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GESTÃO IMOBILIÁRIA Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Maria Amália Dutra Machado CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Copyright © UNIASSELVI 2019 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. M149g Machado, Maria Amália Dutra Gestão imobiliária. / Maria Amália Dutra Machado. – Indaial: UNIASSELVI, 2019. 156 p.; il. ISBN 978-85-7141-308-5 1. Administração de imóveis - Brasil. II. Centro Universitário Leon- ardo Da Vinci. CDD 333.32 Impresso por: Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Camila Roczanski Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Joice Carneiro Werlang Marcelo Bucci Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 História do Mercado Imobiliário no Brasil ..............................7 CAPÍTULO 2 Gestão Imobiliária .......................................................................67 CAPÍTULO 3 O Papel do Gestor de Imóveis ................................................ 111 APRESENTAÇÃO Uma das principais atividades do profissional que atua no mercado imobiliário é a gestão. Atualmente, as atividades gerenciais vão muito além dos cargos de chefia. Elas exigem o conhecimento técnico das ferramentas gerenciais, a sensibilidade para ser um bom líder e a capacidade de lidar com os desafios enfrentados diariamente em um mundo em constante mudança. Por isso, na disciplina de Gestão Imobiliária, você irá conhecer a história do mercado imobiliário, os principais agentes deste setor, os diferentes aspectos da gestão, o comportamento do cliente e o papel do gestor. No Capítulo 1, História do mercado imobiliário no Brasil, veremos o conceito de mercado e sua aplicação no setor imobiliário. Depois, analisaremos quais são os principais agentes atuantes no mercado imobiliário brasileiro. Dentre estes agentes, conheceremos as principais atividades das imobiliárias, das construtoras, das incorporadoras, dos órgãos de registro e de fiscalização, das entidades de classe, dos bancos e financiadoras, dos corretores de imóveis e dos diversos tipos de clientes. Também vamos conhecer os principais acontecimentos que influenciaram o surgimento e a regulamentação do mercado imobiliário no Brasil. Por fim, neste capítulo, estudaremos as características do cenário atual e as tendências futuras para o setor. No Capítulo 2, Gestão imobiliária, serão apresentados alguns aspectos básicos da gestão imobiliária, por exemplo, os conceitos gerais da administração, suas funções e os tipos de estrutura organizacional. Em seguida, analisaremos os conceitos relacionados à gestão financeira e à gestão imobiliária, dentro da perspectiva da gestão imobiliária. Enfim, aprofundaremos os diferentes conceitos referentes à gestão de clientes e ao processo de tomada de decisão de compra no mercado imobiliário. No Capítulo 3, O papel do gestor de imóveis, aprenderemos sobre as nomenclaturas gestor e corretor de imóveis e quais suas diferenças. Depois, vamos detalhar quais são as atribuições desse profissional nas principais fases da intermediação de negociações de imóveis. Nesta parte, analisaremos as atividades de prospecção, de avaliação e de venda de imóveis. Também veremos as principais técnicas e práticas na gestão imobiliária. Para tal, estudaremos as principais funções de instrumentos e documentos, como a autorização de venda, o termo de visitação, o recibo de sinal de negócio, o contrato de promessa de compra e venda e a cessão de direitos. Este livro tem como principal objetivo mostrar os principais aspectos relacionados à atuação do gestor imobiliário. Então, abordaremos diversas leis, regulamentos, documentos e instrumentos. Assim, você terá acesso às principais ferramentas utilizadas no dia a dia da profissão de gestor imobiliário. Também incluímos diversas fontes para que você possa pesquisar e se manter constantemente atualizado. Para ter sucesso em um mercado tão competitivo, é preciso estar sempre estudando e aprendendo novas técnicas e ferramentas. Por fazer este curso, você já está no caminho certo! Bons estudos! Maria Amália Dutra Machado CAPÍTULO 1 História do Mercado Imobiliário no Brasil A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Saber: Conhecer a história do mercado imobiliário no Brasil e a influência dos setores público e privado. Fazer: Identificar os diferentes agentes atuantes no mercado imobiliário brasileiro. 8 Gestão Imobiliária 9 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Neste capítulo, iremos conhecer a história do mercado imobiliário no Brasil e as influências dos setores público e privado. Além disso, iremos identificar os principais agentes que atuam no mercado imobiliário brasileiro. Portanto, este capítulo está organizado em três seções, conforme explicado a seguir. Na primeira seção, denominada O que é mercado imobiliário?, iremos falar sobre o conceito de mercado e seus agentes. Mercado pode ser definido como um grupo de compradores e vendedores que trocam algum tipo de bem ou serviço. Desta forma, podemos entender que mercado imobiliário envolve agentes que compram, vendem e negociam propriedades imobiliárias, como terrenos, prédios, casas, pontos comerciais, entre outros. Dentre esses atuantes do mercado imobiliário, podemos citar imobiliárias, construtoras, incorporadoras, órgãos de registro e de fiscalização, entidades de classe, bancos e financiadoras, corretores de imóveis e os próprios clientes. Na segunda seção, iremos saber um pouco mais sobre O surgimento e a regulamentação do mercado imobiliário no Brasil. Um dos primeiros acontecimentos do mercado imobiliário brasileiro ocorreu em Portugal, bem antes do Brasil ser descoberto. Com a chegada dos portugueses na Nova Terra, houve a necessidade de organizar a distribuição do território. Muitas leis e decretos foram publicados até a década de 1930, quando iniciou o processo de regulamentação do mercado imobiliário propriamente dito. A partir de então, foram criados os conselhos de corretores de imóveis e a profissão foi regulamentada. Outras leis também foram promulgadas com o objetivo de organizar as negociações imobiliárias e as atividades que envolvem o mercado de imóveis. Neste período, também surgiram construtoras e incorporadoras que atuam no mercado até hoje. Na terceira seção, chamada Cenário atual do mercado imobiliário no Brasil e tendências futuras, iremos apresentar os principais acontecimentos do setor a partir dos anos 2000. Além disso, conheceremos o cenário atual, caracterizado, principalmente, pelas exigências dos clientes e pelas ferramentas tecnológicas que impactam na atividade dos profissionais do setor. Por fim, apresentaremos as principais tendências para o futuro, que já influenciam de alguma maneira a atuação dos profissionais do mercado imobiliário. Ao longo do texto, são apresentadas curiosidades, sugestões de sites, normas técnicas e outros materiais que irão ajudar você no dia a dia da sua atuação profissional. Também iremos fazer alguns exercícios para fixar o conteúdo e relembrar o que foi aprendido. Bons estudos! 10 Gestão Imobiliária 2 O QUE É MERCADO IMOBILIÁRIO? Antes de conhecermos a história do mercado imobiliário no Brasil, é preciso entender o que é mercado e, mais precisamente, o que é o mercado imobiliário. Por isso, nesta seção, vamos falar sobre o conceito de mercado,apresentando sua definição aplicada ao setor imobiliário. Depois, vamos conhecer quais são os agentes atuantes no mercado imobiliário. Assim, iremos entender quais são as atividades das imobiliárias, das construtoras, das incorporadoras, dos órgãos de registro e de fiscalização, das entidades de classe, dos bancos e financiadoras, dos corretores de imóveis e dos clientes. 2.1 CONCEITO DE MERCADO IMOBILIÁRIO Você já parou para pensar que a maioria das nossas atividades diárias está associada com algum tipo de venda ou compra? No seu trabalho, nas compras no supermercado, no pagamento de contas de água, luz, telefone. Todas essas atividades preveem a compra de algum produto ou serviço através do pagamento de um valor em dinheiro. Essas relações de troca são chamadas de mercado. Para Chiavenato (2004, p. 35): [...] mercado designa um grupo de compradores e vendedores em contato suficientemente próximo para que as trocas entre eles afetem as condições de compra e venda dos demais. O mercado pode ser o local físico, teórico ou não, do encontro regular entre compradores e vendedores de uma determinada economia. Como exemplo de lugar físico, podemos citar os supermercados e os shoppings, onde ocorrem trocas entre compradores e vendedores em encontros regulares, os horários de atendimento das lojas. Os mercados formais são grupos de compradores e vendedores legalizados, que seguem as regras estabelecidas para sua atuação. Neste mercado, os empregados são protegidos e amparados pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que garante uma série de direitos ao trabalhador. As empresas atuantes possuem um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), pagam impostos e cumprem as leis e as regras. Existem várias formas de atuação profissional no mercado formal, por exemplo, profissional autônomo, liberal ou assalariado (IBC COACHING, 2018). 11 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Por outro lado, no mercado informal atuam profissionais que não possuem carteira de trabalho assinada ou que não contribuem para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Esses trabalhadores não têm suporte das leis e não pagam impostos (DUARTE; CIRINO; SETTE, 2018). O mercado informal gerou quase 70% das vagas de trabalho em 2017. São atividades como trabalhador familiar auxiliar (pessoas que ajudam parentes em seus negócios), trabalhadores por conta própria ou empregos no setor privado sem carteira assinada (BÔAS, 2017). Dentro deste contexto e com base no conceito de mercado apresentado por Chiavenato (2004), podemos definir mercado imobiliário como a designação de um grupo de compradores e vendedores que atuam no setor imobiliário através de trocas de propriedades imobiliárias, como terrenos, prédios, casas, pontos comerciais, entre outros. O mercado imobiliário é responsável pelo desenvolvimento da economia de um país e de suas regiões, pois envolve muitos serviços agregados de forma direta e indireta. Dentre esses serviços, podemos citar a corretagem, a publicidade, o sistema financeiro habitacional e as incorporações imobiliárias (LIMA, 2017). Além disso, o setor imobiliário gera renda e emprega pessoas através de novos empreendimentos habitacionais e comerciais, na construção de edifícios, casas, centros comerciais e muitos outros estabelecimentos. 1) Nesta seção, vimos o que é mercado imobiliário. Você deve ter percebido que existem muitos termos relacionados a ele. Para facilitar seu entendimento dos conteúdos a serem trabalhados no restante do livro, faça uma pesquisa em sites na internet e em dicionários e explique, com suas palavras, o que significa cada um dos termos abaixo. TERMO DEFINIÇÃO Construção Edifício Casa Corretagem Terreno Mercado imobiliário como a designação de um grupo de compradores e vendedores que atuam no setor imobiliário através de trocas de propriedades imobiliárias, como terrenos, prédios, casas, pontos comerciais, entre outros. 12 Gestão Imobiliária 2.2 OS AGENTES DO MERCADO IMOBILIÁRIO Como vimos anteriormente, o mercado imobiliário engloba a atuação de diversos agentes, que podem ser pessoas, profissionais, instituições ou entidades. Dentre as instituições e entidades, nesta seção, conheceremos um pouco mais sobre as imobiliárias, as construtoras, as incorporadoras, os órgãos de registro e de fiscalização, as entidades de classe e os bancos e financiadoras. Dentre as pessoas e os profissionais atuantes no mercado imobiliário, vamos falar sobre os corretores de imóveis e os tipos de clientes. • Imobiliárias Segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), imobiliária é um tipo de empresa que atua no mercado imobiliário através da intermediação de venda ou locação de imóveis, e na administração de imóveis locados. Esses imóveis podem ser casas, apartamentos, salas e escritórios (SEBRAE, 2018). Este tipo de empresa cobra, do dono do imóvel, uma comissão pela venda ou locação de alguma propriedade. Além disso, para atuar de maneira regularizada no mercado, a imobiliária precisa ser credenciada pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis (CRECI). Dentre as principais atividades de uma imobiliária, podemos citar a orientação do comprador para a aquisição de algum imóvel, passando informações sobre os produtos, os preços, as formas de pagamento e as possibilidades de financiamento. A imobiliária também é responsável por esclarecer os riscos e a segurança do negócio, acompanhando toda a negociação e tramitação legal (GAFISA, 2014). De maneira prática, uma imobiliária precisa se preocupar, primeiramente, com a captação e vinculação do imóvel. Para isso, ela precisa identificar quais proprietários de imóveis têm interesse em vender ou alugar sua propriedade e fazer um contrato entre o proprietário do imóvel e a imobiliária que defina o valor de comercialização (locação ou venda). Depois, a imobiliária precisa iniciar a divulgação da venda ou do aluguel do imóvel, afixando placas no local e divulgação através de diversos meios, como anúncios em jornais, revistas, classificados, sites na internet, entre outros. Também é necessário deixar clara qual é a finalidade do imóvel, seja para fins residenciais, comerciais ou outros (SEBRAE, 2018). Segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), imobiliária é um tipo de empresa que atua no mercado imobiliário através da intermediação de venda ou locação de imóveis, e na administração de imóveis locados. Esses imóveis podem ser casas, apartamentos, salas e escritórios. 13 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Você já parou para pensar sobre como os valores de comercia- lização do imóvel são determinados? Para a determinação do valor de comercialização do imóvel (locação ou venda), a imobiliária precisa seguir algumas premissas e oferecer um valor competitivo, dentro da realidade do mercado. Essa escolha geralmente é baseada em uma avaliação do bem que, segundo a ABNT, é uma: análise técnica, re- alizada por engenheiro de avaliações, para identificar o valor de um bem, de seus custos, frutos e direitos, assim como determinar indi- cadores da viabilidade de sua utilização econômica, para uma deter- minada finalidade, situação e data (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 3). Segundo o Sebrae (2018), é possível escolher o valor do imóvel com base em alguns valores, por exemplo: • Valor venal: É o valor estimado pelo poder público sobre o preço de um determinado bem e serve como base para o cálculo de impostos. Este valor utiliza critérios como a idade do bem e a localização. Para bens imóveis, leva-se em consideração a área da edificação, as características do imóvel, a sua finalidade e o valor do metro quadrado do imóvel. • Valor de mercado: O valor de mercado é a: quantia mais provável pela qual se negociaria voluntariamente e conscientemente um bem, numa data de referência,dentro das condições do mercado vigente (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 5). • Valor locativo: Valor estimado para o aluguel de um imóvel. • Valor patrimonial tributário: É o “valor correspondente à totalidade dos bens de pessoa física ou jurídica” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 5). Além disso, para fazer uma avaliação adequada do imóvel segundo seu fim de utilização, pode-se usar alguns métodos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001): • Método comparativo: Identifica o valor de mercado do imóvel de acordo com os atributos de elementos comparáveis. • Método da renda: O método de avaliação do imóvel pela renda permite identificar o valor do bem com base na renda líquida 14 Gestão Imobiliária prevista, considerando os possíveis cenários viáveis para sua exploração ou utilização. • Método do custo do imóvel: Este método leva em consideração os custos de manutenção e gerenciamento do bem ou de suas partes. Através de orçamentos, ele quantifica os recursos diretos e indiretos necessários para manter o imóvel. • Método do valor residual: Este método avalia o imóvel de acordo com o valor do bem ao final de sua vida útil. • Construtoras As construtoras são empresas responsáveis por executar um projeto de acordo com as especificações técnicas e o memorial descritivo, dentro do prazo do contrato. Geralmente, essas empresas são contratadas por terceiros, como incorporadoras, empresas ou governos federal, estadual ou municipal para realizar uma obra específica (GAFISA, 2014). Segundo a norma NBR 14.653-1 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), um imóvel é definido como um “bem constituído de terreno e eventuais benfeitorias a ele incorporadas. Pode ser classificado como urbano ou rural, em função da sua localização, uso ou vocação” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 4). Ainda segundo esta mesma norma, podemos entender empreendimento como um: Conjunto de bens capaz de produzir receitas por meio de comercialização ou exploração econômica. Pode ser: imobiliário (por exemplo: loteamento, prédios comerciais/residenciais), de base imobiliária (por exemplo: hotel, shopping center, parques temáticos), industrial ou rural (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 4). Você sabe o que são Normas Técnicas? Norma técnica é um documento contendo regras, diretrizes ou características para algum tipo de atividade ou para os seus resultados com o objetivo de organizar e ordenar um contexto. No Brasil, um dos órgãos responsáveis por estabelecer e aprovar estas normas é a ABNT. Para ser aprovada, uma Norma Brasileira (NBR) passa por um processo de elaboração e envolve todas as partes interessadas, Um imóvel é definido como um “bem constituído de terreno e eventuais benfeitorias a ele incorporadas. Pode ser classificado como urbano ou rural, em função da sua localização, uso ou vocação”. 15 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 como fabricantes, consumidores, governo, institutos de pesquisa, universidades e sociedade (SEBRAE, 2018). Existem algumas normas específicas que regem as atividades no mercado imobiliário. Algumas delas são: • ABNT NBR 12721:2006 Versão Corrigida 2:2007 – Avaliação de custos unitários de construção para incorporação imobiliária e outras disposições para condomínios edifícios – Procedimento: Esta norma tem como objetivo atender ao que foi definido pela Lei n. 4.591/64 e alterações posteriores. Ela estabelece critérios para avaliação de custos unitários, cálculo do rateio de construção, entre outras disposições. Ela pode ser aplicada a edifícios com unidades autônomas dispostas em pavimentos, conjuntos residenciais unifamiliares isolados ou geminados e conjunto de edificações objeto de incorporação imobiliária. • ABNT NBR 14037:2011 Versão Corrigida: 2014 – Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção das edificações — Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos: Esta norma tem como principal objetivo estabelecer os requisitos mínimos para elaboração e apresentação dos conteúdos a serem incluídos no manual de uso, operações e manutenção das edificações, um documento a ser elaborado pelo construtor e/ ou incorporador, que deverá ser entregue aos futuros proprietários e gestores do condomínio. • ABNT NBR 14653-1:2001 Versão Corrigida 2:2005 – Avaliação de bens – Parte 1: Procedimentos gerais: A primeira parte desta NBR apresenta as diretrizes para a avaliação de bens através da classificação da sua natureza; da instituição de terminologia, definições, símbolos e abreviaturas; da descrição das atividades básicas; da definição da metodologia básica; da especificação das avaliações; e dos requisitos básicos de laudos e pareceres técnicos de avaliação. • ABNT NBR 14653-2:2011 – Avaliação de bens – Parte 2: Imóveis urbanos: A segunda parte desta NBR tem como objetivo detalhar os procedimentos gerais apresentados na parte 1 da NBR 14653, especificamente com relação à avaliação de imóveis urbanos. • ABNT NBR 14653-3:2004 – Avaliação de bens – Parte 3: Imóveis rurais: A terceira parte desta NBR visa consolidar os conceitos, métodos e procedimentos gerais para os serviços técnicos de avaliação, especificamente em imóveis rurais. 16 Gestão Imobiliária • ABNT NBR 14653-4:2002 – Avaliação de bens – Parte 4: Empreendimentos: A quarta parte desta NBR é centrada na avaliação de empreendimentos e tem por objetivo detalhar e complementar os procedimentos gerais, especificando-os com relação a empreendimentos. Existem diferentes tipos de empreendimentos e eles podem ser classificados de várias formas. Uma dessas formas é a classificação de acordo com a base. Os empreendimentos imobiliários, com parcelamento do solo, benfeitorias, ou ambos, podem ter finalidade residencial, comercial, de serviços, industrial, rural ou misto. Os de base imobiliária são aqueles que têm como principal fim a exploração comercial e/ou de serviços, por exemplo, os hotéis, os motéis, os resorts, os apart-hotéis, os shoppings centers, os centros de compras, os parques temáticos, os clubes, os postos de combustíveis, os estabelecimentos relacionados a entretenimento, como teatros, cinemas, casas de show, os depósitos, os hospitais, as clínicas, as casas de repouso, os cemitérios, os supermercados, os estádios e os estabelecimentos de ensino. Os de base industrial englobam tanto empreendimentos de transformação como os de construção civil. Os de base rural abrangem as agroindústrias, as áreas de exploração animal e vegetal (extração ou cultivo) e a exploração mista. Os de base comercial e serviços têm relação com construções de transmissão de dados e teleinformática, e os de base mineral estão associados à extração e ao beneficiamento. Os empreendimentos com base em concessões de serviços públicos abrangem a produção e a distribuição de água potável; o esgoto; a coleta e o tratamento de resíduos sólidos; a geração, transmissão e distribuição de energia elétrica; a telecomunicação; a radiodifusão e a televisão; a distribuição de gás; as rodovias, ferrovias, hidrovias e os terminais de transporte rodoviário, hidroviário e marítimo, aeroviário, ferroviário e intermodal (transporte coletivo) (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2002). • Incorporadoras As incorporadoras são empresas que adquirem um terreno, desenvolvem um projeto de arquitetura e providenciam as aprovações legais para a construção. Elas são responsáveis por entregar as unidades imobiliárias aos proprietários e, em alguns casos, vendem as unidades antes ou durante a construção (GAFISA, 2014). Segundo a Lei n. 4.591/64, “considera-se incorporação imobiliária a atividade exercida com o intuito de promover e realizar a construção, para Segundo a Lei n. 4.591/64, “considera- se incorporação imobiliária a atividade exercida com o intuito de promover erealizar a construção, para alienação. 17 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 alienação total ou parcial, de edificações ou conjunto de edificações compostas de unidades autônomas” (BRASIL, 1964c, parag. único). A Lei esclarece, ainda, que o incorporador pode ser uma pessoa física ou jurídica, comerciante ou não, que tem o compromisso de efetivar a venda de partes do terreno para sua vinculação a unidades autônomas. Além disso, essas edificações podem ser construídas sob regime condominial. O incorporador fica responsável, portanto, pela entrega da obra concluída no prazo, a preço e condições determinadas. Segundo a Cartilha para Registros de Incorporações Imobiliárias e Condomínios criada pelo Sinduscon/MG (2018), o incorporador deve apresentar no Ofício de Registro de Imóveis os seguintes documentos: Memorial de incorporação; Título de propriedade do terreno; Certidões negativas de tributos federais, estaduais e municipais; Certidões das justiças federal e estadual; Certidões de protesto de títulos; Certidões do imóvel; Histórico dos títulos de propriedade do imóvel; Projeto arquitetônico de construção; Quadros da NBR 12.721:2006, com ART/RRT; Alvará de construção; Atestado de idoneidade financeira; Contrato-padrão; Declaração de vagas de garagem; Declaração em que se defina a parcela do preço de que trata o art. 39, II, Lei 4.591/64; Certidão de instrumento público de mandato; e, Declaração do prazo de carência. Em 2 de agosto de 2004, foi publicada a Lei n. 10.931, que dispõe sobre o patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias, Letra de Crédito Imobiliário, Cédula de Crédito Imobiliário e Cédula de Crédito Bancário (BRASIL, 2004). A publicação desta lei teve um impacto importante nas atividades das incorporadoras, pois entende que patrimônio de afetação pode ser entendido como um patrimônio separado da totalidade dos patrimônios pertencentes ao incorporador. Este bem é destinado à incorporação, especificamente, e não poderá ser utilizado em processos judiciais movidos por credores do incorporador ou utilizado para pagamento em processos de falência (ROSSI, 2004). Assim, as pessoas que adquirem imóveis em incorporações não serão prejudicadas com a perda do valor investido em um empreendimento. • Órgãos de registro e de fiscalização Existem diversos órgãos de registro e de fiscalização atuantes no mercado imobiliário. Os órgãos de registro são os responsáveis por tornar público qualquer ato ou negócio, fazendo o controle da legalidade dos documentos e conservando seus detalhes. Através destes registros, é possível garantir a eficácia, a autenticidade e a segurança jurídica de ações ou negociações, protegendo o direito dos cidadãos (LEÃO, 2018). Um dos principais órgãos de registros existentes no Brasil, atualmente, são os Cartórios de Registro de Imóveis. Nestes A publicação desta lei teve um impacto importante nas atividades das incorporadoras, pois entende que patrimônio de afetação pode ser entendido como um patrimônio separado da totalidade dos patrimônios pertencentes ao incorporador. 18 Gestão Imobiliária locais, são “cadastrados a localização, o histórico e a situação jurídica de todos os imóveis de uma determinada região” (GAFISA, 2014, p. 58). Os órgãos de fiscalização são responsáveis por acompanhar as atividades dos profissionais que atuam no mercado imobiliário, bem como verificar a conduta das empresas relacionadas a essas atividades. Dentro deste contexto, podemos destacar o Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI) e o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA). O Conselho de Corretores de Imóveis possui representações nos estados do Brasil, denominados Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis (CRECI). Do mesmo modo, o CONFEA possui os Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (CREA). O COFECI normatiza e fiscaliza a atividade profissional do corretor de imóveis e está presente em todo o Brasil, sendo composto por 25 Conselhos Regionais. Segundo a própria entidade, atualmente, são 280 mil profissionais associados e 40 mil empresas que intermedeiam os negócios imobiliários. Essa atividade faz parte da cadeia produtiva da construção civil e representa 18% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (CONSELHO FEDERAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS, 2018). Para saber mais sobre o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis do seu estado, acesse o site do Conselho Federal de Corretores de Imóveis: <http://www.cofeci.gov.br/index. php?option=com_wrapper&view=wrapper&Itemid=378>. O CONFEA é o órgão responsável pela fiscalização e regulamentação das atividades profissionais relacionadas a Engenharia, Agronomia, bacharéis em Geografia, Geologia e Meteorologia, em níveis técnico, superior (tecnólogo, licenciatura e bacharelado) e de pós-graduação. Foi criado em 1933 por meio de um decreto assinado pelo então presidente Getúlio Vargas. Segundo a entidade, atualmente, são registrados cerca de um milhão de profissionais (CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA, 2018). Dentro deste contexto, podemos destacar o Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI) e o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA). 19 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Se a sua área de atuação no mercado imobiliário está associada à atividade profissional de engenheiros e profissionais da Agronomia, Geografia, Geologia e Meteorologia, acesse o site do Conselho Fe- deral de Engenharia e Agronomia para saber mais informações so- bre o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do seu estado: <http://www.confea.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home>. • Entidades de classe Existem, também, outras entidades que participam, de alguma forma, do mercado imobiliário brasileiro. Entidades de classe podem ser entendidas como uma sociedade de empresas ou de pessoas que não visa o lucro e não está sujeita a falência. Seu principal objetivo é prestar serviços aos seus membros e, geralmente, possui cargos eletivos que exercem suas atividades de maneira gratuita (por exemplo, o presidente, os conselheiros e os diretores). Essas entidades abrangem as confederações, as federações, as associações, os sindicatos, as cooperativas, as entidades profissionais, entre outros. Destaca-se aqui as associações e os sindicatos. Uma associação de classe representa os interesses de determinada classe de profissionais ou de empresas que atuam em um determinado setor. No mercado imobiliário, existem associações de administrações de imóveis, de advogados que atuam no mercado imobiliário, de dirigentes de empresas deste setor, de entidades de crédito imobiliário, de incorporadoras, entre outros. Existem muitas associações que atuam no mercado imobiliário atualmente. Ao acessar seus sites, você poderá encontrar pesquisas sobre o mercado imobiliário, materiais sobre formas de atuação, cartilhas, e-books, manuais e muitos outros tipos de publicações que podem auxiliar na sua atuação profissional. Navegue pelas páginas destas associações e veja os materiais disponíveis: • Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (ABADI): <http://www.abadi.com.br/>. • Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (ABECIP): <https://www.abecip.org.br/>. 20 Gestão Imobiliária • Associação Brasileira de Advogados do Mercado Imobiliário (ABAMI): <http://www.abami.org.br/>. • Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC): <https://www.abrainc.org.br/>. • Associação Brasileira do Mercado Imobiliário (ABMI): <http://www. abmi.org.br/>. • Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (AABIC): <http://www.aabic.com.br/>. • Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (ADEMI): <http://www.ademi.org.br/>. Os sindicatos são associações estáveis e permanentes que buscam suprir necessidadesou resolver problemas comuns a uma categoria de profissionais ou trabalhadores de um setor específico. Dentre os sindicatos que atuam no mercado imobiliário, podemos citar o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Comerciais e Residenciais (SECOVI) e o Sindicato dos Corretores de Imóveis. Atualmente, existem 23 SECOVIs presentes em 17 estados brasileiros e no Distrito Federal. Estes sindicatos atuam na defesa dos interesses dos profissionais da categoria, em negociações coletivas de trabalho e no atendimento jurídico. Além disso, estas instituições promovem congressos, feiras e outros eventos, publicam livros, revistas e cartilhas, ofertam cursos de qualificação profissional e realizam pesquisas sobre o mercado imobiliário. Se você deseja conhecer mais sobre o Sindicato dos Corretores de Imóveis do seu estado, acesse o site da FENACI e confira a lista de sindicados no Brasil: <http://www.fenaci.org.br/index.php?option=- com_content&view=article&id=52&Itemid=58>. Você também pode consultar o site dos SECOVIs para verificar se existe uma represen- tação da entidade no seu estado, acessando o site: <http://www.se- covis.com.br/>. 21 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Geralmente, os sindicatos são subordinados a uma federação, uma instituição responsável por organizar os sindicatos de cada estado brasileiro. Os Sindicatos dos Corretores de Imóveis dos estados, por exemplo, são afiliados à Federação Nacional dos Corretores de Imóveis (FENACI). A FENACI representa os profissionais liberais corretores de imóveis perante os poderes públicos (federal, estadual e municipal), apresentando as reivindicações da categoria. Criada em 1986, é composta por 26 sindicatos afiliados, distribuídos no território nacional. A federação é filiada à Confederação Nacional das Profissões Liberais e à Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (FIABCI) (FEDERAÇÃO NACIONAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS, 2018). Você sabia que a Federação Internacional das Profissões Imobiliárias (FIABCI) é uma organização internacional que congrega pessoas físicas e jurídicas que atuam no setor imobiliário? A FIABCI é uma instituição mundial, com sede em Paris, que atua em mais de 40 países e tem participação na Comissão Habitat da Organização das Nações Unidas (ONU). Você pode conhecer mais sobre a atuação da entidade e informações sobre o setor em âmbito mundial acessando o site: <http://www.fiabci.com.br/website/quemSomos>. Por fim, entre as entidades que atuam no mercado imobiliário, podemos citar também as câmaras. Uma câmara é uma sede de algum tipo de órgão profissional. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) possui diversas câmaras de comércio, que são órgãos consultivos da presidência da CNC. Essas câmaras realizam estudos e dão sugestões sobre a atuação da entidade em determinado segmento. A câmara responsável pelo setor imobiliário dentro da CNC é a Câmara Brasileira de Comércio e Serviços Imobiliários (CBCSI). Integram esse grupo os empresários que atuam no setor, os representantes da Confederação em organismos governamentais correlatos, além de técnicos e diretores da entidade que atuam em todo o país. Além da CBCSI, podem citar também a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que representa o setor da indústria da construção no Brasil e promove a integração da cadeia produtiva. Além disso, a entidade também produz conhecimento qualificado através de pesquisas e articula a relação entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, os agentes financiadores, a academia e outras entidades. 22 Gestão Imobiliária Para acompanhar a atuação da CBCSI e da CBIC, você pode acessar os sites das entidades. Lá, eles publicam constantemente relatórios sobre o setor e outras informações importantes para quem atua no mercado imobiliário. Para acompanhar as atividades da CBCSI, acesse: <http://cnc. org.br/cnc/atuacao-da-cnc/camaras-do-comercio/camaras-brasilei- ras-do-comercio>. Para saber mais sobre as ações da CBIC, acesse: <https://cbic. org.br/institucional/>. • Bancos e financiadoras Existem, também, bancos e empresas financiadoras que atuam direta e indire- tamente no mercado imobiliário. Neste cenário, podemos destacar algumas institui- ções públicas e privadas que influenciam diretamente o mercado imobiliário, como o Banco Central (BC), o Banco do Brasil (BB), as Caixas Econômicas, os bancos comerciais e as companhias de crédito, financiamento e investimento (financeiras). O Banco Central do Brasil é responsável por manter a estabilidade financeira do país e, por isso, atua controlando a inflação, regulando a quantidade de moeda em circulação na economia e supervisionando as instituições financeiras. O Banco do Brasil atua como orientador do financiamento das atividades econômicas, através de linhas especiais de crédito. Os juros cobrados por estes financiamentos são subsidiados pelas autoridades monetárias para fomentar atividades econômicas prioritárias, entre elas o crédito habitacional. Desta forma, ele oferece financiamento de imóveis residenciais e comerciais com prazos de até 35 anos, utilizando inclusive o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) (BANCO DO BRASIL, 2018). Ficou curioso para saber um pouco mais sobre o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e as instituições que o compõem? Acesse o site do BC e conheça mais sobre todos os segmentos e suas funções: <https://www.bcb.gov.br/pre/composicao/composicao.asp>. O Banco Central do Brasil é responsável por manter a estabilidade financeira do país e, por isso, atua controlando a inflação, regulando a quantidade de moeda em circulação na economia e supervisionando as instituições financeiras. 23 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 As Caixas Econômicas são instituições semelhantes aos bancos comerciais, que captam depósitos, realizam operações e prestam serviços. Contudo, a Caixa tem por dever priorizar a concessão de empréstimos e financiamentos a programas e projetos de assistência social. É a instituição que centraliza o recolhimento e a aplicação dos recursos do FGTS, além de integrar o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e o Sistema Financeiro da Habitação (SFH). A Caixa Econômica Federal possui diversos fundos habitacionais com o intuito de fornecer crédito para a habitação. Dentre estes fundos podemos destacar o Fundo de Desenvolvimento Social (FDS), Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) e o Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR). Para saber mais sobre os produtos da Caixa Econômica Federal voltados à habitação e os fundos que fomentam o crédito habitacional, acesse o site da instituição: <http://fundosdegoverno. caixa.gov.br/sicfg/portal-home>. Segundo o BC, os bancos comerciais são “instituições financeiras privadas ou públicas que têm como objetivo principal proporcionar suprimento de recursos necessários para financiar, a curto e a médio prazos, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral” (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018a). Além dos bancos comerciais, podemos citar também as associações de poupança e empréstimo, criadas para facilitar a aquisição da casa própria e captar recursos de poupanças. As Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento, também conhecidas como financeiras, “são instituições privadas que fornecem empréstimo e financiamento para aquisição de bens, serviços e capital de giro” (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018b). Até aqui, nós vimos as muitas instituições que atuam no mercado imobiliário brasileiro, como as imobiliárias, as construtoras, as incorporadoras, os órgãos de registro e de fiscalização, as entidades de classe e os bancos e financiadoras. Existem, também, pessoas que atuam no mercado imobiliário. Dentre estas pessoas, podemos citar oscorretores de imóveis e os diversos tipos de clientes. Vamos entender quais são as atividades e as responsabilidades de cada um. • Corretores de imóveis O corretor de imóveis é o profissional que intermedeia os negócios que envolvem a compra, a venda ou a locação de imóveis. Estes profissionais 24 Gestão Imobiliária são autorizados para atuar neste mercado através do registro nos Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis (CRECIs) (GAFISA, 2014). Dentre as principais atividades deste profissional, podemos citar a prospecção de imóveis para venda ou de clientes interessados em comprar imóveis, acompanhamento em negociações de compra, venda, permuta ou aluguel de imóveis com finalidade residencial, comercial ou outra, avaliação de imóveis e consultoria, além da administração de imóveis e de condomínios. Nos próximos capítulos, iremos entender melhor todas as atividades deste profissional. • Clientes Como vimos lá no início do nosso livro, o mercado imobiliário é composto por um grupo de compradores e vendedores que atuam neste setor. Por isso, não poderíamos deixar de falar do nosso principal agente: o cliente. Você já parou para pensar sobre o cliente? Podemos definir clien- te como o atual ou futuro comprador de algum tipo de produto ou ser- viço (AMERICAN MARKETING ASSOCIATION, 2018). Contudo, este comprador pode (e geralmente é) influenciado por outras pessoas para sua decisão de compra. Por exemplo, um casal deseja comprar uma casa, pode ser influenciado em sua decisão pelos seus filhos, que querem ter um parquinho para brincar ou morar mais perto da escola. Podemos categorizar os tipos de clientes de acordo com diferentes critérios. É possível separar os clientes por tipo de utilização do imóvel, que pode ser residencial, comercial, industrial ou rural. Também podemos diferenciá-los de acordo com o tipo de negociação do imóvel, pela perspectiva da compra ou da venda do imóvel e do locador ou do locatário. Para facilitar nosso entendimento, vamos apresentar os diversos tipos de negociação de acordo com os clientes físicos (pessoas em geral) e os clientes jurídicos (empresas). De acordo com a legislação brasileira, todo o ser humano é, desde o nascimento, considerado Pessoa Física (PF). Geralmente, este tipo de cliente busca imóveis residenciais para compra ou aluguel, ou pretende vender ou alugar um imóvel que já possui. Algumas vezes, eles também buscam algum tipo de imóvel comercial para abrir um escritório ou para investir, além de quererem adquirir um imóvel rural para produção agropecuária. Apesar de todos 25 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 estes clientes serem pessoas físicas, os objetivos de negócios são diferentes e requerem atenção especial para cada um. Por outro lado, também de acordo com a legislação brasileira, Pessoa Ju- rídica (PJ) são empresas, associações, igrejas, partidos políticos e, até mesmo, órgãos públicos. Os clientes jurídicos, portanto, compram e vendem imóveis que fazem parte do seu patrimônio, além de serem locatários ou locadores de alguma propriedade. Da mesma forma que os clientes físicos, cada tipo de cliente jurídico demanda um tipo de atenção especial e um atendimento específico, de acordo com seus objetivos e necessidades. Dentre os clientes jurídicos, dentro do mer- cado imobiliário, também podemos destacar os condomínios, que frequentemente requerem algum tipo de serviço de gestão ou de manutenção dos imóveis. 2) Até aqui, vimos que existem muitas entidades e pessoas envolvi- das no mercado imobiliário. Cada um possui um papel importante no setor. Para exercitar e relembrar os conceitos aprendidos até aqui, complete o quadro abaixo com o principal papel de cada agente que atua no mercado imobiliário e dê um exemplo. AGENTE PRINCIPAL PAPEL NO MERCADO IMOBILIÁRIO EXEMPLO Imobiliária Construtora Incorporadora Órgão de registro Órgão de fiscalização Entidades de classe Bancos Corretores de Imóveis Proprietário de imóvel Locatário 26 Gestão Imobiliária Até aqui, vimos o conceito de mercado imobiliário e os diversos agentes envolvidos neste setor. Estes agentes podem ser instituições públicas ou privadas, profissionais e clientes. Na seção a seguir, iremos ver como surgiu o mercado imobiliário no Brasil e como iniciou seu processo de regulamentação. Além disso, veremos que, ao longo dos anos, houve diversas influências no mercado imobiliário que partiram tanto do setor público, por meio de leis e regulações, quanto do setor privado, através de investimentos e empreendimento. 3 O SURGIMENTO E A REGULAMENTAÇÃO DO MERCADO IMOBILIÁRIO NO BRASIL Agora que já aprendemos o conceito de mercado imobiliário e os agentes que atuam no setor, vamos conhecer a história do mercado imobiliário no Brasil. Primeiro, vamos ver quais foram os fatos que ocorreram para influenciar o surgimento do mercado imobiliário brasileiro. Depois, vamos entender um pouco como ocorreu a regulamentação do mercado imobiliário. 3.1 O SURGIMENTO DO MERCADO IMOBILIÁRIO BRASILEIRO Para falarmos sobre o surgimento do mercado imobiliário brasileiro, precisamos voltar um pouco no tempo, antes mesmo da descoberta do Brasil pelos portugueses. No final da Idade Média, a Europa vivia uma grave crise agrícola e econômica. Neste período, também, estima- se que a peste negra tenha afetado 50% da população europeia (DUNHAM, 2008). Em 1375, Portugal, com dificuldade de produzir alimentos e suprir as necessidades de sua população, promulga a Lei das Sesmarias. Sesmaria era “um lote de terras distribuído a um beneficiário, em nome do rei de Portugal, com o objetivo de cultivar terras virgens” (PINTO, 2018). Portanto, essas terras eram doadas porque: [...] governo lusitano tinha de povoar muitos territórios, retomados dos muçulmanos, período conhecido como Reconquista. Essa expulsão dos árabes pelos cristãos iniciou- se no século XI e terminou por volta do século XV (DINIZ, 2005, p. 2). Sesmaria era “um lote de terras distribuído a um beneficiário, em nome do rei de Portugal, com o objetivo de cultivar terras virgens” (PINTO, 2018). 27 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Com a descoberta do Brasil, em 1500, Portugal precisou pensar em formas de colonizar e povoar as novas terras. Em 1532, D. João III criou o regime das capitanias hereditárias, que só seria implementado em 1534. Esse sistema buscava: Estabelecer mecanismos de efetivo controle sobre o litoral atlântico [...] e assim foram doadas 14 donatarias, com 50 ou 100 léguas de costa cada uma, entre 1534 e 1536, para promover a ocupação do Brasil. Os donatários das primeiras capitanias pertenciam, majoritariamente, a uma nobreza de funções que se destacara no serviço da Coroa, seja como funcionários, seja nas navegações e atividades militares (HERMANN, 2007, p. 21, 23). A Figura 1 mostra o mapa feito por Luís Teixeira, em 1574, da divisão da América portuguesa em capitanias. FIGURA 1 – MAPA DE LUÍS TEIXEIRA FONTE: Teixeira (1574) 28 Gestão Imobiliária Martin Afonso de Souza foi o primeiro capitão donatário autorizado a distribuir terras no Brasil. As capitanias eram divididas em partes menores, também chamadas de sesmarias. A distribuições das terras eram registradas através de documentos emitidos pelas autoridades, chamadas de cartas de Sesmarias, e permitiam a doação das terras e obrigavam os colonos portugueses na América a cultivar a terra e pagar tributos à Coroa Portuguesa em um prazo de cinco anos. Essa obrigação raramente era cumprida e a doação das sesmarias não garantia a propriedade das terras, mas o direito de cultivá-las (PINTO, 2018). Com a vinda da família real para o Brasil, em 1808, iniciou-se um movimento de urbanização na cidade do Rio de Janeiro. A corte precisava ser acomodada e não havia moradias no padrão exigido pela nobreza. A família real foi instalada no Palácio dos Vice-Reis,além de edifícios próximos, como o Convento do Carmo, a Casa da Câmara e a cadeia. Além disso, muitas residências foram desapropriadas para acomodar outros nobres e repartições públicas. Os proprietários foram despejados de maneira arbitrária e até violenta. Em 1821, com a introdução da imprensa no país, surgiram jornais como O Sentinela e O Tamoio, no Rio de Janeiro, que já anunciavam a venda de imóveis (CONSELHO FEDERAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS, 2010a). A Figura 2 mostra anúncios de venda de imóveis no jornal Diário do Rio de Janeiro, publicado em 4 de junho de 1821. Observa-se que já havia um intermediário designado pelo dono do imóvel para vendê-lo. FIGURA 2 – ANÚNCIO DE VENDA DE IMÓVEL NO JORNAL DIÁRIO DO RIO DE JANEIRO Os proprietários foram despejados de maneira arbitrária e até violenta. FONTE: Conselho Federal de Corretores de Imóveis (2010a) Em 1822, o Brasil declara independência de Portugal e, com isso, a Lei das Sesmarias foi derrogada. O novo governo precisava organizar, de alguma maneira, 29 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 a distribuição de terras. Por isso, em 18 de setembro de 1850 foi assinada a Lei nº 601, chamada Lei das Terras (BRASIL, 1850b). Esta lei pode ser considerada a primeira iniciativa de organização da propriedade privada no Brasil e estabelecia que a compra era a única forma de apropriação da terra (PINTO, 2018). Se você ficou curioso sobre a Lei das Terras, acesse o texto original no site do Planalto Central: <http://www.planalto.gov.br/ Ccivil_03/LEIS/L0601-1850.htm>. Embora tenha sido criada no período imperial, a Lei das Terras permaneceu vigente mesmo depois da Proclamação da República, em 1889, sofrendo poucas alterações depois disso. Somente mais recentemente, na Constituição de 1988, houve mudanças significativas no entendimento de propriedade no Brasil. Iremos falar mais sobre isso mais adiante. Vale ressaltar aqui que, a partir de 1889, inicia- se uma nova fase para o país recém-formado. 3) Até aqui, relembramos um pouco da história da colonização do Brasil e a aquisição das primeiras propriedades, mas você já parou para pensar sobre a colonização da sua região? Você sabe quais foram as primeiras propriedades construídas? Quem foram seus construtores e proprietários? Faça uma pesquisa em jornais de sua cidade, livros, sites, entre outras fontes, e responda às seguintes questões: a) Como foi o povoamento da sua cidade? Quem foram os primeiros moradores? R.: 30 Gestão Imobiliária b) Quais foram as primeiras construções da sua cidade? Quem as construiu e quais foram seus proprietários? R.: Olhando pela perspectiva de influência do setor privado no mercado imobiliário brasileiro, ainda no final do Século XIX, começam a se estabelecer no país as primeiras empresas focadas em investir em construções. A Brookfield, uma empresa de gestão de ativos mundial, foi fundada em São Paulo por um grupo de investidores brasileiros e canadenses, em 1899 (GRISOTTO, 2017). Se quiser conhecer mais sobre a história da Brookfield e suas influências no mercado imobiliário brasileiro, acesse o site da empresa em: <https://www.brookfield.com/pt-br/negocios/imobiliario>. O principal objetivo da empresa, em sua fundação, era instalar sistemas de iluminação pública e de linhas de bondes movidos à energia elétrica. Ao longo dos anos, sob o nome de Brascan, o grupo atuou também na instalação de sistemas de distribuição de gás e de telefonia, e expandiu sua atuação para a cidade do Rio de Janeiro. A empresa foi responsável pela construção de imóveis comerciais como o Edifício Cidade Jardim e a WTorre Morumbi, em São Paulo, o Centro Empresarial Senado, no Rio de Janeiro, entre muitos outros (CAMPOS, 2018). A Figura 3 apresenta estas construções. A empresa foi responsável pela construção de imóveis comerciais como o Edifício Cidade Jardim e a WTorre Morumbi, em São Paulo, o Centro Empresarial Senado, no Rio de Janeiro, entre muitos outros (CAMPOS, 2018). 31 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 FIGURA 3 – EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS DA BROOKFIELD NO BRASIL FONTE: Campos (2018) Notas: (1) Edifício Cidade Jardim, localizado na Avenida Cidade Jardim, na região da Faria Lima, em São Paulo. (2) Torre Morumbi, localizada na Avenida das Nações Unidas, na região da Marginal Pinheiros, em São Paulo. (3) Centro Empresarial Senado, localizado na Rua dos Inválidos, na região central do Rio de Janeiro. Até aqui, vimos os principais acontecimentos que influenciaram o surgimento do mercado imobiliário brasileiro. A seguir, iremos conhecer os principais eventos que ajudaram a regulamentar o setor no Brasil. 3.2 A REGULAMENTAÇÃO DO MERCADO IMOBILIÁRIO Vimos, na seção anterior, como iniciou a distribuição de terras no Brasil Colônia. Na década de 1930, houve vários eventos que iniciaram a regulamentação do mercado imobiliário brasileiro. Um dos primeiros acontecimentos é o reconhecimento do primeiro Sindicato de Corretores de Imóveis, no Rio de Janeiro, 1937 (JÚNIOR, 2015, p. 107). 1 2 3 32 Gestão Imobiliária No ano seguinte surgia, em São Paulo, a Associação Profissional dos Corretores de Imóveis. A Figura 4 mostra uma notícia sobre a eleição da primeira diretoria do Sindicado dos Corretores de Imóveis de São Paulo, publicada em um jornal da época. FIGURA 4 – NOTÍCIA SOBRE A ELEIÇÃO DA PRIMEIRA DIRETORIA DO SINDICATO DOS CORRETORES DE IMÓVEIS DE SÃO PAULO FONTE: Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Espírito Santo (2018) Na década de 1940, tanto o Sindicato dos Corretores de Imóveis de São Paulo como o do Rio de Janeiro lançam um decálogo para descrever a conduta dos profissionais da área. Nesta época, já havia o costume de pagamento de comissão para os corretores. Contudo, para a profissão ser reconhecida, era preciso que a atividade fosse regulamentada e que cursos técnicos fossem criados (CONSELHO FEDERAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS, 2010b). Isso só iria acontecer na década seguinte, como veremos na sequência. Um acontecimento importante da década de 1950 que influenciou o mercado imobiliário foi a fundação da empresa Gafisa, em 1954. Inicialmente criada sob o nome de Gomes de Almeida Fernandes, a empresa já construiu mais de 14 milhões de m² e já entregou mais de mil empreendimentos distribuídos em mais de 30 cidades brasileiras. A fundação da Gafisa representa uma influência do setor privado no mercado imobiliário brasileiro porque introduziu diversas inovações. Sob a perspectiva de oferta de produtos e serviços aos clientes, a Gafisa lançou o conceito A fundação da Gafisa representa uma influência do setor privado no mercado imobiliário brasileiro porque introduziu diversas inovações. 33 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 de residence service; criou empreendimentos do tipo condomínios- clube, bairros planejados e flats; e inovou ao oferecer serviços de customização de plantas e acabamentos e ao disponibilizar fotos de suas obras na internet. A construtora também foi a primeira empresa a lançar um edifício construído com base nas ideias dos consumidores enviadas através do Facebook, o The Eureka Building. Sob a perspectiva sustentável, a empresa inovou ao instalar vasos sanitários com caixas acopladas para economizar água e foi a primeira da América Latina a obter a certificação internacional Green Building Platinum, pelo edifício Eldorado Business Tower. Nos canteiros de obras, a Gafisa foi a primeira a oferecer alimentação e cursos de alfabetização para seus funcionários e a implementar o controle e a gestão para otimizar tempo e recursos (GAFISA, 2014). Por fim, pela perspectiva da própria marca, a construtora foi a primeira a desenvolver um site com conteúdo institucional e seus produtos, e a colocar a marca nos guindastes nas obras. Ainda na década de 1950, mais precisamenteno ano de 1957, acontece o I Congresso Nacional de Corretores de Imóveis, no Rio de Janeiro. Durante o evento, foi elaborado o primeiro projeto de lei para regulamentar a profissão de corretor de imóveis (JÚNIOR, 2015). No ano seguinte, o artigo 37 do Código Comercial Brasileiro foi revogado, passando a permitir que as mulheres exercessem a profissão de corretoras de imóveis. Até 1958, as mulheres não podiam ser corretoras no Brasil. A Lei n. 556, de 25 de junho de 1850, denominada Código Comercial, continha um capítulo específico sobre os corretores: Capítulo II DOS CORRETORES Art. 36 - Para ser corretor, requer-se ter mais de 25 (vinte e cinco) anos de idade, e ser domiciliado no lugar por mais de 1 (um) ano. Art. 37 - Não podem ser corretores: 1 - os que não podem ser comerciantes; 2 - as mulheres; 3 - os corretores, uma vez destituídos; 4 - os falidos não reabilitados, e os reabilitados, quando a quebra houver sido qualificada como compreendida na disposição dos artigos nºs 800, nº 2, e 801, nº 1 (BRASIL, 1850a). Por isso, em 1958, quando foi revogado o artigo 37, abriu-se espaço para as mulheres trabalharem como corretoras de imóveis. A Nos canteiros de obras, a Gafisa foi a primeira a oferecer alimentação e cursos de alfabetização para seus funcionários e a implementar o controle e a gestão para otimizar tempo e recursos (GAFISA, 2014). 34 Gestão Imobiliária Figura 4 mostra a notícia publicada no jornal Folha da Tarde em 06 de março de 1958. FIGURA 4 – NOTÍCIA DO JORNAL FOLHA DA TARDE 06/03/1958 FONTE: Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Espírito Santo (2018) A década de 1960 foi marcada por uma série de mudanças. Logo no início do ano de 1960, a cidade de Brasília foi inaugurada pelo então presidente Juscelino Kubitschek. A Figura 5 mostra uma fotografia da construção da rampa de acesso ao Congresso e, ao fundo, a cúpula do Senado, em 1959. FIGURA 5 – CONSTRUÇÃO DA RAMPA DE ACESSO AO CONGRESSO E CÚPULA DO SENADO, BRASÍLIA FONTE: Barbosa (1959, p. 6) Em 1962, era fundada, em São Paulo, a Cyrela, uma incorporadora e construtora de imóveis residenciais. A empresa, atualmente, atua em 66 cidades do Brasil, distribuídas em 16 estados, na Argentina e no Uruguai. Focada no segmento de médio e alto padrão, a construtora foi considerada por muitos 35 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 anos como a empresa mais admirada do Brasil no segmento de Construtoras e Incorporadoras e figurou no ranking das 25 marcas brasileiras mais valiosas em 2010 (CYRELA, 2018). Ainda na década de 1960, mais precisamente em 27 de agosto de 1962, foi promulgada a Lei n. 4.116, que regulamentava o exercício da profissão de corretor de imóveis (JÚNIOR, 2015). A partir disto, então, cria-se o Conselho Federal de Corretores de Imóveis e os CRECIs. A Lei n. 4.116/1962 foi a primeira lei que regulamentou a profissão de corretor de imóveis e mudou significativamente o mercado imobiliário. Essa lei criava os Conselhos Federal e Regionais para fiscalizar o exercício da profissão e definia como deveria atuar o profissional corretor de imóveis. Leia alguns trechos da lei que falam sobre quem poderia ser corretor de imóveis e quais as faltas que poderiam ser cometidas: Lei nº 4.116, de 27 de agosto de 1962 Dispõe sobre a regulamentação do exercício da profissão de corretor de imóveis. [...] Art. 1º O exercício da profissão de corretor de imóveis somente será permitido às pessoas que forem registradas nos Conselhos Regionais dos Corretores de Imóveis, de acordo com esta lei. Art. 2º O candidato do registro como corretor de imóveis deverá juntar ao seu requerimento: a) prova de identidade; b) prova de quitação com o serviço militar; c) prova de quitação eleitoral; d) atestado de capacidade intelectual e profissional e de boa conduta, passado por órgão de representação legal da classe; e) folha corrida e atestado de bons antecedentes, fornecido pelas autoridades policiais das localidades onde houver residido nos últimos três anos; f) atestado de sanidade; g) atestado de vacinação antivariólica; 36 Gestão Imobiliária h) certidões negativas dos distribuidores forenses, relativas ao último decênio; i) certidões negativas dos cartórios de protestos de títulos referentes ao último quinquênio; e j) prova de residência no mínimo durante os três anos anteriores no lugar onde desejar exercer a profissão; [...] Art. 3º Não podem ser Corretores de Imóveis: a) os que não podem ser comerciantes; b) os falidos não reabilitados e os reabilitados quando condenados por crime falimentar; c) os que tenham sido condenados ou estejam sendo processados por infração penal de natureza infamante, tais como: falsidade, estelionato, apropriação indébita, contrabando, roubo, furto, lenocínio ou passíveis, expressamente, de pena de perda do cargo público; e d) os que estiverem com o seu registro profissional cancelado. [...] Art. 17. Constituem faltas no exercício da profissão de corretor de imóveis: 1) prejudicar, por dolo ou culpa, interesses confiados aos seus cuidados. 2) auxiliar, ou por qualquer meio facilitar o exercício da profissão aos que estiverem proibidos, impedidos ou não habilitados para exercê-la. 3) praticar qualquer dos atos previstos no art. 8º desta lei. 4) promover ou facilitar, a terceiros, transações ilícitas ou que por qualquer forma prejudiquem interesses da Fazenda Nacional, Estadual ou municipal. 5) violar o sigilo profissional. 6) negar aos comitentes prestação de contas ou recibos de quantias ou documentos que pelos mesmos tenham sido entregues, para qualquer fim. 7) recusar a apresentação de carteira profissional, quando couber. FONTE: Brasil (1962) Curiosamente, até 1960, só existiam empreendimentos a preço de custo, ou seja, aqueles em que as pessoas que iriam adquirir uma unidade imobiliária ou os participantes de uma sociedade acompanhavam a construção e faziam 37 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 aportes de recursos, objetivando o término da obra. Nestes casos, a construtora responsável recebia um valor, chamado taxa de administração, para cobrir custos com materiais e mão de obra. Além disso, existiam empreendimentos desenvolvidos por incorporadoras que “ofereciam condições contratuais absolutamente longe da luz do Código do Consumidor que conhecemos atualmente” (CORDEIRO FILHO, 2009, p. 20). Desta forma, a regulamentação da profissão de corretor de imóveis estimulou a organização do mercado imobiliário da época. Em 21 de agosto de 1962, foi promulgada a Lei n. 4.380, que instituía a correção monetária nos contratos imobiliários de interesse social, o sistema financeiro para aquisição da casa própria, criava o Banco Nacional da Habitação (BNH), e Sociedades de Crédito Imobiliário, as Letras Imobiliárias e o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo. O artigo 8° desta lei explica que o Sistema Financeiro da Habitação (SFH) é “destinado a facilitar e promover a construção e a aquisição da casa própria ou moradia, especialmente pelas classes de menor renda da população” (BRASIL, 1964a, Art. 8). Os bancos múltiplos e os bancos comerciais, as caixas econômicas, as sociedades de crédito imobiliário, as associações de poupança e empréstimo, as companhias hipotecárias, os órgãos federais, estaduais e municipais, as fundações, as cooperativas, as caixas militares, as entidades abertas de previdência complementar, as companhias securitizadoras de crédito imobiliário e outras instituições consideradas pelo Conselho Monetário Nacional são integrantes do Sistema Financeiro da Habitação (BRASIL, 1964a). 4) Você viu quantas instituições estão envolvidas no Sistema Financeiro da Habitação? Para exercitar um pouco do que aprendemos até aqui, vamos construir um dicionário com os principais termos relacionados ao SFH. Pesquise sobre os termos listados abaixo e explique, comsuas palavras, o que é cada um deles. a) Bancos múltiplos: b) Bancos comerciais: c) Caixas econômicas: Sistema Financeiro da Habitação (SFH) é “destinado a facilitar e promover a construção e a aquisição da casa própria ou moradia, especialmente pelas classes de menor renda da população” (BRASIL, 1964a, Art. 8). 38 Gestão Imobiliária d) Sociedades de crédito imobiliário: e) Associações de poupança e empréstimo: A Lei n. 4.380, publicada em 1964, também criava o Banco Nacional de Habitação, que tinha por finalidade: [...] orientar, disciplinar e controlar o sistema financeiro da habitação; incentivar a formação de poupanças e sua canalização para o sistema financeiro da habitação; disciplinar o acesso das sociedades de crédito imobiliário ao mercado nacional de capitais; manter serviços de redesconto e de seguro para garantia das aplicações do sistema financeiro da habitação e dos recursos a ele entregues; manter serviços de seguro de vida de renda temporária para os compradores de imóveis objetos de aplicações do sistema; financiar ou refinanciar a elaboração e execução de projetos promovidos por entidades locais [...] de conjuntos habitacionais, obras e serviços correlatos; refinanciar as operações das sociedades de crédito imobiliário; e financiar ou refinanciar projetos relativos a [...] instalação e desenvolvimento da indústria [...] de materiais de construção e pesquisas tecnológicas, necessárias à melhoria das condições habitacionais do país [...] (BRASIL, 1964a, art. 17). Portanto, neste ano, institui-se mecanismos para disponibilizar crédito para a habitação, subsidiado pela poupança e pelos recursos do FGTS. O governo exerce influência sobre a taxa de juros praticada, que frequentemente financiam altos valores em longos prazos para quitação (CADAMURO, 2014). Também foi promulgada a Lei n. 4.591 no ano de 1964, que dispunha sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias. Este foi outro significativo acontecimento que mudou o mercado imobiliário da época. A partir da publicação desta lei, tornou-se obrigatória apresentação do memorial de incorporação contendo todas as informações relacionadas ao futuro empreendimento, além das informações legais e contábeis da empresa construtora e de seus sócios. Esse documento garantia a estabilidade e a credibilidade do processo de compra e venda. A Lei n. 4.591/1964 também apresentava regulação relacionada à criação de condomínios. O art. 1° expressa que: As edificações ou conjuntos de edificações, de um ou mais pavimentos, construídos sob a forma de unidades isoladas entre si, destinadas a fins residenciais ou não residenciais, poderão ser alienados, no todo ou em parte, objetivamente considerados, e constituirá, cada unidade, propriedade autônoma sujeita às limitações desta Lei (BRASIL, 1964c, art. 1). A Lei n. 4.380, publicada em 1964, também criava o Banco Nacional de Habitação. Também foi promulgada a Lei n. 4.591 no ano de 1964, que dispunha sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias. 39 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Portanto, a partir desta lei, estabeleceu-se que o condomínio são edificações ou conjunto de edificações onde convivem pessoas, denominadas condôminos, que exercem direito sobre suas unidades privativas e, também, sobre as dependências de uso comum. Essas unidades podem ser organizadas de maneira vertical ou horizontal, com fins residenciais ou comerciais. Ainda em 1964, foi publicada a Lei n. 4.504, que tinha o objetivo de regular os direitos e as obrigações relacionadas aos bens imóveis rurais (BRASIL, 1964b). Você pode conhecer mais sobre as leis aqui mencionadas. Todas foram disponibilizadas na íntegra pelo governo. A Lei n. 4.380/1962 pode ser acessada através do site da Câmara dos Deputados: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4380-21-a- gosto-1964-377666-normaatualizada-pl.html>. A Lei n. 4.504/1964 está disponível no site: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/ L4504.htm>. A Lei n. 4.591/1964 pode ser encontrada no site: <http:// www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4591-16-dezembro- -1964-368909-publicacaooriginal-1-pl.html>. Já no início do ano de 1970, era fundada a Plaenge, na época um pequeno escritório no Paraná. Em seu primeiro ano de atuação, a empresa assinou um contrato para executar a obra da fábrica da Coca-Cola na cidade de Cambé, também no Paraná. Graças ao sucesso na execução desta obra, a Coca-Cola se torna cliente da Plaenge. No segmento industrial, o Grupo Plaenge já atuou em 19 estados do Brasil e na Venezuela. Além da Coca-Cola, a empresa tem como clientes a Atlas Schindler, a Mondelez, a Unilever, a Philip Morris, entre outras (GRUPO PLAENGE, 2018). A Figura 6 mostra a fábrica da Coca-Cola construída pela Plaenge em Maringá, no Paraná. Condomínio são edificações ou conjunto de edificações onde convivem pessoas, denominadas condôminos, que exercem direito sobre suas unidades privativas e, também, sobre as dependências de uso comum. 40 Gestão Imobiliária FIGURA 6 – SEDE COCA-COLA FEMSA, MARINGÁ/PR FONTE: Grupo Plaenge (2016, p. 25) Em 31 de dezembro de 1973 foi publicada a Lei n. 6.015, que regulamentava os registros públicos. Esta lei estabelecia os tipos de serviços relacionados aos registros públicos, permitindo que os atos jurídicos tenham autenticidade, segurança e eficácia. Esses registros englobam o registro civil de pessoas físicas e jurídicas (empresas); registro de títulos e documentos; propriedade literária, científica e artística; e, claro, o registro de imóveis. A lei esclarece que: [...] no registro de imóveis serão feitas, em geral, a ‘transcrição’, a ‘inscrição’ e a ‘averbação’ dos títulos ou atos constitutivos, declaratórios, translativos e extintivos de direitos reais sobre imóveis, reconhecidos em lei inter vivos e causa mortis, quer para sua constituição, transferência e extinção, quer para sua validade em relação a terceiros, quer para sua disponibilidade (BRASIL, 1973). Contudo, em 1975, a Lei n. 6.015/1973 foi alterada pela Lei n. 6.216. Entre outras alterações sobre a forma de registro de imóveis, o trecho apresentado anteriormente foi modificado: No Registro de Imóveis serão feitos, nos termos desta Lei, o registro e a averbação dos títulos ou atos constitutivos, declaratórios, translativos e extintos de direitos reais sobre imóveis reconhecidos em lei, inter vivos ou mortis causa quer para sua constituição, transferência e extinção, quer para sua validade em relação a terceiros, quer para a sua disponibilidade (BRASIL, 1975, art. 172). 41 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Dentro da perspectiva da regulamentação do mercado imobiliário brasileiro, essas leis permitiram o registro das propriedades imóveis, bem como a credibilidade e a autenticidade de relações de compra e venda de propriedades. Ainda na década de 1970, foram fundadas grandes empresas que atuam no setor da construção civil, como a Tecnisa e a MRV. A Tecnisa Engenharia foi criada em 1977 por Meyer Joseph Nigri, focada no segmento de construção residencial. Na década de 1980, a empresa já possuía um programa de redução e otimização de ensino na construção, diminuindo consideravelmente o desperdício de materiais e os custos da obra. Na década de 1990, a empresa inovou e lançou o conceito de grand space, edifícios construídos em regiões nobres de São Paulo com uma área maior que os oferecidos pelas empresas concorrentes, sem acréscimo proporcional no valor do imóvel. Além disso, a empresa também lançou neste período o conceito de roof top, que instalava áreas de lazer nas coberturas dos edifícios e não mais no térreo, como era comum na época. Já nos anos 2000, a empresa passou a ter uma equipe de corretores on-line que vendiam apartamentos pela internet.Além disso, foi reconhecida pelo Google como a empresa do setor imobiliário que tem as melhores práticas em links patrocinados no mundo (TECNISA, 2018). Se você deseja conhecer mais sobre a história e a atuação da Tecnisa Engenharia, acesse o site da empresa: <https://www.tecnisa. com.br/>. No final da década de 1970, mais precisamente em 1979, os sócios Rubens Menin Teixeira de Souza, Mario Lúcio Menin e Vega Engenharia Ltda. fundam a MRV Engenharia, com sede em Belo Horizonte/MG. Segundo o site da MRV Engenharia, a empresa é a maior construtora do Brasil no segmento de imóveis para as classes média e média baixa. Em 1992, a MRV foi pioneira ao lançar um setor de atendimento ao cliente. Em 2007, a empresa assinou um contrato com a Caixa Econômica Federal para se tornar seu correspondente no setor imobiliário. Dez anos depois, a empresa já conta com mais de 17 mil colaboradores trabalhando em suas obras e figura no primeiro lugar no Ranking Informações Técnicas da Construção (ITC) (MRV ENGENHARIA, 2018). 42 Gestão Imobiliária O Ranking ITC é um prêmio criado em 2004 pela empresa Informações Técnicas da Construção. Anualmente, são listadas as 100 maiores construtoras do Brasil. Para saber mais informações sobre esse prêmio, acesse o site da instituição: <http://rankingitc. com.br/#>. Pela ótica da atividade profissional do corretor de imóveis, a década de 1970 também foi um período de modificações. Em maio de 1978, foi publicada a Lei n. 6.530, que dava nova regulamentação à profissão de corretor de imóveis e disciplinava o funcionamento dos órgãos de fiscalização da atividade profissional. Uma das principais mudanças apresentadas por essa lei foi a exigência de formação educacional para exercer a profissão. O artigo 2 estabelecia que “o exercício da profissão de corretor de imóveis será permitido ao possuidor de título de técnico em transações imobiliárias” (BRASIL, 1978a). O Decreto n. 81.871/1978, que apresenta o regulamento relacionado à Lei n. 6.530/1978, esclarece que os corretores de imóveis que já atuavam de acordo com a Lei n. 4.116/1962 poderiam continuar exercendo a atividade, desde que revalidassem sua inscrição no Conselho Regional de Corretores de Imóveis (BRASIL, 1978b). O artigo 3 da Lei n. 6.530/1978 destaca que o corretor de imóveis deve intermediar a compra, venda, permuta e locação de imóveis, além de opinar quanto à comercialização imobiliária. Por fim, vale ressaltar que essa lei também determina que os corretores de imóveis e as empresas que atuam no mercado imobiliário não podem: prejudicar, por dolo ou culpa, os interesses que lhe forem confiados; auxiliar ou facilitar o exercício da profissão aos não inscritos; anunciar publicamente proposta de transação a que não esteja autorizado através de documento escrito; fazer anúncio relativo à atividade de profissional sem mencionar o número de inscritos; anunciar imóvel loteado ou em condomínio sem mencionar o número de registro do loteamento ou da incorporação no Registro de Imóveis; violar o sigilo profissional; negar aos interessados prestação de contas ou recibo de quantias ou documentos que lhe tenham sido entregues a qualquer título; violar obrigação legal concernente ao exercício da profissão; praticar, no exercício da atividade profissional, ato que a lei defina como crime ou contravenção; e, deixar de pagar contribuição ao Conselho Regional (BRASIL, 1976). A década de 1980 presenciou alguns fatos que influenciaram o mercado imobiliário brasileiro. A alta inflação da época pressionou o Banco Nacional da O artigo 3 da Lei n. 6.530/1978 destaca que o corretor de imóveis deve intermediar a compra, venda, permuta e locação de imóveis, além de opinar quanto à comercialização imobiliária. 43 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Habitação, que acabou sendo extinto em 1985. Nesta mesma década, a empresa Rodobens, famosa por atuar no setor de automóveis, inicia suas atividades também no mercado imobiliário. A Rodobens Negócios Imobiliários já lançou mais de 158 empreendimentos e 59 mil unidades (EMPRESAS RODOBENS, 2018). Em 1980, foi fundada a Rossi Residencial S.A., uma incorporadora especializada em imóveis de alto padrão na região metropolitana de São Paulo. Em 1992, a empresa criou o Plano 100 com o objetivo de facilitar o financiamento imobiliário para as classes média e baixa. Até julho de 2008, a empresa entregou mais de 14 mil unidades em todo o Brasil (ROSSI RESIDENCIAL, 2018). O Plano 100, criado pela Rossi Residencial, revolucionou o mercado imobiliário da época. Veja essa notícia publicada em 14 de agosto de 1994 no jornal Folha de São Paulo: ‘Plano 100’ vende 216 unidades em apenas 12 horas O ‘Plano 100’, sistema de vendas criado pela Rossi Residencial, bate seu próprio recorde de tempo na venda de apartamentos. No empreendimento Villaggio Di Roma, lançado em Natal (RN) juntamente com a construtora Ecocil, a empresa conseguiu comercializar 216 apartamentos em apenas 12 horas. No último dia 4 (quinta-feira), durante o coquetel de pré-lançamento, foram vendidas todas as unidades da primeira fase do empreendimento. Diante da situação, José Paim de Andrade Júnior, superintendente da Rossi, decidiu abrir as vendas da segunda fase. Já na manhã do dia 5 (sexta-feira) estavam esgotadas as vendas dessa fase. Além disso, em Natal está aberta uma lista de espera com cerca de 50 pessoas inscritas para a terceira fase do projeto. Em São Paulo, na semana passada a Rossi encerrou a terceira fase de vendas do empreendimento Villagio Di Modena, a ser construído na Vila Sônia (zona oeste). Nesse lançamento foram vendidos um total de 255 apartamentos. Cada unidade tem três quartos e 65,3 m² de área útil. Os apartamentos têm preço entre R$ 43 mil e R$ 45 mil. FONTE: (PLANO 100, 1994) 44 Gestão Imobiliária Em 18 de outubro de 1991, foi publicada a Lei n. 8.245, conhecida como Lei do Inquilinato, que dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes. O principal objetivo desta lei é assegurar, ao locatário, alguns direitos. O artigo 4º, por exemplo, ressalta que “durante o prazo estipulado para a duração do contrato, não poderá o locador reaver o imóvel alugado” (BRASIL, 1991, art. 4). Não são consideradas, por essa lei, as locações de imóveis de propriedade da União, dos estados e dos municípios, de autarquias e fundações públicas; as locações de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos; as locações de espaços para publicidade; as locações em apart-hotéis, hotéis, residências ou equiparados que prestam serviços regulares a usuários; e o arrendamento mercantil em qualquer modalidade (BRASIL, 1991, art. 1). Em 1997, foi criado o Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), através da promulgação da Lei n. 9.514, com o objetivo de suprir as carências do SFH e tornar o crédito imobiliário mais flexível. Segundo a lei, o “SFI tem por finalidade promover o financiamento imobiliário em geral, segundo condições compatíveis com as da formação dos fundos respectivos” (BRASIL, 1997, art. 1). As entidades que atuam neste sistema são as caixas econômicas, os bancos comerciais, os bancos de investimento, os bancos com carteira de crédito imobiliário, as sociedades de crédito imobiliário, as associações de poupança e empréstimo, as companhias hipotecárias, entre outras entidades a serem definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). As principais diferenças entre o SFH e o SFI são a alienação fiduciária e a fonte de recursos para o financiamento. Na alienação fiduciária, o imóvel é a garantia e a propriedade do imóvel é do banco até a quitação da dívida. Em caso de inadimplência, o agente financeiro pode retomar o imóvel mais rapidamente. Com relação à diferença entre as fontes de recursos para financiamento, a principal fonte do SFH era a poupança, enquanto no SFI, são as formas de garantia quedão mais segurança a investidores do mercado financeiro. Você sabe o que é Sistema Financeiro? Um sistema financeiro tem o objetivo de transferir recursos de investidores para o setor produtivo ou de consumo através de operações de compra, venda ou troca de ativos financeiros. Para entender melhor como funcionam estas transferências, apresentamos a Figura 7, que mostra os fluxos entre as categorias de um sistema financeiro. 45 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 FIGURA 7 – FLUXOS DE INTERAÇÃO ENTRE CATEGORIAS DE UM SISTEMA FINANCEIRO FONTE: Cadamuro (2015, p. 157) O ano de 1997 também foi importante, porque presenciou o pedido de concordata da Encol, fundada em 1961 pelo engenheiro Pedro Paulo de Souza. A Encol chegou a ser considerada a maior empresa brasileira no ramo da construção civil. Contudo, acusações de sonegação de impostos, emissões de notas fiscais falsas e estelionato mancharam a imagem da empresa, que acabou falindo em 1999, prejudicando 23 mil funcionários e 42 mil clientes (RELATÓRIO..., 2013). O pedido de concordata da Encol abalou muitas pessoas em todo o Brasil, tanto os funcionários que trabalhavam nas obras, quanto clientes que sonhavam com a casa própria. Veja uma notícia sobre o pedido de concordada preventiva publicada em 26 de novembro de 1997 no jornal Folha de São Paulo. 46 Gestão Imobiliária Encol pede concordata preventiva Os advogados da Encol pediram a concordata preventiva para a empresa na Vara Privativa de Falência e Concordata de Goiânia. No requerimento, apresentado na segunda-feira, a construtora solicitou o prazo de um ano para quitar 40% de uma dívida reconhecida de R$ 150 milhões. O restante será pago em dois anos. A concordata é um benefício previsto pela lei a empresas com dificuldades de quitar seus débitos, evitando a falência. Fica previsto na solicitação apenas o pagamento dos créditos sem garantia. Paulo Viana, advogado da construtora, disse que a Encol deve R$ 50 milhões a fornecedores e R$ 100 milhões, na forma de debêntures (títulos privados), ao Banco do Brasil e a quatro fundos de pensão. O pagamento dos outros débitos, como, por exemplo, com a Receita Federal e o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), fica suspenso. [...]. A empresa tentou fazer um acordo, oferecendo a propriedade de 9.600 empreendimentos inacabados e os futuros créditos a receber, mas a proposta foi rejeitada. Outro fator que forçou o pedido foi o reconhecimento, pela Vara de Falência de Brasília, do direito dos mutuários de pedir a falência da construtora. Por causa disso, a Encol teve que depositar uma caução de R$ 1 milhão, referente a 15 pedidos. Com a decisão do juiz, outros pedidos foram encaminhados e a empresa teria que fazer novos depósitos. ‘Isso abriu precedentes para todos os mutuários solicitarem a falência da empresa’, disse Viana. Ele afirmou que a concordata não irá suspender a transferência das frações ideais (a divisão de cada empreendimento) para os mutuários. Segundo ele, das 42 mil unidades, 15 mil mutuários já registraram a transferência em cartório. Nesse caso, o condomínio de clientes fica responsável pelas dívidas referentes ao empreendimento e pelo recebimento de créditos futuros, nas unidades ainda não vendidas [...]. FONTE: Emerick (1997). Como podemos ver na reportagem, diversos clientes que já haviam adquirido unidades nos empreendimentos da Encol estavam com medo de perder o dinheiro investido e a propriedade do futuro imóvel. Mutuários são pessoas que recebem recursos para a compra de um imóvel através de empréstimo, ficando obrigadas a pagar o empréstimo em parcelas mensais com juros e correção monetária dentro do prazo estabelecido. Agentes financeiros públicos ou privados fornecem 47 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 esse empréstimo sob a orientação do SFH (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MUTUÁRIOS, 2018). Vimos, até aqui, como surgiu o mercado imobiliário no Brasil, desde o período colonial. Também acompanhamos os principais acontecimentos que ajudaram a regulamentar o setor, até o final da década de 1990. Este histórico demonstrou as influências dos setores público e privado no mercado imobiliário nacional, através da abertura de empresas, da publicação de leis e de outros fatos que ocorreram no período. Na próxima seção, iremos ver alguns fatores que caracterizam o cenário atual do mercado imobiliário no Brasil e algumas tendências futuras. 5) Agora que já vimos os principais acontecimentos relacionados ao mercado imobiliário brasileiro, vamos construir uma linha do tempo? Depois de pesquisar em livros, jornais, revistas, sites e consultar este material, aponte, abaixo, um ou dois principais acontecimentos de cada década. Década Acontecimentos 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 48 Gestão Imobiliária 4 CENÁRIO ATUAL DO MERCADO IMOBILIÁRIO NO BRASIL E TENDÊNCIAS FUTURAS O cenário atual do mercado imobiliário no Brasil inicia com a virada do milênio. Nesta seção, iremos ver os principais acontecimentos do setor deste o início dos anos 2000, as características do mercado imobiliário na atualidade e quais são as tendências futuras. 4.1 O MERCADO IMOBILIÁRIO NA VIRADA DO MILÊNIO Muitos fatos que ocorreram na década de 2000 influenciaram o mercado imobiliário. O primeiro que podemos destacar é a promulgação da Lei n° 10.931, em 2 de agosto de 2004. Esta lei dispunha sobre o patrimônio de afetação de incorporações imobiliárias e alterava a Lei nº 4.591/64, entre outras providências (BRASIL, 2004). A principal mudança imposta por esta lei foi a definição do patrimônio de afetação, que pode ser entendido como: Patrimônio autônomo, separado do patrimônio geral do incorporador [...] destinado especificamente à consecução de incorporação e não pode ser agredido por credores do incorporador, não sendo contaminado pelos efeitos de falência (ROSSI, 2004). Um dos prováveis motivos que influenciaram a criação desta lei foi o pedido de concordata da Encol, como vimos na seção anterior, que afetou 42 mil famílias e deixou muitas obras inacabadas. Essa lei deu mais segurança aos compradores de imóveis na planta e fomentou o crescimento do mercado imobiliário a partir deste período. Outro fato que influenciou o mercado imobiliário nesta década foi o lançamento do Programa Minha Casa, Minha Vida. Em 7 de julho de 2009 foi publicada a Lei nº 11.977, que dispunha sobre o programa e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas, alterava a Lei nº 4.380/64 e a Lei n° 6.015/73, entre outras providências (BRASIL, 2009). Segundo a lei, a finalidade do programa era: [...] criar mecanismos de incentivo à produção e aquisição de novas unidades habitacionais ou requalificação de imóveis 49 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 urbanos e produção ou reforma de habitações rurais, para famílias com renda mensal de até R$ 4.650,00 (quatro mil, seiscentos e cinquenta reais) (BRASIL, 2009, art. 1). Vale destacar, também, que a lei apresentava a definição de alguns conceitos importantes (BRASIL, 2011): • Grupo familiar: unidade nuclear composta por um ou mais indivíduos que contribuem para o seu rendimento ou têm suas despesas por ela atendidas e abrange todas as espécies reconhecidas pelo ordenamento jurídico brasileiro, incluindo-se nestas a família unipessoal. • Imóvel novo: unidade habitacional com até 180 (cento e oitenta) dias de ‘habite-se’, ou documento equivalente, expedido pelo órgão público municipal competente ou, nos casos de prazo superior, que não tenha sido habitada ou alienada. • Requalificação de imóveis urbanos: aquisição de imóveis conjugada com a execução de obras e serviços voltados à recuperação e ocupação para fins habitacionais, admitida ainda a execução de obras e serviços necessários à modificação de uso. 6) Você já parou para pensarno impacto que a criação do Programa Minha Casa Minha Vida teve no mercado imobiliário brasileiro? Leia os trechos de duas reportagens publicadas na época: Casa para a classe C: Construtoras direcionam os lançamentos e a comunicação aos clientes da nova classe média, responsável por manter o mercado imobiliário aquecido FONTE: Revista Época Negócios – Anuário 2009 Impulsionado por uma oferta de crédito crescente, o setor de construção vinha, nos últimos anos, batendo recordes de vendas e lançamentos, semestre a semestre. Veio a crise financeira mundial, o crédito se retraiu, mas medidas governamentais impediram o total desaquecimento do setor. O financiamento facilitado para as classes média e média baixa, sob a bandeira do programa federal Minha Casa, Minha Vida, manteve o crescimento do setor de construção. A bola da vez no mercado 50 Gestão Imobiliária imobiliário é a classe C. É para esse segmento que se voltam os lançamentos e a comunicação das empresas. Alijada do mercado imobiliário por décadas, devido à instabilidade econômica e aos juros altos que impediam financiamentos de longo prazo, as classes, média e média baixa, têm uma demanda reprimida que será capaz de manter o mercado aquecido por anos. A Camargo Corrêa, empresa de maior prestígio do setor no Anuário Época NEGÓCIOS 100, direciona boa parte de seus negócios para os empreendimentos desse segmento (de R$ 100 mil até R$ 200 mil a unidade) e de primeiro imóvel (de R$ 70 mil até R$ 100 mil a unidade). Em outubro de 2008, a Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário, braço residencial da companhia, concluiu a compra da paulista HM Construtora, e é com ela que vem operando na faixa mais popular, para enfrentar a Tenda, a FIT e a Living, as duas últimas, braços populares da Gafisa e Cyrela, respectivamente – e com sucesso. No terceiro trimestre de 2009, as vendas contratadas da Camargo Corrêa foram de R$ 194,5 milhões – 12,6% de crescimento sobre o trimestre anterior. Disso, 60%, ou R$ 117,1 milhões, foram vendas da HM. FONTE: Estécio (2009). Classe C vai demandar 10 milhões de imóveis: Projeções da consultoria MB Associados mostram que nova classe média popular vai dominar o mercado imobiliário brasileiro até 2016. FONTE: Jornal O Estado de São Paulo – 04/04/2010 A classe média popular vai dominar o mercado residencial brasileiro nos próximos anos, segundo recente estudo da MB Associados. De acordo com as projeções da MB, a classe C, com renda familiar de três a dez salários mínimos, terá uma demanda habitacional potencial por 10,4 milhões de imóveis até 2016. A demanda potencial, segundo o trabalho, é medida pelo número de novas famílias que surgem em cada classe, incluindo-se aí pessoas que partem para morar sozinhas, como um filho que sai de casa ou um divorciado. A consultoria excluiu o déficit habitacional - condições precárias e coabitação, que atingem 7 milhões de famílias, 80% das quais nas classes D e E – do cálculo de demanda potencial. As novas famílias vão buscar imóveis para morar, sejam novos, 51 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 usados ou alugados. Sérgio Vale, economista da MB Associados, crê que grande parte da demanda potencial se direcione para a compra de imóveis novos, dada a rápida expansão do crédito imobiliário e o aquecimento desse mercado. A demanda potencial da classe C é, inclusive, maior que a demanda potencial total de todas as classes, que é de 9,5 milhões até 2016. O fenômeno se explica pela migração prevista, para a classe C, de famílias das classes D e E, com a continuidade do processo de crescimento econômico e redução da pobreza. Como as classes D e E vão diminuir, elas apresentarão uma demanda negativa de 2,4 milhões naquele período – isto é, essa será a redução do número de famílias nas duas classes mais pobres. Já o aumento do número de famílias das classes A e B (acima de dez mínimos) será de 1,6 milhão até 2016. ‘O foco do setor nos próximos anos tem de ser a classe C, que é uma classe média, e não as classes mais baixas, D e E, que estão diminuindo’, diz Vale. Os financiamentos residenciais no Brasil atingiram o pico histórico de quase 700 mil unidades em 2009, comparado a cerca de 250 mil em 2004. O maior salto foi nos financiamentos concedidos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), cujo volume financeiro subiu de R$ 2,2 bilhões em 2004 para R$ 30 bilhões naquele período. Os dados são do Banco Central e da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). FONTE: Dantas (2010). Observamos que a criação do Programa Minha Casa Minha Vida impulsionou os financiamentos para a compra de imóveis e fomentou o setor da construção civil na época. Tanto as influências do setor público (criação de leis) quanto do setor privado (empreendimentos) alavancaram o número de lançamentos de imóveis. Escreva, com suas palavras, quais foram os agentes que foram citados nas reportagens e sua participação neste fato: R.: 52 Gestão Imobiliária 4.2 O CENÁRIO ATUAL DO MERCADO IMOBILIÁRIO NO BRASIL Não só no mercado imobiliário, mas em toda e qualquer atividade comercial, os clientes estão muito mais exigentes e buscando soluções para suas necessidades. A tendência de colocar o consumidor no centro de todas as estratégias da empresa pode ser observada em diversos segmentos. Com relação à compra de imóveis, isso não é diferente. O cenário atual do mercado imobiliário tem demonstrado que os agentes buscam, cada vez mais, ajudar o cliente a fazer a melhor escolha, dentro dos seus desejos e das suas expectativas. Para isso, imobiliárias, construtoras, incorporadoras e corretores de imóveis têm buscado na tecnologia uma ferramenta para estar mais próximo do cliente e construir um relacionamento de longo prazo. A Figura 8 sugere algumas etapas para guiar as atividades de um profissional que atua na venda de imóveis. FIGURA 8 – ETAPAS PARA UM ATENDIMENTO CENTRADO NO CLIENTE FONTE: Elaborado pela autora (2018) 53 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 Neste cenário de crise, é preciso que o profissional se reinvente. Contudo, apesar da tecnologia disponível, alterando e influenciando o comportamento do cliente, os profissionais precisam continuar atendendo de maneira pessoal e humana. Para Peixoto Accyoli, CEO da RE/MAX Brasil, a maior rede de franquias imobiliárias em números de transações do mundo, um dos principais desafios para o setor imobiliário na atualidade é: O profissional tem que se reinventar. Vivemos em tempos dis- ruptivos do mercado. A tecnologia deve ser uma aliada desse profissional em prol do seu desenvolvimento. Há muito espaço para crescer e ganhar dinheiro, desde que o corretor saiba ouvir seu cliente, atendendo às suas necessidades. [...]. Em um mun- do de tanta tecnologia, redes digitais, etc., por mais paradoxal que pareça, precisamos voltar ao básico, tomar um café com o cliente. Ter o contato olho no olho. [...]. O mercado imobiliá- rio vem melhorando, mas as pessoas ainda têm medo de se reinventar. Isso deixou de ser uma escolha, é uma questão de sobrevivência. [...]. O acesso aos sites de busca e plataformas digitais tem provocado mudanças no comportamento de consu- mo das pessoas no mundo todo. Isso reflete também no merca- do imobiliário. Hoje, as informações estão acessíveis a qualquer momento. Todavia, cada comprador tem sonhos, desejos, ne- cessidades e expectativas diferentes. Por isso, é fundamental que o interessado tenha o apoio de um bom agente que possa representar os seus interesses. O cliente deve receber do cor- retor um plano de ação para atingir o seu objetivo. A informa- ção ainda é a melhor ferramenta para isso. Ao levantar todos os pontos prós e contras, o corretor terá elementos concretos para ajudar a pessoa a tomar a decisão. O bom imóvel é aquele que supre todas as necessidadesdo cliente e que cabe no orçamen- to familiar (MARINHO, 2018, p. 9–10). A RE/MAX foi fundada em 1973 por Dave e Gail Liniger e, atualmente, conta com a atuação de 115 mil corretores presentes em mais de 100 países (MARINHO, 2018). Como é possível observar, apesar da tecnologia, Accyoli salienta a importância de manter o foco no cliente. Existem outros fatores que influenciam o cenário atual do mercado imobiliário brasileiro. Depois do grande crescimento de lançamentos imobiliários fomentado pela criação do Programa Minha Casa Minha Vida, houve uma queda na procura pela compra de imóveis e uma estagnação do mercado. Alguns motivos para esta estag- nação são a crise econômica, o desemprego e a diminuição de renda das famílias. Contudo, neste mesmo cenário, surgem outras oportunidades de negócios como forma de driblar as dificuldades. Uma destas novas formas de negociação que vem ganhando espaço no mercado imobiliário brasileiro é a permuta de imóveis. A permuta é uma forma de contrato que obriga ambas as partes a dar um bem em troca de outro com valor equivalente. Apesar de ser caracterizada pelo 54 Gestão Imobiliária pagamento através da troca de bens, e não de um valor monetário, a permuta também permite que seja pago, em dinheiro, a diferença do valor na troca. Essa troca de bens pode abranger imóveis, terrenos, casas, apartamentos, entre outros tipos de bens (ZAP EM CASA, 2016). Mesmo facilitando a forma de pagamento, a permuta também exige a formalização em contrato e o pagamento de taxas e impostos para que tudo seja regularizado. A permuta é uma forma de negócio que sempre existiu, mas que ganhou força frente à crise no mercado imobiliário no Brasil. Para saber mais sobre a estagnação do mercado imobiliário e as oportunidades de negócios através da permuta, assista esta reportagem “Permutas são alternativas para setor imobiliário”, do Jornal Nacional, publicada em 2 de agosto de 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kRpPrGn0460>. Vimos, nesta seção, que o cenário atual do mercado imobiliário é marcado por diversos desafios que precisam ser enfrentados por todos que atuam neste setor. Podemos destacar, dentre estes, as exigências dos clientes e a necessidade de oferta de novos tipos de negócios para contornar a crise. Na sequência, iremos apresentar algumas tendências para o futuro do mercado imobiliário no Brasil e no mundo. 4.3 O FUTURO DO MERCADO IMOBILIÁRIO E qual será o futuro do mercado imobiliário brasileiro? Como profissional que atua neste setor, é preciso estar atento às tendências de comportamento dos clientes e aos concorrentes no Brasil e no mundo. A preocupação com o impacto ambiental tem fomentado iniciativas focadas na sustentabilidade das construções imobiliárias. O perfil das famílias também tem mudado e muitas pessoas têm preferido morar sozinhas. Além disso, o envelhecimento da população tem estimulado o desenvolvimento de imóveis com características específicas para o público da terceira idade, proporcionando melhor qualidade de vida. Por fim, a tecnologia tem se apresentado como uma ferramenta poderosa para estar conectado com clientes e fortalecer um relacionamento de longo prazo. 55 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 A tecnologia também proporcionou o surgimento de novas formas de negócios. O Uber, por exemplo, criou uma empresa de transportes mundialmente conhecida que não possui nenhum carro. Da mesma forma, o AirBNB tem impactado o setor de hospedagem, permitindo que qualquer pessoa receba hóspedes em sua casa ou a alugue por um tempo mais curto. Essa nova possibilidade de negócio também influencia o mercado imobiliário, pois é possível alugar um espaço sem a necessidade de intermediação de uma imobiliária. Nesta notícia publicada em um blog do jornal O Estado de São Paulo, observamos que algumas pessoas estão aproveitando essa tendência para criar oportunidades para novos negócios. Profissão: Corretor de AirBNB: Faxina, lavanderia e outros serviços são oferecidos por administradores de anúncios e de imóveis na plataforma Quem estiver procurando um apartamento para passar alguns dias na capital paulista pode se deparar com um dos 18 anúncios de Marcelo Friedberg. Nenhum dos imóveis pertence a ele. O negócio de Friedberg é gerenciar anúncios no site, recepcionar os hóspedes e cuidar de problemas que possam surgir durante a estadia. Com a “corretagem”, ele fatura em torno de R$ 10 mil por mês. O argentino tem ainda outros dois imóveis próprios na plataforma, que lhe rendem cerca de R$ 8 mil por mês. No site desde 2014, foi no início deste ano que ele sentiu a necessidade de criar uma estrutura mais profissional. Montou uma equipe com faxineira, eletricista, instalador de ar-condicionado e outros prestadores de serviço na empresa, batizada de Airent. “Minha rotina mudou 100%. Não tenho mais fim de semana nem horário”, afirma. Se o cliente quiser contratá-lo apenas para uma consultoria, vai pagar R$ 1,2 mil por uma avaliação do melhor preço a ser cobrado nas diárias e como tornar o anúncio mais atrativo no Airbnb. Os outros dois planos que a Airent oferece são mensais, para faxina do apartamento, check-in e check-out e acompanhamento dos hóspedes, por R$ 500, ou R$ 700, incluindo lavanderia. Os “corretores de Airbnb” surgiram, curiosamente, quando a proposta do site era acabar com a intermediação. “A corretagem 56 Gestão Imobiliária pode romper o negócio essencial do site. Mas já é uma realidade, há muita gente ganhando dinheiro assim”, observa o consultor do Sebrae de São Paulo, Gustavo Carrer. O posicionamento do próprio Airbnb é de não condenar o surgimento dos corretores. “Desde que sigam as regras da plataforma, estejam em conformidade com as leis locais e priorizem proporcionar boas experiências para seus hóspedes, o Airbnb não interfere na forma com que seus anfitriões administram seus imóveis”, afirma o CEO da empresa no Brasil, Leonardo Tristão. Em grupo. Com uma estrutura um pouco menor, mas com quase o dobro de imóveis, um grupo de quatro amigos se desdobra para alugar 20 apartamentos espalhados pela capital fluminense nas Olimpíadas no Airbnb. “O único trabalho que meu cliente tem é ver o dinheiro cair na conta”, diz o engenheiro de produção, Luiz Guilherme Alvez. Ele conta que o grupo recusa duas novas propostas de anúncio por dia, em média, por não ter estrutura para expandir. Assim como Friedberg, os cariocas administram os anúncios no Airbnb e oferecem alguns serviços. O pagamento on-line é feito diretamente na conta do cliente e a comissão da “corretagem” é efetuada à parte. Eles cobram uma taxa que varia de 20% a 30% do valor total da hospedagem, dependendo dos serviços que o cliente quiser. “A crise aumentou bastante a oferta, está todo mundo querendo ganhar uma grana extra”, diz Alvez. Inclusive, em alta temporada, ele ganha até três vezes o salário que recebia como engenheiro contratado na Vale, até o fim do ano passado. Fora de temporada, o valor cai pela metade. Além disso, ele pondera que não tem os benefícios de contratado, como plano de saúde, previdência e outros. “Até o momento, está bom, mas se aparecer coisa melhor, imagino que alguns saiam”, diz. FONTE: Neris et al. (2018). Vimos, nesta seção, que existem muitas tendências no mercado imobiliário, tanto no Brasil como no mundo. Dentre estas tendências, podemos citar a preocupação com o meio ambiente, a mudança no perfil das famílias e as novas tecnologias que influenciam as atividades dos profissionais que atuam neste setor. Nos próximos capítulos, iremos entender um pouco mais sobre os fatores envolvendo a gestão imobiliária e a atuação dos profissionais nesta área. 57 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 7) Você observou que, ao longo do nosso livro, foram citadas muitas siglas? Para refrescar a memória, encontre no quadro abaixo asprincipais siglas citadas no texto e complete com o nome da sigla por extenso: A A B I C K C L T Y I A S W A U C B C S I U Z Q W N B F F B C B I C Z S B P E U S M I G A W Y Z K X A B A D I S I X T M Q U F I A B C I W K Y Z A S I A B E C I P X C N P J F B X W C N C Y S E C O V I Q E N W Z U C O F E C I A F W U N T Y U C R E C I X Z B D X Z A U Z Y K Y A D E M I R S B B C C M N P W Z U Y Q Z A X Z Y I W U Y F Q B N H W P I Y S W Q B C I Y U K W Q Y J N Z F C R E A T C O N F E A Z C U H U Q Y W C Horizontais AABIC– ABAMI– ABECIP– ADEMI – BB – BC – BNH – CBCSI – CBIC – CLT – CMN – CNC – CNPJ – COFECI – CONFEA – CREA – CRECI – 58 Gestão Imobiliária FIABCI – SBPE – SECOVI - Verticais ABADI- ABMI - ABNT - ABRAINC - FDS – FENACI – FGTS – INSS – ITC – PF – PJ - SFH – SFI – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, conhecemos a história do mercado imobiliário no Brasil. Primeiramente, definimos que o mercado imobiliário envolve agentes que compram, vendem e negociam propriedades imobiliárias, como terrenos, prédios, casas, pontos comerciais, entre outros. Esses atuantes do mercado imobiliário podem ser as imobiliárias, as construtoras, as incorporadoras, os órgãos de registro e de fiscalização, as entidades de classe, os bancos e financiadoras, os corretores de imóveis, os próprios clientes, entre outros. Depois, vimos que o mercado imobiliário no Brasil surgiu muito antes do descobrimento das Américas. Uma lei promulgada em Portugal seria a primeira influência na forma de distribuição e organização do novo território. Desde então, ao longo dos anos, muitas leis e decretos foram publicados. Apenas na década de 1930, inicia-se o processo de regulamentação do mercado imobiliário brasileiro, com a criação de conselhos de corretores de imóveis e com a regularização desta atividade profissional. Ao longo deste período, também surgiram diversas construtoras e incorporadoras que atuam no mercado brasileiro até os dias atuais. Por fim, observamos alguns acontecimentos que marcaram a virada do 59 História do Mercado Imobiliário no Brasil Capítulo 1 milênio, como a criação do Programa Minha Casa Minha Vida. Vimos, também, que o cenário atual do mercado imobiliário brasileiro pode ser caracterizado, principalmente, pelas exigências dos clientes e pelas ferramentas tecnológicas que impactam nas atividades dos profissionais da área. Dentre as tendências para o setor, nos próximos anos, vimos que a preocupação com o meio ambiente exige que as construções e as obras sejam sustentáveis e que a crise forçou a criação de novas formas de negócios. Surgiram, portanto, oportunidades para profissionais do setor atuarem em permuta de imóveis e em novas formas de aluguéis, mediados por plataformas digitais. No próximo capítulo, iremos identificar os aspectos financeiros, tributários, fiscais e patrimoniais da gestão imobiliária. Além disso, iremos articular os principais aspectos relacionados ao comportamento do cliente no mercado imobiliário. Lembre-se de que você pode continuar acessando os sites sugeridos aqui e utilizar as dicas apresentadas para facilitar o dia a dia da sua atuação profissional. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-4 Avaliação de bens Parte 4: Empreendimentos. Rio de Janeiro, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-1 Avaliação de bens Parte 1: Procedimentos gerais. Rio de Janeiro, 2001. ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MUTUÁRIOS. O que é um Mutuário. Disponível em: <http://anmm.org.br/o-que-e-um-mutuario>. Acesso em: 3 out. 2018. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Bancos comerciais. Disponível em: <https:// www.bcb.gov.br/pre/composicao/bc.asp?idpai=SFNCOMP>. Acesso em: 3 out. 2018a. BANCO CENTRAL DO BRASIL. 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Acesso em: 1 out. 2018. 66 Gestão Imobiliária CAPÍTULO 2 Gestão Imobiliária A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Saber: Identificar os diversos aspectos relacionados à gestão imobiliária, como os aspectos gerais, os aspectos financeiros, os aspectos patrimoniais e os aspectos fiscais e tributários. Fazer: Articular os aspectos relacionados ao comportamento do cliente no mercado imobiliário. 68 Gestão Imobiliária 69 Gestão Imobiliária Capítulo 2 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Neste capítulo, iremos conhecer alguns conceitos básicos da gestão imobiliária com o objetivo de identificar os diversos aspectos relacionados à área, como os aspectos gerais, financeiros, patrimoniais, fiscais e tributários. Além disso, iremos estudar sobre os tipos de comportamentos do cliente no mercado imobiliário, com o objetivo de articulá-los. Assim, este capítulo está organizado em três principais seções, conforme será descrito na sequência. Na primeira seção, denominada Aspectos da gestão imobiliária, iremos co- nhecer os conceitos gerais da administração e sua aplicação no contexto da ges- tão imobiliária. Também serão apresentadas as principais funções da administra- ção, que são o planejamento, a organização, a liderança, a execução (ou direção) e o controle. Por fim, serão abordados os principais aspectos relacionados à es- trutura organizacional das empresas, que podem ser classificadas em funcional, territorial, por produto ou serviço, por cliente ou por projeto. Na segunda seção, intitulada Gestão financeira e patrimonial, iremos conhecer um pouco sobre os principais aspectos relacionados à gestão financeira de uma empresa inserida no mercado imobiliário. Serão abordadas as formas jurídicas de constituição das empresas; os recursos materiais, financeiros, humanos, mercadológicos e administrativos das empresas; e os aspectos fiscais e tributários. Com relação à gestão patrimonial, veremos os conceitos associados ao gerenciamento do patrimônio e suas aplicações. Na terceira seção, chamada Gestão de clientes, aprofundaremos nosso conhecimento sobre os conceitos de cliente, consumidor e comportamento de compra. Além disso, falaremos sobre os papéis assumidos pelos consumidores durante a compra de um imóvel. Por fim, serão apresentados, detalhadamente, cada um dos estágios que compõem o processo de tomada de decisão de compra de um imóvel. Da mesma forma que no capítulo anterior, ao longo do capítulo 2, serão apresentadas sugestões de sites e de livros, bem como, conceitos técnicos e outros materiais que o ajudarão na atividade profissional e nos estudos desta disciplina. Também iremos exercitar nossos conhecimentos com atividades, relembrando tudo o que foi aprendido no capítulo. Bons estudos! 70 Gestão Imobiliária 2 ASPECTOS DA GESTÃO IMOBILIÁRIA Agora que já entendemos o que é mercado imobiliário, quem são seus principais agentes e como ele se desenvolveu no Brasil, vamos entender um pouco mais sobre administração e os elementos da gestão. Assim, nesta seção, iremos conversar sobre os conceitos gerais da administração, as suas principais funções e os tipos de estrutura organizacional das empresas. 2.1 CONCEITOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO Dentre os agentes atuantes no mercado imobiliário, existem diversos tipos de organizações, por exemplo, as imobiliárias, as incorporadoras, as construtoras e as entidades de classe. Nossa sociedade é composta por uma variedade de organizações que produzem bens (produtos) ou prestam serviços através de atividades planejadas, coordenadas, dirigidas, executadas e controladas. Essas organizações são formadas por pessoas e recursos (físicos, materiais, financeiros, tecnológicos, mercadológicos, entre outros) (CHIAVENATO, 2004). Assim, podemos definir uma organização como “um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de objetivos)” (MAXIMIANO, 2011, p. 3). A Figura 1 mostra os principais componentes das organizações. FIGURA 1 – PRINCIPAIS COMPONENTES DAS ORGANIZAÇÕES FONTE: Adaptado de Maximiano (2011, p. 4) O principal objetivo de uma organização é a produção de algum tipo de produto ou serviço. Esse objetivo também pode ser chamado de missão do “Um sistema de recursos que procura realizar algum tipo de objetivo (ou conjunto de objetivos)” (MAXIMIANO, 2011, p. 3). 71 Gestão Imobiliária Capítulo 2 negócio. As pessoas que pertencem a uma organização utilizam recursos tangíveis (ambiente, instalações, máquinas, móveis e equipamentos) e recursos intangíveis (tempo, conhecimento) para alcançar o objetivo. O processo de transformação é um conjunto ou sequência de atividades interligadas que utiliza recursos para agregar valor à matéria-prima, produzindo o produto ou serviço. Por fim, para que a organização consiga alcançar seus objetivos através do processo de transformação, é preciso determinar funções, atividades especializadas que as pessoas, dentro da organização, irão executar. Para conhecer mais sobre as principais funções de uma organização, você pode consultar o livro Administração nos novos tempos: Os novos horizontes em administração, de Idalberto Chiavenato (2014a). A maioria das organizações possui funções organizacionais muito semel- hantes, por exemplo, a produção (ou operação), o marketing, o financeiro e os recursos humanos (ou gestão de pessoas). Essas funções são coorde- nadas pela administração geral. A Figura 2 mostra as principais funções de uma organização. FIGURA 2 – PRINCIPAIS FUNÇÕES DE UMA ORGANIZAÇÃO FONTE: Adaptado de Maximiano (2011, p. 6) 72 Gestão Imobiliária Portanto, a administração é a condução racional das atividades de uma organização através do planejamento, da estruturação, do direcionamento e do controle. O administrador define as estratégias, faz diagnósticos da situação e dos cenários, dimensiona e planeja a aplicação de recursos, soluciona problemas e gera inovação e competitividade (CHIAVENATO, 2004). Administração é definida por Chiavenato (2004, p. 17) como “a maneira de governar organizações ou parte delas. É o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz”. Dentro desta definição, podemos entender que uma organização é “uma entidade social composta de pessoas e de recursos, deliberadamente estruturada e orientada para alcançar um objetivo comum” (CHIAVENATO, 2004, p. 18). Também podemos definir que empresa é “a organização destinada à produção e/ou comercialização de bens e serviços, tendo como objetivo o lucro” (CHIAVENATO, 2004, p. 34). As funções do administrador “correspondem aos elementos da administração, ou seja, planejamento, organização, direção e controle, que formam o processo administrativo” (CHIAVENATO, 2004, p. 151). Os conceitos gerais de administração que vimos até aqui podem ser aplicados em qualquer tipo de setor. E na gestão imobiliária, como podemos aplicar estes conhecimentos? Com base nos conceitos apresentados por Chiavenato (2004), podemos definir que gestão imobiliária é uma forma de governar uma organização inserida no setor imobiliário através do processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos para alcançar seus objetivos. Contudo, os objetivos das empresas inseridas no mercado imobiliário podem variar de acordo com o tipo de organização. O objetivo de uma construtora, por exemplo, pode ser: “ser a empresa do mercado de empreendimentos econômicos do país que entrega o melhor retorno aos seus acionistas” (TENDA CONSTRUTORA, 2018). O objetivo de uma imobiliáriapode ser “prestar serviços com qualidade, agilidade e segurança, superando as expectativas dos clientes, a fim de obter lucratividade com ética e respeito, proporcionando crescimento pessoal e profissional a toda a equipe” (NOVOLAR IMÓVEIS, 2018). Uma entidade de classe pode ter o objetivo de: Gestão imobiliária é uma forma de governar uma organização inserida no setor imobiliário através do processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos para alcançar seus objetivos. 73 Gestão Imobiliária Capítulo 2 [...] disciplinar, organizar e fiscalizar o exercício da profissão de corretor de imóveis, de modo que possam ser oferecidas estruturas adequadas à sociedade, com credibilidade, segurança e excelência no atendimento, bem como transparência e agilidade na prestação de serviços. Promovendo assim a valorização do profissional e a segurança da sociedade por meio de corretores legalmente qualificados e preparados (CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS DO ESPÍRITO SANTO, 2018, s.p.). 1) Como vimos até aqui, um dos objetivos de uma empresa está expresso em sua missão ou visão. Faça uma pesquisa em materiais sobre empresas do setor imobiliário e apresente um objetivo de uma organização deste setor. Você pode utilizar materiais que já tenha, sites na internet ou, ainda, materiais da sua empresa, caso você trabalhe em alguma organização que atua no mercado imobiliário. Também identifique o tipo de empresa que você escolheu. R.: 2.2 FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO Para gerenciar uma organização, portanto, é preciso tomar decisões sobre a utilização dos recursos e a realização dos objetivos. Este processo compreende cinco etapas interligadas: planejamento, organização, liderança (e outros processos da gestão de pessoas), execução e controle (MAXIMIANO, 2011). A Figura 3 mostra as principais funções do processo de gestão. 74 Gestão Imobiliária FIGURA 3 – PRINCIPAIS FUNÇÕES DO PROCESSO DE GESTÃO FONTE: Maximiano (2011, p. 8) • Planejamento Podemos entender planejamento como uma função administrativa que determina, antecipadamente, os objetivos a serem alcançados pela organização e as formas para realizar isso (CHIAVENATO, 2004). Portanto, o planejamento utiliza ferramentas para administrar as atividades futuras com o objetivo de tomar decisões que irão influenciar a empresa nos próximos meses ou anos (MAXIMIANO, 2011). Na gestão imobiliária, o planejamento é de extrema importância, tendo em vista que o cenário econômico influencia diretamente o setor. No planejamento, é preciso definir a missão, formular os objetivos, determinar os planos para alcançá-los e programar as atividades (CHIAVENATO, 2004). O planejamento pode ser caracterizado por três níveis distintos. O Quadro 4 apresenta uma descrição e as características de cada tipo de planejamento. QUADRO 4 – TRÊS NÍVEIS DE PLANEJAMENTO Tipo de planejamento Descrição Características Planejamento estratégico Planejamento mais amplo, que abrange toda a organização. - Projeto no longo prazo e com efeitos e consequências estendidos por vários anos. - Envolve toda a empresa e abrange todos os recursos e áreas de atividade. - É definido pela cúpula da organização e corresponde ao plano maior ao qual todos os demais estão subordinados. Podemos entender planejamento como uma função administrativa que determina, antecipadamente, os objetivos a serem alcançados pela organização e as formas para realizar isso (CHIAVENATO, 2004). 75 Gestão Imobiliária Capítulo 2 Planejamento tático Planejamento que abrange cada departamento ou unidade da organização. - Projetado para o médio prazo, geralmente para o exercício anual. - Envolve cada departamento e abrange seus recursos específicos. - É definido no nível intermediário, em cada departamento da empresa. Planejamento operacional Planejamento que abrange cada tarefa ou atividade específica. - É projetado para o curto prazo, para aplicação imediata. - Envolve cada tarefa ou atividade isoladamente e preocupa-se com o alcance de metas específicas. - É definido no nível operacional, para cada tarefa ou atividade. FONTE: Adaptado de Chiavenato (2004, p. 140) Para planejar as atividades é preciso formular um plano. Podemos definir plano como um produto do planejamento, que “constitui o evento intermediário entre os processos de elaboração e de implementação do planejamento” (CHIAVENATO, 2004, p. 141). Existem quatro tipos de planos distintos que descrevem um curso de ação para alcançar um objetivo. Esses tipos de planos podem ser estratégicos, táticos ou operacionais, de acordo com seu nível de abrangência. Vamos entender melhor quais são os quatro tipos de planos, de acordo com as definições apresentadas por Chiavenato (2004, p. 141): Procedimentos: São os planos relacionados aos métodos de trabalho ou de execução de uma tarefa. Geralmente, são representados por fluxogramas. Orçamentos: São os planos relacionados ao dinheiro, organizando as receitas e as despesas em um determinado espaço de tempo. Programas ou programações: São os planos relacionados ao tempo, que organizam as atividades conforme as datas e/ou horários. Geralmente, são representados por cronogramas. Regras ou regulamentos: São os planos relacionados a comportamentos, que descrevem ou orientam como as pessoas devem se comportar em determinadas situações. Podemos definir plano como um produto do planejamento, que “constitui o evento intermediário entre os processos de elaboração e de implementação do planejamento” (CHIAVENATO, 2004, p. 141). 76 Gestão Imobiliária • Organização A função administrativa da organização pode ser definida como a atividade de “arranjar e alocar o trabalho, a autoridade e os recursos entre os membros de uma organização, visando o alcance dos objetivos organizacionais” (CHIAVENATO, 2004, p. 18). Assim, o processo de organização dispõe e ordena os recursos, segundo algum critério de classificação, em uma determinada estrutura para facilitar a realização dos objetivos da organização (MAXIMIANO, 2011). Dentro do setor imobiliário, cada tipo de organização pode ter uma estrutura diferente, de acordo com os seus objetivos. A organização consiste em determinar as atividades necessárias para alcançar os objetivos planejados, agrupar as atividades em uma estrutura lógica, designar as atividades às pessoas específicas, alocar recursos e coordenar esforços. Além disso, a organização pode ser estruturada em três níveis: (1) a organização em nível global, que abrange toda a empresa; (2) a organização em nível departamental, que abrange os departamentos ou setores da empresa; e (3) a organização em nível operacional, que está focado em cada tarefa, atividade ou operação (CHIAVENATO, 2004). • Liderança A liderança pode ser entendida como a “influência interpessoal exercida em uma situação e dirigida por meio do processo de comunicação humana para a consecução de um determinado objetivo” (CHIAVENATO, 2004, p. 119). Tanto a liderança como outros processos de administração de pessoas são complexos, compreendem diversas atividades (coordenação, direção, motivação, comunicação e participação) e visam trabalhar com pessoas para alcançar um objetivo. Em uma empresa que atua no setor imobiliário, existem diversos tipos de grupos de pessoas que atuam em diferentes atividades. O gestor precisa compreender as necessidades específicas de cada grupo para, então, coordená-las, direcioná-las e motivá-las em busca da realização do objetivo da organização. • Execução (ou direção) A função administrativa da execução é o processo que consiste na realização das atividades planejadas através da aplicação e energia física e intelectual. Alguns exemplos de atividades de execução são a realização de atividades previstas em planos e a organização de uma equipe (MAXIMIANO, 2011). Dentro das organizaçõesdo setor Dentro do setor imobiliário, cada tipo de organização pode ter uma estrutura diferente, de acordo com os seus objetivos. Dentro das organizações do setor imobiliário, podemos identificar diversos tipos de atividades de execução, por exemplo, a construção de um edifício conforme o projeto e o planejamento da obra, o lançamento de um empreendimento ou a elaboração de um regimento de condomínio. O gestor precisa compreender as necessidades específicas de cada grupo para, então, coordená- las, direcioná-las e motivá-las em busca da realização do objetivo da organização. 77 Gestão Imobiliária Capítulo 2 imobiliário, podemos identificar diversos tipos de atividades de execução, por exemplo, a construção de um edifício conforme o projeto e o planejamento da obra, o lançamento de um empreendimento ou a elaboração de um regimento de condomínio. Para Chiavenato (2004), a função execução também é chamada de direção, constitui a direção de esforços para um propósito comum, além das atividades relacionadas à liderança, como a comunicação e a motivação. Segundo o autor, a direção “significa interpretar os planos para os outros e dar instruções sobre como executá-los em direção aos objetivos a atingir” (CHIAVENATO, 2004, p. 144). Essa função também pode ser dividida em três níveis, conforme apresentado no Quadro 5. QUADRO 5 – TRÊS NÍVEIS DE EXECUÇÃO OU DIREÇÃO Nível de organização Nível de execução ou direção Cargos envolvidos Abrangência Institucional Direção Diretores e altos executivos A empresa ou áreas da empresa Intermediário Gerência Gerentes e pessoal do meio do campo Cada departamento ou unidade da empresa Operacional Supervisão Supervisores e encarregados Cada grupo de pessoas ou tarefas FONTE: Chiavenato (2004, p. 144) • Controle Por fim, dentro das funções administrativas, temos a função de controle, que é o processo que busca assegurar a realização dos objetivos propostos pela organização. Essa função consiste em “comparar as atividades realizadas com as atividades planejadas” (MAXIMIANO, 2011, p. 9). No setor imobiliário, o controle é fundamental para acompanhar a execução das atividades planejadas e verificar, ao longo do processo, se será possível alcançar os objetivos propostos ou se será necessário fazer alterações no planejamento. Essa atividade é de extrema importância, considerando-se que, o setor imobiliário é muito sensível a influências advindas de setores públicos e privados. Para Chiavenato (2004), o controle consiste, basicamente, em definir os padrões de desempenho, monitorá-los, compará-los aos padrões estabelecidos e tomar as ações corretivas para assegurar os objetivos desejados. A Figura 6 mostra o processo de controle como forma de assegurar o alcance dos objetivos propostos. No setor imobiliário, o controle é fundamental para acompanhar a execução das atividades planejadas e verificar, ao longo do processo, se será possível alcançar os objetivos propostos ou se será necessário fazer alterações no planejamento. 78 Gestão Imobiliária FIGURA 6 – PROCESSO DE CONTROLE FONTE: Chiavenato (2004, p. 147) Dentro do controle, existem quatro tipos de padrões. Os padrões de quantidade dizem respeito ao volume de produção, aos níveis de estoque e ao número de horas trabalhadas. Os padrões de qualidade estabelecem o controle de qualidade e as especificações do produto ou serviço, além de também fazerem o controle da matéria-prima utilizada. Os padrões de tempo determinam o tempo padrão para produção, o tempo médio para estocagem e os padrões de rendimento. Por fim, os padrões de custo constituem o custo de produção, o custo de estocagem e o custo padrão (CHIAVENATO, 2004). Lindenberg Filho (2010, p. 50–52) apresenta algumas ferramentas que permitem o planejamento e o controle das atividades de um corretor de imóveis. Se você atua ou pretende atuar como corretor de imóveis, essas ferramentas poderão lhe ajudar a se organizar e a avaliar se os seus objetivos e metas foram alcançados em um determinado período. O CORRETOR DE IMÓVEIS DEFININDO OS SEUS OBJETIVOS 1. DECLARAÇÃO DE META COMERCIAL DO MÊS: (colocar aqui o mês) / (colocar aqui o ano) Meta: _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 2. DECLARAÇÃO DE META PESSOAL Meta: _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Período: de ___/___/______ até o dia ___/___/______ 79 Gestão Imobiliária Capítulo 2 3. PLANO DE AÇÃO A SER EXECUTADO NO MÊS: (colocar aqui o mês) / (colocar aqui o ano) Atividades (incluir o quê, quem, onde, quando, como, quanto): _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 3. PROPÓSITO DO MÊS (Descrever as providências que deverá adotar para superar os fatores fracos, identificados no mês passado) Fator 01 ___________________________________________________________________ Fator 02 ___________________________________________________________________ Obs.: Caso necessário, você pode incluir outros fatores. RELATÓRIO DE AUTOAVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Mês: (colocar aqui o mês) / (colocar aqui o ano) Total de vendas projetadas para o mês: R$ ____________ Total de vendas realizadas no mês: R$ ____________ Número de unidades a serem agenciadas no mês: ________________ Total de unidades agenciadas no mês: ________________ Comentário sobre os resultados obtidos no mês: _____________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ As providências que você se comprometeu a executar no mês passado foram realizadas? Sim ( ) Não ( ) Por quê? ____________________________________________________________________ PONTUAÇÃO DOS FATORES Fator número Descrição do fator Pontuação 01 02 03 (...) 10 Média do mês = Número de pontos ÷ Número de fatores Para os três fatores mais fracos identificados, deverão ser tomadas as seguintes providências (listá-las): _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 80 Gestão Imobiliária CONTROLE ESTATÍSTICO DA PRODUTIVIDADE DO MÊS: (colocar aqui o mês) / (colocar aqui o ano) Número de clientes cadastrados Número de clientes atendidos nos plantões da loja: _________________________ Número de clientes atendidos nos estandes de vendas: _________________________ Número de clientes contatados pelo telemarketing: _________________________ Número de unidades em lançamento: _________________________ Número de unidades em lançamento demonstradas: _________________________ Número de clientes que apresentaram propostas: _________________________ Número de vendas de unidades em lançamento realizadas: _________________________ Número de dias dedicados aos clientes, até o fechamento da venda: Venda n° 01 – número de dias dedicados ao negócio: _____________________________ Venda n° 02 – número de dias dedicados ao negócio: _____________________________ Venda n° 03 – número de dias dedicados ao negócio: _____________________________ Venda n° 04 – número de dias dedicados ao negócio: _____________________________ Venda n° 05 – número de dias dedicados ao negócio: _____________________________ Observações: _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________Como vimos anteriormente, a administração de uma organização visa, primordialmente, o atingimento de objetivos, sendo que alguns podem ser mais importantes que outros. Para Chiavenato (2004), a hierarquia dos objetivos pode ser dividida em três tipos. Os objetivos estratégicos são os objetivos da empresa como um todo. Os objetivos táticos são os objetivos de cada departamento da empresa. Por fim, os objetivos operacionais são objetivos a serem alcançados pela pessoa que ocupa um determinado cargo. Os objetivos estratégicos são os mais importantes para a organização, sobrepondo-se aos objetivos táticos e, por consequência, aos objetivos operacionais. 2) Vamos relembrar os conceitos que aprendemos até aqui? Preencha o quadro abaixo com as definições apresentadas no texto. 81 Gestão Imobiliária Capítulo 2 Função administrativa Definição Planejamento Organização Liderança Execução ou direção Controle 2.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL A estrutura organizacional pode ser entendida como o “sistema de responsabilidades, autoridade e linhas de comunicação que define a maneira como se integram as partes de uma organização” (MAXIMIANO, 2011, p. 329). Dentro de uma organização, as responsabilidades são divididas conforme o tipo de trabalho a ser realizado. Essa divisão geralmente é denominada departamentalização, que segue critérios para atribuir tarefas e especializar as atividades a serem realizadas. Para Chiavenato (2004, p. 185), departamentalização é “o nome dado à especialização horizontal na organização através da criação de departamentos para cuidar das atividades organizacionais”. A estrutura organizacional pode utilizar diversos critérios para dividir as tarefas, por exemplo, de acordo com a função, território, produto ou serviço, cliente ou projeto. As organizações geralmente apresentam sua estrutura organizacional em um organograma de funções. A seguir, iremos entender cada um desses tipos de estrutura organizacional dentro do setor imobiliário. • Organização funcional A organização funcional consiste em atribuir, para cada unidade de trabalho, a responsabilidade por alguma função organizacional. Essas funções podem ser, por exemplo, o marketing, as finanças, os recursos humanos, entre outros. 82 Gestão Imobiliária Neste tipo de organização, existe a função do administrador geral, que gerencia as atividades de cada departamento. Nas empresas de grande porte, com muitos funcionários, a organização funcional também é utilizada para dividir as atividades dentro de cada setor. Para Chiavenato (2004), a organização funcional também pode ser denominada de departamentalização por funções ou departamentalização funcional. Esse tipo de organização “consiste no agrupamento de atividades e tarefas de acordo com as principais funções desenvolvidas na organização” (2004, p. 185). A Figura 7 apresenta um exemplo de organograma de uma empresa do setor imobiliário que utiliza uma organização funcional. FIGURA 7 – EXEMPLO DE ORGANOGRAMA DE UMA CONSTRUTORA FONTE: Adaptado de Mendes Júnior (2018) A organização funcional geralmente é utilizada por empresas de pequeno porte, por empresas recém-criadas ou por empresas que oferecem um único tipo de produto ou serviço. Esse tipo de organização é apropriado para esses tipos de empresas porque atende apenas um tipo de cliente localizado em um território 83 Gestão Imobiliária Capítulo 2 limitado. No caso de empresas de grande porte, este tipo de organização também pode ser utilizado quando a empresa tem uma pequena diversificação tecnológica ou de produtos ou executa suas operações em uma mesma área geográfica (MAXIMIANO, 2011). • Organização territorial A organização territorial é caracterizada pela distribuição de um território específico para cada unidade de trabalho. Uma empresa que opera em todo o Brasil, por exemplo, pode distribuir suas operações por regiões para facilitar a organização e a alocação de recursos. A organização territorial também pode ser denominada departamentalização geográfica ou territorial, definindo-se pelo “agrupamento de atividades e tarefas de acordo com a localização geográfica” (CHIAVENATO, 2004, p. 185). A Figura 8 apresenta um exemplo de organograma de uma empresa do setor imobiliário que apresenta uma organização territorial. Observe que os quadrados cinzas, na figura, mostram que os cargos de diretores se repetem em cada regional da empresa. FIGURA 8 – EXEMPLO DE ORGANOGRAMA DE UMA COSTRUTORA FONTE: Adaptado de Corretora Souza Barros (2011) A organização territorial pode ser aplicada de duas formas distintas. Em empresas de grande porte, com atuação multinacional ou global, a organização territorial ocorre no primeiro nível hierárquico, dividindo as atividades por unidade territorial de negócios. Uma empresa pode ter a administração central, por exemplo, 84 Gestão Imobiliária e unidades divididas por continentes ou países. A segunda forma de aplicação ocorre nos níveis mais baixos da organização, dentro dos departamentos. Uma empresa que atua em todo o território nacional, por exemplo, pode ter, dentro do departamento de vendas, divisões por regiões ou estados brasileiros. • Organização por produto ou serviço A organização por produto ou serviço pode ocorrer tanto no nível mais alto da empresa, como nos níveis inferiores, dentro dos departamentos. Além disso, é possível encontrar exemplos deste tipo de organização tanto em empresas que atuam em diferentes setores, como o industrial ou o comercial. A organização por produto ou serviço “consiste no agrupamento de atividades e tarefas de acordo com os produtos produzidos ou serviços oferecidos pela organização” (CHIAVENATO, 2004, p. 185). Dentre as principais vantagens de uma organização deste tipo, podemos citar a responsabilidade dos departamentos voltada a um produto ou linha de produto ou serviço específica; a facilidade de coordenação departamental; a facilidade de inovação; a adaptação em circunstâncias extremas e a flexibilidade (CHIAVENATO, 2004). A Figura 9 mostra um exemplo de organograma de uma construtora e incorporadora que possui diversos produtos. FIGURA 9 – EXEMPLO DE ORGANOGRAMA DE UMA CONSTRUTORA E INCORPORADORA FONTE: Adaptado de Grupo Plaenge (2016) • Organização por cliente A organização por cliente é muito utilizada em empresas que atendem diferentes tipos de clientes, cada um com necessidades específicas. Dentre 85 Gestão Imobiliária Capítulo 2 as principais características deste tipo de organização, podemos destacar o agrupamento conforme o tipo ou o tamanho do cliente ou comprador dos produtos/ serviços e a ênfase nas necessidades de cada perfil de cliente (CHIAVENATO, 2004; MAXIMIANO, 2011). Esse tipo de organização é muito encontrado em imobiliárias, pois permite o atendimento específico das necessidades do cliente conforme o tipo de produto que ele procura (compra ou aluguel de imóvel, administração de condomínio, etc.). A Figura 10 mostra um exemplo de organograma deste tipo de empresa. FIGURA 10 – EXEMPLO DE ORGANOGRAMA DE UMA IMOBILIÁRIA FONTE: Adaptado de Habiteto Soluções Imobiliárias (2014) Uma empresa pode aplicar a organização por cliente em qualquer nível hierárquico ou área funcional de sua estrutura, principalmente quando perceber que existem diferenças significativas entre os clientes que exijam um atendimento especializado. Dentre estas diferenças, podemos citar “volume de compras, características especiais dos produtos, intensidade e frequência de atendimento exigido” (MAXIMIANO, 2011, p. 159). 86 Gestão Imobiliária Para saber mais sobre os tipos de estruturas organizacionais, você pode consultar o livro Introdução à teoria geral da administração, de Idalberto Chiavenato (CHIAVENATO, 2014b), disponível na Biblioteca Virtual. • Organização por projetos Podemos definir projetos como “atividades temporárias (oufinitas) que têm o objetivo de fornecer um produto ou serviço singular, para atender a uma encomenda” (MAXIMIANO, 2011, p. 162). Desta forma, para que este projeto possa ser concluído, são criadas estruturas temporárias dentro da estrutura funcional permanente da empresa. No mercado imobiliário, algumas empresas adotam este tipo de estrutura organizacional para alocar profissionais temporariamente em um projeto específico. Um exemplo disso são os lançamentos imobiliários de construtoras, que demandam uma equipe focada no projeto por um determinado período. A Figura 11 apresenta um exemplo de organograma de uma construtora que utiliza uma estrutura organizacional por projetos. FIGURA 11 – EXEMPLO DE ORGANOGRAMA DE UMA CONSTRUTORA Podemos definir projetos como “atividades temporárias (ou finitas) que têm o objetivo de fornecer um produto ou serviço singular, para atender a uma encomenda” (MAXIMIANO, 2011, p. 162). FONTE: Adaptado de Vivancos (2001, p. 108) 87 Gestão Imobiliária Capítulo 2 Para resumir o que aprendemos sobre a estrutura organizacional das empresas, veja o Quadro 12, que esquematiza as características, as vantagens e as desvantagens de cada tipo de estrutura organizacional: QUADRO 12 – CARACTERÍSTICAS, VANTAGENS E DESVANTAGENS DE CADA TIPO DE ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Tipo de estrutura Características Vantagens Desvantagens Funcional Agrupamento por atividades ou funções principais. Divisão interna do trabalho por especialidade. Maior utilização de pessoas especializadas e recursos. Adequada para atividade continuada, rotineira e estabelecida a longo prazo. Pequena cooperação interdepartamental. Contraindicada para circunstâncias ambientais imprevisíveis e mutáveis. Territorial Agrupamento conforme localização geográfica ou territorial. Ênfase na cobertura geográfica. Maior ajustamento às condições locais ou regionais. Fixa responsabilidade por local ou região, facilitando a avaliação. Ideal para firmas de varejo. Enfraquece a coordenação (seja planejamento, execução e controle) da organização como um todo. Enfraquecimento da especialização. Por produtos ou serviços Agrupamento por resultados quanto a produtos ou serviços. Divisão de trabalho por linhas de produtos/ serviços. Ênfase nos produtos e nos serviços. Define responsabilidade por produtos ou serviços, facilitando a avaliação dos resultados. Melhor coordenação interdepartamental. Maior flexibilidade. Facilita inovação. Ideal para circunstâncias mutáveis. Enfraquecimento da especialização. Alto custo operacional pela duplicação das especialidades. Contraindicada para circunstâncias estáveis e rotineiras. Enfatiza coordenação em detrimento da especialização. Por clientes Agrupamento conforme o tipo ou tamanho do cliente ou comprador. Ênfase no cliente. Predispõe a organização para satisfazer às demandas dos clientes. Ideal quando o negócio depende do tipo ou tamanho do cliente. Fixa responsabilidade por clientes. Torna secundárias as demais atividades da organização (como produção ou finanças). Sacrifica os demais objetivos da organização (como produtividade, lucratividade, eficiência etc.). 88 Gestão Imobiliária Por projetos Agrupamento em função de saídas ou resultados quanto a um ou mais projetos. Requer estrutura organizacional flexível e adaptável às circunstâncias do projeto. Requer alto grau de coordenação entre órgãos para cada projeto. Ideal quando a concentração de recursos é grande e provisória e quando o produto é de grande porte. Orientada para resultados concretos. Alta concentração de recursos e investimentos, com datas e prazos de execução. Adaptação ao desenvolvimento técnico. Ideal para produtos altamente complexos. Concentra pessoas e recursos em cada projeto provisoriamente. Descontinuidade e paralisação. Imprevisibilidade quanto a novos projetos. Angústia dos especialistas quanto ao seu próprio futuro. FONTE: Adaptado de Chiavenato (2014b, p. 191) Até aqui, vimos os conceitos gerais da administração, as suas funções e os tipos de estrutura organizacional. Aplicando estes conceitos na gestão imobiliária, podemos defini-la como um “conjunto de técnicas, práticas e ferramentas que possibilita à empresa manter bons clientes e captar novos interessados, aumentar a carteira de produtos e melhorar o atendimento final, além de reduzir custos enquanto a lucratividade sobe” (DUCOSING, 2017, s.p.). O corretor de imóveis pode, de uma forma genérica, desenvolver atividades em: compra e venda de imóveis novos e usados; compra e venda de terrenos e loteamentos; compra e venda de cessões e direitos de bens imóveis; administração de contratos de locação; administração de patrimônio imobiliário; administração de condomínios; intermediação na incorporação e na construção de imóveis; prestação de serviços de vistoria imobiliária; prestação de serviços para avaliação imobiliária; intermediação de negócios envolvendo cotas de consórcio de imóveis e/ou cotas de aplicações financeiras em fundos de investimentos imobiliários; entre outras atividades de apoio ou de suporte aos negócios relativos ao mercado imobiliário, dependendo da formação técnica e profissional do corretor (JÚNIOR, 2015). Portanto, é possível dividir a gestão imobiliária em gestão financeira, gestão patrimonial e gestão de clientes (DUCOSING, 2017). Na seção a seguir, veremos detalhadamente cada uma delas. Aplicando estes conceitos na gestão imobiliária, podemos defini-la como um “conjunto de técnicas, práticas e ferramentas que possibilita à empresa manter bons clientes e captar novos interessados, aumentar a carteira de produtos e melhorar o atendimento final, além de reduzir custos enquanto a lucratividade sobe” (DUCOSING, 2017, s.p.). 89 Gestão Imobiliária Capítulo 2 3) O organograma abaixo é a estrutura organizacional de uma construtora. Observe-o e responda as perguntas que seguem. 3 GESTÃO FINANCEIRA E PATRIMONIAL Nesta seção, iremos entender um pouco melhor os conceitos relacionados à gestão financeira e patrimonial no setor imobiliário. A gestão financeira está associada à organização dos recursos financeiros, que requerem um planejamento FONTE: Adaptado de JSR Construções (2006) a) Qual é o tipo de estrutura organizacional desta construtora? R.: b) Como estão divididas as funções desta empresa? R.: c) Quais são as principais vantagens para esta construtora adotar esta estrutura organizacional? R.: d) Quais são as principais desvantagens para esta construtora adotar esta estrutura organizacional? R.: 90 Gestão Imobiliária detalhado que leve em consideração a irregularidade dos recebimentos e os custos fixos. Dentro da perspectiva da gestão patrimonial, observa-se a carta de produtos (imóveis) disponíveis para comercialização ou locação, a análise de valorização dos imóveis, além de outros aspectos tributários e fiscais referentes ao patrimônio. 3.1 GESTÃO FINANCEIRA Podemos definir finanças como a ação de prover os meios de pagamento, que inclui o planejamento financeiro, a estimativa de entradas e saídas do caixa, além do levantamento, emprego e distribuição de fundos, comparando-se o que foi executado em relação aos planos originais (CHIAVENATO, 2014c). Portanto, a gestão financeira, dentro da perspectiva da gestão imobiliária, tem o objetivo de organizar as entradas e as saídas do caixa da empresa, levando em consideração que as entradas nem sempre são fixas. Em uma imobiliária, por exemplo, as receitas com a venda de imóveis são variáveis, enquanto que as receitas com as locações podem ser um pouco mais estáveis. Ao mesmo tempo, é preciso considerar os gastos fixos, como água, luz, limpeza do escritório, pagamento dos funcionários e comissão dos corretores. Essesaspectos exigem planejamentos de curto, médio e longo prazos e um controle sobre as contas a pagar e a receber (DUCOSING, 2017). Os aspectos mais aprofundados sobre a gestão financeira nos negócios imobiliários serão vistos em outras disciplinas deste curso. Aqui, veremos os aspectos básicos da constituição das empresas. Se você se interessou pelos aspectos da gestão financeira, pode consultar o livro Gestão financeira: Uma abordagem introdutória, de Idalberto Chiavenato, 3º edição, publicado em 2014 pela Editora Manole. • Formas jurídicas das empresas As empresas podem ser classificadas de diversas formas. Dentro da perspectiva jurídica, as empresas podem ser classificadas em firma individual, sociedade de pessoas e sociedade anônima. A firma individual é constituída por uma única pessoa, o empresário ou proprietário. Geralmente, são empresas de pequeno porte, onde o proprietário toma todas as decisões e gerencia um número pequeno de funcionários. Neste modelo jurídico, o empresário tem direito a todo o lucro da empresa e é responsável, ilimitadamente, por suas dívidas (CHIAVENATO, 2014c). Dentro da perspectiva jurídica, as empresas podem ser classificadas em firma individual, sociedade de pessoas e sociedade anônima. 91 Gestão Imobiliária Capítulo 2 FONTE: Chiavenato (2014c, p. 8) • Recursos das empresas Como vimos até aqui, um dos maiores objetivos de uma empresa é produzir bens ou serviços. Contudo, para a empresa conseguir produzir estes produtos, ela necessita de recursos, que “são os meios de que dispõem as empresas para funcionar” (CHIAVENATO, 2014c, p. 9). Dentre os tipos de recursos que a empresa dispõe, podemos considerar que os mais importantes são (CHIAVENATO, 2014c, p. 9): a) recursos materiais: recursos físicos, como edifícios, prédios, máquinas, equipamentos, instalações, ferramentas, materiais, matérias-primas etc.; Para a empresa conseguir produzir estes produtos, ela necessita de recursos, que “são os meios de que dispõem as empresas para funcionar” (CHIAVENATO, 2014c, p. 9). As sociedades de pessoas são empresas constituídas por dois ou mais sócios. São semelhantes às firmas individuais e, apesar de serem maiores, não chegam a ter grande porte. Como exemplos deste tipo de empresa, podemos citar as corretoras de imóveis, as empresas atacadistas e varejistas e as empresas que prestam serviços. Para se constituir uma sociedade de pessoas, é preciso firmar um contrato social entre os sócios, que podem assumir responsabilidade limitada até o montante investido no capital (sociedades limitadas) ou responsabilidade ilimitada, onde os sócios respondem pela totalidade das dívidas da empresa por meio de seus bens pessoais (sociedades ilimitadas) (CHIAVENATO, 2014c). Por fim, a sociedade anônima (SA) é uma sociedade com capital constituído por ações de mesmo valor nominal. Assim, cada pessoa pode adquirir um número de ações da empresa e tornar-se seu acionista. Esse tipo de empresa é administrado por um conselho de administração, que define os negócios e a política geral da empresa, e um presidente, que é responsável pelas operações diárias e pela implementação das políticas estabelecidas pelo conselho. Os acionistas recebem dividendos proporcionalmente ao número de ações de sua propriedade (CHIAVENATO, 2014c). A Figura 13 demonstra as formas jurídicas das empresas. FIGURA 13 – FORMAS JURÍDICAS DAS EMPRESAS 92 Gestão Imobiliária b) recursos financeiros: recursos monetários, como capital, dinheiro em caixa ou em bancos, contas a receber, créditos, investimentos etc.; c) recursos humanos: as pessoas que trabalham na empresa, desde o presidente até́ o mais humilde dos funcionários; d) recursos mercadológicos: recursos comerciais que as empresas utilizam para colocar seus produtos/serviços no mercado, como promoção, propaganda, vendas, pesquisa de mercado, pesquisa de consumidor etc.; e e) recursos administrativos: recursos gerenciais que as empresas utilizam para planejar, organizar, dirigir e controlar suas atividades. Dentro deste contexto, a gestão financeira de uma empresa é focada em gerenciar os recursos monetários que permitem a ela contratar pessoas, adquirir equipamentos e tecnologia, comprar matéria-prima e investir na produção de bens e serviços. Por isso, a gestão financeira está atrelada a todas as áreas da empre- sa e as decisões, muitas vezes, são tomadas em conjunto com a área financeira, para avaliar a necessidade de recursos monetários (CHIAVENATO, 2014c). Para saber mais informações sobre como montar uma imobiliária, você pode consultar o plano de negócios do Sebrae intitulado Como montar uma imobiliária, disponível em: <http://www. sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-uma-imobiliari a,30c87a51b9105410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. • Aspectos fiscais e tributários Todos os aspectos fiscais e tributários de uma empresa dizem respeito aos impostos e taxas que devem ser pagos para exercer sua atividade. Dentro do mercado imobiliário, os aspectos fiscais e tributários vão depender, principalmente, do tipo de atividade que a empresa exerce. Por exemplo, segundo o Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE), uma imobiliária atua no segmento Atividades Imobiliárias, conforme denominado pela Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE/IBGE). Esse tipo de atividade engloba: As atividades de gestores de propriedade imobiliária, como as de: proprietários de imóveis, agentes e corretores imobiliários que atuam nas atividades de compra, venda e aluguel de imóveis e outros serviços relacionados, como a avaliação de imóveis para qualquer finalidade. [...] compreende também as atividades de administração de condomínios, shopping centers e outros imóveis. As atividades compreendidas nesta Todos os aspectos fiscais e tributários de uma empresa dizem respeito aos impostos e taxas que devem ser pagos para exercer sua atividade. Dentro do mercado imobiliário, os aspectos fiscais e tributários vão depender, principalmente, do tipo de atividade que a empresa exerce. 93 Gestão Imobiliária Capítulo 2 seção podem ser desenvolvidas pelo proprietário do imóvel ou por terceiros sob contrato ou corretagem (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2018). Essas empresas poderão optar pelo Simples Nacional, um “Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas ME (Microempresas) e EPP (Empresas de Pequeno Porte), instituído pela Lei Complementar nº 123/2006” (SEBRAE, 2018a, p. 39). Entretanto, a receita das atividades das microempresas não poderá ultrapassar a receita bruta anual de R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e, para empresas de pequeno porte, R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). Essas empresas deverão recolher, através do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS), tributos e contribuições como Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); Contribuição Social Sobre o Lucro (CSLL); Programa de Integração Social (PIS); Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS); Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN); Contribuição para a Seguridade Social relativa à parte patronal (INSS); entre outros impostos estaduais e municipais. As empresas menores que atuam no segmento da construção, classificada pela CNAE/IBGE como seção F, poderão atuar na construção de edifícios em geral, obras de infraestrutura e serviços especializados para construção que fazem parte do processo de construção. Também são incluídas reformas, manutenções correntes, complementações e alterações de imóveis, montagem de estruturas pré-fabricadas in loco para fins diversos de natureza permanente ou temporária. Por fim, esta seção também compreende atividades de incorporação de empreendimentos imobiliários que promovem a realização de projetos de engenharia civil provendo recursos financeiros,técnicos e materiais para a sua execução e posterior venda (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2018). Essas empresas também poderão optar pelo Simples Nacional, semelhante às empresas do segmento imobiliário, pagando os mesmos tributos (SEBRAE, 2018b). 4) Vamos revisar o conteúdo que vimos até aqui? Pesquise no seu material, livros, sites e outras fontes, e complete o quadro abaixo com os principais tipos de recursos de uma empresa. Na coluna à direita, liste exemplos desses recursos. Recurso Exemplos 94 Gestão Imobiliária 3.2 GESTÃO PATRIMONIAL Dentro da perspectiva da administração, a gestão de recursos patrimoniais engloba a aquisição, conservação, manutenção e, quando necessário, alienação de bens. De acordo com Martins e Alt (2009, p. 19), patrimônio pode ser definido como “o conjunto de bens, valores, direitos e obrigações de uma pessoa física ou jurídica que possa ser avaliado monetariamente e que seja utilizado na realização de seus objetivos sociais”. Uma empresa pode ter, como patrimônio, instalações, prédios, terrenos, equipamentos e veículos. A gestão patrimonial, dentro da perspectiva imobiliária, diz respeito ao gerenciamento da carteira de produtos disponíveis para venda ou locação, ou seja, os imóveis. A empresa que atua no ramo imobiliário deve conhecer bem os imóveis que oferece, verificar os documentos relacionados a ele e avaliar o potencial de valorização, desvalorização ou de investimentos (DUCOSING, 2017). Portanto, a gestão patrimonial, dentro da perspectiva da gestão imobiliária, pode ser entendida como a administração de patrimônios como aluguel, revenda, avaliação, entre outros. A gestão patrimonial engloba serviços como a gestão de contratos, avaliações, gestão financeira e tributária, análise de compradores e locadores, análise cadastral e jurídica, gestão de patrimônio familiar ou empresarial e desenvolvimento de projetos arquitetônicos e de interiores (MUNDOMÍDIA, 2018). Existem três principais aspectos que devem ser observados pelos gestores com relação à gestão patrimonial. O primeiro diz respeito aos contratos, que busca registrar e descrever toda e qualquer combinação feita pelas partes envolvidas em uma negociação imobiliária. Esses contratos precisam ser assinados e registrados em cartório para garantir a credibilidade das negociações. O segundo aspecto está relacionado à análise de cadastros. Em todas as negociações: [...] é necessário realizar uma análise cadastral e jurídica dos dados do cliente e do imóvel, visando reduzir determinados riscos posteriores. Alguns desses problemas podem estar ligados à inadimplência, sucessão de herdeiros, disputas judiciais que envolvem a posse de um imóvel, impossibilidade de cumprir com suas responsabilidades por parte do cliente, entre outros. Manter uma análise de cadastros atualizada e bem-feita, por meio de processos estruturados e padronizados é uma forma de proteger sua empresa contra qualquer tipo de fraude ou problema jurídico futuro (MOVING IMÓVEIS, 2011. s.p.). O terceiro aspecto engloba os processos de locação e venda, que visam criar padrões para gerenciar as atividades e alcançar bons resultados. Desta forma, é possível orientar como a equipe de vendas deve atuar e exigir que os processos sejam seguidos, garantindo a satisfação dos clientes e melhorando 95 Gestão Imobiliária Capítulo 2 a gestão do fluxo de vendas ou locações. Entretanto, os processos precisam ser periodicamente revisados, identificando falhas que possam atrapalhar as transações (MOVING IMÓVEIS, 2011). 5) De acordo com os conceitos aprendidos até aqui, descreva os conceitos de gestão financeira e patrimonial, além dos principais aspectos a elas relacionadas, dentro da perspectiva da gestão imobiliária: Gestão financeira Gestão patrimonial Definição Aspectos 4 GESTÃO DE CLIENTES Antes de iniciarmos nossa conversa sobre o comportamento do consumidor no mercado imobiliário, vamos entender algumas definições relacionadas ao assunto. No capítulo anterior, nós vimos que, de acordo com a Associação Americana de Marketing (2018a), o cliente é o atual ou futuro comprador de algum tipo de produto ou serviço. Portanto, podemos entender que a ação de comprar está associada à obtenção de algum tipo de produto em troca de alguma forma de pagamento (MACHADO, 2018). Por outro lado, podemos definir consumidor como a pessoa que usa ou consome bens ou serviços, de maneira final e direta (AMERICAN MARKETING ASSOCIATION, 2018b). Assim, o estudo do comportamento do consumidor foca nos “processos envolvidos quando indivíduos ou grupos selecionam, compram, usam ou descartam produtos, serviços, ideias ou experiências para satisfazerem necessidades e desejos” (SOLOMON, 2016, p. 6). Com base nas duas definições apresentadas anteriormente, observamos que o consumidor e o cliente nem sempre serão a mesma pessoa. Em uma situação onde, por exemplo, uma mãe compra um pacote de fraldas para o seu bebê, percebemos que o cliente e o consumidor são pessoas diferentes. Frequentemente, os conceitos de cliente e consumidor são utilizados como sinônimos. Contudo, em alguns momentos, veremos que o cliente que adquire um imóvel, por exemplo, não será a mesma pessoa que o utilizará. Esses indivíduos ou grupos podem assumir diferentes papéis ao longo do processo de consumo e podem ser classificados em diferentes tipos. 96 Gestão Imobiliária Durante o processo de compra de um imóvel, é possível identificar vários papéis que podem ser representados por diferentes pessoas envolvidas. Se o imóvel será adquirido por uma família, por exemplo, os papéis representados dependem do número de membros e das idades de seus componentes. Além disso, é possível que uma única pessoa desempenhe vários ou até mesmo todos os papéis ao mesmo tempo. Para Lindenberg Filho (2010), no processo de compra de um imóvel, é possível identificar o papel de iniciador, de vigia, de influenciador, de comprador e de usuário. O Quadro 14 apresenta a descrição de cada um desses papéis. QUADRO 14 – PAPÉIS DO CLIENTE NA DECISÃO DE COMPRA DE UM IMÓVEL Papel Descrição Iniciador O membro da família que propõe a ideia ou necessidade; Vigia O membro que conduz a pesquisa de informações e controla o fluxo dessas informações disponíveis para os seus membros; Influenciador O membro da família que tenta influir no resultado da decisão. Algumas pessoas podem ser mais motivadas do que outras para se envolverem, e os participantes também diferem em termos da quantidade de poder que têm para convencer os outros de sua escolha; Comprador O membro da família, ou não, que realmente faz a compra. O comprador pode ou não usar o imóvel de fato (muito comum de ocorrer quando os pais compram o imóvel para os filhos); Usuário Os membros da família que utilizam o imóvel. FONTE: Adaptado de Lindenberg Filho (2010, p. 9) Comprar um imóvel ou mudar o local de residência é uma decisão difícil de ser tomada e, por isso, o consumidor pensa em muitas coisas antes de tomar essa decisão. Dentro dos estudos de comportamento do consumidor, existem vários modelos do processo de decisão de compra. Contudo, no mercado imobiliário, esse processo tem características bem definidas, por estar relacionado a um tipo de compra com alto envolvimento do consumidor. Para Lindenberg Filho, o processo de tomada de decisão de compra: [...] descreve os passos para a escolha de um imóvel utilizado pelas famílias, bem como pelos clientes. Entender como a informação é obtida, como as crenças são formadas e quais critérios de escolha são empregados [...] ao comprar um imóvel pode ser a chave da formulação estratégica de vendas (LINDEMBERG FILHO, 2010, p. 16). 97 Gestão Imobiliária Capítulo 2 Esse processo também descreve os passos de clientes para a decisão de compra de outros tipos de imóveis, por exemplo, imóveis comerciais ou rurais. Por ser uma compra dealto envolvimento: As pessoas integram calma e cuidadosamente o máximo possível de informações com o que elas já́ sabem a respeito de um produto, ponderam meticulosamente sobre os prós e os contras de cada alternativa e chegam a uma decisão satisfatória. Esse tipo de pensamento cauteloso e calculado é particularmente relevante para atividades como planejamento financeiro que exigem muita atenção ao detalhe e a várias opções que influem na qualidade de vida do consumidor (SOLOMON, 2016, p. 47). A Figura 15 ilustra o processo de decisão de compra de um imóvel. FIGURA 15 – ETAPAS DA TOMADA DE DECISÃO DE COMPRA DE UM IMÓVEL FONTE: Adaptado de Lindenberg Filho (2010, p. 17) e Solomon (2016, p. 48) 98 Gestão Imobiliária Em cada uma dessas etapas do processo de decisão de compra, o consumidor é influenciado por diversos fatores. Podem ser influências de cunho pessoal, como a renda, a idade, o gênero ou a situação do indivíduo; de cunho psicológico, como as experiências passadas, a personalidade, as atitudes e crenças, e a percepção; e de cunho social, como a cultura, a classe social a qual o indivíduo pertence, os amigos e a família (LINDENBERG FILHO, 2010). A seguir, vamos entender cada uma dessas etapas e as influências que afetam o consumidor. • Reconhecimento do problema O processo de decisão de uma compra é iniciado quando o cliente reconhece algum tipo de problema ou necessidade. Esse reconhecimento pode ser desencadeado por estímulos internos, quando uma necessidade básica do indivíduo vem à sua consciência; ou por estímulos externos, quando o indivíduo admira um produto novo adquirido por outra pessoa ou vê um anúncio sobre um produto, desencadeando ideias sobre a possibilidade de fazer uma compra (KOTLER, 2012). Dentro do contexto do mercado imobiliário, o reconhecimento do problema geralmente é a identificação da necessidade (ou desejo) de adquirir um imóvel. Isso geralmente ocorre quando o cliente vê uma diferença significativa entre seu estado atual e algum estado desejado ou ideal (LINDENBERG FILHO, 2010). Dentro dos estudos do marketing e do comportamento do consumidor, as necessidades dos indivíduos são analisadas de acordo com a Hierarquia das Necessidades apresentada pelo psicólogo Abraham Maslow. A Hierarquia das Necessidades sugere que os seres humanos, ao atingir a necessidade mais básica, passam a buscar atingir a necessidade subsequente (SOLOMON, 2016). Em cada uma das necessidades é possível identificar algum tipo de produto que o consumidor busca adquirir com o objetivo de suprir essa necessidade. Ao comprar comida, por exemplo, o consumidor tem o objetivo de suprir uma necessidade fisiológica: a fome. Os clientes do setor mobiliário não são diferentes neste sentido, e buscam suprir necessidades quando procuram um apartamento para alugar ou querem comprar uma residência. Ao escolher um imóvel, por exemplo, o indivíduo pode querer suprir uma necessidade de segurança (morar em uma rua ou bairro seguro), de pertencimento (condomínio onde vivem outras pessoas do seu círculo de amizade) Em cada uma dessas etapas do processo de decisão de compra, o consumidor é influenciado por diversos fatores. Dentro do contexto do mercado imobiliário, o reconhecimento do problema geralmente é a identificação da necessidade (ou desejo) de adquirir um imóvel. 99 Gestão Imobiliária Capítulo 2 ou até mesmo de egocentrismo (ser proprietário de uma casa de luxo). A Figura 16 ilustra a pirâmide da hierarquia das necessidades, conforme proposto por Maslow. FIGURA 16 – HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE MASLOW FONTE: Adaptado de Solomon (2016, p. 22) Para Lindenberg Filho (2010), no mercado imobiliário, frequentemente o cliente reconhece um problema ou uma necessidade quando é exposto a imóveis diferentes ou de melhor qualidade. Por isso, “uma das estratégias largamente utilizadas é a visitação do ambiente físico para induzir o comportamento” (LINDENBERG FILHO, 2010, p. 18). Por isso, uma das atividades da gestão de clientes deve ser identificar as necessidades do indivíduo para oferecer as informações relevantes e auxiliá-lo na tomada de decisão. Isso pode ocorrer tanto na compra de um imóvel, como vimos anteriormente, como na busca de um imóvel para locação ou, até mesmo, quando um proprietário deseja colocar um imóvel para venda ou aluguel. • Busca de informações Depois que o consumidor identificou uma necessidade, ele passa a buscar informações relacionadas ao tipo de produto que ele vai adquirir. Para Solomon (2016, p. 48), esse é um processo onde o consumidor “pesquisa o ambiente à 100 Gestão Imobiliária procura de dados adequados para tomar uma decisão sensata”. As principais fontes onde o consumidor busca essas informações podem ser categorizadas, de acordo com Kotler (2012), em quatro grupos: pessoais, comerciais, públicas e experimentais. A Figura 17 resume esses quatro grupos e mostra exemplos que podemos identificar no mercado imobiliário. FIGURA 17 – RESUMO DAS FONTES DE INFORMAÇÃO Grupo de fontes Exemplos genéricos Exemplos no mercado imobiliário Pessoais Família, amigos, vizinhos, conhecidos Familiares que compraram imóvel ou moram em um lugar admirado pelo indivíduo Comerciais Propaganda, sites, vendedores, representantes, embalagens, mostruários Anúncios em sites especializados, sites de imobiliárias, corretores de imóveis Públicas Meios de comunicação de massa, organizações de classificação de consumo Anúncios em jornais e revistas, sites de associações e entidades Experimentais Manuseio, exame, uso do produto Visita a unidade decorada no plantão de vendas de um lançamento imobiliário FONTE: Adaptado de Kotler (2012, p. 180) O consumidor busca informações para tomar uma decisão de compra de um imóvel pesquisando em revistas, jornais e sites na internet, perguntando para amigos, membros da família e colegas do trabalho, e visitando imóveis. Seu principal objetivo é obter informações com relação a localização, tamanho, características, preço e outros atributos do imóvel (LINDENBERG FILHO, 2010). Depois de estar munido de uma quantidade que julga ser suficiente para tomar uma decisão racional, o consumidor passa a avaliar as alternativas disponíveis. • Avaliação de alternativas Há várias formas de o consumidor julgar, dentre as alternativas disponíveis para compra, qual ele deseja escolher. Para Kotler (2012), o consumidor tenta satisfazer uma necessidade e, por isso, busca os benefícios na escolha de um determinado produto. Ele vê cada produto como um conjunto de atributos com diferentes capacidades de entregar seus benefícios. No processo de compra de um imóvel, neste estágio, o consumidor compara as alternativas e forma crenças, atitudes e interações a respeito das opções a serem consideradas. 101 Gestão Imobiliária Capítulo 2 Crenças e atitudes são conceitos técnicos utilizados tanto pelos estudos de marketing, quanto no mercado imobiliário. Crença pode ser definida como “o pensamento descritivo que alguém mantém a respeito de alguma coisa” (KOTLER, 2012, p. 181). No processo de compra de um imóvel, podemos entender que crença é “o conhecimento cognitivo acerca de um imóvel (LINDENBERG FILHO, 2010, p. 19). Já atitude corresponde a “avaliações, sentimentos e tendências de ação duradouros, favoráveis ou não, em relação a algum objeto ou ideia” (KOTLER, 2012, p. 181-182). No contexto imobiliário, podemos entender que a atitude é “o sentimento de afeto que as pessoas têm em relação ao imóvel” (LINDENBERG FILHO, 2010, p. 19). No processo de compra de um imóvel, nesta fase, podem ser utilizados critérios para a avaliação das alternativas, por exemplo, a área do terreno, o ano da construção, a localização, o preço, as metragens, o número de dormitórios, a orientação solar, a distribuição interna, o acabamento, a infraestrutura, as despesas do condomínio, os serviçosdisponíveis, o número de vagas na garagem, entre outros (LINDENBERG FILHO, 2010). As orientações de um corretor de imóveis nesta fase podem ajudar o consumidor a tomar uma decisão satisfatória. • Escolha do imóvel Depois do reconhecimento do problema, da busca de informações e da avaliação das alternativas, o consumidor escolhe adquirir um produto. Além de decidir qual produto adquirir, o indivíduo também precisa decidir sobre outras questões, por exemplo a marca, o revendedor, a quantidade, a ocasião da compra e a forma de pagamento. O consumidor também pode usar alguns modelos para escolher. O chamado modelo compensatório leva em consideração os atributos de um produto percebidos como positivos, que ajudam a superar os atributos considerados negativos. Contudo, algumas vezes o consumidor utiliza “atalhos mentais” ou regras simplificadoras para escolher um produto (KOTLER, 2012, p. 183). Esses atalhos são chamados de heurística, que pode ser entendida como uma regra simples de escolha que as pessoas utilizam para tomar decisões satisfatórias em vez de decisões perfeitas (LINDENBERG FILHO, 2010, p. 21). No processo de escolha de um imóvel, o consumidor avalia cautelosamente as alternativas e toma a decisão que parece trazer mais benefícios. Por ser uma 102 Gestão Imobiliária compra de alto envolvimento, o consumidor age de forma racional e analítica, usando o máximo possível de informações. Ao utilizar estratégias compensatórias na escolha, ele analisa cada alternativa e, ao final, o imóvel que tem maior preferência é escolhido. Contudo, na maior parte dos casos, a tomada de decisão utiliza métodos que tendem a reduzir o conflito, como a heurística. Assim, é possível que o indivíduo tenha mais facilidade em identificar quantos quartos deseja em um imóvel, mas terá dificuldade de decidir com relação ao acabamento ou estilo da decoração (LINDENBERG FILHO, 2010). • Resultados Depois da compra propriamente dita, o consumidor avalia o produto adquirido e conclui se a compra atendeu às suas expectativas. Essa avaliação pode resultar na satisfação ou insatisfação do consumidor com o produto, influenciando também o seu comportamento futuro de compra (SOLOMON, 2016). Em um processo de compra de um imóvel: Os níveis de tensão e ansiedade que as pessoas sentem estão ligados às suas percepções e atitudes quanto aos imóveis entre os quais tiveram de escolher. A incerteza em relação às diferenças entre o imóvel escolhido em relação aos outros visitados pode criar ansiedade, especialmente se os benefícios de ambos parecem semelhantes, ou se o imóvel escolhido for mais caro, embora prometa mais benefícios (LINDENBERG FILHO, 2010, p. 22). Por isso, mesmo depois da compra do imóvel, os consumidores precisam de um acompanhamento para ajudá-los a avaliar se a escolha foi a melhor dentro das possibilidades e a se adaptar ao novo ambiente, principalmente quando o processo de escolha de um imóvel envolve a mudança do local de residência. Desta forma, podemos identificar semelhanças entre as etapas do processo de tomada de decisão de compra de um imóvel e as fases do processo de venda de imóveis. A Figura 18 ilustra essas semelhanças. O consumidor avalia o produto adquirido e conclui se a compra atendeu às suas expectativas. Essa avaliação pode resultar na satisfação ou insatisfação do consumidor com o produto, influenciando também o seu comportamento futuro de compra (SOLOMON, 2016). 103 Gestão Imobiliária Capítulo 2 FIGURA 18 – SEMELHANÇAS ENTRE O PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA E O PROCESSO DE VENDA DE UM IMÓVEL FONTE: Adaptado de Lindenberg Filho (2010, p. 7) Você sabia que as emoções podem influenciar o consumidor em todas as etapas do processo de decisão de compra? Em uma pesquisa realizada em 2008, Medeiros identificou as influências positivas e negativas das emoções em cada etapa do processo de decisão de compra de um imóvel por casais. O Quadro 19 mostra um resumo dos principais resultados: QUADRO 19 – PAPEL DAS EMOÇÕES NAS ETAPAS DO PROCESSO DE DECISÃO DE COMPRA DE IMÓVEIS POR CASAIS Etapas do processo de decisão de compra Papel das emoções positivas Papel das emoções negativas Identificação da necessidade O romantismo pode servir como desencadeador da motivação para a compra inicial de um imóvel. A compra de um imóvel caracteriza-se por ser uma compra de alto envolvimento, onde os consumidores percebem um maior risco e, neste sentido, pode- se dizer que a preocupação pode retardar a identificação da necessidade. Por outro lado, a inveja pode ser um desencadeador da mesma, no sentido de atender à vontade de não se sentir inferior. 104 Gestão Imobiliária Busca de informações A tranquilidade tende a ampliar a realização desta etapa. Também os casais apontam que, durante a realização da busca externa, é possível sentir surpresa, o que reduz a preocupação. A preocupação estimula esta etapa. Também a insatisfação pode fazer com que alguns fornecedores sejam eliminados nesta etapa. Avaliação de alternativas O encantamento pode acelerar esta etapa do processo de decisão. Contudo, os casais manifestam que, para uma maior tranquilidade, a realização desta etapa deve ser detalhada. Também aqui a preocupação estimula e torna mais detalhada e demorada a realização desta etapa. Ainda, os casais entendem que a insatisfação pode se manifestar se um dos cônjuges se sentir contrariado ou menosprezado. Compra No ato da compra, o encantamento faz com que alguns casais comprem mais do que o planejado. A vibração aparece como uma sensação presente neste tipo de compra em função do alto envolvimento e dos riscos percebidos. A insatisfação pode se manifestar quando os consumidores se sentem mal assessorados. Também, nesta etapa de compra, a vergonha pode acelerar a mesma, bem como ampliar o que se ia adquirir em valor ou quantidade. Resultados Quando a compra realizada atende às expectativas, os casais se dizem satisfeitos e alegres. Alguns também manifestam surpresa no sentido de quitar a dívida e de ter o sonho realizado. Ainda, alguns homens manifestam a vibração como possível nesta etapa quando a compra realizada é uma compra bem- sucedida financeiramente. Manifesta-se a insatisfação quando os consumidores não conseguem satisfazer seu desejo com a compra realizada. Os casais também mencionam a preocupação no sentido de não conseguirem quitar as dívidas, o que pode acarretar no sentimento de vergonha. FONTE: Adaptado de Medeiros (2008, p. 103-104) O processo de tomada de decisão de compra, dentro do mercado imobiliário, engloba as etapas de reconhecimento do problema, busca de informações, avaliação de alternativas, escolha do imóvel e resultados. Os gestores da área imobiliária precisam estar constantemente se questionando sobre qual a percepção dos consumidores com relação ao produto que eles oferecem. Kotler (2012, p. 179) sugere que os gestores façam perguntas sobre: 105 Gestão Imobiliária Capítulo 2 a) Quem compra o seu produto? b) Quem toma a decisão de comprar o produto? c) Quem influencia a decisão de compra do produto? d) Como é tomada a decisão? Quem assume esse papel? e) O que o cliente compra? Que necessidades devem ser satisfeitas? f) Onde compram ou procuram o produto? g) Quando compram? Existem fatores de sazonalidade? h) Como seu produto é percebido pelos clientes? i) Quais são as atitudes dos clientes em relação a seu produto? j) Que fatores sociais podem influenciar a decisão de compra? k) O estilo de vida dos clientes influencia as decisões de compra deles? l) Como fatores pessoais ou demográficos influenciam o comportamento de compra? Essas questões ajudam o gestor a identificar o perfil dos consumidores que atende e a melhorar as estratégias para oferecer os melhores produtos e serviços ao seu público. 6) Agora que já sabemos quais sãoas etapas do processo de decisão de compra e os fatores que influenciam essa decisão, vamos reforçar os conceitos aprendidos até aqui aplicando-os no contexto do mercado imobiliário? Então, no quadro abaixo, descreva a atividade do corretor de imóveis em cada estágio do processo de compra de um imóvel. Estágio do processo de compra Atividade de um corretor de imóveis Reconhecimento do problema Busca de informações Avaliação de alternativas Decisão de compra Resultado 106 Gestão Imobiliária ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste capítulo, conhecemos os aspectos gerais, financeiros, patrimoniais, fiscais e tributários relacionados à gestão imobiliária. Primeiramente, vimos os conceitos gerais da administração. Aprendemos que os principais componentes das organizações são os recursos, o processo de transformação e os objetivos. Depois, estudamos sobre a administração geral que, de acordo com Maximiano (2011), gerencia as operações, o marketing, os recursos humanos e o financeiro das empresas. Entendemos, também, as principais funções da administração, que são o planejamento, a organização, a liderança, a execução (ou direção) e o controle. Por fim, abordamos os principais aspectos relacionados à estrutura organizacional das empresas, que podem ser classificadas em funcional, territorial, por produto ou serviço, por cliente ou por projeto. Também estudamos um pouco sobre os principais aspectos relacionados à gestão financeira de uma empresa, sob a ótica da gestão imobiliária. Nesta parte do capítulo, abordamos as formas jurídicas com que as empresas podem ser constituídas; os recursos materiais, financeiros, humanos, mercadológicos e administrativos das empresas; e seus aspectos fiscais e tributários. Na gestão patrimonial, vimos a aplicação dos conceitos associados à gestão do patrimônio na gestão imobiliária. No final do capítulo, aprofundamos a discussão sobre os conceitos de cliente, consumidor e comportamento de compra. Além disso, falamos detalhadamente sobre os papéis assumidos pelos consumidores durante a compra de um imóvel e cada um dos estágios que compõem o processo de tomada de decisão da compra. Essas informações são fundamentais para entender o comportamento do consumidor e melhorar as estratégias dos negócios dentro do contexto imobiliário. No próximo capítulo, iremos aprender mais sobre o papel do gestor de imóveis. Também iremos falar sobre as atribuições do gestor de imóveis, fazer uma comparação entre o gestor e o corretor de imóveis e aprender técnicas e práticas que irão ajudá-lo no dia a dia da profissão. Você pode acessar, sempre que quiser, os sites sugeridos neste livro e utilizar os materiais apresentados, tanto para ajudar a aprofundar seus estudos, quanto para melhorar a sua atividade profissional. 107 Gestão Imobiliária Capítulo 2 REFERÊNCIAS 1° REGISTRO DE IMÓVEIS COMARCA DE MONTES CLAROS - MG. Missão, visão e valores. O Cartório. Montes Claros: [s.n.], [201-]. Disponível em: <http:// www.1rimc.com.br/sobre/missao-visao-e-valores/>. Acesso em: 18 out. 2018. AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Customer, 2018a. (Nota técnica). AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Consumer, 2018b. (Nota técnica). CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração: Uma visão abrangente da moderna administração das organizações - Edição compacta. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos: Os novos horizontes em administração. 3. ed. Barueri: Manole, 2014a. CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. 4 ed. Barueri: Manole, 2014b. CHIAVENATO, I. Gestão financeira: Uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri: Manole, 2014c. CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS DE PERNAMBUCO. Missão, Visão e Valores. Portal da Trânsparência. Recife: CRECI-PE, 2012. Disponível em: <http://www.creci-pe.gov.br/missao.php>. Acesso em: 18 out. 2018. CONSELHO REGIONAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS DO ESPÍRITO SANTO. Missão, Visão e Valores. O CRECI. Vitória: [s.n], [201-] Disponível em: <https://www.crecies.gov.br/missao-visao-e-valores/>. Acesso em: 18 out. 2018. CORRETORA SOUZA BARROS. Fique por Dentro. Apresentação Institucional MRV Engenharia. [s.l.]: MRV Engenharia e Participações S.A, 2011. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/SouzaBarros/mrv-a-ago11-por>. Acesso em: 20 out. 2018. DUCOSING. Gestão imobiliária: o que você precisa saber para estar um passo à frente. São Paulo: DocuSign Inc., 2017. Disponível em: <https://www. docusign.com.br/blog/gestao-imobiliaria/>. Acesso em: 23 out. 2018. GRUPO PLAENGE. Plaenge Industrial. [s.l.:s.n.], [201-]. Disponível em: <https:// issuu.com/plaenge/docs/portugues-plaengeindustrial-folderi?workerAddress= ec2-52-87-235-228.compute-1.amazonaws.com>. Acesso em: 1 out. 2018. 108 Gestão Imobiliária HABITETO SOLUÇÕES IMOBILIÁRIAS. A empresa. [s.l.:s.n.], [201-]. Disponível em: <https://habiteto.com.br/sobre/empresa>. Acesso em: 20 out. 2018. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Comissão Nacional de Classificação. [s.l.:s.n.], 2018. Disponível em: <https://cnae.ibge. gov.br/?view=secao&tipo=cnae&versaosubclasse=9&versaoclasse=7&secao=L>. Acesso em: 25 out. 2018. JACOVINE, J.C. O que é gestão imobiliária e como melhorar os processos? Empreendedorismo. [s.l.]: Mundomídia soluções criativas, [201-]. Disponível em: <http://blog.mundomidia.com/o-que-e-e-gestao-imobiliaria-e-como-melhorar-os- processos/>. Acesso em: 25 out. 2018. JSR CONSTRUÇÕES. Organograma de JSR Construções. [s.l.:s.n.], 2006. Disponível em: <http://www.jsrconstrucoes.com/index_doc/organograma.htm>. Acesso em: 20 out. 2018. JÚNIOR, H. P. Operações imobiliárias. In: Comércio e serviços imobiliários [livro eletrônico]. Curitiba: Editora InterSaberes, 2015. p. 105–144. KOTLER, P. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. LINDENBERG FILHO, S. DE C. Guia prático do corretor de imóveis: fundamentos e técnicas. São Paulo: Atlas, 2010. MACHADO, M. A. D. Possuir ou experienciar? Entendendo as relações entre o materialismo e o experiencialismo ao longo do processo de consumo de uma experiência. Dissertação (Mestrado em Administração) — Porto Alegre: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2018. MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de materiais e recursos patrimoniais. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à Administração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. MEDEIROS, J. F. de. O papel das emoções no processo decisório de compra de imóveis por casais. [s.l.] Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2008. MENDES JÚNIOR. Estrutura organizacional. [s.l.:s.n.], [201-]. Disponível em: <http://www.mendesjunior.com.br/site/portugues/default.aspx?cmp=empresa/ estrutura_organizacional.ascx>. Acesso em: 18 out. 2018. 109 Gestão Imobiliária Capítulo 2 MOVING IMÓVEIS. Como fazer uma gestão imobiliária eficaz? [s.l.:s.n.], [201- ]. Disponível em: <https://blog.movingimoveis.com.br/como-fazer-uma-gestao- imobiliariaeficaz/>. Acesso em: 25 out. 7. Disponível em: <http://www.novolarimoveis.com veis.com.br/como-fazer-uma- gestao-imobiliaria-eficaz/>. Acesso em: 25 out. 2018. NOVOLAR IMÓVEIS. Empresa. [s.l.:s.n.] , 201/empresa>. Acesso em: 18 out. 2018. SEBRAE. Como montar uma imobiliária. Idéias de Negócios. [s.l.:s.n.], [201-]. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ideias/como- montar-uma-imobiliaria,30c87a51b9105410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 1 out. 2018a. SEBRAE. Como montar um serviço de pequenas obras para construção civil. Idéias de Negócios. [s.l.:s.n.], [201-]. Disponível em: <http://www.sebrae.com. br/sites/PortalSebrae/ideias/como-montar-um-servico-de-pequenas-obras-para- construcao-civil,64297a51b9105410VgnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 25 out. 2018b. SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor: Comprando, possuindo e sendo [recursoeletrônico]. 11. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016. TENDA CONSTRUTORA. Visão e Missão. [s.l.:s.n.], 2018 Disponível em: <https:// www.tenda.com/sobre-a-tenda/visao-e-missao/>. Acesso em: 18 out. 2018. VIVANCOS, A. G. Estruturas organizacionais de empresas construtoras de edifícios em processo de implementação de sistemas de gestão da qualidade. [s.l.] Universidade de São Paulo, 2001. VIVER INCORPORADORA E CONSTRUTORA. Institucional. [S.l.:s.n.], 2014. Disponível em: <http://www.viver.com.br/empresa>. Acesso em: 18 out. 2018. 110 Gestão Imobiliária CAPÍTULO 3 O Papel do Gestor de Imóveis A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: Saber: Definir as atribuições do gestor de imóveis de acordo com os regulamentos vigentes. Fazer: Empregar as técnicas e práticas disponíveis para uma gestão imobiliária eficiente. 112 Gestão Imobiliária 113 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 1 CONTEXTUALIZAÇÃO Neste capítulo, iremos ver como são colocados, na prática, todos os conteúdos que vimos até aqui. Você lembra que vimos diversas leis, regulamentos, normas e orientações nos capítulos anteriores? Pois bem, aqui, iremos ver como essas leis influenciam na atuação do profissional corretor de imóveis e como essas técnicas podem ser aplicadas em seu cotidiano para facilitar seu trabalho. Na primeira seção, denominada Gestor ou corretor de imóveis?, iremos abordar os conceitos de corretor de imóveis e de gestor de imóveis. Será que existe diferença entre esses dois profissionais? Será que o corretor de imóveis pode ser chamado de gestor imobiliário? Será que um gestor imobiliário pode atuar como corretor de imóveis? Nesta parte, entenderemos as diferenças entre estes conceitos de acordo com os regulamentos e leis relacionados à atuação de corretagem imobiliária. Na segunda seção, intitulada Atribuições do gestor/corretor de imóveis, conheceremos as principais fases do processo de intermediação de negociação de um imóvel. Primeiramente, analisaremos quais são as principais funções relacionadas à prospecção de imóveis e quais são os pontos que o gestor imobiliário deve observar para escolher um imóvel de qualidade para figurar em sua carteira de produtos. Depois, iremos ver os principais aspectos relacionados à avaliação de imóveis. Entenderemos como ela é feita e quem está habilitado a fazê-la. Por fim, veremos os principais aspectos relacionados à venda de imóveis e como o corretor atua para que tudo ocorra bem neste tipo de transação. Na terceira seção, chamada Técnicas e práticas na gestão imobiliária, aprofundaremos nosso conhecimento sobre os principais documentos que precisam ser utilizados pelo corretor de imóveis para sua atuação profissional. Entenderemos o que é e como se constitui uma autorização de venda, um termo de visitação, um recibo de sinal de negócio, um contrato de promessa de compra e venda e um instrumento de cessão de direitos. Também veremos porque esses documentos são importantes para assegurar os direitos e os deveres do corretor de imóveis e dos clientes. Este capítulo também segue a dinâmica dos capítulos anteriores, apresentando sugestões de sites e de livros, conceitos técnicos e outros materiais que te ajudarão na atividade profissional e nos estudos desta disciplina. Além disso, conheceremos alguns modelos dos documentos acima citados. Também iremos exercitar nosso aprendizado com atividades, relembrando tudo o que foi aprendido na unidade. Bons estudos! 114 Gestão Imobiliária 2 GESTOR OU CORRETOR DE IMÓVEIS? Até aqui, vimos a história do mercado imobiliário no Brasil, a criação dos primeiros Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis e alguns aspectos sobre a atuação dos corretores e dos gestores de imóveis. Além disso, vimos as principais leis e decretos que regulamentam a atuação destes profissionais e do mercado como um todo. Nesta seção, iremos conversar sobre os conceitos de gestor e de corretor de imóveis e as principais formas de atuação desta profissão. Você já parou para pensar se existe diferença entre gestor e corretor de imóveis? Há bastante tempo existe um debate forte entre os profissionais da área sobre a nomenclatura dos profissionais que atuam no mercado imobiliário. Será que os corretores de imóveis podem se autodenominar gestores imobiliários? Será que os gestores imobiliários são, por formação, corretores de imóveis? Vamos começar, então, esclarecendo esta polêmica sobre a nomenclatura utilizada pelos profissionais que atuam no mercado imobiliário. A Resolução nº 1.065, de 2007, do COFECI (Conselho Federal dos Corretores de Imóveis), estabelecia as regras para utilização de nome abreviado, por pessoas físicas, e de fantasia, por empresários e pessoas jurídicas, assim como o tamanho mínimo de impressão do número de inscrição no CRECI em divulgações publicitárias e documentais (CONSELHO FEDERAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS, 2007). O artigo 2 da resolução permitia: A utilização pública de nome por extenso ou nome abreviado por pessoa física regularmente inscrita no CRECI poderá dar-se desde que seguido da expressão “profissional liberal” ou “corretor de imóveis”, independente de outro adjetivo que possa figurar no anúncio ou documento com o objetivo de melhor qualificar o profissional (por exemplo: “gestor imobiliário”, “consultor imobiliário”, etc.) (CONSELHO FEDERAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS, 2007, p. 2, grifo no original). Em 2017, o COFECI publicou a Resolução nº 1.402, alterando o dispositivo da Resolução nº 1.065/2007, para permitir a utilização da expressão gestor 115 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 imobiliário por portadores de diploma de curso superior na área das Ciências Imobiliárias (CONSELHO FEDERAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS, 2017). O documento foi publicado com o objetivo de incentivar os corretores de imóveis a buscar o aperfeiçoamento profissional através da formação acadêmica em nível superior na área das ciências imobiliárias. Assim, seria possível uma melhor identificação da qualificação profissional em anúncios e documentos relacionados à atividade da profissão. Portanto, este documento apresenta uma nova redação para o artigo 2 da Resolução nº 1.065, afirmando que: A utilização pública de nome por extenso ou nome abreviado por pessoa física regularmente inscrita no CRECI poderá dar- se desde que seguido da expressão “corretor de imóveis”, “gestor imobiliário” ou “profissional liberal”, independente de outro adjetivo que possa figurar no anúncio ou documento com o objetivo de melhor qualificar o profissional (CONSELHO FEDERAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS, 2017, p. 1, grifo no original). Sendo assim, podemos considerar que o corretor de imóveis é o profissional que possui título de Técnico em Transações Imobiliárias e registro no Conselho Regional de Corretores de Imóveis do seu estado, de acordo com o art. 2 da Lei nº 6.530/1978. Da mesma forma, seria considerado gestor imobiliário o profissional que possuir formação em nível superior nas áreas de ciências imobiliárias e registro no Conselho Regional de Corretores de Imóveis do seu estado, de acordo com a Resolução n° 1.402 do COFECI. Dentro das atribuições dos corretores e gestores de imóveis, podemos incluir a intermediação na compra, venda, permuta e locação de imóveis, além de poder opinar com relação aos aspectos da comercialização imobiliária (BRASIL, 1978, art. 3). Portanto, neste livro de estudos iremos considerar que o gestor e o corretor de imóveis podem atuar nas mesmas áreas dentro do mercado imobiliário. A diferença entre os dois profissionais diz respeito, apenas, à sua formação. Desta forma, iremos abordar os principais aspectos relacionados à participação destes profissionais na intermediação de compra, venda e permuta de imóveis, e na administração de imóveis e locação. Mesmo que haja outras áreas de atuaçãopara estes profissionais, iremos focar nestas duas formas, trazendo ferramentas e técnicas que facilitarão a organização pessoal e a negociação com os clientes. 116 Gestão Imobiliária 1) Quais seriam as outras possibilidades de atuação do profissional imobiliário? Vimos em diversos momentos, neste livro de estudos, que o mercado imobiliário está em constante mudança e os profissionais precisam estar atentos para se reinventar. Você já parou para pensar sobre como os aplicativos podem influenciar a sua atividade profissional? Será que plataformas tecnológicas lançadas recentemente, como o AirBNB, podem afetar as vendas ou os aluguéis de imóveis? Leia o artigo publicado no blog do site <www.jetimob.com> e pense um pouco sobre o assunto: O que as imobiliárias podem aprender com o AirBnb O mercado mudou, sabia? Faz tempo e está mudando mais. Novas tecnologias proporcionaram modelos de negócio totalmente disruptivos. Veja os casos do Uber, Netflix e, nosso tópico aqui, o AirBNB. E não adianta ficar de “mimimi”, achando que é injusto, que vai tirar mercado de outros lugares (e vai!). O negócio é se adaptar e adaptar a sua empresa para competir melhor com estes novos formatos. O mercado imobiliário vem sofrendo quedas com a entrada de novas formas de aluguéis e de venda de imóveis. Hoje já é possível comprar um apartamento via app, alugar um imóvel todo decorado por tempo menor do que um contrato padrão de imobiliária e por valores até melhores. O diferencial do AirBNB A entrada do AirBNB causou um reboliço no mercado imobiliário e na rede hoteleira, pois permite que qualquer pessoa coloque seu imóvel para locação, a maioria deles mobiliado, com internet e outras facilidades. Se bobear, o novo “dono” entra com o café da manhã na mesa. O AirBNB é uma empresa americana, fundada em 2008, financiada por uma incubadora – uma startup [...]. A plataforma propõe o aluguel por temporada, em diversas partes do mundo e em diferentes tipos de imóveis (tem até casa na árvore), com toda a verificação de segurança do dono do imóvel e de quem aplica para se hospedar. Além disso, também inclui um seguro para evitar prejuízos aos donos (fato que já ocorreu no passado). O site também permite que os hóspedes e os donos deixem comentários sobre a experiência para futuros interessados, e assim funciona uma empresa que faturou em 2016 mais de 3 bilhões de dólares. 117 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 Ainda existe muita discussão sobre este novo mercado de serviços compartilhados e algumas leis estão precisando se adaptar a esta realidade. Mas uma coisa é certa: Não tem volta! O que mudou aqui foi a visão dos consumidores – usufruir sem possuir. A intenção inicial era focar em curta temporada para viajantes, mas a empresa já está focando em aluguel de longo prazo. Se posso alugar um apartamento sem muita burocracia, bem localizado, mobiliado e sem um compromisso longo, por que vou arriscar um contrato cheio de burocracia por um período de 30 meses? Claro que o AirBNB não funciona para todos os públicos. Um casal de idosos dificilmente irá optar por ele. Mas pense em executivos que vão morar temporariamente num local, ou estudantes universitários, por exemplo. E sim, tem o outro lado. Como este inquilino irá lidar com pequenos reparos que seriam de responsabilidade do dono? E no caso dos condomínios, quem se responsabiliza? E o seguro de incêndio, está incluso? Estas questões ainda estão sendo revistas e são os pontos que trazem uma certa segurança em locar via imobiliária. Por enquanto. Pode apostar que logo surgirão serviços para lidar com isso. Mas como isso afeta o mercado imobiliário? Afeta de todas as formas. Novas plataformas vão surgir e outros modelos mais inovadores. Muito em função destas mudanças, o mercado imobiliário já está fazendo adaptações. Por exemplo: Quando você imaginou que não haveria mais a figura do fiador para alugar um imóvel? Agora já existem seguros locatícios, alguns até on-line com apenas verificação de cartão de crédito. E quando você, dono de imobiliária, pensou que o próprio dono de imóvel iria “pagar” o seguro fiança para seu inquilino? É, mudança dos tempos. Há previsões de que até 2025 a profissão de corretor de imóveis irá desaparecer. Todo o mercado imobiliário terá que repensar sua forma de fazer negócio, pois o comportamento do consumidor está mudando: novos formatos de trabalho. O desafio é entender as pessoas! Novos hábitos, novos valores e novas necessidades. Se antes a localização era um fato essencial, o trabalho remoto e o aumento de carros elétricos já está influenciando outros hábitos. Neste aspecto, se você tem uma imobiliária que atua em certos bairros mais centrais, porém de difícil acesso (trânsito, violência, etc.), vai ter que suar duro para ter um portfólio mais abrangente. A opção de usar a realidade virtual já está diminuindo drasticamente a necessidade de visita a um imóvel, isso implica em menos gente para trabalhar 118 Gestão Imobiliária na sua empresa, para fazer visitas e elaborar anúncios, por exemplo. O AirBNB é só o começo. Aliás, o problema não é o AirBNB. É a tecnologia por trás. O modelo de negócio. Outras plataformas já existem para aproximar o cliente do seu imóvel. Agilidade. Comodidade. Preço acessível. Sem intermediários. O mercado imobiliário terá que se reinventar Você, corretor, e você, dono de imobiliária, precisam inovar! A boa notícia é que toda mudança nos dá a chance de fazer melhor e diferente. Não estou falando de uma mudança enorme e total. Estou falando de algo bem simples (mas ainda assim, complexo) que é mais importante do que nunca – a experiência do cliente. O que vai manter você no mercado imobiliário, com ou sem AirBNB, é a sua capacidade de oferecer serviços diferenciados e um atendimento único. É sair da posição de um mero espectador, do marketing padrão e se posicionar como um “resolvedor de problemas” de fato. Qual o problema que estas novas tecnologias ainda não estão resolvendo? Quais os desafios do setor para os próximos anos e como você vai resolvê-los, agora? O que vai fazer um cliente optar por alugar ou comprar um imóvel com você e não direto com o proprietário? Que outras facilidades você poderia incluir no seu negócio para manter o relacionamento com seu cliente (aliás, você tem MESMO um relacionamento com eles?). Sugiro que você faça uma análise bem séria sobre seus passos para os próximos anos, se ainda quiser se manter no mercado. Defina onde você quer chegar e como irá se posicionar. Invista em tecnologia e profissionais que estejam abertos a mudanças constantes. Não tem jeito. É isso… ou fechar as portas. FONTE: <https://www.jetimob.com/blog/imobiliaria-e-airbnb/>. Acesso em: 13 nov. 2018 (grifo no original). A partir dos questionamentos levantados pela autora, vamos pensar um pouco sobre nossas atividades profissionais diárias e os principais desafios que temos pela frente. Depois, vamos iniciar um plano de ação para se preparar para o futuro. Para isso, responda as perguntas abaixo com relação à sua atuação profissional no mercado imobiliário (se você ainda não atua no mercado imobiliário, pode pesquisar no material desta disciplina e em sites na internet para levantar os principais desafios do profissional do mercado imobiliário e propor soluções para o futuro). 119 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 a) Quais são os principais desafios que você enfrenta hoje em sua atuação no mercado imobiliário? Liste pelo menos dois desafios: R.: b) Descreva uma ideia para cada desafio levantado na questão anterior: Desafio Solução c) Agora, a partir das soluções levantadas, proponha três ações para cada uma delas e estabeleça um prazo para ser cumprido. Cada uma das três ações deve ter um tipo de prazo. Proponha uma ação para o curto prazo (seis meses), para o médio prazo (12 meses) e para o longoprazo (cinco anos). Solução Ação Prazo 3 ATRIBUIÇÕES DO GESTOR/ CORRETOR DE IMÓVEIS Como vimos na seção anterior, tanto o corretor quanto o gestor de imóveis podem atuar em diversos campos no mercado imobiliário. Aqui, veremos os principais aspectos relacionados à atuação deste profissional em cada uma das fases que envolvem a intermediação de compra, venda, permuta e locação de imóveis. Contudo, não se esgotam aqui as áreas em que o corretor de imóveis pode atuar. 120 Gestão Imobiliária 3.1 PROSPEÇÃO DE IMÓVEIS Dentre as atribuições de um gestor ou corretor de imóveis, destaca-se a prospecção de imóveis, que é importante na atuação deste profissional tanto na venda de imóveis, como na locação. Afinal, para poder oferecer imóveis aos clientes, é preciso ter uma carteira de produtos atraentes e de qualidade. De acordo com Gomide (2012), podemos entender que a ação de prospectar está relacionada a calcular o valor econômico de algo. O cálculo do valor econômico de imóveis, especificamente, tanto para locação quanto para venda, precisa levar em consideração a sua localização. Isso permite antever pontos que podem dificultar a sua comercialização e, também, favorecê-la (GOMIDE, 2012). Gomide (2012) e Lindenberg Filho (2010) destacam alguns fatores relacionados à localização dos imóveis que precisam ser analisados. O Quadro 1 apresenta um resumo destes fatores e pontos a serem observados. QUADRO 1 – RESUMO DOS FATORES RELACIONADOS À LOCALIZAÇÃO DOS IMÓVEIS Fator Pontos a serem observados Segurança • Localização da delegacia mais próxima. • Existência, ou não, de serviço de vigilância nas proximidades. • Radiopatrulha. • Emergências médicas. • Hidrantes. • Câmeras de monitoramento 24 horas. • Iluminação. Comércio e serviço • Disposição do comércio e serviço no local. • Levantar os estabelecimentos existentes nas redondezas que possam ser atrativos para o cliente, de acordo com seu perfil, tais como: supermerca- dos, mercearias, quitandas, padarias, lanchonetes, bares, restaurantes, pet shops, lojas (em geral), lojas de conveniência, chaveiros, farmácias, sapatarias, tinturarias, lavanderias, quadras de esportes, academias, esco- las, cursos (de idiomas, supletivos ou pré-vestibulares), faculdades e uni- versidades, escolinhas (balé, futebol, natação), museus, clínicas médicas, ambulatórios, hospitais, clínicas veterinárias, hotéis, garagens, postos de gasolina, shoppings, bancos, caixas eletrônicos, entre outros. Transporte • Verificar as linhas de ônibus e de metrô que circulam nas imediações e os pontos de táxi existentes. • Analisar as condições de trafegabilidade, tipo de pavimentação existente e facilidades de estacionamento. • Identificar a distância até a rodoviária ou aeroporto. 121 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 • Avaliar as facilidades de acesso às saídas da cidade em direção à região metropolitana, serra, litoral ou outros estados. Áreas de lazer • Identificar as áreas de lazer, como parques, praças e áreas verdes, que podem valorizar determinados imóveis. Serviços públicos • Ressaltar a existência de serviços como iluminação pública, estrutura viária, pavimentação, coleta de lixo (orgânico e seletivo), saneamento, calçamento, ruas arborizadas, preservação ambiental, urbanismo, entre outros. Outras informações • Identificar fatos curiosos e dados históricos sobre o local. Isso pode conquistar alguns clientes. FONTE: Adaptado de Gomide (2012, p. 8) e Lindenberg Filho (2010, p. 67-68) Levantar essas informações sobre o imóvel pode ser o grande diferencial para encantar o cliente e fechar o negócio (tanto venda quanto locação). Além disso, conhecer o imóvel, que vai ser incluído em sua carteira de produtos, poderá ajudar na identificação dos pontos fortes, a serem ressaltados como argumento na negociação, e pontos fracos, a serem contornados de acordo com as necessidades do cliente. Por isso, Lindenberg Filho (2010, p. 70-74) apresenta um roteiro para o estudo do imóvel que será lançado. Este roteiro ajuda, na sua atuação profissional diária, a identificar potenciais e fraquezas de imóveis e a construir uma carteira de produtos atraentes para os clientes. Para tanto, fizemos algumas adaptações com o intuito de lhe ajudar a identificar os principais aspectos necessários para conhecer em profundidade o imóvel e a avaliar o potencial de venda (ou locação) dele: ROTEIRO PARA ESTUDO DO IMÓVEL 1. Aspectos gerais - Descrição da empresa incorporadora/construtora do imóvel — breve histórico, futuros empreendimentos a serem lançados, registro de incorporação do empreendimento, memorial descritivo de acabamentos, manual do proprietário. - Descrição do imóvel — quando ocorreram as obras, quando foi entregue, estimativa de custo mensal do condomínio, breve currículo do engenheiro e do(s) arquiteto(s) responsáveis. 2. Localização - Endereço completo do imóvel (bairro, rua, número, pontos de referência próximos). 122 Gestão Imobiliária - Tipo de localização do imóvel em relação à sua função (localização em zona urbana ou rural, localização em uma região industrial, etc.). - Aspectos gerais da localização (se a rua é arborizada e/ou asfaltada, iluminação pública, facilidade de estacionamento). - Disponibilidade de serviços públicos na rua (coleta seletiva de lixo, etc.). - Disponibilidade de serviços de transporte coletivo nas imediações. - Disponibilidade de serviços (lavanderia, sapataria, chaveiro, etc.) e comércio (padaria, açougue, mercearia, etc.) nas imediações. - Pontos de referência que valorizam o bairro e o empreendimento. - Outros itens que vale a pena ressaltar. - Pontos fortes e fracos da localização. 3. Terreno - Aspectos gerais sobre o terreno (área total do terreno, características do terreno e da fundação do imóvel). - Aspectos gerais da construção (área total construída, altura da edificação). - Outros itens que vale a pena ressaltar. - Pontos fortes e fracos do terreno. 4. Infraestrutura - Aspectos gerais relacionados a elevadores (quantidade de elevadores instalados, modelo, marca e tipo). - Existência de instalação de gás central. - Instalação hidráulica (quantidade de reservatórios de água instalados, localização das instalações, capacidade de cada reservatório, hidrômetros individuais ou coletivos, reaproveitamento da água). - Instalação de internet (operadoras disponíveis no local, tipo e velocidade de conexão, formas de instalação). - Instalação elétrica (quantidade de tomadas e interruptores, tipo de fiação elétrica, tipo de tensão e instalação — 110V ou 220V, monofásico, bifásico ou trifásico — frequência de queda de luz, concessionária que atende o local). - Características gerais do imóvel (fachada do imóvel, acabamento, recursos de lazer indoor e outdoor). - Característica de estacionamento (box coberto ou descoberto, número de vagas por unidade). - Recursos de segurança (câmeras de vigilância, serviços de vigilância, portaria, portão eletrônico, interfone, etc.). - Pontos fortes e fracos da infraestrutura. 5. Imóvel - Tipo de função do imóvel (residencial, comercial, industrial, rural). - Características gerais do imóvel (posição solar, luminosidade, ventilação, tamanho das dependências, total de área privada, área total do imóvel). 123 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 - Características da construção e decoração do imóvel (se possui tampos ou pias na cozinha e o tipo de material, se possui tampos ou pias nos banheiros e o tipo de material, existência de acabamento de gesso no teto, vedação das esquadrias para vento e água, espera para aquecimento de água, tipos de disjuntores instalados, esperas para ar-condicionado – janela ou split). - Pontos fortes e fracos do imóvel. 6. Condições de comercialização - Tipo de negociação (venda, permuta, aluguel, aluguel por temporada). - Preços (preço por metro quadrado para venda, preço do aluguel mensal ou por temporada).- Condições de pagamento (financiamento, descontos para pagamento à vista, pagamento de aluguel por boleto enviado eletronicamente, descontos para pagamento de aluguel sem atrasos). - Aceita outros bens na transação (em casos de venda de imóveis). - Tipos de financiamento e bancos (em casos de venda de imóveis). - Tipos de garantias e fianças (em casos de locações – quantidade e tipo de fiador necessário, seguro fiança). - Índices de reajuste do negócio, do financiamento ou do aluguel. - Qual a renda e os documentos necessários para fazer a negociação (tanto locação como venda). - Pontos fortes e fracos das condições de comercialização. IDENTIFICAÇÃO DOS PONTOS FORTES E FRACOS DO IMÓVEL EM ESTUDO IMÓVEL: ____________________________________________________________________ Endereço: ___________________________________________________________________ Bairro: ___________________________________ Cidade: ____________________________ Construtora/incorporadora: ______________________________________________________ Pontos fortes Pontos fracos 1. Localização: 1. Localização: 2. Características da edificação: 2. Características da edificação: 3. Características do imóvel: 3. Características do imóvel: 4. Preço e condições de pagamento: 4. Preço e condições de pagamento: 124 Gestão Imobiliária 3.2 AVALIAÇÃO DE IMÓVEIS A avaliação de imóveis é uma das atividades que pode ser exercida pelo corretor de imóveis. Ele é o profissional capacitado a analisar o valor de um imóvel junto ao seu proprietário com o objetivo de atribuir um preço de comercialização, sugerindo um valor de mercado adequado ao contexto de avaliação (SECOVI-SP, 2017). Mas, afinal, quem é o profissional capacitado a analisar o valor de um imóvel? Você sabia que essa discussão teve muita repercussão no mercado imobiliário, gerando, inclusive, disputas judiciais (CONSELHO FEDERAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS, 2013)? De acordo com a NBR 14653-1, a avaliação de bens pode ser definida como uma: Análise técnica, realizada por engenheiro de avaliações, para identificar o valor de um bem, de seus custos, frutos e direitos, assim como determinar indicadores da viabilidade de sua utilização econômica, para uma determinada finalidade, situação e data. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 3, grifo nosso). Ainda segundo esta mesma norma, o engenheiro de avaliações é definido como: O profissional de nível superior, com habilitação legal e capacitação técnico-científica para realizar avaliações, devidamente registrado no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA) (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 4). Em 2006, o COFECI publicou a Resolução nº 957, que dispunha sobre a competência do corretor de imóveis para a elaboração de parecer técnico de avaliação imobiliária. Essa Resolução tinha o intuito de esclarecer que o corretor de imóveis também poderia atuar como avaliador imobiliário, apesar do expresso na NBR 14653 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, 2004, 2011). O artigo 1º da Resolução determina que “a elaboração de Parecer Técnico para determinação do valor de mercado de imóvel será permitida ao Corretor de Imóveis” (CONSELHO FEDERAL DOS 125 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 CORRETORES DE IMÓVEIS, 2006, p. 1). Além disso, a publicação define, como Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica: O documento elaborado por Corretor de Imóveis no qual é apresentada, com base em critérios técnicos, análise de mercado com vistas à determinação do valor comercial de um imóvel, judicial ou extrajudicialmente (CONSELHO FEDERAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS, 2006, p. 1). A Resolução ainda estabelece que o corretor de imóveis, para elaborar parecer técnico de avaliação mercadológica, precisa estar regularmente inscrito no Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado onde atua e no Cadastro Nacional de Avaliadores Imobiliários, além de possuir, cumulativa ou alternativamente, diploma de curso superior em gestão imobiliária ou equivalente e/ou certificado de conclusão de curso de avaliação imobiliária (CONSELHO FEDERAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS, 2006, p. 1). De acordo com o SECOVI-SP (2017, p. 26): A atribuição de valor realizada pelo profissional imobiliário dispensa uma análise rebuscada, com inferências estatísticas rigorosas e extensos laudos periciais. Contudo, o corretor não deve nortear a determinação do valor valendo-se exclusivamente da intuição e experiência. Deve, sim, aliar a esta experiência um método profissional e diligente para a atribuição do valor do imóvel objeto da captação. Poderá, assim, opinar junto ao proprietário ou seu representante sobre a comercialização do imóvel, cumprindo a prerrogativa profissional conforme estabelece o art. 3 da Lei 6.530/78. O parecer técnico de avaliação mercadológica deve conter a identificação do solicitante, o objetivo do parecer técnico, a identificação e caracterização do imóvel, a indicação da metodologia utilizada, o valor resultante e sua data de referência, a identificação, breve currículo e assinatura do corretor de imóveis avaliador, e o selo certificador fornecido pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis. Os requisitos para a caracterização do imóvel são a identificação de seu proprietário, o número da matrícula no Cartório do Registro de Imóveis e o endereço completo ou descrição detalhada de sua localização. A descrição do imóvel deve conter, no mínimo, as medidas perimétricas, medida de superfície (área), localização e confrontações; a descrição individualizada das benfeitorias, se houver; a contextualização do imóvel na vizinhança e infraestrutura disponível; 126 Gestão Imobiliária o aproveitamento econômico do imóvel; e a data da vistoria. Por fim, a Resolução do COFECI também recomenda que ao Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica sejam anexados o mapa de localização, a certidão atualizada da matrícula no Cartório do Registro de Imóveis e o relatório fotográfico (CONSELHO FEDERAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS, 2006). Lembra que vimos um pouco sobre os métodos de avaliação de imóveis lá no primeiro Capítulo deste livro de estudos? Dentre os métodos mencionados pela NBR 14653-1, o mais utilizado para avaliação de imóveis é o método comparativo direto de dados de mercado, por indicação da própria norma: Pois permite a determinação do valor levando em consideração as diferentes tendências e flutuações do mercado imobiliário — frequentemente diferenciadas das flutuações e tendências de outros setores da economia (SECOVI-SP, 2017, p. 27). O SECOVI-SP apresenta, no documento Boas Práticas na Intermediação de Compra e Venda de Imóveis, algumas orientações para a utilização do método comparativo direto de dados de mercado para avaliação imobiliária (SECOVI-SP, 2017). MÉTODO COMPARATIVO DIRETO DE DADOS DE MERCADO É aquele em que o valor do imóvel é obtido por meio da comparação de dados de mercado relativos a outros imóveis de características similares. Consiste na pesquisa de mercado de bens similares vendidos e/ou em oferta, considerando-se a identificação dos fatores que caracterizaram essa similaridade, por exemplo, a área privativa, idade do prédio, itens de lazer e vista, entre outros. É comum as imobiliárias possuírem um banco de dados com os valores ofertados e comercializados da região em que atuam, facilitando esta comparação. Neste método, é indispensável diferenciar, no momento da comparação, o valor ofertado do valor vendido. Muitos valores ofertados podem estar fora da realidade de mercado. Assim, é recomendado que o profissional desconsidere os valores extremos. Com relação à localização, destaca-se a importância de identificar, além do bairro, a microrregião a que pertence o imóvel avaliado e, desta forma, efetuar a comparação com imóveis na mesma microrregião. 127 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3Outros métodos para identificar o valor de um bem, seus frutos e direitos, mencionados pela NBR 14653-1, são apresentados a seguir. MÉTODO INVOLUTIVO Este tipo de método, segundo a NBR 14653-1: Identifica o valor de mercado do bem, alicerçado no seu aproveitamento eficiente, baseado em modelo de estudo de viabilidade técnico-econômica, mediante hipotético empreendimento compatível com as características do bem e com as condições do mercado no qual está inserido, considerando-se cenários viáveis para execução e comercialização do produto (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 8). É o mais utilizado por construtoras e incorporadoras em situações que precisam avaliar o valor de um terreno onde será instalada uma futura obra. MÉTODO EVOLUTIVO A NBR 14653-1 define o método evolutivo como aquele que: Identifica o valor do bem pelo somatório dos valores de seus componentes. Caso a finalidade seja a identificação do valor de mercado, deve ser considerado o fator de comercialização (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 8). Este método é mais adotado quando não é possível comparar o imóvel, sua construção e seu terreno, com outro similar no mercado. MÉTODO DE CAPITALIZAÇÃO DA RENDA O último método mencionado pela NBR 14653-1 para identificar o valor de um bem, de seus frutos e direitos, é o Método de Capitalização da Renda. Este método visa identificar “o valor do bem, com base na capitalização presente da sua renda líquida prevista, considerando-se cenários viáveis” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001, p. 8). É o menos utilizado, porque exige a utilização de muitos índices financeiros para calcular o valor final do imóvel. 128 Gestão Imobiliária 3.3 VENDA DE IMÓVEIS A intermediação de negociações de imóveis é uma das áreas de maior concentração de profissionais que atuam no mercado imobiliário. Para Lindenberg Filho (2010), a comercialização de imóveis pode ser segmentada, principalmente, em dois grandes grupos: os imóveis em lançamento e os imóveis avulsos ou de terceiros. Segundo o autor, uma das principais mudanças no perfil do corretor de imóveis é a necessidade de o profissional deixar de ser um vendedor para se tornar alguém que entende profundamente as necessidades dos clientes e apresenta soluções certas na hora certa. Portanto, para que o profissional tenha sucesso em sua carreira, são necessários alguns pré-requisitos, conforme descrito a seguir (LINDENBERG FILHO, 2010). • Seguir um método de trabalho Conforme vimos nos capítulos anteriores deste livro de estudos, existem várias fases no processo de tomada de decisão de compra de um imóvel. Essas fases são paralelas às fases do processo de venda de um imóvel, a serem seguidas pelo corretor para auxiliar seu cliente na tomada de decisão de compra. Na maioria dos casos, o corretor de imóveis é um profissional autônomo ou que trabalha de forma independente. Por isso, ele precisa ser disciplinado e organizado para alcançar seus objetivos e metas. Portanto, o primeiro pré-requisito para ser um corretor de imóveis de sucesso, segundo Lindenberg Filho (2010), é saber seguir um método de trabalho. Para tanto, o corretor pode criar processos para fluir de maneira suave pelas fases do processo de venda de um imóvel. Estas fases são (LINDENBERG FILHO, 2010): a) Abordagem: Constitui o primeiro contato real entre o cliente e o corretor de imóveis. Nesta fase, a linguagem corporal adquire fundamental importância, pois é o veículo transmissor das mensagens que, inconscientemente, os interlocutores trocam. O corretor de imóveis que souber observar a linguagem corporal de seus clientes e utilizar a sua própria linguagem corporal para se comunicar com eles poderá ter uma vantagem competitiva, afinal, a primeira impressão é a que fica. O corretor poderá utilizar deste tipo de comunicação em todos os momentos, até mesmo na forma como se apresenta e cumprimenta o cliente. Saber utilizar a linguagem corporal pode ser o grande diferencial do profissional que atua no mercado imobiliário. Por isso, para saber mais sobre a linguagem corporal das pessoas e como entender este tipo de comunicação no ambiente de trabalho, você pode consultar o livro A Linguagem Corporal no Trabalho, de Pease e Pease (2013). 129 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 Se quiser saber mais sobre a importância de deixar uma boa primeira impressão e como isso pode auxiliar na atuação profissional, você pode consultar o livro A Primeira Impressão é a que Fica, de Demarais e White (2005). b) Entrevista: De acordo com Lindenberg Filho (2010, p. 28), a entrevista é necessária para identificar a necessidade ou problema do cliente e implica a formulação de perguntas para especificar as necessidades do cliente. Para isso, você pode utilizar como guia as perguntas apresentadas na seção Gestão de Clientes, do Capítulo Gestão Imobiliária deste livro de estudos. Nesta fase, é preciso ser o mais natural possível, construindo um relacionamento de confiança com o cliente através do diálogo. c) Apresentação/demonstração: Ao concluir a entrevista, o corretor de imóveis dispõe de todos os elementos que precisa para passar à apresentação e demonstração dos imóveis, evidenciando com clareza e de maneira direta as vantagens que o cliente pode extrair do imóvel que está sendo oferecido. O CRECI de Pernambuco disponibiliza diversos modelos de documentos para auxiliar a atuação dos corretores de imóveis. Dentre estes documentos, eles apresentam um modelo de controle de visitas a imóveis. Você pode adaptar este documento para as suas necessidades e utilizar em seu dia a dia para atender melhor seus clientes. CONTROLE DE VISITA A IMÓVEL N.º _________ Declaro, na qualidade de possível comprador, ter tomado conhecimento in loco, pela primeira vez, e ter todos os esclarecimentos referentes a preços e condições de pagamento, dos imóveis abaixo relacionados, através da imobiliária/corretor (preencha aqui com o seu nome ou o nome de sua imobiliária), inscrito no CRECI n.º (preencha aqui com o seu número de inscrição no CRECI ou o registro de sua imobiliária), e que todo e qualquer contrato com os proprietários do imóvel que venha comprar dentre estes, será feito através da empresa/corretor acima. 130 Gestão Imobiliária Declaro ainda que, se assim não proceder, me comprometo a pagar a comissão devida pelo serviço de corretagem equivalente a 6% (seis por cento) sobre o valor do bem, de acordo com a tabela de honorários homologada pelo CRECI (incluir aqui a identificação do CRECI ao qual você está registrado), conforme a Lei 6.530/78. IMÓVEL ENDEREÇO VALOR Nome do declarante: End. Residencial: End. Trabalho: Telefones: Assinatura/CRECI do corretor: Testemunhas: (Preencha aqui com o nome da cidade), ______ de _________ _______ de ______. ___________________________________________ CPF(MF): d) Objeção: Para Lindenberg Filho (2010), o cliente não aceita como verdade absoluta tudo o que o corretor de imóveis lhe diz na apresentação ou demonstração de um imóvel. Além disso, visitar o imóvel pode não ter convencido o cliente sobre a efetivação da compra. Por isso, ele irá querer dar sua opinião a respeito e/ou obter do profissional mais informações, fazendo isso através de objeções. As objeções representam um interesse do cliente pelo imóvel, permitem corrigir eventuais imprecisões e compreender ainda melhor a postura, auxiliando a avaliar a sua propensão à compra. e) Fechamento: Mais comumente do que se imagina, até profissionais experientes, mesmo depois de realizarem uma demonstração impecável e de rebaterem com precisão desconcertante as mais maliciosas 131 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 objeções, atrapalham-se e deixam escapar o último e decisivo passo rumo ao fechamento do negócio (LINDENBERG FILHO, 2010, p. 29). Para fazer o fechamento da negociação e concretizar avenda, o corretor de imóveis precisa estar atento o suficiente para captar os sinais de propensão à compra do cliente, tanto verbais quanto não verbais, e conduzi-lo à tomada de decisão. • Saber se comunicar A capacidade de comunicação do corretor de imóveis é fundamental para estabelecer uma relação de confiança com o cliente desde o primeiro contato. Para Lindenberg Filho (2010, p. 30-31): Para poder encantar o cliente, o corretor de imóveis deve entender que o destinatário da comunicação (cliente) não é um receptor passivo, mas alguém que interpreta, que decodifica e que compreende a mensagem a partir de sua experiência humana e pessoal. Portanto, para comunicar-se com eficácia é necessário saber trabalhar a comunicação verbal e não verbal, usando argumentos persuasivos, a voz e o nível de linguagem adequado. A habilidade técnica e a habilidade interpessoal combinadas com o domínio da parte verbal, voz e linguagem comportamental, ajudam a causar uma boa primeira impressão. Ainda para o autor, os níveis de linguagem são o conjunto de variações de uso da linguagem pelo falante e são determinados pela diversidade da situação. Esses níveis podem ser formal, coloquial, vulgar, regional, grupal (técnica e gíria). As novas ferramentas tecnológicas têm influenciado positiva e negativamente a atuação dos profissionais no mercado imobiliário. Na maioria das vezes, menciona-se essas novas tecnologias como ameaças à atuação profissional do corretor de imóveis. Contudo, a ferramenta Whatsapp tem se mostrado um aliado na comunicação com os clientes, estreitando e consolidando relacionamentos baseados na confiança. O artigo da Ingaia apresenta as principais vantagens da ferramenta e os principais cuidados que o corretor de imóveis precisa ter na hora de utilizá-la. WHATSAPP PARA CORRETORES DE IMÓVEIS, COMO UTILIZAR? Hoje os celulares já fazem parte da rotina de diversas pessoas, desde os jogos para as crianças até os aplicativos que facilitam as 132 Gestão Imobiliária atividades do dia a dia, como ir ao banco e conferir a previsão do tempo. Dentre os apps mais populares no Brasil está o WhatsApp, que já ocupa a liderança de acordo com um estudo divulgado pelo Conecta, com mais de 45 milhões de usuários no país – incluindo potenciais clientes e muitas oportunidades de negócio! Separamos algumas dicas importantes de WhatsApp para corretores de imóveis! Atendimento ágil É fácil notar o aumento na utilização de WhatsApp por corretores de imóveis no Brasil, dentre as vantagens de atender os clientes pelo aplicativo está a agilidade e informalidade no contato. Diferente do e-mail, pelo aplicativo você pode conversar, enviar imagens ou áudios, tirar as dúvidas que surgirem e até combinar um encontro com facilidade e rapidez. Portanto, para um bom resultado é necessário que você e sua equipe estejam alertas para as mensagens recebidas e utilizem linhas celulares de uso profissional, para não se confundir com os contatos pessoais. Mensagens personalizadas Um corretor com WhatsApp pode estabelecer um diálogo direto com seu cliente, o que pode ser uma ótima oportunidade de conquistar aquela venda ou contato que você tanto queria! Por isso, fuja daquelas mensagens padronizadas que são comuns em e-mails corporativos ou atendimento digital. Seja mais próximo do cliente e aproveite o registro da conversa para enviar fotos, lançamentos e novidades de imóveis que possam interessá-lo! Cuidados com a linguagem Como qualquer outro canal de comunicação corporativo, alguns cuidados com a linguagem são necessários. Seja mais informal, mas evite incluir gírias, apelidos, abreviações ou emoticons que você normalmente utiliza em grupos de amigos. Antes de enviar, vale a pena também revisar a mensagem, já que muitas vezes os corretores dos celulares podem alterar palavras e mudar totalmente o sentido das frases. Não abandone outras ferramentas O WhatsApp deve ser utilizado por um corretor para mensagens rápidas e pontuais – como uma dúvida ou informação que precisa ser visualizada com mais agilidade, por exemplo. Se o assunto for mais complexo e precisar ser bem detalhado, ao invés de enviar dezenas de mensagens, opte pelo tradicional e-mail ou mesmo uma ligação telefônica. Por isso, nada de abandonar os outros canais de 133 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 atendimento! Sempre deixe que o cliente decida se prefere continuar o atendimento pelo aplicativo ou por outro canal. Não seja inconveniente Cerca de 40% dos usuários brasileiros já receberam mensagem de propaganda indesejada (o famoso spam) no WhatsApp, de acordo com uma pesquisa realizada pela Panorama Mobile Time/ Opinion Box. Além de ser proibida pelas regras de uso do aplicativo, enviar mensagens de propaganda para contatos que não solicitaram é extremamente incômodo para quem recebe. Para não ser inconveniente e acabar prejudicando sua imagem profissional, fuja da tentação de enviar várias mensagens por dia, criar grupos muito gerais de clientes ou enviar novidades para pessoas que não têm interesse. Prefira os contatos mais personalizados. FONTE: InGaia (2018). • Autoavaliar-se e automotivar-se Mesmo com anos de atuação no mercado, o corretor de imóveis pode ficar desmotivado ao ouvir um não de seu cliente. Para manter-se motivado, é possível conhecer melhor as etapas de uma frustração para superá-la com mais facilidade. A Figura 1 apresenta essas etapas. FIGURA 1 – PROCESSO DE SUPERAÇÃO DA FRUSTRAÇÃO FONTE: Lindenberg Filho (2010, p. 32) Para fazer uma autoavaliação, o corretor de imóveis deve tentar identificar em quais pontos falhou, de alguma forma, durante o processo de venda e buscar entender o que aconteceu. A primeira fase de uma frustração é o choque, quando o profissional fica pensando que “esse cliente não poderia fazer isso comigo” (LINDENBERG FILHO, 2010, p. 31). Depois desta fase, o profissional passa para 134 Gestão Imobiliária a fase da negação, quando surgem pensamentos como “isto só acontece comigo. Não sirvo para ser corretor de imóveis, ou hoje não é o meu dia” (LINDENBERG FILHO, 2010, p. 31). A fase seguinte da frustração é caracterizada, principalmente, por um forte sentimento de culpa, quando o corretor fica pensando: “eu poderia ter oferecido aquele imóvel que havia imaginado antes’ ou ‘eu poderia ter feito’ [...]” (LINDENBERG FILHO, 2010, p. 31). Contudo, as falhas precisam ser vistas como oportunidades de melhoria e o corretor de imóveis precisa desenvolver a habilidade de se autoavaliar e aprender com seus erros. Além disso, essa avaliação também precisa ser feita nos momentos de sucesso, para identificar comportamentos que auxiliaram a fechar o negócio e que podem ser empregados em futuras negociações. • Desenvolver sua inteligência emocional A Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional (SBIE) define inteligência emocional como “a capacidade de um indivíduo administrar as próprias emoções e usá-las em seu favor, além de compreender as emoções das outras pessoas, construindo relações saudáveis e fazendo escolhas conscientes” (SOCIEDADE BRASILEIRA DE INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, 2017). Para Lindenberg Filho (2010, p. 32): as pessoas emocionalmente estáveis — que conhecem e lidam bem com os próprios sentimentos e conseguem interpretar os sentimentos das outras — são mais preparadas para o sucesso. Elas têm mais probabilidade de sentirem-se satisfeitas e serem eficientes em suas atividades, dominando os hábitos mentais que as estimulam a se desenvolver com mais produtividade. Ainda de acordo com o autor, existem medos que afetam a inteligência emocional dos profissionais que atuam no mercado imobiliário, fazendo com que eles se autossabotem. Esses medos precisam ser conhecidos para serem superados e não se tornarem obstáculos para o desempenho nas vendas. O Quadro 2 apresenta um resumo destes quatro medos. QUADRO 2 – MEDOS QUE AFETAM A INTELIGÊNCIA EMOCIONALDOS CORRETORES DE IMÓVEIS Temor Descrição Medo de não ser aceito Esse tipo de medo faz com que o corretor de imóveis evite perguntar aos clientes se eles têm interesse em comprar um imóvel e, assim, tenha um comportamento excessivamente tímido e submisso. Medo do ridículo Esse tipo de medo é muito semelhante ao medo de não ser aceito e tem a ver com o ego das pessoas. Os corretores, por medo de parecerem ridículos, abordam os clientes de maneira apática e perdem a venda por temerem parecer insistentes. 135 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 Medo do fracasso O medo do fracasso é oriundo do ser humano e está relacionado com o pessimismo. Os corretores de imóveis que já iniciam uma negociação pensando que não dará certo agem de maneira desmotivada, inconscientemente, e desestimulam o cliente. Por consequência, o cliente também não se sentirá motivado e não fechará a compra. Medo do sucesso O medo do sucesso também existe e está muito associado com o receio de comemorar as próprias vitórias ou compartilhar as conquistas com outras pessoas por acreditar que isso pode gerar inveja. FONTE: Adaptado de Lindenberg Filho (2010, p. 33-35) • Ser um solucionador De acordo com Lindenberg Filho (2010), o corretor de imóveis, atualmente, precisa ser um profissional que oferece soluções aos seus clientes. Como vimos no capítulo anterior deste livro de estudos, o consumidor que busca por um imóvel geralmente tem o objetivo de resolver um problema. Seja mudar para um bairro melhor, ter uma casa mais espaçosa ou iniciar uma nova vida em local menor e mais aconchegante. Contudo, algumas vezes, o profissional tem medo de perder uma venda ou se sente pressionado por metas, acelerando o processo de tomada de decisão do cliente e não ouvindo suas necessidades. Por isso, os corretores de imóveis precisam ser profissionais: Criativo, explorando à sua volta todo o potencial existente, buscando continuamente a informação sobre tudo que o cerca e tendo sensibilidade e curiosidade para descobrir o que se esconde nas aparências dos fatos, dos objetos e das pessoas. A criatividade é um potencial do ser humano a ser explorado à sua volta e dentro de si, constituindo um fator fundamental para sua comunicação (LINDENBERG FILHO, 2010, p. 37). Ainda segundo o autor, existem três informações importantes que podem ajudar o corretor de imóveis a entender melhor as necessidades de seus clientes e a prestar um melhor atendimento. Essas informações podem ser obtidas na entrevista com o consumidor, através de uma conversa tranquila, iniciando um relacionamento de confiança. Em primeiro lugar, o corretor de imóveis precisa identificar quais são as pessoas envolvidas no processo de tomada de decisão de compra do imóvel ou que influenciam a tomada de decisão. Nos capítulos anteriores deste livro, nós vimos os diferentes papéis que os consumidores podem assumir durante esse processo. Em segundo lugar, o profissional precisa entender o tempo que o cliente tem para decidir sobre a compra. Assim, poderá administrar as visitas aos imóveis e acompanhar o consumidor nesta decisão, buscando 136 Gestão Imobiliária solucionar seu problema, dentro do tempo que o cliente tem disponível. Pode haver diferenças significativas entre um consumidor que, por exemplo, precisa se mudar com urgência porque está pagando um aluguel muito caro ou um cliente que já tem sua casa própria quitada e deseja encontrar um outro lugar para morar. Em terceiro lugar, o corretor de imóveis precisa entender quanto o consumidor está disposto a pagar (ou quanto tem de recursos financeiros disponíveis) pelo imóvel. Muitas vezes, os profissionais têm medo de abordar este assunto para não assustar o cliente, mas saber essa informação é primordial para oferecer os melhores imóveis, dentro das expectativas e possibilidades do consumidor (LINDENBERG FILHO, 2010). • Prestar consultoria Como vimos em vários momentos neste livro de estudos, o mercado imobiliário está mudando e exigindo, dos corretores de imóveis, um novo comportamento. Por outro lado, os consumidores também estão mudando, ficando cada vez mais exigentes. Com frequência, os clientes que chegam a um corretor de imóveis estão muito bem informados sobre o que desejam comprar. Assim, para se destacar neste mercado competitivo, o corretor de imóveis precisa combinar criatividade, planejamento, conhecimento do produto, serviço de orientação e consultoria em vendas. Lindenberg Filho (2010, p. 39) destaca que o corretor de imóveis, então, deve atuar como um verdadeiro consultor e: Deve ter consciência dos problemas, interesses, fatos, sentimentos, preconceitos e medos que motivam os seus clientes. Utilizando perguntas pertinentes, induzirá seu cliente a falar sobre suas necessidades e seus desejos. Da mesma forma que é importante para o médico ter todos os informes sobre seu paciente antes de fazer o diagnóstico, é necessário que o consultor imobiliário tenha todos os dados antes de acessar a rede e iniciar a pesquisa. Por intermédio da pesquisa, irá identificar o imóvel que apresenta as características (bairro, número de dormitórios, preço, condições de pagamento etc.) que mais interessam ao cliente. Desta forma, o corretor de imóveis precisa se autoconhecer para identificar suas principais habilidades, seus atributos e seus traços de personalidade. Assim, ele pode usufruir dessas características que já possui para obter sucesso em sua atividade profissional e buscar desenvolver os pontos com maior dificuldade. O Quadro 3 apresenta um resumo das principais habilidades, atributos e traços de personalidade que um corretor de imóveis bem-sucedido precisa ter. 137 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 QUADRO 3 – HABILIDADE, ATRIBUTOS E TRAÇOS DE PERSONALIDADE DOS CORRETORES DE IMÓVEIS Habilidades Atributos • Compreender inteiramente as necessidades e objetivos do cliente. • Escutar e promover um diálogo bilateral. • Lidar apenas com as características do produto que interessam ao cliente. • Encorajar-se e lidar abertamente com a resistência do cliente. • Fechar a venda. • Perito em relações interpessoais, pois o trabalho envolve contato pessoal direto. • Perito em persuasão, pois é necessário motivar clientes em potencial. • Bons conhecimentos de marketing e vendas. • Perito em alguma categoria de segmentação de imóveis. • Afável e simpático, pois compradores preferem fazer negócio com um corretor de imóveis de quem eles gostam. • Disciplinado e enérgico, pois o trabalho tem pouca supervisão e o corretor de imóveis precisa ter iniciativa própria. Traços de personalidade • Extroversão: Gostar de lidar com pessoas, especialmente com pessoas diferentes. • Liderança: Ser assertivo e sensível às necessidades dos outros. • Tolerância ao estresse: Apreciar o estresse e ser capaz de fazê-lo trabalhar a seu favor, não se perturbando com mudanças e eventos inesperados. • Energia: Ser ativo e entusiástico. • Bem-estar: Tender a não apresentar grandes variações de humor e ser relativamente estável. • Competitividade: Sentir-se bem com a competição, mas não ser altamente competitivo. • Reserva: Ser espontâneo, mas diplomático. • Autoestima: Ter autoconfiança e saber lidar com críticas e com rejeição. • Otimismo: Esperar resultados positivos e, quando obter sucesso, atribui-lo a seus próprios esforços e não a eventos externos. • Honestidade: Ser honesto e sincero, sem ser rigidamente moralista. • Comedimento: Não tender a acentuar o positivo e sentir-se à vontade ao mostrar seus pontos fortes e fracos. • Autoconfiança: Confiar em si mesmo, apesar das críticas, rejeições e frustrações. • Persistência: Ver seu trabalho como uma profissão e encarar sua função como importante. • Criatividade: Ter novas ideias para o produto que está vendendo, ajustar-se a novas situações, novos clientes e alterações no ambiente geral do negócio. • Empatia: Sentir as reaçõesde outras pessoas, construindo relações baseadas em confiança e entendimento mútuos. FONTE: Adaptado de Lindenberg Filho (2010, p. 39-41) 138 Gestão Imobiliária 2) Vamos fazer uma autoavaliação? Consulte o Quadro 3 e, no quadro abaixo, liste pelo menos três atributos e três traços de personalidade que você identifica em si mesmo. Na coluna ao lado, explique por que você acredita que possui essas qualidades e como isso pode te ajudar na atuação profissional. Atributos Atributo Descrição Em que ajuda na atuação profissional? 1: 2: 3: (Pode acrescentar mais atributos à lista) Traços de personalidade Traço de personalidade Descrição Em que ajuda na atuação profissional? 1: 2: 3: (Pode acrescentar mais traços de personalidade à lista) A prospecção, avaliação e venda de um imóvel fazem parte de um processo maior, que pode ser seguido pelo corretor de imóveis. De acordo com Lindenberg Filho (2010, p. 151): A captação de imóveis, também denominada de agenciamento, é o trabalho de pesquisa, identificação, negociação, levantamento de informações e documentos do imóvel e obtenção da autorização para a venda, com o proprietário. É recomendável que, após obter a autorização para a venda, seja feita uma revisão de todas as informações e documentos coletados. Esta providência garante a exatidão das informações que deverão ser repassadas aos clientes interessados. Portanto, o processo de captação ou agenciamento de imóveis para a venda engloba a prospecção, a avaliação e a venda do imóvel. A Figura 5 apresenta um fluxograma que resume este processo. 139 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 FIGURA 5 – FLUXOGRAMA DE CAPTAÇÃO OU AGENCIAMENTO DE IMÓVEIS PARA VENDA FONTE: Adaptado de Lindenberg Filho (2010, p. 152) 3) Vimos, nesta seção, as diferentes fases do processo de intermediação de negociações de imóveis. Agora, vamos relembrar o que aprendemos? No quadro abaixo, descreva os principais aspectos relacionados a cada uma das fases. Fase Descrição Prospecção Avaliação Venda 4 TÉCNICAS E PRÁTICAS NA GESTÃO IMOBILIÁRIA Agora que já vimos quais são as principais atribuições dos corretores de imóveis, vamos conhecer algumas técnicas e práticas necessárias para a gestão 140 Gestão Imobiliária imobiliária. É claro que as técnicas e práticas apresentadas aqui não são as únicas utilizadas pelos profissionais em sua atuação cotidiana. Além disso, outras técnicas e práticas foram apresentadas a você ao longo deste livro de estudos para que possa consultá-las quando necessário. Nesta seção, iremos focar nos documentos mais utilizados pelos corretores de imóveis e apresentar modelos que poderão ser adaptados e utilizados por você. Contudo, sempre é válido consultar o seu Conselho Regional de Corretores de Imóveis para manter-se atualizado sobre as leis e regulamentos que determinam as formas de atuação da profissão em seu Estado. Os modelos aqui apresentados foram disponibilizados pelo CRECI da 7ª Região, de Pernambuco. De acordo com a entidade, esses são: Modelos sugestivos [...], cada caso é um caso, então, a sua habilidade e versatilidade serão fatores decisivos para elaboração de cada documento de forma definitiva, o que trará a satisfação do serviço prestado e o reconhecimento da sociedade, engrandecendo e fortificando a imobiliária (CONSELHO REGIONAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS DE PERNAMBUCO, 2012). 4.1 AUTORIZAÇÃO DE VENDA O inciso III, do artigo 20, da Lei n° 6.530/78, estabelece que o corretor de imóveis não pode “anunciar publicamente proposta de transação a que não esteja autorizado através de documento escrito” (BRASIL, 1978). Portanto, para que o corretor de imóveis possa intermediar a negociação de um ou vários imóveis de um proprietário, é preciso ter a Autorização de Venda assinada por este. Esse documento é um contrato de prestação de serviço que estabelece relação entre as partes, seus direitos e obrigações. Por ser um instrumento importante para a atuação profissional do corretor de imóveis, é imprescindível fazê-lo por escrito, assegurando os direitos de ambos. De acordo com o SECOVI-SP, a formalização do relacionamento entre o corretor e o contratante — tanto o vendedor quanto o comprador — é fundamental para evitar conflitos e frustrações e viabilizar atividades de boa qualidade. Neste documento devem constar detalhes sobre os serviços contratados, o prazo acordado e a remuneração estabelecida. O Manual de Boas Práticas na Intermediação de Compra e Venda de Imóveis ainda ressalta que, na autorização, devem constar: Nome e qualificação das partes; individualização e caracterização do objeto do contrato; preço e condições da alienação; menção da exclusividade ou não; remuneração do corretor e forma de pagamento, e prazo de validade do instrumento (SECOVI-SP, 2017, p. 22). 141 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 O CRECI/PE sugere a utilização do seguinte modelo de Autorização de Venda de Imóveis (CONSELHO REGIONAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS DE PERNAMBUCO, 2012): AUTORIZAÇÃO DE VENDA DE IMÓVEIS (modelo sugerido pelo CRECI/PE) CONTRATANTE(S): (nome) (nacionalidade) (CPF) (cônjuge) (nacionalidade) (CPF) (endereço) (bairro) (Cidade/Estado) (fone) (fone) (fone) CONTRATADO(A): (Corretor de Imóveis/Empresa) (nº CRECI) (qualificação) (CPF) (endereço) (bairro) (Cidade/Estado) (fone) (fone) (fone) DESCRIÇÃO DO IMÓVEL (endereço) (bairro) (Cidade/Estado) (complemento) (preços e valores) 142 Gestão Imobiliária CONDIÇÕES 1a) A presente autorização de venda com exclusividade tem o seu amparo na Lei 6.530, Art. 20, item III, de 12/05/78 e pela Resolução COFECI nº 458/95, de 15/12/95. 2a) É concedida pelo prazo de ___ (____________) dias, a contar desta data, prorrogada automaticamente, por tempo indeterminado, caso o(s) contratante(s), após o término do prazo, não se manifeste(m) expressamente por escrito. 3a) O(a)(s) contratante(s) se compromete(m) a pagar os honorários de ___% (_________) o(a) contratado(a), desde que a compra, venda ou permuta seja feita dentro do prazo acima estipulado, ou na sua prorrogação, que será descontado, proporcionalmente, no ato do sinal do negócio dado pelo(a) promissório(a) comprador(a). No caso de o sinal do negócio ser inferior à comissão, o saldo será abatido na mesma proporção, no pagamento das parcelas pactuadas. 4a) Estando vencido o prazo acima estipulado, o direito aos honorários subsistirá pelo prazo de 06 (seis) meses, caso o imóvel seja vendido ou negociado através da aproximação promovida pelo(a) contratado(a). 5a) O(A) contratado(a) autorizado(a) se compromete a não medir esforços no sentido de comercializar o imóvel, dentro das condições acima estipuladas, agindo de forma legal, obedecendo fielmente às Leis e ao Código de Ética da Profissão, estabelecido pelo CONSELHO FEDERAL DE CORRETORES DE IMÓVEIS – COFECI. 6a) O(A)(S) contratante(s) se responsabiliza(m) por todas as informações aqui prestadas acerca do imóvel objeto da presente autorização. 7a) O(A)(S) contratado(a) está autorizado(a) a obter do agente financeiro, caso o imóvel esteja hipotecado, ou outros órgãos competentes, todas as informações necessárias e indispensáveis à realização do negócio. 8a) Para dirimir quaisquer dúvidas oriundas da presente Autorização, as partes elegem o Foro da Cidade de _________________/________________, renunciando-se a outro, por mais privilegiado que seja. (incluir nome da cidade e estado), ____ de ___________________ de _______. CONTRATANTE(S): CONTRATADO(A): TESTEMUNHAS: FONTE: <http://www.creci-pe.gov.br/modelos_contratos.php>. Acesso em: 10 dez. 2018. 143 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 4.2 TERMO DE VISITAÇÃO O Termo de Visitação é um documento que registra os imóveis que o corretor de imóveis demonstrou para o cliente durante um período. De certa forma, pode ser considerado um registro da prestação de serviçosdo corretor de imóveis. Além disso, esse documento assegura o direito de preferência da transação, tanto para o pretendente quanto para o intermediador. Por fim, neste documento deverão estar anotadas todas as observações feitas pelo pretendente para que não haja dúvidas se a transação for efetuada posteriormente (CONSELHO REGIONAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS DE PERNAMBUCO, 2012). No item 3.3, Venda de Imóveis, deste livro de estudos, existe um modelo para o controle de visitas, que pode ser utilizado para registrar as demonstrações de imóveis feitas pelo corretor ao cliente. 4.3 RECIBO DE SINAL DE NEGÓCIO De acordo com o Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Pernambuco (2012): [O] Recibo de Sinal de Negócio é o instrumento que determina a vontade das partes de efetivarem uma transação. O Sinal de Negócio, desde que as partes determinem, é regido pelos Artigos nos 1.094 e seguintes do Código Civil Brasileiro, publicamente conhecida como Lei de ARRAS. Em síntese, esta lei diz que: se o(a) adquirente desistir do negócio, perde o sinal dado em favor do(a) vendedor(a), caso contrário, se o(a) vendedor(a) desistir do negócio, se obriga a devolver em dobro o sinal recebido. Nunca deixe de consultar as partes sobre a inclusão das ARRAS no negócio a ser efetuado. Esclareça da importância de sua inclusão. O Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Pernambuco (2012) disponibiliza um modelo de Recibo de Sinal do Negócio, conforme ilustrado a seguir. RECIBO DE SINAL DE NEGÓCIO (modelo sugerido pelo CRECI/PE) Pelo presente instrumento particular de Recibo de Sinal de Negócio que entre si fazem, de um lado, como VENDEDOR(A) 144 Gestão Imobiliária (ES) (qualificação completa do(a)(s) vendedor(a)(es) — nome, profissão, estado civil, número da identidade e órgão expedidor, número do CPF, endereço — quando casado(a) constar o regime de casamento — é obrigatória a qualificação e assinatura do cônjuge), e, de outro lado, como COMPRADOR(A)(ES): (qualificação completa. Obs.: No caso do(a) comprador(a) ser casado(a), não se faz necessário o comparecimento de cônjuge, simplesmente a menção do nome e o regime de casamento), que têm entre si, justo e contratado o presente instrumento, mediante as cláusulas e condições seguintes: CLÁUSULA PRIMEIRA: O(A)(S) VENDEDOR(A)(ES), na qualidade de proprietário(a)(s) do imóvel (descrever o imóvel, de preferência constando área, fração ideal, discriminação e quantidade de cômodos, etc. Para melhor descrição, observe a Certidão de Ônus Reais — atente para as averbações contidas na certidão referentes a alterações ocorridas no imóvel, não deixe de constar a procedência), declaram para os devidos fins de direito e para que produza seus legais efeitos em direito permitido que nesta data recebeu(ram) do(a)(s) COMPRADOR(A) a importância de R$________________ (constar se em moeda corrente ou cheque, no caso de cheque, constar o nº do mesmo, banco e agência), de cuja quantia lhe(s) dá(ão) a mais plena, rasa e geral quitação, PROVENIENTES DO SINAL E PRÍNCÍPIO DE PAGAMENTO DA QUANTIA MAIOR DE R$ (valor total da venda), preço pelo qual se comprometeu(ram) lhe(s) vender, livre e desembaraçado de quaisquer dúvidas e ônus, inclusive de hipotecas, mesmo legais, o imóvel acima descrito e caracterizado. CLÁUSULA SEGUNDA: Que o restante do valor, ou seja, a quantia de R$ (constar o(s) valor(es) para complementar o preço total), o(a)(s) COMPRADOR(A)(ES) se obriga(m) e se compromete(m) a pagar diretamente ao(à)(s) VENDEDOR(A) (ES) por ocasião da (constar quando e como se dará o restante do pagamento e, se for o caso, os prazos suportáveis para inadimplência e para entrega do imóvel). CLÁUSULA TERCEIRA: Que o presente contrato é regido pelos nos 1.094 e seguintes do Código Civil Brasileiro, ou seja, pela LEI DE ARRAS. CLÁUSULA QUARTA: Respondem pelas obrigações aqui assumidas, eles contratantes, seus herdeiros e sucessores, 145 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 elegendo estas mesmas partes o foro da Comarca de (cidade onde se localiza o imóvel ou o domicílio fiscal de uma das partes), para nele serem dirimidas todas e quaisquer questões ou pendências oriundas deste instrumento. E, por assim haverem ajustado, firmam o presente em duas vias de igual teor e forma, juntamente com duas testemunhas. (Cidade/Estado), ____de _____________ de ________. (atenção: todas as partes assinam este instrumento) FONTE: <http://www.creci-pe.gov.br/modelos_contratos.php>. Acesso em: 10 dez. 2018. 4.4 CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA O Contrato de Promessa de Compra e Venda é outro documento fundamental para a atuação profissional do corretor de imóveis. Este contrato deve ser usado sempre que as partes não forem transferir, de forma definitiva, o domínio do imóvel. O Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Pernambuco (2012) destaca que o corretor de imóveis deve prestar muita atenção a este item, pois: O contrato de Promessa de Compra e Venda só pode existir quando o(a)(s) proprietário(a)(s) possuir(em) o título definitivo do imóvel, por exemplo: escritura pública de compra e venda; escritura pública de compra e venda com pacto adjeto de hipoteca; instrumento particular de compra e venda (desde que seja outorgado com interveniência de agente financeiro ligado ao Sistema Financeiro da Habitação); instrumento particular de compra e venda com pacto adjeto de hipoteca (desde que seja outorgado com interveniência de agente financeiro ligado ao Sistema Financeiro da Habitação). Para simplificar: quando ou não se pode lavrar um contrato particular de Promessa de Compra e Venda: observar na Certidão Negativa de ônus Reais se o imóvel é de propriedade do(a)(s) transmitente(s) ou se está prometido a venda ao(à)(s) mesmo(a)(s). Contratos oriundos de convênios com órgãos públicos, principalmente os financiados pela Caixa Econômica Federal, eram através de Instrumento de Promessa de Compra e Venda, neste caso, nunca lavre um instrumento de Promessa de Compra e Venda. Não se esqueça, o(a)(s) proprietário(a)(s) quando na qualidade de Promissário Comprador, não detém(êm) o domínio do imóvel, não possui o “título definitivo”. 146 Gestão Imobiliária O Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Pernambuco (2012) também sugere um modelo de Contrato de Promessa de Compra e Venda, conforme apresentado a seguir. INSTRUMENTO PARTICULAR DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA, na forma abaixo (modelo sugerido pelo CRECI/PE) Pelo presente instrumento particular de PROMESSA E VENDA que entre si fazem, de um lado, como PROMITENTE(S) VENDEDOR(A)(ES): (qualificação completa do(a)(s) vendedor(a) (es) – nome, profissão, estado civil, número da identidade e órgão expedidor, número do CPF, endereço, quando casado(a) constar o regime de casamento – é obrigatória a qualificação e assinatura do cônjuge), a seguir simplesmente designado(a)(s) de VENDEDOR(A)(ES); e, de outro lado, como PROMISSÁRIO(A) COMPRADOR(A)(ES): (qualificação completa. Obs.: No caso do(a) comprador(a) ser casado(a), não se faz necessário o comparecimento do cônjuge, simplesmente a menção do nome e o regime de casamento), a seguir simplesmente designado de COMPRADOR(A)(ES), que têm entre si, justo e contratado, o presente instrumento, mediante as cláusulas e condições seguinte: CLÁUSULA PRIMEIRA: O(A)(S) primeiro(a)(s) nomeado(a)(s), designado(a)(s) VENDEDOR(A)(ES) é (são) senhor(es) e legítimo(a) (s) possuidor(a)(es), livre e desembaraçado de quaisquer dúvidas, dívidas e ônus, inclusive de hipotecas, mesmo legais (quando recair ônus sobre o imóvel, por exemplo: hipoteca, consignar em substituição a expressão inclusive hipoteca, mesmo legais a seguinte redação: a exceção do ônus constituído pela hipoteca em favor do (constar o agente financeiro), do imóvel (descrever o imóvel, de preferência constando área, fração ideal, discriminação e quantidade de cômodos, etc. Para melhordescrição, observe a Certidão de Ônus Reais - atente para as averbações contidas na certidão referentes a alterações. CLÁUSULA SEGUNDA: Que assim sendo, vem(êm) ele(a)(s) VENDEDOR(A)(ES), pelo presente instrumento e na melhor forma de direito, prometer como de fato e na verdade prometido tem(êm) vender(em) dito imóvel ao(à)(s) COMPRADOR(A)(ES) e este(s) por sua vez, se obriga(m) e se compromete(m) comprá-lo, pelo preço 147 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 certo e ajustado de R$ (além do valor total da venda, a forma de pagamento; se o pagamento for efetuado em parcelas, constar a quantidade, o valor e data de vencimento de cada uma; se em moeda corrente ou cheque, no caso de cheque, constar o nº do mesmo, banco e agência), de cuja quantia lhe(s) dá(ão) a mais plena, rasa, geral e irrevogável quitação (quando o pagamento for parcelado, a quitação somente será dada na primeira parcela e as demais serão contra recibos; ou na assinatura do instrumento definitivo – NÃO SE ESQUEÇA: ESTE INSTRUMENTO É SOMENTE UMA “PROMESSA DE COMPRA E VENDA”, se fará necessário, futuramente, o instrumento definitivo). NOTA: Caso a venda seja feita para mais de um(a) comprador(a) – não se levando em conta marido e mulher –, constar a porcentagem que cada adquirente terá no imóvel e a participação no valor total da venda. CLÁUSULA TERCEIRA: Que o(a)(s) COMPRADOR(A)(ES) será(ão) imitido(a)(s) na posse, domínio, direito, uso, gozo, ação e servidão sobre o imóvel objeto da presente a partir desta data (se for o caso, constar a data em que será a posse do imóvel), correndo por conta única e exclusiva do(a)(s) COMPRADOR(A)(ES), a partir do recebimento do imóvel, todas as taxas, impostos, emolumentos, custas, escritura e demais despesas que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, mesmo que cobradas e/ou lançadas em nome do(a) (s) VENDEDOR(A)(ES). Obrigam-se ainda o(a)(s) COMPRADOR(A) (ES) a cumprir e respeitar o contrato de financiamento anteriormente mencionado (caso o imóvel seja financiado) e a Convenção de Condomínio e o Regimento Interno (caso o imóvel seja em condomínio, como por exemplo: apartamento), em todas as suas cláusulas e condições, as quais declara(m) conhecer. CLÁUSULA QUARTA: O imóvel objeto da presente será entregue ao(à)(s) COMPRADOR(A)(ES), na conformidade da Cláusula Terceira supra, no estado de conservação em que se encontra, absolutamente em dia com todas as taxas, impostos, emolumentos, água, luz (e condomínio – se for o caso). ATENÇÃO: caso haja acessórios que estejam incluídos no imóvel, tais como cortinas, lustres, armários não embutidos, etc., que foram incluídos no preço da venda ou que as partes, de comum acordo, resolveram embuti-los na transação, deverão ser consignados nesta Cláusula. 148 Gestão Imobiliária CLÁUSULA QUINTA: O(A)(S) VENDEDOR(A)(ES) se obriga(m) e se compromete(m) a prestar(em) toda e qualquer assistência, bem como sua(s) presença(s), se e quando solicitado(a)(s) for(em), para a transferência definitiva do imóvel objeto do presente, em favor do(a)(s) COMPRADOR(A)(ES) ou a quem este(s) indicar(em), sem reclamação, futuramente, por parte do(a)(s) VENDEDOR(A) (ES), de quaisquer importâncias devidas, além das aqui ajustadas, independentemente de outorga de procurações. CLÁUSULA SEXTA: (Caso o(a)(s) VENDEDOR(A)(ES) outorguem procuração). Fica fazendo parte integrante do presente instrumento a procuração pública lavrada no Cartório do ____ Ofício de Notas local, às fls. ________ do Livro nº ______, em favor de _________. (NÃO ESQUEÇA: O(A)(S) CESSIONÁRIO(A)(S) não pode(m) ser procurador(es) em causa própria). CLÁUSULA SÉTIMA: Na hipótese de Sinistro, de falecimento ou mesmo de separação do(a)(s) VENDEDOR(A)(ES), fica desde já o(a)(s) COMPRADOR(A)(ES) ou seus beneficiários ou sucessores, autorizados a se habilitarem no respectivo inventário e requererem junto ao Cartório e/ou Juízo competente, a Carta de Adjudicação expedida a seu favor, relativamente ao imóvel objeto da presente, podendo para tanto: constituir advogados com os poderes da Cláusula “ad judicia”, perante qualquer Foro, Instância ou Tribunal. CLÁUSULA OITAVA: O presente contrato é feito entre as partes contratantes, por si, seus herdeiros e sucessores, em caráter irrevogável e irretratável, desde que as obrigações aqui assumidas estejam totalmente cumpridas e satisfeitas, obrigando-se estas mesmas partes a manterem este instrumento para sempre bom, firme e valiosos e ao(à)(s) VENDEDOR(A)(ES) a responder(em) pelos riscos da Evicção de Direitos, se e quando chamado(a)(s) for(em) à Autoria, em qualquer tempo e época. CLÁUSULA NONA: Elegem as partes contratantes, com expressa renúncia de outro qualquer, por mais privilegiado que seja, o Foro da Comarca de (jurisdição do imóvel), para nele serem dirimidas quaisquer dúvidas, questões ou pendências oriundas ou decorrentes deste instrumento. CLÁUSULA ADICIONAL (Para ser usada caso a primeira parcela paga seja a título de sinal de negócio): O presente contrato é regido pelos Artigos no 1.094 e seguintes do Código Civil Brasileiro, ou seja, pela LEI DE ARRAS. 149 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 E, por assim haverem ajustado, firmam o presente em duas vias de igual teor e forma, juntamente com duas testemunhas, para que produza seus legais efeitos em direito permitido. (Cidade/Estado), ____ de ___________________ de _______. (atenção: todas as partes assinam este instrumento) Reconhecer firmas. FONTE: <http://www.creci-pe.gov.br/modelos_contratos.php>. Acesso em: 10 dez. 2018. 4.5 CESSÃO DE DIREITOS Por fim, o último documento apresentado pelo CRECI/PE como instrumento fundamental para atuação profissional do corretor de imóveis é a Cessão de Direitos. Esse documento é usado no sentido contrário da Promessa de Compra e Venda, quando o proprietário é Promissário Comprador e não possui o domínio sobre o imóvel. Também é preciso atentar para qualquer alteração ocorrida no estado civil do proprietário do imóvel — casamento, separação e falecimento (viuvez) — deve ser averbada no Cartório de Registro de Imóveis. O corretor de imóveis deve se inteirar da situação jurídica do imóvel, comparando a documentação apresentada pelo proprietário com a certidão de ônus reais expedida pelo Cartório do Registro de Imóveis. O Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Pernambuco (2012) ainda destaca que: O valor da transação e a forma de pagamento devem ser expostos no instrumento de maneira clara e objetiva. Quando um bem móvel [...] entrar no negócio, faça constar o bem e seu valor correspondente em moeda corrente. Prazos e condições para entrega do imóvel, estado de conservação, utensílios e aparelhos incluídos no valor da venda e a situação fiscal, condominial, taxas de água e luz e demais despesas incidentes sobre o imóvel também são de grande importância em um instrumento que caracterize a transação. Faça-se presente no instrumento que foi concebido através de sua intermediação, assine como testemunha, mencionando o número de sua inscrição no CRECI. 150 Gestão Imobiliária Apresentamos aqui, também, o modelo sugerido pelo CRECI/ PE para o Instrumento Particular de Cessão de Direitos. INSTRUMENTO PARTICULAR DE CESSÃO DE DIREITOS, na forma abaixo. (modelo sugerido pelo CRECI/PE) Pelo presente instrumento particular de CESSÃO DE DIREITOS, VANTAGENS, OBRIGAÇÕES E RESPONSABILIDADES, que entre si fazem, de um lado, como CEDENTE(S) (qualificação completa do(a)(s) cedente(s) – nome, profissão, estado civil, nº da identidade e órgão expedidor, nº do CPF, endereço – quando casado(a) constar o regime de casamento – é obrigatória a qualificação e assinatura do cônjuge), a seguir simplesmente designado(a)(s) de CEDENTE(S); e, de outro lado, como CESSIONÁRIO(A)(S): (qualificação completa. Obs.: No caso do(a) cessionário(a) ser casado(a), não se faz necessário o comparecimentodo cônjuge, simplesmente a menção do nome e o regime de casamento), a seguir simplesmente designado(a)(s) de CONCESSIONÁRIO(A)(S), que têm entre si, justo e contratado o presente instrumento, mediante as cláusulas e condições seguintes: CLÁUSULA PRIMEIRA: O(A)(S) primeiro(a)(s) nomeado(a) (s), designado(a)(s) CEDENTE(S), é (são) senhor(es) e legítimo(a) (s) possuído(a)(es), de todos os direitos, vantagens, obrigações e responsabilidades sobre a aquisição do imóvel (descrever o imóvel, de preferência constando área, fração ideal, discriminação e quantidade de cômodos, etc. Para melhor descrição, observe a Certidão de Ônus Reais – atente para as averbações contidas na certidão referentes a alterações ocorridas no imóvel, não deixe de constar a procedência). CLÁUSULA SEGUNDA: Que assim sendo, vem(êm) ele(a) (s) CEDENTE(S), pelo presente instrumento e na melhor forma de direito, ceder e transferir, como de fato e na verdade cedido e transferido tem(êm), todos os seus referidos direitos, vantagens, obrigações e responsabilidades sobre a aquisição do dito imóvel, em favor do(a)(s) CESSIONÁRIO(A)(S), pelo preço certo e ajustado de R$ (além do valor total da cessão, a forma de pagamento; se o pagamento for efetuado em parcelas, constar a quantidade, o valor e data de vencimento de cada uma; se em moeda corrente 151 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 ou cheque, no caso de cheque, constar o nº do mesmo, banco e agência), de cuja quantia lhe(s) dá(ão) a mais plena, rasa, geral e irrevogável quitação (quando o pagamento for parcelado, a quitação somente será dada na primeira parcela e as demais serão contra recibos). NOTA: caso a cessão seja feita para mais de um(a) cessionário(a) – não se levando em conta marido e mulher – constar a porcentagem que cada adquirente terá no imóvel e participação no valor total da venda. CLÁUSULA TERCEIRA: Que o(a)(s) CESSIONÁRIO(A)(S) será(ão) imitido(a)(s) na posse, direito, uso, gozo, ação e serviço sobre o imóvel objeto da presente a partir desta data (se for o caso, constar a data em que será dada a posse do imóvel), correndo por conta única a exclusiva do(a)(s) CESSIONÁRIO(A)(S), a partir do recebimento do imóvel, todas as taxas, impostos, emolumentos, custas, escritura e demais despesas que incidam ou venham a incidir sobre o imóvel, mesmo que cobradas e/ou lançadas em nome do(a) (s) CEDENTE(S). Obriga(m)-se ainda o(a)(s) CESSIONÁRIO(A) (S) a cumprir(em) e respeitar(em) o contrato de financiamento anteriormente mencionado (caso o imóvel seja financiado) e a Convenção de Condomínio e o regimento Interno (caso o imóvel seja em condomínio, por exemplo: apartamento), em todas as suas cláusulas e condições, as quais declara(m) conhecer. NÃO SE ESQUEÇA: Este documento somente será usado para quem não tem escritura definitiva do imóvel, assim sendo, futuramente será obrigado a fazê-la. Então, consigne a cargo de quem ficarão as despesas com a escritura definitiva, aquela que será outorgada em favor do(a)(s) CEDENTE(S). CLÁUSULA QUARTA: O imóvel objeto da presente será entregue ao(à)(s) CESSIONÁRIO(A)(S), na conformidade da Cláusula Terceira supra, no estado de conservação em que se encontra, absolutamente em dia com todas as taxas, impostos, prestações, emolumentos, água e luz (e condomínio – se for o caso). ATENÇÃO: caso haja acessórios que estejam incluídos no imóvel, tais como cortinas, lustres, armários não embutidos, etc., que foram incluídos no preço da cessão ou que as partes, de comum acordo, resolveram embuti-los na transação, deverão ser consignados nesta Cláusula. CLÁUSULA QUINTA: O(A)(S) CEDENTE(S) se obriga(m) e se compromete(m) a prestar(em) toda e qualquer assistência, bem como sua(s) presença(s), se e quando solicitado(a)(s) for(em), 152 Gestão Imobiliária para a transferência definitiva do imóvel objeto do presente, em favor do(a)(s) CESSIONÁRIO(A)(S) ou a quem este(s) indicar(em), sem reclamação, futuramente, por parte do(a)(s) CEDENTE(S), de quaisquer importâncias devidas, além das aqui ajustadas, independentemente de outorga de procurações. CLÁUSULA SEXTA: (Caso o(a)(s) CEDENTE(S) outorguem procuração). Fica fazendo parte integrante do presente instrumento, a procuração pública lavrada no Cartório do ____ Ofício de Notas local, às fls. ________ do Livro nº ______, em favor de _________. (NÃO ESQUEÇA: O(A)(S) CESSIONÁRIO(A)(S) não pode(m) ser procurador(es) em causa própria). CLÁUSULA SÉTIMA: Na hipótese de Sinistro, de falecimento ou mesmo de separação do(a)(s) CEDENTE(S), fica(m) desde já o(a)(s) CESSIONÁRIO(A)(S) ou seus beneficiários ou sucessores, autorizados a se habilitarem no respectivo inventário e requerem junto ao Cartório e/ou Juízo competente, a Carta de Adjudicação expedida a seu favor, relativamente ao imóvel objeto da presente, podendo para tanto: constituir advogados com os poderes da Cláusula “ad judicia”, perante qualquer Foro, Instância ou Tribunal. CLÁUSULA OITAVA: O presente contrato é feito entre as partes contratantes, por si, seus herdeiros e sucessores, em caráter irrevogável e irretratável, desde que as obrigações aqui assumidas estejam totalmente cumpridas e satisfeitas, obrigando-se estas mesmas partes a manterem este instrumento para sempre bom, firme e valiosos e ao(à)(s) VENDEDOR(A)(ES) a responder(em) pelos riscos da Evicção de Direitos, se e quando chamado(a)(s) for(em) à Autoria, em qualquer tempo e época. CLÁUSULA NONA: Elegem as partes contratantes, com expressa renúncia de outro qualquer, por mais privilegiado que seja, o Foro da Comarca de (jurisdição do imóvel), para nele serem dirimidas quaisquer dúvidas, questões ou pendências oriundas ou decorrentes deste instrumento. CLÁUSULA ADICIONAL (Para ser usada caso a primeira parcela paga seja a título de sinal de negócio): O presente contrato é regido pelos Artigos no 1.094 e seguintes do Código Civil Brasileiro, ou seja, pela LEI DE ARRAS. E, por assim haverem ajustado, firmam o presente em duas vias de igual teor e forma, juntamente com duas testemunhas, para que 153 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 produza seus legais efeitos em direito permitido. (Cidade/Estado), ____ de ___________________ de _______. (atenção: todas as partes assinam este instrumento) Reconhecer firmas FONTE: <http://www.creci-pe.gov.br/modelos_contratos.php>. Acesso em: 10 dez. 2018. Todos os modelos apresentados neste capítulo são sugestões do Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Pernambuco (2012). Os documentos a serem utilizados pelos corretores de imóveis, em sua atuação profissional, não se limitam a esses apresentados aqui. Existem muitos outros que podem auxiliá-lo no dia a dia. Frequentemente, os COFECI e os CRECIs disponibilizam modelos de documentos para que os corretores possam consultar e utilizar. Os modelos apresentados aqui são de acesso aberto e estão disponíveis no site da instituição (CONSELHO REGIONAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS DE PERNAMBUCO, 2012). Contudo, toda vez que você for utilizar um destes modelos, sugerimos que entre em contato com o CRECI do seu Estado para verificar possíveis atualizações na legislação ou regulamentação da atuação profissional. 4) Nesta seção, conhecemos diversos documentos que os corretores de imóveis utilizam na sua atuação profissional. Agora, vamos relembrar o que aprendemos? Responda as seguintes questões: a) Qual é a principal utilização da autorização de venda? R.: b) O que é um termo de visitação? R.: c) O que é um contrato de promessa de compra e venda? R.: 154 Gestão Imobiliária ALGUMAS CONSIDERAÇÕES Neste último capítulo, entendemos como são colocados, na prática, os conteúdos que vimos em toda essa disciplina. Vimos como as leis, regulamentos, normas e orientações influenciam na constituição de documentos e instrumentos que são utilizados cotidianamente na atuação profissional dos corretores de imóveis.Também vimos que estes documentos não só facilitam a organização pessoal do profissional, mas garantem direitos e deveres de todas as partes envolvidas na negociação de um imóvel. Na primeira parte do capítulo, entendemos a principal diferença entre o corretor e o gestor de imóveis. Portanto, se você já tem formação superior na área das ciências imobiliárias e tem registro no CRECI do seu Estado, pode se autodenominar gestor imobiliário. Por outro lado, se você tem apenas a formação de Técnico em Transações Imobiliárias, ou algum curso em nível médio equivalente, além do registro no CRECI de seu Estado, você pode se autodenominar corretor de imóveis. Independentemente da nomenclatura utilizada, os dois profissionais podem atuar em todas as áreas do mercado imobiliário, de acordo com sua qualificação e formação. Com relação às atribuições do gestor/corretor de imóveis, vimos quais são as principais fases do processo de intermediação de negociação de um imóvel. Entendemos como o profissional faz a prospecção de imóveis, escolhendo os melhores para sua carteira de produtos. Vimos como é feita a avaliação de imóveis e quais são os profissionais habilitados para isso. Por fim, conhecemos mais sobre os processos envolvidos na venda de um imóvel e quais são as principais atividades do corretor de imóveis. Na última seção, aprofundamos nosso conhecimento com relação aos principais documentos utilizados no processo de negociação imobiliária. Vimos modelos sugeridos pelo Conselho Regional dos Corretores de Imóveis de Pernambuco e quais são as aplicações para esses documentos. Vale ressaltar a importância de conhecer e utilizar esses documentos na prática profissional, pois assegura os direitos e os deveres de todos os envolvidos no processo de negociação. Este conteúdo não finaliza aqui. Como profissional que deseja estar sempre à frente do mercado, você precisar estar constantemente em atualização. Por isso, você pode consultar os sites e os livros indicados aqui, sempre que tiver alguma dúvida. Também sugerimos que você acompanhe as atividades do CRECI 155 O Papel do Gestor de Imóveis Capítulo 3 de seu Estado, para saber em primeira mão das atualizações dos regulamentos e legislações desta profissão. Esperamos que você tenha gostado dos conteúdos abordados e que tenha muito sucesso em sua atividade profissional! REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-2 Avaliação de bens Parte 2: Imóveis urbanos. Rio de Janeiro, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-3 Avaliação de bens Parte 3: Imóveis rurais. Rio de Janeiro, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14653-1 Avaliação de bens Parte 1: Procedimentos gerais. Rio de Janeiro, 2001. BÉRGAMO, L. R. Disputa por avaliações chega ao fim. Artigos. Brasília: Conselho Federal dos Corretores de Imóveis, 30 abr. 2013. Disponível em: <http://www.cofeci.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id= 503:disputa-por-avaliacoes-chega-ao-fim&catid=42:ultimas-noticias&Itemid=97>. Acesso em: 13 nov. 2018. BRASIL. Lei no 6.530, de 12 de maio de 1978. Dá nova regulamentação à profissão de Corretor de Imóveis, disciplina o funcionamento de seus órgãos de fiscalização e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 12 maio 1978. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6530.htm>. Acesso em: 3 out. 2018. CONSELHO FEDERAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS. Resolução nº 1.402, de 2017. Altera dispositivo da Resolução - Cofeci nº 1.065/2007, para permitir a utilização da expressão “Gestor Imobiliário” por portadores de diploma de curso superior na área das Ciências Imobiliárias. Brasília: Diário Oficial da União, 01 dez. 2017. Disponível em: <http://www.cofeci.gov.br/arquivos/legislacao/nova/ resolucao_1402_17.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2018. CONSELHO FEDERAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS. Resolução nº 1.065, de 2007. Estabelece regras para utilização de nome abreviado por pessoas físicas e de fantasia por empresários e pessoas jurídicas, assim como tamanho mínimo de impressão do número de inscrição no CRECI em divulgações publicitárias e documentais. Brasília: Diário Oficial da União, 27 set. 2007. Disponível em: <http://www.cofeci.gov.br/arquivos/legislacao/2007/ resolucao1065_2007.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2018. 156 Gestão Imobiliária CONSELHO FEDERAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS. Resolução nº 957, de 2006. Dispõe sobre a competência do Corretor de Imóveis para a elaboração de parecer técnico de avaliação imobiliária e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 22 maio 2006. Disponível em: <http://www.cofeci.gov.br/ arquivos/legislacao/2006/resolucao957_2006.pdf>. Acesso em: 13 nov. 2018. CONSELHO REGIONAL DOS CORRETORES DE IMÓVEIS DE PERNAMBUCO. Downalod de modelos de contratos. Recife: Canal do Corretor, 2012. Disponível em: <http://www.creci-pe.gov.br/modelos_contratos.php>. Acesso em: 13 nov. 2018. DEMARAIS, A.; WHITE, V. A primeira impressão é a que fica. Rio de Janeiro: Sextante, 2005. GOMIDE, A. J. Administração de imóveis e locação. Curitiba: IESDE Brasil, 2012. INGAIA. WhatsApp para corretores de imóveis, como utilizar? [s.l.]: Tecnologia, 2018. Disponível em: <http://www.ingaia.com.br/whatsapp-para- corretores-de-imoveis-como-utilizar/>. Acesso em: 13 nov. 2018. KELLER, M. O que as imobiliárias podem aprender com o AirBNB. Blog Jetimob, 2017. 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