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Dialogando com o Direito Penal (

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PARTE ESPECIAL DO CÓDIGO PENAL
TÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Homicídio simples
ART. 121. Matar alguém:
Pena – reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena
Parágrafo 1° - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Homicídio qualificado
Parágrafo 2° - Se o homicídio é cometido:
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II – por motivo fútil;
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena: reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio (incluído pela Lei n° 13.104/2015)
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei n° 13.104, de 2015)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei n° 13.142 de 2015)
VIII – (VETADO): (Incluído pela Lei n° 13.964, de 2019)
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Parágrafo 2°-A – Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei n° 13.104, de 2015)
I. violência doméstica ou familiar; (Incluído pela Lei n° 13.104, de 2015)
 
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher. (Incluído pela Lei n° 13.104, de 2015)
Homicídio culposo
Parágrafo 3° - Se o homicídio é culposo: (Vide Lei n° 4.611, de 1965)
Pena – detenção, de um a três anos.
Aumento de pena
Parágrafo 4° - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada pela Lei n° 10.741, de 2003)
Parágrafo 5° - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei n° 6.416, de 24.5.1977)
Parágrafo 6° - A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviços de segurança, ou por grupo de extermínio. (Incluído pela Lei n° 12.720, de 2012)
Parágrafo 7° - A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela Lei n° 13.104/2015)
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (Incluído pela Lei n° 13.104, de 2015)
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei n° 13.771, de 2018)
III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei n° 13.771, de 2018)
IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei n° 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei n° 13.771, de 2018)
_____________________________________________________________________________
1. Conceito: Homicídio (do latim “hominis excidium” – queda, destruição de um homem por outro homem). “É a injusta morte de uma pessoa (vida extrauterina) praticada por outrem (destruição da vida humana, por outro homem)”. – (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Parte Especial (arts. 121 ao 361) / Rogério Sanches Cunha – 9. Ed. Rev. Ampliada e Atual. – Salvador: Juspodivm, 2017, p. 49).
“Homicídio é a destruição da vida de um homem praticada por outro”. – (JESUS, Damásio de. Parte Especial: Crimes contra a pessoa e crimes contra o patrimônio – arts. 121 a 183 do CP / Damásio de Jesus; atualização André Estefam. – Direito penal vol. 2 – 36. Ed – São Paulo; Saraiva Educação, 2020, p. 52).
“É a supressão da vida de um ser humano causada por outro”. – (Nucci, Guilherme de Souza - Curso de Direito Penal: parte especial: arts. 121 a 212 do Código Penal / Guilherme de Souza Nucci. – 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 78).
“Homicídio é a supressão da vida humana extrauterina praticada por outra pessoa”. – (Masson, Cleber -Código Penal comentado / Cleber Masson. 2. ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014, p. 492). 
“Homicídio é a morte de um ser humano provocada por outro ser humano. É a eliminação da vida de uma pessoa praticada por outra. O homicídio é o crime por excelência”. - (CAPEZ, Fernando Curso de direito penal, volume 2, parte especial : arts. 121 a 212 / Fernando Capez. — 18. ed. atual. — São Paulo : Saraiva Educação, 2018, p. 66).
2. Objetividade jurídica / Bem jurídico tutelado: A vida humana extrauterina (pacífico). A vida é a contraposição à morte. Viver é respirar. Morrer acarreta a cessação das funções respiratória e circulatória decorrentes da paralisação total das atividades cerebrais. 
3. Objeto material: “O objeto material é a pessoa que sofre a conduta criminosa, enquanto o objeto jurídico é o interesse protegido pela norma, ou seja, a vida humana” - (Nucci, Guilherme de Souza - Curso de Direito Penal: parte especial: arts. 121 a 212 do Código Penal / Guilherme de Souza Nucci. – 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2019, p. 89).
“Objeto material do delito é a pessoa contra a qual recai a conduta praticada pelo agente. Bem juridicamente protegido é a vida e, num sentido mais amplo, a pessoa” - (Greco, Rogério. Código Penal: comentado / Rogério Greco. – 11. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2017, p. 476).
“É o ser humano que suporta a conduta criminosa. Exemplo: “A” efetua disparos de arma de fogo contra “B”, matando-o. A objetividade jurídica é a vida humana sacrificada com a conduta homicida, ao passo que “B” é o objeto material” – (Masson, Cleber - Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018, p. 51).
“Genericamente, objeto material de um crime é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta. É o objeto da ação. Não se deve confundi-lo com o objeto jurídico, que é o interesse protegido pela lei penal. Assim, o objeto material do homicídio é a pessoa sobre quem recai a ação ou omissão. O objeto jurídico é o direito à vida” – (Capez, Fernando - Curso de direito penal, volume 2, parte especial : arts. 121 a 212 / Fernando Capez. —
18. ed. atual. — São Paulo : Saraiva Educação, 2018, p.67).
4. Elemento objetivo ou conduta(s): “É o verbo matar. Trata-se de crime de forma livre. Pode ser praticado por ação ou por omissão, desde que presente o dever de agir (hipóteses previstas no art. 13, § 2º, do CP); pode ser praticado de forma direta (meio de execução manuseado diretamente pelo agente) ou indireta (meio de execução manipulado indiretamente pelo homicida)” – (Masson, Cleber -Código Penal comentado / Cleber Masson. 2. ed. rev., atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014, p. 492).
“A conduta típica consiste em tirar a vida de alguém (universo dos humanos)”. - (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Parte Especial (arts. 121 ao 361) / Rogério Sanches Cunha – 9. Ed. Rev. Ampliada e Atual. – Salvador: Juspodivm, 2017, p. 50).
“O homicídio não é um crime de forma vinculada, como,por exemplo, o curandeirismo (CP, art. 284), em que o legislador pormenoriza as formas de comportamento. No crime de homicídio admite-se qualquer meio de execução. Pode ser cometido por intermédio de conduta comissiva, como desfechar tiros na vítima, como no caso de deixar de alimentar uma pessoa para matá-la”. - (JESUS, Damásio de. Parte Especial: Crimes contra a pessoa e crimes contra o patrimônio – arts. 121 a 183 do CP / Damásio de Jesus; atualização André Estefam. – Direito penal vol. 2 – 36. Ed – São Paulo; Saraiva Educação, 2020, p. 55).
“A ação nuclear da figura típica refere-se a um dos elementos objetivos do tipo penal. É expressa pelo verbo, que exprime uma conduta (ação ou omissão) que a distingue dos demais delitos. O delito de homicídio tem por ação nuclear o verbo “matar”, que significa destruir ou eliminar, no caso, a vida humana, utilizando-se de qualquer meio capaz de execução” – (CAPEZ, Fernando Curso de direito penal, volume 2, parte especial : arts. 121 a 212 / Fernando Capez. — 18. ed. atual. — São Paulo : Saraiva Educação, 2018, p. 69).
Assim, temos os meios de execução: a) diretos (exs.: facada, tiro); b) indiretos (exs: instigar um doente mental a matar a vítima; fechar a vítima em ambiente cujo ar seja impossível de respirar); por omissão (ex.: mãe que não alimenta o recém-nascido, causando-lhe a morte por inanição); d) psíquicos (exs.: susto, emoção violenta que cause infarto na vítima); e) patogênicos (exs.: contaminação dolosa pelo HIV, COVID-19).
5. Elemento subjetivo : De regra a conduta é dolosa (vontade livre e consciente de eliminar a vida humana), mas é prevista a figura culposa no parágrafo 3° do art. 121 CP, quando não há a intenção de matar a vítima, em que o ofensor age com imprudência, imperícia ou negligência chegando ao resultado morte da vítima por ele não pretendido.
6. Sujeito ativo: É crime comum, pois pacífico que pode ser praticado por qualquer pessoa física. Quanto à pessoa jurídica ser o sujeito ativo, ressaltamos a possibilidade tratando-se dos crimes ambientais, conforme disposições contidas no art. 225, parágrafo 3° da CF e na Lei n° 9.605/98 – art. 3°.
7. Sujeito passivo: De regra, qualquer pessoa física viva. O indivíduo sobre o qual recai a conduta homicida que lhe tira o direito de gozar ou de desfrutar a própria vida. 
Observação:
“A Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015, especializou o homicídio, criando a figura do feminicídio, quando alguém, de acordo com o disposto no inciso VI do § 2º do art. 121 do Código Penal, causa a morte de uma mulher por razões da condição de sexo feminino. Da mesma forma, a Lei nº 13.142, de 6 de julho de 2015, inserindo o inciso VII no § 2º do art. 121 do Código Penal também o especializou, quando o qualificou tendo em vista a especial condição do sujeito passivo, vale dizer, quando o homicídio tiver como sujeito passivo autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. Assim, nesses casos, sujeitos passivos somente serão aqueles arrolados nos incisos VI e VII do § 2º do art. 121 do Código Penal” – (Greco, Rogério. Código Penal: comentado / Rogério Greco. – 11. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2017.p. 476).
“Tratando-se, entretanto, de fato cometido contra o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal, o delito é contra a Segurança Nacional (art. 7.170, de 14-12-1983, art. 29)” - (JESUS, Damásio de. Parte Especial: Crimes contra a pessoa e crimes contra o patrimônio – arts. 121 a 183 do CP / Damásio de Jesus; atualização André Estefam. – Direito penal vol. 2 – 36. Ed – São Paulo; Saraiva Educação, 2020, p. 55).
Acrescentamos que o Estado também figura como Sujeito Passivo, pois cabe-lhe garantir condições de vida às pessoas. Agride-se ao Estado quando violentado pela morte de um cidadão que está sob sua proteção, e cujo bem jurídico “a vida” é indisponível. Portanto, assim, o próprio Estado, toma a frente da ação penal pública incondicionada, através de denúncia oferecida pelo Ministério Público contra o autor do delito. 
8. Consumação: O momento consumativo ocorre com a morte da vítima (morte encefálica). Trata-se de crime material que depende de resultado. O agente para chegar ao resultado final, segue um caminho ou fases que se compõem de atos cogitatórios, preparatórios e de execução (“iter criminis”). “O crime atinge a sua consumação com a morte da vítima (crime material)” - (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Parte Especial (arts. 121 ao 361) / Rogério Sanches Cunha – 9. Ed. Rev. Ampliada e Atual. – Salvador: juspodivm, 2017, p. 54).
“No caso dos crimes materiais, como o homicídio, a consumação se dá com a produção do resultado naturalístico morte. Trata-se de crime instantâneo de efeitos permanentes. É instantâneo porque a consumação se opera em um dado momento, e de efeitos permanentes na medida em que, uma vez consumado, não há como fazer desaparecer os seus efeitos. Em que momento é possível dizer que ocorreu o evento morte, e, portanto, a consumação do crime de homicídio? A morte é decorrente da cessação do funcionamento cerebral, circulatório e respiratório” - (CAPEZ, Fernando Curso de direito penal, volume 2, parte especial : arts. 121 a 212 / Fernando Capez. — 18. ed. atual. — São Paulo : Saraiva Educação, 2018, p. 80).
“Dá-se com a morte (crime material), a qual se verifica com a cessação da atividade encefálica, como determina o art. 3.º, caput, da Lei 9.434/1997, que dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento” – (Masson, Cleber - Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018, p.54).
“A consumação do delito de homicídio ocorre com o resultado morte. Admite-se a tentativa na modalidade dolosa” – (Greco, Rogério. Código Penal: comentado / Rogério Greco. – 11. ed. – Niterói, RJ: Impetus, 2017, p. 478).
9. Tentativa (do latim “conatus”): É admissível. O sujeito não atinge o resultado morte por circunstâncias alheias à sua vontade, respondendo pelo crime na forma tentada (a pena é diminuída de 1/3 a 2/3 - art. 14, inc. II e p.ú CP). Ex.: “A” ao constringir o pescoço de “B” para asfixiá-lo é interrompido pela polícia que chega ao local naquele momento, evitando a morte da vítima. No exemplo, o sujeito estava no início da fase executória do crime quando foi interrompido. Destaca-se que a interrupção da conduta pode ocorrer nos atos preparatórios ou nos de execução. A conduta, afinal, se desmembra em vários atos, por isso plurissubsistente. “Podendo a execução do crime ser fracionada em vários atos (delito plurissubsistente), a tentativa mostra-se perfeitamente possível quando o resultado morte não sobrevém por circunstâncias alheias à vontade do agente. Admite-se a forma tentada, inclusive, no crime cometido com dolo eventual, já que equiparado, por lei, ao dolo direto (art. 18, I, do CP)” - (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: Parte Especial (arts. 121 ao 361) / Rogério Sanches Cunha – 9. Ed. Rev. Ampliada e Atual. – Salvador: juspodivm, 2017, p. 54).
“Considera-se tentado o crime quando, iniciada a sua execução, não se verifica o resultado naturalístico por circunstâncias alheias à vontade do agente (CP, art. 14, II). Tratando-se de crime material, o homicídio admite tentativa, que ocorrerá quando, iniciada a execução do homicídio, este não se consumar por circunstâncias alheias à vontade do agente. Para a tentativa, é necessário que o crime saia de sua fase preparatória e comece a ser executado, pois somente quando se inicia a execução é que haverá início de fato típico” - (CAPEZ, Fernando Curso de direito penal, volume 2, parte especial : arts. 121 a 212 / Fernando Capez. — 18. ed. atual. — São Paulo : SaraivaEducação, 2018, p. 82).
Ressaltamos a possibilidade de o sujeito não acertar a vítima com sua conduta, não chegando a lesá-la efetivamente; mas mesmo assim, se circunstâncias alheias à sua vontade obstarem ao resultado por ele pretendido, responderá pelo crime tentado. Nesse caso, há tentativa branca ou incruenta.
 “É possível a tentativa (conatus) de homicídio. Na tentativa branca ou incruenta a vítima não é atingida,16 enquanto na tentativa vermelha ou cruenta a vítima é alcançada pela conduta criminosa e sofre ferimentos” – (Masson, Cleber - Direito penal: parte especial: arts. 121 a 212 / Cleber Masson. – 11. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense, São Paulo: MÉTODO, 2018, p.54).
10. Homicídio simples (“caput” art. 121 CP): É o homicídio doloso simples, sobre o qual não incide circunstâncias qualificadoras e cuja pena é de 6 (seis) a 20 (vinte) anos de reclusão. Porém, é considerado crime hediondo quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que por uma só pessoa, conforme o disposto no art. 1°, inc. I da Lei n° 8.072/90. Ex.: agentes que se intitulam justiceiros de uma sociedade ou comunidade, exterminando vidas humanas que consideram perniciosas a todos, tais como os traficantes de drogas. Destaca-se que a pena por crime hediondo ou assemelhado será cumprida inicialmente em regime fechado. Lembrando que a Lei n° 13.964/19 (Pacote anticrime) alterou significativamente a Lei de Execução Penal (Lei n° 7.210/1984), sendo que, a transferência do condenado para regime prisional menos rigoroso nos crimes hediondos passa a exigir o cumprimento de 40% se réu primário; 50% para réu primário, se com resultado morte; 60% se réu reincidente em crime hediondo e 70% se réu reincidente em crime hediondo com resultado morte (art. 112, incs. V, VI, VII, VIII da LEP).
11. Homicídio privilegiado (art. 121, par. 1° CP): Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3.
- Relevante valor social (grande, importante valor social): Justifica-se a redução da pena do agente que pratica o homicídio por motivo de relevante valor social quando representa uma censura, uma reprovabilidade menor perante a moralidade média dentro dos padrões de entendimento da sociedade. No caso, o homicida é impelido a ceifar a vida de outrem por interesses coletivos que acabam por justificar o motivo determinante de sua conduta. Ex.: o agente mata o estuprador de mulheres de uma comunidade. 
- Relevante valor moral: Na visão moral, o agente é impelido a matar alguém por um interesse particular ou específico e que acaba envolvendo valores que perante a sociedade criam um juízo de reprovabilidade menor e aceitável diante de padrões éticos e morais dos indivíduos. Ex.: o pai que mata o estuprador da própria filha.
- Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima: Trata-se do homicídio emocional, em que o agente mata quando dominado por uma forte emoção que lhe causa uma perturbação do psiquismo e perda do autocontrole. Essa emoção deve ser provocada ou estimulada pela vítima e a reação do homicida deve ser imediata à essa provocação. Em verdade a injusta provocação da vítima é aquela sem razão de ser, que não se justifica. Ex.: A vítima cospe na cara do agente por questões raciais levando-o a matá-la com facadas.
Ressaltamos que, se o agente não estiver sob o domínio de violenta emoção, mas estiver sob influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima, poderá incidir em sua pena uma circunstância atenuante (art. 65, III, “c” CP). O que caracteriza essa hipótese é o fato de o agente não ter uma reação imediata à provocação. Consegue manter o autocontrole no momento da provocação, porém, sua conduta é influenciada por um estado de ânimo alterado que consequentemente à provocação da vítima o faz pensar na providência tomada que o satisfaria em seus instintos, cujo nervosismo faz parte, enquanto ser humano passível de vicissitudes na vida.
Outro ponto importante é que o privilégio não se comunica entre os agentes conforme a regra do art. 30 do CP. Assim, no concurso de pessoas não se comunicam as condições pessoais do agente, salvo quando elementares do tipo penal. Ex.: O autor do crime é motivado por relevante valor moral a matar a vítima, porém obtém auxílio de um partícipe que lhe empresta a arma de fogo. O autor responde por homicídio privilegiado pelo relevante valor moral e o partícipe responde pela participação no homicídio sem redução da sua pena; exceto se emprestasse a arma de fogo impelido por algum daqueles motivos do privilégio.
12. Homicídio qualificado (art. 121, par. 2° CP, incisos I a VII): É aquele cuja pena é de 12 a 30 anos, demonstrando maior periculosidade do agente e menor possibilidade de defesa da vítima, diante das hipóteses dispostas na lei, levando-se em consideração os motivos determinantes do crime ( fútil, torpe); os meios de execução (veneno, asfixia, fogo); os modos de execução (emboscada, dissimulação) e a finalidade do agente (assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime).
Passemos a analisar as hipóteses qualificadoras dispostas entre os incisos I a VII do par. 2° do at. 121. 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe: trata-se de homicídio mercenário a recompensa ou pagamento que o sujeito mandante realiza a um sujeito matador (mandatário) para que execute a vítima. Ambos, mandante e mandatário respondem pela qualificadora. A paga antecede à execução da vítima e a promessa é do pagamento após a execução do crime. A paga ou promessa de recompensa é considerado motivo torpe ou desprezível, porém o legislador, neste inciso realça que a qualificadora recai sobre qualquer outro motivo torpe. O agente que mata por motivo torpe age por motivo abjeto, vil, ignóbil, repugnante, baixo, nojento, asqueroso que provoca repulsa, asco. Assim considerado crime hediondo (inspira horror do ponto de vista moral, perversidade). Ex.: matar os próprios pais para adiantar a herança.
II – por motivo fútil: é aquele insignificante, desproporcional, irrisório, à toa, descartável, desimportante, egoísta, mesquinho, por discussões banais. Exs.: por brigas futebolísticas, por cobrança de dívida, por rompimento de namoro, em discussões de trânsito.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum: o veneno é toda a substância mineral (exs.: arsênio, estricnina), vegetal (plantas venenosas, ex.: planta popularmente conhecida como “comigo-ninguém-pode”), animal (ex.: veneno de serpentes) e artificial (ex.: monóxido de carbono do escapamento dos automóveis) que introduzida no organismo é capaz de destruir a vida. O envenenamento deve ser constatado por perícia técnica legista através de autópsia ou necrópsia que consiste em examinar um cadáver para determinar a causa e modo da morte. De regra, o autor do crime age de forma maléfica sem que a vítima saiba do emprego da substância venenosa e da sua eficácia.
O emprego de fogo também qualifica o homicídio, pois caracteriza-se como meio cruel ou praticado com frieza em que o agente ao atear fogo no corpo humano vivo, em chamas, também pode provocar um perigo comum a outras pessoas. Ex.: incendiar um consultório médico onde estejam várias pessoas, mesmo almejando o homicida atear fogo em uma só vítima. 
Outro meio qualificador é o uso de explosivo para cometer o crime, a exemplo de armas químicas ou corpo (substância) capaz de produzir em temperaturas altas detonação que também oferece perigo comum quanto a atingir um número indeterminado de pessoas. Ex.: uso de coquetel molotov (arma química, bomba incendiária de fabricação caseira).
A execução do crime por meio da asfixia também qualifica o homicídio que por derradeiro impõe à vítima farto sofrimento pela interrupção da função respiratória tanto tóxica comomecânica. Exs.: esganadura, estrangulamento, enforcamento, afogamento, soterramento, sufocação, confinamento.
O emprego da tortura também caracteriza meio qualificador, visto impor à vítima todo um sofrimento atroz, desumano, horripilante, lancinante, desesperador, de angústia profunda à vítima e intolerável. Ex.: empalamento ou empalação cujo método de tortura consiste na inserção de uma estaca que atravesse o corpo do torturado pelo ânus ou vagina até a morte. Observação: importante não confundir o crime de homicídio praticado com o emprego de tortura e o crime de tortura seguida de morte (Lei n° 9.455/97 – art. 1°, par. 3°), em que a vontade do agente é de torturar e não de matar a vítima, mas em virtude da violência empregada na tortura o resultado é a morte da vítima (conduta preterdolosa, que ocorre quando há dolo na conduta antecedente com resultado culposo não pretendido). Se da tortura resulta morte, a pena é de 8 (oito) a 16 (dezesseis anos).
O legislador avança neste inciso para alcançar a qualificação do crime através de outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum. Meio insidioso é aquele enganador, pérfido; quem age por meio insidioso prepara ciladas às vítimas. Outros meios cruéis podem abranger todas as condutas que expressam tirania e maldade, que causem dores físicas e morais à vítima.
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: de regra, a traição ocorre principalmente quando há vínculos de confiança entre o autor do crime e a vítima. O agente se vale dessa confiança que a vítima tem para com ele para a pratica do crime. Existe na traição a “quebra de confiança”. Ex.: o patrão que confia em sua serviçal doméstica há anos sendo morto pela mesma em sua própria casa. 
De emboscada é o ato de o agente esperar pela vítima às escondidas, de atalaia, de tocaia para matá-la. Ex.: o matador fica de sentinela, de vigia na porta da garagem onde a vítima estaciona o carro todos os dias, pegando-a de surpresa, sem que possa oferecer qualquer resistência. 
Mediante dissimulação, é o disfarce, fingimento, hipocrisia, ocultação por um indivíduo de suas verdadeiras intenções. Ex.: disfarçar-se o criminoso de agente credenciado de serviços de telefonia para adentrar à casa da vítima com a intenção de matá-la. 
Ainda qualifica por, “ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido”: o legislador quis abarcar outras atitudes passíveis de serem qualificadas, visto que o homicídio é crime de forma livre e inúmeras estratégias podem ser criadas para o fim de matar alguém. Dá-se a possibilidade de uma interpretação analógica à lei. Ex.: jogar spray de pimenta nos olhos da vítima para atingi-la com um canivete.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: o homicídio é qualificado pela conexão de crimes. Para assegurar a execução de outro crime a finalidade é matar alguém para a pratica de outra conduta criminosa (conexão teleológica ou lógica). Ex.: Matar o pai para estuprar a filha.
Ou então, para assegurar a ocultação de outro crime (conexão consequencial ou causal). Ex.: o agente mata a testemunha de um crime de roubo impedindo que seja desvendado. Se ocultar cadáver, deverá responder também pelo crime do art. 211 do CP (Destruição, subtração ou ocultação de cadáver)
Ainda, para a impunidade de outro crime (conexão consequencial ou causal), para não ser reconhecido como autor do delito. Nesse caso, o crime já foi desvendado, não há como ocultá-lo, mas o autor busca a impunidade, através da eliminação de provas contra ele no inquérito policial ou no processo crime. Ex.: matar o perito que está apurando o crime de peculato no processo.
Enfim, para obter a vantagem de outro crime (conexão consequencial ou causal). Ex.: matar o coautor de crime de furto para ficar com todo o produto do crime.
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (incluído pela Lei n° 13.104/2015): Denominado feminicídio, que é a eliminação da vida da mulher pelo ângulo de ser inferiorizada em razão de costumes, tradições ou mesmo culturalmente na história do mundo. No Brasil, constitucionalmente todos são iguais perante a lei, porém, inúmeras formas de violência contra a mulher são empregadas, desde às físicas, morais, psicológicas, patrimoniais às sexuais, ao longo dos anos, e atualmente. Em 2006, adveio a Lei Maria da Penha (Lei n° 11.340), contendo normas explicativas, programáticas e de tutela à mulher vítima de violência doméstica. Porém, o número de mulheres mortas em razão de ódio, raiva, ciúme, desprezo e outras circunstâncias aumentou sobremaneira nos últimos tempos. Assim, sobreveio a qualificadora do homicídio qualificado contra a mulher por razões de condição de sexo feminino. Lembrando que o agente pode ser outra mulher em um relacionamento afetivo. Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I. violência doméstica e familiar; II. menosprezo ou discriminação à condição de mulher (parágrafo 2°-A – art. 121 - incluído pela Lei n° 13.104/2015).
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição (incluído pela Lei n° 13.142/2015): tutela a vida dos agentes públicos estatais que lidam com a segurança do país (integrantes das Forças Armadas, integrantes das polícias federal, rodoviária, ferroviária, civis, militar, corpo de bombeiros e integrantes do sistema prisional e da Força Nacional da Segurança Pública. O crime deve estar ligado com o exercício de sua função. 
O legislador avança no parágrafo 2°-A do CP, esclarecendo a “condição de sexo feminino” constante na qualificadora do feminicídio (inc. VI, par. 2°), considerando que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I. violência doméstica e familiar; (incluído pela Lei n° 13.104 de 2015); II. Menosprezo ou discriminação à condição de mulher; (incluído pela Lei n° 13.104 de 2015). A violência doméstica e familiar tanto pode ocorrer dentro de casa em ambiente doméstico, de coabitação entre a vítima e o agente, como em ambientes externos, podendo advir de uma relação de familiaridade ou afetiva preexistentes ao(s) ato(s) violento(s). A violência contra a mulher pode ocorrer pelo desprezo, depreciação, desapreço, diminuição da condição de ser mulher, de forma discriminatória, transgredindo os direitos da pessoa. 
Oportuno, após a análise do homicídio privilegiado e do homicídio qualificado que possamos aventar sobre a possibilidade da existência do homicídio qualificado-privilegiado. De regra, aceita-se a convivência ou coexistência entre as circunstâncias legais do privilégio e as circunstâncias qualificadoras objetivas dos incisos III e IV do art. 2° do art. 121 do CP. Isso porque, as circunstâncias do privilégio são de natureza subjetiva referentes aos motivos que levaram o autor à prática do crime, compatíveis com os meios e modos de execução previstos nos incisos III e IV do par. 2°, de natureza objetiva. O que não se admite é a coexistência de qualificadoras subjetivas com as circunstâncias de privilégio todas subjetivas. Se o agente praticou o homicídio por motivo fútil, e assim ficar provado, não pode receber o privilégio pelo motivo de ter praticado o crime sob violenta emoção logo após a injusta provocação da vítima. Nesse caso, ambos os motivos são circunstâncias subjetivas; uma anula a outra. Ou prevalece nesse caso o motivo fútil ou prevalece a violenta emoção logo em seguida à injusta provocação da vítima. Como poderia o agente responder por dois motivos antagônicos? Assim, meios e modos de execução (circunstâncias objetivas) do crime são compatíveis de sobreviverem com os motivos (circunstâncias subjetivas) que levaram à prática do crime, admitindo-sea forma qualificada-privilegiada (art. 121, par. 2°, incisos III e IV c.c. art. 121, par. 1° do CP).
Outro ponto importante sobre o homicídio qualificado-privilegiado é se deve ser considerado hediondo. Não nos parece admissível, pois a Lei n° 8072/90 no art. 1°, inc. I faz referência aos homicídios simples e qualificado como hediondos. Dessa forma, não cabe dar interpretação extensiva à Lei, criando-se uma nova figura que possa inclusive surtir em analogia “in mallam partem”, contrária ao réu, tanto na fase processual criminal como na fase executória da pena.
13. Homicídio culposo (art. 121, par. 3° CP): É o homicídio praticado por imprudência, imperícia ou negligência (culpa inconsciente), cuja pena é de detenção de um a três anos. O agente não deseja o resultado morte da vítima, embora previsível, agindo de forma imprudente, desleixada, a exemplo de dirigir um jet ski em local da praia reservado para banhistas, vindo a atropelá-los. Também a figura culposa pode ocorrer através da imperícia do agente que consiste na falta de habilidade ou conhecimento para exercer atividade profissional, arte ou ofício. Ex.: médico que se intitula especialista em cirurgias plásticas, matando vítimas em procedimentos de lipoaspiração. A conduta culposa também se configura através da negligência do sujeito ativo que pratica o crime por sua própria inércia ou inatividade. Ex.: não observar o dever de cuidado com o filho menor, deixando-o sozinho em casa com a janela aberta de onde vem a cair. Lembrando que, a culpa também pode ocorrer de forma consciente em que o agente prevê o resultado morte, mas acredita verdadeiramente, instintivamente de que ele não ocorrerá. Ex.: o agente é exímio atirador e no treino de tiros em sua residência verifica que o jardineiro está próximo a seu alvo de tiros, mas mesmo assim continua a atirar, acreditando sinceramente que o jardineiro jamais será atingido, porém, mesmo confiando em sua pontaria acaba errando o alvo, desferindo o projétil de sua arma contra o jardineiro, matando-o culposamente. Nesse caso, o agente é um bom atirador e por uma fatalidade mata a vítima. Não chega a ser imperito, nem imprudente. Acreditava em sua habilidade de atirador e confiava em si mesmo, porém sua previsibilidade falhou.
14. Causas de aumento de pena (art. 121, par. 4° CP): Na primeira parte do parágrafo 4° há previsão de aumento da pena em 1/3 (um terço) se o homicídio é culposo e resulta de: a) inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício. Ex.: engenheiro que constrói edifício sem alicerce. Nesse caso, o aumento da pena se confunde com a própria culpa pela imperícia que se conceitua pela inabilidade do sujeito em exercer arte, ofício ou profissão. A inobservância já seria essa falta de habilidade técnica, o que decerto redundaria em “bis in idem” na aplicação da pena quando condena-se o réu duplamente pelos mesmos motivos. A interpretação deve ser criteriosa, e por isso podemos avançar no entendimento de que o indivíduo já não tenha as habilidades necessárias para exercer profissão, arte ou ofício, mas, além disso, em determinado dia não estava sentindo-se apto a trabalhar. Ex.: médico recém residente em cirurgia cardiovascular, ainda inseguro em suas habilidades práticas, opera paciente no primeiro horário da manhã sem dormir na noite anterior por ter ido a uma festa, e encontra-se com ressaca e cansaço físico e mental, causando lesão importante que decorre na morte do paciente durante a cirurgia. Responde ele por homicídio culposo por imperícia no exercício da profissão somada ao momento em que não se sentia seguro quanto às suas habilidades, com aumento da pena pela falta de inobservância em realizar uma cirurgia sem descanso suficiente para o bom desempenho de sua profissão; b) se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima. Falta de espírito caridoso para com aquele contra quem o agente causou o mal. Isso, quando o sujeito ainda tem alguma chance de salvar a vítima e não o faz por indiferença ou por falta de caridade. Ex.: o ciclista atropela uma pessoa idosa por descuido, mas não a socorre e nem chama por socorro, ocorrendo o óbito da vítima no local. Responderá por homicídio culposo com aumento da pena. Observar que o crime de omissão de socorro (art. 135 CP) é tipo penal autônomo, diferente da omissão de socorro que agrava a pena do homicídio culposo especificamente; c) não procura diminuir as consequências do seu ato. O agente pode até prestar socorro à vítima, mas após, nega prestar qualquer auxílio à ela e a seus familiares. Ex.: o agente leva a vítima ao hospital após atropelá-la com sua bicicleta, porém, a vítima morre, e então o autor do crime nega-se a arcar com as despesas médico hospitalares junto aos familiares da vítima, respondendo dessa forma, por homicídio culposo com agravamento da pena; d) foge para evitar prisão em flagrante. O sujeito do crime busca a impunidade e a prisão cautelar. Ex.: O agente ao atropelar um idoso com sua motocicleta ouve a sirene do carro da polícia e evade-se do local, mesmo com a vítima agonizando ao chão, temendo à prisão. 
Observação: No caso do medo de linchamento pelo agente no local do crime, pode-se sustentar a tese de afastamento das causas de aumento de pena tanto de deixar de prestar socorro à vítima, como de fuga para evitar o flagrante.
A segunda parte do parágrafo 4° do art.121 do CP dispõe sobre o aumento de pena de 1/3 (um terço) quando o homicídio é doloso, praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. Assim, justifica-se o aumento pela idade da vítima, considerada vulnerável pela menoridade ou pela condição de idosa (redação dada pela Lei n° 10.741 de 2003).
Ainda neste tópico, cabe ressaltar o parágrafo 5° do art. 121 do CP que dispõe sobre o perdão judicial na hipótese de homicídio culposo quando o juiz poderá deixar de aplicar a pena ao agente se as consequências da infração o atingirem de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. Ex.: matar culposamente o próprio filho em acidente doméstico. Embora exista condenação, ao réu poderá ser concedido o perdão judicial, afastando-se a punição e os efeitos da sentença condenatória. Obs.: Obs.: Quanto ao homicídio culposo na direção de veículo automotor, remetemos ao tipo penal previsto no art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro, cabível o perdão judicial como causa de extinção de punibilidade prevista no art. 107, inciso IX do CP.
 
Outra causa de aumento de pena está disposta no parágrafo 6° do art. 121 do CP. Aumenta-se a pena de 1/3 até metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio (acrescentado pela Lei n° 12.720/2012). A constituição de milícia privada também é crime previsto no art. 288-A do CP, cuja pena é de reclusão de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. Cabível a hipótese de concurso material de crimes entre o art. 121, par. 6° (homicídio com o aumento de pena) e o art. 288-A do CP (constituição de milícia privada – “Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código” – Pena: reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos).
Prossegue o legislador dispondo de outras causas de aumento de pena de 1/3 até metade, previstas no parágrafo 7°, incisos I ao IV do art. 121, referentes ao feminicídio. A primeira incide na pena se o crime é praticado: I. durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; (incluído pela Lei n° 13.104 de 2015). O estado da mulher grávida ou mesmo o da mulher em sua recente maternidade merece atenção devido à fragilidade que a envolve tanto física quanto emocional, desde a fase gestacional até as fases do parto e aleitamento do filho. O agente decerto deve saber dessa condição da mulher para a elevação da pena. A segunda, disposta no inc. II do parágrafo 7°, trata do crime ser praticado “contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta anos), com deficiênciaou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental”; (Redação dada pela Lei n° 13.771, de 2018), exclusivamente ao feminicídio, com elevação da pena de 1/3 até metade. No parágrafo 4° do art. 121 do CP, também há causa de aumento se o homicídio é praticado contra menor de 14 (catorze) ou maior de 60 (sessenta) anos, porém o aumento é de apenas 1/3. Assim, leva-se em conta a vulnerabilidade da mulher menor de 14 (catorze) anos e da mulher maior de 60 (sessenta) anos. Uma pela fragilidade pueril e a outra pela fragilidade da própria velhice, em muitos aspectos limitantes. E, ainda, incide o aumento, se contra mulheres com deficiências físicas ou mentais, portadoras de doenças degenerativas (ex.: mal de Alzheimer) que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade, fragilidade seja física ou mental. Assim, a possibilidade de defesa dessas eventuais vítimas se torna menor ou nenhuma. No inciso III do parágrafo 7°, (Incluído pela Lei n° 13.771, de 2018), aumenta-se a pena de 1/3 até metade se o crime é praticado na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima. O crime praticado na presença de pais, filhos, netos, avós causa-lhes um trauma permanente, e não raras as vezes, ocorre em tempo real pelas plataformas virtuais (computador, celular), podendo essas pessoas presenciarem o feminicídio no próprio ambiente familiar ou em outro escolhido pelo agente. Finalmente, no inc. IV, aumenta-se a pena do feminicídio se o agente descumpre as medidas protetivas de urgência à mulher vítima de violência decretadas pela Justiça, constantes no art. 22, incisos I, II e III, da Lei n° 11.340/2006 – Lei “Maria da Penha”, quais sejam: a) suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente, nos termos da Lei n° 10.826/2003; b) afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; c) proibição de determinadas condutas entre as quais: aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre estes e o agressor; contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer outro meio de comunicação; frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e psicológica da ofendida.
15. Ação penal: Ação penal pública incondicionada.
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação (Redação dada pela Lei n° 13.968/, de 2019)
Art. 122 – Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: (Redação dada pela Lei n° 13.968, de 2019)
Pena: reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (Redação dada pela lei n° 13.968 de 2019)
Parágrafo 1° Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos parágrafos 1° e 2° do art. 129 deste Código: (Incluído pela Lei n° 13.968 de 2019)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Incluído pela Lei n° 13.968, de 2019)
Parágrafo 2° Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: (Incluído pela Lei n° 13.968 de 2019)
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos (Incluído pela Lei n° 13.968, de 2019)
Parágrafo 3° A pena é duplicada (Incluído pela Lei n° 13.968, de 2019)
I – se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; (Incluído pela Lei n° 13.968, de 2019)
II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. (Incluído pela Lei n° 13.968, de 2019)
Parágrafo 4° A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. (Incluído pela Lei n° 13.968, de 2019)
Parágrafo 5° Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. (Incluído pela Lei n° 13.968, de 2019)
Parágrafo 6° Se o crime de que trata o parágrafo 1° deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (catorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no parágrafo 2° do art. 129 deste Código. (Incluído pela Lei n° 13.968, de 2019)
Parágrafo 7° Se o crime de que trata o parágrafo 2° deste artigo é cometido contra menor de 14 (catorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. (Incluído pela Lei n° 13.968, de 2019)
1. Conceito de suicídio (do latim “sui caedere”): é a destruição voluntária da própria vida.
2. Objetividade jurídica: o bem protegido é a vida humana, bem como a integridade física da pessoa (automutilação). Ambos os bens jurídicos são considerados indisponíveis, tanto que a Lei não considera ilegal a coação praticada para impedir o suicídio (art. 146, par. 3°, II do CP).
3. Elemento objetivo ou condutas: trata-se de um crime de ação múltipla ou de conteúdo variado em que o agente pode praticá-lo através de mais de uma modalidade de conduta. Realizando uma ou mais condutas descritas no tipo penal, responderá o agente por um só crime. As condutas são: a) induzir: significa incutir a ideia na cabeça da vítima em cometer o suicídio; b) instigar: estimular a ideia já existente na cabeça da vítima em cometer o suicídio; c) auxiliar: ajudar materialmente a vítima a suicidar-se. Ex.: emprestar-lhe a arma do crime. Obs.: a ação de auxílio deve ser secundária, pois se o agente ajuda a atirar contra a cabeça do suicida já seria autor do crime de homicídio.
Acerca de induzir, instigar ou auxiliar a vítima à automutilação podemos citar exemplos, tais como, a vítima se cortar, se queimar, se morder, amputar dedos das mãos e dos pés, ingerir veneno, se enforcar.
4. Elemento subjetivo: dolo, intenção de incutir, instigar ou auxiliar ao suicídio da vítima. Não há figura culposa.
5. Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).
6. Sujeito passivo: qualquer pessoa capaz de ser convencida, persuadida a se suicidar ou de resistir ao induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio; do contrário o crime seria de homicídio. Ex.: criança de tenra idade sem capacidade de entender o comando exercido pelo agente sobre si, induzindo-a a saltar pela janela, trata-se de homicídio (a vítima se torna o próprio instrumento do agente em matá-la).
7. Consumação: ocorre quando o sujeito induz, instiga ou presta auxílio material para que a vítima se suicide ou se automutile, não havendo necessidade dos resultados lesões corporais graves, gravíssimas ou morte. Dessa forma, o crime passa a ser considerado formal e o autor responde pelas penas do “caput” do art. 122 do CP. Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima ou se o suicídio se consuma ou mesmo se decorre a morte da automutilação, surgem as formas qualificadas dos parágrafos 1° e 2° do art. 122 do CP.
8. Tentativa: É admissível. Na conduta “auxiliar” é possível que circunstâncias alheias à vontade do agente impeçam-no de oferecer efetivamente o auxílio à vitima. Ex.: No momento em que o agente quer passar a arma às mãos do suicida é interrompido em sua conduta por uma terceira pessoa que chega ao local. Nas condutas “induzir” ou “instigar” a tentativa é possível por escrito (através de carta, por mensagens digitais) interceptadas por terceiros que não chegam à vítima.
9. Causas de aumento de pena: a) a pena é duplicada se o agente é impelido por motivo egoístico (por individualismo, egocentrismo, orgulho, vaidade); por motivo torpe (repugnante, desprezível, indigno); por motivo fútil (insignificante, desproporcional, inútil) ou quando a vítima é menor de 18 anos e maior de 14 anos, ou tem diminuída por qualquer causa sua capacidade de resistência (a exemplo da senilidade, de surtos psicológicos da vítima, bem como,pela sua ingestão de álcool e drogas; b) a pena é aumentada até o dobro se o crime é realizado através de meios digitais (pelas redes sociais, whatsapp), ou realizado em tempo real através desses meios; c) aumenta-se a pena em metade se o agente é o líder, organizador da rede social para o fim de cometer o crime.
Nos parágrafos 6° e 7° se o crime é praticado contra o menor de 14 (catorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato ou não possa oferecer resistência, o agente responderá pelo crime de lesão corporal gravíssima (art. 129, parágrafo 2° do CP) ou pelo crime de homicídio (art. 121 do CP), se o resultado for lesão corporal gravíssima ou morte da vítima, respectivamente.
10. Ação penal: pública incondicionada.
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Infanticídio
Art. 123 – Matar sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena – detenção, de dois a seis anos.
1. Conceito: infanticídio é expressão do latim “infanticidium” cujo significado é morte da criança ou do recém-nascido.
2. Objetividade jurídica: o bem protegido é a vida do nascente (daquele que está nascendo) ou a vida do neonato (recém-nascido).
3. Elemento objetivo: matar durante o parto ou logo após. A mãe deve estar em estado puerperal que pode ocorrer e durar desde o parto até o retorno às condições normais pré-gravídicas, proveniente de alterações físicas e psicológicas que podem se dar por várias razões, como pela perda de sangue, por alterações hormonais, por problemas de rejeição quanto à maternidade e até por abandono paterno. O estado puerperal deve ser investigado por perícia médica. Enquanto perdurar esse estado, a mãe é considerada alguém sem plenas condições de entender o caráter ilícito do ato que está praticando. Verificada a ausência do estado puerperal, a mãe deverá responder pelo crime de homicídio contra o próprio filho. Através da perícia médico-legal, ainda é possível verificar-se a possibilidade da mãe estar acometida de “psicose puerperal”, considerada doença mental, aplicando-se assim, o art. 26 do C.P., o que torna a agente inimputável.
4. Elemento subjetivo: A conduta é dolosa, não havendo punição pela forma culposa.
5. Sujeito ativo: a mãe do nascente ou recém-nascido. Se houver a participação de outra pessoa que concorra para o crime (coautor ou partícipe), responderá em concurso com a mãe, pelo infanticídio, conforme arts. 29 e 30 do C.P.
6. Sujeito passivo: o ser nascente ou o recém-nascido.
7. Consumação: com a morte do nascente ou do recém-nascido.
8. Tentativa: Admissível (o crime é material).
9. Ação penal: pública incondicionada.
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Aborto provocado pela gestante ou com o seu consentimento
Art. 124 – Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena – detenção, de um a três anos.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 – Provocar aborto sem o consentimento da gestante:
Pena – reclusão, de três a dez anos
Art. 126 – Provocar aborto com o consentimento da gestante:
Pena – reclusão, de um a quatro anos
Parágrafo único – Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de catorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Forma qualificada
Art. 127 – As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 – Não se pune o aborto praticado por médico
Aborto necessário
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II – se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
1. Conceito: aborto (“ab-ortus”) significa privar o ser humano de nascer. É a morte do feto ou embrião. 
2. Objetividade jurídica: vida humana intrauterina, em formação.
3. Elemento objetivo: “provocar”: realizar, causar, produzir, acarretar o aborto.
4. Elemento subjetivo: é o dolo. Não existe forma culposa. O aborto causado culposamente pode ser configurado como lesão corporal preterdolosa (art. 129, par. 2°, inc. V CP).
5. Sujeito ativo: no art. 124, a gestante (crime próprio); nos arts. 125 e 126 do CP, qualquer pessoa (sem ou com o consentimento da gestante). Obs.: Importante lembrar que, conforme o p.u. do art. 126 CP, se a gestante não é maior de catorze anos, ou é alienada ou débil mental ou se seu consentimento ao aborto decorre de fraude, grave ameaça ou violência, o crime será o de aborto sem o consentimento da gestante (art. 125 CP). Nesses casos, o consentimento da mesma não é considerado válido.
6. Sujeito passivo: o feto ou embrião.
7. Consumação: ocorre com a morte do feto ou embrião.
8. Tentativa: admissível, pois é crime material cuja conduta pode ser fracionada. Circunstâncias alheias à vontade do agente podem interromper o resultado morte do feto ou embrião.
9. Aumento de pena (art. 127 CP): somente se aplica aos arts. 125 e 126 do CP (sem ou com o consentimento da gestante): a) aumenta-se 1/3 da pena se em consequência do aborto resultam lesões graves à gestante; b) a pena é duplicada se do aborto resulta a morte da gestante. Ambas as hipóteses são figuras preterdolosas, em que o agente tinha a intenção ou dolo de provocar o aborto (conduta antecedente), sendo que o resultado não era por ele pretendido (lesão corporal grave ou morte); assim, o resultado é culposo, ocorrendo devido às manobras abortivas (dolosas), jamais pretendido (dolo na conduta anterior, culpa no resultado). Se o agente tinha a intenção de matar a gestante também, deverá responder em concurso de crimes pelo aborto com relação ao feto ou embrião e pelo homicídio com relação à vítima gestante. 
10. Excludentes de ilicitude (art. 128 CP): O aborto é legal e autorizado nas hipóteses dos incisos: I. se não há outro meio de salvar a vida da gestante, chamado de aborto terapêutico, por um estado de necessidade específico em que se opta pela vida da mãe, não sendo preciso seu consentimento para que o médico possa realizá-lo. No caso, se realizado por parteira ou enfermeira, aplica-se a analogia “in bonam partem” para que não respondam pelo aborto, visto que, dessa forma, também estariam acobertadas pelo específico estado de necessidade; II. se a gravidez resulta de estupro, denominado aborto piedoso, humanitário, pelo próprio estado de rejeição e trauma da mãe com relação à gravidez resultante de tal violência. Depende do seu consentimento para ser realizado, ou de seu representante legal quando incapaz (menores de idade, doentes ou retardados mentais).
11. Aborto eugenésico: o STF julgou não haver crime de aborto de fetos anencéfalos através da ADPF n° 54 (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) de 12.04.2012. A anencefalia se caracteriza pela ausência do encéfalo, levando o ser humano a uma inviabilidade de vida. Algumas decisões têm autorizado abortos de fetos que tenham graves anomalias que da mesma forma venham a inviabilizar sobrevida, a exemplo da síndrome de Edwards que causa severas más-formações no feto.
12. Ação penal: pública incondicionada.
_____________________________________________________________________________
Lesão Corporal
Art. 129 – Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena – detenção, de três meses a um ano.
Lesão corporal de natureza grave
Parágrafo 1° Se resulta:
I. Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II. Perigo de vida;
III. Debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV. Aceleração de parto:
Pena – reclusão de um a cinco anos.
Parágrafo 2° Se resulta:
I. Incapacidade permanente para o trabalho;
II. Enfermidade incurável;
III. Perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV. Deformidade permanente;
V. Aborto:Pena – reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte
Parágrafo 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
Diminuição de pena
Parágrafo 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição da pena
Parágrafo 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa 
I. Se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II. Se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa
Parágrafo 6° Se a lesão é culposa:
Pena – detenção de dois meses a um ano.
Aumento da pena
Parágrafo 7° Aumenta-se a pena de um terço se ocorrer qualquer das hipóteses dos parágrafos 4° e 6° do art. 121 deste Código.
Parágrafo 8° Aplica-se à lesão culposa o disposto no parágrafo 5° do art. 121 
Violência doméstica (Incluído pela Lei n° 10.886, de 2004)
Parágrafo 9° Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Redação dada pela Lei n° 11.340, de 2006)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos (Redação dada pela Lei n° 11.340, de 2006)
Parágrafo 10° Nos casos previstos nos parágrafos 1° a 3° deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no parágrafo 9° deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei n° 10.886, de 2004)
Parágrafo 11° Na hipótese do parágrafo 9° deste artigo a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. (Incluído pela Lei n° 11.340, de 2006)
Parágrafo 12° Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (Incluído pela Lei n° 13.142, de 2015).
1. Conceito: a lesão corporal (“animus laedendi”), abrange todo o dano corporal ou físico que a pessoa venha a sofrer, de uma simples escoriação ou hematoma, a lesões de porte graves ou gravíssimas (arts. 129, parágrafos 1° e 2° CP). Lembrando que no art. 21 da Lei das Contravenções Penais temos a figura da conduta “vias de fato”, em que a vítima não chega a ser lesionada, a exemplo de sofrer um empurrão, um beliscão ou um tapa que não gerem marcas corporais.
2. Objetividade jurídica: o bem protegido é a integridade física.
3. Elemento objetivo: a conduta é “ofender”, que significa machucar, ferir, contundir.
4. Elemento subjetivo: dolo ou culpa ( a figura culposa está disposta no parágrafo 6° do art. 129 CP, com pena de detenção de dois meses a um ano).
5. Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).
6. Sujeito passivo: qualquer pessoa, exceto quando a vítima da lesão é a gestante, nos casos da qual resulte aceleração de parto ou aborto (art. 129, par. 1°, IV e par. 2°, V do CP).
7. Consumação: consuma-se com a lesão ao corpo, abrangendo a saúde física ou mental (ex.: a vítima pode sofrer um empurrão e bater a cabeça, causando-lhe consequências psicomotoras).
8. Tentativa: É admissível, pois o crime é material e depende de um resultado para consumar-se, portanto, plurissubsistente, fracionável, podendo ser interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente (art. 14, II, p.u CP)
9. Espécies: a) dolosa simples ou leve (art. 129, “caput”); b) dolosa grave (art. 129, par. 1°); c) dolosa gravíssima (art. 129, par. 2°); d) dolosa seguida de morte (art. 129, par. 3°); e) dolosa com causa de diminuição de pena (art. 129, par. 4°); f) privilegiada (art. 129, par. 5°); g) culposa (art. 129, par. 6°); h) lesão corporal com as causas de aumento de pena dos parágrafos 4° e 6° do art. 121 CP (art. 129, par. 7°); i) dolosa qualificada específica (art. 129, par. 9°).
10. Lesão corporal leve: art. 129 “caput” CP. É crime de menor potencial ofensivo, cuja pena é de detenção de 3 meses a 1 ano. O dano é leve à integridade física da vítima, embora aparente. A ação é pública condicionada à representação da vítima, exceto se envolver violência doméstica (ADI 4424-DF), em que o STF firmou a orientação de que é pública incondicionada, mesmo nas lesões leves.
11. Lesão corporal grave: art. 129, parágrafo 1°, incisos I a IV (pena: reclusão, de 1 a 5 anos). O dano é considerado grave se ocorrer: I. Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias, quando o sujeito passivo fica privado das suas atividades costumeiras ou que fazem parte do seu cotidiano, provada através de exame complementar no 31° dia após o fato, com base no art. 168 do CPP; II. Perigo de vida: é a real e concreta possibilidade de a vítima correr o risco de morrer devido às lesões sofridas. Ex.: facada no abdome que atinge o fígado, o baço ou artérias importantes da vítima; III. Debilidade permanente de membro, sentido ou função. A debilidade reduz, enfraquece a capacidade de um membro (partes do corpo ligadas ao tronco), ou de um sentido (visão, olfato, paladar, audição, tato), ou de uma função de um órgão do corpo. Ex.: função respiratória, circulatória. Nesse caso não há perda, mas um abatimento, languidez do membro, sentido ou função; IV. Aceleração de parto: expulsão do feto do ventre materno antes do prazo previsto (se ocorrer o aborto, a lesão será gravíssima – art. 129, parágrafo 2°, V CP).
12. Lesão corporal gravíssima: art. 129, parágrafo 2°, incisos I a V do CP (pena: reclusão, de 2 a 8 anos). O dano é considerado gravíssimo à integridade física da vítima se ocorrer: I. Incapacidade permanente para o trabalho que acarrete prejuízo financeiro à vítima obstada de exercer sua atividade laboral que mantinha seu sustento e o de sua família de forma continuada. Há entendimento de que a restrição deva se estender a qualquer outro tipo de trabalho que a vítima queira exercer de uma forma geral, causando-lhe constantemente uma inaptidão laboral em qualquer área profissional; II. enfermidade incurável: a lesão resulta em doença à vítima que não tem cura, a exemplo da transmissão do vírus HIV, mesmo que futuramente venha a surgir a cura da doença; III. Perda ou inutilização de membro, sentido ou função, significa a vítima se ver privada de um membro, a exemplo do corte de um braço; ou de um sentido, como a perda de um dos olhos; ou de uma função de um órgão do corpo, como a impotência para a prática sexual (impotência “coeundi”);ou impotência para procriar (impotência “generandi”). IV. Deformidade permanente: defeito irreparável à vítima. Exs.: vitriolagem, queimaduras; V. Aborto: a lesão praticada contra a vítima resulta na interrupção da sua gravidez causando a morte do feto.
13. Lesão corporal seguida de morte: art. 129, par. 3° do CP (pena: reclusão, de 4 a 12 anos). Conduta preterdolosa em que o sujeito age com dolo com relação à lesão (conduta antecedente) e culpa com relação ao resultado morte (culpa no consequente). Ex.: o agente desfere soco na vítima com a intenção de lesioná-la, causando-lhe traumatismo craniano e morte (responde pela lesão corporal seguida de morte).
14. Lesão corporal privilegiada: art. 129, par. 4° do CP (o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3) se: a) o agente comete o crime por motivo de relevante valor social; b) por relevante valor moral; c) sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida à injusta provocação da vítima (cabível nas lesões leves, graves ou gravíssimas).
15. Substituição da pena: art. 129, par. 5° CP (substituição da pena de detenção pela pena de multa), em duas hipóteses, desde que, as lesões corporais sejam leves: a) se ocorrer qualquer das hipóteses do parágrafo anterior, ou seja, se ocorrer lesão corporal privilegiada;b) se as lesões são recíprocas (mútuas).
16. Lesão corporal culposa: art. 129, par. 6° CP (pena: detenção de 2 meses a 1 ano). Ocorre por imprudência, negligência ou imperícia do agente. Ex.: não guardar o próprio cão que morde um transeunte (“culpa in custodiendo”).
17. Causas de aumento de pena: art. 129, par. 7° CP (aumenta-se a pena de 1/3), nas hipóteses dos parágrafos 4° e 6° do art. 121 do CP: a) na lesão corporal culposa, se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato ou foge para evitar prisão em flagrante; b) sendo dolosa a lesão, contra o menor de 14 anos e maior de 60 anos; c) se praticada por milícia privada ou por grupo de extermínio.
18. Perdão judicial (art. 129, par. 8° CP). Na lesão corporal culposa o juiz pode afastar a pena se as consequências do crime atingirem o próprio agente de maneira tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
19. Violência doméstica: art. 129, parágrafos 9°, 10°, 11° do CP. A pena é aumentada se ocorrer lesão corporal no âmbito doméstico e familiar ou através de relações afetivas. Hipóteses: a) se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, a pena é de detenção de 3 meses a 3 anos. Neste caso, somente com relação às lesões leves; b) nas lesões graves, gravíssimas, ou seguida de morte, a pena é aumentada de 1/3, se em decorrência da violência doméstica; c) a pena é aumentada de 1/3 se o crime é cometido através de violência doméstica contra pessoa portadora de deficiência. No caso, deficiência tanto física como mental.
20. Causa de aumento de pena específica (art. 129, par. 12° CP): aumenta-se a pena de 1/3 a 2/3 se a lesão é praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. A punição se torna maior para conferir aos agentes da segurança pública nacional e a seus familiares proteção elevada devido à função de risco que exercem em prol da sociedade. 
21. Ação penal: de regra a ação é pública incondicionada. Se as lesões forem leves ou culposas, a ação é pública condicionada à representação da vítima (art. 88 da Lei n° 9.099/95). Se as lesões decorrem de violência doméstica, mesmo que leves, a ação é pública incondicionada, conforme decisão do STF (ADI 4424-DF).
CAPÍTULO III – DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Art. 130 – Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena – detenção, de três meses a um ano9, ou multa.
Parágrafo 1° – Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena – reclusão, de um a quatro anos e multa.
Parágrafo 2° - Somente se procede mediante representação.
Perigo de contágio de moléstia grave
Art. 131 – Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa
Perigo para a vida e saúde de outrem
Art. 132 – Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena – detenção de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único – A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais (Incluído pela Lei n° 9.777, de 1998)
Abandono de incapaz
Art. 133 – Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena – detenção, de seis meses a três anos.
Parágrafo 1° - se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão de um a cinco anos
Parágrafo 2° - Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
Aumento de pena
Parágrafo 3° - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço:
I. se o abandono ocorre em lugar ermo;
II. se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima;
III. Se a vítima é maior de 60 (sessenta anos) (Incluído pela Lei n° 10.741, de 2003)
Exposição ou abandono de recém-nascido
Art. 134 – Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria:
Pena – detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo 1° - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – detenção, de um a três anos
Parágrafo 2° - Se resulta a morte:
Pena – detenção, de dois a seis anos
Omissão de socorro
Art. 135 – Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa
Parágrafo único – A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta morte.
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial (Incluído pela Lei n° 12.653 de 2012)
Art. 135-A – Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído pela Lei n° 12.653, de 2012)
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa (Incluído pela Lei n° 12.653, de 2012)
Parágrafo único – A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta morte. (Incluído pela Lei n° 12.653, de 2012)
Maus tratos 
Art. 136 – Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena – detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
Parágrafo 1° - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena – reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo 2° - Se resulta a morte:
Pena – reclusão, de quatro a doze anos.
Parágrafo 3° - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
CAPÍTULO IV
DA RIXA
Art. 137 – Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena – detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Parágrafo único – Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
Art. 130 - Perigo de contágio venéreo – Pena: detenção de 3 meses a 1 ano ou multa
1. Conceito: expor por meio de relações sexuais (conjunção carnal) ou por atos libidinosos (coito anal, sexo oral) a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado. Dentre os exemplos de doenças venéreas podemos citar as mais conhecidas, como o HIV, a sífilis, o HPV, a gonorréia e a herpes genital. 
2. Objetividade jurídica: saúde da pessoa humana.
3. Elemento objetivo: verbo “expor” no sentido de colocar em perigo.
4. Elemento subjetivo: dolo de perigo (o agente sabe que está contaminado); dolo eventual (o agente não tem certeza, mas deveria saber achar-se contaminado). Não há figura culposa.
5. Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).
6. Sujeito passivo: qualquer pessoa. O crime se consuma mesmo com o consentimento da vítima, embora haja entendimento ao contrário.
7. Consumação: com a exposição da vítima ao perigo, independente da contaminação (havendo contaminação, o crime é de lesão corporal dolosa ou culposa). 
8. Tentativa: admissível, quando circunstânciasalheias à vontade do agente interrompem sua conduta de praticar relações sexuais ou atos libidinosos com a vítima.
9. Qualificadora: (parágrafo 1°): se existe a intenção do agente em transmitir a moléstia. O agente sabe que está contaminado e quer transmitir a doença. A pena é de reclusão de 1 a 4 anos e multa.
10. Ação penal: pública condicionada à representação do ofendido (parágrafo segundo).
Art. 131 – Perigo de contágio de moléstia grave – Pena: reclusão de 1 a 4 anos e multa
1. Conceito: Praticar ato capaz de produzir transmissão de moléstia grave a outrem. Ex.: transmissão do COVID-19.
2. Objetividade jurídica: a incolumidade física da pessoa ou sua saúde.
3. Elemento objetivo: a conduta é praticar, que significa realizar, levar a efeito a finalidade de transmitir moléstia grave a outrem. Exs: aperto de mão, beijo, empréstimo de roupas.
4. Elemento subjetivo: dolo específico, em que existe uma finalidade a ser atingida pelo agente, a de transmitir a moléstia grave à vítima. Não há figura culposa. 
5. Sujeito ativo: qualquer pessoa contaminada por moléstia grave.
6. Sujeito passivo: qualquer pessoa contra quem é praticado do ato.
7. Consumação: com a prática do ato, independente do contágio efetivo (em havendo o contágio, o crime é de lesão corporal gravíssima por enfermidade incurável).
8. Tentativa: admissível, pois o crime é plurissubsistente, podendo ser fracionável e interrompido por circunstâncias alheias à vontade do agente.
9. Ação penal: ação penal pública incondicionada.
Art. 132 – Perigo para a vida ou à saúde de outrem – Pena: detenção de 3 meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.
1. Conceito: todo o fato que coloca em risco a vida ou à saúde de outrem, à perigo direto e iminente. Ex.: disparar arma de fogo em local privado.
2. Objetividade jurídica: a vida e a saúde de qualquer pessoa.
3. Elemento objetivo: a conduta é “expor” ou colocar alguém à perigo de vida ou à sua saúde de forma direta, numa situação muito próxima do dano em momento atual.
4. Elemento subjetivo: dolo direto. Não há figura culposa.
5. Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum).
6. Sujeito passivo: qualquer pessoa determinada.
7. Consumação: com a prática do ato e a ocorrência do perigo à vida ou à saúde de outrem, independente de resultado.
8. Tentativa: possível, visto o crime ser plurissubsistente.
9. Causa de aumento de pena: de 1/6 a 1/3 se a exposição da vida ou da as~ude decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimento de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais, punindo de forma mais severa os proprietários de veículos que promovem o transporte de trabalhadores sem lhes garantir a necessária segurança. Exs.: vans de transporte coletivo de trabalhadores que atuam de forma clandestina; transporte de bóias-frias, principalmente em zonas rurais.
10. Ação penal: pública incondicionada.
Art. 133 – Abandono de incapaz – Pena: detenção de 6 meses a 3 anos
1. Conceito: abandonar, deixar só, largar pessoa sem capacidade de defender-se dos riscos do abandono.
2. Objetividade jurídica: proteção da vida e da saúde das pessoas.
3. Elemento objetivo: a conduta é abandonar (desamparar) a pessoa incapaz de defender-se de riscos inerentes à sua condição pessoal. Ex.: um cego, um deficiente físico ou mental.
4. Elemento subjetivo: crime doloso em que há a vontade do agente de abandonar a vítima.
5. Sujeito ativo: qualquer pessoa que tem o dever de zelar pela vítima (crime próprio) ou quem tenha o dever de cuidado, guarda, vigilância ou autoridade sobre a vítima. O dever de cuidado pode ser por causa de uma enfermidade da pessoa; guarda e vigilância caracterizam-se por um dever que pode englobar os pais para com os filhos menores; curadores para com os seus curatelados; tutores com relação aos seus tutelados e a vigilância pode não envolver a guarda, mas o dever de vigília para com quem se responsabilizou a guiar, a exemplo dos cuidadores de idosos ou as babás de crianças. O vínculo de autoridade de uma pessoa sobre a outra caracteriza o abandono se diante de alguém incapaz de dirigir-se por si próprio ou não tiver meios de defender-se de riscos à sua saúde e à sua vida.
6. Sujeito passivo: é a pessoa incapaz que não pode cuidar de si mesma.
7. Consumação: com o abandono e a ocorrência do perigo concreto (perigo de dano).
8. Tentativa: admissível, quando circunstâncias alhieas à vontade do agente interrompem sua conduta de abandonar a vítima.
9. Formas qualificadas: A pena será de reclusão de 1 a 5 anos se do abandono resultar lesão grave (parágrafo 1°) ou será de reclusão de 4 a 12 anos, se do abandono resultar a morte (parágrafo 2°). O crime é qualificado pelo resultado (preterdolo).
10. Causa de aumento de pena (parágrafo 3°): aumento de 1/3 quando o abandono ocorrer: I. em lugar ermo (deserto); II. se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima; III. Se a vítima é maior de 60 anos.
11. Ação penal: pública incondicionada.
Art. 134 – Exposição ou abandono de recém-nascido para ocultar desonra própria – Pena: detenção de 6 meses a 2 anos 
1. Conceito: é uma forma privilegiada de abandono de incapaz por desonra. O motivo do abandono se caracteriza pela reputação e valoração cultural que se possa dar ao agente, ao ponto de ele se sentir impelido a abandonar o recém-nascido.
2. Objetividade jurídica: vida e saúde.
3. Elemento objetivo: expor ou abandonar, removendo a vítima a local onde não lhe é prestada a assistência ou mesmo deixar efetivamente de dar-lhe assistência.
4. Elemento subjetivo: dolo (vontade livre e consciente de abandonar o recém-nascido).
5. Sujeito ativo: a mãe ou o pai do recém-nascido.
6. Sujeito passivo: o recém-nascido, considerado durante os primeiros dias de vida ou mesmo até 30 dias do nascimento.
7. Consumação: ocorre com a prática do ato de exposição ou abandono.
8. Tentativa: admissível, pois é possível que circunstâncias alheias à vontade do agente interrompam sua conduta.
9. Formas qualificadas pelo resultado (parágrafo 1°): a pena será de detenção de 1 a 3 anos, se do abandono resultar lesão grave. Ou se do abandono resultar a morte (parágrafo 2°). 
10. Ação penal: pública incondicionada.
Art. 135 – Omissão de socorro – Pena: detenção de 1 a 6 meses ou multa
1. Conceito: Deixar de prestar socorro a alguém que necessite, desde que não incorra a riscos pessoais, ou não solicitar o socorro de autoridade pública.
2. Objetividade jurídica: a vida ou a saúde da pessoa.
3. Elemento objetivo: deixar (abandonar) de prestar assistência (não prestar socorro).
4. Elemento subjetivo: dolo, vontade livre e consciente de não prestar assistência à vítima.
5. Sujeito ativo: qualquer pessoa que esteja próxima ou não à vítima e não lhe presta a assistência necessária. O sujeito ativo não é o causador da situação que exige o socorro.
6. Sujeito passivo: a vítima deve estar ao desamparo, aos exemplos de uma criança abandonada ou extraviada, pessoa ferida, deficiente físico ou mental sem autodefesa ao desamparo diante de perigo.
7. Consumação: ocorre no instante da omissão.
8. Tentativa: inadmissível, por se tratar de crime omissivo próprio, unissubsistente; infracionável.
9. Aumento de pena (parágrafo único): A pena é aumentada da metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada se resulta morte.
10. Ação penal: pública incondicionada.
Art. 135-A Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial – Pena – detenção de 3 meses a 1 ano e multa
1. Conceito: exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial. Pune-se a negativa de atendimento diante de processos burocráticos acima do dever de proteção à vida e à saúde do paciente.
2. Objetividade jurídica: a vida e a saúde da pessoa.
3. Elemento objetivo: a ação nuclear é “exigir” que significa impor, ordenar que se preste o cheque-caução, a nota promissória ou qualquer garantia, bem como o

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