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1 Disciplina: Projeto político-pedagógico Autora: D.ra Gílian Cristina Barros Revisão de Conteúdos: Esp. Murillo Hochuli Castex Revisão Ortográfica: Esp. Alexandre Kramer Morgenterm Ano: 2019 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Gílian Cristina Barros Projeto político-pedagógico 2ª Edição 2019 Curitiba, PR Editora São Braz 3 Editora São Braz Rua Cláudio Chatagnier, 112 Curitiba – Paraná – 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Marcelo Alvino da Silva Conselho Editorial D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / D.r Jefferson Zeferino / D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia Revisão de Conteúdos Murillo Hochuli Castex Parecerista Técnico Irajá Luiz da Silva / Marcelo Alvino da Silva Designer Instrucional Murillo Hochuli Castex Revisão Ortográfica Alexandre Kramer Morgentern Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério FICHA CATALOGRÁFICA BARROS, Gílian Cristina. Projeto político-pedagógico / Gílian Cristina Barros. – Curitiba: Editora São Braz, 2019. 46 p. ISBN: 978-85-5475-399-3 1.Planejamento. 2. Projeto. 3. Pedagógico. Material didático da disciplina de Projeto político-pedagógico – Faculdade São Braz (FSB), 2019 Natália Figueiredo Martins – CRB 9/1870 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Sumário Prefácio ................................................................................................................. 06 Aula 1 – Projetos de vida, projetos de sociedade, projetos de escola: planejamento em educação ................................................................................... 07 Apresentação da aula 1 ......................................................................................... 07 1.1 Projetos de vida, projetos de sociedade, projetos de escola: Planejamento em educação .................................................................................. 07 Conclusão da aula 1 .............................................................................................. 16 Aula 2 – Projeto político-pedagógico ..................................................................... 17 Apresentação da aula 2 ......................................................................................... 17 2.1 Projeto Político-Pedagógico ..................................................................... 17 2.2 Etapas para a construção do PPP ............................................................. 19 2.2.1 Etapa I (Diagnóstico da realidade) ......................................................... 19 2.2.2 Etapa II (Discussão da proposta curricular) ............................................ 21 2.2.3 Etapa III (Desenvolvimento e avaliação) ................................................ 23 Conclusão da aula 2 .............................................................................................. 24 Aula 3 – Planejamento Participativo ...................................................................... 25 Apresentação da aula 3 ......................................................................................... 25 3.1 Planejamento participativo ........................................................................ 25 3.2 Conceitualização do processo .................................................................. 26 Conclusão da aula 3 .............................................................................................. 32 Aula 4 – Planejamento com intervenção no processo educacional ........................ 33 Apresentação da aula 4 ......................................................................................... 33 4.1 Planejamento com intervenção no processo educacional ......................... 33 4.2 Intervenção educacional ........................................................................... 34 Conclusão da aula 4 .............................................................................................. 41 Conclusão da disciplina ......................................................................................... 42 Índice Remissivo ................................................................................................... 43 Referências ........................................................................................................... 44 6 Prefácio Há quem diga que o que nos difere dos demais animais é a capacidade de contar histórias, contudo o ato de projetar, ou seja, atuar no mundo utilizando ferramentas que permitam intervir no mundo além da sobrevivência também se constitui uma capacidade exclusiva de seres humanos. Nesta disciplina destacam-se e explicitam-se projetos de diferentes naturezas que podem ser empregados na educação, tendo como foco o planejamento do projeto político-pedagógico, evidenciando os seus conceitos e a sua importância para a efetivação dos processos de ensino e de aprendizagem. Os projetos educacionais, os que definem políticas públicas e os próprios da escola, precisam de uma atenção maior que vai desde o processo de elaboração, passando pelas principais características e culminando com o destaque de etapas indispensáveis para que o planejamento se constitua como uma ferramenta de apoio a atuação do profissional da educação em ambiente escolar. Será possível também perceber, nesta disciplina, que é relevante para o gestor da escola compreender como que se produz o Projeto Político- Pedagógico (PPP), o documento norteador das ações desenvolvidas na escola, pois o delineamento de estratégias para sua produção amplia tanto a leitura dos processos políticos que envolvem sua construção de forma democrática quanto as estratégias e táticas para sua implementação, monitoramento e avaliação. Será verificado que o PPP é, potencialmente, uma ferramenta política construída coletivamente por meio de consenso e dissensos que culminam em arquiteturas que permitem materializar aspirações, necessidades e possibilidades dos vários atores da escola. Que os conteúdosdiscutidos nesta disciplina contribuam para o repensar de sua prática profissional, pois entender como se estabelecem projetos, sejam eles de vida ou de educação, colaboram que com uma boa atuação seja possível construir uma sociedade melhor para os indivíduos. 7 Aula 1 – Projetos de vida, projetos de sociedade, projetos de escola: planejamento em educação Apresentação da aula 1 Nesta aula serão abordados conceitos a respeito de projetos de vida: o que são, para que servem e quais as semelhanças com projetos, em geral. Serão analisados alguns tipos de projetos de sociedade, com suas abordagens, partindo do princípio que a identidade de um grupo social é construída e também pode ser determinante. 1.1 Projetos de vida, projetos de sociedade, projetos de escola: planejamento em educação A discussão sobre Planejamento e Projeto Político-Pedagógico tem por objetivo compreender, a partir dos projetos de vida, de sociedade e de escola, como se constituem os projetos de educação. Essa discussão se faz relevante, pois é a partir dela que compreenderemos as definições de projeto e planejamento e quais as suas características. Cabe destacar, aos que iniciam o estudo sobre planejamento em educação, que o Projeto Político-Pedagógico (PPP) é o documento norteador das ações desenvolvidas na escola. Caso você deseje iniciar a atuação em um determinado campo de trabalho, a realização de um curso é parte do planejamento. Se, por acaso, possui formação e atua no campo pretendido, planejar se aperfeiçoar na carreira será interessante, por meio de complementação curricular, seja para atuar com mais competência, seja para avançar em sua jornada profissional ou, se seu projeto é uma remuneração maior, é preciso delimitar os passos para alcançar a esperada ascensão profissional. Tudo isso é determinando pelo planejamento de projetos. O planejamento de um projeto pauta-se em ações que são organizadas para que possamos cumpri-lo dentro de um espaço, de um tempo e sobre determinadas condições. Machado (2000, p. 2) afirma que: 8 O homem constitui-se em sua humanidade à medida que desenvolve sua capacidade de fazer escolhas e se lançar ao mundo, transformando-se e transformando-o, em busca de desenvolver projetos para atingir metas e satisfazer desejos pessoais e coletivos a partir de valores históricos, culturalmente situados e socialmente acordados (MACHADO, 2000, p. 2). Desejos individuais e coletivos que se originam em valores históricos que são situados e influenciados pela cultura, um dos aspectos que faz com que tenhamos projetos. Esses desejos, quando transformados em objetivos a serem alcançados, oportunizam, pela ação, um rumo a seguir, um caminho, uma orientação de vida, de sociedade, de escola, de educação. Vocabula rio Cultura: conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais, aprendidos de geração em geração pela vida em sociedade. Seria a herança social da humanidade ou, ainda, de forma específica, uma determinada variante da herança social. O projeto vislumbra uma perspectiva futura, no entanto, prima pela relação com o presente vivido e o passado experimentado, por isso, o projeto se origina em valores históricos situados culturalmente e socialmente ancorados. Projetar é uma característica essencialmente humana e, quanto mais projetamos, quanto mais planejamos, mais humanos nos tornamos, pela leitura e compreensão da realidade que nos cerca, que nos leva a querer intervir e modificá-la, olhando para nós e para os outros. [...] o homem executa seu ciclo vital não apenas pela motivação animal de sobrevivência, mas subordina a sobrevivência a objetivos maiores, através da consciência do fazer/saber, isto é, faz porque está sabendo e sabe por estar fazendo (D’AMBRÓSIO, 2005). O ciclo vital apresentado por Ubiratan D’ Ambrósio (2005) se estabelece a partir de três elementos, conforme esquema a seguir: 9 Fonte: D’Ambrósio (2015), adaptado pelo autor (2019). Embora D’ Ambrósio (2005) apresente o ciclo vital de forma linear, realidade➔indivíduo➔ação, a representação anterior se estabelece a partir de um ciclo que pode se iniciar em qualquer elemento, conforme o momento de planejamento em que o indivíduo se encontra. Se, por exemplo, ele está no momento de avaliação de um projeto, pode partir da ação, pois já passou pela análise da realidade e delimitação das necessidades individuais e coletivas. Carrano e Dayrel (2013) afirmam que: A elaboração de um projeto de vida é fruto de um processo de aprendizagem, no qual o maior desafio é aprender a escolher. Na sociedade contemporânea, somos chamados a escolher, a decidir continuamente, fazendo dessa ação uma condição para a sobrevivência social. A escolha também é objeto de aprendizagem: aprendemos a escolher e a nos responsabilizar pelas nossas escolhas. Um e outro se aprendem fazendo, errando, refletindo sobre os erros. Essas são condições para a formação de sujeitos autônomos (CARRANO e DAYREL, 2013 p. 32-33). Contextualizando a afirmação, quanto mais escolhemos, projetamos e planejamos, mais aprendemos. Assim, a ação oportuniza mais saber e, quanto mais fazemos, mais sabemos e isso faz parte do desenvolvimento humano; o agir na realidade e a partir dela, seja por sobrevivência, seja pelo desejo, seja pelas intencionalidades. 10 Para Refletir Já pensou sobre a relação que há entre responsabilidade e autonomia? Poderíamos afirmar que são elementos indissociáveis e necessários na elaboração de projetos? Cada escolha realizada traz consigo a responsabilidade de assumi-la, bem como faz com que as atitudes sejam pensadas antes de sua realização, atitudes que carregam leituras de mundo, elementos da cultura. Esses elementos não são neutros, eles representam opções filosóficas e políticas. Os atos de agir, de projetar, de planejar são intencionais, comprometidos e revelam as opções filosóficas e política de quem age, de quem projeta, de quem planeja modificar uma situação, uma realidade. Ampliando o que diz Luckesi quanto ao planejamento, cabe salientar que o projeto, assim como o planejamento não será: [...] nem exclusivamente um ato político-filosófico, nem exclusivamente um ato técnico; será, sim, um ato ao mesmo tempo político-social, científico e técnico: político-social, na medida em que está comprometido com as finalidades sociais e políticas; científico, na medida em que não se pode planejar sem um conhecimento da realidade; técnico, na medida em que o planejamento exige uma definição de meios eficientes para se obter os resultados (LUCKESI, online, p.119). Técnico, político-social, político-filosófico e científico são essas as características das ações, dos projetos e dos planejamentos, sejam eles de vida, de sociedade ou de escola. O planejamento é técnico, político-social, político-filosófico e científico, é o ato pelo qual decidimos o que construir. No planejamento delimitamos quais os caminhos, os meios para se chegar a um resultado almejado. O planejamento se estabelece a partir de ações a serem realizadas, em determinado tempo e espaço sobre certas condições para se chegar a um determinado fim. Os projetos de vida, assim como os de sociedade, partem do reconhecimento do ser humano de si mesmo, como agente transformador de 11 realidades. Esse reconhecimento é uma construção individual, mas também social, assim como a identidade. Fonte: elaborado pelo DI, 2019. A identidade construída socialmente, a partir da vivência em uma realidade e em um espaço social, determina os projetos de vida, nos levando a afirmar que: os projetos de sociedade também partem do mesmo princípio, no qual a identidade de um grupo social é construída historicamente e determina intervenções planejadas na realidade e no espaço social.Importante Os projetos podem ser individuais e/ou coletivos; mais amplos ou restritos, com elaborações em curto ou médio prazo. São dinâmicos e, de certa forma, “ziguezagueantes”. Podem mudar de acordo com as circunstâncias, os valores vigentes em determinados momentos da vida, as interações sociais, os contextos e até com os suportes materiais e simbólicos com os quais contam. (BRASIL, 2003). O planejamento em educação pode ser de três naturezas: planejamento do sistema educacional, planejamento escolar e planejamento do ensino. O planejamento do sistema educacional é realizado em âmbito Federal, Estadual e Municipal. Cada instância poderá organizar formas de planejar suas ações. Destaca-se em âmbito nacional o Plano Nacional da Educação (PNE), com metas a serem atingidas por todos os envolvidos no período de 10 anos. Identidade RealidadeProjeto de vida 12 Saiba Mais O PNE é organizado a partir de conferências municipais e estaduais, culminando com a Conferência Nacional de Educação (Conae). Nessas conferências, elaboram-se planos de educação. A intenção do PNE é a instituição do Sistema Nacional de Educação (SNE), elemento central para assegurar maior organicidade da educação nacional. Visite: http://pne.mec.gov.br/ e conheça as metas do PNE para a próxima década (2014-2024). No âmbito da escola, é realizado o planejamento escolar, que é o planejamento integral da instituição de ensino considerando a cultura da escola. Como estudaremos na aula dois, o projeto político-pedagógico é o documento principal que orienta essa forma de planejamento. O planejamento do ensino também é realizado no âmbito da escola, mas com ações mais diretivas para a sala de aula, vislumbrando o ensino e aprendizagem. O planejamento de ensino está ligado ao cotidiano dos professores e alunos, são exemplos desse planejamento: os planos de curso, plano de unidade e os planos de aula, que serão estudados na última aula. Planejamento Escolar Fonte: https://secure.i.telegraph.co.uk/multimedia/archive/01999/teacher_1999277b.jp Portanto, cabe destacar o planejamento em educação conforme a imagem que segue: https://secure.i.telegraph.co.uk/multimedia/archive/01999/teacher_1999277b.jp https://secure.i.telegraph.co.uk/multimedia/archive/01999/teacher_1999277b.jp 13 Fonte: elaborado pelo autor (2019). Saiba Mais Para saber mais sobre planejamento, leia o artigo Planejamento e Avaliação na Escola: articulação e necessária determinação ideológica, de Carlos Cipriano Luckesi, a obra trata sobre o tema de avaliação e planejamento no ambiente escolar. Acesso disponível no endereço: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_15_p115- 125_c.pdf Pode-se afirmar que os projetos nascem de necessidades e desejos e, para que se efetivem, é necessário planejar. Projetar e planejar são atividades inerentes aos seres humanos. Os planos, que apresentam as ações mais detalhadas, mais diretivas, estão contidos nos planejamentos. Vários planos podem compor um mesmo planejamento, assim como vários projetos. No entanto, compreende-se aqui que Planejamento em Educação Planejamento do Sistema Educacional • Exemplo: PNE, PEE Planejamento Escolar • Exemplo: Projeto Político- Pedagógico Planejamento de Ensino • Exemplo: Plano de curso, Plano de aula, Plano de trabalho docente 14 os projetos são aqueles que preveem uma ação na realidade, projetos que nascem nas mentes com uma intenção de intervir e de transformar realidades. Projetos idealizados podem se efetivar por meio de planejamentos, que são a materialização do projetar e do idealizar por meio de planos e projetos escritos, nos quais objetivos, tempos de ação, formas de organização, recursos humanos, financeiros e de infraestrutura são delineados, bem como outros elementos, como será visto com mais detalhes nas próximas aulas. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Amplie seus estudos lendo os livros: Educação: projetos e valores, de autoria de Nilson José Machado, apresenta uma discussão ampla sobre projetos. Destaca os principais elementos que permitem a compreensão apurada do tema. Planejamento Como Prática Educativa, de autoria de Danilo Gandin, professor e pesquisador referência quanto ao estudo do planejamento. Com linguagem acessível, a obra oportuniza a reflexão sobre a importância no planejamento na escola. Importante O planejamento é técnico, político-social, político-filosófico e científico, é o ato pelo qual decidimos o que construir. No planejamento, delimitamos quais os caminhos e os meios para se chegar a um resultado almejado. O planejamento se estabelece a partir de ações a serem realizadas em determinado tempo e espaço sobre certas condições para se chegar a um determinado fim. Compreender, a partir dos projetos de vida, de sociedade e de escola, como se constituem os projetos de educação, esse foi o objetivo central dessa 15 aula e, pautados nos referenciais estudados, pode-se concluir quanto aos projetos: ➢ Podem ser individuais e/ou coletivos, mais amplos ou restritos; ➢ Idealizados para diferentes prazos/tempos: curto, médio ou longo; ➢ São dinâmicos e, de certa forma, “ziguezagueantes”; ➢ Podem mudar, de acordo com as circunstâncias, os valores vigentes, as interações sociais, os contextos e até com os suportes materiais e simbólicos com os quais contam. Quanto aos projetos de sociedade, entende-se que esses partem do mesmo princípio dos projetos individuais, nos quais a identidade de um grupo social é construída historicamente, determinando intervenções no espaço social. Também se conclui que o projeto vislumbra o futuro, considerando o presente vivido e o passado experimentado, pois se origina em valores históricos situados culturalmente e socialmente ancorados e que o planejamento é técnico, político-social, político-filosófico e científico, nos quais delimitam-se caminhos para se chegar a um determinado fim. Os projetos são ferramentas importantes para a organização do trabalho do gestor. Importante Significado histórico da elaboração de projetos e planos na educação Na década de 1980, o Brasil vivia o movimento de democratização, após um longo período de ditadura. Na concepção da Constituição de 1988, o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública foi um dos grandes agentes pela “gestão democrática do ensino público”. Nessa época, iniciaram-se as produções teóricas e as pesquisas sobre o projeto pedagógico, tanto por estudiosos brasileiros como por franceses e portugueses, que refletiam as mudanças políticas de seus países. Na constituição Federal, no capítulo que se refere à Educação, encontramos, no artigo 206, incisos I, III, VI e VII (igualdade de condições de acesso à escola, garantia de padrão de qualidade e pluralismo de ideias), são os princípios norteadores que favorecem a gestão democrática dos sistemas de ensino público, que passou a incluir a população antes excluída. 16 Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394/1996), a gestão democrática da escola foi regulamentada e estabeleceram-se orientações para a organização do espaço físico, para o trabalho pedagógico e para a participação de pais, alunos e educadores, fortalecendo a articulação entre a instituição e a comunidade. Diante dessas mudanças surgiu a necessidade de criar formas de gerir os processos e as tomadas de decisão das unidades. A instauração de um projeto pedagógico nasceu de um instrumento importante para assegurar a gestão escolar essas novas perspectivas políticas e educacionais. (CECAD, 2016, p.8). O planejamento em educação pode ser de três naturezas: planejamento do sistema educacional; planejamento escolar e planejamento do ensino. Resumo da aula 1 Nesta aula foi possível verificar semelhanças e diferenças entre tipos de projetos eplanejamentos, suas particularidades e o processo de elaboração e aplicabilidade de cada um. Compreendemos que os projetos de vida têm relação com a identidade e a realidade, que são construções sociais. No que se refere ao âmbito da educação, tem-se: planejamento em educação; planejamento do sistema educacional; planejamento escolar e planejamento de ensino. Cada um desses planejamentos, indo do aspecto mais amplo, como, por exemplo, o Plano Estadual da Educação, que contempla metas para o todo o país e mais específicas, como os Planos de Trabalho Docente, que descrevem os elementos planejados para que ocorra uma aula. 17 Atividade de Aprendizagem Você conhece a realidade de sua escola? Como gestor, é imprescindível que conheça a realidade de sua escola e de seus atores. Para tanto, são propostas algumas atividades para intervenção: - Organize uma roda de conversa com os professores e verifique quem são, porque estão ali, o que almejam para a educação e o que fez com que se tornassem professores. Esse tipo de atividade o auxiliará a compreender quais são os desejos e os projetos pessoais dos profissionais que atuam em sua escola. - Organize com sua equipe uma pesquisa que abranja os alunos e a comunidade. Elaborem questionamentos que permitam saber o que a comunidade, os pais e os alunos esperam da escola. Quais são os seus sonhos? Eles possuem sonhos? Como são suas histórias de vida? São histórias de vida que permitem sonhar? Dados socioeconômicos também poderão trazer elementos para que compreendam melhor o meio no qual a escola está inserida. A partir desses e de outros dados, façam uma análise dos sujeitos que a escola quer formar. Que formação esses sujeitos esperam da escola, elas coincidem? Aula 2 – Projeto político-pedagógico Apresentação da aula 2 Nesta aula, o foco será sobre o projeto político-pedagógico (PPP), sua definição, as etapas de elaboração e suas características. 2.1 Projeto político-pedagógico O projeto político-pedagógico (PPP), por ser projeto, indica uma direção. É político, pois resulta e representa as relações de força existentes na escola. O 18 PPP é pedagógico, porque se compromete a definir o tipo de ser humano que se quer formar, sendo também técnico quando exige a utilização de meios eficientes para se obter os resultados esperados. A elaboração do PPP, responsabilidade de todas as escolas, conforme nos apresenta o Art. 12° e Art. 14º, inciso I da Lei 9.394/96, “é a configuração da singularidade e da particularidade da instituição educativa. Ele possibilita que as potencialidades sejam equacionadas, deslegitimando as formas instituídas”. (VEIGA, 2001, p. 187). Todo projeto da escola é também um projeto político, pois está intimamente articulado ao compromisso sociopolítico e com os interesses reais e coletivos da população (VEIGA, 2001). O projeto político-pedagógico, por constar elementos de ação, também se constitui em uma forma de planejamento escolar, que deve ser retomado, reanalisado e reescrito, sempre que necessário. Em sua elaboração e reelaborações, três perguntas básicas devem ser feitas, segundo lemos em Gandin (2000), quando descreve o processo de planejamento: Fonte: elaborado pelo autor, 2015. As respostas a esses questionamentos perpassam: a realidade presente e conhecida, que “precisa” ser modificada; o passado vivenciado e o futuro que se busca atingir. O que queremos alcançar? O que faremos concretamente (num prazo predeterminado) para diminuir essa distância? A que distância estamos daquilo que queremos alcançar? 19 O PPP só se concretiza como um instrumento democrático, de gestão democrática da escola se estiver garantida a participação da comunidade escolar na sua construção. Essa construção envolve discussão, execução e avaliação. Importante Um projeto político-pedagógico não nega o instituído da escola que é a sua história, que é o conjunto dos seus currículos, dos seus métodos, o conjunto dos seus atores internos e externos e o seu modo de vida. Um projeto sempre confronta esse instituído com o instituinte. Não se constrói um projeto sem uma direção política, um norte ou um rumo. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é também político. O projeto pedagógico da escola é, por isso mesmo, sempre um processo inconcluso, uma etapa em direção a uma finalidade que permanece como horizonte da escola (GADOTTI, 2001). 2.2 Etapas para a construção do PPP Veiga (2001), Gandin (2000) e Vasconcelos (2000) apontam as três etapas para a construção de um projeto político-pedagógico, são elas: ➢ Etapa I (Diagnóstico da realidade); ➢ Etapa II (Discussão da proposta curricular); ➢ Etapa III (Desenvolvimento e avaliação). 2.2.1 Etapa I (Diagnóstico da realidade) Nessa etapa de elaboração do PPP, a busca é pelo reconhecimento de quem são os sujeitos da escola, a partir do reconhecimento de quem são os alunos, qual o contexto no qual estão inseridos (trabalho, família e comunidade) com vistas à compreensão da realidade, do contexto político, econômico, social e educacional. As informações desse campo e dessa etapa vão além de dados estatísticos, pois devem buscar quais são as dificuldades a serem enfrentadas, as experiências adquiridas, os recursos humanos existentes, os equipamentos 20 disponíveis e que uso tem sido feito deles e a disposição para o trabalho pedagógico. No entanto, dados referentes a taxas de evasão e abandono, índices de reprovação, aproveitamento dos alunos em avaliações internas e avaliações externas e disciplinas nas quais os alunos tenham dificuldades devem ser considerados e são pertinentes. Vocabula rio Avaliações internas: são as realizadas dentro da escola, como avaliação da aprendizagem dos alunos. Avaliações externas: são as que agentes externos à escola elaboraram e/ou aplicam para Prova Brasil, PISA, entre outras. Ví deo Para melhor entendimento acerca da Gestão Escolar, assista ao vídeo Como fazer o PPP funcionar, que apresenta subsídios para a compreensão do processo de elaboração do PPP. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=s_tnaiuAksM As principais perguntas a serem consideradas nessa etapa de escrita do PPP são: ➢ Quem participará da escrita? ➢ Quem define para onde a escola deve rumar? ➢ Que cidadãos queremos formar? ➢ Qual direção seguir? ➢ Quais são os nossos objetivos? ➢ Que fundamentos teóricos amparam o tipo de cidadãos que queremos formar e a direção que queremos seguir? 21 2.2.2 Etapa II (Discussão da proposta curricular) É nesse campo do PPP que é contemplada, sem desconsiderar as exigências legais, a perspectiva da formação dos alunos da escola e as expectativas de formação dos alunos e suas famílias. Nessa etapa, também são discutidos e apresentados os conteúdos escolares, a metodologia de trabalho, elementos da avaliação da aprendizagem e avaliação institucional. Todos esses aspectos são discutidos e apresentados respeitando as especificidades locais. Vocabula rio Avaliação da aprendizagem: é a avaliação realizada entre professor e aluno. No PPP, apresentam-se, de forma breve, os critérios e as formas dessa avaliação, assim como detalhamentos como fórmulas e similaridades são contemplados no regimento escolar. Avaliação institucional: é a avaliação que ocorre dentro da escola, na qual todos são avaliados. É a avaliação da instituição feita por ela mesma. Importante Em um planejamento participativo, comunidade escolar (professores, alunos, técnicos educacionais, comunidade e família) definem como deve ser a escola, sua organização, seus relacionamentos, suas disciplinas, estratégias de ensino e avaliação, ou seja, toda a organização do processo formativo dos alunos. Perguntas a serem consideradas nessa etapa deescrita do PPP: ➢ Que atividades e disciplinas devem ser organizadas para se atingir os objetivos pretendidos? ➢ Como devem estar distribuídos os tempos e os espaços de ensino- aprendizagem? 22 ➢ Como avaliar com base nos objetivos e metodologias a serem empregadas? O que avaliar, de acordo com os cidadãos que a escola quer formar? 2.2.3 Etapa III (Desenvolvimento e avaliação) O gestor escolar, ao conduzir a organização do processo de desenvolvimento e avaliação do PPP, deve fazê-lo de forma organizada e sistemática, buscando garantir o alinhamento e veracidade dos dados coletados e a realização de análises e interpretações confiáveis. O PPP adquire validade na medida em que é a expressão dos desejos, entendimentos e proposições da comunidade escolar, sendo a expressão da vontade do coletivo escolar que assume a responsabilidade de fazê-lo efetivo, bem como avaliá-lo com parcimônia. Nessa etapa de avaliação dos objetivos e metas alcançadas, faz-se imperativo flexibilidade, tanto no repensar de caminhos que não levaram ao alcance dos objetivos na retomada de objetivos que não foram alcançados, quanto na avaliação dos sucessos alcançados. Para que a escola funcione bem, faz-se necessário um projeto político- pedagógico bem elaborado, com participação coletiva e efetiva. Para avaliar se as suas ações estão sendo desenvolvidas e se as suas metas estão sendo atingidas, é preciso a implementação de uma proposta de avaliação das ações do PPP de forma séria e comprometida. Para Veiga (2003), as características fundamentais do PPP são: ➢ É um movimento de luta em prol da democratização; ➢ É voltado para a inclusão; ➢ Favorece o diálogo e a cooperação; ➢ Há vínculo entre autonomia e projeto político-pedagógico; ➢ Legitimidade ligada ao grau de participação dos envolvidos; ➢ Configura unicidade e coerência ao processo educativo. Perguntas que poderão auxiliar na elaboração e realização dessa etapa: ➢ Os objetivos traçados foram alcançados? 23 ➢ Houve envolvimentos dos atores da escola em todos as etapas, inclusive no momento de avaliação? ➢ Quais são os aspectos de sucesso que devem ser ressaltados e retomados no desenvolvimento do PPP? ➢ Que aspectos precisam ser revistos e reelaborados? Saiba Mais Para saber mais sobre o PPP, leia a reportagem 8 questões essenciais sobre o Projeto Político-Pedagógico, de Thais Gurgel, que reforça o papel do diretor em gerir a equipe na condução do PPP, oferecendo respostas para as dúvidas mais frequentes que surgem nesse processo. Disponível em: http://gestaoescolar.abril.com.br/aprendizagem/questoes- essenciais-projeto-pedagogico-427805.shtml. Para Refletir “Existindo projeto pedagógico próprio, torna-se bem mais fácil planejar o ano letivo ou rever e aperfeiçoar a oferta curricular, aprimorar expedientes avaliativos, demonstrando a capacidade de evolução positiva crescente. É possível lançar desafios estratégicos como: diminuir a repetência, introduzir índices crescentes de melhoria qualitativa, experimentar didáticas alternativas e atingir posição de excelência” (DEMO, 1998, p. 248). Os professores de sua escola consultam com frequência o PPP? Na última (re)elaboração do PPP de sua escola, houve discussão com todos os professores? O PPP de sua escola é retomado no planejamento de cada ano letivo? 24 Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Amplie seus conhecimentos lendo os livros: Autonomia da escola: princípios e propostas, de autoria de Moacir Gadotti e José Eustáquio Romão (orgs.), a obra não trata especificamente de Projeto Político- Pedagógico, mas traz elementos que auxiliam na compreensão de seus processos de produção, tornando a escola um espaço de autonomia. Projeto Político-Pedagógico da escola, de autoria de Ilma Passos Alencastro Veiga, na qual propõe a discussão sobre à qualidade de ensino para todos. Abordam-se temas que tratam da construção coletiva do PPP, da gestão do PPP na escola, princípios básicos de planejamento participativo, entre outros. Conclusão da aula 2 Nesta aula estudou-se sobre o Projeto Político-Pedagógico, sua definição, a forma de elaboração e suas características. Dentre seus elementos, destacam- se: diagnóstico da realidade; discussão da proposta curricular e desenvolvimento da avaliação. Atividade de Aprendizagem Com base em Gandin (2000), a professora Andrea Cortelazzi apresenta duas experiências de aplicação, nas quais discorre sobre possíveis caminhos para elaboração de planejamento. Disponível no acesso: http://deacoordenacao.blogspot.com.br/2013/08/planejamento- como-pratica-educativa.html Após leitura e análise dessas experiências, discorra sobre os pontos que considere importantes para a prática em sua realidade. 25 Aula 3 – Planejamento participativo Apresentação da aula 3 Nesta aula será apresentado o planejamento participativo, seus elementos, suas características e etapas. Primeiramente serão definidos os conceitos de planejamento participativo, suas formas de elaboração, processos e agentes colaborativos. 3.1 Planejamento participativo Projetar e planejar são condições primordiais para qualquer ação humana, ainda mais no que se refere à ação intencional de educar. No entanto, se considerarmos que o ensino e aprendizagem fazem-se no coletivo para o coletivo, é também essencial o planejamento participativo em uma escola que pretenda ser democrática. A escola democrática é, pois, aquela que permite a manifestação de várias contradições que perpassam a escola e que, na sua forma de organização, permite o aprendizado a respeito da natureza dos conflitos e das contradições existentes na sociedade de hoje (RODRIGUES, 2003, p. 60). Ressalta-se que o planejamento participativo, seus elementos, suas características e etapas são tópicos necessários à ação do gestor em educação que deseja atuar de forma colaborativa, com a participação de seus pares permitindo o aprendizado pautado no respeito dos conflitos e contradições de nossa sociedade. Saviani (1982) afirma que: [...] a democracia tem de ser perspectiva principal de uma escola; portanto, só é possível considerar o processo educativo em seu conjunto, sob a condição de se distinguir a democracia como possibilidade no ponto de partida e a democracia como realidade, no ponto de chegada (SAVIANI, 1982 apud OLIVEIRA, 2005, p. 46). 26 3.2 Conceitualização do processo O que é participar? Essa indagação faz-se primordial quando se trata do estudo sobre Planejamento Participativo. O que se precisa entender é que participar é fazer política e esta depende das relações de poder percebidas. Que participar é uma prática social na qual os interlocutores detêm conhecimentos que, apesar de diferentes, devem ser integrados. Que o conhecimento não pertence somente a quem passou pelo processo de educação formal, ele é inerente a todo ser humano. Que se uma pessoa é capaz de pensar sua experiência, ela também é capaz de produzir conhecimento. Que participar é repensar o seu saber em confronto com outros saberes. Participar é fazer com e não para (TENÓRIO, 2002, p. 77). Tomar parte de um processo e não apenas estar presente em determinado espaço é o que significa participar. Manifestar-se diante de questões, temas, emitindo opinião, concordando, discordando, propondo, decidindo e avaliando. Para tanto, destacam-se três elementos do planejamento participativo que se encontram em Gandin (2001): ➢ Participação, elemento fundamental para sustentabilidade do processo de planejamento em que é necessário o envolvimento de todos e não somente de uma equipe de planejadores, de especialistas; ➢ Pensar o cenário futuro, de longo prazo. Trabalhar não apenas sob o cenário atual e o de curto prazo, mas fundamentar-se em orientaçõesmais amplas e duráveis, de médio ou longo prazo; ➢ Continuidade do processo, estabelecer um sistema de monitoramento e avaliação é fundamental para a consolidação de um processo de planejamento: – monitoramento das ações realizadas como forma de verificar se estão compatíveis com os objetivos e metas propostos; – avaliação constante e progressiva em todas as etapas significativas. 27 Para Gandin (2001), a participação, pensar o cenário futuro e a continuidade do processo são elementos do planejamento participativo que referem-se à continuidade do processo (monitoramento e avaliação). Cada escola possui cultura e identidade próprias, sendo necessário auscultar e conhecer a sua realidade, que suporta demandas específicas e formas de organização também únicas e oriundas da sociedade e da comunidade escolar. Vocabula rio Auscultar: identificar (e diagnosticar); procurar saber; inquirir; investigar. A organização do planejamento de forma participativa, organizada e colegiada é uma das formas de respeitar as especificidades de cada escola, sem desconsiderar suas singularidades. Saiba Mais Para saber mais sobre o conselho escolar, leia o caderno Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil, no qual, a partir da página 74, é possível encontrar o que são e qual o papel dos conselhos escolares, entendidos como um possível espaço para comunicação na escola. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/cad%20 7.pdf Corroborando com o estudado na aula anterior, é salutar a participação da comunidade escolar na execução do planejamento para que esse se constitua legítimo. Participação no planejamento participativo inclui distribuição do poder, inclui possibilidade de decidir na construção não apenas do “como” ou do “com que” fazer, mas também do “o que” e do “para que” fazer; além disso, o 28 planejamento participativo contém técnicas e instrumentos para realizar essa participação. A comunidade escolar, como um todo, possui o direito e o dever de tornar públicas as informações relevantes de interesse coletivo. Nesse sentido, para tornar comum informações, problemas, soluções e projetos, necessitamos intensificar processos de comunicação no ambiente escolar. Por exemplo, o Projeto Político-Pedagógico (PPP), como instrumento de participação e de gestão democrática, precisa ser entendido como um documento público, comum a todos que compõem a comunidade escolar e, para tanto, a sua comunicação é imprescindível nesse processo. Tornar comum tanto a construção do documento quanto a sua operacionalização e avaliação (OLIVEIRA, 2009, p.5). A escrita do PPP de forma participativa, considerando as necessidades e expectativas dos entes da escola, busca o alcance dos objetivos propostos conjuntamente, segundo uma perspectiva de tornar legítimo não apenas o momento do planejamento, mas de sua execução e avaliação. O debruçar-se sobre a realidade escolar é conhecer e reconhecer os desafios que a escola deve enfrentar de forma coletiva. O conselho escolar é uma das instâncias colegiadas da escola que poderá ser relevante nessa forma de planejamento. Ainda em Gandin (2001), compreende-se, quanto ao planejamento participativo, que: a) Ele foi desenvolvido para instituições, grupos e movimentos que não têm como primeira tarefa ou missão aumentar o lucro, competir e sobreviver, mas contribuir para construção da realidade social. Tais entidades, incluindo aqui governos e seus diversos órgãos, não dispunham de ferramenta adequada para organizar seus processos de intervenção na realidade e vão, aos poucos, aproveitando-se do que o Planejamento Participativo lhes oferece para isto. Na América do Sul têm sido as escolas as instituições que mais utilizaram esta ferramenta para organizar seus processos de construção da prática escolar com um sentido de contribuir para a construção das pessoas e das estruturas sociais. Também redes de ensino oficial, sobretudo as ligadas aos municípios foram beneficiadas com a aplicação de conceitos, modelos, técnicas e instrumentos gestados dentro do Planejamento Participativo. b) Ele parte da verificação de que não existe participação real em nossas sociedades, isto é, de que há pessoas e grupos dentro delas que não podem dispor dos recursos necessários ao seu mínimo bem- 29 estar. Mais do que isto: parte da clareza de que isto é consequência da organização estrutural injusta destas mesmas sociedades. c) Propõe-se, por isto, como ferramenta para que as instituições, grupos e movimentos que para isto existirem, e, obviamente, para os governos e seus órgãos, porque para isto existem, possam ter uma ação e um ser direcionados a influir na construção externa da realidade, ou seja, a serem, eles mesmos, apenas meios para a busca de fins sociais maiores. d) Como consequência, constrói um conjunto de conceitos, de modelos, de técnicas e de instrumentos que permitam utilizar processos científicos e ideológicos e organizar a participação para intervir na realidade, na direção conjuntamente estabelecida (GANDIN, 2001, p.82 e 83). Segundo Oliveira (2009): É importante que os profissionais envolvidos com a escola estejam atentos aos processos de comunicação que ocorrem nas unidades de ensino nas quais trabalham, preocupando-se não apenas com os meios, mas com a comunicação de forma mais ampla, o que implica pensar os processos de comunicação dentro e fora das salas de aula. É crucial prestar atenção a comunicação entre a equipe de gestão, os alunos, os professores, os funcionários, os pais, a comunidade que circunda a escola. Tudo isso na busca pela constituição e consolidação de processos democráticos e de cunho participativo em práticas de comunicação na escola. (OLIVEIRA, 2009, p.4). Para Refletir Como são as práticas de comunicação em sua escola? Como são tornados públicos os atos e as decisões da escola? Ao considerar a produção de forma coletiva do PPP, ou seja, o planejamento participativo do PPP, os mesmos aspectos devem ser considerados e discutidos no espaço escolar. O quadro a seguir, proposto por Gandin (2001) apresenta as questões fundamentais do planejamento e o modelo básico de plano no planejamento participativo: 30 Fonte: (GANDIN, 2001, p. 94). Visando contribuir para a construção de novos horizontes, entre estes, valores que constituirão a sociedade, o planejamento participativo: [...] pretende ser mais do que uma ferramenta para a administração; parte da ideia que não basta uma ferramenta para “fazer bem as coisas” dentro de um paradigma instituído, mas é preciso desenvolver conceitos, modelos, técnicas, instrumentos para definir “as coisas certas” a fazer, não apenas para o crescimento e a sobrevivência da entidade planejada, mas para a construção da sociedade (GANDIN, 2001, p.87). No entanto, há de se considerar que o planejamento sozinho não realiza aquilo que teríamos que fazer e vivenciar; no entanto, ele possui os elementos que auxiliam na efetivação da vontade da maioria, por meio do consenso, 31 desembocando no crescimento do grupo, tanto em ideias como em paixão pelas ações desenvolvidas em prol de um mesmo objetivo quanto o de oportunizar o acesso à educação formal aos alunos da comunidade (GANDIN, 2001, p.92). Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Amplie seus conhecimentos lendo: Gestão Democrática da Escola Pública, de autoria de Vitor Henrique Paro, em que são destacados elementos essenciais para a discussão da gestão democrática da escola, trazendo subsídios para a organização do ambiente educacional. Planejamento Participativo na Escola: o que é e como se faz, de coautoria de Danilo Gandin e Maristela P. Gemerasca. Nesse livro são apresentados todos oselementos que colaborarão com a construção e efetivação de processos de planejamento participativo em sua escola. O contato da escola com a comunidade é algo que ocorre constantemente, no entanto, de forma aparente e superficial. A escola precisa ser considerada como uma extensão da sociedade em uma gestão que se pretenda democrática, pois tem sua origem na sociedade, embora possua características e cultura próprias. O planejamento participativo é uma ferramenta que auxilia o desenvolvimento de práticas de interação da escola com a comunidade de forma mais profícua, é um instrumento que oportuniza práticas democráticas no espaço escolar. O objetivo da educação é formar seres humanos melhores, com o intuito de promover uma sociedade melhor. Contudo, isso se efetivará concretamente se a gestão da escola atuar democraticamente, aliando os interesses e necessidades da comunidade com os interesses e necessidades da escola, pois ambas são aliadas nesse processo. 32 Com o planejamento participativo, a missão da escola é mais abrangente, situa-se no contexto da globalidade social, com a perspectiva não apenas de ajudá-la a sobreviver, mas de intervir na realidade estrutural da sociedade. Assim, o ciclo que se estabelece, desde as proposições até a avaliação das ações da escola, deve ser planejado e executado pela escola e pela comunidade que a cerca (GANDIN, 2001, p.90). Conclusão da aula 3 Nesta aula contemplou-se o que é participar a partir da compreensão de que todos os membros da comunidade escolar podem ser partícipes no processo de planejamento escolar. Nesse sentido, verificamos alguns elementos primordiais para o planejamento participativo que são: a participação, o pensar sobre o cenário futuro e a continuidade do processo. Também pode-se elencar alguns aspectos dessa ferramenta importante para o processo de gestão democrática, o planejamento participativo, que perpassa por verificar coisas certas a fazer (novos horizontes e valores), em que todos sejam considerados (distribuição de poder), e que a missão da escola atenda à necessidade de uma globalidade social, sem desconsiderar a paixão e o crescimento do grupo. Atividade de Aprendizagem Assista aos trechos de vídeos indicados a seguir, que tratam sobre a gestão democrática, PPP, trabalho coletivo e temas afins com a temática que estamos tratando nesta disciplina de planejamento e projeto político-pedagógico. Link 1: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraFor m.do?select_action=&co_obra=48120 Link 2: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraFor m.do?select_action=&co_obra=48121 Link 3: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraFor m.do?select_action=&co_obra=50671 Após assistir aos trechos de vídeo, responda: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=50671 http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=50671 http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=50671 http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=50671 33 ➢ Quais aspectos do PPP e da Gestão Democrática são apresentados nos vídeos? Discorra sobre os mais relevantes. ➢ Existem outros elementos apresentados nos vídeos? Quais elementos foi possível verificar? Compartilhe com seus colegas. ➢ De que forma esses vídeos podem auxiliar para a discussão e reflexão sobre o PPP? Aula 4 – Planejamento com intervenção no processo educacional Apresentação da aula 4 Nesta aula será discutido sobre o planejamento como ferramenta de intervenção no processo educacional, para tanto, pondera-se sobre proposições a serem realizadas em sala de aula. A compreensão das formas de organização dos planos em sala de aula auxilia o gestor na efetivação das ações do PPP e dos professores com os alunos em sala de aula. É por meio desses planos que a intervenção em sala de aula auxilia no processo de intervenção educacional. 4.1 Planejamento com intervenção no processo educacional O planejamento na escola, por muito tempo, foi uma ação meramente técnica e, por isso, como lê-se em Cruz (1995): ➢ Muitos dos professores não acreditam que o plano global vá ser colocado em prática concretamente. Muitos pensam que ficará só no discurso; ➢ Muitas instituições querem o planejamento participativo para organizar a escola e não como instrumento de transformação social; ➢ Não há clareza teórico-conceitual e metodológica de certos conceitos utilizados com frequência nos marcos referenciais, como: democracia, participação, justiça, liberdade, solidariedade, igualdade e consciência crítica; 34 ➢ Por outro lado, há desconhecimento da forma camuflada como a escola e as instituições reproduzem mecanismos de discriminação e controle social, de injustiça, de consumismo, de tutela e outros mais, por meio das práticas educativas que realizam. 4.2 Intervenção educacional A intervenção educacional compreende um campo mais amplo do que o da sala de aula, abrangendo todas as ações que corroboram para a educação que ocorre na escola como um todo. A organização da escola é realizada pelos técnicos educacionais como pedagogos, secretários, profissionais de serviços gerais, monitores e profissionais que auxiliam no andamento da escola em que são colaboradores indispensáveis da gestão da escola. No entanto, neste momento, opta-se por dar ênfase à intervenção que o professor realiza em sala de aula de forma direta com os alunos, visto que todas as ações da escola são realizadas no intuito de que ensino e aprendizagem ocorram com qualidade. Entenda-se qualidade nesse contexto como todos os alunos aprendendo todos os conteúdos planejados pela comunidade escolar como relevantes para a vida acadêmica, profissional e cidadã, enfim, da vida em sociedade dos alunos. Para poder planejar adequadamente a tarefa de ensino e atender às necessidades do aluno é preciso, antes de qualquer coisa, saber para quem se vai planejar. Por isso, conhecer o aluno e seu ambiente é a primeira etapa do processo de planejamento. É preciso saber quais as aspirações, frustrações, necessidades e possibilidades dos alunos (PILETTI, 1989 p. 63). O plano de aula como planejamento de ensino deve prever quatro aspectos primordiais, que são, como apresenta Lopes (1992): Definir objetivos Em função dos três níveis de aprendizagem: aquisição, reelaboração e produção de conhecimentos. 35 Prever conteúdos Tendo como critérios de seleção a finalidade de que eles atuem como instrumento de compreensão crítica da realidade e como elo propiciador da autonomia. Selecionar procedimentos metodológicos Considerando os diferentes níveis de aprendizagem e a natureza da área do conhecimento. Estabelecer critérios e procedimentos de avaliação Considerando a finalidade de intervenção e retomada no processo de ensino e aprendizagem, sempre que necessário. Fonte: (LOPES, 1992). Lopes (1992) entende que o processo vem da prática de produzir conhecimentos, por meio da reflexão constante a respeito dos conteúdos aprendidos e buscando analisá-los sob diferentes pontos de vista; isso acontece porque procura-se estimular a curiosidade científica, fazendo com que os conteúdos perfeitos e acabados transmitidos pela escola passem a ser repensados. Saiba Mais Outra ferramenta que pertence à natureza do planejamento de ensino são os projetos didáticos, aqueles que são realizados em sala de aula, com os alunos. Para conhecer essa categoria de planejamento, leia as 14 perguntas e respostas sobre projetos didáticos. Disponível no acesso: http://revistaescola.abril.com.br/formacao/formacao- continuada/14-perguntas-respostas-projetos-didaticos- 626646.shtml Os planos de aula e os projetosdidáticos são planejamentos de ensino. Os planejamentos de ensino são aqueles que se efetivam em sala de aula nas aulas. Para uma maior compreensão, faz-se necessário o entendimento do que é a “aula”. A aula é o momento em que os professores organizam estratégias para ensino, é a forma predominante de organização didática do processo de ensino. 36 É na aula que os alunos se apropriam dos conhecimentos, por esse motivo, são organizadas situações de ensino que levem à aprendizagem (os planos de aula são uma forma de organizar essas situações). Segundo Nérici (1986), o plano de aula deverá ser pautado e desenvolvido em uma perspectiva tecnicista, esse plano contempla 7 etapas, são elas: ➢ Cabeçalho; ➢ Objetivos; ➢ Motivação; ➢ Desenvolvimento da aula; ➢ Procedimento didáticos; ➢ Notas complementares; ➢ Crítica da aula. Saiba Mais Para saber mais sobre o plano de aula, leia O plano de aula sob a ótica dos profissionais de Educação Física no ensino não-formal, de autoria de Andreia Cristina Metzner e Vanessa Rocha Mathias, no qual evidenciam-se as características da perspectiva tecnicista. Disponível em: http://www.unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/revistafa fibeonline/sumario/11/19042010103244.pdf Segundo Gasparin (2003), um plano de aula pauta-se na perspectiva histórico-crítica com 5 etapas, sendo elas: ➢ Prática social inicial; ➢ Problematização; ➢ Instrumentalização; ➢ Catarse; ➢ Prática social final. Dodge (1995) afirma que pauta-se em 5 etapas, que são: 37 ➢ Introdução; ➢ Tarefas; ➢ Processo; ➢ Avaliação; ➢ Conclusão. Desenvolvido por Bernie Dodge (1995), esse plano de aula faz uso preferencial de recursos de tecnologia na educação. Ele é organizado pelo professor e disponibilizado aos alunos como página da internet, primando pela atividade de pesquisa orientada. No plano de aula é realizada a especificação das unidades que foram planejadas para o ensino. Essas unidades e subunidades, ou tópicos e seus subtópicos, são detalhadas e sistematizadas para o ensino visando aprendizagens. Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia o livro Computadores em Sala de Aula, de autoria de Carme Barba e Sebastiá Capella, que poderá auxiliar nessa prática. Ele apresenta métodos e usos de tecnologias em sala de aula, com ênfase ao uso da metodologia WebQuest. Obra necessária para você que deseja aprofundar sobre o tema. Esse plano deve resultar em um documento escrito que orientará as ações do professor, bem como poderá ser um dos dados analisados para reorganização das ações maiores da escola no PPP e também para revisão a ser realizada pelo próprio professor em anos posteriores. Cabe salientar que a aula sobre um determinado tópico ou unidade se realiza por meio da organização de vários planos de aula, sendo assim, não se prepara apenas uma aula, mas um conjunto de aulas que poderão/deverão ser diferenciadas, de acordo com os objetivos a serem alcançados. Os planos de ensino são também considerados ferramentas de avaliação que podem reorientar o trabalho do professor e do gestor. 38 Sendo assim, é pertinente que conheçamos dois outros modelos de plano de ensino, que poderão auxiliar os professores em suas intervenções em sala de aula e a você, gestor, em sua intervenção educacional. Segundo Piletti (2003), o plano de aula proposto possui seis etapas: ➢ Tema central: refere-se à temática que será trabalhada na aula, seria o tópico ou unidade; ➢ Objetivos: são apresentados os objetivos do conteúdo a ser trabalhado; ➢ Conteúdo: o subtópico ou subunidade deverá ser tratado de acordo com os procedimentos de ensino, os recursos e os procedimentos de avaliação; ➢ Procedimentos de ensino: correspondem à forma que a aula será conduzida, com que estratégias e tipo: exposição oral, trabalho em grupos, jogos, entre outros; ➢ Recursos: são os materiais necessários para a realização da aula, como: projetor multimídia, computador, microscópio entre outros; ➢ Procedimentos de avaliação: são os que se referem às formas e instrumentos de avaliação. Tema central: Objetivos: Conteúdo: Procedimentos de ensino Recursos Procedimentos de avaliação Fonte: (PILETTI, 2003), adaptatado pelo autor (2019) Para Vasconcelos (1999), são dez as etapas apresentadas que deverão compor uma aula: assunto, necessidade, objetivo, conteúdo, metodologia, tempo, recursos, avaliação, tarefa e observação. ➢ Assunto: é a indicação temática a ser trabalhada; ➢ Necessidade: trata da explicitação das necessidades percebidas no grupo e que justificam a proposta de ensino; ➢ Objetivo: é o ser alcançado pelos alunos; 39 ➢ Conteúdo: refere-se à subunidade da temática; ➢ Metodologia: é a explicitação dos procedimentos de ensino, técnicas e estratégias a serem utilizadas no desenvolvimento do assunto; ➢ Tempo: refere-se à duração da aula; ➢ Recursos: são os instrumentos materiais a serem utilizados; ➢ Avaliação: similar ao modelo de Piletti (2003), contempla as formas e instrumentos de avaliação; ➢ Tarefa: corresponde ao momento de aprofundamento e síntese do estudado em sala de aula, bem como trazer elementos para serem retomados ou aprofundados nas próximas aulas; ➢ Observações: são os registros, as anotações, as reflexões sobre a vivência da aula, uma espécie de diário de bordo que possibilita reflexão futura. Para Refletir O aperfeiçoamento profissional depende, entre outros aspectos, do acúmulo de experiências combinadas com a prática e a reflexão crítica e criteriosa sobre a ação e na ação. Você já discutiu um plano de aula com um parceiro de trabalho? Essa releitura e o repensar conjuntamente seria uma ação pertinente para o aperfeiçoamento do trabalho do professor? E do gestor? O planejamento de ensino realizado para sala de aula por meio dos planos de aula é a materialização dos ideais maiores da escola, por isso, se torna importante ferramenta de desenvolvimento das ações e também de avaliação. Avaliação que pode ser realizada pelo professor que organiza esse plano, bem como pelo gestor que coordena as ações gerais da escola. É a partir dos resultados do plano de aula que o sucesso da escola se efetiva na ação e na prática. Por meio dessa ferramenta de planejamento, o êxito do processo de ensinar e aprender se materializa nas aprendizagens dos alunos. 40 A síntese dessa aula, bem como das aulas anteriores, ocorre em resposta a três questionamentos orientadores da ação do gestor da escola que pretende realizar planejamentos participativos, vislumbrando uma gestão democrática. Segundo Piletti (2003), estes questionamentos deveriam orientar a escrita de planejamentos: ➢ Por que planejamos? ➢ Para quem planejamos? ➢ E o que devemos considerar nos planejamentos? Faz-se necessário o entendimento de que os planejamentos, sejam eles de sistema, escolar ou de ensino, são realizados com o intuito de organizar as ações da escola que visam a qualidade do ensino e da aprendizagem. São a materialização, pela escrita organizada, das aspirações da comunidade escolar e, também, as ferramentas que orientam a intervenção no processo educacional em todos os âmbitos. Deve-se estar claro o que se planeja para os alunos. É para eles que todas as ações da escola se organizam, são eles o alvo do trabalho de gestores, professores e técnicos educacionais. Assim, sendo os alunos o foco de trabalho na escola, precisam ser conhecidos e ouvidos em todos os processos de planejamento, pois, além de sujeitos das aprendizagens, também devem ser sujeitos de seus projetos de vida, que podem ser repensados e reorganizados com apoio da escola. Nesse contexto, deve-se considerar, em linhas gerais, que nos planejamentos de sistema, escolar ou de ensino, quatro elementos devem compô-los, são eles:a definição dos objetivos; a previsão dos conteúdos; a seleção dos procedimentos metodológicos e o estabelecimento de critérios (e procedimentos de avaliação). Os objetivos devem permear a aprendizagem, que compreende a aquisição, a reelaboração e a produção de conhecimentos; os conteúdos previstos são instrumentos auxiliadores da compreensão crítica da realidade e potencializadores de autonomia; os diferentes níveis de aprendizagem e a natureza da área do conhecimento necessitam ser considerados nos 41 procedimentos metodológicos; os critérios e procedimentos de avaliação auxiliam na intervenção e na retomada, sempre necessária, de todos os processos que culminam na efetivação do ensino e da aprendizagem. Conclusão da aula 4 Nesta aula discutiu-se sobre o planejamento como ferramenta de intervenção no processo educacional. Ponderou-se sobre proposições realizadas em sala de aula. Foi possível compreender as formas de organização dos planos de aula como auxiliares do gestor na efetivação das ações do PPP e dos professores com os alunos, reforçando que o plano de aula e o projeto didático são instrumentos de planejamento de ensino. Percebeu-se que é por meio desses planos que a intervenção em sala de aula auxilia o processo de intervenção educacional. Atividade de Aprendizagem Nos planejamentos de sistema, escolar ou de ensino, quatro elementos devem compô-los. Escolha um deles e discorra sobre o seu papel e importância dentro desse processo. 42 Conclusão da disciplina Nesta disciplina focou-se nas características e na importância do PPP, documento orientador das ações da escola, sendo, em síntese: – Projeto ➔ indica uma direção; – Político ➔ resulta das relações de força existentes na escola; – Pedagógico ➔ define o tipo de ser humano que se quer formar; – Técnico ➔ meios para se obter os resultados esperados. Percebeu-se também que as principais características do PPP, enquanto documento coletivo que revela as necessidades e finalidades da escola, são: democratização, inclusão, diálogo, cooperação e autonomia. Na elaboração do PPP, que deve ser revisitado e reelaborado de forma participativa, consideram- se as etapas I, II e III apresentadas. Verificou-se também que é primordial o estudo do PPP como uma ferramenta de planejamento das ações da escola. Ele auxilia o gestor escolar na condução e organização de sua idealização, desenvolvimento e culmina com a avaliação, que deve se pautar em análises e interpretações confiáveis. Para finalizar, evidenciaram-se os 4 elementos (definição dos objetivos, previsão dos conteúdos, seleção dos procedimentos metodológicos e o estabelecimento de critérios e procedimentos de avaliação), os quais são de grande importância nesse processo. 43 Índice Remissivo Conceitualização do processo ................................................................... (Conceitos; diversidade; planejamento) 26 Etapa I (Diagnóstico da realidade) ............................................................. (Contexto; diagnóstico; realidade) 19 Etapa II (Discussão da proposta curricular) ................................................ (Currículo; disciplinas; ementa) 21 Etapa III (Desenvolvimento e avaliação) .................................................... (Avaliação; critérios; motivações) 22 Etapas para a construção do PPP .............................................................. (Docência; etapas; elaboração) 19 Intervenção educacional ............................................................................ (Conceitos; didática; processos) 34 Planejamento com Intervenção no processo educacional ......................... (Educação; estudantes; intervenção) 33 Planejamento participativo ......................................................................... (Contexto; integração; participação) 25 Projeto político-pedagógico ....................................................................... (Métodos; planejamento; projetos) 17 Projetos de vida, projetos de sociedade, projetos de escola: planejamento em educação ............................................................................................. (Educação; escola; projetos) 07 Projetos de vida, projetos de sociedade, projetos de escola: planejamento em educação ............................................................................................. (Comunidade; sociedade; vida) 07 44 REFERÊNCIAS BRASIL. Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil. Autor: DOURADO, Luiz Fernandes; et. al. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. CARRANO P; DAYREL, J. In: BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Caderno II: o jovem como sujeito do ensino médio. Curitiba: UFPR/Setor de Educação, 2013. Disponível em: http://www.observatoriodoensinomedio.ufpr.br/wp- content/uploads/2014/03/Caderno-2-PRINT.pdf. Acesso em 02 dez. 2014. CASTRO, A.M.D.A. Planejamento educacional. 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