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FACVLDADE MAURÍCIO DE NASSAU CAMPUS JOÃO PESSOA DIREITO CIVIL IV AULA 4 – Efeitos da posse, ações possessórias ALGUNS EFEITOS DA POSSE Alguns efeitos da posse: 1 Proteção possessória, abrangendo a autodefesa e a invocação dos interditos; 2 Percepção dos frutos; 3 Responsabilidade pela perda e deterioração da coisa; 4 Indenização pelas benfeitorias e o direito de retenção; 5 Usucapião. PROTEÇÃO POSSESSÓRIA ✓Principal efeito da posse; ✓Dá-se pela legítima defesa e desforço imediato (autotutela) e pelas ações possessórias (heterotutela); ✓Ações possessórias (interditos possessórios) – manutenção de posse, reintegração de posse e interdito proibitório. DEFESA DIRETA ✓ Requisitos para a defesa direta: a) É preciso que a reação se faça logo, imediatamente após a agressão; b) A reação deve-se limitar ao indispensável à retomada da posse. ✓Distinção entre legítima defesa e desforço imediato (art. 1.210, §1º, do CC): a) Legítima defesa – o possuidor é turbado no exercício de sua posse, podendo reagir, fazendo uso da defesa direta; b) Desforço imediato – o possuidor é esbulhado do exercício de sua posse, perdendo-a. SOBRE A AUTODEFESA... ✓Poderá haver ajuda de terceiros, amigos? →Sim, inclusive poderá ser feito o uso de armas (Carlos Roberto Gonçalves); ✓O fâmulo da posse poderá exercer a autodefesa em nome do possuidor? →Sim, embora não tenha o direito de invocar a seu favor. LEGITIMAÇÃO ATIVA a) Possuidor, mesmo sem o título; b) Herdeiros e sucessores (art. 1.207, CC); c) Possuidores direito contra indireto e vice versa (art. 1197, CC); d) No caso de posse concorrentes (dois possuidores indiretos e um direto) contra terceiro, há legitimidade concorrente (litisconsórcio não obrigatório) LEGITIMAÇÃO PASSIVA a) Autor da ameaça, turbação ou esbulho e/ou quem ordenou a sua prática (art.561, II, CPC/2015); b) Terceiro que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era (art.1.212, CC); c) O tutor ou curador, no caso caso de pessoa privada de discernimento ou menor incapaz; d) Herdeiro à título universal; e) Sucessor à título singular, caso receba a coisa esbulhada sabendo que o era – art. 1212, CC; f) Pessoa jurídica de direito privado e não seu gerente ou administradores; g) Poder público (observância desapropriação indireta) → O autor da representação que praticou o esbulho por mandato, poderá alegar ilegitimidade passiva. ✓A ação possessória poderá ser convertida em ação de indenização pelo perecimento ou deterioração da coisa; ✓Se houve a deterioração no curso do processo, poderá haver a indenização caso o pedido inicial tenha sido cumulativo; ✓Se a deterioração ocorrer depois da sentença, mas antes da execução, aplica-se, por analogia, o disposto no art. 809, CPC/2015 (Art. 809. ”O exequente tem direito a receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando essa se deteriorar, não lhe for entregue, não for encontrada ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente”). AÇÃO POSSESSÓRIA E AÇÃO DE INDENIZAÇÃO AÇÕES POSSESSÓRIAS ✓A fungibilidade dos interditos (art. 554, CPC/2015) – o pedido em é sempre em relação à proteção possessória – só pode ocorrer em relação às ações possessórias em sentido estrito; ✓É possível a cumulação de pedidos (art. 555, CPC/2015) – o art. 555 distingue no caput e no parágrafo único, corretamente, o que é pedido de tutela jurisdicional a ser formulado pelo autor, ainda que de forma cumulada, do que é técnica para a efetivação da tutela jurisdicional relativa à posse; AÇÕES POSSESSÓRIAS ✓Caráter dúplice das ações possessórias – ver ex. da ação demarcatória e de divisão, bem como a ação de prestação de contas – não se admite a reconvenção – art. art. 556, CPC/2015; ✓A proteção possessória só será conferida ao réu se ele a requerer expressamente e provar os requisitos que normalmente se exigiram do autor; ✓Estabelecida a duplicidade da ação, por vontade do legislador, faculta-se ao réu as mesmas cumulações permitidas pelo art. 555, CPC/2015. AÇÕES POSSESSÓRIAS ✓Rito especial – ação intentada dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho – ação de força nova – previsão de medida liminar inaudita altera parte ou após realização de uma audiência de justificação prévia (art.558, caput, CPC/2015); ✓Ação de força velha – rito ordinário (art. 558, Parágrafo único, CPC/2015); AÇÕES POSSESSÓRIAS ✓O art. 559, CPC/2015, trata da possibilidade de prestação de caução pelo autor da possessória. A versão, seguindo os passos do Projeto da Câmara, ressalva expressamente a situação da ‘parte economicamente hipossuficiente’, o que é digno de destaque e elogios.”. (Bueno, Cassio Scarpinella – Novo Código de Processo Civil anotado/Cassio Scarpinella Bueno. São Paulo: Saraiva, 2015. p. 379). Abaixo os Enunciados do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC) que se referem a este artigo: ✓Enunciado n.º 179 do FPPC: O prazo de cinco dias para prestar caução pode ser dilatado, nos termos do art. 139, inciso VI. ✓Enunciado n.º 180 do FPPC: A prestação de caução prevista no art. 559 poderá ser determinada pelo juiz, caso o réu obtenha a proteção possessória, nos termos no art. 556. REQUISITOS DA MANUTENÇÃO E DA REINTEGRAÇÃO DE POSSE ✓Art. 561, CPC/2015: “Incumbe ao autor provar: I – a sua posse; II – a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III – a data da turbação ou do esbulho; IV – a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda da posse, na ação de reintegração”. A POSSE ✓Deve haver prova da posse do autor e se o direito violado é suscetível de posse, não o sendo deve o pedido ser repelido liminarmente; ✓O mero detentor não tem o direito de entrar com as ações possessórias; ✓A posse pode ser transmitida por ato inter vivos ou mortis causa. Logo, quem recebeu na escritura, a posse de outrem que a tinha, não está na situação de quem nunca exerceu a posse; ✓A boa-fé não é necessário para o uso das ações possessórias. TURBAÇÃO ✓Não se faz necessário que haja dano ou prejuízo material; ✓Privam o possuidor da plenitude do exercício da posse; ✓Turbação de direito – contestação ou ataques judiciais pelo réu à posse do autor – a turbação, no entanto, tem que ser de fato; ✓Pode ser: a) Direta – exerce imediatamente sobre o bem; b) Indireta, por ex. Não conseguir inquilino para o prédio em virtude de manobras do turbador; c) Positiva – prática de atos materiais sobre a coisa; d) Negativa, por ex. Impede a utilização do possuidor da porta de entrada. ESBULHO ✓Há a perda da posse; ✓Esbulho pacífico – proveniente da precariedade – a proteção possessória não pode ser negada nesse caso, conforme entendimento jurisprudencial; ✓Prazos para contagem da posse velha e posse nova (violência, clandestinidade e precariedade) – data da turbação; ✓Caso de esbulho parcial, há duas situações possíveis: a) Ação de reintegração da parte esbulhada; ou b) Ação de manutenção tendo em vista que o possuidor possui a posse do restante da propriedade. CASOS DE MANUTENÇÃO OU PERDA DA POSSE ✓Esse fato determinará a ação devida, se de manutenção da posse ou de reintegração de posse. INTERDITO PROIBITÓRIO ✓Tem caráter preventivo, pois visa a impedir que se concretize uma ameaça à posse (art. 567, CPC/2015); ✓Faz-se necessário que o ato, objetivamente considerado, demonstre aptidão para provocar receio em uma pessoa normal; ✓Requisitos: a) Posse atual do autor; b) Ameaça de turbação ou esbulho por parte do réu; c) Justo receio de ser concretizada a ameaça. IMPORTANTE! Não se justifica o interdito proibitório com a finalidade de impedir que o réu lance mão de medidas judiciais que entenda cabível. INTERDITO PROIBITÓRIO ✓Cominação de pena pecuniária – deve ser pedida pelo autor e fixada pelo juiz; ✓A ação de interdito proibitório poderá ser transformada em ação de manutenção ou de reintegração de posse, bastando que a parte comunique ao juízo; ✓Cabe liminar; ✓Súmula 228/STJ – “É inadmissível o interditoproibitório para a proteção do direito autoral”. “Direitos de autor. Interdito proibitório. Dele não se pode valer o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), a pretexto de defender posse de tais direitos. Posse não há, inexistindo em consequencia turbação ou esbulho. Precedentes da 4a Turma do STJ: REsp’s n. 89.171 e n. 110.523. Recurso especial conhecido pelo dissídio, mas improvido”. A PERCEPÇÃO DOS FRUTOS • Os frutos devem pertencer ao proprietário, como acessórios da coisa. (Princípio accessorium sequitur suum principale – art. 92, CC); • O princípio acima não prevalece quando , o possuidor está possuindo de boa-fé (culpa ou inércia do proprietário que possibilitou a posse alheia); • Requisitos (art.1.214, CC): a) a boa-fé; b) título real, embora viciado. DIFERENÇA ENTRE FRUTOS E PRODUTOS • PRODUTOS – utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhes a quantidade, porque não se reproduzem periodicamente. Ex.: pedras, metais; • FRUTOS – são as utilidades de uma coisa que periodicamente produz. Nascem e renascem, sem acarretar-lhes qualquer destruição; CLASSIFICAÇÃO DOS FRUTOS • Quanto à origem: a) naturais; b) industriais; c) civis; • Quanto ao estado: a) pendentes; b) percebidos ou colhidos; c) estantes; d) percipiendos; e) Consumidos Todo possuidor, independentemente da boa-fé, será obrigado a indenizar ao proprietário os produtos que tenha obtido da coisa, se não puder restituí-los. RESGRAS DE RESTITUIÇÃO • O possuidor de boa-fé embora tenha direitos aos frutos percebidos, não tem aos pendentes, nem aos colhidos antecipadamente (art. 1.214, CC); • O possuidor de boa-fé não está obrigado a restituir os frutos (naturais e industriais) separados, consumidos ou estantes; já quanto aos frutos civis, o possuidor terá o direito de receber até o dia em que cessar sua boa-fé, mesmo que não haja a percepção efetiva (art. 1.215, CC); • O possuidor de má-fé responde não só pelos frutos colhido, como ainda pelos que deixou de receber por culpa sua, fazendo jus, apenas, às despesas de produção e custeio (art. 1.216, CC). RESPONSABILIDADE PELA PERDA OU DETERIORAÇÃO DA COISA • Art. 1.217, CC – a responsabilidade do possuidor de boa- fé só se caracteriza no caso de dolo ou culpa; • Art. 1.218, CC – há a culpa juris tantum do possuidor de má-fé, invertendo-se o ônus da prova. A ele compete o ônus de comprovar a exceção. Ex.: um tufão. DAS BENFEITORAIS • Quando da restituição da coisa, há três possibilidades (artigos 1.217 e 1.218, CC): a) a coisa encontra-se no mesmo estado; b) a coisa foi danificada ou destruída; c) a coisa sofreu melhorias. • Se a coisa sofreu melhorias, deve-se observar se as benfeitorias (obras para conservar, melhorar ou embelezar a coisa) foram (artigos 1.219 e 1.220, CC): a) necessárias; b) úteis; c) voluptuárias. • Benfeitorias são diferentes das acessões industriais (coisas novas). INDENIZAÇÃO DAS BENFEITORAIS • Artigos 1.219 e 1.222, CC; • Possuidor de boa-fé: direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, podendo exercer o direito de retenção; quanto as voluptuárias, o possuidor poderá levantá-las, se não acarretar estrago à coisa e se o reivindicante não preferir ficar com elas, indenizando o seu valor; • Possuidor de má-fé: faz jus a indenização pelas benfeitorias necessárias. • As benfeitorias compensam-se com os danos. Isso ocorre tanto com o possuidor de boa-fé, quanto com o de má-fé (art. 1.221, CC); • Art. 1.222, CC – opção pelo valor atual ou custo.
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