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Seminário I ISENÇÕES TRIBUTÁRIAS E REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA Questões 1. Que é isenção (vide anexo I)? Isenção trata-se da dispensa legal do pagamento do tributo, ou seja, é uma figura que traz a não incidência tributária, podendo atuar em qualquer um dos critérios da regra matriz de incidência tributária, excetuando-se o critério pessoal, uma vez que sem a existência do sujeito passivo, não há obrigação tributária. 2. Elaborar quadro comparativo a respeito de: (i) isenção; (ii) imunidade; (iii) não incidência; (iv) anistia; e (v) remissão. De forma clara e objetiva, entende-se por isenção a dispensa do pagamento de tributo. Em outras palavras, neste caso há a obrigação de pagar (perfeita é a regra matriz de incidência tributária), porém, após, há a dispensa do pagamento desse tributo. No que tange a imunidade tributária a classe – seja de bens, pessoas, patrimônio ou serviços – retirada do campo tributário de contribuição pela Constituição, no âmbito da repartição de competência. A imunidade tributária é definida pelo mestre Paulo de Barros Carvalho1 como “a classe finita e imediatamente determinável de normas jurídicas, contidas no texto da Constituição da República, e que estabelecem, de modo expresso, a incompetência das pessoas políticas de direito constitucional interno para expedir regras instituidoras de tributos que alcancem situações específicas e suficientemente caracterizadas.” Conforme exposto anteriormente, a imunidade tributária é a dispensa constitucional da obrigação de pagar tributos, uma vez a inexistência de fato gerador de obrigação principal – não há como existir incidência nos fatos prescritos na égide da Constituição. Sob ótica diversa, pode-se entender que se trata de limite constitucional ao poder de tributar, pois os Entes não poderão instituir tributos em determinadas hipóteses. Quando tratamos da não incidência, quer dizer que corresponde aos fatos que não constam na lei para dar nascimento à obrigação tributária. Em outras palavras, o evento ocorrido não se tornou um fato jurídico a fim de constituir obrigação tributária. 1 Paulo de Barros Carvalho, Curso de direito tributário, p. 205 Já a anistia, conforme preleciona o professor Paulo de Barros Carvalho2, “é o perdão da falta cometida pelo infrator de deveres tributários e também quer dizer o perdão da penalidade a ele imposta por ter infringido mandamento legal.” Quando tratamos da anistia, falamos em perdão das penalidades pecuniárias anteriores ao lançamento. A remissão também trata de perdão, só que aqui “desaparece o direito subjetivo de exigir a prestação e, por decorrência lógica e imediata, some também o dever jurídico cometido ao sujeito passivo”3. Em outras palavras, A remissão se dá após o lançamento e tanto em relação ao tributo quanto em relação a demais valores, como multas e juros de mora. 3. A expressão “crédito tributário” utilizado no art. 175 do CTN tem o mesmo conteúdo de significação para a isenção e para a anistia? Justificar. A referida expressão utilizada no art. 175 do CTN não tem o mesmo conteúdo de significação para a isenção e para a anistia. A significação para a isenção trata da não incidência em um dos critérios da regra matriz de incidência tributária, ou seja, a alteração de um dos elementos da RMIT. No que tange ao conteúdo para a anistia, não há modificação na RMIT, uma vez que o que se alcança são as penalidades e reflexos do não pagamento de tributos, do seu pagamento em atraso ou do descumprimento de deveres instrumentais. 4. Tratando-se de isenção com prazo certo, ou de isenção por prazo indeterminado, responda: (i) equivalem, necessariamente, à isenção condicionada e à isenção incondicionada, respectivamente? Quais critérios são utilizados nessas classificações? (ii) a revogação da isenção, que reinstitui a norma tributária no sistema, apenas restabelece sua eficácia ou requer a publicação de nova regra tributária no ordenamento? Neste último caso, deverá ser respeitado o princípio da anterioridade (nonagesimal / exercício)? Há direito adquirido (vide anexo II e III)? (i) Não equivalem, pois a isenção condicionada não necessariamente precisa ser por prazo certo. O mesmo racional se aplica para prazo ideterminado e isenção incondicionada. (ii) A revogação da isenção não reinstitui norma tributária no sistema, uma vez que a norma nunca foi revogada, portanto, apenas restabelece a eficácia da regra matriz de incidência tributária e deve respeitar o princípio da anterioridade, tanto nonagesimal quanto do exercício, em respeito máximo à segurança jurídica e ao pricípio da não surpresa tributária. Tendo em vista o exposto na frase supra, há direito adquirido. 5. Há distinção entre alíquota 0% e isenção? Os insumos isentos, não tributados e tributados à alíquota 0%, adquiridos no processo de industrialização, conferem direito ao crédito 2 Paulo de Barros Carvalho, Direito Tributário Linguagem e Método, p. 619 3 Idem, p. 581 tributário? Por quê? Em caso afirmativo, qual critério deveria ser utilizado para determinar o crédito presumido de IPI? Se o produto for adquirido da ZFM, isso alteraria a resposta? Se sim, por quê? (Vide anexos IV, V, VI, VII, VIII e IX) Há distinção entre alíquota zero e isenção e reside no conceito em que a primeira é a atribuição de valor nominal igual a zero à alíquota e a segunda é a dispensa legal do pagamento do tributo em um dos elementos da RMIT. A diferença também se perfaz no dever tributário, que no caso da isenção existe e apenas foi suprimida, mas inexiste na alíquota zero. De forma mais simples, a regra matriz de incidência tributária da isenção é completa, no entanto, o mesmo não ocorre com a alíquota zero, uma vez que o elemento quantitativo é zerado. Na minha opinião e com todo os respeito ao decidido pelo STF, mas mesmo assim desacreditando do referido posicionamento, os insumos isentos e tributados à alíquota zero conferem direito ao crédito tributário, não merecendo prosperar o embasamento falho da inexistência de duas operações tributadas em sequência. Veja, em ambos os casos mencionados, o legislador optou por oferecer a benesse da isenção ou da alíquota zero, mas a RMIT é perfeita e completa, portanto, o direito ao crédito existe e é totalmente factível. No racional exposto, quanto ao insumo não tributado não haveria direito ao crédito, no entanto, a própria Carta Magna não dispõe sobre tal vedação. O critério a ser utilizado seria o da não-cumulatividade, com a finalidade de existir, de fato, redução na carga tributária e não mero diferimento. Não, uma vez que a ZFM trata de isenção. 6. Considerando o art. 155, §2º, II, alíneas “a” e “b” da CF, pergunta-se: a) Existe isenção parcial? Redução de base de cálculo pode ser considerada hipótese de isenção parcial? Não existe isenção parcial. A redução da base de cálculo é apenas alteração a dimensão tributável, mas em razão de existir a incidência, perfeita é a RMIT, não há que se falar em isenção. b) É possível lei estadual que determine a exigência do estorno do crédito do ICMS, relativo à entrada de insumos, proporcional à parcela correspondente à redução da base de cálculo do imposto incidente na operação de saída da mercadoria, com fundamento no art. 155, § 2º, II, da CF/88? (Vide anexos X, XI e Parecer da Procuradoria-Geral da República no RE n. 635.688/RS RG, de 09/12/11). Não, pois na redução há incidência e não pode o contribuinte ser tolido do seu direito ao crédito, uma vez que as vedações ao ICMS tratam de isenção e não incidência. 7. A concessão de benefício fiscal relativo à isenção do ICMS incidente sobre a aquisição de veículo automotor por deficiente físico demanda a aprovação por convênio, nos termos do art. 155, §2º, XII, g, da CF, regulamentado pelaLei Complementar 24/75? Caso considere a dispensa de convênio nesse caso, ela poderá ser justificada pela garantia fundamental, cuja concessão do benefício visa a assegurar? (Vide anexo XII e XIII). Sim, a concessão demanda a aprovação por Convênio, uma vez que a Lei Complementar 24/75, em seu artigo 1º, versa sobre a obrigatoriedade da concessão ou revogação por meio de Convênio. 8. Determinado Estado institui isenção de ICMS, com fundamento em convênio CONFAZ, exclusivamente para operações realizadas pelo contribuinte atacadista de determinado produto. A legislação (i) expressamente veda que essa isenção seja utilizada por estabelecimentos industriais e varejistas e (ii) nada fala sobre a possibilidade de manutenção de crédito pelo atacadista. Qual o efeito prático desta isenção para a cadeia do ICMS? Essa isenção é constitucional? Poderia o estabelecimento atacadista renunciar à isenção tributária e decidir tributar regularmente sua operação? Esse valor pago, em renúncia à isenção, seria tributo? Há relação entre essa isenção tributária e o princípio da legalidade estrita tributária? Como efeito prático é a incorporação do respectivo Convênio à legislação dos Estados-membros e Distrito Federal por meio de Decreto, mas, destaca-se, que o Convênio possui natureza infralegal e não pode se sobrepor à legislação estadual. A isenção é constitucional, considerando que foi concedida nos termos da Lei Complementar 24/75. Caso no Convênio constasse cláusula informando sobre a adesão ao benefício, poderia o atacadista renunciar/não aderir à isenção.
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