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Saúde da Mulher - SP 5 CRITÉRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO Segundo manual técnico do Ministério da Saúde, a Gestação de Alto Risco é “aquela na qual a vida ou a saúde da mãe e/ou do feto e/ou do recém-nascido têm maiores chances de serem atingidas que as da média da população considerada”. (CALDEYRO-BARCIA, 1973). Embora os esforços dos cientistas para criar um sistema de pontuação e tabelas para discriminar as gestantes de alto risco das de baixo risco não tenham gerado nenhuma classicação capaz de predizer problemas de maneira acurada, existem fatores de risco conhecidos mais comuns na população em geral que devem ser identificados nas gestantes, pois podem alertar a equipe de saúde no sentido de uma vigilância maior com relação ao eventual surgimento de fator complicador. ● É importante alertar que uma gestação que está transcorrendo bem pode se tornar de risco a qualquer momento, durante a evolução da gestação ou durante o trabalho de parto. ● Portanto, há necessidade de reclassicar o risco a cada consulta prénatal e durante o trabalho de parto. A intervenção precisa ser precoce e evita os retardos assistenciais capazes de gerar morbidade grave, morte materna ou perinatal. Existem vários tipos de fatores geradores de risco gestacional. Alguns desses fatores podem estar presentes ainda antes da ocorrência da gravidez. ● Sua identificação nas mulheres em idade fértil na comunidade permite orientações às que estão vulneráveis no que concerne ao planejamento familiar e aconselhamento pré-concepcional. Assim, é importante que as mulheres em idade reprodutiva, especialmente aquelas em situações de vulnerabilidade, tenham acesso aos serviços de saúde e oportunidade de estar bem informadas e na melhor condição física possível antes de engravidar. ● Como exemplo podemos citar uma mulher diabética, que deve estar bem controlada antes de engravidar. Os fatores de risco gestacional podem ser prontamente identicados no decorrer da assistência pré-natal desde que os prossionais de saúde estejam atentos a todas as etapas da anamnese, exame físico geral e exame gineco-obstétrico e podem ainda ser identicados por ocasião da visita domiciliar, razão pela qual é importante a coesão da equipe. OBS: Na maioria dos casos a presença de um ou mais desses fatores não signica a necessidade imediata de recursos propedêuticos com tecnologia mais avançada do que os comumente oferecidos na assistência pré-natal de baixo risco, embora indiquem uma maior Larissa Moitinho GRAVIDEZ DE RISCO atenção da equipe de saúde a essas gestantes. ● Pode signicar apenas uma frequência maior de consultas e visitas domiciliares, sendo o intervalo denido de acordo com o fator de risco identicado e a condição da gestante no momento. Além disso, atenta-se para uma necessidade maior de ações educativas dirigidas aos problemas especícos detectados nas gestantes. ● Em muitos casos, intervenções junto à família e à comunidade podem gerar impactos positivos. ● No decorrer do acompanhamento das gestantes consideradas de baixo risco, deve-se atentar para o aparecimento de algum desses fatores no curso da gestação. Ainda segundo o manual, os marcadores e fatores de risco gestacionais presentes anteriormente à gestação se dividem em: *A Adolescência, em si, não é fator de risco para a gestação. Há, todavia, possibilidade de risco psicossocial, associado à aceitação ou não da gravidez, com reexos sobre a vida da gestante adolescente que podem se traduzir na adesão (ou não) ao preconizado durante o acompanhamento pré-natal. ● O profissional deve atentar para as peculiaridades desta fase e considerar a possível imaturidade emocional, providenciando o acompanhamento psicológico quando lhe parecer indicado. ● Apenas o fator idade não indica procedimentos como cesariana ou episiotomia sem indicação clínica. ● Cabe salientar que, por força do Estatuto da Criança e do Adolescente, além da Lei nº 11.108/2005, toda gestante adolescente tem direito a acompanhante durante o trabalho de parto, no parto e no pós parto, e deve ser informada desse direito durante o acompanhamento pré-natal. Os outros grupos de fatores de risco referem-se a condições ou complicações que podem surgir no decorrer da gestação transformando-a em uma gestação de alto risco: Larissa Moitinho Todos os prossionais que prestam assistência a gestantes devem estar atentos à existência desses fatores de riscos e devem ser capazes de avaliá-los dinamicamente, de maneira a determinar o momento em que a gestante necessitará de assistência especializada ou de interconsultas com outros prossionais. Uma vez encaminhada para acompanhamento em um serviço especializado em pré-natal de alto risco é importante que a gestante seja orientada a não perder o vínculo com a equipe de atenção básica ou Saúde da Família que iniciou o acompanhamento. ● Por sua vez esta equipe deve ser mantida informada a respeito da evolução da gravidez e tratamentos administrados à gestante por meio de contrarreferência e de busca ativa das gestantes em seu território de atuação, por meio da visita domiciliar. Já segundo o FREITAS, os fatores de risco gestacional são: PRÉ-NATAL DE ALTO RISCO O intuito da assistência pré-natal de alto risco é interferir no curso de uma gestação que possui maior chance de ter um resultado desfavorável, de maneira a diminuir o risco ao qual estão expostos a gestante e o feto, ou reduzir suas possíveis consequências adversas. ● A equipe de saúde deve estar preparada para enfrentar quaisquer fatores que possam afetar adversamente a gravidez, sejam eles clínicos, obstétricos, ou de cunho socioeconômico ou emocional. ● Para tanto, a gestante deverá ser sempre informada do andamento de sua gestação e instruída quanto aos comportamentos e atitudes que deve tomar para melhorar sua saúde, assim como sua família, companheiro(a) e pessoas de convivência próxima, que devem ser preparados para prover um suporte adequado a esta gestante. A equipe de saúde que irá realizar o seguimento das gestações de alto risco Larissa Moitinho deve levar em consideração continuamente: 1. Avaliação clínica: Uma avaliação clínica completa e bem realizada permite o adequado estabelecimento das condições clínicas e a correta valorização de agravos que possam estar presentes desde o início do acompanhamento, por meio de uma história clínica detalha da e avaliação de parâmetros clínicos e laboratoriais.2. Avaliação obstétrica Inicia-se com o estabelecimento da idade gestacional de maneira mais acurada possível e o correto acompanhamento da evolução da gravidez, mediante análise e adequada interpretação dos parâmetros obstétricos (ganho ponderal, pressão arterial e crescimento uterino). ● A avaliação do crescimento e as condições de vitalidade e maturidade do feto são fundamentais. 3. Repercussões mútuas entre as condições clínicas da gestante e a gravidez É de suma importância o conhecimento das repercussões da gravidez sobre as condições clínicas da gestante e para isso é fundamental um amplo conhecimento sobre a fisiologia da gravidez. ● Desconhecendo as adaptações pelas quais passa o organismo materno e, como consequência, o seu funcionamento, não há como avaliar as repercussões sobre as gestantes, principalmente na vigência de algum agravo. ● Por outro lado, se não se conhecem os mecanismos fisiopatológicos das doenças, como integrá-los ao organismo da grávida? ● Portanto, o conhecimento de clínica médica é outro requisito básico de quem se dispõe a atender gestantes de alto risco, sendo também importante o suporte de prossionais de outras especialidades. 4. Parto A determinação da via de parto e o momento ideal para este evento nas gestações de alto risco talvez represente ainda hoje o maior dilema vivido pelo obstetra. ● A decisão deve ser tomada de acordo com cada caso e é fundamental o esclarecimento da gestante e sua família, com informações completas e de uma maneira que lhes seja compreensível culturalmente, quanto às opções presentes e os riscos a elas inerentes, sendo que deve ser garantida a sua participação no processo decisório. ● Cabe salientar, todavia, que gravidez de risco não é sinônimo de cesariana. ● Em muitas situações é possível a indução do parto visando o seu término por via vaginal, ou mesmo aguardar o seu início espontâneo. Larissa Moitinho ● A indicação da via de parto deve ser feita pelo prossional que for assistir ao parto. ● É importante que prossionais que atendem a mulher durante a gestação não determinem qual deverá ser a via de parto, que depende não só da história preexistente, como também da situação da mulher na admissão à unidade que conduzirá o parto. 5. Aspectos emocionais e psicossociais É evidente que para o fornecimento do melhor acompanhamento da gestante de alto risco, há necessidade de equipe multidisciplinar, constituída por especialistas de outras áreas, tais como Enfermagem, Psicologia, Nutrição e Serviço Social, em trabalho articulado e planejado. A Doença Hipertensiva Específica da Gestação (DHEG) é o distúrbio mais comum na gestação. Esta patologia caracteriza-se por hipertensão acompanhada de proteinúria e/ou edema, sendo estes chamados de tríade da DHEG. Classifica-se a DHEG em duas formas básicas: 1. Pré-eclâmpsia (forma não convulsiva marcado pelo início da hipertensão aguda após a vigésima semana de gestação) e; 2. Eclâmpsia, que é um distúrbio hipertensivo gestacional que se caracteriza pelos episódios convulsivos consequentes a efeitos cerebrais profundos da pré-eclâmpsia. OBS: A Síndrome de HELLP é uma grave complicação da gestação caracterizada por (H) hemólise, (EL) enzimas hepáticas elevadas e (LP) baixa contagem de plaquetas. De acordo com o Manual de Gestação de Risco da FEBRASGO, a hipertensão arterial complica cerca de 7 a 10% de todas as gestações, incidência que pode variar com a população estudada e os critérios utilizados para diagnóstico. ● É a complicação médica mais comum da gravidez e a principal causa de morbimortalidades materna e perinatal. ● A gestação pode agravar a hipertensão existente antes da gravidez (hipertensão arterial crônica), bem como induzi-la em mulheres normotensas (hipertensão gestacional/ pré-eclâmpsia). Para o consenso do National High Blood Pressure Education Program (NHBPEP), publicado em 1990 e reafirmado em 2000, é fundamental diferenciar a hipertensão que antecede a gravidez daquela que é condição específica da mesma. ● Na primeira, a elevação da pressão arterial é o aspecto fisiopatológico básico da doença, a última é resultado de má adaptação do organismo materno à gravidez, sendo a hipertensão apenas um de seus achados. Larissa Moitinho DOENÇA HIPERTESIVA DA GRAVIDEZ ● O impacto dessas duas condições, sobre mãe e feto, é diferente, assim como o seu controle. CONCEITOS - EPIDEMIOLOGIA - CLASSIFICAÇÃO ➔ Define-se como hipertensão arterial quando a pressão arterial sistólica atinge valor ≥ 140 mmHg e/ou a pressão arterial diastólica atinge valor ≥ 90 mmHg, em duas medidas com intervalo de pelo menos quatro horas. ➔ Define-se proteinúria como a excreção urinária de, pelo menos, 300 mg em urina colhida durante 24 horas ou uma + (≥ 30 mg/dL) em amostra de urina, desde que não haja evidência de infecção do trato urinário. ◆ Segundo a literatura não há necessidade de coleta de urina de 24 horas, que pode ser substituída por 12 horas e até seis horas, cujos resultados multiplicados por dois e quatro, respectivamente, correspondem às 24 horas. ◆ Esse procedimento facilita a coleta para as gestantes e agiliza o resultado. ◆ Frente a diferentes e complexas classificações das formas de manifestação da hipertensão arterial na gravidez, encontradas na literatura, em 1990 o NHBPEP apresentou uma classificação, que atualizou em 2000. A definição das diferentes formas de manifestação da hipertensão arterial, durante a gestação, segue os critérios a seguir: ➔ Hipertensão arterial crônica: definida como a hipertensão arterial que está presente antes da ocorrência da gestação ou diagnosticada antes da 20ª semana da mesma. ◆ A hipertensão arterial diagnosticada pela primeira vez durante a gestação (a partir da 20ª semana), e que se mantém além da 12ª semana após o parto, também é classificada como hipertensão arterial crônica. ➔ Pré-eclâmpsia/eclâmpsia: definida como a presença, após a 20ª semana de gestação (ou antes, nos casos de doença trofoblástica gestacional), de hipertensão arterial acompanhada de proteinúria, em gestante sem história de hipertensão arterial. ◆ Na ausência de proteinúria também se considera pré-eclâmpsia, quando o aumento da pressão arterial é acompanhado de sintomas como cefaleia, borramento da visão e dor abdominal, ou por valores anormais de Larissa Moitinho testes laboratoriais, especialmente contagem baixa de plaquetas eaumento de enzimas hepáticas. ➔ Hipertensão arterial crônica superposta por pré-eclâmpsia: definida pela ocorrência das seguintes situações: ◆ Gestante hipertensa crônica sem proteinúria antes da 20ª semana de gestação, que manifesta proteinúria na segunda metade da gestação. ◆ Gestante hipertensa crônica com manifestação de proteinúria na primeira metade da gestação e na qual, após a 20ª semana, verifica-se aumento repentino do valor da proteinúria ou da pressão arterial previamente controlada, presença de trombocitopenia ou aumento de enzimas hepáticas (alanina aminotransferase e/ou aspartato aminotransferase). ➔ Hipertensão gestacional: definida pela presença, após a 20ª semana de gestação, hipertensão arterial sem proteinúria, em gestante sem história de hipertensão arterial. ◆ Doze semanas após o parto, gestantes classificadas como portadoras de hipertensão gestacional serão novamente avaliadas e esta renomeada como hipertensão transitória, se a pressão arterial retornou aos valores normais, ou como hipertensão arterial crônica, se os valores da pressão arterial permaneceram elevados. PRÉ-ECLÂMPSIA Entre os tipos de hipertensão, diagnosticados na gestação, merecem destaque as manifestações específicas da gestação, isto é, a pré-eclâmpsia, que ocorre como forma isolada ou associada à hipertensão arterial crônica, e a hipertensão gestacional. Segundo a literatura, a pré-eclâmpsia, isolada ou superposta à hipertensão arterial crônica, é o tipo de hipertensão que determina os piores resultados maternos e perinatais. FISIOPATOLOGIA Apesar da sua importância em saúde pública, a etiologia da hipertensão que se manifesta na gestação (pré-eclâmpsia e hipertensão gestacional) permanece desconhecida. ● Acredita-se haver uma combinação de fatores genéticos, imunológicos e ambientais que determina o defeito na invasão trofoblástica das arteríolas espiraladas. Larissa Moitinho ● Esse defeito causa redução na pressão de perfusão uteroplacentária, com consequente isquemia/hipóxia da placenta no decorrer da gestação. ● A isquemia placentária libera fatores, como citocinas pró-inflamatórias, que iniciam a cascata de eventos celulares e moleculares, determinando a disfunção endotelial dos vasos, com aumento da resistência vascular. ● A pré-eclâmpsia compromete todos os órgãos e sistemas maternos, com maior intensidade nos sistemas vascular, hepático, renal e cerebral. Presente desde a implantação do ovo, a doença caracteriza-se, clinicamente, por aumento dos valores da pressão arterial após a 20a semana de gestação, associado (pré-eclâmpsia) ou não (hipertensão gestacional) à proteinúria. Nessa fase, a doença é assintomática, dependendo seu diagnóstico unicamente do exame físico e de dados laboratoriais da gestante. A evolução natural da doença é o desenvolvimento para as formas graves, entre elas, a eclâmpsia e a síndrome HELLP. FATORES DE RISCO PRÉ-ECLÂMPSIA E ECLÂMPSIA São fatores de risco: ● Hipertensão arterial sistêmica crônica; ● Primeira gestação; ● Diabetes; ● Lúpus; ● Obesidade; ● Histórico familiar ou pessoal das doenças supracitadas; ● Gravidez depois dos 35 anos e antes dos 18 anos; ● Gestação gemelar. Larissa Moitinho ECLÂMPSIA É definida pela manifestação de uma ou mais crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas e/ou coma, em gestante com hipertensão gestacional ou pré-eclâmpsia, na ausência de doenças neurológicas. ● Pode ocorrer durante a gestação, na evolução do trabalho de parto e no puerpério imediato. ● Metade dos casos acontece em gestações pré-termo e 25%, no puerpério tardio (> 48 horas). ● Raramente se manifesta antes da 20ª semana de gestação e, quando acontece, deve ser afastado o diagnóstico de mola hidatiforme ou de síndrome dos anticorpos antifosfolípides. ● Mesmo sendo uma complicação característica da pré-eclâmpsia, isto é, em que está presente a proteinúria, em 1985 Chesley já chamava a atenção para o fato de que 10% das convulsões ocorrem na ausência de proteinúria. ● Esse fato foi comprovado por outros autores ao mostrarem cifras que chegam a 22%. A eclâmpsia é comumente precedida pelos sinais e sintomas de eclâmpsia iminente, isto é, distúrbios do sistema nervoso central (cefaleia frontal/occipital, torpor, obnubilação e alterações do comportamento), visuais (escotomas, fosfenas, visão embaçada e até amaurose) e gástricos (náuseas, vômitos e dor no hipocôndrio direito ou no epigástrio). Larissa Moitinho A incidência de eclâmpsia é variável, predominando em países em desenvolvimento. ● De modo geral essa incidência é de 1,3 para cada 1.000 partos, variando de 0,6 nos países desenvolvidos até 4,5 nos países em desenvolvimento. OBS¹:Embora, a maioria (80%) das gestantes manifeste sintomas (iminência de eclâmpsia) que precedem a convulsão, um número significativo não os apresentará. OBS²: É importante lembrar que, entre 20 e 38% das gestantes que apresentam convulsões, a pressão arterial tem valores inferiores a 140 x 90 mmHg, antes do primeiro episódio convulsivo. ● Acredita-se que a alteração brusca do valor da pressão arterial, e não o seu valor isolado, seja o principal fator desencadeante da crise convulsiva. TRATAMENTO O tratamento definitivo da eclâmpsia é a resolução da gestação, independentemente da idade gestacional. Após estabilização materna, avaliação laboratorial (afastar ou confirmar a concomitância da síndrome HELLP) e das condições de vitalidade fetal, define-se a via de parto mais apropriada. SÍNDROME DE HELLP A associação de hemólise, plaquetopenia e disfunção hepática com eclâmpsia foi relatada na década de 1950. ● Em 1982, Weinstein reuniu essas alterações sob o acrônimo de HELLP, representando a hemólise pelo H, o aumento de enzimas hepáticas pelo EL e a plaquetopenia pelo LP, e denominou-as síndrome HELLP. ● Identificou essa síndrome como uma complicação da pré-eclâmpsia grave/eclâmpsia, sem estabelecer os padrões bioquímicos e hematológicos para o diagnóstico. ● A literatura diverge em relação aos valores dos parâmetros que definem essa síndrome. ● Sibai et al. propuseram uma sistematização dos padrões de valores laboratoriais para o diagnóstico de síndrome HELLP, que foram adotados pelo Ministério da Saúde do Brasil. Larissa Moitinho Também não existe consenso no diagnóstico de síndrome HELLP parcial, que alguns autores atribuem à presença de apenas uma ou duas das alterações hematológicas e/ou bioquímicas. ● A incidência de síndrome HELLP varia entre 2 e 12% do total de mulheres com diagnóstico de pré-eclâmpsia.● Essa variação reflete tanto a falta de consenso nos parâmetros laboratoriais estabelecidos para o diagnóstico como a dificuldade para a identificação da doença, quando os sinais clínicos da pré-eclâmpsia estão ausentes. ● Em nosso meio, pautando-se pelos parâmetros laboratoriais definidos por Sibai et al., Parpinelli et al. relatam incidência de 2,13% do total de mulheres com diagnóstico de síndrome hipertensiva. ● Marchioli encontrou 2,5% de casos em mulheres com síndrome hipertensiva. ● Em até um terço dos casos, a manifestação pode acontecer no período puerperal. ● Poucos trabalhos da literatura avaliam a incidência da síndrome HELLP parcial, referindo percentuais entre 12,9 e 24,1%. A anemia hemolítica microangiopática é o marco da síndrome HELLP. ● É atribuída à deformidade (esquizócitos) e destruição das hemácias na microcirculação, secundárias ao dano endotelial, com subsequente vasoespasmo e deposição de fibrina nas paredes vasculares, que também conduzem à ativação, agregação e ao maior consumo periférico das plaquetas (plaquetopenia). ● Essas alterações são comuns à fisiopatologia da pré-eclâmpsia. ● A lesão hepática clássica é a necrose parenquimatosa focal ou periportal, com depósitos de material hialino nos sinusóides hepáticos. ● Essas alterações podem ser responsáveis pela elevação de enzimas hepáticas e pela dor, em quadrante superior direito do abdome, frequentemente identificadas nas mulheres com essa síndrome. ● Em raras ocasiões, pode ocorrer hemorragia intra-hepática com formação de hematoma subcapsular, complicação de elevada morbimortalidade, principalmente se ocorrer ruptura do mesmo. ● O diagnóstico precoce é, eminentemente, laboratorial e deve ser pesquisado de maneira sistemática nas mulheres com pré-eclâmpsia grave /eclâmpsia Larissa Moitinho e/ou dor em quadrante superior direito do abdome. ● Nos Estados Unidos, as complicações tardias, advindas da falta de diagnóstico, são as principais causas de processo por erro médico. ● O diagnóstico diferencial com outras entidades também deve ser aventado em mulheres com alterações sugestivas de síndrome HELLP. TRATAMENTO Assim como nos casos de eclâmpsia, frente ao diagnóstico de síndrome HELLP se impõe a resolução da gestação, independentemente da idade gestacional. ● Segundo Martin, 25% das gestantes com síndrome HELLP apresentam potencial de complicações fatais como coagulação intravascular disseminada, descolamento prematuro de placenta, síndrome de angústia respiratória do adulto, insuficiência hepática, edema pulmonar, hematoma subcapsular ou rotura hepática. FATORES DE RISCO ● Gestantes com pré-eclâmpsia; ● Gestantes portadoras de doenças cardíacas ou renais; ● Gestantes portadoras de doenças crônicas, tais como a diabetes ou o lúpus. PREVENÇÃO A prevenção da pré-eclâmpsia deve ser uma das principais metas da assistência pré-natal. ● Segundo Dekker e Sibai, prevenir a doença significa atuar para evitar a ocorrência da doença, impedir as manifestações clínicas e prevenir suas complicações. Para evitar a ocorrência da pré-eclâmpsia, teríamos que conhecer sua etiologia, entretanto o que sabemos são aspectos de sua fisiopatologia, como a falta ou inadequada invasão das arteríolas Larissa Moitinho espiraladas pelas células citotrofoblásticas, que existe exacerbada resposta inflamatória e ativação inadequada da célula endotelial. ● Porém, os mecanismos que antecedem esses achados são desconhecidos, o que não permite atuarmos para evitar a ocorrência da doença. ● Para impedir as manifestações clínicas, existem proposições de suplementação de substâncias que atuariam na fisiopatologia da doença, como aspirina, cálcio, óleo de peixe e vitaminas C e E. ● Os estudos de metanálise da Biblioteca Cochrane revelam que o emprego de agentes antiplaquetários (principalmente baixa dose de aspirina) apresenta benefícios moderados na prevenção da pré-eclâmpsia e suas consequências. POLÍTICAS PÚBLICAS ● PNAISM ● REDE CEGONHA CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS E BIOPSICOSSOCIAIS PARA A MÃE E O RN MATERNAS: hemorragia cerebral, cegueira cortical, insuficiência renal, encefalopatia hipertensiva, ruptura hepática, edema agudo de pulmão, coagulopatia intravascular disseminada, psicose, infecção, síndrome da angústia respiratória do adulto, infarto, dissecção aguda da aorta, deslocamento prematuro da placenta, óbito materno (CONSENSO BRASILEIRO DE CARDIOPATIA E GRAVIDEZ, 2004; RUDGE; PERAÇOLI; CUNHA, 2000). CONCEPTO: abortamento, prematuridade, retardo de crescimento intra-uterino, sofrimento fetal agudo e crônico, óbito fetal (CONSENSO BRASILEIRO DE CARDIOPATIA E GRAVIDEZ, 2004). RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO FETAL Nas mulheres que desenvolvem a pré-eclâmpsia, a invasão trofoblástica deixa de ocorrer, ou ocorre de maneira inadequada, resultando em vasos de alta resistência e circulação placentária com baixo fluxo. ● A isquemia placentária e a hipóxia determinam lesão do endotélio vascular, agregação plaquetária bem como obstrução do fluxo sangüíneo placentário. ● A hipoxia placentária também aumenta a produção de peróxidos lipídicos que prejudicam a síntese de prostaciclina, potente vasodilatador. ● A síntese do óxido nítrico potente vasodilatador parece também estar afetada na pré -eclampsia. Esses fatores contribuem para um crescimento fetal restrito. Ademais, encontra-se descrito na literatura com certo consenso que quando o feto está sujeito a um grau severo de insuficiência placentária, como a causada pela hipertensão arterial materna, ele sofre com a hipoxia. ● O feto tende então a apresentar uma distribuição do seu fluxo Larissa Moitinho sanguíneo privilegiando órgãos nobres. ● Entretanto, esse fenômeno de defesa é autolimitado. INDICAÇÕES De acordo com Ramilo et al., hemorragia pós-parto constitui uma das principais causas de mortalidade materna, a par da pré-eclâmpsia e da infeção. Os aspetos mais importantes na abordagem da hemorragia pós-parto são o atempado reconhecimento da situação e o esclarecimento da etiologia. ● Para além do suporte geral e reposição da volémia, é fundamental uma rápida interrupção da hemorragia, com auxílio de medidas conservadoras médicas e/ou cirúrgicas. ● Nas primeiras incluem-se sobretudo a utilização de fármacos uterotónicos, como a ocitocina ou as prostaglandinas. ● Nas atitudes conservadoras cirúrgicas há a considerar o tamponamento uterino, a embolização arterial seletiva, a laqueação vascular (artérias uterinas e artérias ilíacas internas) ou as suturas de compressão uterina. Por fim, e no insucesso das técnicas anteriores, assume particular importância ahisterectomia no tratamento de última linha da hemorragia pós-parto de origem uterina. Já segundo De Souza & De 0Souza, a histerectomia pós-parto de emergência (HPPE) é um procedimento operatório que consiste na retirada do útero por via abdominal, realizada após um parto cesariano ou vaginal. É considerada uma cirurgia de grande porte, reservada a situações de ineficácia dos métodos conservadores para controle de hemorragia uterina (CHRISTOPOULOS P et al., 2011; IHAB AS et al., 2014). Imudia AN et al, (2009), Rossi AC et al, 2010, Cromi A et al, (2016) e Campbell OM et al, (2016) apontaram fatores de risco para histerectomia pós-parto, dentre eles a multiparidade, partos cesáreos repetidos, gestação múltipla, placenta prévia, acretismo placentário, pré-eclâmpsia, idade materna avançada, sangramento anteparto, hemorragia pós-parto, distúrbios hemorrágicos e o uso de tecnologias de reprodução assistida. Glaze S et al, (2008), observaram que, duas décadas atrás, as indicações mais comuns de HPPE consistiam em atonia uterina e rotura uterina. ● Recentemente, estudos em Portugal, Estados Unidos, Índia, Turquia, Dubai têm relatado um incremento no número de cesarianas e aumento na taxa de placentação anômala, placenta acreta e placenta prévia, consideradas as causas mais frequentes para o procedimento. ● Assim a HPPE é um procedimento utilizado para administrar hemorragias obstétricas com risco de vida e\ou sepse uterina. Larissa Moitinho HISTERECTOMIA pós-parto Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – 5. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2012. 302 p. ANGONESI, Janaína; POLATO, Angelita. Doença hipertensiva específica da gestação (DHEG), incidência à evolução para a Síndrome de HELLP. Rev. bras. anal. clin, v. 39, n. 4, p. 243-245, 2007. DE SUCESSO, BODAS. FEBRASGO. Gestação de alto risco. MOURA, Marta David Rocha de et al. Hipertensão arterial na gestação: importância do seguimento materno no desfecho neonatal. Comun. ciênc. saúde, p. 113-120, 2011. Ramilo I,Caeiro AF,Mendinhos G, Santos AP,Matos F. Pospartum hysterectomy: 15-year review. Acta Obstet Ginecol Port 2015;9(1):16-22. DE SOUZA, Lucas Simas; DE SOUZA, Andreia Ferreira. Histerectomia Pós-Parto de emergência em maternidade pública de cuidados de alto risco no estado do Amazonas. Revista Eletrônica Acervo Saúde, n. 32, p. e1669-e1669, 2019. Larissa Moitinho REFERÊNCIA
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