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Disgenesia gonadal

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Epidemiologia
A prevalência é desconhecida.
Definição da doença
A disgenesia gonadal mista 45,X/46,XY (MGD 45,X/46,XY) é uma patologia do desenvolvimento sexual (DDS) associada a uma anomalia numérica dos cromossomas sexuais resultante de mosaicismo do cromossoma Y e que leva ao desenvolvimento anormal das gónadas.
Descrição clínica
As manifestações clínicas são variáveis, desde virilização parcial e genitais ambíguos à nascença a doentes com um fenótipo completamente masculino ou feminino. A característica mais comum da MGD é o desenvolvimento assimétrico dos testículos, muitas vezes com um testículo disgenético de um lado e gónada linear do outro. Assimetria dos órgãos genitais externos e internos também pode estar presente. As crianças com atribuição do sexo masculino podem apresentar criptorquidia, disgenesia testicular parcial e hipospádias. Geralmente há persistência de estruturas müllerianas. As crianças com atribuição de sexo feminino apresentam-se com graus variados de virilização e podem mostrar outras características clínicas da síndrome de Turner (ver este termo). O útero é de tamanho variável e o grau de diferenciação dos genitais internos varia. A baixa estatura pode estar presente em ambos os sexos e os doentes têm risco aumentado de desenvolvimento de gonadoblastomas e disgerminomas (ver estes termos). O desenvolvimento psicomotor é normal.
Etiologia
Os doentes com MGD 45,X/46,XY têm principalmente um cariótipo 45,X/46,XY, com o fenótipo das gónadas e dos genitais externos dependendo da proporção de células monossómicas. A presença de linhas celulares 45,X está frequentemente associada a rearranjos do cromossoma Y (cromossomas Y dicêntricos e em anel), que pode ter um impacto sobre o fenótipo. Todos os casos são esporádicos. Foram estabelecidas várias correlações genótipo-fenótipo: a expressão parcial do gene SRY (levando a disgenesia testicular parcial e resultando em síntese diminuída de testosterona e, logo, em défice de virilização), a presença do locus de gonadoblastoma ( TSPY1 ) no cromossoma Y em mulheres (associado a um risco aumentado para o desenvolvimento de neoplasias), e perda de dosagem do gene SHOX levando a baixa estatura. A formação do útero é causada pela falta de produção da hormona anti-mülleriana.
Métodos de diagnóstico
O diagnóstico é feito por análise citogenética dos cromossomas. A análise do cariótipo pode ser realizada em pré-natal após amniocentese ou biópsia de vilosidades coriónicas, em pós-natal em doentes com genitais ambíguos, ou mais tarde em doentes com problemas de fertilidade.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial deve incluir disgenesia gonadal parcial 46,XY (PGD 46XY; ver este termo) e disgenesia gonadal 46,XY sindrómica (como síndrome de Frasier, displasia campomélica e DSD 46,XY com insuficiência da supra-renal; ver estes termos).
Diagnóstico pré-natal
O diagnóstico pré-natal é possível caso seja suspeitada uma malformação genital na imagiologia.
Aconselhamento genético
Deve ser fornecido aconselhamento genético aos pais com um diagnóstico pré-natal de mosaicismo 45,X/46,XY, mas é complicado pela ampla variação fenotípica associada.
Controlo da doença e tratamento
A gestão multidisciplinar num centro de DSDS deve ser favorecida nos casos de genitais obviamente ambíguos, permitindo decisões informadas para a atribuição do sexo e planeamento de procedimentos. A reconstrução cirúrgica do estado genital deve ser realizada oportunamente. A gonadectomia pode ser favorecida nos doentes com a atribuição de sexo feminino, devido ao aumento do risco de gonadoblastoma. Nos doentes com atribuição do sexo masculino, é necessária orquidopexia para a fixação dos testículos na bolsa escrotal e biópsia pode ser recomendada na fase da puberdade. Normalmente, a gónada mais disgenética necessita de ser removida. Devido ao risco aumentado de malignidade, deve ser realizada ecografia às gónadas regularmente. Nalguns doentes, a possibilidade de tratamento com hormona de crescimento precisa ser discutido se for observada baixa estatura. Os resultados clínicos e psicológicos dependem da qualidade do cuidado e nível de apoio disponibilizado.
Referencia:
https://www.orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?Lng=PT&Expert=1772
https://www.orpha.net/consor/cgi-bin/index.php?lng=PT

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