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TEORIA E PRÁTICA DA NEUROPSICOPEDAGOGIA 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos 
culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e 
comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de 
comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de 
forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir 
uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma 
das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela 
inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
TEORIA E PRÁTICA DA NEUROPSICOPEDAGOGIA ----------------------- 1 
NOSSA HISTÓRIA ---------------------------------------------------------------------- 2 
SUMÁRIO ---------------------------------------------------------------------------------- 3 
INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------------------------------- 4 
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO ------------------------------------------------ 6 
Alguns temas da neurociência cognitiva-------------------------------------- 11 
Atenção ----------------------------------------------------------------------------- 11 
Consciência ----------------------------------------------------------------------- 12 
Tomada de decisões ------------------------------------------------------------ 13 
Memória ---------------------------------------------------------------------------- 14 
Memória de curto prazo -------------------------------------------------------- 16 
Memória de trabalho ------------------------------------------------------------ 16 
Memória de longo prazo ------------------------------------------------------- 17 
NEUROCIÊNCIA, PEDAGOGIA E NEUROPSICOPEDAGOGIA --------- 18 
Relação entre neurociência e educação-------------------------------------- 21 
O NEUROPSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO BÁSICA ------------------ 24 
O embasamento neuropsicopedagógico ------------------------------------- 29 
INTERAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA ---------------------------------------------- 32 
O psicólogo --------------------------------------------------------------------------- 33 
O neurologista ----------------------------------------------------------------------- 33 
Fonoaudiólogo ----------------------------------------------------------------------- 34 
AS CONTRIBUIÇÕES DAS ÁREAS DA MEDICINA ------------------------- 35 
Diagnóstico --------------------------------------------------------------------------- 36 
Reflexão ------------------------------------------------------------------------------- 37 
REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------ 43 
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INTRODUÇÃO 
 
 
A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada 
nos conhecimentos da Neurociência aplicada à educação, com interfaces da 
Psicologia e Pedagogia que tem como objeto formal de estudo a relação entre 
cérebro e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, 
social e escolar. 
 
 
A Neuropsicopedagogia estuda a relação entre o funcionamento do 
sistema nervoso e a aprendizagem humana. Para isso, busca relacionar os 
estudos das neurociências com os conhecimentos da psicologia cognitiva e da 
pedagogia. Seu objetivo é promover a reintegração pessoal, social e 
educacional a partir da identificação, do 
diagnóstico, da reabilitação e da 
prevenção de dificuldades e distúrbios da 
aprendizagem. 
A Neuropsicopedagogia apresenta -
se como um novo campo de conhecimento 
que através dos conhecimentos 
 
 
neurocientíficos, agregados aos conhecimentos da pedagogia e psicologia vem 
contribuir para os processos de ensino -aprendizagem de indivíduos que 
apresentem dificuldades de aprendizagem e que estão inseridos no processo 
de inclusão. Neuropsicopedagogia traz importantes contribuições à educação, 
pois existe a possibilidade de se perceber o indivíduo em sua totalidade. 
Através dos conhecimentos neuropsicopedagógico existe a 
possibilidade de entender como se processa o desenvolvimento de 
aprendizagem de cada indivíduo, proporcionando-lhe melhoras nas 
perspectivas educacionais e dessa forma desmistificar a ideia d e que a 
aprendizagem não o corre para alguns; na verdade sempre acontecerá a 
aprendizagem, entretanto par a uns ela vem acompanhada de muita 
estimulação, atividades diferenciadas, respeitando o ritmo de desenvolvimento 
do indivíduo. Para dar continuidade aos estudos, vamos falar a respeito dos 
conhecimentos da Neurociência aplicada à educação. 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 
 
 
Entender sobre o desenvolvimento de habilidades mentais é 
fundamental para compreender a organização e o funcionamento da mente 
humana. Uma abordagem comum em neurociência é correlacionar à 
maturação de funções cognitivas específicas com um estágio particular do 
desenvolvimento neural. 
Segundo Gazzaniga, Ivry e Mangun (2006), a diferença existente entre 
as capacidades dos recém-nascidos e a dos adultos são visíveis. Recém-
nascidos não caminham, não seguram objetos, não falam nem compreendem 
quando falamos com eles. Essas diferenças podem ser elucidadas de duas 
maneiras: os recém-nascidos podem ter todas as capacidades dos adultos, 
mas ainda não obtiveram, pela experiência, suas habilidades; e, em contraste, 
recém-nascidos podem diferir dos adultos em capacidades neurais e/ou 
cognitivas. 
A primeira hipótese coloca os recém-nascidos como possuidores de um 
circuito neural completamente formado, à espera das aderências e dos sinais 
do ambiente para que o desenvolvimento ocorra. A última propõe que recém-
nascidos ainda não possuem estruturas neurais e cognitivas para agir como um 
adulto e que esse desenvolvimento abarca mudanças radicais e qualitativas. 
Essa visão tem sido amplamente aceita pelas teorias do desenvolvimento com 
base em evidências tanto neurais quanto psicológicas. 
Uma teoria clássica de que recém-
nascidos diferem significativamente dos adultos 
vem do cientista suíço Jean Piaget. Piaget 
considerava que a aquisição do conhecimento é 
um processo e como tal deveria ser estudado de 
maneira histórica, abarcando o modo como o 
conhecimento muda e evolui. Desse modo, 
define sua epistemologia genética como a 
disciplina que estuda os mecanismos e 
processos mediante os quais se passa de “[...] 
 
 
estados de menor conhecimento aos estados de conhecimento avançado.” 
(PIAGET, 1971, p.8). 
Para Piaget, no processo de aquisição de novos conhecimentos, o 
sujeito é um organismo ativo que seleciona as informações que lhe chegam do 
mundo exterior, filtrando-as e dando-lhes sentido. (PIAGET, 1971). Conhecer, 
em sua percepção, é atuar diante da realidade modificando-a por meio de 
ações. Nesse sentido, atuar não significa essencialmente realizar movimentos 
e ações externas. Esse seria o caso de crianças pequenas que precisam 
manipular a realidade que as envolve, para entendê-la. Na maioria dos casos, 
essa atividade é interna, mental, ainda que possa se basear em objetos físicos. 
Ao contar, comparar, classificar, embora haja imobilidade do sujeito, ele está 
ativo mentalmente. 
De acordo com Piaget, todas as crianças passampor quatro estágios 
cognitivos mais ou menos na mesma idade, independentemente da cultura em 
que vivem. Nenhum estágio pode ser omitido, uma vez que as habilidades 
adquiridas em estágios anteriores são essenciais para os estágios seguintes. 
No estágio sensório-motor a criança explora o mundo e desenvolve seus 
esquemas principalmente por meio de seus sentidos e atividades motoras. Vai 
do nascimento até o período de “linguagem significativa” (por volta de 2 anos). 
Durante esse estágio, as crianças têm conceitos rudimentares dos objetos de 
seu mundo. Um conceito adquirido durante esse estágio é o de permanência 
do objeto: habilidade de saber que um objeto não deixa de existir simplesmente 
porque saiu de nosso campo de visão. Aos quatro meses, crianças que 
brincam com um objeto que será depois escondido, agem como se ele jamais 
estivesse existido. Ao contrário, um bebê com 10 meses procura ativamente 
um objeto que foi escondido embaixo de um pano ou por trás de uma tela. “Ele 
tem a consciência de que o objeto continua existindo, mesmo quando não está 
visível.” (PIAGET; INHELDER, 2003, p.20) 
 
 
 
 
 
 
. 
 
 
 
 
 
 
 
O sucesso em tarefas como essa marca o fim do estágio de inteligência 
sensório-motora, pois é o resultado de uma habilidade recém-desenvolvida 
para representar objetos e atos que não estão mais em seu campo de visão. 
Assim, as crianças exibem a permanência de objetos quando não tem mais 
dificuldade de conceitualizar a presença de um objeto fora do campo de visão. 
Estudos sugerem que Piaget possa ter subestimado as habilidades infantis, 
questionando sobre a natureza limitada das capacidades de um recém-nascido 
no domínio da integração sensório- -motora, da integração intermodal e da 
percepção de objetos. 
Os críticos de Piaget argumentam que um recém-nascido tem alguma 
forma de integração de experiências sensoriais por meios das modalidades da 
visão, da audição e do tato. Por exemplo, crianças recém-nascidas, quando 
dado suporte de cabeça é adequado, podem buscar localizar, visualmente, a 
origem de sons emitidos no ambiente. Isso sugere uma habilidade bem-
desenvolvida de integração intermodal visual e auditiva. (GAZZANIGA; IVRY; 
MANGUN, 2006). 
 Baillageron (1990) demonstrou que crianças pequenas de apenas 
alguns meses, normalmente percebem objetos parcialmente escondidos. Ela 
mostrava um objeto para as crianças e colocava-o atrás de um painel vertical 
que impedia sua visão. O painel era, então, derrubado, de duas formas 
distintas. Na primeira, o painel era derrubado e batia no objeto colocado atrás 
dele, como seria esperado. Na segunda, o painel era derrubado, mas o objeto 
 
 
havia sido removido secretamente, fazendo com que o painel caísse direto na 
superfície da mesa. Nestas tarefas, as crianças mostravam mais surpresa na 
segunda condição que na primeira. 
Após vários estudos em cognição, Flavell et al. (1999) assim se 
manifestam a respeito da teoria de Piaget, quanto aos estágios: A teoria de 
Piaget, entretanto, não faz afirmações apenas gerais, mas muito fortes e 
específicas a respeito da preponderância dos estágios da cognição em bebês, 
e estas afirmações não têm se sustentado em pesquisas recentes. Existem 
simplesmente muitos exemplos de competência mais precoce do que a 
esperada, muitas discrepâncias no nível de desempenho que não parecem 
depender dos processos construtivos de ação sobre o mundo com os quais 
Piaget definiu seus estágios. (FLAVELL, et al., 1999, p.64). 
No modelo de Piaget, temos ainda três estágios que seguem o estágio 
de inteligência sensório-motora. No estágio pré-operacional (dos 2 aos 7 anos), 
a linguagem progride substancialmente e a criança começa a pensar 
simbolicamente, usando símbolos, tais como palavras, para representar 
conceitos. No entanto, a criança ainda não consegue fazer operações ou 
processos mentais reversíveis. Neste estágio, a criança também é egocêntrica, 
isto é, não consegue distinguir suas próprias perspectivas das de outras 
pessoas, nem consegue entender que há pontos de vista diferentes dos seus. 
(PIAGET, 1971). 
 Dos 7 aos 11 anos, encontra-se o estágio de operações concretas. 
Nesse período, há a emergência de muitas habilidades importantes de 
raciocínio. O pensamento da criança, agora mais organizado, possui 
características de uma lógica de operações reversíveis. Entretanto, durante 
esse estágio, elas inicialmente podem realizar operações quantitativas somente 
com eventos concretos. Não é capaz de operar com hipóteses. (PIAGET, 
1971). 
E dos 11 anos em diante, durante o estágio de operações formais, as 
crianças aprendem a fazer representações abstratas de relações, de acordo 
com Piaget. Crianças nessa idade podem generalizar relações matemáticas e 
manifestar pensamento hipotético-dedutivo – a habilidade de gerar e testar 
hipóteses sobre o mundo. Piaget trouxe contribuições importantes, delimitando 
a linha do tempo do desenvolvimento cognitivo e tentando mostrar quando as 
 
 
crianças são capazes de realizar tarefas perceptivos, motoras e cognitivas 
complexas. 
O fato de que a idade exata para um processo particular possa ocorrer 
ser antes do que Piaget propôs, ou de que os estágios descritos por Piaget 
possam ser mais graduais do que os mencionados, não diminui 
significativamente o valor de seu conceito de desenvolvimento cognitivo. Além 
disso, descrever uma linha do tempo de maturação cognitiva é, com 
modificações adequadas, útil, porque um objetivo da neurociência cognitiva é 
relacionar a linha do tempo de desenvolvimento cognitivo com o 
desenvolvimento neural para esclarecer as bases biológicas da cognição. 
 
 
 
 
 
 
 
Alguns temas da neurociência cognitiva 
 
Atenção 
 
A atenção define-se pelo direcionamento da consciência e estado de 
concentração mental sobre determinado objeto. Caracteriza-se por selecionar, 
organizar e filtrar as informações, funcionando como uma filmadora. É um 
processo de extrema importância em determinadas áreas, como na educação, 
já que se exige, por exemplo, a um aluno que preste atenção às matérias 
lecionadas pelo professor, ignorando estímulos visuais, sonoros ou outros, 
como o que se está a passar fora da sala de aula (estando, neste caso, 
relacionado também com o problema da disciplina). 
Além da atenção concentrada, em que se seleciona e processa apenas 
um estímulo, também pode existir atenção dividida, em que são selecionados e 
processados diversos estímulos simultaneamente - como quando se conduz 
um automóvel e se ouvem as notícias do rádio simultaneamente. 
Para que a atenção atue são necessários três fatores básicos: 
Fator fisiológico, onde depende de condições neurológicas e também 
da situação contextual em que o indivíduo se encontra; 
Fator motivacional: depende da forma como o estímulo se apresenta e 
provoca interesse; 
Concentração: depende do grau de solicitação e atuação do estímulo, 
levando a uma melhor focalização da fonte de estímulo. 
Quanto a fonte de estímulo podemos ter estímulo visual, auditivo e 
sinestésico. É importante ressaltar que a atenção não é uma função psíquica 
autônoma, visto que ela encontra-se vinculada à consciência. Por exemplo, o 
indivíduo que está em obnubilação geralmente se encontra com alterações ao 
nível da atenção, apresentando-se hipervigil. Contudo, um paciente em torpor 
se encontra hipovigil. 
Sem a atenção a atividade psíquica se processaria como um sonho 
vago, difuso e contínuo. Segundo Alonso Fernández, ao concentrar a atenção 
escolhemos um tema no campo da consciência e elevamos este ao primeiro 
plano da mesma, mantendo este tema rigorosamente perfilado, sem deixar-se 
 
 
desviar pelas influências dos setores excêntricos do campo da consciência, 
podendo modificar o tema escolhido com plena liberdade. Este tema poderia 
ser um objeto, uma ação, um lugar, uma palavra, etc. 
Distinguem-se duas formasde atenção: a espontânea (vigilância) e a 
ativa (tenacidade). No primeiro caso ela resulta de uma tendência natural da 
atividade psíquica orientar-se para as solicitações sensoriais e sensitivas, sem 
que nisso intervenha um propósito 
consciente. A atenção voluntária é aquela 
que exige certo esforço, no sentido de 
orientar a atividade psíquica para 
determinado fim. Entretanto, o grau de 
concentração da atenção sobre 
determinado objeto não depende apenas 
do interesse, mas do estado de ânimo e 
das condições gerais do psiquismo. 
O interesse e o pensamento são os dirigentes da atenção, sendo que a 
intensidade com que a efetuamos é o grau de concentração alcançado. As 
alterações da atenção desempenham um importante papel no processo de 
conhecimento. Em geral estas alterações são secundárias, decorrem de 
perturbações de outras funções das quais depende o funcionamento normal da 
atenção. A fadiga, os estados tóxicos e diversos estados patológicos 
determinam uma incapacidade de concentrar a atenção. 
 
 
Consciência 
 
A consciência é uma qualidade da mente, considerando abranger 
qualificações tais como subjetividade, autoconsciência, semicênica, sapiência, 
e a capacidade de perceber a relação entre si e um ambiente. É um assunto 
muito pesquisado na filosofia da mente, na psicologia, neurologia e ciência 
cognitiva. 
Alguns filósofos dividem consciência em consciência fenomenal, que é a 
experiência propriamente dita, e consciência de acesso, que é o 
processamento das coisas que vivenciamos durante a experiência (Block, 
 
 
2004). Consciência fenomenal é o estado de estar ciente, tal como quando 
dizemos "estou ciente" e consciência de acesso se refere a estar ciente de algo 
ou alguma coisa, tal como quando dizemos "estou ciente destas palavras". 
Consciência é uma qualidade psíquica, isto é, que pertence à esfera da psique 
humana, por isso diz-se também que ela é um atributo do espírito, da mente, 
ou do pensamento humano. Ser consciente não é exatamente a mesma coisa 
que perceber-se no mundo, mas ser no mundo e do mundo, para isso, a 
intuição, a dedução e a indução tomam parte. 
 
 
Tomada de decisões 
 
Tomada de decisão é um processo 
cognitivo que resulta na seleção de uma 
opção entre várias alternativas. É 
amplamente utilizada para incluir 
preferência, inferência, classificação e 
julgamento, quer consciente ou 
inconsciente. Existem duas principais 
teorias de tomada de decisão - teorias 
racionais e teorias não racionais- variando entre si num sem número de 
dimensões. 
Teorias racionais são por excelência normativas, baseadas em 
conceitos de maximização e otimização, vendo o decisor como um ser de 
capacidades omniscientes e de consistência interna. 
Teorias não racionais, são por excelência descritivas, e têm em 
consideração as capacidades limitantes da mente humana em termos de 
conhecimento, memoria e tempo. Utilizam heurísticas como procedimento 
cognitivo, fornecendo uma estrutura mais realística dos processos de tomada 
de decisão. 
 
 
 
 
 
 
Memória 
 
A memória é um processo psicológico básico que remete à codificação, 
ao armazenamento e à recuperação da informação aprendida. A importância 
da memória em nossa vida cotidiana motivou muitas pesquisas sobre esse 
tema. O esquecimento também é o tema central de muitos estudos, já que 
muitas patologias provocam amnésia, o que interfere gravemente no dia a dia. 
O motivo pelo qual a memória configura um tema tão importante é que 
nela reside boa parte da nossa identidade. Por outro lado, apesar do 
esquecimento no sentido patológico nos preocupar, a verdade é que nosso 
cérebro precisa descartar informações inúteis para dar lugar a novos 
aprendizados e acontecimentos significativos. Neste sentido, o cérebro é um 
especialista em reciclar seus recursos. 
As conexões neuronais mudam com o 
uso ou o desuso destas. Quando retemos 
informações que não são utilizadas, as 
conexões neuronais vão se enfraquecendo 
até desaparecer. Da mesma forma, quando 
aprendemos algo novo criamos novas 
conexões. Todos aqueles aprendizados que 
podemos associar a outros conhecimentos ou 
acontecimentos vitais serão mais facilmente 
lembrados. 
O conhecimento sobre a memória aumentou a causa do estudo de 
casos de pessoas com um tipo de amnésia muito específico. Em particular, 
ajudou a conhecer melhor a memória de curto prazo e a consolidação da 
memória declarativa. O famoso caso H.M. reforçou a importância do 
hipocampo para estabelecer novas lembranças. Em contrapartida, a lembrança 
das habilidades motoras é controlada pelo cérebro, pelo córtex motor primário 
e pelos gânglios de base. 
A memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar (evocar) 
informações disponíveis, seja internamente, no cérebro (memória biológica), 
seja externamente, em dispositivos artificiais (memória artificial). Também é o 
armazenamento de informações e fatos obtidos através de experiências 
 
 
ouvidas ou vividas. Focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de 
energia mental e deteriora-se com a idade. É um processo que conecta 
pedaços de memória e conhecimentos a fim de gerar novas ideias, ajudando a 
tomar decisões diárias. 
Os neurocientistas (psiquiatras, psicólogos e neurologistas) distinguem 
memória declarativa de memória não-declarativa. A memória declarativa, 
grosso modo, armazena o saber que algo se deu, e a memória não-declarativa 
o como isto se deu. 
A memória declarativa, ou de curto prazo como o nome sugere, é aquela 
que pode ser declarada (fatos, nomes, acontecimentos, etc.) e é mais 
facilmente adquirida, mas também mais rapidamente esquecida. Para abranger 
os outros animais (que não falam e logo não declaram, mas obviamente 
lembram), essa memória também é chamada explícita. Memórias explicitas 
chegam ao nível consciente. Esse sistema de memória está associado com 
estruturas no lobo temporal medial (ex: hipocampo, amígdala). 
Psicólogos distinguem dois tipos de memória declarativa, a memória 
episódica e a memória semântica. São instâncias da memória episódica as 
lembranças de acontecimentos específicos. São instâncias da memória 
semântica as lembranças de aspectos gerais. 
Já a memória não-declarativa, também chamada de implícita ou 
procedural, inclui procedimentos motores (como andar de bicicleta, desenhar 
com precisão ou quando nos distraímos e vamos no "piloto automático" quando 
dirigimos). Essa memória depende dos gânglios basais (incluindo o corpo 
estriado) e não atinge o nível de consciência. Ela em geral requer mais tempo 
para ser adquirida, mas é bastante duradoura. 
Memória, segundo diversos estudiosos, é a base do conhecimento. 
Como tal, deve ser trabalhada e estimulada. É através dela que damos 
significado ao cotidiano e acumulamos experiências para utilizar durante a vida. 
Hoje é possível afirmar que a memória não possui um único locus. 
Diferentes estruturas cerebrais estão envolvidas na aquisição, armazenamento 
e evocação das diversas informações adquiridas por aprendizagem. 
 
 
 
 
Memória de curto prazo 
 
Depende do sistema límbico, envolvido nos processos de retenção e 
consolidação de informações novas. Hoje em dia também se supõe que a 
consolidação temporária da informação envolve estruturas como o hipocampo, 
a amígdala, o córtex entorrinal e o giro para-hipocampal, sendo depois 
transferida para as áreas de associação do neocórtex parietal e temporal. As 
vias que chegam e que saem do hipocampo também são importantes para o 
estudo da anatomia da memória. Inputs (que chegam) são constituídos pela via 
fímbria-fórnix ou pela via perfurante. Importantes projeções de CA1 para os 
córtices subiculares adjacentes fazem parte dos outputs (que saem) do 
hipocampo. Existem também duas vias hipocampais responsáveis por 
interconexões do próprio sistema límbico, como o Circuito de Papez 
(hipocampo, fórnix, corpos mamilares,giro do cíngulo, giro para-hipocampal e 
amígdala), e a segunda via projeta-se de áreas corticais de associação, por 
meio do giro do cíngulo e do córtex entorrinal, para o hipocampo que, por sua 
vez, projeta-se através do núcleo septal e do núcleo talâmico medial para o 
córtex pré-frontal, havendo então o armazenamento de informações que 
reverberam no circuito ainda por algum tempo. 
Memória de trabalho 
 
Compreende um sistema de controle de atenção (executiva central), 
auxiliado por dois sistemas de suporte (Alça Fonológica e Bloco de Notas 
Visuoespacial) que ajudam no armazenamento temporário e na manipulação 
das informações. O executivo central tem capacidade limitada e função de 
selecionar estratégias e planos, tendo sua atividade relacionada ao 
funcionamento do lobo frontal, que supervisiona as informações. Também o 
cerebelo está envolvido no processamento da memória operacional, atuando 
na catalogação e manutenção das sequências de eventos, o que é necessário 
em situações que requerem o ordenamento temporal de informações. O 
sistema de suporte vísuo-espacial tem um componente visual, relacionado à 
região occipital e um componente espacial, relacionado a regiões do lobo 
parietal. Já no sistema fonológico, a articulação subvocal auxilia na 
manutenção da informação; lesões nos giros supramarginal e angular do 
 
 
hemisfério esquerdo geram dificuldades na memória verbal auditiva de curta 
duração. Esse sistema está relacionado à aquisição de linguagem. 
 
 
Memória de longo prazo 
 
Memória explícita: Depende de estruturas do lobo temporal medial 
(incluindo o hipocampo, o córtex entorrinal e o córtex para-hipocampal) e do 
diencéfalo. Além disso, o septo e os feixes de fibras que chegam do 
prosencéfalo basal ao hipocampo também parecem ter importantes funções. 
Embora tanto a memória episódica como a semântica dependam de estruturas 
do lobo temporal medial, é importante destacar a relação dessas estruturas 
com outras. Por exemplo, pacientes idosos com disfunção dos lobos frontais 
têm mais dificuldades para a memória episódica do que para a memória 
semântica. Já lesões no lobo parietal esquerdo apresentam prejuízos na 
memória semântica. 
Memória implícita: A aprendizagem de habilidades motoras depende de 
aferências corticais de áreas sensoriais de associação para o corpo estriado ou 
para os núcleos da base. Os núcleos caudado e putâmen recebem projeções 
corticais e enviam-nas para o globo pálido e outras estruturas do sistema 
extrapiramidal, constituindo uma conexão entre estímulo e resposta. O 
condicionamento das respostas da musculatura esquelética depende do 
cerebelo, enquanto o condicionamento das respostas emocionais depende da 
amígdala. Já foram descritas alterações no fluxo sanguíneo, aumentando o do 
cerebelo e reduzindo o do estriado no início do processo de aquisição de uma 
habilidade. Já ao longo desse processo, o fluxo do estriado é que foi 
aumentado. O neo-estriado e o cerebelo estão envolvidos na aquisição e no 
planeamento das ações, constituindo, então, através de conexões entre o 
cerebelo e o tálamo e entre o cerebelo e os lobos frontais, elos entre o sistema 
implícito e o explícito. 
 
 
 
 
 
NEUROCIÊNCIA, PEDAGOGIA E 
NEUROPSICOPEDAGOGIA 
 
 
A Neuropsicopedagogia é o campo das neurociências em que ocorre a 
intersecção das ciências cognitivas com as ciências do comportamento, e ela 
engloba ambas. A Neuropsicopedagogia tem ramificações que alcançam 
muitas outras facetas do conhecimento como a psiquiatria. Os psiquiatras se 
preocupam em saber como, onde e em quais circuitos cerebrais ocorre a ação 
medicamentosa. Esquizofrenia, depressão, ansiedade, transtornos obsessivo-
compulsivos e outras manifestações psiquiátricas são hoje estudadas à luz de 
seu substrato biológico cerebral. Nesse contexto, o neuropsicopedagogo 
participa da avaliação das funções cognitivas e da terapia cognitivo-
comportamental. 
A tarefa da ciência 
neural hoje é a de fornecer 
explicações do comportamento 
em termos da atividade 
cerebral, de explicar como 
milhões de células neurais 
individuais, no cérebro, atuam 
para produzir o comportamento 
e como, elas são influenciadas pelo ambiente. Existem alguns 
questionamentos da parte de alguns pesquisadores acerca da análise da 
função cerebral que a neurociências se ocupa, isto, questiona-se se estas são 
suficientemente refinadas para verdadeiramente esclarecer sobre a relação 
entre comportamento humano e função cerebral. (BARROS, et al., 2004). 
No entanto, encontramos respostas esclarecedoras a esses 
questionamentos. O desenvolvimento da neurociência cognitiva conduz a uma 
epistemologia não-reducionista, que trabalha com distintos, mas inter-
relacionados níveis de análise. Diferentes metodologias são usadas para a 
observação de diferentes níveis de organização da estrutura e funções 
cerebrais, obtendo-se entendimento detalhado de mecanismos cognitivos no 
 
 
cérebro animal. Modelos mais amplos procuram integrar esse conhecimento 
empírico e descobrir os princípios fundamentais das funções cognitivas de 
cérebro. (JÚNIOR, 2001). 
A Neuropsicopedagogia, um dos campos de estudo da neurociência é 
uma área de conhecimento que trata da relação entre cognição e 
comportamento e a atividade do sistema nervoso em condições normais e 
patológicas. A Neuropsicopedagogia cognitiva está preocupada com os 
padrões de desempenho cognitivo intacto e deficiente apresentados pelos 
pacientes com lesão cerebral, pois para os neuropsicopedagogo cognitivos, o 
estudo de pacientes com lesão cerebral pode revelar muito sobre a cognição 
humana normal. (EYSENCK; KEANE, 2007; COSENZA; FUENTES; MALLOY-
DINIZ, 2008). 
Este campo compreende o estudo da relação entre as funções neurais e 
psicológicas e o estudo do comportamento ou mudanças cognitivas que 
acompanham lesões em partes específicas do cérebro sendo que estudos 
experimentais com indivíduos normais também são comuns. Assim, se um 
indivíduo com lesão em determinada área cerebral mostra um déficit cognitivo 
específico, então essa área poderá estar envolvida na função cognitiva afetada. 
O estudo aprofundado de indivíduos com lesão permite compreender o 
funcionamento cognitivo normal. 
A pedagogia também tem utilizado dos conhecimentos dos mecanismos 
cerebrais envolvidos na aprendizagem. À medida que ocorre maturação e a 
especialização das redes neuronais ao longo do desenvolvimento infantil e a 
participação das diferentes áreas cerebrais na aprendizagem, o material 
aprendido, por exemplo, a alfabetização, influencia a organização cerebral. 
(MENDONÇA; AZAMBUJA; SCHLECHT, 2008). 
 Há uma relação direta entre as neurociências e a educação, se 
considerarmos a significância do cérebro no processo de aprendizagem do 
indivíduo, assim como o contrário. O estudo da aprendizagem une de modo 
inevitável a educação e a neurociência. Esta última incide o seu estudo na 
relação entre o funcionamento neurológico e a atividade psicológica, dando 
ênfase à análise do comportamento, como a manifestação última da atividade 
do sistema nervoso. (POSNER; ROTHBART, 2005). 
 
 
A aprendizagem depende da neuroplasticidade e pode ser entendida 
como um processo pelo qual o sistema nervoso reestrutura funcionalmente 
suas vias de processamento e representação da informação. A 
neuroplasticidade é a capacidade que o encéfalo possui em se reorganizar ou 
readaptar frente a novos estímulos, sejam eles positivos ou negativos. As 
sinapses ou conexões entre os neurônios se modificam durante o processo de 
aprendizagem, quando há evocação da memória, quando adquirimos novas 
habilidades. Ao analisar os neurônios após um processo de aprendizagem, 
pode-se observar várias modificações estruturais que ocorreram, tais como o 
brotamento de espículas dendríticas, brotamento axonal colateral e 
desmascaramento de sinapses silentes. 
A neuroplasticidadepossibilita a reorganização da estrutura do encéfalo 
e constitui a fundamentação neurocientífica do processo de aprendizagem. As 
estratégias pedagógicas devem utilizar recursos que sejam multissensoriais, 
para ativação de múltiplas redes neurais que estabelecerão associação entre 
si. Se as informações/experiências forem repetidas, a atividade mais frequente 
dos neurônios relacionados a elas, resultará em neuroplasticidade e produzirá 
sinapses mais consolidadas. 
A sociedade criou expectativas em relação 
ao que as neurociências podem trazer à 
educação, sendo algumas dessas crenças falsas. 
A procura de respostas não deve incidir na 
questão de como a ciência do cérebro é aplicada 
à prática educativa, mas sim naquilo que os 
educadores precisam saber e como podem ser 
informados pela investigação neurocientífica. O 
ponto de partida para o entendimento mútuo 
passa pela utilização de um vocabulário que seja 
igualmente entendido por neurocientistas e educadores. Os próprios problemas 
de investigação devem responder a questões elaboradas pelo trabalho 
conjunto de modo a ir de encontro aos reais problemas que ocorrem nos 
contextos educativos. Quanto maior for o diálogo, menos espaço haverá para 
interpretações erradas, sendo mais esclarecedor por todas as partes. 
 
 
O desenvolvimento da neurociência é verdadeiramente fascinante e 
gera grandes esperanças de que, em breve, novos tratamentos estarão 
disponíveis para uma grande gama de transtornos e distúrbios do sistema 
nervoso que debilitam e incapacitam milhões de pessoas anualmente. 
Concluindo, não há como separar o comportamento de sua base biológica. 
Entretanto é importante ressaltar que o sistema nervoso é apenas condição 
necessária para que o comportamento, os pensamentos e sentimentos 
ocorram. Nunca foi e nunca será pretensão da neurociência afirmar que o 
sistema nervoso seja condição suficiente para a emergência de tais processos. 
Não cabe à neurociência discutir construtos como a consciência e nem 
tampouco tentar solucionar dilemas metafísicos, tais como a possível dualidade 
mente/cérebro, a questão dos qualia ou a causação psicofísica. 
A despeito do que dizem os críticos da neurociência, esta tem somente 
um único objetivo: tentar compreender o sistema nervoso, e nada mais! O 
máximo que podemos afirmar é que os nossos pensamentos e sentimentos 
são produtos de estímulos que delineiam e modelam o encéfalo, sendo que o 
ambiente social, atuando sobre um substrato genético, é uma poderosa força 
moduladora para este processo. 
 
 
Relação entre neurociência e educação 
 
Os comportamentos que adquirimos ao longo de nossas vidas resultam 
do que chamamos de aprendizagem ou aprendizado. Aprender é uma 
característica intrínseca do ser humano, essencial para sua sobrevivência. A 
educação visa ao desenvolvimento de novos comportamentos num indivíduo, 
proporcionando-lhe recursos que lhe permitam transformar sua prática e o 
mundo em que vive. Educar é proporcionar oportunidades e orientação para 
aprendizagem, para aquisição de novos comportamentos. Aprendizagem, por 
sua vez, requer várias funções mentais como atenção, memória, percepção, 
emoção, função executiva, entre outras. E, portanto, depende do cérebro. 
O Sistema Nervoso (SN), por meio de seu integrante mais complexo, o 
cérebro, recebe e processa os estímulos ambientais e elabora respostas 
 
 
adaptativas que garantem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da 
espécie. A evolução nos garantiu um cérebro capaz de aprender, para garantir 
nosso bem-estar e sobrevivência e não para ter sucesso na escola. A menos 
que o bom desempenho escolar signifique esse bem-estar e sobrevivência do 
indivíduo. Na escola o aluno aprende o que é significativo e relevante para o 
contexto atual de sua vida. Se a “sobrevivência” é a nota, o cérebro do 
aprendiz selecionará estratégias que levem à obtenção da nota e não, 
necessariamente, à aquisição das novas competências. 
Tabela - Princípios da neurociência com potencial aplicação no ambiente de sala de 
aula. 
Fonte: Bartoszeck, 2006. 
O comportamento humano resulta da atividade do SN, do conjunto de 
células nervosas, ou redes neurais, que o constituem. O comportamento 
depende do número de neurônios e de suas substâncias químicas, da atividade 
destas células, da forma como neurônios se Informação, para o neurônio, é a 
alteração das suas características eletroquímicas. Quando o indivíduo está em 
interação com o mundo, exibindo um comportamento, vários conjuntos de 
neurônios, em diferentes áreas do SN estão em funcionamento, ativados, 
 
 
trocando informações. As funções mentais são produzidas pela atividade do 
SN e resultam do cérebro em funcionamento. Funções relacionadas à cognição 
e às emoções, presentes no cotidiano e nas relações sociais, como sentir e 
perceber, gostar e rir, dormir e comer, falar e se movimentar, compreender e 
calcular, ter atenção, lembrar e esquecer, planejar, julgar e decidir, ajudar, 
pensar, imaginar, se emocionar, são comportamentos que dependem do 
funcionamento do cérebro. Educar e aprender também. 
As neurociências são ciências naturais, que descobrem os princípios da 
estrutura e do funcionamento neurais, proporcionando compreensão dos 
fenômenos observados. A. Educação tem outra natureza e sua finalidade é 
criar condições (estratégias pedagógicas, ambiente favorável, infraestrutura 
material e recursos humanos) que atendam a um objetivo específico, por 
exemplo, o desenvolvimento de competências pelo aprendiz, num contexto 
particular. A educação não é investigada e explicada da mesma forma que a 
neurotransmissor. Ela não é regulada apenas por leis físicas, mas também por 
aspectos humanos que incluem sala de aula, 
dinâmica do processo ensino aprendizagem, 
escola, família, comunidade, políticas 
públicas. Descobertas em neurociências não 
se aplicam direta e imediatamente na escola. 
O trabalho do educador pode ser mais 
significativo e eficiente se ele conhece o 
funcionamento cerebral, o que lhe possibilita 
desenvolvimento de estratégias pedagógicas mais adequadas. 
Aprender não depende só do cérebro. É importante esclarecer que as 
neurociências não propõem uma nova pedagogia e nem constituem uma 
panaceia para a solução das dificuldades da aprendizagem e dos problemas da 
educação. Elas fundamentam a prática pedagógica que já se realiza, 
demonstrando que, estratégias pedagógicas que respeitam a forma como o 
cérebro funciona, tendem a ser mais eficientes. 
A neurociência por si só não pode fornecer o conhecimento específico 
necessário para elaboração de ambientes de aprendizagem em áreas de 
conteúdo escolar específicas, particulares. Mas fornecendo “insights” sobre as 
capacidades e limitações do cérebro durante o processo de aprendizagem, a 
 
 
neurociência pode ajudar a explicar porque alguns ambientes de aprendizagem 
funcionam e outros não. Descobertas em neurociências não se aplicam direta e 
imediatamente na escola. A aplicação desse conhecimento no contexto 
educacional tem limitações. As neurociências podem informar a educação, mas 
não explicá-la ou fornecer prescrições, receitas que garantam resultados. 
Teorias psicológicas baseadas nos mecanismos cerebrais envolvidos na 
aprendizagem podem inspirar objetivos e estratégias educacionais. 
A inclusão dos fundamentos neurobiológicos do processo ensino-
aprendizagem na formação inicial do educador proporcionará nova e diferente 
perspectiva da educação e de suas estratégias pedagógicas, influenciando 
também a compreensão dos aspectos sociais, psicológicos, culturais e 
antropológicos tradicionalmente estudados pelos pedagogos. 
 
 
O NEUROPSICOPEDAGOGO NA EDUCAÇÃO BÁSICA 
 
 
O neuropsicopedagogo é um especialista da junção da neurociência, 
psicologia e pedagogia, que busca compreender o funcionamento do cérebro, 
além de adaptar às melhores metodologias educacionaisaos indivíduos com 
sintomas cognitivas e emocionais debilitados. De antemão, esse profissional, 
deve conhecer as anomalias neurológicas para desenvolver um papel de 
acompanhamento pedagógico as pessoas que apresentem essas 
sintomatologias, sendo assim um dos elementos mais importantes para 
desenvolver e estimular novas sinapses diante do processo de ensino e 
aprendizagem (TABAQUIM, 2003). 
O trabalho do neuropsicopedagogo em âmbito escolar ou fora dele é de 
propor exercícios de estímulos aos pacientes/alunos que auxilie as atividades 
cerebrais. O cérebro por sua vez, tem as funções de receber, selecionar, 
memorizar e processar os elementos captados pelos sensores, a qual esse 
compreensão desse órgão, auxilia no trabalho desse profissional. Sendo assim, 
realiza um trabalho que avalia e auxilia nos processos didático-metodológicos e 
na dinâmica institucional para um melhor processo de ensino e aprendizagem, 
 
 
direcionando suas atenções para aquelas pessoas com transtornos diversos e 
que necessitam de um olhar mais apurado em seu tempo de aprendizagem. 
Aliás, todo ser humano tem capacidade para aprender, não importando suas 
limitações. 
Em linhas gerais, os alunos que apresentam deficiências sensoriais, 
mentais, cognitivas ou transtornos significantes no comportamento em âmbito 
escolar, são amparados pela Educação Inclusiva, leis que foram discutidas na 
Declaração de Salamanca (1994), na Conferência de Jomtien (1990), Estatuto 
da Criança e do Adolescente (1990), Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (1996), a qual ratificaram que todos, devem tem possibilidades de 
integrar-se ao ensino regular e sem restrição. Desse modo, a escola deve 
adaptar-se para atender essas necessidades ao inseri-los em classes 
regulares, buscando caminhos que favoreçam a integração dos mesmos em 
boas práticas e replicabilidade posteriormente. Porém, no cotidiano escolar a 
realidade é outra, pois pais, educadores e os próprios colegas de sala, não 
estão preparados para auxiliar o incluso nas turmas regulares de ensino da 
Educação Básica. 
Contudo, percebe-se que falta de investimentos e principalmente o 
reconhecimento dessa profissão está aquém do esperado, salve algumas 
instituições de ensino particulares e públicas da Educação Básica no país. 
Atualmente a escola é a única instituição de ensino capaz de ampliar as 
questões de aprendizagens e sociais dos indivíduos, mas vem recebendo 
inúmeras tarefas perdendo o foco com a relação com o saber. Assim, a escola 
e cérebro com suas funções especificas remetem ao desenvolvimento 
cognitivo, por isso devem estar agregadas as funções do neuropsicopedagogo 
que fará a amálgama para o sucesso escolar. 
Ao conhecer as funções neurofuncionais de alunos com determinadas 
limitações, o neuropsicopedagogo torna-se primordial para o processo 
educacional ao empregar como recurso principal, entrevistas dedicadas a 
expressão e comportamentos em busca do diagnóstico educacional. Assim, 
será capaz de desenvolver um trabalho pertinente, proporcionando assim, um 
processo eficaz na aprendizagem dos alunos da Educação Básica. 
As atribuições do neuropsicopedagogo, em conhecer os distúrbios das 
aprendizagens e posteriormente os processos da aprendizagem humana, tem 
 
 
a função de identificar, diagnosticar e encaminhar a outros especialistas por 
meio de pareceres e laudos. Distúrbios esses, que podem estar relacionados a 
leitura, a escrita, a matemática, a situação problemas, a déficit visuais, motora, 
transtornos emocionais ou desenvolvimento intelectual. Com essas 
observações especificas pode-se endossar os recursos mediante a outros 
laudos de profissionais de saúde, a partir do quadro de sintomas existentes do 
aluno, e assim, trilhar o caminho para a solução do problema de aprendizagem 
dos mesmos. 
Em âmbito escolar, após o diagnóstico de outros especialistas, o 
profissional de neuropsicopedagogo atuará paralelamente com a família, com 
intuito de realizar um trabalho de intervenção pedagógica, almejando a 
evolução sistêmica do mesmo, respeitando sempre as limitações de cada 
indivíduo. Dentro deste novo contexto educativo de inclusão, os membros da 
comunidade escolar percebem urgentemente a necessidade de um profissional 
especialista, que venha dar suporte diariamente, nas questões pedagógicas e 
psicológicas para promover uma aprendizagem mais eficaz e redução dos 
problemas educacionais nos diversos níveis de ensino. 
 O neuropsicopedagogo pode atuar como clinico e institucional, contudo 
o víeis dessa pesquisa esteve volto para as questões escolares, e suas 
contribuições direcionou-se para os problemas encontrados nesse 
espaço/tempo cotidianamente. Raramente, as escolas do país, possuem esse 
profissional que auxiliem pais, professores e alunos em suas labutas. Exceto, 
as salas de recursos, que possuem um especialista em Educação Especial, ou 
que corresponde a área de maior necessidade pela demanda de alunos 
“laudados”, ou seja, apontados por um especialista em educação especial 
quando a escola possui, normalmente trabalhando com um pequeno grupo de 
alunos. 
Segundo o Código de Normas Técnicas 01/2016, da Sociedade 
Brasileira de Neuropsicopedagogia, no artigo 29, as funções do 
neuropsicopedagogo se resume em: 
a) Observação, identificação e analise do ambiente escolar nas 
questões relacionadas ao desenvolvimento humano do aluno nas áreas 
motoras, cognitivas e comportamentais, considerando os preceitos da 
 
 
neurociências aplicada a Educação, em interface com a Pedagogia e 
Psicologia Cognitiva; 
b) Criação de estratégias que viabilizem o desenvolvimento do 
processo ensino e aprendizagem dos que são atendidos nos espaços coletivos; 
c) Encaminhamento de pessoas atendidas a outros profissionais 
quando o caso for de outra área de atuação/ especialização contribuir com 
aspectos específicos que influenciam na aprendizagem e no desenvolvimento 
humano. (SBNPp, 2016, p. 4). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O neuropsicopedagogo necessita ter conhecimentos dos processos de 
aprendizagens, bem como as metodologias utilizadas pelos docentes em sala 
de aula do ensino regular, currículo e atividades didáticas que podem 
influenciar na aquisição do aprendizado, assim compreender, se as causas do 
transtornos tem realmente origem nas questões neuronais, familiar ou mesmo 
na didática do professor regular. 
Mesmo que o especialista em Neuropsicopedagogia desenvolva um 
papel significativo nos quesitos de diagnósticos e na aplicação das ferramentas 
pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem, os problemas 
contemporâneos se destacam em cunhos socioeconômico, familiar e cultural 
ainda bastante incisivos para o fracasso escolar. Em contrapartida, defasagens 
de aprendizagens, incivilidades e indisciplinas que permeiam no cotidiano 
escolar, poderiam serem amenizados se as famílias estivessem ainda mais 
presente na vida escolar dos filhos. É notório que a ausência de responsáveis, 
 
 
seja em âmbito escolar ou afetivo, expõe os filhos a viverem com sentimento 
de insegurança, carência, desvalorização e desinteresses, criando assim, 
traumas irreversíveis em muitos casos, a qual consequentemente afeta no 
processo da aprendizagem do aluno. Assim, a educação escolar é um subsídio 
interpretado pela a família, e não vice versa, como pensam alguns pais com 
uma inversão de valores, ao deixar os filhos à mercê dos professores na 
escola. 
 Educandos, assimilam a aprendizagem de forma distinta, inicialmente 
com diferentes estratégias metodológicas propostas pelos educadores. 
Segundo pela capacidade neuronal de cada indivíduo ao que se refere a 
questão de tempo e espaço. Desse modo, alunos necessitam de 
acompanhamento e atividades diferenciadas no cotidiano escolar. Uma 
estratégia para a aprendizagem dos alunos com limitações diversas, é na 
formação das duplas produtivas nas atividades propostas,pois assim um aluno 
auxilia o colega nos exercícios. 
A saber, na Educação Básica, os poucos programas educacionais 
existentes voltados para implementação de atividades diversificadas e demais 
projetos de intervenção pedagógica, estão na capacidade de cada envolvidos 
com a melhoria do ensino de qualidade. Com isso, na medida em que o 
neuropsicopedagogo se demonstra mais aplicado em suas atribuições, melhor 
se ratifica suas funções em âmbito escolar. Sendo assim, cada vez mais cedo 
diagnosticar as naturezas físicas e sensoriais dos alunos com necessidades 
intelectuais cognitivas e emocionais, melhor será as intervenções ou 
encaminhamento do especialista ao desenvolvimento intelectual na 
aprendizagem do aluno. Por fim, a compreensão dos processos motivacionais 
envolvidos dentro do ensino e aprendizagem, estão ligados diretamente a 
liberação dos neurotransmissores, a sistemas de recompensa, límbico e 
regiões do hipocampo. 
Portanto, ao diagnosticar precocemente um transtorno de defasagem de 
aprendizagem, função prioritária do neuropsicopedagogo, esse processo 
remeterá aos melhores métodos de ensino a serem desenvolvidos na aquisição 
de informações, conhecimentos e intervenções nas crianças com transtornos e 
dificuldades do ato de aprender. 
 
 
 
 
O embasamento neuropsicopedagógico 
 
A Neuropsicopedagogia é o campo do conhecimento que procura reunir 
os avanços da neurociência com a psicopedagogia. O profissional 
neuropsicopedagogo tem conhecimento amplo das emoções e domina os 
elementos clássicos da psicopedagogia. Ele procura buscar entender a forma 
como o cérebro recebe, seleciona, transforma, memoriza, arquiva, processa e 
elabora todas as sensações captadas pelos diversos sentidos sensoriais, e por 
meio desse entendimento, realizar e adaptar as metodologias e técnicas de 
aprendizagem a cada pessoa na sua individualidade e principalmente aquelas 
características emocionais, cognitivas e de pensamento diferenciado. 
O embasamento teórico é fundamental para o diagnóstico 
psicopedagógico, podendo ser lembrados os escritores: Winnicott, M. Klein, 
Mannoni, Pichon-Rivière, referencias que vão enriquecer e sedimentar a prática 
do diagnóstico e da intervenção. Além do referencial teórico, o profissional 
necessita ter um olhar refinado para compreender o que está́ nas entrelinhas. 
Para buscar uma resposta para as dificuldades de aprendizagem, ou da 
não aprendizagem, apresentadas pelo sujeito por meio do diagnóstico, o 
psicopedagogo deve levar em consideração a sociedade em que esse aluno 
está inserido, a escola e o próprio sujeito. 
Costuma-se dizer que o primeiro lugar no qual se identifica o “problema” 
da criança é a escola, pois muitas vezes os pais não notam, mas o professor 
percebe um sintoma de que alguma coisa não vai bem. Nesse momento, o 
olhar refinado do professor também faz toda a diferença para que se 
encaminhe o aluno em questão para o psicopedagogo, fornecendo subsídios 
que poderão contribuir para o diagnóstico do psicopedagogo. 
Muitas vezes, o psicopedagogo, tendo que lidar também com os 
problemas fama- liares, deve apresentar equilíbrio em sua saúde emocional 
para evitar o risco da contratransferência no momento de identificar o problema 
e efetuar as devidas intervenções. 
O processo ensino aprendizagem ocorre não somente quando a criança 
entra para a escola, manifestando-se desde o momento do nascimento e, a 
 
 
partir de então, proporcionando que a criança traga consigo toda uma bagagem 
de conhecimento, pois faz parte de uma sociedade na qual a família está 
inserida, com seus costumes e com seus problemas (social, cultural etc.). 
Pode-se citar um caso recente sobre fracasso escolar, em que uma 
família de classe social inferior, com três filhas (6 anos, 8 anos e 9 anos) só 
matriculou as crianças na escola quando a mais nova atingiu a idade para 
ingressar no fundamental I. Note-se que a mais nova não apresentou nenhuma 
dificuldade, mas as outras duas apresentaram muita. 
Em se tratando de fracasso escolar, é necessário que se leve em conta 
uma série de fatores, a começar pelo contexto de vida da criança e da família. 
Deve-se também considerar que as crianças são diferentes entre si e tem 
especificidades próprias, além do fato de cada uma delas estar em num 
momento diferente de desenvolvimento. 
Hábitos, costumes, religião, valores que são comuns nas família, e até́ 
mesmo nos professores e funcionários da escola, podem interferir na 
percepção que a criança tem do mundo à sua volta. Pode parecer utópico, mas 
há́ diversos casos de fracasso escolar provocado por ações internas da escola. 
Por entender que o grupo de docentes de uma pequena escola 
particular ne- cessitava de formações e de informações, a diretora convidou a 
autor(a) deste texto para ministrar uma formação para o grupo. Na primeira 
oficina aplicada, o(a) profissional observa que uma professora comentava com 
seu grupo que não permitia que seus alunos escrevessem usando a mãozinha 
esquerda. Lembrando-se de suas experiências do passado, contou que sua 
mãe também não permitia que ela escrevesse com a mão esquerda, o que 
para ela foi muito bom, pois atualmente consegue escrever com as duas mãos, 
sem problema algum. Acrescentou ainda que só tinha um “pouquinho” de 
dificuldade em saber identificar sua mão direita ou a esquerda. Ao observar a 
letra dessa professora enquanto fazia as anotações no caderno, mostrando aos 
colegas que escrevia utilizando as duas mãos, percebem-se as irregularidades 
da escrita, o que provocou uma indagação: como os alunos dela conseguiam 
entender o que ela escrevia, pois o seu traçado era trêmulo e com várias 
segmentações. 
É comum que a família e a escola coloquem toda expectativa sobre a 
criança, sem se darem conta de que muitas vezes está ainda não se encontra 
 
 
em condições de abarcar toda a responsabilidade e a cobrança que lhe são 
atribuídas. Por esse motivo, escola e família se frustram e atribuem o fracasso 
escolar à criança. Esse é o momento em que ocorre o encaminhamento para o 
Psicopedagogo. 
Dizemos que a aprendizagem acadêmica é a entrada do sujeito para o 
mundo letrado, com competências adquiridas ao longo dos anos nos bancos 
escolares. O aluno incorpora tudo o que lhe é ensinado e, ao se apropriar deste 
ensina- mento, passa para a etapa das representações simbólicas. Quando a 
criança aprende, afirma-se que ela é um aprendiz ativo e essa aprendizagem 
lhe dá certa autonomia. 
Ocorrem muitas vezes casos em que o entusiasmo e a ansiedade da 
criança, se não percebidos pelo professor (e às vezes não o é), podem 
atropelar o processo de aprendizagem. O mesmo ocorre com o psicopedagogo 
durante o diagnóstico. 
O diagnóstico psicopedagógico vai além das sessões do consultório, 
devendo ser multidisciplinar. Outros profissionais devem estar envolvidos 
sempre que surgirem questões relacionadas à saúde do sujeito, como, por 
exemplo, o oftalmologista, caso a criança apresente alguma dificuldade visual, 
ou se surgir alguma dúvida referente à visão, ou ainda o Neurologista, o 
Pediatra, ou até mesmo o Psiquiatra. 
 
 
 
 
INTERAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA 
 
 
Nas sessões diagnosticas ocorre uma relação entre psicopedagogo e 
sujeito, na qual um busca conhecer o outro. Esse é o processo por meio do 
qual se consegue entrar no mundo desse sujeito e compreender o que o 
impede de aprender, suas dificuldades, seus anseios e seus medos. 
É importantíssimo que o psicopedagogo reconheça sua própria 
subjetividade na relação com o sujeito. Essa interrelação é muito complexa, 
pois cabe a esse profissional entender e compreender como se constitui o 
sujeito, como ele se transforma diante das etapas da vida e quais são os 
recursos que utiliza para adquirir conhecimento. 
No procedimento diagnostico, a escuta psicopedagógica é primordial 
porque vai trazere nortear o diagnóstico e a intervenção. Durante a escuta é 
que se pode saber qual é o interesse do sujeito em aprender ou ignorar o 
aprendizado. 
Depois do processo de anamnese, inicia-se o diagnóstico. Em alguns 
casos, a família relata que a criança já apresentou melhora, o que pode 
acontecer, pois a criança faz a seguinte leitura: a família está se preocupando 
mais comigo e me dando maior atenção. De algum modo, os pais também 
começam a perceber que a criança está ali, junto deles, e que não estavam 
dirigindo a ela um olhar específico, simplesmente viviam os dias. 
Para realizar o diagnóstico, devem-se levar em consideração alguns 
aspectos: orgânicos, cognitivos, sociais, emocionais e pedagógicos. 
Uma vez que o diagnostico está pronto, inicia-se o processo de 
intervenção, utilizando recursos que possibilitem solucionar o problema. Pode-
se afirmar que o diagnostico não é estanque, pois durante o processo de 
intervenção, a investigação continua e novas informações vão surgindo à 
medida que o vínculo sujeito e profissional vai se estabelecendo. 
Para garantir a eficácia do diagnostico, ou mesmo da intervenção, deve-
se or- ganizar um plano de trabalho de forma crescente, isto é, iniciando com 
tarefas mais simples, em termos de dificuldade, que proporcionarão ao sujeito 
 
 
atividades que ele possa realizar sem se frustrar. Essa ação deve ser levada a 
cabo sem que ele associe a prática de sala de aula com a do consultório. 
O diagnóstico, como já́ mencionado, é um processo contínuo e com 
procedimentos específicos para cada caso, independentemente do referencial 
teórico adotado ou da metodologia a seguir. Desse modo, é importante que o 
psicopedagogo tenha em mente que o sujeito traz o seu problema e não cabe 
ao profissional traçar um roteiro igual para todos os sujeitos que apresentem 
dificuldades de aprendizagem com as mesmas características. 
 
 
O psicólogo 
 
O objetivo do psicólogo deve ser orientar e capacitar os professores das 
áreas internas da instituição para que possam ter um desempenho de 
qualidade com os alunos e um equilíbrio profissional e emocional. Portanto, 
deve ajudar a orientar o educador a ser altamente reflexivo sobre sua infância, 
descobrindo o estado de personalidade interior, para que possa refletir e 
compreender a infância e a história de vida do aluno. 
Os psicólogos também precisam ter alguma orientação para ajudar os 
educadores a refletir e reconhecer em uma base teórica. De fato, essas 
direções apontam para a contribuição fundamental dos educadores em sala de 
aula. Buscando compreender a sagacidade do aluno, as dificuldades dos 
familiares, a criança à deriva nas mudanças que existem como um todo. 
 
 
O neurologista 
 
O foco do acompanhamento neuropsicológico e psicopedagógico é 
trabalhar, exercitar e estimular as capacidades cognitivas avaliadas, no que diz 
respeito a potencialidades, buscando mudar e melhorar dificuldades e 
transtornos diagnosticados, trabalhando capacidades de atenção, memória, 
percepção, linguagem, funções executivas, práxis, habilidades aritméticas, 
entre outros. 
 
 
 
 
Fonoaudiólogo 
 
A função exercida por um fonoaudiólogo é completamente 
multidisciplinar, ele é responsável por traçar, junto com as diretrizes da equipe 
pedagógica, exercícios que trabalhem a oralidade. Que são materiais gráficos 
para estimular a leitura e, assim, analisar os problemas apresentados pela 
criança. 
Esses profissionais não pertencem à área pedagógica, mas podem 
participar do planejamento escolar pois a comunicação do estudante é um 
detalhe primordial. Representam uma importante parceria na proposição de 
soluções que visem dar à criança melhores resultados em sua linguagem. 
Geralmente fonoaudiólogo procura exercer suas atividades por meio de 
técnicas que envolvem o aspecto lúdico, como textos próprios para a infância e 
até jogos que estimulem a fala. Os exercícios são voltados diretamente na 
musculatura que estejam ligados à fala e à audição. 
 
 
 
 
AS CONTRIBUIÇÕES DAS ÁREAS DA MEDICINA 
 
 
O diagnostico clínico ou psicopedagogia curativa realiza-se em 
consultório, por meio de atendimento individual, grupal ou familiar. O trabalho 
clínico implica em procedimento diagnostico e terapêutico. No procedimento 
diagnostico, o objetivo é conhecer o sujeito e o aprendizado versus o desejo de 
aprender. 
O terapeuta, para intervir no processo curativo ou preventivo, precisa, 
antes de qualquer coisa, concluir o diagnóstico, assim ele terá subsídios para 
traçar o seu plano de trabalho. 
O diagnóstico é um processo contínuo e passível de alterações de 
sequência de in-vestigações com intervenções constantes e, acima de tudo, da 
evolução do sujeito. 
O diagnostico clínico começa com um telefonema tenso e ansioso, por 
parte dos pais, ou com uma queixa da escola. O papel do terapeuta nesse 
momento é de orientação aos pais. 
Uma boa sugestão, como primeiro passo para o diagnóstico, após o 
telefonema, é começar pela entrevista inicial com os pais. Caso estes 
concordem com o trabalho, estabelece-se o contrato no qual se acertam: 
valores e dia e horários para o atendimento ao sujeito. 
Na área médica o termo “olho clínico” significa perspicácia na análise, 
sendo este um termo muito utilizado. A psicopedagogia, então, empresta essa 
maneira de olhar para aplicar no diagnóstico. Portanto, o emprego do olhar 
clínico começa já na entrevista inicial e segue em uso até́ o término do 
processo. 
A anamnese tem como objetivo fornecer dados importantes da história 
do clien- te e da família, desde a concepção até os dias atuais. O momento da 
anamnese é quando se conhece a expectativa que a família depositou no 
sujeito, o projeto de vida que traçaram para o filho, quais frustrações surgiram a 
partir da queixa e as possíveis etiologias apresentadas na família. 
Na anamnese é importante que pai e mãe estejam juntos. Se o casal for 
separado, ou um deles não puder comparecer à sessão, não se deve permitir 
 
 
que o cônjuge presente atribua as responsabilidades do problema para o que 
está ausente. Assim sendo, o ausente será ouvido em outro horário. 
Muitas vezes não se consegue concluir a anamnese em uma única 
sessão, sendo possível concluí-la em duas sessões para não interromper a 
sequência do relato. 
 
 
Diagnóstico 
 
Um diagnostico psicopedagógico envolve o professor, o aluno e o 
conhecimento contextualizado da escola, principalmente a sala de aula, um dos 
locais onde acontece a aprendizagem. 
Três eixos são importantes no diagnostico psicopedagógico na 
instituição: 
1. Sociopolítico 
2. Pedagógico 
3. Psicopedagógico 
O eixo sociopolítico envolve a organização escolar destinada a ensinar. 
O eixo pedagógico refere-se ao processo de ensino, que envolve a 
relação dos conteúdos e a didática eficiente, com resultados positivos que 
avancem e tornem o aluno autônomo. 
O eixo psicopedagógico prioriza o sujeito que aprende e o lugar em que 
aprende. Identifica onde e porque está ocorrendo a dificuldade de 
aprendizagem e o motivo pelo qual a dificuldade tenha se instalado. Busca 
soluções, juntamente com o grupo, em uma ação multidisciplinar. 
Nós parágrafos a seguir serão abordados alguns itens importantes para 
a ava- liação diagnostica da instituição. 
Sendo o professor corresponsável pelo aluno que a escola produz, 
sugere-se uma proposta para o início da avaliação diagnóstica 
psicopedagógica. Como a escola é um local de análise crítica e de 
transformação do processo de construção e de produção do conhecimento, 
propõe-se uma reflexão com esse profes- sor. Acredita-se ser este o primeiro 
 
 
passo para que se conheça a equipe docente da escola, aquela que atua 
diretamente com o aluno. 
Serão feitas perguntas, sem que se obtenham respostas, ação esta que 
se des- tina apenas à reflexão. 
 
 
ReflexãoComo ocorreu o seu processo de aprendizagem no passado? Será que 
você tirou de “letra”? Teve dificuldades em alguma matéria? 
 Como foi sua alfabetização? 
 Qual foi o método utilizado? 
 Quem foi sua primeira professora? 
 Como era a escola naquela época? 
 Você já passou por essa experiência, pois um dia foi aluno. 
Alguma coisa 
marcou a sua vida na escola ou no período em que era aluno? 
 e outras. 
Após um tempo para a reflexão, abre-se espaço para a discussão. 
Alguns professores podem se calar ou se recusar a falar. Com certeza esse 
momento os levou à interiorização e mexeu com suas estruturas emocionais. 
Nos dias atuais: 
E hoje como você atua com o seu aluno? 
 Você está reproduzindo o seu professor do passado ou você está 
tentando não repetir o que ele fez? 
 Você conhece o processo de construção do conhecimento? 
 Você está aberto a mudanças? 
Essa reflexão faz o professor se interiorizar e pensar em como ele vem 
atuando em sala de aula com o seu aluno. 
Essa proposta não tem como objetivo “tratar” ninguém, nem tão pouco fazer 
uma intervenção clínica, restringindo-se apenas à reflexão e à consequente 
mudança de postura, reflexão essa que leva à busca por orientações a respeito 
 
 
de como mudar e como melhorar o desempenho dos professores em sala de 
aula. 
Realizada como ponto de partida do diagnóstico psicopedagógico, tal 
reflexão fornece subsídios para elaborar um projeto de formação, para que se 
saiba por onde começar e qual é o tema a ser abordado inicialmente. 
Outro ponto importante é o conhecimento do professor sobre como o 
homem constrói a escrita para que compreenda como o seu aluno constrói a 
própria aprendizagem. Esse fato pode ser o início da formação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VÍDEO DE APOIO 
Visando promover mais um pouco de conhecimento sobre o assunto de 
sobre a TEORIA E PRÁTICA DA NEUROPSICOPEDAGOGIA, foram 
selecionados alguns vídeos que deverão ser assistidos antes de inciar a leitura 
do conteúdo da apostila. 
 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=2rXW6JazYew
 
 
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