor que não corre prescrição 
contra os menores de 18 anos [...]. Ou seja, a menoridade 
trabalhista é fator impeditivo da prescrição, independentemente 
de ser o menor absoluto ou relativamente incapaz – o que 
torna irrelevante, sob o ponto de vista da prescrição, essa 
diferenciação do Código Civil.
Contudo, lembre-se de que determinada regra vale para o trabalhador e não para 
os seus herdeiros. Todas as regras existentes no Código Civil sobre impedimento de 
fl uência do prazo prescricional se aplicam aos contratos de trabalho.
As regras presentes no art. 197, incisos I e II do Código Civil, têm por escopo, 
segundo Pamplona Filho e Fernandez (2017), a paz no núcleo familiar. O autor cita 
como exemplo um escritório de arquitetura onde laboram arquiteta e seu marido, 
este com vínculo regular empregatício com aquela e o pai daquele possua um 
estabelecimento empresarial onde um dos empregados seja seu neto de 17 anos.
O artigo 197, inciso III, protege ainda os incapazes tutelados ou curatelados e 
seus tutores ou curadores na constância da tutela ou curatela, pelo mesmo motivo 
dos incisos anteriores (PAMPLONA FILHO; FERNANDEZ, 2017).
Lembre-se: o Código Civil, no ano de 2015, sofreu alteração no rol de 
absolutamente incapazes, artigo 3º, através da Lei 13.146/2015, como veremos 
as duas redações:
Quadro 1 – Comparação 
Anterior Atual
Art. 3o São absolutamenteincapazes de ex-
ercer pessoalmente os atos da vida civil: 
 I - os menores de dezesseis anos; 
 II - os que, por enfermidade ou defi ciência 
mental, não tiverem o necessário discerni-
mento para a prática desses atos;
 III - os que, mesmo por causa transitória, 
não puderem exprimir sua vontade.
Art. 3o São absolutamente inca-
pazes de exercer pessoalmente 
os atos da vida civil os menores 
de 16 (dezesseis) anos.
Fonte: A autora.
41
NORMAS ESPECÍFICAS À PRESCRIÇÃO TRABALHISTA Capítulo 2 
Assim, antes de 2016, quando passou a ter vigência a redação da Lei 13.146, 
as pessoas que por enfermidade ou defi ciência mental não tiverem o necessário 
discernimento para a prática desses atos, ou os que, mesmo por causa transitória, 
não puderem exprimir sua vontade, na esfera trabalhista também tinham proteção 
contra o início da fl uência da prescrição. Hoje, como não existe regra semelhante 
na CLT, tendo a redação do CCB modifi cado, não se presume a incapacidade 
absoluta dessas pessoas, assim, salvo prova em contrário, correm normalmente 
os prazos de prescrição.
Sobre o tema, a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região a 
seguir cita:
Acórdão
Contra a sentença que extinguiu com julgamento do mérito o 
processo declarando a prescrição, recorre o autor alegando que não 
possui capacidade para praticar os atos da vida civil; que sofre de 
transtorno afetivo bipolar; que está em tratamento desde 20/10/1995; 
que estava em depressão; que nem mesmo podia sair de casa; que 
havia impedimento para o curso da prescrição. Contrarrazões às fl s. 
85/90. Desnecessária a intervenção do Ministério Público.
V O T O:
1. Apelo aviado a tempo e modo. Conheço-o.
2. Prescrição. Causa impeditiva. A sistemática do Código Civil 
revela que os principais fatores que distinguem a capacidade 
da incapacidade são a possibilidade de se exprimir à vontade, 
à higidez dessa vontade, ao poder de discernimento quanto 
à realidade e ao resultado dos atos praticados (art. 3º, II, do 
Código Civil). O autor não provou que não tem condições para 
realizar os atos da vida civil ou que não tem capacidade de 
discernimento. Tanto isso é verdade que fi rmou instrumento 
de procuração (fl . 15) e declaração de pobreza (doc. n.º 1). 
Não verifi co a existência de causa impeditiva à prescrição.
CONCLUSÃO:
Nego provimento ao recurso. (RO 20060257584. Rel. Des. 
Rafael Edson Pugliese Ribeiro. Julgado em 18/04/2006)
Fonte: Disponível em: <http://aplicacoes8.trtsp.jus.br/sis/index.
php/segundaInstancia>. Acesso em: 18 mar. 2018.
42
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
Imunizados estão ainda contra a fl uência dos prazos prescricionais os 
ausentes do país em serviço para os entes da Federação (União, Estados e 
Municípios) e aqueles que em tempo de guerra estiverem servindo às Forças 
Armadas.
As causas suspensivas são supervenientes ao início do fenômeno, 
tolhendo a fl uência do prazo prescricional. Uma regra de suspensão do prazo 
prescricional descrita na CLT é a provocação da Comissão de Conciliação Prévia 
por parte do credor empregado ou mesmo pelo empregador, art. 625-G: “o prazo 
prescricional será suspenso a partir da provocação da Comissão de Conciliação 
Prévia, recomeçando a fl uir, pelo que lhe resta, a partir da tentativa frustrada de 
conciliação ou do esgotamento do prazo previsto no art. 625-F”.
A SBDI-I do TST ainda elevou à categoria de causa suspensiva do prazo 
prescricional a impossibilidade de acesso ao Judiciário quando o trabalhador 
estiver em auxílio-doença previdenciário.
Observe que a Orientação Jurisprudencial é no sentido de que é necessária 
a suspensão do contrato de trabalho, bem como a impossibilidade física ou 
mental do empregado de buscar o Poder Judiciário para que ocorra a suspensão 
do prazo prescricional, não exigindo que o auxílio doença ou aposentadoria por 
invalidez decorra de doença/acidente do trabalho.
375. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR 
INVALIDEZ. SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. 
PRESCRIÇÃO. CONTAGEM. (DEJT divulgado em 19, 
20 e 22.04.2010)
A suspensão do contrato de trabalho, em virtude da percepção 
do auxílio-doença ou da aposentadoria por invalidez, não 
impede a fl uência da prescrição quinquenal, ressalvada a 
hipótese de absoluta impossibilidade de acesso ao Judiciário.
Vejamos um dos precedentes da OJ:
NUMERAÇÂO ANTIGA: E-RR - 3319/1999-070-02-00
PUBLICAÇÃO: DJ - 27/04/2007
 
PROC. Nº TST-E-RR-3319/1999-070-02-00.0
C:
A C Ó R D Ã O
(Ac. SBDI-1)
CARP/lt/fd
43
NORMAS ESPECÍFICAS À PRESCRIÇÃO TRABALHISTA Capítulo 2 
EMBARGOS. AUXÍLIO DOENÇA. SUSPENSÃO DO PRAZO 
PRESCRICIONAL. Suspenso o contrato de trabalho em virtude 
de o empregado haver sido acometido de doença profi ssional com 
percepção de auxílio-doença, não se pode afi rmar que ocorra, 
igualmente, a suspensão do fl uxo prescricional, porque esta hipótese 
não está contemplada no art. 199 do Código Civil como causa 
interruptiva ou suspensiva do instituto prescricional. O referido 
preceito legal não comporta interpretação extensiva ou analógica 
para a inclusão de outras causas de suspensão não previstas pelo 
legislador ordinário, sob pena de ofensa ao princípio da segurança 
jurídica. Embargos conhecidos e providos.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos em 
Recurso de Revista n° TST-E-RR-3319/1999-070-02-00.0, em que é 
Embargante BANCO BRADESCO S.A. e Embargado AGUINALDO 
CÉSAR TALLI.
A 1ª Turma da Corte, em processo oriundo do 2º Regional, por 
intermédio do Acórdão de fl s.416-424, entre outros aspectos, conheceu 
do Recurso de Revista interposto pelo Reclamado, com relação ao 
tema Prescrição. Auxílio doença e, no mérito, negou-lhe provimento.
O Reclamado interpõe Embargos à Seção Especializada em 
Dissídios Individuais (fl s. 426-428), postulando a reforma do julgado.
Impugnação não há.
O processo não foi enviado à Procuradoria-Geral para emissão 
de parecer pela ausência de obrigatoriedade (RI/TST, Art. 82, inciso I).
É o relatório.
V O T O
1. CONHECIMENTO
Satisfeitos os pressupostos comuns de admissibilidade, examino 
os específi cos dos Embargos.
1.1 AUXÍLIO DOENÇA. SUSPENSÃO DO PRAZO 
PRESCRICIONAL.
A Turma manteve a decisão do Regional, cujo entendimento 
foi no sentido de que ocorre a suspensão do contrato de trabalho 
em virtude de o empregado haver sido acometido por acidente de 
trabalho, com percepção de auxílio-doença acidentário, operando-
44
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
se, igualmente, a suspensão do prazo prescricional para ajuizamento 
da ação trabalhista.
O Embargante postula a reforma do julgado.
Alega que a suspensão do contrato de trabalho não autoriza 
a suspensão do prazo prescricional, porque não está contemplada 
legalmente como hipótese interruptiva ou suspensiva do instituto 
prescricional e, ainda que assim o considerasse, seria imperativo, 
no mínimo, a comprovação da impossibilidade física ou mental da 
prática de ato processual.
Transcreve arestos que entende divergentes.
O aresto transcrito à fl . 427 evidencia o confl ito de julgados à 
medida que adota tese oposta à defendida pela Turma, no sentido 
de que a suspensão do contrato de trabalho, em virtude do gozo 
de auxílio-doença, não está incluída no Código Civil como causa 
interruptiva, impeditiva ou suspensiva da prescrição.
Conheço.
2. MÉRITO
2.1. AUXÍLIO DOENÇA. SUSPENSÃO DO PRAZO 
PRESCRICIONAL
A discussão no processo é se o gozo de auxílio-doença, em 
virtude de o empregado haver sido acometido por acidente de 
trabalho, com percepção de auxílio-doença acidentário, suspende o 
fl uxo do prazo prescricional para reclamar direitos trabalhistas.
O Embargante entende que não, porque a hipótese não está 
contemplada legalmente como interruptiva oususpensiva do instituto 
prescricional e, ainda que assim o considerasse, seria imperativo, 
no mínimo, a comprovação da impossibilidade física ou mental da 
prática de ato processual.
A Turma ressalta o caráter incontroverso da suspensão do 
contrato de trabalho, em virtude de o empregado haver sido acometido 
de doença profi ssional, invocando a regra dos arts. 476 da CLT, 60, 
§ 2º e 63, da Lei nº 8.213/91. E não há dúvida que efetivamente, na 
hipótese, ocorre a suspensão do contrato de trabalho.
Entretanto, não se pode afi rmar que, suspenso o contrato 
de trabalho em virtude de o empregado haver sido acometido de 
45
NORMAS ESPECÍFICAS À PRESCRIÇÃO TRABALHISTA Capítulo 2 
doença profi ssional, com percepção de auxílio-doença, ocorra, 
igualmente, a suspensão do fl uxo prescricional, porque esta hipótese 
não está contemplada na lei como interruptiva ou suspensiva do 
instituto prescricional, e o art. 199 do Código Civil não contempla 
interpretação extensiva ou analógica para a inclusão de outras 
causas de suspensão não previstas pelo legislador ordinário.
Permitir que qualquer incapacidade laboral fosse prestigiada 
pela suspensão do prazo prescricional implicaria em dar interpretação 
extensiva ou analógica para a inclusão de outras causas de 
suspensão não previstas pelo legislador ordinário, comprometendo 
o princípio da segurança jurídica, já que a qualquer tempo poderia o 
empregado exigir do empregador supostos direitos decorrentes da 
relação de emprego.
A SBDI-1 da Corte já se manifestou neste sentido, no E-RR-
789/2002-920-20-00.8, Redatora Designada Ministra Maria Cristina 
Irigoyen Peduzzi.
Pelo exposto, dou provimento aos Embargos para declarar 
a prescrição dos pedidos anteriores ao quinquênio anterior ao 
ajuizamento da ação.
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Subseção I Especializada em 
Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, 
conhecer dos Embargos, por divergência jurisprudencial e, no mérito, 
dar-lhes provimento para declarar a prescrição dos pedidos anteriores 
ao quinquênio anterior ao ajuizamento da ação, com ressalva de 
entendimento do Exmo. Ministro Horácio Raymundo de Senna Pires.
Brasília, 16 de abril de 2007
CARLOS ALBERTO REIS DE PAULA
Ministro Relator
Fonte: Disponível em: <http://brs02.tst.gov.br/cgi-bin/nph-brs?s1=4179825.
nia.&u=/Brs/it01.html&p=1&l=1&d=blnk&f=g&r=1>. Acesso em: 18 mar. 2018.
Temos de relembrar ainda uma causa suspensiva especial existente na Lei 
11.101/2005 – Lei de Recuperação de Empresas: a decretação da falência e o 
deferimento do processamento do pedido de recuperação judicial. 
46
 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
Art. 6o A decretação da falência ou o deferimento do 
processamento da recuperação judicial suspende o curso da 
prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, 
inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário.
§ 4o Na recuperação judicial, a suspensão de que trata 
o caput deste artigo em hipótese nenhuma excederá o 
prazo improrrogável de 180 (cento e oitenta) dias contado 
do deferimento do processamento da recuperação, 
restabelecendo-se, após o decurso do prazo, o direito dos 
credores de iniciar ou continuar suas ações e execuções, 
independentemente de pronunciamento judicial.
A suspensão não se aplica às empresas de pequeno porte e 
microempresas (parágrafo único do art. 71, da mesma lei).
Há entendimento no Tribunal Superior do Trabalho de que as reclamatórias 
trabalhistas não são suspensas no curso do processo de recuperação judicial, 
tramitando a reclamatória até a apuração do crédito – liquidação da sentença 
transitada em julgado quando deverá ser o crédito apurado habilitado no quadro 
geral de credores. Determinado posicionamento, no entanto, é divergente do 
encetado pelo Superior Tribunal de Justiça.
Para melhor aprofundamento do tema, leia a notícia do STJ a seguir e o 
acórdão do TST, que segue:
AGRAVO. DECISÃO MONOCRÁTICA. DEFERIMENTO 
DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL. ARTIGO 6º, CAPUT, DA LEI 
11.101/2005. SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO E DE -TODAS- AS 
AÇÕES PELO PRAZO DE 180 DIAS. INAPLICABILIDADE ÀS 
AÇÕES TRABALHISTAS. INTELIGÊNCIA DO ARTIGO 6º, § 2º, 
DA LEI C/C 52, III DA MESMA LEI. AÇÃO AJUIZAMENTO APÓS 
O BIÊNIO DO TÉRMINO DO PACTO LABORAL. AUSÊNCIA DE 
IMPEDIMENTO LEGAL. INCIDÊNCIA DA PRESCRIÇÃO NUCLEAR. 
Com efeito, o artigo 6º, § 2º, da Lei nº 11.101/2005 determina a 
suspensão do curso da prescrição e de todas as ações e execuções 
em face do devedor. Apesar de constar o termo -todas-, o artigo não 
atinge as ações de natureza trabalhista, que são posteriormente 
ressalvadas do seu alcance. Infere-se do artigo 52, inciso III, c/c artigo 
6º e § 2º, da Lei nº 11.101/2005, que a determinação da recuperação 
47
NORMAS ESPECÍFICAS À PRESCRIÇÃO TRABALHISTA Capítulo 2 
judicial não suspende ações de natureza trabalhista, as quais serão 
processadas perante esta Justiça Especializada, não obstante o uso 
equivocado da palavra -todas- no artigo 6º da precitada lei. Nesse 
contexto, se as ações trabalhistas não são suspensas, de igual 
modo, não há o que falar em suspensão da prescrição trabalhista, 
pois não sofre nenhum efeito quando do deferimento da recuperação 
judicial nos termos dos artigos já citados. Não houve nenhum 
impedimento legal ou fático para o reclamante agir na exigibilidade 
do seu direito, ajuizando ação trabalhista em qualquer tempo 
dentro do biênio. Nesse contexto, a prescrição ocorreu porquanto 
o reclamante somente ajuizou a ação após o biênio constitucional 
previsto no artigo 7º, XXIX, da Constituição da República, não se 
manifestando nenhuma causa suspensiva ao exercício do seu direito 
de ação. Incólumes os artigos 4º e 6º da Lei nº 11.101/2005 e 199, I, 
do Código Civil. Os arestos colacionados ao dissenso de teses não 
abrangem todos os fundamentos da decisão recorrida, notadamente 
quanto às ressalvas feitas pela própria lei e de que não havia fato 
impeditivo do exercício do direito de ação, incidindo os termos da 
Súmula nº 23 do TST. Agravo a que se nega provimento. (Ag-RR - 
93100-77.2011.5.21.0013, Relator Ministro: Emmanoel Pereira, Data 
de Julgamento: 19/03/2014, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 
28/03/2014)
Fonte: Disponível em: <https://goo.gl/fLBo5P>. Acesso em: 18 mar. 2018.
Por fi m, temos as causas interruptivas da prescrição e ocorrem posteriormente 
ao início do prazo prescricional, ou seja, são supervenientes, porém quando 
ocorrem, fazem com que o prazo prescricional volte a correr do início, ou melhor, 
reiniciam a contagem do prazo desprezando o lapso de tempo já transcorrido.
As causas de interrupção da prescrição previstas no Código Civil, art. 202, 
aplicam-se na sua totalidade no Direito do Trabalho.
Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá 
ocorrer uma vez, dar-se-á:
 I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a 
citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da 
lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário 
ou em concurso de credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
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 A PRESCRIÇÃO E A DECADÊNCIA NO DIREITO DO TRABALHO
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que 
importe reconhecimento do direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr 
da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo 
para a interromper.
Pergunta: cabe o protesto cambial no processo do trabalho? A resposta 
deve ser positiva, porque o processo do trabalho admite a execução de títulos 
executivos judiciais e extrajudiciais trabalhistas, assim, o protesto desses títulos 
pode

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