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TEORIA E PRÁTICA DA NEUROPSICOPEDAGOGIA NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. SUMÁRIO TEORIA E PRÁTICA DA NEUROPSICOPEDAGOGIA ----------------------- 1 NOSSA HISTÓRIA ---------------------------------------------------------------------- 2 SUMÁRIO ---------------------------------------------------------------------------------- 3 INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------- 4 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO ------------------------------------------------ 6 Alguns temas da neurociência cognitiva-------------------------------------- 11 Atenção ----------------------------------------------------------------------------- 11 Consciência ----------------------------------------------------------------------- 12 Tomada de decisões ------------------------------------------------------------ 13 Memória ---------------------------------------------------------------------------- 14 Memória de curto prazo -------------------------------------------------------- 16 Memória de trabalho ------------------------------------------------------------ 16 Memória de longo prazo ------------------------------------------------------- 17 NEUROCIÊNCIA, PEDAGOGIA E NEUROPSICOPEDAGOGIA --------- 18 Relação entre neurociência e educação-------------------------------------- 21 O NEUROPSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO BÁSICA ------------------ 24 O embasamento neuropsicopedagógico ------------------------------------- 29 INTERAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA ---------------------------------------------- 32 O psicólogo --------------------------------------------------------------------------- 33 O neurologista ----------------------------------------------------------------------- 33 Fonoaudiólogo ----------------------------------------------------------------------- 34 AS CONTRIBUIÇÕES DAS ÁREAS DA MEDICINA ------------------------- 35 Diagnóstico --------------------------------------------------------------------------- 36 Reflexão ------------------------------------------------------------------------------- 37 REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------ 43 file:///C:/Users/55319/AppData/Roaming/Microsoft/Windows/Network%20Shortcuts/Modelo.docx%23_Toc109235322 INTRODUÇÃO A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociência aplicada à educação, com interfaces da Psicologia e Pedagogia que tem como objeto formal de estudo a relação entre cérebro e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e escolar. A Neuropsicopedagogia estuda a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana. Para isso, busca relacionar os estudos das neurociências com os conhecimentos da psicologia cognitiva e da pedagogia. Seu objetivo é promover a reintegração pessoal, social e educacional a partir da identificação, do diagnóstico, da reabilitação e da prevenção de dificuldades e distúrbios da aprendizagem. A Neuropsicopedagogia apresenta - se como um novo campo de conhecimento que através dos conhecimentos neurocientíficos, agregados aos conhecimentos da pedagogia e psicologia vem contribuir para os processos de ensino -aprendizagem de indivíduos que apresentem dificuldades de aprendizagem e que estão inseridos no processo de inclusão. Neuropsicopedagogia traz importantes contribuições à educação, pois existe a possibilidade de se perceber o indivíduo em sua totalidade. Através dos conhecimentos neuropsicopedagógico existe a possibilidade de entender como se processa o desenvolvimento de aprendizagem de cada indivíduo, proporcionando-lhe melhoras nas perspectivas educacionais e dessa forma desmistificar a ideia d e que a aprendizagem não o corre para alguns; na verdade sempre acontecerá a aprendizagem, entretanto par a uns ela vem acompanhada de muita estimulação, atividades diferenciadas, respeitando o ritmo de desenvolvimento do indivíduo. Para dar continuidade aos estudos, vamos falar a respeito dos conhecimentos da Neurociência aplicada à educação. DESENVOLVIMENTO COGNITIVO Entender sobre o desenvolvimento de habilidades mentais é fundamental para compreender a organização e o funcionamento da mente humana. Uma abordagem comum em neurociência é correlacionar à maturação de funções cognitivas específicas com um estágio particular do desenvolvimento neural. Segundo Gazzaniga, Ivry e Mangun (2006), a diferença existente entre as capacidades dos recém-nascidos e a dos adultos são visíveis. Recém- nascidos não caminham, não seguram objetos, não falam nem compreendem quando falamos com eles. Essas diferenças podem ser elucidadas de duas maneiras: os recém-nascidos podem ter todas as capacidades dos adultos, mas ainda não obtiveram, pela experiência, suas habilidades; e, em contraste, recém-nascidos podem diferir dos adultos em capacidades neurais e/ou cognitivas. A primeira hipótese coloca os recém-nascidos como possuidores de um circuito neural completamente formado, à espera das aderências e dos sinais do ambiente para que o desenvolvimento ocorra. A última propõe que recém- nascidos ainda não possuem estruturas neurais e cognitivas para agir como um adulto e que esse desenvolvimento abarca mudanças radicais e qualitativas. Essa visão tem sido amplamente aceita pelas teorias do desenvolvimento com base em evidências tanto neurais quanto psicológicas. Uma teoria clássica de que recém- nascidos diferem significativamente dos adultos vem do cientista suíço Jean Piaget. Piaget considerava que a aquisição do conhecimento é um processo e como tal deveria ser estudado de maneira histórica, abarcando o modo como o conhecimento muda e evolui. Desse modo, define sua epistemologia genética como a disciplina que estuda os mecanismos e processos mediante os quais se passa de “[...] estados de menor conhecimento aos estados de conhecimento avançado.” (PIAGET, 1971, p.8). Para Piaget, no processo de aquisição de novos conhecimentos, o sujeito é um organismo ativo que seleciona as informações que lhe chegam do mundo exterior, filtrando-as e dando-lhes sentido. (PIAGET, 1971). Conhecer, em sua percepção, é atuar diante da realidade modificando-a por meio de ações. Nesse sentido, atuar não significa essencialmente realizar movimentos e ações externas. Esse seria o caso de crianças pequenas que precisam manipular a realidade que as envolve, para entendê-la. Na maioria dos casos, essa atividade é interna, mental, ainda que possa se basear em objetos físicos. Ao contar, comparar, classificar, embora haja imobilidade do sujeito, ele está ativo mentalmente. De acordo com Piaget, todas as crianças passampor quatro estágios cognitivos mais ou menos na mesma idade, independentemente da cultura em que vivem. Nenhum estágio pode ser omitido, uma vez que as habilidades adquiridas em estágios anteriores são essenciais para os estágios seguintes. No estágio sensório-motor a criança explora o mundo e desenvolve seus esquemas principalmente por meio de seus sentidos e atividades motoras. Vai do nascimento até o período de “linguagem significativa” (por volta de 2 anos). Durante esse estágio, as crianças têm conceitos rudimentares dos objetos de seu mundo. Um conceito adquirido durante esse estágio é o de permanência do objeto: habilidade de saber que um objeto não deixa de existir simplesmente porque saiu de nosso campo de visão. Aos quatro meses, crianças que brincam com um objeto que será depois escondido, agem como se ele jamais estivesse existido. Ao contrário, um bebê com 10 meses procura ativamente um objeto que foi escondido embaixo de um pano ou por trás de uma tela. “Ele tem a consciência de que o objeto continua existindo, mesmo quando não está visível.” (PIAGET; INHELDER, 2003, p.20) . O sucesso em tarefas como essa marca o fim do estágio de inteligência sensório-motora, pois é o resultado de uma habilidade recém-desenvolvida para representar objetos e atos que não estão mais em seu campo de visão. Assim, as crianças exibem a permanência de objetos quando não tem mais dificuldade de conceitualizar a presença de um objeto fora do campo de visão. Estudos sugerem que Piaget possa ter subestimado as habilidades infantis, questionando sobre a natureza limitada das capacidades de um recém-nascido no domínio da integração sensório- -motora, da integração intermodal e da percepção de objetos. Os críticos de Piaget argumentam que um recém-nascido tem alguma forma de integração de experiências sensoriais por meios das modalidades da visão, da audição e do tato. Por exemplo, crianças recém-nascidas, quando dado suporte de cabeça é adequado, podem buscar localizar, visualmente, a origem de sons emitidos no ambiente. Isso sugere uma habilidade bem- desenvolvida de integração intermodal visual e auditiva. (GAZZANIGA; IVRY; MANGUN, 2006). Baillageron (1990) demonstrou que crianças pequenas de apenas alguns meses, normalmente percebem objetos parcialmente escondidos. Ela mostrava um objeto para as crianças e colocava-o atrás de um painel vertical que impedia sua visão. O painel era, então, derrubado, de duas formas distintas. Na primeira, o painel era derrubado e batia no objeto colocado atrás dele, como seria esperado. Na segunda, o painel era derrubado, mas o objeto havia sido removido secretamente, fazendo com que o painel caísse direto na superfície da mesa. Nestas tarefas, as crianças mostravam mais surpresa na segunda condição que na primeira. Após vários estudos em cognição, Flavell et al. (1999) assim se manifestam a respeito da teoria de Piaget, quanto aos estágios: A teoria de Piaget, entretanto, não faz afirmações apenas gerais, mas muito fortes e específicas a respeito da preponderância dos estágios da cognição em bebês, e estas afirmações não têm se sustentado em pesquisas recentes. Existem simplesmente muitos exemplos de competência mais precoce do que a esperada, muitas discrepâncias no nível de desempenho que não parecem depender dos processos construtivos de ação sobre o mundo com os quais Piaget definiu seus estágios. (FLAVELL, et al., 1999, p.64). No modelo de Piaget, temos ainda três estágios que seguem o estágio de inteligência sensório-motora. No estágio pré-operacional (dos 2 aos 7 anos), a linguagem progride substancialmente e a criança começa a pensar simbolicamente, usando símbolos, tais como palavras, para representar conceitos. No entanto, a criança ainda não consegue fazer operações ou processos mentais reversíveis. Neste estágio, a criança também é egocêntrica, isto é, não consegue distinguir suas próprias perspectivas das de outras pessoas, nem consegue entender que há pontos de vista diferentes dos seus. (PIAGET, 1971). Dos 7 aos 11 anos, encontra-se o estágio de operações concretas. Nesse período, há a emergência de muitas habilidades importantes de raciocínio. O pensamento da criança, agora mais organizado, possui características de uma lógica de operações reversíveis. Entretanto, durante esse estágio, elas inicialmente podem realizar operações quantitativas somente com eventos concretos. Não é capaz de operar com hipóteses. (PIAGET, 1971). E dos 11 anos em diante, durante o estágio de operações formais, as crianças aprendem a fazer representações abstratas de relações, de acordo com Piaget. Crianças nessa idade podem generalizar relações matemáticas e manifestar pensamento hipotético-dedutivo – a habilidade de gerar e testar hipóteses sobre o mundo. Piaget trouxe contribuições importantes, delimitando a linha do tempo do desenvolvimento cognitivo e tentando mostrar quando as crianças são capazes de realizar tarefas perceptivos, motoras e cognitivas complexas. O fato de que a idade exata para um processo particular possa ocorrer ser antes do que Piaget propôs, ou de que os estágios descritos por Piaget possam ser mais graduais do que os mencionados, não diminui significativamente o valor de seu conceito de desenvolvimento cognitivo. Além disso, descrever uma linha do tempo de maturação cognitiva é, com modificações adequadas, útil, porque um objetivo da neurociência cognitiva é relacionar a linha do tempo de desenvolvimento cognitivo com o desenvolvimento neural para esclarecer as bases biológicas da cognição. Alguns temas da neurociência cognitiva Atenção A atenção define-se pelo direcionamento da consciência e estado de concentração mental sobre determinado objeto. Caracteriza-se por selecionar, organizar e filtrar as informações, funcionando como uma filmadora. É um processo de extrema importância em determinadas áreas, como na educação, já que se exige, por exemplo, a um aluno que preste atenção às matérias lecionadas pelo professor, ignorando estímulos visuais, sonoros ou outros, como o que se está a passar fora da sala de aula (estando, neste caso, relacionado também com o problema da disciplina). Além da atenção concentrada, em que se seleciona e processa apenas um estímulo, também pode existir atenção dividida, em que são selecionados e processados diversos estímulos simultaneamente - como quando se conduz um automóvel e se ouvem as notícias do rádio simultaneamente. Para que a atenção atue são necessários três fatores básicos: Fator fisiológico, onde depende de condições neurológicas e também da situação contextual em que o indivíduo se encontra; Fator motivacional: depende da forma como o estímulo se apresenta e provoca interesse; Concentração: depende do grau de solicitação e atuação do estímulo, levando a uma melhor focalização da fonte de estímulo. Quanto a fonte de estímulo podemos ter estímulo visual, auditivo e sinestésico. É importante ressaltar que a atenção não é uma função psíquica autônoma, visto que ela encontra-se vinculada à consciência. Por exemplo, o indivíduo que está em obnubilação geralmente se encontra com alterações ao nível da atenção, apresentando-se hipervigil. Contudo, um paciente em torpor se encontra hipovigil. Sem a atenção a atividade psíquica se processaria como um sonho vago, difuso e contínuo. Segundo Alonso Fernández, ao concentrar a atenção escolhemos um tema no campo da consciência e elevamos este ao primeiro plano da mesma, mantendo este tema rigorosamente perfilado, sem deixar-se desviar pelas influências dos setores excêntricos do campo da consciência, podendo modificar o tema escolhido com plena liberdade. Este tema poderia ser um objeto, uma ação, um lugar, uma palavra, etc. Distinguem-se duas formasde atenção: a espontânea (vigilância) e a ativa (tenacidade). No primeiro caso ela resulta de uma tendência natural da atividade psíquica orientar-se para as solicitações sensoriais e sensitivas, sem que nisso intervenha um propósito consciente. A atenção voluntária é aquela que exige certo esforço, no sentido de orientar a atividade psíquica para determinado fim. Entretanto, o grau de concentração da atenção sobre determinado objeto não depende apenas do interesse, mas do estado de ânimo e das condições gerais do psiquismo. O interesse e o pensamento são os dirigentes da atenção, sendo que a intensidade com que a efetuamos é o grau de concentração alcançado. As alterações da atenção desempenham um importante papel no processo de conhecimento. Em geral estas alterações são secundárias, decorrem de perturbações de outras funções das quais depende o funcionamento normal da atenção. A fadiga, os estados tóxicos e diversos estados patológicos determinam uma incapacidade de concentrar a atenção. Consciência A consciência é uma qualidade da mente, considerando abranger qualificações tais como subjetividade, autoconsciência, semicênica, sapiência, e a capacidade de perceber a relação entre si e um ambiente. É um assunto muito pesquisado na filosofia da mente, na psicologia, neurologia e ciência cognitiva. Alguns filósofos dividem consciência em consciência fenomenal, que é a experiência propriamente dita, e consciência de acesso, que é o processamento das coisas que vivenciamos durante a experiência (Block, 2004). Consciência fenomenal é o estado de estar ciente, tal como quando dizemos "estou ciente" e consciência de acesso se refere a estar ciente de algo ou alguma coisa, tal como quando dizemos "estou ciente destas palavras". Consciência é uma qualidade psíquica, isto é, que pertence à esfera da psique humana, por isso diz-se também que ela é um atributo do espírito, da mente, ou do pensamento humano. Ser consciente não é exatamente a mesma coisa que perceber-se no mundo, mas ser no mundo e do mundo, para isso, a intuição, a dedução e a indução tomam parte. Tomada de decisões Tomada de decisão é um processo cognitivo que resulta na seleção de uma opção entre várias alternativas. É amplamente utilizada para incluir preferência, inferência, classificação e julgamento, quer consciente ou inconsciente. Existem duas principais teorias de tomada de decisão - teorias racionais e teorias não racionais- variando entre si num sem número de dimensões. Teorias racionais são por excelência normativas, baseadas em conceitos de maximização e otimização, vendo o decisor como um ser de capacidades omniscientes e de consistência interna. Teorias não racionais, são por excelência descritivas, e têm em consideração as capacidades limitantes da mente humana em termos de conhecimento, memoria e tempo. Utilizam heurísticas como procedimento cognitivo, fornecendo uma estrutura mais realística dos processos de tomada de decisão. Memória A memória é um processo psicológico básico que remete à codificação, ao armazenamento e à recuperação da informação aprendida. A importância da memória em nossa vida cotidiana motivou muitas pesquisas sobre esse tema. O esquecimento também é o tema central de muitos estudos, já que muitas patologias provocam amnésia, o que interfere gravemente no dia a dia. O motivo pelo qual a memória configura um tema tão importante é que nela reside boa parte da nossa identidade. Por outro lado, apesar do esquecimento no sentido patológico nos preocupar, a verdade é que nosso cérebro precisa descartar informações inúteis para dar lugar a novos aprendizados e acontecimentos significativos. Neste sentido, o cérebro é um especialista em reciclar seus recursos. As conexões neuronais mudam com o uso ou o desuso destas. Quando retemos informações que não são utilizadas, as conexões neuronais vão se enfraquecendo até desaparecer. Da mesma forma, quando aprendemos algo novo criamos novas conexões. Todos aqueles aprendizados que podemos associar a outros conhecimentos ou acontecimentos vitais serão mais facilmente lembrados. O conhecimento sobre a memória aumentou a causa do estudo de casos de pessoas com um tipo de amnésia muito específico. Em particular, ajudou a conhecer melhor a memória de curto prazo e a consolidação da memória declarativa. O famoso caso H.M. reforçou a importância do hipocampo para estabelecer novas lembranças. Em contrapartida, a lembrança das habilidades motoras é controlada pelo cérebro, pelo córtex motor primário e pelos gânglios de base. A memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar (evocar) informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória biológica), seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial). Também é o armazenamento de informações e fatos obtidos através de experiências ouvidas ou vividas. Focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade. É um processo que conecta pedaços de memória e conhecimentos a fim de gerar novas ideias, ajudando a tomar decisões diárias. Os neurocientistas (psiquiatras, psicólogos e neurologistas) distinguem memória declarativa de memória não-declarativa. A memória declarativa, grosso modo, armazena o saber que algo se deu, e a memória não-declarativa o como isto se deu. A memória declarativa, ou de curto prazo como o nome sugere, é aquela que pode ser declarada (fatos, nomes, acontecimentos, etc.) e é mais facilmente adquirida, mas também mais rapidamente esquecida. Para abranger os outros animais (que não falam e logo não declaram, mas obviamente lembram), essa memória também é chamada explícita. Memórias explicitas chegam ao nível consciente. Esse sistema de memória está associado com estruturas no lobo temporal medial (ex: hipocampo, amígdala). Psicólogos distinguem dois tipos de memória declarativa, a memória episódica e a memória semântica. São instâncias da memória episódica as lembranças de acontecimentos específicos. São instâncias da memória semântica as lembranças de aspectos gerais. Já a memória não-declarativa, também chamada de implícita ou procedural, inclui procedimentos motores (como andar de bicicleta, desenhar com precisão ou quando nos distraímos e vamos no "piloto automático" quando dirigimos). Essa memória depende dos gânglios basais (incluindo o corpo estriado) e não atinge o nível de consciência. Ela em geral requer mais tempo para ser adquirida, mas é bastante duradoura. Memória, segundo diversos estudiosos, é a base do conhecimento. Como tal, deve ser trabalhada e estimulada. É através dela que damos significado ao cotidiano e acumulamos experiências para utilizar durante a vida. Hoje é possível afirmar que a memória não possui um único locus. Diferentes estruturas cerebrais estão envolvidas na aquisição, armazenamento e evocação das diversas informações adquiridas por aprendizagem. Memória de curto prazo Depende do sistema límbico, envolvido nos processos de retenção e consolidação de informações novas. Hoje em dia também se supõe que a consolidação temporária da informação envolve estruturas como o hipocampo, a amígdala, o córtex entorrinal e o giro para-hipocampal, sendo depois transferida para as áreas de associação do neocórtex parietal e temporal. As vias que chegam e que saem do hipocampo também são importantes para o estudo da anatomia da memória. Inputs (que chegam) são constituídos pela via fímbria-fórnix ou pela via perfurante. Importantes projeções de CA1 para os córtices subiculares adjacentes fazem parte dos outputs (que saem) do hipocampo. Existem também duas vias hipocampais responsáveis por interconexões do próprio sistema límbico, como o Circuito de Papez (hipocampo, fórnix, corpos mamilares,giro do cíngulo, giro para-hipocampal e amígdala), e a segunda via projeta-se de áreas corticais de associação, por meio do giro do cíngulo e do córtex entorrinal, para o hipocampo que, por sua vez, projeta-se através do núcleo septal e do núcleo talâmico medial para o córtex pré-frontal, havendo então o armazenamento de informações que reverberam no circuito ainda por algum tempo. Memória de trabalho Compreende um sistema de controle de atenção (executiva central), auxiliado por dois sistemas de suporte (Alça Fonológica e Bloco de Notas Visuoespacial) que ajudam no armazenamento temporário e na manipulação das informações. O executivo central tem capacidade limitada e função de selecionar estratégias e planos, tendo sua atividade relacionada ao funcionamento do lobo frontal, que supervisiona as informações. Também o cerebelo está envolvido no processamento da memória operacional, atuando na catalogação e manutenção das sequências de eventos, o que é necessário em situações que requerem o ordenamento temporal de informações. O sistema de suporte vísuo-espacial tem um componente visual, relacionado à região occipital e um componente espacial, relacionado a regiões do lobo parietal. Já no sistema fonológico, a articulação subvocal auxilia na manutenção da informação; lesões nos giros supramarginal e angular do hemisfério esquerdo geram dificuldades na memória verbal auditiva de curta duração. Esse sistema está relacionado à aquisição de linguagem. Memória de longo prazo Memória explícita: Depende de estruturas do lobo temporal medial (incluindo o hipocampo, o córtex entorrinal e o córtex para-hipocampal) e do diencéfalo. Além disso, o septo e os feixes de fibras que chegam do prosencéfalo basal ao hipocampo também parecem ter importantes funções. Embora tanto a memória episódica como a semântica dependam de estruturas do lobo temporal medial, é importante destacar a relação dessas estruturas com outras. Por exemplo, pacientes idosos com disfunção dos lobos frontais têm mais dificuldades para a memória episódica do que para a memória semântica. Já lesões no lobo parietal esquerdo apresentam prejuízos na memória semântica. Memória implícita: A aprendizagem de habilidades motoras depende de aferências corticais de áreas sensoriais de associação para o corpo estriado ou para os núcleos da base. Os núcleos caudado e putâmen recebem projeções corticais e enviam-nas para o globo pálido e outras estruturas do sistema extrapiramidal, constituindo uma conexão entre estímulo e resposta. O condicionamento das respostas da musculatura esquelética depende do cerebelo, enquanto o condicionamento das respostas emocionais depende da amígdala. Já foram descritas alterações no fluxo sanguíneo, aumentando o do cerebelo e reduzindo o do estriado no início do processo de aquisição de uma habilidade. Já ao longo desse processo, o fluxo do estriado é que foi aumentado. O neo-estriado e o cerebelo estão envolvidos na aquisição e no planeamento das ações, constituindo, então, através de conexões entre o cerebelo e o tálamo e entre o cerebelo e os lobos frontais, elos entre o sistema implícito e o explícito. NEUROCIÊNCIA, PEDAGOGIA E NEUROPSICOPEDAGOGIA A Neuropsicopedagogia é o campo das neurociências em que ocorre a intersecção das ciências cognitivas com as ciências do comportamento, e ela engloba ambas. A Neuropsicopedagogia tem ramificações que alcançam muitas outras facetas do conhecimento como a psiquiatria. Os psiquiatras se preocupam em saber como, onde e em quais circuitos cerebrais ocorre a ação medicamentosa. Esquizofrenia, depressão, ansiedade, transtornos obsessivo- compulsivos e outras manifestações psiquiátricas são hoje estudadas à luz de seu substrato biológico cerebral. Nesse contexto, o neuropsicopedagogo participa da avaliação das funções cognitivas e da terapia cognitivo- comportamental. A tarefa da ciência neural hoje é a de fornecer explicações do comportamento em termos da atividade cerebral, de explicar como milhões de células neurais individuais, no cérebro, atuam para produzir o comportamento e como, elas são influenciadas pelo ambiente. Existem alguns questionamentos da parte de alguns pesquisadores acerca da análise da função cerebral que a neurociências se ocupa, isto, questiona-se se estas são suficientemente refinadas para verdadeiramente esclarecer sobre a relação entre comportamento humano e função cerebral. (BARROS, et al., 2004). No entanto, encontramos respostas esclarecedoras a esses questionamentos. O desenvolvimento da neurociência cognitiva conduz a uma epistemologia não-reducionista, que trabalha com distintos, mas inter- relacionados níveis de análise. Diferentes metodologias são usadas para a observação de diferentes níveis de organização da estrutura e funções cerebrais, obtendo-se entendimento detalhado de mecanismos cognitivos no cérebro animal. Modelos mais amplos procuram integrar esse conhecimento empírico e descobrir os princípios fundamentais das funções cognitivas de cérebro. (JÚNIOR, 2001). A Neuropsicopedagogia, um dos campos de estudo da neurociência é uma área de conhecimento que trata da relação entre cognição e comportamento e a atividade do sistema nervoso em condições normais e patológicas. A Neuropsicopedagogia cognitiva está preocupada com os padrões de desempenho cognitivo intacto e deficiente apresentados pelos pacientes com lesão cerebral, pois para os neuropsicopedagogo cognitivos, o estudo de pacientes com lesão cerebral pode revelar muito sobre a cognição humana normal. (EYSENCK; KEANE, 2007; COSENZA; FUENTES; MALLOY- DINIZ, 2008). Este campo compreende o estudo da relação entre as funções neurais e psicológicas e o estudo do comportamento ou mudanças cognitivas que acompanham lesões em partes específicas do cérebro sendo que estudos experimentais com indivíduos normais também são comuns. Assim, se um indivíduo com lesão em determinada área cerebral mostra um déficit cognitivo específico, então essa área poderá estar envolvida na função cognitiva afetada. O estudo aprofundado de indivíduos com lesão permite compreender o funcionamento cognitivo normal. A pedagogia também tem utilizado dos conhecimentos dos mecanismos cerebrais envolvidos na aprendizagem. À medida que ocorre maturação e a especialização das redes neuronais ao longo do desenvolvimento infantil e a participação das diferentes áreas cerebrais na aprendizagem, o material aprendido, por exemplo, a alfabetização, influencia a organização cerebral. (MENDONÇA; AZAMBUJA; SCHLECHT, 2008). Há uma relação direta entre as neurociências e a educação, se considerarmos a significância do cérebro no processo de aprendizagem do indivíduo, assim como o contrário. O estudo da aprendizagem une de modo inevitável a educação e a neurociência. Esta última incide o seu estudo na relação entre o funcionamento neurológico e a atividade psicológica, dando ênfase à análise do comportamento, como a manifestação última da atividade do sistema nervoso. (POSNER; ROTHBART, 2005). A aprendizagem depende da neuroplasticidade e pode ser entendida como um processo pelo qual o sistema nervoso reestrutura funcionalmente suas vias de processamento e representação da informação. A neuroplasticidade é a capacidade que o encéfalo possui em se reorganizar ou readaptar frente a novos estímulos, sejam eles positivos ou negativos. As sinapses ou conexões entre os neurônios se modificam durante o processo de aprendizagem, quando há evocação da memória, quando adquirimos novas habilidades. Ao analisar os neurônios após um processo de aprendizagem, pode-se observar várias modificações estruturais que ocorreram, tais como o brotamento de espículas dendríticas, brotamento axonal colateral e desmascaramento de sinapses silentes. A neuroplasticidadepossibilita a reorganização da estrutura do encéfalo e constitui a fundamentação neurocientífica do processo de aprendizagem. As estratégias pedagógicas devem utilizar recursos que sejam multissensoriais, para ativação de múltiplas redes neurais que estabelecerão associação entre si. Se as informações/experiências forem repetidas, a atividade mais frequente dos neurônios relacionados a elas, resultará em neuroplasticidade e produzirá sinapses mais consolidadas. A sociedade criou expectativas em relação ao que as neurociências podem trazer à educação, sendo algumas dessas crenças falsas. A procura de respostas não deve incidir na questão de como a ciência do cérebro é aplicada à prática educativa, mas sim naquilo que os educadores precisam saber e como podem ser informados pela investigação neurocientífica. O ponto de partida para o entendimento mútuo passa pela utilização de um vocabulário que seja igualmente entendido por neurocientistas e educadores. Os próprios problemas de investigação devem responder a questões elaboradas pelo trabalho conjunto de modo a ir de encontro aos reais problemas que ocorrem nos contextos educativos. Quanto maior for o diálogo, menos espaço haverá para interpretações erradas, sendo mais esclarecedor por todas as partes. O desenvolvimento da neurociência é verdadeiramente fascinante e gera grandes esperanças de que, em breve, novos tratamentos estarão disponíveis para uma grande gama de transtornos e distúrbios do sistema nervoso que debilitam e incapacitam milhões de pessoas anualmente. Concluindo, não há como separar o comportamento de sua base biológica. Entretanto é importante ressaltar que o sistema nervoso é apenas condição necessária para que o comportamento, os pensamentos e sentimentos ocorram. Nunca foi e nunca será pretensão da neurociência afirmar que o sistema nervoso seja condição suficiente para a emergência de tais processos. Não cabe à neurociência discutir construtos como a consciência e nem tampouco tentar solucionar dilemas metafísicos, tais como a possível dualidade mente/cérebro, a questão dos qualia ou a causação psicofísica. A despeito do que dizem os críticos da neurociência, esta tem somente um único objetivo: tentar compreender o sistema nervoso, e nada mais! O máximo que podemos afirmar é que os nossos pensamentos e sentimentos são produtos de estímulos que delineiam e modelam o encéfalo, sendo que o ambiente social, atuando sobre um substrato genético, é uma poderosa força moduladora para este processo. Relação entre neurociência e educação Os comportamentos que adquirimos ao longo de nossas vidas resultam do que chamamos de aprendizagem ou aprendizado. Aprender é uma característica intrínseca do ser humano, essencial para sua sobrevivência. A educação visa ao desenvolvimento de novos comportamentos num indivíduo, proporcionando-lhe recursos que lhe permitam transformar sua prática e o mundo em que vive. Educar é proporcionar oportunidades e orientação para aprendizagem, para aquisição de novos comportamentos. Aprendizagem, por sua vez, requer várias funções mentais como atenção, memória, percepção, emoção, função executiva, entre outras. E, portanto, depende do cérebro. O Sistema Nervoso (SN), por meio de seu integrante mais complexo, o cérebro, recebe e processa os estímulos ambientais e elabora respostas adaptativas que garantem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie. A evolução nos garantiu um cérebro capaz de aprender, para garantir nosso bem-estar e sobrevivência e não para ter sucesso na escola. A menos que o bom desempenho escolar signifique esse bem-estar e sobrevivência do indivíduo. Na escola o aluno aprende o que é significativo e relevante para o contexto atual de sua vida. Se a “sobrevivência” é a nota, o cérebro do aprendiz selecionará estratégias que levem à obtenção da nota e não, necessariamente, à aquisição das novas competências. Tabela - Princípios da neurociência com potencial aplicação no ambiente de sala de aula. Fonte: Bartoszeck, 2006. O comportamento humano resulta da atividade do SN, do conjunto de células nervosas, ou redes neurais, que o constituem. O comportamento depende do número de neurônios e de suas substâncias químicas, da atividade destas células, da forma como neurônios se Informação, para o neurônio, é a alteração das suas características eletroquímicas. Quando o indivíduo está em interação com o mundo, exibindo um comportamento, vários conjuntos de neurônios, em diferentes áreas do SN estão em funcionamento, ativados, trocando informações. As funções mentais são produzidas pela atividade do SN e resultam do cérebro em funcionamento. Funções relacionadas à cognição e às emoções, presentes no cotidiano e nas relações sociais, como sentir e perceber, gostar e rir, dormir e comer, falar e se movimentar, compreender e calcular, ter atenção, lembrar e esquecer, planejar, julgar e decidir, ajudar, pensar, imaginar, se emocionar, são comportamentos que dependem do funcionamento do cérebro. Educar e aprender também. As neurociências são ciências naturais, que descobrem os princípios da estrutura e do funcionamento neurais, proporcionando compreensão dos fenômenos observados. A. Educação tem outra natureza e sua finalidade é criar condições (estratégias pedagógicas, ambiente favorável, infraestrutura material e recursos humanos) que atendam a um objetivo específico, por exemplo, o desenvolvimento de competências pelo aprendiz, num contexto particular. A educação não é investigada e explicada da mesma forma que a neurotransmissor. Ela não é regulada apenas por leis físicas, mas também por aspectos humanos que incluem sala de aula, dinâmica do processo ensino aprendizagem, escola, família, comunidade, políticas públicas. Descobertas em neurociências não se aplicam direta e imediatamente na escola. O trabalho do educador pode ser mais significativo e eficiente se ele conhece o funcionamento cerebral, o que lhe possibilita desenvolvimento de estratégias pedagógicas mais adequadas. Aprender não depende só do cérebro. É importante esclarecer que as neurociências não propõem uma nova pedagogia e nem constituem uma panaceia para a solução das dificuldades da aprendizagem e dos problemas da educação. Elas fundamentam a prática pedagógica que já se realiza, demonstrando que, estratégias pedagógicas que respeitam a forma como o cérebro funciona, tendem a ser mais eficientes. A neurociência por si só não pode fornecer o conhecimento específico necessário para elaboração de ambientes de aprendizagem em áreas de conteúdo escolar específicas, particulares. Mas fornecendo “insights” sobre as capacidades e limitações do cérebro durante o processo de aprendizagem, a neurociência pode ajudar a explicar porque alguns ambientes de aprendizagem funcionam e outros não. Descobertas em neurociências não se aplicam direta e imediatamente na escola. A aplicação desse conhecimento no contexto educacional tem limitações. As neurociências podem informar a educação, mas não explicá-la ou fornecer prescrições, receitas que garantam resultados. Teorias psicológicas baseadas nos mecanismos cerebrais envolvidos na aprendizagem podem inspirar objetivos e estratégias educacionais. A inclusão dos fundamentos neurobiológicos do processo ensino- aprendizagem na formação inicial do educador proporcionará nova e diferente perspectiva da educação e de suas estratégias pedagógicas, influenciando também a compreensão dos aspectos sociais, psicológicos, culturais e antropológicos tradicionalmente estudados pelos pedagogos. O NEUROPSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO BÁSICA O neuropsicopedagogo é um especialista da junção da neurociência, psicologia e pedagogia, que busca compreender o funcionamento do cérebro, além de adaptar às melhores metodologias educacionaisaos indivíduos com sintomas cognitivas e emocionais debilitados. De antemão, esse profissional, deve conhecer as anomalias neurológicas para desenvolver um papel de acompanhamento pedagógico as pessoas que apresentem essas sintomatologias, sendo assim um dos elementos mais importantes para desenvolver e estimular novas sinapses diante do processo de ensino e aprendizagem (TABAQUIM, 2003). O trabalho do neuropsicopedagogo em âmbito escolar ou fora dele é de propor exercícios de estímulos aos pacientes/alunos que auxilie as atividades cerebrais. O cérebro por sua vez, tem as funções de receber, selecionar, memorizar e processar os elementos captados pelos sensores, a qual esse compreensão desse órgão, auxilia no trabalho desse profissional. Sendo assim, realiza um trabalho que avalia e auxilia nos processos didático-metodológicos e na dinâmica institucional para um melhor processo de ensino e aprendizagem, direcionando suas atenções para aquelas pessoas com transtornos diversos e que necessitam de um olhar mais apurado em seu tempo de aprendizagem. Aliás, todo ser humano tem capacidade para aprender, não importando suas limitações. Em linhas gerais, os alunos que apresentam deficiências sensoriais, mentais, cognitivas ou transtornos significantes no comportamento em âmbito escolar, são amparados pela Educação Inclusiva, leis que foram discutidas na Declaração de Salamanca (1994), na Conferência de Jomtien (1990), Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), a qual ratificaram que todos, devem tem possibilidades de integrar-se ao ensino regular e sem restrição. Desse modo, a escola deve adaptar-se para atender essas necessidades ao inseri-los em classes regulares, buscando caminhos que favoreçam a integração dos mesmos em boas práticas e replicabilidade posteriormente. Porém, no cotidiano escolar a realidade é outra, pois pais, educadores e os próprios colegas de sala, não estão preparados para auxiliar o incluso nas turmas regulares de ensino da Educação Básica. Contudo, percebe-se que falta de investimentos e principalmente o reconhecimento dessa profissão está aquém do esperado, salve algumas instituições de ensino particulares e públicas da Educação Básica no país. Atualmente a escola é a única instituição de ensino capaz de ampliar as questões de aprendizagens e sociais dos indivíduos, mas vem recebendo inúmeras tarefas perdendo o foco com a relação com o saber. Assim, a escola e cérebro com suas funções especificas remetem ao desenvolvimento cognitivo, por isso devem estar agregadas as funções do neuropsicopedagogo que fará a amálgama para o sucesso escolar. Ao conhecer as funções neurofuncionais de alunos com determinadas limitações, o neuropsicopedagogo torna-se primordial para o processo educacional ao empregar como recurso principal, entrevistas dedicadas a expressão e comportamentos em busca do diagnóstico educacional. Assim, será capaz de desenvolver um trabalho pertinente, proporcionando assim, um processo eficaz na aprendizagem dos alunos da Educação Básica. As atribuições do neuropsicopedagogo, em conhecer os distúrbios das aprendizagens e posteriormente os processos da aprendizagem humana, tem a função de identificar, diagnosticar e encaminhar a outros especialistas por meio de pareceres e laudos. Distúrbios esses, que podem estar relacionados a leitura, a escrita, a matemática, a situação problemas, a déficit visuais, motora, transtornos emocionais ou desenvolvimento intelectual. Com essas observações especificas pode-se endossar os recursos mediante a outros laudos de profissionais de saúde, a partir do quadro de sintomas existentes do aluno, e assim, trilhar o caminho para a solução do problema de aprendizagem dos mesmos. Em âmbito escolar, após o diagnóstico de outros especialistas, o profissional de neuropsicopedagogo atuará paralelamente com a família, com intuito de realizar um trabalho de intervenção pedagógica, almejando a evolução sistêmica do mesmo, respeitando sempre as limitações de cada indivíduo. Dentro deste novo contexto educativo de inclusão, os membros da comunidade escolar percebem urgentemente a necessidade de um profissional especialista, que venha dar suporte diariamente, nas questões pedagógicas e psicológicas para promover uma aprendizagem mais eficaz e redução dos problemas educacionais nos diversos níveis de ensino. O neuropsicopedagogo pode atuar como clinico e institucional, contudo o víeis dessa pesquisa esteve volto para as questões escolares, e suas contribuições direcionou-se para os problemas encontrados nesse espaço/tempo cotidianamente. Raramente, as escolas do país, possuem esse profissional que auxiliem pais, professores e alunos em suas labutas. Exceto, as salas de recursos, que possuem um especialista em Educação Especial, ou que corresponde a área de maior necessidade pela demanda de alunos “laudados”, ou seja, apontados por um especialista em educação especial quando a escola possui, normalmente trabalhando com um pequeno grupo de alunos. Segundo o Código de Normas Técnicas 01/2016, da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia, no artigo 29, as funções do neuropsicopedagogo se resume em: a) Observação, identificação e analise do ambiente escolar nas questões relacionadas ao desenvolvimento humano do aluno nas áreas motoras, cognitivas e comportamentais, considerando os preceitos da neurociências aplicada a Educação, em interface com a Pedagogia e Psicologia Cognitiva; b) Criação de estratégias que viabilizem o desenvolvimento do processo ensino e aprendizagem dos que são atendidos nos espaços coletivos; c) Encaminhamento de pessoas atendidas a outros profissionais quando o caso for de outra área de atuação/ especialização contribuir com aspectos específicos que influenciam na aprendizagem e no desenvolvimento humano. (SBNPp, 2016, p. 4). O neuropsicopedagogo necessita ter conhecimentos dos processos de aprendizagens, bem como as metodologias utilizadas pelos docentes em sala de aula do ensino regular, currículo e atividades didáticas que podem influenciar na aquisição do aprendizado, assim compreender, se as causas do transtornos tem realmente origem nas questões neuronais, familiar ou mesmo na didática do professor regular. Mesmo que o especialista em Neuropsicopedagogia desenvolva um papel significativo nos quesitos de diagnósticos e na aplicação das ferramentas pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem, os problemas contemporâneos se destacam em cunhos socioeconômico, familiar e cultural ainda bastante incisivos para o fracasso escolar. Em contrapartida, defasagens de aprendizagens, incivilidades e indisciplinas que permeiam no cotidiano escolar, poderiam serem amenizados se as famílias estivessem ainda mais presente na vida escolar dos filhos. É notório que a ausência de responsáveis, seja em âmbito escolar ou afetivo, expõe os filhos a viverem com sentimento de insegurança, carência, desvalorização e desinteresses, criando assim, traumas irreversíveis em muitos casos, a qual consequentemente afeta no processo da aprendizagem do aluno. Assim, a educação escolar é um subsídio interpretado pela a família, e não vice versa, como pensam alguns pais com uma inversão de valores, ao deixar os filhos à mercê dos professores na escola. Educandos, assimilam a aprendizagem de forma distinta, inicialmente com diferentes estratégias metodológicas propostas pelos educadores. Segundo pela capacidade neuronal de cada indivíduo ao que se refere a questão de tempo e espaço. Desse modo, alunos necessitam de acompanhamento e atividades diferenciadas no cotidiano escolar. Uma estratégia para a aprendizagem dos alunos com limitações diversas, é na formação das duplas produtivas nas atividades propostas,pois assim um aluno auxilia o colega nos exercícios. A saber, na Educação Básica, os poucos programas educacionais existentes voltados para implementação de atividades diversificadas e demais projetos de intervenção pedagógica, estão na capacidade de cada envolvidos com a melhoria do ensino de qualidade. Com isso, na medida em que o neuropsicopedagogo se demonstra mais aplicado em suas atribuições, melhor se ratifica suas funções em âmbito escolar. Sendo assim, cada vez mais cedo diagnosticar as naturezas físicas e sensoriais dos alunos com necessidades intelectuais cognitivas e emocionais, melhor será as intervenções ou encaminhamento do especialista ao desenvolvimento intelectual na aprendizagem do aluno. Por fim, a compreensão dos processos motivacionais envolvidos dentro do ensino e aprendizagem, estão ligados diretamente a liberação dos neurotransmissores, a sistemas de recompensa, límbico e regiões do hipocampo. Portanto, ao diagnosticar precocemente um transtorno de defasagem de aprendizagem, função prioritária do neuropsicopedagogo, esse processo remeterá aos melhores métodos de ensino a serem desenvolvidos na aquisição de informações, conhecimentos e intervenções nas crianças com transtornos e dificuldades do ato de aprender. O embasamento neuropsicopedagógico A Neuropsicopedagogia é o campo do conhecimento que procura reunir os avanços da neurociência com a psicopedagogia. O profissional neuropsicopedagogo tem conhecimento amplo das emoções e domina os elementos clássicos da psicopedagogia. Ele procura buscar entender a forma como o cérebro recebe, seleciona, transforma, memoriza, arquiva, processa e elabora todas as sensações captadas pelos diversos sentidos sensoriais, e por meio desse entendimento, realizar e adaptar as metodologias e técnicas de aprendizagem a cada pessoa na sua individualidade e principalmente aquelas características emocionais, cognitivas e de pensamento diferenciado. O embasamento teórico é fundamental para o diagnóstico psicopedagógico, podendo ser lembrados os escritores: Winnicott, M. Klein, Mannoni, Pichon-Rivière, referencias que vão enriquecer e sedimentar a prática do diagnóstico e da intervenção. Além do referencial teórico, o profissional necessita ter um olhar refinado para compreender o que está́ nas entrelinhas. Para buscar uma resposta para as dificuldades de aprendizagem, ou da não aprendizagem, apresentadas pelo sujeito por meio do diagnóstico, o psicopedagogo deve levar em consideração a sociedade em que esse aluno está inserido, a escola e o próprio sujeito. Costuma-se dizer que o primeiro lugar no qual se identifica o “problema” da criança é a escola, pois muitas vezes os pais não notam, mas o professor percebe um sintoma de que alguma coisa não vai bem. Nesse momento, o olhar refinado do professor também faz toda a diferença para que se encaminhe o aluno em questão para o psicopedagogo, fornecendo subsídios que poderão contribuir para o diagnóstico do psicopedagogo. Muitas vezes, o psicopedagogo, tendo que lidar também com os problemas fama- liares, deve apresentar equilíbrio em sua saúde emocional para evitar o risco da contratransferência no momento de identificar o problema e efetuar as devidas intervenções. O processo ensino aprendizagem ocorre não somente quando a criança entra para a escola, manifestando-se desde o momento do nascimento e, a partir de então, proporcionando que a criança traga consigo toda uma bagagem de conhecimento, pois faz parte de uma sociedade na qual a família está inserida, com seus costumes e com seus problemas (social, cultural etc.). Pode-se citar um caso recente sobre fracasso escolar, em que uma família de classe social inferior, com três filhas (6 anos, 8 anos e 9 anos) só matriculou as crianças na escola quando a mais nova atingiu a idade para ingressar no fundamental I. Note-se que a mais nova não apresentou nenhuma dificuldade, mas as outras duas apresentaram muita. Em se tratando de fracasso escolar, é necessário que se leve em conta uma série de fatores, a começar pelo contexto de vida da criança e da família. Deve-se também considerar que as crianças são diferentes entre si e tem especificidades próprias, além do fato de cada uma delas estar em num momento diferente de desenvolvimento. Hábitos, costumes, religião, valores que são comuns nas família, e até́ mesmo nos professores e funcionários da escola, podem interferir na percepção que a criança tem do mundo à sua volta. Pode parecer utópico, mas há́ diversos casos de fracasso escolar provocado por ações internas da escola. Por entender que o grupo de docentes de uma pequena escola particular ne- cessitava de formações e de informações, a diretora convidou a autor(a) deste texto para ministrar uma formação para o grupo. Na primeira oficina aplicada, o(a) profissional observa que uma professora comentava com seu grupo que não permitia que seus alunos escrevessem usando a mãozinha esquerda. Lembrando-se de suas experiências do passado, contou que sua mãe também não permitia que ela escrevesse com a mão esquerda, o que para ela foi muito bom, pois atualmente consegue escrever com as duas mãos, sem problema algum. Acrescentou ainda que só tinha um “pouquinho” de dificuldade em saber identificar sua mão direita ou a esquerda. Ao observar a letra dessa professora enquanto fazia as anotações no caderno, mostrando aos colegas que escrevia utilizando as duas mãos, percebem-se as irregularidades da escrita, o que provocou uma indagação: como os alunos dela conseguiam entender o que ela escrevia, pois o seu traçado era trêmulo e com várias segmentações. É comum que a família e a escola coloquem toda expectativa sobre a criança, sem se darem conta de que muitas vezes está ainda não se encontra em condições de abarcar toda a responsabilidade e a cobrança que lhe são atribuídas. Por esse motivo, escola e família se frustram e atribuem o fracasso escolar à criança. Esse é o momento em que ocorre o encaminhamento para o Psicopedagogo. Dizemos que a aprendizagem acadêmica é a entrada do sujeito para o mundo letrado, com competências adquiridas ao longo dos anos nos bancos escolares. O aluno incorpora tudo o que lhe é ensinado e, ao se apropriar deste ensina- mento, passa para a etapa das representações simbólicas. Quando a criança aprende, afirma-se que ela é um aprendiz ativo e essa aprendizagem lhe dá certa autonomia. Ocorrem muitas vezes casos em que o entusiasmo e a ansiedade da criança, se não percebidos pelo professor (e às vezes não o é), podem atropelar o processo de aprendizagem. O mesmo ocorre com o psicopedagogo durante o diagnóstico. O diagnóstico psicopedagógico vai além das sessões do consultório, devendo ser multidisciplinar. Outros profissionais devem estar envolvidos sempre que surgirem questões relacionadas à saúde do sujeito, como, por exemplo, o oftalmologista, caso a criança apresente alguma dificuldade visual, ou se surgir alguma dúvida referente à visão, ou ainda o Neurologista, o Pediatra, ou até mesmo o Psiquiatra. INTERAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA Nas sessões diagnosticas ocorre uma relação entre psicopedagogo e sujeito, na qual um busca conhecer o outro. Esse é o processo por meio do qual se consegue entrar no mundo desse sujeito e compreender o que o impede de aprender, suas dificuldades, seus anseios e seus medos. É importantíssimo que o psicopedagogo reconheça sua própria subjetividade na relação com o sujeito. Essa interrelação é muito complexa, pois cabe a esse profissional entender e compreender como se constitui o sujeito, como ele se transforma diante das etapas da vida e quais são os recursos que utiliza para adquirir conhecimento. No procedimento diagnostico, a escuta psicopedagógica é primordial porque vai trazere nortear o diagnóstico e a intervenção. Durante a escuta é que se pode saber qual é o interesse do sujeito em aprender ou ignorar o aprendizado. Depois do processo de anamnese, inicia-se o diagnóstico. Em alguns casos, a família relata que a criança já apresentou melhora, o que pode acontecer, pois a criança faz a seguinte leitura: a família está se preocupando mais comigo e me dando maior atenção. De algum modo, os pais também começam a perceber que a criança está ali, junto deles, e que não estavam dirigindo a ela um olhar específico, simplesmente viviam os dias. Para realizar o diagnóstico, devem-se levar em consideração alguns aspectos: orgânicos, cognitivos, sociais, emocionais e pedagógicos. Uma vez que o diagnostico está pronto, inicia-se o processo de intervenção, utilizando recursos que possibilitem solucionar o problema. Pode- se afirmar que o diagnostico não é estanque, pois durante o processo de intervenção, a investigação continua e novas informações vão surgindo à medida que o vínculo sujeito e profissional vai se estabelecendo. Para garantir a eficácia do diagnostico, ou mesmo da intervenção, deve- se or- ganizar um plano de trabalho de forma crescente, isto é, iniciando com tarefas mais simples, em termos de dificuldade, que proporcionarão ao sujeito atividades que ele possa realizar sem se frustrar. Essa ação deve ser levada a cabo sem que ele associe a prática de sala de aula com a do consultório. O diagnóstico, como já́ mencionado, é um processo contínuo e com procedimentos específicos para cada caso, independentemente do referencial teórico adotado ou da metodologia a seguir. Desse modo, é importante que o psicopedagogo tenha em mente que o sujeito traz o seu problema e não cabe ao profissional traçar um roteiro igual para todos os sujeitos que apresentem dificuldades de aprendizagem com as mesmas características. O psicólogo O objetivo do psicólogo deve ser orientar e capacitar os professores das áreas internas da instituição para que possam ter um desempenho de qualidade com os alunos e um equilíbrio profissional e emocional. Portanto, deve ajudar a orientar o educador a ser altamente reflexivo sobre sua infância, descobrindo o estado de personalidade interior, para que possa refletir e compreender a infância e a história de vida do aluno. Os psicólogos também precisam ter alguma orientação para ajudar os educadores a refletir e reconhecer em uma base teórica. De fato, essas direções apontam para a contribuição fundamental dos educadores em sala de aula. Buscando compreender a sagacidade do aluno, as dificuldades dos familiares, a criança à deriva nas mudanças que existem como um todo. O neurologista O foco do acompanhamento neuropsicológico e psicopedagógico é trabalhar, exercitar e estimular as capacidades cognitivas avaliadas, no que diz respeito a potencialidades, buscando mudar e melhorar dificuldades e transtornos diagnosticados, trabalhando capacidades de atenção, memória, percepção, linguagem, funções executivas, práxis, habilidades aritméticas, entre outros. Fonoaudiólogo A função exercida por um fonoaudiólogo é completamente multidisciplinar, ele é responsável por traçar, junto com as diretrizes da equipe pedagógica, exercícios que trabalhem a oralidade. Que são materiais gráficos para estimular a leitura e, assim, analisar os problemas apresentados pela criança. Esses profissionais não pertencem à área pedagógica, mas podem participar do planejamento escolar pois a comunicação do estudante é um detalhe primordial. Representam uma importante parceria na proposição de soluções que visem dar à criança melhores resultados em sua linguagem. Geralmente fonoaudiólogo procura exercer suas atividades por meio de técnicas que envolvem o aspecto lúdico, como textos próprios para a infância e até jogos que estimulem a fala. Os exercícios são voltados diretamente na musculatura que estejam ligados à fala e à audição. AS CONTRIBUIÇÕES DAS ÁREAS DA MEDICINA O diagnostico clínico ou psicopedagogia curativa realiza-se em consultório, por meio de atendimento individual, grupal ou familiar. O trabalho clínico implica em procedimento diagnostico e terapêutico. No procedimento diagnostico, o objetivo é conhecer o sujeito e o aprendizado versus o desejo de aprender. O terapeuta, para intervir no processo curativo ou preventivo, precisa, antes de qualquer coisa, concluir o diagnóstico, assim ele terá subsídios para traçar o seu plano de trabalho. O diagnóstico é um processo contínuo e passível de alterações de sequência de in-vestigações com intervenções constantes e, acima de tudo, da evolução do sujeito. O diagnostico clínico começa com um telefonema tenso e ansioso, por parte dos pais, ou com uma queixa da escola. O papel do terapeuta nesse momento é de orientação aos pais. Uma boa sugestão, como primeiro passo para o diagnóstico, após o telefonema, é começar pela entrevista inicial com os pais. Caso estes concordem com o trabalho, estabelece-se o contrato no qual se acertam: valores e dia e horários para o atendimento ao sujeito. Na área médica o termo “olho clínico” significa perspicácia na análise, sendo este um termo muito utilizado. A psicopedagogia, então, empresta essa maneira de olhar para aplicar no diagnóstico. Portanto, o emprego do olhar clínico começa já na entrevista inicial e segue em uso até́ o término do processo. A anamnese tem como objetivo fornecer dados importantes da história do clien- te e da família, desde a concepção até os dias atuais. O momento da anamnese é quando se conhece a expectativa que a família depositou no sujeito, o projeto de vida que traçaram para o filho, quais frustrações surgiram a partir da queixa e as possíveis etiologias apresentadas na família. Na anamnese é importante que pai e mãe estejam juntos. Se o casal for separado, ou um deles não puder comparecer à sessão, não se deve permitir que o cônjuge presente atribua as responsabilidades do problema para o que está ausente. Assim sendo, o ausente será ouvido em outro horário. Muitas vezes não se consegue concluir a anamnese em uma única sessão, sendo possível concluí-la em duas sessões para não interromper a sequência do relato. Diagnóstico Um diagnostico psicopedagógico envolve o professor, o aluno e o conhecimento contextualizado da escola, principalmente a sala de aula, um dos locais onde acontece a aprendizagem. Três eixos são importantes no diagnostico psicopedagógico na instituição: 1. Sociopolítico 2. Pedagógico 3. Psicopedagógico O eixo sociopolítico envolve a organização escolar destinada a ensinar. O eixo pedagógico refere-se ao processo de ensino, que envolve a relação dos conteúdos e a didática eficiente, com resultados positivos que avancem e tornem o aluno autônomo. O eixo psicopedagógico prioriza o sujeito que aprende e o lugar em que aprende. Identifica onde e porque está ocorrendo a dificuldade de aprendizagem e o motivo pelo qual a dificuldade tenha se instalado. Busca soluções, juntamente com o grupo, em uma ação multidisciplinar. Nós parágrafos a seguir serão abordados alguns itens importantes para a ava- liação diagnostica da instituição. Sendo o professor corresponsável pelo aluno que a escola produz, sugere-se uma proposta para o início da avaliação diagnóstica psicopedagógica. Como a escola é um local de análise crítica e de transformação do processo de construção e de produção do conhecimento, propõe-se uma reflexão com esse profes- sor. Acredita-se ser este o primeiro passo para que se conheça a equipe docente da escola, aquela que atua diretamente com o aluno. Serão feitas perguntas, sem que se obtenham respostas, ação esta que se des- tina apenas à reflexão. ReflexãoComo ocorreu o seu processo de aprendizagem no passado? Será que você tirou de “letra”? Teve dificuldades em alguma matéria? Como foi sua alfabetização? Qual foi o método utilizado? Quem foi sua primeira professora? Como era a escola naquela época? Você já passou por essa experiência, pois um dia foi aluno. Alguma coisa marcou a sua vida na escola ou no período em que era aluno? e outras. Após um tempo para a reflexão, abre-se espaço para a discussão. Alguns professores podem se calar ou se recusar a falar. Com certeza esse momento os levou à interiorização e mexeu com suas estruturas emocionais. Nos dias atuais: E hoje como você atua com o seu aluno? Você está reproduzindo o seu professor do passado ou você está tentando não repetir o que ele fez? Você conhece o processo de construção do conhecimento? Você está aberto a mudanças? Essa reflexão faz o professor se interiorizar e pensar em como ele vem atuando em sala de aula com o seu aluno. Essa proposta não tem como objetivo “tratar” ninguém, nem tão pouco fazer uma intervenção clínica, restringindo-se apenas à reflexão e à consequente mudança de postura, reflexão essa que leva à busca por orientações a respeito de como mudar e como melhorar o desempenho dos professores em sala de aula. Realizada como ponto de partida do diagnóstico psicopedagógico, tal reflexão fornece subsídios para elaborar um projeto de formação, para que se saiba por onde começar e qual é o tema a ser abordado inicialmente. Outro ponto importante é o conhecimento do professor sobre como o homem constrói a escrita para que compreenda como o seu aluno constrói a própria aprendizagem. Esse fato pode ser o início da formação. VÍDEO DE APOIO Visando promover mais um pouco de conhecimento sobre o assunto de sobre a TEORIA E PRÁTICA DA NEUROPSICOPEDAGOGIA, foram selecionados alguns vídeos que deverão ser assistidos antes de inciar a leitura do conteúdo da apostila. https://www.youtube.com/watch?v=2rXW6JazYew REFERÊNCIAS ALBRIGHT, T. D.; KANDEL, E. R.; POSNER, M. I. Cognitive neuroscience. Current Opinion in Neurobiology, London, n.10, v.5, p.612-624, 2000. BAILLARGEON, R. Reasoning about the height and location of a hidden object in 4.5 and 6.59 month-old infants. In: ______. Cognition. Illinois: Elsevier Science Publishers B.V., n.38, 1990. p.13-42. BARROS, C. E., et al. O organismo como referência fundamental para a compreensão do desenvolvimento cognitivo. 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