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Introdução à Neuroci- ência e Neuroeducação 02 1. Apresentação 4 Introdução 5 Neurociência 6 1.1. Neurociências: O Que É 6 1.2. Sistema Nervoso Humano 7 1.3.Principais Temas e Grupos de Pesquisa em Neurociência no Brasil 9 2. Neuroeducação 12 2.1. A Neuroeducação como Ciência Multidisciplinar 13 2.2 Posicionamentos sobre a Neuroeducação 16 2.3. Os Neuroeducadores 20 3. O Cérebro e Aprendizagem 22 3.1.Estratégias de Ensino Baseadas nas Neurociências 23 3.2.As Neurociências e a Formação dos Professores 28 Considerações Finais 31 4. Referências Bibliográficas 33 03 4 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO 1. Apresentação Fonte: www.cozex.com.br1 rezado (a) aluno (a), Durante essa disciplina estuda- remos sobre uma ciência nova que estuda o sistema nervoso com ênfase no cérebro, chamada de neurociên- cia.O foco do estudo é como a neuro- ciência pode ser aplicada ao ensino e aprendizagem criando a chamada neuroeducação. É uma discussão atual e real as dificuldades que a educação vem en- frentando para atingir seu objetivo de universalidade, uma vez que a ga- rantia de acesso não significou 1 Retirado em www.cozex.com.br aprendizagem para todos; ao con- trário, o grande número de evasões e repetências demonstram que mui- tos dos que chegam à escola saem dela por não conseguirem se famili- arizar com o padrão exigido. Os conhecimentos da neuroci- ências aplicados à neuroeducação podem ser os proporcionadores de uma educação que perceba a neces- sidade de visualizar o ser humano em sua integralidade, que faz de cada ser único, devendo ter sua indi- vidualidade respeitada. P 5 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO Nesse aspecto muitos dos de- nominados problemas de aprendi- zagem podem ser redimensionados, através de uma explicação científica sobre o funcionamento dos neurô- nios e como os estímulos externos podem atuar na promoção de estí- mulos que facilitam o funciona- mento neural. A necessidade de um conheci- mento sobre a neuroeducação por parte dos educadores justifica o es- tudo do assunto apresentado, fa- zendo com que novas abordagens surjam com o intuito de transformar nossa educação. Bons estudos para todos nós! Introdução Nessa etapa do trabalho va- mos discutir sobre a neuroeducação como caminho para a escola atingir todos os seus alunos, promovendo a aprendizagem. Aqui cabem todos os educado- res, desde gestores até os auxiliares de serviços gerais, uma vez que to- das as ações dentro do ambiente es- colar são ações educativas. Para adentrarmos no assunto, no primeiro capítulo será apresen- tada a neurociência, como ciência recente que estuda o desenvolvi- mento do sistema nervoso, inclu- indo o desenvolvimento do cérebro e os estímulos neurais que proporcio- nam a aprendizagem. Ainda, no primeiro capítulo será apresentado o funcionamento do sistema nervoso e os principais temas e grupos de pesquisa realaci- onados a neurociências no Brasil. No segundo capítulo a aborda- gem será a neuroeducação como ramo de estudo das neurociências, importante para o desenvolvimento de uma nova perspectiva para avan- ços na educação. Também, no segundo capítulo será apresentada a neurociência como ciência multidisciplinar que adentra no campo da educação, ge- rando controvérsias, mas ao mesmo tempo criando a categoria dos neu- roeducadores. Finalizando, o terceiro capí- tulo discutirá sobre o funciona- mento do cérebro e como a aprendi- zagem se constrói nessa parte do corpo humano, apresentando a questão dos estímulos neurais. Ainda serão apresentadas es- tratégias de ensino baseadas na neu- rociência, colocando algumas meto- dologias que podem ser aplicadas em sala de aula e a necessidade da formação dos professores baseada na neurociências. Pretende-se assim, começar uma discussão através de uma apre- sentação dessa perspectiva para a 6 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO educação que possibilitará desen- volver metodologias e ações que ga- rantam que a educação avance em prol de uma aprendizagem de quali- dade como direito de todos. Neurociência A neurociência ainda é uma novidade no campo científico, de- senvolvendo pesquisas e estudos so- bre o desenvolvimento neurológico dos indivíduos. Durante algum tempo ficou restrita ao âmbito da medicina, mas os avanços tecnológi- cos possibilitaram que se tornasse mais conhecida e ampliado seu campo de atuação. Assim é impor- tante que, também os educadores tomem conhecimento dessa ciência. 1.1. Neurociências: O Que É Os avanços científicos são uma realidade e o interesse no estudo do homem em suas diversas vertentes sempre foi um interesse humano. Nesse sentido, compreender como o corpo humano funciona, suas inter- ligações e os reflexos dos aspectos fi- siológicos com os comportamentais continua sendo um tema de investi- mento para a ciência. Assim: A neurociência compreende o estudo do sistema nervoso e suas ligações com toda a fisiolo- gia do organismo, incluindo a relação entre cérebro e compor- tamento. O controle neural das funções vegetativas – digestão, circulação, respiração, homeos- tase, temperatura –, das fun- ções sensoriais e motoras, da locomoção, reprodução, ali- mentação e ingestão de água, os mecanismos da atenção e me- mória, aprendizagem, emoção, linguagem e comunicação, são temas de estudo da neurociên- cia. (VENTURA, 2010, p.123). Portanto compreender o fun- cionamento do cérebro em seus vá- rios aspectos, percebendo ser esse órgão um regulador e controlador de todo o corpo, nos aspectos físicos, comportamentais e emocionais faz com que a Neurociência estude: Os neurônios e suas moléculas constituintes, os órgãos do sis- tema nervoso e suas funções es- pecíficas, e também as funções cognitivas e comportamento que são resultantes da atividade dessas estruturas. (CONSENZA & Guerra, 2011, p. 142 Ventura (2010) afirma que desde a década de 1990, o governo dos estados Unidos destacou a neu- rociência, destacando 1990 como a ‘Década do Cérebro’.Ainda, de acordo com a autora, muitos consi- deram o século 21 como o século do cérebro, onde as grandes conquistas da humanidade estarão dirigidas para a compreensão das funções neurais humanas. A neurociência não só deve ser considerada uma disciplina, 7 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO mas um conjunto de ciências cujo sujeito de investigação é o sistema nervoso com particular interesse em como a atividade do cérebro se relaciona com a conduta e a aprendizagem. O propósito geral da neurociên- cia, declaram Kandel, Schwartz e Jessel (1997), é entender como o encéfalo produz a marca individual da ação hu- mana. O termo neurociência in- clui, pois, segundo Blakemore e Frith (2000) todos os tipos de estudo do cérebro. (MORINO & SILVA, 2012, p.31) A neurociência investiga desde dentre seus objetivos, os mecanis- mos das doenças neurológicas e mentais por meio do estudo do sis- tema nervoso normal e patológico, além de investigar demais alterações cerebrais que podem ser resultado de eventos ambientais como trauma, agentes infecciosos ou tóxicos; por tumores, mutações gênicas e defei- tos congênitos; por eventos vascula- res e deficiências nutricionais, e por muitos outros fatores. Considerando serem os neurô- nios o cerne do estudo da neurociên- cia, faremos uma breve apresenta- ção do mesmo. 1.2. Sistema Nervoso Humano O sistema nervoso humano é dividido em sistema nervoso central (SNC) e sistema nervoso periférico (SNP). O sistema nervoso central se localiza no crânio e na coluna verte- bral e o sistema nervoso periférico está integrado por vários nervos fora do crânioe da coluna vertebral, es- ses nervos são chamados de gânglios periféricos e os receptores sensori- ais. Os nervos do sistema nervoso periférico levam os impulsos ao sis- tema nervoso central são chamados de aferentes ou sensitivos; e os que levam os impulsos do cérebro ao sis- tema nervoso periférico são chama- dos de eferentes ou motores (BAR- BADO et al. 2002). O encéfalo está dividido em três partes que são o metencéfalo que inclui o cerebelo e a parte mais inferior do tronco cerebral; o mesen- céfalo que cobre a parte superior do tronco cerebral; o resto do cérebro é considerado como prosencéfalo que cobre a área límbica, o tálamo, o hi- potálamo, o hipocampo, a amídala, o cérebro e a crosta cerebral. (SALAS, 2007, p. 43). O cérebro é uma massa suave e gelatinosa, sendo a maior área das quatro partes. Sua superfície é cinza clara, enrugada e marcada por sul- cos chamadas fissuras. Uma grande fissura ocorre desde a frente até a nuca; divide o cérebro em duas metades, chamadas de hemisférios cerebrais. Os nervos do lado esquerdo do corpo cruzam até o hemisfério esquerdo, e os do 8 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO lado direito até o hemisfério direito. Os dois hemisférios estão conecta- dos por fibras nervosas chamadas de corpo caloso. (SALAS, 2007, p. 47) O córtex cerebral é composto por seis capas de células envolvidas em torno de 10.000 fibras conecta- das por polegada cúbica. Onde tem lugar a maior parte da ação humana. O pensamento, a memória, a fala e o movimento muscular são controla- dos por estas áreas no cérebro. (SA- LAS, 2007, p. 47) Fonte: www.sanarmed.com O metencéfalo controla os sis- temas involuntários do corpo atra- vés do tronco cerebral, onde reside outra estrutura chamada de sistema ativador reticular. (SALAS, 2007, p.44). O prosencéfalo cobre o resto do cérebro e contém partes essenci- ais para a aprendizagem e a memó- ria. Aqui a informação examinada pelo sistema ativo reticular continua seu caminho através da mente. O que acontecerá com essa informação dependerá do estado emocional, fí- sico e intelectual do aprendiz. (SA- LAS, 2007, p. 45). Cada um dos dois hemisférios está dividido em quatro lobos: occi- pital, temporal, parietal e frontal. Os dois lobos occipitais estão na parte traseira do cérebro e processam a in- formação visual. (SALAS, 2007, p. 48). Quando os estímulos visuais são transmitidos pelo tálamo, a in- formação é enviada a esses lobos. Aqui é processado e tem lugar o re- conhecimento dos objetos vistos. (SALAS, 2007, p. 48). Um neurônio é composto por três partes básicas: o corpo celular, os dendritos e o axônio. Diferente das demais células os neurônios têm milhares de ramos que emergem do seu núcleo, sendo chamados de den- dritos. (SALAS, 2007, p. 23) Os dendritos são extensões al- tamente ramificadas e densas do corpo da célula que recorrem à in- formação e conduzem os impulsos até o corpo celular. Os dendritos re- cebem impulsos elétricos de outros neurônios e os transmitem através do axônio. (SALAS, 2007, p. 23) O axônio é comumente uma larga e fina fibra que conduz os im- pulsos nervosos desde o corpo da cé- lula a outro neurônio, músculo ou 9 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO glândula e normalmente há um só axônio por neurônio. (SALAS, 2007, p. 23) Fonte: www.pinterest.es Todas essas informações são extremamente relevantes quando se precisa entender a relação do cére- bro com a cognição é o conheci- mento, assunto a ser tratado nos próximos capítulos desse estudo. No Brasil a neurociência ini- ciou-se desde 1940, estando consoli- dada com tradição e ampla repre- sentação em nosso país. Os temas de pesquisa dos principais grupos de neurociência no Brasil são: 1.3. Principais Temas e Grupos de Pesquisa em Neurociência no Brasil Tema Departamento Universidade Memória Bioquímica Fisiologia Psic. Experimental ICB-UFRG SIB-USP IP-USP Psicofarmacologia (ansie- dade, depressão, modelos animais para doença mental, propriedades far- macológicas de produ-tos naturais) Psicobiologia Psicobiologia Farmacologia Psic. Experimental Fisiologia UNIFESP FFCLRP-USP UFSC IP-USP FM-UNICAMP Sistema visual (morfolo- gia, neuroquímica, eletro- fisiologia, psicofísica e ge- nética) Neurobiologia Fisiologia Psic. Experimental Fisiologia Psicologia Psicologia Psicologia Psicologia IBCCF-UFRJ ICB-USP IP-USP C C B - U F PA U F PA FFCLRP-USP UFPEUnB Comportamento animal e neuroetologia Psic. Experimental Zoologia Psicobiologia Psicologia IP-USP UFMG UFRN UFSC Epilepsia Fisiologia, Neurologia Psicobiologia Psicobiologia Fisiologia UNIFESP UNIFESP FFCLRP-USP UFPR Organização funcional do sistema nervoso (morfolo- gia, células tronco, plasti- cidade) Neurobiologia Anatomia Fisiologia e Biofisica Fisiologia IBCCF-UFRJ ICB-UFRJ ICB-USP C C B - U F PA Nutrição Fisiologia Fisiologia Psicobiologia UFPE C C B - U F PA FFCLRP-USP 10 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO Sono e Cronobiologia Psicobiologia Fisiologia Clínica Fisiologia e Biofísica UNIFESP FM-USP ICB-USP Nutrição, desenvolvi- mento e funções neurais Nutrição Neurobiologia Neurologia Psicobiologia UFPE IBCCF-UFRJ UNIFESP FFCLRP-USP Doença mental (esquizo- frenia, doença do pânico) Psiquiatria Farmacologia Psiquiatria FM-USP UFSC FMRP-USP Neurociência computaci- onal Eletricidade Ciência Computacional EP-USP IME-USP IF-USP FFCL-USP-RP IQF-USP-SC Neuroregeneração em acidente vascular cerebral e doença de Parkinson Biologia celular Anatomia Neurobiologia Neurologia Bioquímica ICB-USP ICB-UFRJ IBCCF – UFRJ UNIFESP UFRGS Fonte: Tabela 2. VENTURA, Dora Fix. Um Retrato da Área de Neurociência e Comportamento no Brasil. p.126. As diversas áreas representadas nas neurociências brasileiras surgiram de forma espontânea, de meados do século passado para cá, refletindo oportunida- des de treinamento em centros do exterior para os pioneiros da área. Sua diversificação cobre uma razoável extensão do campo das neurociências, em- bora ainda existam muitas lacu- nas. Mais do que cobrir todas as lacunas, contudo, devemos pensar no que seria relevante procurar desenvolver em nosso meio. Propomos, a seguir, al- guns objetivos que poderão nortear futuras direções de de- senvolvimento. (VENTURA, 2010, p.128). O que foi apresentado até aqui demonstra que a neurociência apre- senta uma diversidade de interesses, inclusive na área educacional, apli- cando os conhecimentos sobre o funcionamento dos neurônios no sentido da aprendizagem, rece- bendo esse campo, o nome de neu- roeducação, sendo esse o assunto que passaremos a apresentar. 12 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO 2. Neuroeducação Fonte: educacaocientifica.com2 neurociência é uma ciência nova e ultrapassando as áreas acadêmicas, estende-se à educação, encontrando alunos, professores, pais e coordenadores. Segundo Consenza & Guerra (2011), conhecendo o funciona- mento do cérebro o trabalho do pro- fessor pode ser mais eficiente e sig- nificativo, pois: Conhecer a organização e as funções do cérebro, os períodos receptivos, os mecanismos da linguagem, da atenção e da me- mória, as relações entre cogni- ção, emoção, motivação e de- sempenho, as dificuldades de aprendizagem e as intervenções 2 Retirado em educacaocientifica.com a elas relacionadas contribui para o cotidiano do educador e da escola, junto ao aprendiz e à sua família. (CONSENZA & GUERRA, 2011, p. 143). Esse novo campo de interesse educacional iniciou-se nos anos de 1970, com Howard Gardner, queapresentou a falta de um elo entre a neurologia, à psicologia e a educação para formar neuro-educadores (ZARO, 2014). Assim é preciso reafirmar que “a neuroeducação é um novo campo multidisciplinar de conhecimento e de atuação profissional nas áreas da docência e da pesquisa educacional” A 13 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO (ZARO, 2014, p. 2). Ela aborda o co- nhecimento e a inteligência inte- grando a Psicologia, a Educação e as Neurociências. 2.1. A Neuroeducação como Ci- ência Multidisciplinar Consenza & Guerra (2011, p. 143) afirmam que “saber como o cé- rebro aprende não é suficiente para a realização da ‘mágica do ensinar a aprender’,”, mas “é possível relacio- nar algumas explicações neurobioló- gicas com os assuntos pedagógicos”. Galvão (2017) acredita que a utiliza- ção de estratégias pedagógicas que valorizem o funcionamento cerebral contribuirá para uma aprendizagem efetiva. O que é corroborado por Zaro (2014) que afirma que os comporta- mentos da aprendizagem é o princi- pal objetivo da neuroeducação. Segundo Galvão (2017), a neu- roeducação baseia-se em três di- mensões fundamentais para a aprendizagem: que são a atenção, a motivação e a memória. Nos mecanismos da cognição, o contingente de informações é sele- cionado pela atenção e por fatores motivacionais até materializar-se bi- oquimicamente nas regiões cere- brais da memória,o que se consolida na aprendizagem(Galvão, 2017). A atenção e a motivação estão relacionadas no processo de forma- ção da memória (Galvão, 2017), mas também a emoção e seus aspectos socioculturais são essenciais para a memória, tendo um papel impor- tante em transformar uma “Infor- mação” em “Aprendizagem. Há uma relação complexa e mútua entre atenção, interesse, motivação experiência e memó- ria; então, quanto mais conhe- cimento você adquire sobre uma área específica, mais inte- resse terá nele – e seu conheci- mento e interesse irão reforçar um ao outro, aumentando sua memória para materiais na- quela área (FOSTER, 2009, p.127). De acordo com Consenza & Guerra (2011), emoção é um fenô- meno que assinala a presença de algo importante ou significante de um determinado momento da vida de um indivíduo. Ela se manifesta por meio de alterações na sua fisio- logia e em seus processos mentais e mobiliza os recursos cognitivos exis- tentes, como a atenção e a percep- ção. (CONSENZA & GUERRA, 2011). (...) são fenômenos que assina- lam a presença de algo impor- tante ou significante em um de- terminado momento da vida de um indivíduo. Elas se manifes- tam por meio de alterações na sua fisiologia e nos seus proces- 14 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO sos mentais e mobilizam os re- cursos cognitivos existentes, como a atenção e a percepção (COSENZA & GUERRA, 2011, p. 75). A atenção é um fenômeno que nos possibilita a capacidade de foca- lizar, em cada momento, determina- dos aspectos do ambiente, deixando de lado o que for dispensável. (Con- seza & Guerra, 2011). Segundo Galvão (2017), a mo- tivação resulta de um processo fisio- lógico vinculado a um mecanismo dedicado à recompensa. A partir de um estímulo por impulsos elétricos na área tegumentar ventral, ocorre a liberação de dopamina que alcança o núcleo accumbense segue para o córtex pré-frontal, proporcionando a sensação de prazer e bem-estar que mobiliza a atenção da pessoa e reforça o seu comportamento (GAL- VÃO, 2017). Já a memória, é o pro- cesso de arquivamento seletivo de informações, consolidando-se no conjunto de processos neurológicos e psicológicos que possibilitam a aprendizagem (KANDEL apud GAL- VÃO, 2017, p. 32). Lent (2005) rea- firma o mesmo ao dizer que a me- mória: (...) é a capacidade que tem o homem e os animais de arma- zenar informações que possam ser recuperadas e utilizadas posteriormente. Difere da aprendizagem, pois esta é ape nas o processo de aquisição das informações (LENT, 2005, p.588). Lent (2005) acrescenta a esse mecanismo a percepção, afirmando que: Percepção é a capacidade de as- sociar as informações sensori- ais à memória e à cognição de modo a formar conceitos sobre o mundo e sobre nós mesmos e o orientar nosso comporta- mento. Os primeiros estágios da percepção consistem no pro- cessamento analítico realizado pelos sistemas sensoriais, desti- nados a extrair de cada objeto suas características, que na ver- dade consistem nas submodali- dades sensoriais: cor, movi- mento, localização espacial, timbre, temperatura etc. Com- binações dessas características passam então por vias paralelas cooperativas no SNC [sistema nervoso central], que gradati- vamente reconstroem o objeto como um todo, para que ele possa ser memorizado ou reco- nhecido, e para que possamos orientar nosso comportamento em relação a ele. A modalidade visual é a que está mais bem es- tudada a esse respeito, conhe- cendo-se uma via cortical dor- sal, destinada a identificação das relações espaciais dos obje- tos com o observador e com o mundo, e uma via ventral, cuja função é reconhecer o objeto, dando-lhe um nome e identifi- cando a sua função e a sua his- tória (LENT, 2005, p.556). Esse acréscimo é fundamental no sentido de compreender como es- sas representações são desenvolvi- das no âmbito do cérebro, pois: 15 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO A mente humana não é uma câ- mera de vídeo. Nós não proces- samos e armazenamos inúme- ros fragmentos sensoriais; an- tes, nós construímos os mundos interno e externo segundo o princípio da organização de sig- nificado. O fato de que o conhe- cimento pode ser representado de formas diferentes implica que o conhecimento não é uma transcrição sensorial do mundo exterior para o mundo interior da mente (MARTINEZ, 1999, p.21). Essa percepção é imprescindí- vel para compreender como a mente humana se desenvolve, e assim, é preciso entender como e quando a percepção se inicia e as representa- ções se constroem: (...) começa quando uma forma qualquer de energia incide so- bre as interfaces entre o corpo e o ambiente, sejam elas externas ou internas. Nessas interfaces se localizam células especiais capazes de traduzir a linguagem do ambiente para a linguagem do sistema nervoso: os recepto- res sensoriais. São eles que de- finem o que comumente cha- mamos de sentidos: visão, audi- ção, sensibilidade corporal, ol- fação e gustação. Mas nosso cé- rebro é capaz de sentir muito mais – consciente e inconscien- temente – do que esses cinco sentidos clássicos permitem su- por. Ele detecta alterações sutis da posição do corpo quando nem nos damos conta disso, mudanças sutis da pressão, composição e temperatura do sangue que jamais chegam à nossa consciência, imperceptí- veis movimentos viscerais (LENT, 2005, p.168). Todos esses fatores demons- tram que o desenvolvimento cere- bral é complexo, pois vai desde o real, visto, até o sentido no invisível, imaginário, criando, através das percepções possibilidades e barrei- ras que alteram a concepção do ser e do mundo. Como vimos (...) todas as per- cepções, exceto as mais sim- ples, são atos de construção. Por exemplo, quando se olha para alguma coisa, os olhos fa- zem uma série rápida de fixa- ções, em grande parte inconsci- entes, para reunir apenas as in- formações de que ele precisa para captar ‘cadeira’. Essa série de fixações é altamente seletiva. Assim que o cérebro reúne in- formações suficientes para sus- peitar que encontrou uma ca- deira, ele procura apenas carac- terísticas específicas de cadeira. Isso é para dizer que o cérebro percebe por antecipação. Ele formula hipóteses perceptuais, depois as confirma. Do ponto de vista de muitos psicólogos cognitivos, as imagens mentais surgem do desdobramento des- ses esquemas antecipatórios na ausência de verdadeiros objetospercebidos. Portanto, o compo- sitor [e também o intérprete] poderia imaginar um arpejo de- sencadeando a rotina percep- tual que nos permite escutá-lo (JOURDAIN, 1998, p.215, 216). 16 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO Portanto, a neurociência con- tribui com a educação, na perspec- tiva de compreender o indivíduo em sua totalidade, percebendo que o co- nhecimento é construído pelo pró- prio indivíduo, devendo esse ganhar autonomia para a formulação de es- tratégias que possibilitem seu co- nhecimento. (...) introduz a dimensão da au- tonomia e uma possibilidade criadora que instaura o sujeito como escultor do seu próprio cérebro e abre a educação à di- mensão da possibilidade. O su- jeito da plasticidade, não sendo uma essência nem uma subs- tância, também não é uma ilu- são: é um sujeito multidimensi- onal, é o resultado da resiliên- cia, é uma realidade complexa que inclui um sujeito natural, um sujeito de representação e um sujeito corporizado. Inclui processos mentais (sensações, percepções, recordações, cren- ças, inferências, volições e sen- timentos), os seus e os dos de- mais com que se relaciona; é, enfim, um sujeito comunicacio- nal (GONÇALVES, 2010, p. 570). 2.2 Posicionamentos sobre a Neuroeducação Consenza vários desafios como o esclarecimento da real con- tribuição para o avanço das neuroci- ências para a educação, assim como suas limitações. Outro desafio é que os profissionais de educação não possuem formação para o atendi- mento às demandas da aprendiza- gem para a vida em sociedade desse milênio. Consenza & Guerra (2011). Entretanto os referidos auto- res afirmam que a educação “pode- ria se beneficiar dos conhecimentos neurocientíficos para a abordagem das dificuldades escolares e suas in- tervenções corretivas”. Sendo ainda uma novidade no campo educacional é comum que existam controvérsias sobre a utili- zação ou não da neurociências no campo educacional. Algumas correntes se posicio- nam a favor de sua aplicação e ou- tras se colocam contrárias. As correntes favoráveis afir- mam que: Quando os dados das neuroci- ências são interpolados e não extrapolados é mais provável que deduzam implicações úteis à educação. Por exemplo: só a neurociência pode identificar as áreas do cérebro responsá- veis pelo mapeamento dos sons das letras e se pode construir uma ponte entre a pesquisa educacional e a dislexia. Na me- dida em que cresça nossa com- preensão das bases neurais de outras formas de cognição com- plexa, é provável que essa com- preensão faça contato com os temas educacionais de uma ma- neira que tenha como resultado uma nova pedagogia. (MO- RINO & SILVA, 2012, p.32). 17 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO Portanto, os pesquisadores que se mostram favoráveis à neuro- educação percebem que através do conhecimento do cérebro é possível analisar, relacionar e intervir nos problemas de aprendizagem. Outro aspecto apresentado é que: As teorias das neurociências podem ser modelos mais cômo- dos para raciocinar sobre a cog- nição (por esse termo se en- tende tudo o que se refere ao domínio mental, o que inclui também as emoções. (BLAKE- MORE; FIRTH, 2000). En- quanto as teorias educacionais são abstratas, as teorias neuro- científicas, ao contrário, usam muito os modelos espaciais – representações visuais das áreas do cérebro, as trilhas que conectam com elas, e seu com- promisso durante o desempe- nho de uma tarefa. Esses mode- los podem ser uma maneira po- derosa para que os futuros pro- fessores organizem sua com- preensão da cognição. (MO- RINO & SILVA, 2012, p.32). Assim, apresentam a neuroe- ducação como maneira concreta de compreender os processos de apren- dizagem e, assim ser possível fazer intervenções, criando estratégias e oportunidades de aprendizagem para todos os indivíduos. A neuroe- ducação é mais concreta e possibilita aos educadores saírem do empi- rismo e tentativas sem fundamenta- ção científica palpável para a possi- bilidade das alterações necessárias no ensino. Para isso é necessário um in- vestimento na formação dos educa- dores, de forma que relacionem os conhecimentos neurológicos com os pedagógicos. Dessa forma, só a neurociência em sala de aula oferece aos pro- fessores o conhecimento básico para desenvolver e utilizar uma nova pedagogia. A partir do co- nhecimento e aplicação das neurociências na formação de professores esses conhecerão os meios neurocientificos e terão o domínio dessas teorias em fa- vor da educação. Enquanto as teorias educacionais pensam como acontece o processo de ensino-aprendizagem, as teo- rias neurocientíficas as execu- tam através de representações visuais do cérebro, ou seja, por intermédio das neuroimagens, uma ferramenta necessária à educação moderna e futurista. (MORINO & SILVA, 2012, p.33). Pode-se assim afirmar que a corrente favorável a neurociência acredita que através desse conheci- mento cerebral será possível alinhar a educação a contemporaneidade, assumindo o aspecto da formação integral do indivíduo. Contudo, alguns outros pes- quisadores não percebem que o co- nhecimento da neurociência possa 18 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO ser aplicado à educação. Afirmam que: Os dados da neurociência nunca terão algo a oferecer à educação: ainda que a mente esteja no cérebro, e, portanto, ainda que a cognição seja o pro- duto de uma computação neu- ral, isto não significa que as lo- calizações neurais particulares das competências cognoscitivas sejam relevantes para os pes- quisadores educacionais, cujo objetivo é fomentar essas com- petências nas crianças (MAYER 1998, p. 394). Por exemplo, o que importa aos currículos para ensinar a estrutura de uma sen- tença, se a sintaxe está locali- zada na circunvolução frontal inferior esquerda, no hipo- campo ou crosta estriada? Isso serve em alguma coisa à peda- gogia? (MORINO & SILVA, 2012, p.33). Através do excerto apresen- tado percebe-se que esses pesquisa- dores consideram irrelevantes com- preender o funcionamento neural, pois independentemente das disfun- ções físicas e biológicas, cabe a es- cola fomentar nos indivíduos as ha- bilidades e competências necessá- rias para a aprendizagem. Ainda afirmam que: Não podemos esperar que os professores dominem a neuro- ciência. Eles não têm tempo para aprender o suficiente so- bre a função do cérebro para entender a literatura neuroci- entífica. Só a anatomia cerebral requer semanas (às vezes me- ses) de estudos sistemáticos. A formação de professores pre- cisa de tempo para dominar es- sas múltiplas e redundantes ge- ografias do cérebro, que se refe- rem só aos detalhes das áreas cerebrais que implementam as diferentes competências cog- noscitivas. (MORINO & SILVA, 2012, p.33). Não se pode desconsiderar que a falta de conhecimentos por parte dos professores sobre a neuro- ciência não seja um dificultador da aplicação desses conhecimentos na educação, entretanto, isso não signi- fica que esse conhecimento não possa ser promovido, através de cur- sos e capacitações. Neste sentido, não é realmente fácil aprender a anatomia cere- bral, e é verdade que os profes- sores têm pouco tempo para este estudo já que seu tempo está dividido entre uma aula e outra, diários de classe, avalia- ções, notas etc. Porém, tão ocu- pados quanto os professores são os neurocientistas que, en- tre uma pesquisa e outra, cirur- gias, laboratórios, consultórios etc., preenchem todo seu tempo e mesmo assim eles estudam e aprendem o cérebro. Então, não existe coerência nesta argu- mentação porque se o professor busca conhecimentos da neuro- ciência para um bom desenvol- vimento pedagógico então não há por que não encontrar tempo para estudar e aprender anatomia cerebral, assim como 19 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃOo neurocientista encontrar tempo para estudar as ciências da educação se a ele também in- teressar essa área do conheci- mento, pois acima de tudo está o interesse pelo desenvolvi- mento de uma eficiente peda- gogia. (MORINO & SILVA, 2012, p.34). Esse argumento perde a vali- dade no sentido da necessidade dos professores atuarem de forma ativa na construção de estratégias e meto- dologias de aprendizagem, não po- dendo ser meros reprodutores de ações pensadas e receitadas por ou- tros. Assumir a intelectualidade da docência implica em estar sempre atento e estudando, agregando co- nhecimentos às práticas.Isso im- plica em utilizar parte do tempo no estudo da neuroeducação, contribu- indo para o avanço dessa ciência tão nova. A neuroeducação influirá na prática Educacional desde di- versos ângulos. Desde a educa- ção de cima para baixo em neu- rociência cognitiva que influirá nas escolas de pós-graduação em educação. De baixo para cima, a neuroeducação será in- fluenciada pela curiosidade dos professores da educação básica. Administrativamente, a neuro- educação será impactada pelo esforço de uma Pedagogia com base científica e pela busca de políticas eficazes por parte dos administradores. E, externa- mente, a neuroeducação será também fomentada pela inclu- são da neurociência nos currí- culos de ciências da educação básica. ( ATHERTON, apud MORINO & SILVA, 2012, p.48). Sendo a neuroeducação uma importante ferramenta para o pro- cesso de aprendizagem é necessário qu os educadores sejam preparados para trabalharem envolvendo a mesma, considerando os vários as- pectos da cognição. Além dessa formação dos pro- fessores dentro da neurociência, a neuroeducação incita a formação de uma nova categoria profissional, chamada de neuroeducadores: Como citam Sheridan, Zin- chenko e Gardner: A emergente esfera da neuroeducação ofe- rece oportunidade para um bom trabalho, porém requer profissionais adequadamente capacitados para conduzir os desafios apresentados pelos avanços neurocognitivos. Para ajudar a unir o esforço interdis- ciplinar entre neurociência e educação se deve estabelecer uma nova classe de profissio- nais: os neuroeducadores. Sua missão específica será fomentar a introdução dos mais impor- tantes avanços neurocognitivos dentro do sistema educacional. (2005) (SHERIDAN, ZIN- CHENKO, GARDNER apud MORINO & SILVA, 2012, p.47). 20 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO Dentro dessa aplicação neuro- lógica na educação, qual seria a fun- ção desses novos profissionais no processo de ensino e aprendizagem? 2.3. Os Neuroeducadores De acordo com Sheridan, et al. (2005) os neuroeducadores precisam desenvolver sof- tware2 para criar um programa que ajude os alunos a dominar as frações educacionais. Nesse caso, os neuroeducadores po- dem se responsabilizar por ava- liar a efetividade de um pro- grama e sua relevância para os objetivos educacionais. Além do mais, podem-se aprofundar em pesquisas neurológicas em busca de possíveis conexões com as metas educacionais. Um de seus objetivos é estabelecer grupos onde os científicos, os currículos e os educadores pos- sam trabalhar juntos para criar conhecimento e produtos neu- rologicamente informados e úteis à educação. (MORINO & SILVA, 2012, p.47). Através desse trabalho os neu- roeducadores podem auxiliar no de- senvolvimento de estratégias peda- gógicas que trabalhem com as co- muns atipicidades ou disfunções neurológicas, e contribuir a expan- dir o conhecimento básico sobre educação diferenciada, dificuldades de aprendizagem e diferenças indi- viduais. Diante disso essa profissão torna-se muito promissora criando um novo mercado, que apresenta uma nova oportunidade de avanço em educação. 22 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO 3. O Cérebro e Aprendizagem Fonte: celsoetaniadiniz.com.br3 s memórias se formam quando um grupo de neurônios reage ao serem ativados, por isso o cérebro não mantém uma atenção contínua e de alto nível. O que demonstra a necessidade de uma aprendizagem centrada em atividades difusas, tal como uma reflexão. Sylwester afirma: “Os neurotransmissores da atenção estão mais disponíveis para nós pela manhã do que pela tarde. Esta informação deveria ser um cha- 3 Retirado em celsoetaniadiniz.com.br mado de alerta a diretores e profes- sores de ensino básico e médio”. (1995). O referido autor alerta, assim para a necessidade de uma formula- ção de horários, no ambiente escolar que privilegie essa dinâmica cere- bral. Perante essa constatação cien- tífica, vários autores chamam a atenção para o fato de que exigir muita atenção, durante prolongado A 23 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO tempo, também pode se tornar um problema, fazendo com que diag- nósticos equivocados de déficit de atenção sejam dados, levando indi- víduos a se submeterem a medica- mentos e remédios desnecessários. (JENSEN, 1998). Assim, é importante compre- ender que nem sempre a falta de atenção constitui uma patologia que necessita de uma medicação, de- vendo a escola preocupar-se de ado- tar estratégias que auxiliem na aten- ção dos alunos. Segundo Salas (2007, p. 143), a regra de ouro é usar os contras- tes, mudar os alunos de locali- zação na sala de aula ou permi- tir que eles caminhem ao redor da sala e possam conversar so- bre sua aprendizagem. Uma mudança no tom, ritmo e vo- lume da voz concentra a aten- ção. Sempre que possível use o humor. Entre os efeitos positi- vos se podem mencionar: mais oxigênio para o cérebro; surge a endorfina: a pessoa desfruta do momento; concentra a atenção; cria um clima positivo: quando as pessoas riem juntas, se unem e surge um espírito de comuni- dade; melhora a saúde mental de cada um; é uma efetiva fer- ramenta disciplinar. (MORINO & SILVA, 2012, p.46). Portanto essas alterações no ritmo da sala de aula vão auxiliar os alunos a se manterem atentos, inclu- indo a humor. Algumas vezes, pensa-se erro- neamente que o professor severo, bravo, é o que consegue melhores re- sultados, o que não se configura como verdade, caso esse professor não consiga equilibrar essa severi- dade com um pouco de humor. Ao praticar um ensino multis- sensorial, como tocar música em determinados momentos, durante o episódio de aprendi- zagem é de grande valor para chamar a atenção do aprendiz. Certamente, são de grande va- lor os indicadores acima, por- que ensinar é antes de tudo es- tar preparado para as necessi- dade e indagações dos alunos, e isso é possível a partir do mo- mento que se consegue desper- tar e conseguir a atenção em sala de aula. (MORINO & SILVA, 2012, p.46). Assim, compreender a diversi- dade e funcionamento do cérebro permite ao professor uma postura em sala de aula que amplie as possi- bilidades de aprendizagem dos alu- nos. 3.1. Estratégias de Ensino Ba- seadas nas Neurociências Uma das perspectivas de es- tudo da neurociência é o cérebro e relacionado a ele, a memória é extre- mamente significativa para a apren- dizagem. Assim vale lembrar o con- ceito de memória como: 24 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO Grosso modo, chamamos de memória a capacidade que os seres vivos têm de adquirir, ar- mazenar e evocar informações. Apesar dessa definição aparen- temente simplista, veremos, no decorrer do texto, que ao falar de memória, definitivamente não estamos falando de algo simples. (MOURAO JUNIOR, 2015, p. 780). Portanto os processos de aqui- sição, armazenamento e evocação de informações estão incluídos no pro- cesso de ensino e aprendizagem, mesmo sendo necessários inúmeros estudos sobre o processo, uma vezque: Apesar dos inúmeros avanços feitos pela neurociência nos úl- timos anos, ainda é um mistério entender como potenciais elé- tricos e fenômenos bioquímicos estão ligados às representações mentais que fazemos, mesmo que alguns neurocientistas se atrevam a dar saltos conceitu- ais, encerrando premissas que a ciência é incapaz de fundamen- tar. O que se sabe, atualmente, é que as informações que che- gam ao nosso cérebro formam um circuito neural, ou seja, a informação recebida ativa uma rede de neurônios, que, caso seja reforçada, resultará na re- tenção dessa informação (por informação, entendemos qual- quer evento passível de ser pro- cessado pelo sistema nervoso: um fato, um objeto, uma expe- riência pessoal, um sentimento ou uma emoção). Por isso con- sidera-se que a repetição seja uma estratégia necessária para a memória. (MOURAO JU- NIOR, 2015, p. 781). Esse desconhecimento de- monstra a necessidade da continua- ção das pesquisas em neurociência e suas implicações na educação. È importante demonstrar, no entanto que dentre o que já se sabe, as informações são armazenadas no cérebro de acordo com subproces- sos: Sobre o processo de armazena- mento, podemos dividi-lo em três subprocessos, quais sejam: aquisição, consolidação e evo- cação. A aquisição diz respeito ao momento em que a informa- ção chega até nosso sistema nervoso e se dá por meio das es- truturas sensoriais, as quais transportam a informação rece- bida até o cérebro. O estímulo atinge os órgãos receptores, o qual, através dos nervos sensiti- vos, chega ao sistema nervoso central (Kandel, 2006). (MOU- RAO JUNIOR, 2015, p. 781). Todos esses subprocessos são importantes e estão interligados, portanto as informações adquiridas devem ser consolidadas para que, posteriormente possam ser evoca- das, daí a necessidade da informa- ção ser significativa para que: Posteriormente, temos o pro- cesso de consolidação, que diz respeito ao momento de arma- zenar a informação. Esse arma- 25 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO zenamento - que representa a memória - pode se dar de duas maneiras distintas: (a) através de alterações bio-químicas ou (b) através de fenômenos ele- trofi-siológicos. Nos fenômenos eletrofisiológicos, ao tentarmos memorizar uma situação nova, determinados conjuntos de neurônios continuam dispa- rando durante alguns segun- dos, retendo temporariamente a informação somente durante o tempo em que a mesma é ne- cessária, extinguindo-a logo em seguida. Esse tipo de fenômeno tem duração extremamente efê- mera e não forma traços bioquí- micos. É isso o que ocorre na memória sensorial e na memó- ria de trabalho (ou memória operacional) que discutiremos mais adiante (Squire & Kandel, 2003). (MOURAO JUNIOR, 2015, p. 781). Sabendo da organização cere- bral de aquisição, armazenamento e evocação das informações, precisa- se saber que a escola precisa se orga- nizar, de forma que todos esses sub- processos ocorram, através de estra- tégias eficientes de aprendizagem. Para analisarmos algumas es- tratégias é necessário saber que, de acordo com Salas (2007 p. 84-88) existem variados tipos de memórias que precisam ser trabalhadas: as memórias semânticas, episódicas, procedimentais, automáticas e emo- cionais. A memória semântica liga-se ao conjunto de informações que te- mos sobre o mundo ao nosso redor. Está relacionada a conhecimentos gerais: Em contrapartida, o subsistema semântico está relacionado a conhecimentos atemporais, tais como gerais e conceptuais (Baddeley, 2009b; Sternberg, 2008; Willingham & Goedert, 2001). Esse subsistema permite processar informações sobre fa- tos do mundo em um amplo sentido e incluem conhecimen- tos e crenças elaboradas pelo próprio individuo (Ferreres, 2005). De um modo geral, ele refere-se ao conhecimento do mundo externo do qual lembra- mos na ausência de qualquer relato aprendido (Gazzaniga; Ivry; Mangun, 2006). É tam- bém responsável pelo armaze- namento de conhecimentos ge- rais, significado das palavras, aparência visual e cores dos ob- jetos (Tulving,1972). Além disso, possui um vasto armaze- namento de informações sobre os significados, aparências, sons, cheiros e texturas dos ob- jetos. Não requer conhecimento de quando essa informação foi obtida e nem onde (Wilson, 2009 p. 5). Para que informa- ções sejam armazenadas na memória semântica é necessá- rio que elas passem inicial- mente pela memória episódica (Cermak & O’Connor, 1983). (FERNANDES et ll, 2011, p.36). Algumas estratégias de ensino para a memória semântica são as atividades em duplas de pares que auxilia na construção de habilidades 26 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO interpessoais e repasse a matéria. A estratégia de perguntar, principalmente com perguntas aber- tas que possibilitem ao estudante ativar várias informações. Pedir resumos e sínteses, pro- mover debates, paráfrases, são for- mas de habilitar o aluno a trabalhar informações de forma a guarda- las.Em relação à memória episódica é importante relatar que: De forma mais específica, a me- mória episódica está vinculada a capacidade de relembrar de acontecimentos específicos, bem como, experiências pesso- ais que é chamada memória au- tobiográfica (Tulving, 1972). Ela adquireinformações deriva- das das seguintes perguntas: O quê? Quando? e onde? (Clayton & Dickinson, 1998; Nyberg, et al., 1996). Além disso, essa me- mória requer três sistemas bá- sicos: 1) codificação de determi- nada experiência diferenciada das outras já obtidas; 2) arma- zenamento do evento por um longo período de tempo, e 3) busca e evocação de determi- nado episódio codificado (Baddeley, 2009b). De acordo com Tulving (2002), a memória episódica é mais vul- nerável a disfunções neuronais do que as outras e indivíduos com déficits nessa memória tendem a sofrem prejuízos no seu cotidiano. Tais déficits po- dem sersubdivididos em ver- bais, visuais e de reconheci- mento (Wilson, 2009). (FER- NANDES et ll, 2011, p.36- 37). Considerando a associação dessa memória com as lembranças é importante saber que as estratégias de ensino devem considerar situa- ções que proporcionem lembranças prazerosas associadas a aprendiza- gem. A memória episódica é dirigida pela localização. Quando um aprendiz recebe uma nova in- formação em uma localização específica, a recordação e a aprendizagem serão mais fáceis nessa mesma localização. En- tretanto, para o professor utili- zar estratégias de ensino para desenvolver essa memória se- rão necessárias atividades que incluam quadros, pôsteres e símbolos além das constantes mudanças de estímulos tais como uso de acessórios: tape- tes, almofadas, sapatos ou tra- jes completos para melhorar o experimento da aprendizagem, tornando o ensino cada vez mais real. (MORINO & SILVA, 2012, p.40-41). Assim, uma importante estra- tégia para o desenvolvimento dessa memória são aulas em espaços vari- ados, fora da sala de aula. Trabalhar com os alunos na bi- blioteca, pátios, quadras, facilitam a aprendizagem, além de proporcio- narem oportunidades lúdicas aos alunos. A memória procedimental, também chamada de procedural, re- laciona- se com atividades motoras, repetitivas e rotineiras. 27 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO A memória procedural está re- lacionada com a capacidade de memorizar a execução de tare- fas essencialmente motoras que envolvem rotinas, como por exemplo, dirigir um carro (Wil- son, 2009). O sistema de repre- sentação perceptiva, priming, age dentro de um sistema per- ceptual de palavras e objetos. Refere-se à resposta frente a um estímulo ou à habilidade de identificá-lo, a partir do resul- tado da exposição prévia deste estímulo (Gazzaniga et al., 2006; Lussier; Flessas, 2000; Moscovitch, 1992). Os hábitos são criados através da memori- zaçãopor repetição de conheci- mentos e comportamentos bá- sicos para realizar tarefas do dia-a-dia (Squire & Kandel, 2003). Para finalizar a classifi- cação das memórias implícitas, o condicionamento é uma forma de aprendizado associa- tivo, que solidifica-se após re- petições de no mínimo dois es- tímulos pareados (Squire & Kandel, 2003). (FERNANDES et ll, 2011, p.36). Aparentemente, poderíamos ser induzidos a acreditar que exercí- cios repetitivos e superficialmente tecnicistas promovam esse tipo de memória, o que é improcedente, uma vez que: Existem duas formas para aju- dar os estudantes a desenvolver uma pista na memória procedi- mental. Uma é deixá-los repetir a matéria várias vezes, o sufici- ente para que passe a ser um procedimento educacional. A outra é estabelecer procedi- mentos na sala de aula que criem fortes memórias. Quando um procedimento é repetido com frequência, o cérebro o ar- mazena no cerebelo para um acesso mais fácil. (MORINO & SILVA, 2012, p. 41). Atividades manuais que colo- quem os alunos a fazer são muito importantes para o desenvolvi- mento da atividade procedimental. Sair da cadeira, movimentar-se, num espaço, muitas vezes tão re- pressor é imprescindível para a aprendizagem. Proporcionar atividades que conduzam ao movimento físico do aprendiz como, por exem- plo: desempenho de papéis, de- bates, danças, monólogos e jo- gos. As apresentações em jogos e exibições de marionetes po- dem reforçar muitos conceitos em qualquer área do conheci- mento, assim como colocar os estudantes em pé à medida que se passa uma matéria especí- fica. Em seguida o professor deve solicitar que todos cami- nhem ao redor da sala, que sal- tem quando sentirem que en- tenderam um assunto e que aplaudam quando souberem tudo. Todo esse movimento e intervenção do professor para com os estudantes causarão uma grande impressão a seus cérebros, pois a aprendizagem do aprendiz está diretamente li- gada com o movimento. (MO- RINO & SILVA, 2012, p. 42). Associar o aspecto físico do corpo à cognição amplia a aprendi- 28 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO zagem, favorecem as condições cere- brais de aquisição e armazenamento das informações. A memória sensorial possui relação elétrica, não ficando armaze- nadas, tendo uma rapidez enorme, por estarem ligadas aos órgãos sen- soriais A memória sensorial é aquela que nos permite reter as infor- mações que chegam até nós através dos sentidos, podendo ser estímulos visuais, auditivos, gustativos, olfativos, táteis ou proprioceptivos. Caracteriza-se por ter curtíssima duração, caso o estímulo não seja recuperado. Outro detalhe importante é que a memória sensorial apresenta capacidade relativamente grande, se comparada à memó- ria de trabalho (que será discu- tida no próximo tópico). Isso quer dizer que, na memória sensorial, registramos mais es- tímulos do que podemos recu- perar, pois, no caso da evocação da informação, entra em ação da memória de trabalho, que, como citado, tem capacidade reduzida em relação à memória sensorial. (MOURAO JUNIOR, 2015, p. 783). As estratégias de ensino para o desenvolvimento da memória sen- sorial devem relacionar-se com o es- tímulo a esses sentidos, tais como a utilização de música como fundo musical para as aulas. Temos ainda a memória auto- mática. A memória automática rela- ciona-se aos automatismos que ad- quirimos através da repetição que auxilia na memorização. É impor- tante estabelecer que a memória au- tomática é importante, mas não deve ser o centro do processo de aprendizagem. Algumas estratégias de apren- dizagem, de acordo com o desenvol- vimento da memória automática sã: decorar poemas, perguntas e respos- tas 3.2. As Neurociências e a For- mação dos Professores Diante de uma ciência tão nova e ao mesmo tempo tão impor- tante para a educação é importante que a discussão sobre a neuroeduca- ção perpasse a formação dos profes- sores, habilitando os mesmos a apli- carem essa ciência nova no processo de ensino e aprendizagem dos alu- nos. Diante das inúmeras mudanças na sociedade atual, gera das principalmente pelos avanços tecnológicos que nos disponibilizam informações, faz-s e necessária uma cultura de aprendizado que gere conhecimento. Par a tanto, há que se buscar um sistema educacional democrático o qual assuma o compromisso de promover situações de aprendizagem nas quais as exigências da sociedade moderna sejam atendidas, para que todos possam desenvolver 29 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO suas capacidades, mediante uma educação que aceite a di- versidade.(CARVALHO, 2011, p.538). Essa sociedade atual para ser verdadeiramente democrática ne- cessita oferecer a todos oportunida- des de aprendizagem, independen- temente das diferenças sociais e cog- nitivas. Para isso, é imprescindível ex- plorar e estimular o potencial de aprender de todos os cida- dãos. Torna-se obrigatório, en- tão, promovera reconfiguração pedagógica nos ambientes edu- cativos, pois o estímulo do po- tencial dos estudantes oportu- nizar á um melhor desempenho individual, diminuindo a exclu- são social.Considerando que muitas pesquisas no campo educativo afirmam ser o profes- sor um dos principais protago- nistas da educação. (Demo ,2001; Assmann,2001; Morin, 2002), cabe ao educador ado- tar um trabalho de parceria, ins-taurando as condições in- dispensáveis para que o apren- diz desenvolva a inteligência, e não a simples memorização. Conforme Fonseca: “O profes- sor tem o dever de preparar os estudantes para pensar, para aprender a serem flexíveis, ou seja, para serem aptos a sobre- viver na nossa aldeia de infor- mação acelerada (Fonseca , 199 8, p. 315) ”. (CARVALHO, 2011, p.538). Perante tamanha responsabi- lidade é necessário que os professo- res sejam capacitados para cumprir a tarefa de ensinar considerando que: A flexibilidade do cérebro para reagir às demandas do ambi- ente , explicada pela sinaptogê- nese – capacidade de formação de novas conexões, sinapses, entre as células cerebrais –, e o fato de que o conhecimento deve ser codificado nas ligações entre os neurônios,a aprendiza- gem, possibilitada pela plasti- cidade cerebral, modifica quí- mica, anatômica e fisiologica- mente o cérebro, porque exige alterações nas redes neuronais, cada vez que as situações vi- venciadas no ambiente inibem ou estimulam o surgimento de novas sinapses mediante a libe- ração de neurotransmissores (Mora, 2004). (CARVALHO, 2011, p.538). O conhecimento do funciona- mento do cérebro oportunizará ao professor utilizar-se de estratégias que garantam a inserção dos alunos nos processos dinâmicos de apren- dizagem. Oferecer situações de aprendi- zagem fundamentadas em ex- periências ricas em estímulos e fomentar atividades intelectu- ais pode promover a ativação de novas sinapses. As informações do meio, uma vez selecionadas, não são apenas armazenadas na memória, interagem inte- grando um novo sistema funci- onal, caracterizando com isso a complexa classificação da aprendizagem. Uma informa- ção pode pela desordem que 30 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO gera, levar à evolução do conhe- cimento do indivíduo, pois ele precisará desenvolver estraté- gias cognitivas a fim de reorga- nizar e retomar o equilíbrio na construção do conhecimento. E isso é obtido por meio de um processo dinâmico e recursivo presente na reconstrução do próprio ato de conhecer. Se- gundo Demo, “a aprendizagem, embora dependa de substratos físicos estruturados caracte- riza-se pelo processo de contí- nua inovação, maleável. (CAR- VALHO, 2011, p.538). Assim o conhecimento do cé- rebro, seu funcionamento ratifica a necessidade do aperfeiçoamento dos professores para uma aprendizagem mais efetiva. Fonte: docplayer.com.brO quadro demonstra os tipos de memória e as áreas cerebrais nas quais atuam e assim estimular essa áreas faz com que os alunos apreen- dam de forma significativa o que a escola ensina. Do reconhecimento de que a compreensão do cérebro é cru- cial para o ato pedagógico, surge a necessidade de refletir sobre um novo saber disciplinar baseado nos conhe- cimentos neurocientíficos, os quais poderiam ser vinculados às disciplinas direcionadas à aprendizagem humana. A arti- culação entre neurociências e educação pode ocorrer por meio da renovação de um com- ponente já existente ou pelo acréscimo de um novo compo- nente curricular nos cursos de formação de professores. Sua prioridade deve ser a de adicio- nar informações científicas e subsidiar futuras ações práti- cas, não se constituindo-se constituindo apenas em mais um saber disciplinar, mas em um saber pertinente e útil para a prática profissional da docên- cia. Como preconiza Willian s: “A pesquisa sobre o cérebro manifesta o que muitos educa- dores sabem intuitivamente: que os alunos aprendem de di- versas maneiras e quanto mais maneiras se apresenta- rem,tanto melhor aprendem a informação” ( Willians apud Moraes e Torr e, 2004 ). (CAR- VALHO, 2011, p.546). Assim é notória a necessidade da inclusão da neuroeducação no processo de formação dos professo- res seja nos cursos de graduação, seja em especializações ou cursos de aperfeiçoamento. Através desses estudos os pro- fessores serão capazes de atuar como agentes de transformação no espaço escolar. 31 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO Por isso, é preciso que se aban- donem os métodos pedagógicos instrucionais os quais não per- mitem dar a devida atenção à individualidade, e que se passe a compreender melhor como podemos lidar com certa s ca- racterísticas pessoais de nossos alunos. Esse constituirá o pri- meiro passo para o professor ser um participante ativo no processo de aprendizagem do aluno, pois orientará o docente na identificação, mobilização e utilização de métodos e recur- sos variados. (CARVALHO, 2011, p.538). A neuroeducação poderá se constituir como base para que a es- cola avance e atue de forma que es- tratégias metodológicas adequadas atendam a todos. Considerações Finais Através do presente estudo foi possível apresentar uma nova opor- tunidade para que através de uma nova ciência a escola possa oportu- nizar a aprendizagem de todos os seus alunos. Atualmente muito se discute de forma empírica problemas relaci- onados à aprendizagem, incluindo déficit de atenção e desinteresse dos alunos pela escola. A neurociência, através da neuroeducação mostra um caminho, uma oportunidade para mudanças através de estratégias metodológicas que, é preciso observar a questão dos estímulos neurais e a atuação do cérebro em relação à memória. No processo de aprendizagem e avan- çarmos na educação. 32 32 33 INTRODUÇÃO À NEUROCIÊNCIA E NEUROEDUCAÇÃO 33 4. Referências Bibliográficas ATHERTON, M. Applying a neuroscience to educational research: can cognitive neu- roscience bridges the gap? Part 1, 2005. BARBADO, J.,et al. Aspectos sobre neuro- biologia de la conducta humana:Medicina General 2002; 45, p. 500-513, 2002. CONSENZA, R.M.; GUERRA, L.B. 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