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GESTÃO IMOBILIÁRIA Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Maria Amália Dutra Machado CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. M149g Machado, Maria Amália Dutra Gestão imobiliária. / Maria Amália Dutra Machado. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 156 p.; il. ISBN 978-85-7141-308-5 1. Administração de imóveis - Brasil. II. Centro Universitário Leon- ardo Da Vinci. CDD 333.32 Impresso por: Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Joice Carneiro Werlang Marcelo Bucci Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 História do Mercado Imobiliário no Brasil ..............................7 CAPÍTULO 2 Gestão Imobiliária .......................................................................67 CAPÍTULO 3 O Papel do Gestor de Imóveis ................................................ 111 APRESENTAÇÃO Uma das principais atividades do profissional que atua no mercado imobiliário é a gestão. Atualmente, as atividades gerenciais vão muito além dos cargos de chefia. Elas exigem o conhecimento técnico das ferramentas gerenciais, a sensibilidade para ser um bom líder e a capacidade de lidar com os desafios enfrentados diariamente em um mundo em constante mudança. Por isso, na disciplina de Gestão Imobiliária, você irá conhecer a história do mercado imobiliário, os principais agentes deste setor, os diferentes aspectos da gestão, o comportamento do cliente e o papel do gestor. No Capítulo 1, História do mercado imobiliário no Brasil, veremos o conceito de mercado e sua aplicação no setor imobiliário. Depois, analisaremos quais são os principais agentes atuantes no mercado imobiliário brasileiro. Dentre estes agentes, conheceremos as principais atividades das imobiliárias, das construtoras, das incorporadoras, dos órgãos de registro e de fiscalização, das entidades de classe, dos bancos e financiadoras, dos corretores de imóveis e dos diversos tipos de clientes. Também vamos conhecer os principais acontecimentos que influenciaram o surgimento e a regulamentação do mercado imobiliário no Brasil. Por fim, neste capítulo, estudaremos as características do cenário atual e as tendências futuras para o setor. No Capítulo 2, Gestão imobiliária, serão apresentados alguns aspectos básicos da gestão imobiliária, por exemplo, os conceitos gerais da administração, suas funções e os tipos de estrutura organizacional. Em seguida, analisaremos os conceitos relacionados à gestão financeira e à gestão imobiliária, dentro da perspectiva da gestão imobiliária. Enfim, aprofundaremos os diferentes conceitos referentes à gestão de clientes e ao processo de tomada de decisão de compra no mercado imobiliário. No Capítulo 3, O papel do gestor de imóveis, aprenderemos sobre as nomenclaturas gestor e corretor de imóveis e quais suas diferenças. Depois, vamos detalhar quais são as atribuições desse profissional nas principais fases da intermediação de negociações de imóveis. Nesta parte, analisaremos as atividades de prospecção, de avaliação e de venda de imóveis. Também veremos as principais técnicas e práticas na gestão imobiliária. Para tal, estudaremos as principais funções de instrumentos e documentos, como a autorização de venda, o termo de visitação, o recibo de sinal de negócio, o contrato de promessa de compra e venda e a cessão de direitos. Este livro tem como principal objetivo mostrar os principais aspectos relacionados à atuação do gestor imobiliário. Então, abordaremos diversas leis, regulamentos, documentos e instrumentos. Assim, você terá acesso às principais ferramentas utilizadas no dia a dia da profissão de gestor imobiliário. Também incluímos diversas fontes para que você possa pesquisar e se manter constantemente atualizado. Para ter sucesso em um mercado tão competitivo, é preciso estar sempre estudando e aprendendo novas técnicas e ferramentas. Por fazer este curso, você já está no caminho certo! Bons estudos! Maria Amália Dutra Machado CAPÍTULO 1 História do Mercado Imobiliário no Brasil A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Saber: Conhecer a história do mercado imobiliário no Brasil e a influência dos setores público e privado. Fazer: Identificar os diferentes agentes atuantes no mercado imobiliário brasileiro. 8 Gestão Imobiliária 9 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Neste capítulo, iremos conhecer a história do mercado imobiliário no Brasil e as influências dos setores público e privado. Além disso, iremos identificar os principais agentes que atuam no mercado imobiliário brasileiro. Portanto, este capítulo está organizado em três seções, conforme explicado a seguir. Na primeira seção, denominada O que é mercado imobiliário?, iremos falar sobre o conceito de mercado e seus agentes. Mercado pode ser definido como um grupo de compradores e vendedores que trocam algum tipo de bem ou serviço. Desta forma, podemos entender que mercado imobiliário envolve agentes que compram, vendem e negociam propriedades imobiliárias, como terrenos, prédios, casas, pontos comerciais, entre outros. Dentre esses atuantes do mercado imobiliário, podemos citar imobiliárias, construtoras, incorporadoras, órgãos de registro e de fiscalização, entidades de classe, bancos e financiadoras, corretores de imóveis e os próprios clientes. Na segunda seção, iremos saber um pouco mais sobre O surgimento e a regulamentação do mercado imobiliário no Brasil. Um dos primeiros acontecimentos do mercado imobiliário brasileiro ocorreu em Portugal, bem antes do Brasil ser descoberto. Com a chegada dos portugueses na Nova Terra, houve a necessidade de organizar a distribuição do território. Muitas leis e decretos foram publicados até a década de 1930, quando iniciou o processo de regulamentação do mercado imobiliário propriamente dito. A partir de então, foram criados os conselhos de corretores de imóveis e a profissão foi regulamentada. Outras leis também foram promulgadas com o objetivo de organizar as negociações imobiliárias e as atividades que envolvem o mercado de imóveis. Neste período, também surgiram construtoras e incorporadoras que atuam no mercado até hoje. Na terceira seção, chamada Cenário atual do mercado imobiliário no Brasil e tendências futuras, iremos apresentar os principais acontecimentos do setor a partir dos anos 2000. Além disso, conheceremos o cenário atual, caracterizado, principalmente, pelas exigências dos clientes e pelas ferramentas tecnológicas que impactam na atividade dos profissionais do setor. Por fim, apresentaremos as principais tendências para o futuro, que já influenciam de alguma maneira a atuação dos profissionais do mercado imobiliário. Ao longo do texto, são apresentadas curiosidades, sugestões de sites, normas técnicas e outros materiais que irão ajudar você no dia a dia da sua atuação profissional. Também iremos fazer alguns exercícios para fixar o conteúdo e relembrar o que foi aprendido. Bons estudos! 10 Gestão Imobiliária 2 O QUE É MERCADO IMOBILIÁRIO? Antes de conhecermos a história do mercado imobiliário no Brasil, é preciso entender o que é mercado e, mais precisamente, o que é o mercado imobiliário. Por isso, nesta seção, vamos falar sobre o conceito de mercado,apresentando sua definição aplicada ao setor imobiliário. Depois, vamos conhecer quais são os agentes atuantes no mercado imobiliário. Assim, iremos entender quais são as atividades das imobiliárias, das construtoras, das incorporadoras, dos órgãos de registro e de fiscalização, das entidades de classe, dos bancos e financiadoras, dos corretores de imóveis e dos clientes. 2.1 CONCEITO DE MERCADO IMOBILIÁRIO Você já parou para pensar que a maioria das nossas atividades diárias está associada com algum tipo de venda ou compra? No seu trabalho, nas compras no supermercado, no pagamento de contas de água, luz, telefone. Todas essas atividades preveem a compra de algum produto ou serviço através do pagamento de um valor em dinheiro. Essas relações de troca são chamadas de mercado. Para Chiavenato (2004, p. 35): [...] mercado designa um grupo de compradores e vendedores em contato suficientemente próximo para que as trocas entre eles afetem as condições de compra e venda dos demais. O mercado pode ser o local físico, teórico ou não, do encontro regular entre compradores e vendedores de uma determinada economia. Como exemplo de lugar físico, podemos citar os supermercados e os shoppings, onde ocorrem trocas entre compradores e vendedores em encontros regulares, os horários de atendimento das lojas. Os mercados formais são grupos de compradores e vendedores legalizados, que seguem as regras estabelecidas para sua atuação. Neste mercado, os empregados são protegidos e amparados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que garante uma série de direitos ao trabalhador. As empresas atuantes possuem um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), pagam impostos e cumprem as leis e as regras. Existem várias formas de atuação profissional no mercado formal, por exemplo, profissional autônomo, liberal ou assalariado (IBC COACHING, 2018). 11 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Por outro lado, no mercado informal atuam profissionais que não possuem carteira de trabalho assinada ou que não contribuem para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Esses trabalhadores não têm suporte das leis e não pagam impostos (DUARTE; CIRINO; SETTE, 2018). O mercado informal gerou quase 70% das vagas de trabalho em 2017. São atividades como trabalhador familiar auxiliar (pessoas que ajudam parentes em seus negócios), trabalhadores por conta própria ou empregos no setor privado sem carteira assinada (BÔAS, 2017). Dentro deste contexto e com base no conceito de mercado apresentado por Chiavenato (2004), podemos definir mercado imobiliário como a designação de um grupo de compradores e vendedores que atuam no setor imobiliário através de trocas de propriedades imobiliárias, como terrenos, prédios, casas, pontos comerciais, entre outros. O mercado imobiliário é responsável pelo desenvolvimento da economia de um país e de suas regiões, pois envolve muitos serviços agregados de forma direta e indireta. Dentre esses serviços, podemos citar a corretagem, a publicidade, o sistema financeiro habitacional e as incorporações imobiliárias (LIMA, 2017). Além disso, o setor imobiliário gera renda e emprega pessoas através de novos empreendimentos habitacionais e comerciais, na construção de edifícios, casas, centros comerciais e muitos outros estabelecimentos. 1) Nesta seção, vimos o que é mercado imobiliário. Você deve ter percebido que existem muitos termos relacionados a ele. Para facilitar seu entendimento dos conteúdos a serem trabalhados no restante do livro, faça uma pesquisa em sites na internet e em dicionários e explique, com suas palavras, o que significa cada um dos termos abaixo. TERMO DEFINIÇÃO Construção Edifício Casa Corretagem Terreno Mercado imobiliário como a designação de um grupo de compradores e vendedores que atuam no setor imobiliário através de trocas de propriedades imobiliárias, como terrenos, prédios, casas, pontos comerciais, entre outros. 12 Gestão Imobiliária 2.2 OS AGENTES DO MERCADO IMOBILIÁRIO Como vimos anteriormente, o mercado imobiliário engloba a atuação de diversos agentes, que podem ser pessoas, profissionais, instituições ou entidades. Dentre as instituições e entidades, nesta seção, conheceremos um pouco mais sobre as imobiliárias, as construtoras, as incorporadoras, os órgãos de registro e de fiscalização, as entidades de classe e os bancos e financiadoras. Dentre as pessoas e os profissionais atuantes no mercado imobiliário, vamos falar sobre os corretores de imóveis e os tipos de clientes. • Imobiliárias Segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), imobiliária é um tipo de empresa que atua no mercado imobiliário através da intermediação de venda ou locação de imóveis, e na administração de imóveis locados. Esses imóveis podem ser casas, apartamentos, salas e escritórios (SEBRAE, 2018). Este tipo de empresa cobra, do dono do imóvel, uma comissão pela venda ou locação de alguma propriedade. Além disso, para atuar de maneira regularizada no mercado, a imobiliária precisa ser credenciada pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI). Dentre as principais atividades de uma imobiliária, podemos citar a orientação do comprador para a aquisição de algum imóvel, passando informações sobre os produtos, os preços, as formas de pagamento e as possibilidades de financiamento. A imobiliária também é responsável por esclarecer os riscos e a segurança do negócio, acompanhando toda a negociação e tramitação legal (GAFISA, 2014). De maneira prática, uma imobiliária precisa se preocupar, primeiramente, com a captação e vinculação do imóvel. Para isso, ela precisa identificar quais proprietários de imóveis têm interesse em vender ou alugar sua propriedade e fazer um contrato entre o proprietário do imóvel e a imobiliária que defina o valor de comercialização (locação ou venda). Depois, a imobiliária precisa iniciar a divulgação da venda ou do aluguel do imóvel, afixando placas no local e divulgação através de diversos meios, como anúncios em jornais, revistas, classificados, sites na internet, entre outros. Também é necessário deixar clara qual é a finalidade do imóvel, seja para fins residenciais, comerciais ou outros (SEBRAE, 2018). Segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), imobiliária é um tipo de empresa que atua no mercado imobiliário através da intermediação de venda ou locação de imóveis, e na administração de imóveis locados. Esses imóveis podem ser casas, apartamentos, salas e escritórios. 13 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Você já parou para pensar sobre como os valores de comercia- lização do imóvel são determinados? Para a determinação do valor de comercialização do imóvel (locação ou venda), a imobiliária precisa seguir algumas premissas e oferecer um valor competitivo, dentro da realidade do mercado. Essa escolha geralmente é baseada em uma avaliação do bem que, segundo a ABNT, é uma: análise técnica, re- alizada por engenheiro de avaliações, para identificar o valor de um bem, de seus custos, frutos e direitos, assim como determinar indi- cadores da viabilidade de sua utilização econômica, para uma deter- minada finalidade, situação e data (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 3). Segundo o Sebrae (2018), é possível escolher o valor do imóvel com base em alguns valores, por exemplo: • Valor venal: É o valor estimado pelo poder público sobre o preço de um determinado bem e serve como base para o cálculo de impostos. Este valor utiliza critérios como a idade do bem e a localização. Para bens imóveis, leva-se em consideração a área da edificação, as características do imóvel, a sua finalidade e o valor do metro quadrado do imóvel. • Valor de mercado: O valor de mercado é a: quantia mais provável pela qual se negociaria voluntariamente e conscientemente um bem, numa data de referência,dentro das condições do mercado vigente (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 5). • Valor locativo: Valor estimado para o aluguel de um imóvel. • Valor patrimonial tributário: É o “valor correspondente à totalidade dos bens de pessoa física ou jurídica” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 5). Além disso, para fazer uma avaliação adequada do imóvel segundo seu fim de utilização, pode-se usar alguns métodos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001): • Método comparativo: Identifica o valor de mercado do imóvel de acordo com os atributos de elementos comparáveis. • Método da renda: O método de avaliação do imóvel pela renda permite identificar o valor do bem com base na renda líquida 14 Gestão Imobiliária prevista, considerando os possíveis cenários viáveis para sua exploração ou utilização. • Método do custo do imóvel: Este método leva em consideração os custos de manutenção e gerenciamento do bem ou de suas partes. Através de orçamentos, ele quantifica os recursos diretos e indiretos necessários para manter o imóvel. • Método do valor residual: Este método avalia o imóvel de acordo com o valor do bem ao final de sua vida útil. • Construtoras As construtoras são empresas responsáveis por executar um projeto de acordo com as especificações técnicas e o memorial descritivo, dentro do prazo do contrato. Geralmente, essas empresas são contratadas por terceiros, como incorporadoras, empresas ou governos federal, estadual ou municipal para realizar uma obra específica (GAFISA, 2014). Segundo a norma NBR 14.653-1 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), um imóvel é definido como um “bem constituído de terreno e eventuais benfeitorias a ele incorporadas. Pode ser classificado como urbano ou rural, em função da sua localização, uso ou vocação” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 4). Ainda segundo esta mesma norma, podemos entender empreendimento como um: Conjunto de bens capaz de produzir receitas por meio de comercialização ou exploração econômica. Pode ser: imobiliário (por exemplo: loteamento, prédios comerciais/residenciais), de base imobiliária (por exemplo: hotel, shopping center, parques temáticos), industrial ou rural (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 4). Você sabe o que são Normas Técnicas? Norma técnica é um documento contendo regras, diretrizes ou características para algum tipo de atividade ou para os seus resultados com o objetivo de organizar e ordenar um contexto. No Brasil, um dos órgãos responsáveis por estabelecer e aprovar estas normas é a ABNT. Para ser aprovada, uma Norma Brasileira (NBR) passa por um processo de elaboração e envolve todas as partes interessadas, Um imóvel é definido como um “bem constituído de terreno e eventuais benfeitorias a ele incorporadas. Pode ser classificado como urbano ou rural, em função da sua localização, uso ou vocação”. 15 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 como fabricantes, consumidores, governo, institutos de pesquisa, universidades e sociedade (SEBRAE, 2018). Existem algumas normas específicas que regem as atividades no mercado imobiliário. Algumas delas são: • ABNT NBR 12721:2006 Versão Corrigida 2:2007 – Avaliação de custos unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edifícios – Procedimento: Esta norma tem como objetivo atender ao que foi definido pela Lei n. 4.591/64 e alterações posteriores. Ela estabelece critérios para avaliação de custos unitários, cálculo do rateio de construção, entre outras disposições. Ela pode ser aplicada a edifícios com unidades autônomas dispostas em pavimentos, conjuntos residenciais unifamiliares isolados ou geminados e conjunto de edificações objeto de incorporação imobiliária. • ABNT NBR 14037:2011 Versão Corrigida: 2014 – Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações — Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos: Esta norma tem como principal objetivo estabelecer os requisitos mínimos para elaboração e apresentação dos conteúdos a serem incluídos no manual de uso, operações e manutenção das edificações, um documento a ser elaborado pelo construtor e/ ou incorporador, que deverá ser entregue aos futuros proprietários e gestores do condomínio. • ABNT NBR 14653-1:2001 Versão Corrigida 2:2005 – Avaliação de bens – Parte 1: Procedimentos gerais: A primeira parte desta NBR apresenta as diretrizes para a avaliação de bens através da classificação da sua natureza; da instituição de terminologia, definições, símbolos e abreviaturas; da descrição das atividades básicas; da definição da metodologia básica; da especificação das avaliações; e dos requisitos básicos de laudos e pareceres técnicos de avaliação. • ABNT NBR 14653-2:2011 – Avaliação de bens – Parte 2: Imóveis urbanos: A segunda parte desta NBR tem como objetivo detalhar os procedimentos gerais apresentados na parte 1 da NBR 14653, especificamente com relação à avaliação de imóveis urbanos. • ABNT NBR 14653-3:2004 – Avaliação de bens – Parte 3: Imóveis rurais: A terceira parte desta NBR visa consolidar os conceitos, métodos e procedimentos gerais para os serviços técnicos de avaliação, especificamente em imóveis rurais. 16 Gestão Imobiliária • ABNT NBR 14653-4:2002 – Avaliação de bens – Parte 4: Empreendimentos: A quarta parte desta NBR é centrada na avaliação de empreendimentos e tem por objetivo detalhar e complementar os procedimentos gerais, especificando-os com relação a empreendimentos. Existem diferentes tipos de empreendimentos e eles podem ser classificados de várias formas. Uma dessas formas é a classificação de acordo com a base. Os empreendimentos imobiliários, com parcelamento do solo, benfeitorias, ou ambos, podem ter finalidade residencial, comercial, de serviços, industrial, rural ou misto. Os de base imobiliária são aqueles que têm como principal fim a exploração comercial e/ou de serviços, por exemplo, os hotéis, os motéis, os resorts, os apart-hotéis, os shoppings centers, os centros de compras, os parques temáticos, os clubes, os postos de combustíveis, os estabelecimentos relacionados a entretenimento, como teatros, cinemas, casas de show, os depósitos, os hospitais, as clínicas, as casas de repouso, os cemitérios, os supermercados, os estádios e os estabelecimentos de ensino. Os de base industrial englobam tanto empreendimentos de transformação como os de construção civil. Os de base rural abrangem as agroindústrias, as áreas de exploração animal e vegetal (extração ou cultivo) e a exploração mista. Os de base comercial e serviços têm relação com construções de transmissão de dados e teleinformática, e os de base mineral estão associados à extração e ao beneficiamento. Os empreendimentos com base em concessões de serviços públicos abrangem a produção e a distribuição de água potável; o esgoto; a coleta e o tratamento de resíduos sólidos; a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica; a telecomunicação; a radiodifusão e a televisão; a distribuição de gás; as rodovias, ferrovias, hidrovias e os terminais de transporte rodoviário, hidroviário e marítimo, aeroviário, ferroviário e intermodal (transporte coletivo) (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002). • Incorporadoras As incorporadoras são empresas que adquirem um terreno, desenvolvem um projeto de arquitetura e providenciam as aprovações legais para a construção. Elas são responsáveis por entregar as unidades imobiliárias aos proprietários e, em alguns casos, vendem as unidades antes ou durante a construção (GAFISA, 2014). Segundo a Lei n. 4.591/64, “considera-se incorporação imobiliária a atividade exercida com o intuito de promover e realizar a construção, para Segundo a Lei n. 4.591/64, “considera- se incorporação imobiliária a atividade exercida com o intuito de promover erealizar a construção, para alienação. 17 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 alienação total ou parcial, de edificações ou conjunto de edificações compostas de unidades autônomas” (BRASIL, 1964c, parag. único). A Lei esclarece, ainda, que o incorporador pode ser uma pessoa física ou jurídica, comerciante ou não, que tem o compromisso de efetivar a venda de partes do terreno para sua vinculação a unidades autônomas. Além disso, essas edificações podem ser construídas sob regime condominial. O incorporador fica responsável, portanto, pela entrega da obra concluída no prazo, a preço e condições determinadas. Segundo a Cartilha para Registros de Incorporações Imobiliárias e Condomínios criada pelo Sinduscon/MG (2018), o incorporador deve apresentar no Ofício de Registro de Imóveis os seguintes documentos: Memorial de incorporação; Título de propriedade do terreno; Certidões negativas de tributos federais, estaduais e municipais; Certidões das justiças federal e estadual; Certidões de protesto de títulos; Certidões do imóvel; Histórico dos títulos de propriedade do imóvel; Projeto arquitetônico de construção; Quadros da NBR 12.721:2006, com ART/RRT; Alvará de construção; Atestado de idoneidade financeira; Contrato-padrão; Declaração de vagas de garagem; Declaração em que se defina a parcela do preço de que trata o art. 39, II, Lei 4.591/64; Certidão de instrumento público de mandato; e, Declaração do prazo de carência. Em 2 de agosto de 2004, foi publicada a Lei n. 10.931, que dispõe sobre o patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias, Letra de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Imobiliário e Cédula de Crédito Bancário (BRASIL, 2004). A publicação desta lei teve um impacto importante nas atividades das incorporadoras, pois entende que patrimônio de afetação pode ser entendido como um patrimônio separado da totalidade dos patrimônios pertencentes ao incorporador. Este bem é destinado à incorporação, especificamente, e não poderá ser utilizado em processos judiciais movidos por credores do incorporador ou utilizado para pagamento em processos de falência (ROSSI, 2004). Assim, as pessoas que adquirem imóveis em incorporações não serão prejudicadas com a perda do valor investido em um empreendimento. • Órgãos de registro e de fiscalização Existem diversos órgãos de registro e de fiscalização atuantes no mercado imobiliário. Os órgãos de registro são os responsáveis por tornar público qualquer ato ou negócio, fazendo o controle da legalidade dos documentos e conservando seus detalhes. Através destes registros, é possível garantir a eficácia, a autenticidade e a segurança jurídica de ações ou negociações, protegendo o direito dos cidadãos (LEÃO, 2018). Um dos principais órgãos de registros existentes no Brasil, atualmente, são os Cartórios de Registro de Imóveis. Nestes A publicação desta lei teve um impacto importante nas atividades das incorporadoras, pois entende que patrimônio de afetação pode ser entendido como um patrimônio separado da totalidade dos patrimônios pertencentes ao incorporador. 18 Gestão Imobiliária locais, são “cadastrados a localização, o histórico e a situação jurídica de todos os imóveis de uma determinada região” (GAFISA, 2014, p. 58). Os órgãos de fiscalização são responsáveis por acompanhar as atividades dos profissionais que atuam no mercado imobiliário, bem como verificar a conduta das empresas relacionadas a essas atividades. Dentro deste contexto, podemos destacar o Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI) e o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA). O Conselho de Corretores de Imóveis possui representações nos estados do Brasil, denominados Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis (CRECI). Do mesmo modo, o CONFEA possui os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA). O COFECI normatiza e fiscaliza a atividade profissional do corretor de imóveis e está presente em todo o Brasil, sendo composto por 25 Conselhos Regionais. Segundo a própria entidade, atualmente, são 280 mil profissionais associados e 40 mil empresas que intermedeiam os negócios imobiliários. Essa atividade faz parte da cadeia produtiva da construção civil e representa 18% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (CONSELHO FEDERAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS, 2018). Para saber mais sobre o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do seu estado, acesse o site do Conselho Federal de Corretores de Imóveis: <http://www.cofeci.gov.br/index. php?option=com_wrapper&view=wrapper&Itemid=378>. O CONFEA é o órgão responsável pela fiscalização e regulamentação das atividades profissionais relacionadas a Engenharia, Agronomia, bacharéis em Geografia, Geologia e Meteorologia, em níveis técnico, superior (tecnólogo, licenciatura e bacharelado) e de pós-graduação. Foi criado em 1933 por meio de um decreto assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. Segundo a entidade, atualmente, são registrados cerca de um milhão de profissionais (CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA, 2018). Dentro deste contexto, podemos destacar o Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI) e o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA). 19 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Se a sua área de atuação no mercado imobiliário está associada à atividade profissional de engenheiros e profissionais da Agronomia, Geografia, Geologia e Meteorologia, acesse o site do Conselho Fe- deral de Engenharia e Agronomia para saber mais informações so- bre o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do seu estado: <http://www.confea.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home>. • Entidades de classe Existem, também, outras entidades que participam, de alguma forma, do mercado imobiliário brasileiro. Entidades de classe podem ser entendidas como uma sociedade de empresas ou de pessoas que não visa o lucro e não está sujeita a falência. Seu principal objetivo é prestar serviços aos seus membros e, geralmente, possui cargos eletivos que exercem suas atividades de maneira gratuita (por exemplo, o presidente, os conselheiros e os diretores). Essas entidades abrangem as confederações, as federações, as associações, os sindicatos, as cooperativas, as entidades profissionais, entre outros. Destaca-se aqui as associações e os sindicatos. Uma associação de classe representa os interesses de determinada classe de profissionais ou de empresas que atuam em um determinado setor. No mercado imobiliário, existem associações de administrações de imóveis, de advogados que atuam no mercado imobiliário, de dirigentes de empresas deste setor, de entidades de crédito imobiliário, de incorporadoras, entre outros. Existem muitas associações que atuam no mercado imobiliário atualmente. Ao acessar seus sites, você poderá encontrar pesquisas sobre o mercado imobiliário, materiais sobre formas de atuação, cartilhas, e-books, manuais e muitos outros tipos de publicações que podem auxiliar na sua atuação profissional. Navegue pelas páginas destas associações e veja os materiais disponíveis: • Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (ABADI): <http://www.abadi.com.br/>. • Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP): <https://www.abecip.org.br/>. 20 Gestão Imobiliária • Associação Brasileira de Advogados do Mercado Imobiliário (ABAMI): <http://www.abami.org.br/>. • Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC): <https://www.abrainc.org.br/>. • Associação Brasileira do Mercado Imobiliário (ABMI): <http://www. abmi.org.br/>. • Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC): <http://www.aabic.com.br/>. • Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (ADEMI): <http://www.ademi.org.br/>. Os sindicatos são associações estáveis e permanentes que buscam suprir necessidadesou resolver problemas comuns a uma categoria de profissionais ou trabalhadores de um setor específico. Dentre os sindicatos que atuam no mercado imobiliário, podemos citar o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Comerciais e Residenciais (SECOVI) e o Sindicato dos Corretores de Imóveis. Atualmente, existem 23 SECOVIs presentes em 17 estados brasileiros e no Distrito Federal. Estes sindicatos atuam na defesa dos interesses dos profissionais da categoria, em negociações coletivas de trabalho e no atendimento jurídico. Além disso, estas instituições promovem congressos, feiras e outros eventos, publicam livros, revistas e cartilhas, ofertam cursos de qualificação profissional e realizam pesquisas sobre o mercado imobiliário. Se você deseja conhecer mais sobre o Sindicato dos Corretores de Imóveis do seu estado, acesse o site da FENACI e confira a lista de sindicados no Brasil: <http://www.fenaci.org.br/index.php?option=- com_content&view=article&id=52&Itemid=58>. Você também pode consultar o site dos SECOVIs para verificar se existe uma represen- tação da entidade no seu estado, acessando o site: <http://www.se- covis.com.br/>. 21 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Geralmente, os sindicatos são subordinados a uma federação, uma instituição responsável por organizar os sindicatos de cada estado brasileiro. Os Sindicatos dos Corretores de Imóveis dos estados, por exemplo, são afiliados à Federação Nacional dos Corretores de Imóveis (FENACI). A FENACI representa os profissionais liberais corretores de imóveis perante os poderes públicos (federal, estadual e municipal), apresentando as reivindicações da categoria. Criada em 1986, é composta por 26 sindicatos afiliados, distribuídos no território nacional. A federação é filiada à Confederação Nacional das Profissões Liberais e à Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (FIABCI) (FEDERAÇÃO NACIONAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS, 2018). Você sabia que a Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (FIABCI) é uma organização internacional que congrega pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor imobiliário? A FIABCI é uma instituição mundial, com sede em Paris, que atua em mais de 40 países e tem participação na Comissão Habitat da Organização das Nações Unidas (ONU). Você pode conhecer mais sobre a atuação da entidade e informações sobre o setor em âmbito mundial acessando o site: <http://www.fiabci.com.br/website/quemSomos>. Por fim, entre as entidades que atuam no mercado imobiliário, podemos citar também as câmaras. Uma câmara é uma sede de algum tipo de órgão profissional. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) possui diversas câmaras de comércio, que são órgãos consultivos da presidência da CNC. Essas câmaras realizam estudos e dão sugestões sobre a atuação da entidade em determinado segmento. A câmara responsável pelo setor imobiliário dentro da CNC é a Câmara Brasileira de Comércio e Serviços Imobiliários (CBCSI). Integram esse grupo os empresários que atuam no setor, os representantes da Confederação em organismos governamentais correlatos, além de técnicos e diretores da entidade que atuam em todo o país. Além da CBCSI, podem citar também a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que representa o setor da indústria da construção no Brasil e promove a integração da cadeia produtiva. Além disso, a entidade também produz conhecimento qualificado através de pesquisas e articula a relação entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, os agentes financiadores, a academia e outras entidades. 22 Gestão Imobiliária Para acompanhar a atuação da CBCSI e da CBIC, você pode acessar os sites das entidades. Lá, eles publicam constantemente relatórios sobre o setor e outras informações importantes para quem atua no mercado imobiliário. Para acompanhar as atividades da CBCSI, acesse: <http://cnc. org.br/cnc/atuacao-da-cnc/camaras-do-comercio/camaras-brasilei- ras-do-comercio>. Para saber mais sobre as ações da CBIC, acesse: <https://cbic. org.br/institucional/>. • Bancos e financiadoras Existem, também, bancos e empresas financiadoras que atuam direta e indire- tamente no mercado imobiliário. Neste cenário, podemos destacar algumas institui- ções públicas e privadas que influenciam diretamente o mercado imobiliário, como o Banco Central (BC), o Banco do Brasil (BB), as Caixas Econômicas, os bancos comerciais e as companhias de crédito, financiamento e investimento (financeiras). O Banco Central do Brasil é responsável por manter a estabilidade financeira do país e, por isso, atua controlando a inflação, regulando a quantidade de moeda em circulação na economia e supervisionando as instituições financeiras. O Banco do Brasil atua como orientador do financiamento das atividades econômicas, através de linhas especiais de crédito. Os juros cobrados por estes financiamentos são subsidiados pelas autoridades monetárias para fomentar atividades econômicas prioritárias, entre elas o crédito habitacional. Desta forma, ele oferece financiamento de imóveis residenciais e comerciais com prazos de até 35 anos, utilizando inclusive o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) (BANCO DO BRASIL, 2018). Ficou curioso para saber um pouco mais sobre o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e as instituições que o compõem? Acesse o site do BC e conheça mais sobre todos os segmentos e suas funções: <https://www.bcb.gov.br/pre/composicao/composicao.asp>. O Banco Central do Brasil é responsável por manter a estabilidade financeira do país e, por isso, atua controlando a inflação, regulando a quantidade de moeda em circulação na economia e supervisionando as instituições financeiras. 23 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 As Caixas Econômicas são instituições semelhantes aos bancos comerciais, que captam depósitos, realizam operações e prestam serviços. Contudo, a Caixa tem por dever priorizar a concessão de empréstimos e financiamentos a programas e projetos de assistência social. É a instituição que centraliza o recolhimento e a aplicação dos recursos do FGTS, além de integrar o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH). A Caixa Econômica Federal possui diversos fundos habitacionais com o intuito de fornecer crédito para a habitação. Dentre estes fundos podemos destacar o Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) e o Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). Para saber mais sobre os produtos da Caixa Econômica Federal voltados à habitação e os fundos que fomentam o crédito habitacional, acesse o site da instituição: <http://fundosdegoverno. caixa.gov.br/sicfg/portal-home>. Segundo o BC, os bancos comerciais são “instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, a curto e a médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral” (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018a). Além dos bancos comerciais, podemos citar também as associações de poupança e empréstimo, criadas para facilitar a aquisição da casa própria e captar recursos de poupanças. As Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento, também conhecidas como financeiras, “são instituições privadas que fornecem empréstimo e financiamento para aquisição de bens, serviços e capital de giro” (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018b). Até aqui, nós vimos as muitas instituições que atuam no mercado imobiliário brasileiro, como as imobiliárias, as construtoras, as incorporadoras, os órgãos de registro e de fiscalização, as entidades de classe e os bancos e financiadoras. Existem, também, pessoas que atuam no mercado imobiliário. Dentre estas pessoas, podemos citar oscorretores de imóveis e os diversos tipos de clientes. Vamos entender quais são as atividades e as responsabilidades de cada um. • Corretores de imóveis O corretor de imóveis é o profissional que intermedeia os negócios que envolvem a compra, a venda ou a locação de imóveis. Estes profissionais 24 Gestão Imobiliária são autorizados para atuar neste mercado através do registro nos Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis (CRECIs) (GAFISA, 2014). Dentre as principais atividades deste profissional, podemos citar a prospecção de imóveis para venda ou de clientes interessados em comprar imóveis, acompanhamento em negociações de compra, venda, permuta ou aluguel de imóveis com finalidade residencial, comercial ou outra, avaliação de imóveis e consultoria, além da administração de imóveis e de condomínios. Nos próximos capítulos, iremos entender melhor todas as atividades deste profissional. • Clientes Como vimos lá no início do nosso livro, o mercado imobiliário é composto por um grupo de compradores e vendedores que atuam neste setor. Por isso, não poderíamos deixar de falar do nosso principal agente: o cliente. Você já parou para pensar sobre o cliente? Podemos definir clien- te como o atual ou futuro comprador de algum tipo de produto ou ser- viço (AMERICAN MARKETING ASSOCIATION, 2018). Contudo, este comprador pode (e geralmente é) influenciado por outras pessoas para sua decisão de compra. Por exemplo, um casal deseja comprar uma casa, pode ser influenciado em sua decisão pelos seus filhos, que querem ter um parquinho para brincar ou morar mais perto da escola. Podemos categorizar os tipos de clientes de acordo com diferentes critérios. É possível separar os clientes por tipo de utilização do imóvel, que pode ser residencial, comercial, industrial ou rural. Também podemos diferenciá-los de acordo com o tipo de negociação do imóvel, pela perspectiva da compra ou da venda do imóvel e do locador ou do locatário. Para facilitar nosso entendimento, vamos apresentar os diversos tipos de negociação de acordo com os clientes físicos (pessoas em geral) e os clientes jurídicos (empresas). De acordo com a legislação brasileira, todo o ser humano é, desde o nascimento, considerado Pessoa Física (PF). Geralmente, este tipo de cliente busca imóveis residenciais para compra ou aluguel, ou pretende vender ou alugar um imóvel que já possui. Algumas vezes, eles também buscam algum tipo de imóvel comercial para abrir um escritório ou para investir, além de quererem adquirir um imóvel rural para produção agropecuária. Apesar de todos 25 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 estes clientes serem pessoas físicas, os objetivos de negócios são diferentes e requerem atenção especial para cada um. Por outro lado, também de acordo com a legislação brasileira, Pessoa Ju- rídica (PJ) são empresas, associações, igrejas, partidos políticos e, até mesmo, órgãos públicos. Os clientes jurídicos, portanto, compram e vendem imóveis que fazem parte do seu patrimônio, além de serem locatários ou locadores de alguma propriedade. Da mesma forma que os clientes físicos, cada tipo de cliente jurídico demanda um tipo de atenção especial e um atendimento específico, de acordo com seus objetivos e necessidades. Dentre os clientes jurídicos, dentro do mer- cado imobiliário, também podemos destacar os condomínios, que frequentemente requerem algum tipo de serviço de gestão ou de manutenção dos imóveis. 2) Até aqui, vimos que existem muitas entidades e pessoas envolvi- das no mercado imobiliário. Cada um possui um papel importante no setor. Para exercitar e relembrar os conceitos aprendidos até aqui, complete o quadro abaixo com o principal papel de cada agente que atua no mercado imobiliário e dê um exemplo. AGENTE PRINCIPAL PAPEL NO MERCADO IMOBILIÁRIO EXEMPLO Imobiliária Construtora Incorporadora Órgão de registro Órgão de fiscalização Entidades de classe Bancos Corretores de Imóveis Proprietário de imóvel Locatário 26 Gestão Imobiliária Até aqui, vimos o conceito de mercado imobiliário e os diversos agentes envolvidos neste setor. Estes agentes podem ser instituições públicas ou privadas, profissionais e clientes. Na seção a seguir, iremos ver como surgiu o mercado imobiliário no Brasil e como iniciou seu processo de regulamentação. Além disso, veremos que, ao longo dos anos, houve diversas influências no mercado imobiliário que partiram tanto do setor público, por meio de leis e regulações, quanto do setor privado, através de investimentos e empreendimento. 3 O SURGIMENTO E A REGULAMENTAÇÃO DO MERCADO IMOBILIÁRIO NO BRASIL Agora que já aprendemos o conceito de mercado imobiliário e os agentes que atuam no setor, vamos conhecer a história do mercado imobiliário no Brasil. Primeiro, vamos ver quais foram os fatos que ocorreram para influenciar o surgimento do mercado imobiliário brasileiro. Depois, vamos entender um pouco como ocorreu a regulamentação do mercado imobiliário. 3.1 O SURGIMENTO DO MERCADO IMOBILIÁRIO BRASILEIRO Para falarmos sobre o surgimento do mercado imobiliário brasileiro, precisamos voltar um pouco no tempo, antes mesmo da descoberta do Brasil pelos portugueses. No final da Idade Média, a Europa vivia uma grave crise agrícola e econômica. Neste período, também, estima- se que a peste negra tenha afetado 50% da população europeia (DUNHAM, 2008). Em 1375, Portugal, com dificuldade de produzir alimentos e suprir as necessidades de sua população, promulga a Lei das Sesmarias. Sesmaria era “um lote de terras distribuído a um beneficiário, em nome do rei de Portugal, com o objetivo de cultivar terras virgens” (PINTO, 2018). Portanto, essas terras eram doadas porque: [...] governo lusitano tinha de povoar muitos territórios, retomados dos muçulmanos, período conhecido como Reconquista. Essa expulsão dos árabes pelos cristãos iniciou- se no século XI e terminou por volta do século XV (DINIZ, 2005, p. 2). Sesmaria era “um lote de terras distribuído a um beneficiário, em nome do rei de Portugal, com o objetivo de cultivar terras virgens” (PINTO, 2018). 27 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Com a descoberta do Brasil, em 1500, Portugal precisou pensar em formas de colonizar e povoar as novas terras. Em 1532, D. João III criou o regime das capitanias hereditárias, que só seria implementado em 1534. Esse sistema buscava: Estabelecer mecanismos de efetivo controle sobre o litoral atlântico [...] e assim foram doadas 14 donatarias, com 50 ou 100 léguas de costa cada uma, entre 1534 e 1536, para promover a ocupação do Brasil. Os donatários das primeiras capitanias pertenciam, majoritariamente, a uma nobreza de funções que se destacara no serviço da Coroa, seja como funcionários, seja nas navegações e atividades militares (HERMANN, 2007, p. 21, 23). A Figura 1 mostra o mapa feito por Luís Teixeira, em 1574, da divisão da América portuguesa em capitanias. FIGURA 1 – MAPA DE LUÍS TEIXEIRA FONTE: Teixeira (1574) 28 Gestão Imobiliária Martin Afonso de Souza foi o primeiro capitão donatário autorizado a distribuir terras no Brasil. As capitanias eram divididas em partes menores, também chamadas de sesmarias. A distribuições das terras eram registradas através de documentos emitidos pelas autoridades, chamadas de cartas de Sesmarias, e permitiam a doação das terras e obrigavam os colonos portugueses na América a cultivar a terra e pagar tributos à Coroa Portuguesa em um prazo de cinco anos. Essa obrigação raramente era cumprida e a doação das sesmarias não garantia a propriedade das terras, mas o direito de cultivá-las (PINTO, 2018). Com a vinda da família real para o Brasil, em 1808, iniciou-se um movimento de urbanização na cidade do Rio de Janeiro. A corte precisava ser acomodada e não havia moradias no padrão exigido pela nobreza. A família real foi instalada no Palácio dos Vice-Reis,além de edifícios próximos, como o Convento do Carmo, a Casa da Câmara e a cadeia. Além disso, muitas residências foram desapropriadas para acomodar outros nobres e repartições públicas. Os proprietários foram despejados de maneira arbitrária e até violenta. Em 1821, com a introdução da imprensa no país, surgiram jornais como O Sentinela e O Tamoio, no Rio de Janeiro, que já anunciavam a venda de imóveis (CONSELHO FEDERAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS, 2010a). A Figura 2 mostra anúncios de venda de imóveis no jornal Diário do Rio de Janeiro, publicado em 4 de junho de 1821. Observa-se que já havia um intermediário designado pelo dono do imóvel para vendê-lo. FIGURA 2 – ANÚNCIO DE VENDA DE IMÓVEL NO JORNAL DIÁRIO DO RIO DE JANEIRO Os proprietários foram despejados de maneira arbitrária e até violenta. FONTE: Conselho Federal de Corretores de Imóveis (2010a) Em 1822, o Brasil declara independência de Portugal e, com isso, a Lei das Sesmarias foi derrogada. O novo governo precisava organizar, de alguma maneira, 29 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 a distribuição de terras. Por isso, em 18 de setembro de 1850 foi assinada a Lei nº 601, chamada Lei das Terras (BRASIL, 1850b). Esta lei pode ser considerada a primeira iniciativa de organização da propriedade privada no Brasil e estabelecia que a compra era a única forma de apropriação da terra (PINTO, 2018). Se você ficou curioso sobre a Lei das Terras, acesse o texto original no site do Planalto Central: <http://www.planalto.gov.br/ Ccivil_03/LEIS/L0601-1850.htm>. Embora tenha sido criada no período imperial, a Lei das Terras permaneceu vigente mesmo depois da Proclamação da República, em 1889, sofrendo poucas alterações depois disso. Somente mais recentemente, na Constituição de 1988, houve mudanças significativas no entendimento de propriedade no Brasil. Iremos falar mais sobre isso mais adiante. Vale ressaltar aqui que, a partir de 1889, inicia- se uma nova fase para o país recém-formado. 3) Até aqui, relembramos um pouco da história da colonização do Brasil e a aquisição das primeiras propriedades, mas você já parou para pensar sobre a colonização da sua região? Você sabe quais foram as primeiras propriedades construídas? Quem foram seus construtores e proprietários? Faça uma pesquisa em jornais de sua cidade, livros, sites, entre outras fontes, e responda às seguintes questões: a) Como foi o povoamento da sua cidade? Quem foram os primeiros moradores? R.: 30 Gestão Imobiliária b) Quais foram as primeiras construções da sua cidade? Quem as construiu e quais foram seus proprietários? R.: Olhando pela perspectiva de influência do setor privado no mercado imobiliário brasileiro, ainda no final do Século XIX, começam a se estabelecer no país as primeiras empresas focadas em investir em construções. A Brookfield, uma empresa de gestão de ativos mundial, foi fundada em São Paulo por um grupo de investidores brasileiros e canadenses, em 1899 (GRISOTTO, 2017). Se quiser conhecer mais sobre a história da Brookfield e suas influências no mercado imobiliário brasileiro, acesse o site da empresa em: <https://www.brookfield.com/pt-br/negocios/imobiliario>. O principal objetivo da empresa, em sua fundação, era instalar sistemas de iluminação pública e de linhas de bondes movidos à energia elétrica. Ao longo dos anos, sob o nome de Brascan, o grupo atuou também na instalação de sistemas de distribuição de gás e de telefonia, e expandiu sua atuação para a cidade do Rio de Janeiro. A empresa foi responsável pela construção de imóveis comerciais como o Edifício Cidade Jardim e a WTorre Morumbi, em São Paulo, o Centro Empresarial Senado, no Rio de Janeiro, entre muitos outros (CAMPOS, 2018). A Figura 3 apresenta estas construções. A empresa foi responsável pela construção de imóveis comerciais como o Edifício Cidade Jardim e a WTorre Morumbi, em São Paulo, o Centro Empresarial Senado, no Rio de Janeiro, entre muitos outros (CAMPOS, 2018). 31 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 FIGURA 3 – EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS DA BROOKFIELD NO BRASIL FONTE: Campos (2018) Notas: (1) Edifício Cidade Jardim, localizado na Avenida Cidade Jardim, na região da Faria Lima, em São Paulo. (2) Torre Morumbi, localizada na Avenida das Nações Unidas, na região da Marginal Pinheiros, em São Paulo. (3) Centro Empresarial Senado, localizado na Rua dos Inválidos, na região central do Rio de Janeiro. Até aqui, vimos os principais acontecimentos que influenciaram o surgimento do mercado imobiliário brasileiro. A seguir, iremos conhecer os principais eventos que ajudaram a regulamentar o setor no Brasil. 3.2 A REGULAMENTAÇÃO DO MERCADO IMOBILIÁRIO Vimos, na seção anterior, como iniciou a distribuição de terras no Brasil Colônia. Na década de 1930, houve vários eventos que iniciaram a regulamentação do mercado imobiliário brasileiro. Um dos primeiros acontecimentos é o reconhecimento do primeiro Sindicato de Corretores de Imóveis, no Rio de Janeiro, 1937 (JÚNIOR, 2015, p. 107). 1 2 3 32 Gestão Imobiliária No ano seguinte surgia, em São Paulo, a Associação Profissional dos Corretores de Imóveis. A Figura 4 mostra uma notícia sobre a eleição da primeira diretoria do Sindicado dos Corretores de Imóveis de São Paulo, publicada em um jornal da época. FIGURA 4 – NOTÍCIA SOBRE A ELEIÇÃO DA PRIMEIRA DIRETORIA DO SINDICATO DOS CORRETORES DE IMÓVEIS DE SÃO PAULO FONTE: Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Espírito Santo (2018) Na década de 1940, tanto o Sindicato dos Corretores de Imóveis de São Paulo como o do Rio de Janeiro lançam um decálogo para descrever a conduta dos profissionais da área. Nesta época, já havia o costume de pagamento de comissão para os corretores. Contudo, para a profissão ser reconhecida, era preciso que a atividade fosse regulamentada e que cursos técnicos fossem criados (CONSELHO FEDERAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS, 2010b). Isso só iria acontecer na década seguinte, como veremos na sequência. Um acontecimento importante da década de 1950 que influenciou o mercado imobiliário foi a fundação da empresa Gafisa, em 1954. Inicialmente criada sob o nome de Gomes de Almeida Fernandes, a empresa já construiu mais de 14 milhões de m² e já entregou mais de mil empreendimentos distribuídos em mais de 30 cidades brasileiras. A fundação da Gafisa representa uma influência do setor privado no mercado imobiliário brasileiro porque introduziu diversas inovações. Sob a perspectiva de oferta de produtos e serviços aos clientes, a Gafisa lançou o conceito A fundação da Gafisa representa uma influência do setor privado no mercado imobiliário brasileiro porque introduziu diversas inovações. 33 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 de residence service; criou empreendimentos do tipo condomínios- clube, bairros planejados e flats; e inovou ao oferecer serviços de customização de plantas e acabamentos e ao disponibilizar fotos de suas obras na internet. A construtora também foi a primeira empresa a lançar um edifício construído com base nas ideias dos consumidores enviadas através do Facebook, o The Eureka Building. Sob a perspectiva sustentável, a empresa inovou ao instalar vasos sanitários com caixas acopladas para economizar água e foi a primeira da América Latina a obter a certificação internacional Green Building Platinum, pelo edifício Eldorado Business Tower. Nos canteiros de obras, a Gafisa foi a primeira a oferecer alimentação e cursos de alfabetização para seus funcionários e a implementar o controle e a gestão para otimizar tempo e recursos (GAFISA, 2014). Por fim, pela perspectiva da própria marca, a construtora foi a primeira a desenvolver um site com conteúdo institucional e seus produtos, e a colocar a marca nos guindastes nas obras. Ainda na década de 1950, mais precisamenteno ano de 1957, acontece o I Congresso Nacional de Corretores de Imóveis, no Rio de Janeiro. Durante o evento, foi elaborado o primeiro projeto de lei para regulamentar a profissão de corretor de imóveis (JÚNIOR, 2015). No ano seguinte, o artigo 37 do Código Comercial Brasileiro foi revogado, passando a permitir que as mulheres exercessem a profissão de corretoras de imóveis. Até 1958, as mulheres não podiam ser corretoras no Brasil. A Lei n. 556, de 25 de junho de 1850, denominada Código Comercial, continha um capítulo específico sobre os corretores: Capítulo II DOS CORRETORES Art. 36 - Para ser corretor, requer-se ter mais de 25 (vinte e cinco) anos de idade, e ser domiciliado no lugar por mais de 1 (um) ano. Art. 37 - Não podem ser corretores: 1 - os que não podem ser comerciantes; 2 - as mulheres; 3 - os corretores, uma vez destituídos; 4 - os falidos não reabilitados, e os reabilitados, quando a quebra houver sido qualificada como compreendida na disposição dos artigos nºs 800, nº 2, e 801, nº 1 (BRASIL, 1850a). Por isso, em 1958, quando foi revogado o artigo 37, abriu-se espaço para as mulheres trabalharem como corretoras de imóveis. A Nos canteiros de obras, a Gafisa foi a primeira a oferecer alimentação e cursos de alfabetização para seus funcionários e a implementar o controle e a gestão para otimizar tempo e recursos (GAFISA, 2014). 34 Gestão Imobiliária Figura 4 mostra a notícia publicada no jornal Folha da Tarde em 06 de março de 1958. FIGURA 4 – NOTÍCIA DO JORNAL FOLHA DA TARDE 06/03/1958 FONTE: Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Espírito Santo (2018) A década de 1960 foi marcada por uma série de mudanças. Logo no início do ano de 1960, a cidade de Brasília foi inaugurada pelo então presidente Juscelino Kubitschek. A Figura 5 mostra uma fotografia da construção da rampa de acesso ao Congresso e, ao fundo, a cúpula do Senado, em 1959. FIGURA 5 – CONSTRUÇÃO DA RAMPA DE ACESSO AO CONGRESSO E CÚPULA DO SENADO, BRASÍLIA FONTE: Barbosa (1959, p. 6) Em 1962, era fundada, em São Paulo, a Cyrela, uma incorporadora e construtora de imóveis residenciais. A empresa, atualmente, atua em 66 cidades do Brasil, distribuídas em 16 estados, na Argentina e no Uruguai. Focada no segmento de médio e alto padrão, a construtora foi considerada por muitos 35 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 anos como a empresa mais admirada do Brasil no segmento de Construtoras e Incorporadoras e figurou no ranking das 25 marcas brasileiras mais valiosas em 2010 (CYRELA, 2018). Ainda na década de 1960, mais precisamente em 27 de agosto de 1962, foi promulgada a Lei n. 4.116, que regulamentava o exercício da profissão de corretor de imóveis (JÚNIOR, 2015). A partir disto, então, cria-se o Conselho Federal de Corretores de Imóveis e os CRECIs. A Lei n. 4.116/1962 foi a primeira lei que regulamentou a profissão de corretor de imóveis e mudou significativamente o mercado imobiliário. Essa lei criava os Conselhos Federal e Regionais para fiscalizar o exercício da profissão e definia como deveria atuar o profissional corretor de imóveis. Leia alguns trechos da lei que falam sobre quem poderia ser corretor de imóveis e quais as faltas que poderiam ser cometidas: Lei nº 4.116, de 27 de agosto de 1962 Dispõe sobre a regulamentação do exercício da profissão de corretor de imóveis. [...] Art. 1º O exercício da profissão de corretor de imóveis somente será permitido às pessoas que forem registradas nos Conselhos Regionais dos Corretores de Imóveis, de acordo com esta lei. Art. 2º O candidato do registro como corretor de imóveis deverá juntar ao seu requerimento: a) prova de identidade; b) prova de quitação com o serviço militar; c) prova de quitação eleitoral; d) atestado de capacidade intelectual e profissional e de boa conduta, passado por órgão de representação legal da classe; e) folha corrida e atestado de bons antecedentes, fornecido pelas autoridades policiais das localidades onde houver residido nos últimos três anos; f) atestado de sanidade; g) atestado de vacinação antivariólica; 36 Gestão Imobiliária h) certidões negativas dos distribuidores forenses, relativas ao último decênio; i) certidões negativas dos cartórios de protestos de títulos referentes ao último quinquênio; e j) prova de residência no mínimo durante os três anos anteriores no lugar onde desejar exercer a profissão; [...] Art. 3º Não podem ser Corretores de Imóveis: a) os que não podem ser comerciantes; b) os falidos não reabilitados e os reabilitados quando condenados por crime falimentar; c) os que tenham sido condenados ou estejam sendo processados por infração penal de natureza infamante, tais como: falsidade, estelionato, apropriação indébita, contrabando, roubo, furto, lenocínio ou passíveis, expressamente, de pena de perda do cargo público; e d) os que estiverem com o seu registro profissional cancelado. [...] Art. 17. Constituem faltas no exercício da profissão de corretor de imóveis: 1) prejudicar, por dolo ou culpa, interesses confiados aos seus cuidados. 2) auxiliar, ou por qualquer meio facilitar o exercício da profissão aos que estiverem proibidos, impedidos ou não habilitados para exercê-la. 3) praticar qualquer dos atos previstos no art. 8º desta lei. 4) promover ou facilitar, a terceiros, transações ilícitas ou que por qualquer forma prejudiquem interesses da Fazenda Nacional, Estadual ou municipal. 5) violar o sigilo profissional. 6) negar aos comitentes prestação de contas ou recibos de quantias ou documentos que pelos mesmos tenham sido entregues, para qualquer fim. 7) recusar a apresentação de carteira profissional, quando couber. FONTE: Brasil (1962) Curiosamente, até 1960, só existiam empreendimentos a preço de custo, ou seja, aqueles em que as pessoas que iriam adquirir uma unidade imobiliária ou os participantes de uma sociedade acompanhavam a construção e faziam 37 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 aportes de recursos, objetivando o término da obra. Nestes casos, a construtora responsável recebia um valor, chamado taxa de administração, para cobrir custos com materiais e mão de obra. Além disso, existiam empreendimentos desenvolvidos por incorporadoras que “ofereciam condições contratuais absolutamente longe da luz do Código do Consumidor que conhecemos atualmente” (CORDEIRO FILHO, 2009, p. 20). Desta forma, a regulamentação da profissão de corretor de imóveis estimulou a organização do mercado imobiliário da época. Em 21 de agosto de 1962, foi promulgada a Lei n. 4.380, que instituía a correção monetária nos contratos imobiliários de interesse social, o sistema financeiro para aquisição da casa própria, criava o Banco Nacional da Habitação (BNH), e Sociedades de Crédito Imobiliário, as Letras Imobiliárias e o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo. O artigo 8° desta lei explica que o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) é “destinado a facilitar e promover a construção e a aquisição da casa própria ou moradia, especialmente pelas classes de menor renda da população” (BRASIL, 1964a, Art. 8). Os bancos múltiplos e os bancos comerciais, as caixas econômicas, as sociedades de crédito imobiliário, as associações de poupança e empréstimo, as companhias hipotecárias, os órgãos federais, estaduais e municipais, as fundações, as cooperativas, as caixas militares, as entidades abertas de previdência complementar, as companhias securitizadoras de crédito imobiliário e outras instituições consideradas pelo Conselho Monetário Nacional são integrantes do Sistema Financeiro da Habitação (BRASIL, 1964a). 4) Você viu quantas instituições estão envolvidas no Sistema Financeiro da Habitação? Para exercitar um pouco do que aprendemos até aqui, vamos construir um dicionário com os principais termos relacionados ao SFH. Pesquise sobre os termos listados abaixo e explique, comsuas palavras, o que é cada um deles. a) Bancos múltiplos: b) Bancos comerciais: c) Caixas econômicas: Sistema Financeiro da Habitação (SFH) é “destinado a facilitar e promover a construção e a aquisição da casa própria ou moradia, especialmente pelas classes de menor renda da população” (BRASIL, 1964a, Art. 8). 38 Gestão Imobiliária d) Sociedades de crédito imobiliário: e) Associações de poupança e empréstimo: A Lei n. 4.380, publicada em 1964, também criava o Banco Nacional de Habitação, que tinha por finalidade: [...] orientar, disciplinar e controlar o sistema financeiro da habitação; incentivar a formação de poupanças e sua canalização para o sistema financeiro da habitação; disciplinar o acesso das sociedades de crédito imobiliário ao mercado nacional de capitais; manter serviços de redesconto e de seguro para garantia das aplicações do sistema financeiro da habitação e dos recursos a ele entregues; manter serviços de seguro de vida de renda temporária para os compradores de imóveis objetos de aplicações do sistema; financiar ou refinanciar a elaboração e execução de projetos promovidos por entidades locais [...] de conjuntos habitacionais, obras e serviços correlatos; refinanciar as operações das sociedades de crédito imobiliário; e financiar ou refinanciar projetos relativos a [...] instalação e desenvolvimento da indústria [...] de materiais de construção e pesquisas tecnológicas, necessárias à melhoria das condições habitacionais do país [...] (BRASIL, 1964a, art. 17). Portanto, neste ano, institui-se mecanismos para disponibilizar crédito para a habitação, subsidiado pela poupança e pelos recursos do FGTS. O governo exerce influência sobre a taxa de juros praticada, que frequentemente financiam altos valores em longos prazos para quitação (CADAMURO, 2014). Também foi promulgada a Lei n. 4.591 no ano de 1964, que dispunha sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias. Este foi outro significativo acontecimento que mudou o mercado imobiliário da época. A partir da publicação desta lei, tornou-se obrigatória apresentação do memorial de incorporação contendo todas as informações relacionadas ao futuro empreendimento, além das informações legais e contábeis da empresa construtora e de seus sócios. Esse documento garantia a estabilidade e a credibilidade do processo de compra e venda. A Lei n. 4.591/1964 também apresentava regulação relacionada à criação de condomínios. O art. 1° expressa que: As edificações ou conjuntos de edificações, de um ou mais pavimentos, construídos sob a forma de unidades isoladas entre si, destinadas a fins residenciais ou não residenciais, poderão ser alienados, no todo ou em parte, objetivamente considerados, e constituirá, cada unidade, propriedade autônoma sujeita às limitações desta Lei (BRASIL, 1964c, art. 1). A Lei n. 4.380, publicada em 1964, também criava o Banco Nacional de Habitação. Também foi promulgada a Lei n. 4.591 no ano de 1964, que dispunha sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias. 39 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Portanto, a partir desta lei, estabeleceu-se que o condomínio são edificações ou conjunto de edificações onde convivem pessoas, denominadas condôminos, que exercem direito sobre suas unidades privativas e, também, sobre as dependências de uso comum. Essas unidades podem ser organizadas de maneira vertical ou horizontal, com fins residenciais ou comerciais. Ainda em 1964, foi publicada a Lei n. 4.504, que tinha o objetivo de regular os direitos e as obrigações relacionadas aos bens imóveis rurais (BRASIL, 1964b). Você pode conhecer mais sobre as leis aqui mencionadas. Todas foram disponibilizadas na íntegra pelo governo. A Lei n. 4.380/1962 pode ser acessada através do site da Câmara dos Deputados: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4380-21-a- gosto-1964-377666-normaatualizada-pl.html>. A Lei n. 4.504/1964 está disponível no site: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/ L4504.htm>. A Lei n. 4.591/1964 pode ser encontrada no site: <http:// www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4591-16-dezembro- -1964-368909-publicacaooriginal-1-pl.html>. Já no início do ano de 1970, era fundada a Plaenge, na época um pequeno escritório no Paraná. Em seu primeiro ano de atuação, a empresa assinou um contrato para executar a obra da fábrica da Coca-Cola na cidade de Cambé, também no Paraná. Graças ao sucesso na execução desta obra, a Coca-Cola se torna cliente da Plaenge. No segmento industrial, o Grupo Plaenge já atuou em 19 estados do Brasil e na Venezuela. Além da Coca-Cola, a empresa tem como clientes a Atlas Schindler, a Mondelez, a Unilever, a Philip Morris, entre outras (GRUPO PLAENGE, 2018). A Figura 6 mostra a fábrica da Coca-Cola construída pela Plaenge em Maringá, no Paraná. Condomínio são edificações ou conjunto de edificações onde convivem pessoas, denominadas condôminos, que exercem direito sobre suas unidades privativas e, também, sobre as dependências de uso comum. 40 Gestão Imobiliária FIGURA 6 – SEDE COCA-COLA FEMSA, MARINGÁ/PR FONTE: Grupo Plaenge (2016, p. 25) Em 31 de dezembro de 1973 foi publicada a Lei n. 6.015, que regulamentava os registros públicos. Esta lei estabelecia os tipos de serviços relacionados aos registros públicos, permitindo que os atos jurídicos tenham autenticidade, segurança e eficácia. Esses registros englobam o registro civil de pessoas físicas e jurídicas (empresas); registro de títulos e documentos; propriedade literária, científica e artística; e, claro, o registro de imóveis. A lei esclarece que: [...] no registro de imóveis serão feitas, em geral, a ‘transcrição’, a ‘inscrição’ e a ‘averbação’ dos títulos ou atos constitutivos, declaratórios, translativos e extintivos de direitos reais sobre imóveis, reconhecidos em lei inter vivos e causa mortis, quer para sua constituição, transferência e extinção, quer para sua validade em relação a terceiros, quer para sua disponibilidade (BRASIL, 1973). Contudo, em 1975, a Lei n. 6.015/1973 foi alterada pela Lei n. 6.216. Entre outras alterações sobre a forma de registro de imóveis, o trecho apresentado anteriormente foi modificado: No Registro de Imóveis serão feitos, nos termos desta Lei, o registro e a averbação dos títulos ou atos constitutivos, declaratórios, translativos e extintos de direitos reais sobre imóveis reconhecidos em lei, inter vivos ou mortis causa quer para sua constituição, transferência e extinção, quer para sua validade em relação a terceiros, quer para a sua disponibilidade (BRASIL, 1975, art. 172). 41 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Dentro da perspectiva da regulamentação do mercado imobiliário brasileiro, essas leis permitiram o registro das propriedades imóveis, bem como a credibilidade e a autenticidade de relações de compra e venda de propriedades. Ainda na década de 1970, foram fundadas grandes empresas que atuam no setor da construção civil, como a Tecnisa e a MRV. A Tecnisa Engenharia foi criada em 1977 por Meyer Joseph Nigri, focada no segmento de construção residencial. Na década de 1980, a empresa já possuía um programa de redução e otimização de ensino na construção, diminuindo consideravelmente o desperdício de materiais e os custos da obra. Na década de 1990, a empresa inovou e lançou o conceito de grand space, edifícios construídos em regiões nobres de São Paulo com uma área maior que os oferecidos pelas empresas concorrentes, sem acréscimo proporcional no valor do imóvel. Além disso, a empresa também lançou neste período o conceito de roof top, que instalava áreas de lazer nas coberturas dos edifícios e não mais no térreo, como era comum na época. Já nos anos 2000, a empresa passou a ter uma equipe de corretores on-line que vendiam apartamentos pela internet.Além disso, foi reconhecida pelo Google como a empresa do setor imobiliário que tem as melhores práticas em links patrocinados no mundo (TECNISA, 2018). Se você deseja conhecer mais sobre a história e a atuação da Tecnisa Engenharia, acesse o site da empresa: <https://www.tecnisa. com.br/>. No final da década de 1970, mais precisamente em 1979, os sócios Rubens Menin Teixeira de Souza, Mario Lúcio Menin e Vega Engenharia Ltda. fundam a MRV Engenharia, com sede em Belo Horizonte/MG. Segundo o site da MRV Engenharia, a empresa é a maior construtora do Brasil no segmento de imóveis para as classes média e média baixa. Em 1992, a MRV foi pioneira ao lançar um setor de atendimento ao cliente. Em 2007, a empresa assinou um contrato com a Caixa Econômica Federal para se tornar seu correspondente no setor imobiliário. Dez anos depois, a empresa já conta com mais de 17 mil colaboradores trabalhando em suas obras e figura no primeiro lugar no Ranking Informações Técnicas da Construção (ITC) (MRV ENGENHARIA, 2018). 42 Gestão Imobiliária O Ranking ITC é um prêmio criado em 2004 pela empresa Informações Técnicas da Construção. Anualmente, são listadas as 100 maiores construtoras do Brasil. Para saber mais informações sobre esse prêmio, acesse o site da instituição: <http://rankingitc. com.br/#>. Pela ótica da atividade profissional do corretor de imóveis, a década de 1970 também foi um período de modificações. Em maio de 1978, foi publicada a Lei n. 6.530, que dava nova regulamentação à profissão de corretor de imóveis e disciplinava o funcionamento dos órgãos de fiscalização da atividade profissional. Uma das principais mudanças apresentadas por essa lei foi a exigência de formação educacional para exercer a profissão. O artigo 2 estabelecia que “o exercício da profissão de corretor de imóveis será permitido ao possuidor de título de técnico em transações imobiliárias” (BRASIL, 1978a). O Decreto n. 81.871/1978, que apresenta o regulamento relacionado à Lei n. 6.530/1978, esclarece que os corretores de imóveis que já atuavam de acordo com a Lei n. 4.116/1962 poderiam continuar exercendo a atividade, desde que revalidassem sua inscrição no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (BRASIL, 1978b). O artigo 3 da Lei n. 6.530/1978 destaca que o corretor de imóveis deve intermediar a compra, venda, permuta e locação de imóveis, além de opinar quanto à comercialização imobiliária. Por fim, vale ressaltar que essa lei também determina que os corretores de imóveis e as empresas que atuam no mercado imobiliário não podem: prejudicar, por dolo ou culpa, os interesses que lhe forem confiados; auxiliar ou facilitar o exercício da profissão aos não inscritos; anunciar publicamente proposta de transação a que não esteja autorizado através de documento escrito; fazer anúncio relativo à atividade de profissional sem mencionar o número de inscritos; anunciar imóvel loteado ou em condomínio sem mencionar o número de registro do loteamento ou da incorporação no Registro de Imóveis; violar o sigilo profissional; negar aos interessados prestação de contas ou recibo de quantias ou documentos que lhe tenham sido entregues a qualquer título; violar obrigação legal concernente ao exercício da profissão; praticar, no exercício da atividade profissional, ato que a lei defina como crime ou contravenção; e, deixar de pagar contribuição ao Conselho Regional (BRASIL, 1976). A década de 1980 presenciou alguns fatos que influenciaram o mercado imobiliário brasileiro. A alta inflação da época pressionou o Banco Nacional da O artigo 3 da Lei n. 6.530/1978 destaca que o corretor de imóveis deve intermediar a compra, venda, permuta e locação de imóveis, além de opinar quanto à comercialização imobiliária. 43 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Habitação, que acabou sendo extinto em 1985. Nesta mesma década, a empresa Rodobens, famosa por atuar no setor de automóveis, inicia suas atividades também no mercado imobiliário. A Rodobens Negócios Imobiliários já lançou mais de 158 empreendimentos e 59 mil unidades (EMPRESAS RODOBENS, 2018). Em 1980, foi fundada a Rossi Residencial S.A., uma incorporadora especializada em imóveis de alto padrão na região metropolitana de São Paulo. Em 1992, a empresa criou o Plano 100 com o objetivo de facilitar o financiamento imobiliário para as classes média e baixa. Até julho de 2008, a empresa entregou mais de 14 mil unidades em todo o Brasil (ROSSI RESIDENCIAL, 2018). O Plano 100, criado pela Rossi Residencial, revolucionou o mercado imobiliário da época. Veja essa notícia publicada em 14 de agosto de 1994 no jornal Folha de São Paulo: ‘Plano 100’ vende 216 unidades em apenas 12 horas O ‘Plano 100’, sistema de vendas criado pela Rossi Residencial, bate seu próprio recorde de tempo na venda de apartamentos. No empreendimento Villaggio Di Roma, lançado em Natal (RN) juntamente com a construtora Ecocil, a empresa conseguiu comercializar 216 apartamentos em apenas 12 horas. No último dia 4 (quinta-feira), durante o coquetel de pré-lançamento, foram vendidas todas as unidades da primeira fase do empreendimento. Diante da situação, José Paim de Andrade Júnior, superintendente da Rossi, decidiu abrir as vendas da segunda fase. Já na manhã do dia 5 (sexta-feira) estavam esgotadas as vendas dessa fase. Além disso, em Natal está aberta uma lista de espera com cerca de 50 pessoas inscritas para a terceira fase do projeto. Em São Paulo, na semana passada a Rossi encerrou a terceira fase de vendas do empreendimento Villagio Di Modena, a ser construído na Vila Sônia (zona oeste). Nesse lançamento foram vendidos um total de 255 apartamentos. Cada unidade tem três quartos e 65,3 m² de área útil. Os apartamentos têm preço entre R$ 43 mil e R$ 45 mil. FONTE: (PLANO 100, 1994) 44 Gestão Imobiliária Em 18 de outubro de 1991, foi publicada a Lei n. 8.245, conhecida como Lei do Inquilinato, que dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. O principal objetivo desta lei é assegurar, ao locatário, alguns direitos. O artigo 4º, por exemplo, ressalta que “durante o prazo estipulado para a duração do contrato, não poderá o locador reaver o imóvel alugado” (BRASIL, 1991, art. 4). Não são consideradas, por essa lei, as locações de imóveis de propriedade da União, dos estados e dos municípios, de autarquias e fundações públicas; as locações de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos; as locações de espaços para publicidade; as locações em apart-hotéis, hotéis, residências ou equiparados que prestam serviços regulares a usuários; e o arrendamento mercantil em qualquer modalidade (BRASIL, 1991, art. 1). Em 1997, foi criado o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), através da promulgação da Lei n. 9.514, com o objetivo de suprir as carências do SFH e tornar o crédito imobiliário mais flexível. Segundo a lei, o “SFI tem por finalidade promover o financiamento imobiliário em geral, segundo condições compatíveis com as da formação dos fundos respectivos” (BRASIL, 1997, art. 1). As entidades que atuam neste sistema são as caixas econômicas, os bancos comerciais, os bancos de investimento, os bancos com carteira de crédito imobiliário, as sociedades de crédito imobiliário, as associações de poupança e empréstimo, as companhias hipotecárias, entre outras entidades a serem definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). As principais diferenças entre o SFH e o SFI são a alienação fiduciária e a fonte de recursos para o financiamento. Na alienação fiduciária, o imóvel é a garantia e a propriedade do imóvel é do banco até a quitação da dívida. Em caso de inadimplência, o agente financeiro pode retomar o imóvel mais rapidamente. Com relação à diferença entre as fontes de recursos para financiamento, a principal fonte do SFH era a poupança, enquanto no SFI, são as formas de garantia que
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