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CAMPUS ALEGRETE CURSO DE ENGENHARIA CIVIL MECÂNICA DOS SOLOS II Professor: Diego Hartmann Coeficiente de Permeabilidade - Permeâmetro de Carga Constante Acadêmicos: Agler Honorato -151150955 Albert Airton-121151474 Eduardo Foletto -101152121 Vitor Escobar- 121151700 Alegrete, Novembro de 2016 1. Introdução e Revisão Teórica: ................................................................................... 3 2. Objetivo: .................................................................................................................... 6 3. Descrição e Análise: .................................................................................................. 6 3.1. Metodologia de Ensaio ...................................................................................... 6 3.2. Análise dos Resultados: ..................................................................................... 8 4. Conclusão: ............................................................................................................... 12 5. Considerações Finais: .............................................................................................. 13 6. Referências Bibliográficas: ...................................................................................... 15 3 1. Introdução e Revisão Teórica: A água ocupa grande parte do solo por meio do preenchimento dos vazios. A permeabilidade de um solo é a característica que determina a facilidade ou dificuldade da água passar por esse solo. O entendimento de sua interação com o solo é de suma importância para análise desse ensaio. Ela influência nas tensões efetivas do solo, na permeabilidade (devido à viscosidade), no adensamento, e resistência dos solos. Alguns exemplos práticos da importância de entender o comportamento da água no solo são: - Cálculo de vazões; - Análise de piping em barragens; - Cálculo de recalques. Como a água é um fluido, sua energia é composta por três parcelas: energia potencial gravitacional, energia cinética e energia de pressão. A equação representativa é: ℎ𝑇 = 𝑧 + 𝑢 𝛾𝑤 + 𝑣² 2𝑔 Equação 01. Em que: ℎ𝑇 - é a energia total do fluido; 𝑧- é a cota do ponto considerado com relação a um dado referencial padrão; 𝑢 - é o valor da pressão neutra; 𝑣 - é a velocidade de fluxo da partícula de água; 𝑔 - é o valor da aceleração da gravidade terrestre. 4 A determinação da equação experimental que rege o deslocamento, vazão, do líquido pelo solo foi dada por Darcy, que é: Figura 1: permeâmetro 𝑄 = 𝑘 ℎ 𝐿 𝐴 Equação 02. Em que: 𝑄 – vazão; 𝐴 - área do permeâmetro; 𝑘 - o coeficiente de permeabilidade; ℎ – carga dissipada na percolação; 𝐿 – distância na qual a carga é dissipada; ℎ 𝐿 – gradiente hidráulico (𝑖). Logo, portanto: 𝑄 = 𝑘𝑖𝐴 Equação 03. Dessa maneira, a vazão que o solo permite, dado muito importante para dimensionamentos de estruturas que envolvem o solo, é função apenas do coeficiente de permeabilidade, pois os outros são fixos quando determinados o modo de ensaio. O coeficiente de permeabilidade pode ser determinado de maneira direta e indireta. Um exemplo de método indireto é o método do adensamento. No método 5 direto, que é o que foi realizado, tem-se como exemplo o ensaio de permeâmetro com carga constante. Este ensaio é indicado para solos com alto grau de permeabilidade, senão ocorreria uma demora imensa para a realização do mesmo, e até poderia ocorrer a evaporação da água, como no caso de ensaiar um solo argiloso por esse método. O ensaio de permeâmetro com carga constante consiste em dois reservatórios nos quais o nível da água é mantido constante. Um exemplo simplista é este: Figura 2: Permeâmetro de Carga Constante Outro modo de se realizar, e que se chega ao mesmo objetivo, é utilizar um dispositivo que recomponha a água da carga que entra no permeâmetro, por meio do controle da vazão fornecida. O coeficiente de permeabilidade é dado pela equação: 𝑘 = 𝑞𝐿 𝐴ℎ𝑡 Equação 04. Em que: 𝑞 - é a quantidade de água medida na proveta (cm³); 𝐿 - é o comprimento da amostra medido no sentido do fluxo (cm); 𝐴 - área da seção transversal da amostra (cm²); ℎ - diferença do nível entre o reservatório superior e o inferior (cm); 𝑡 - o tempo medido entre o inicio e o fim do ensaio (s); 6 2. Objetivo: Definir, por meio do ensaio de permeâmetro com carga constante de acordo com a NBR 13292 (Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos granulares à carga constante), o coeficiente de permeabilidade de uma amostra de areia recolhida em campo. 3. Descrição e Análise: 3.1. Metodologia de Ensaio O ensaio parte da preparação de uma amostra de solo recolhida. Antes de iniciar as atividades no laboratório verificou-se a temperatura ambiente. Então fez-se a preparação da amostra. Para preparação da amostra, primeiramente com 24h de antecedência da realização do ensaio, secou todo o material em estufa. No dia da execução do ensaio, realizou-se o quarteamento manual, e retirou- se materiais orgânicos presentes na amostra. De todo o material, menos de 10% deve ser passante na peneira de malha de 0,075 mm (que caracteriza solos finos). Com isso, inicia-se o peneiramento, com a série de peneiras solicitadas na NBR, (19mm, 9,5mm, 2mm, e 0,075mm). Somente o material passante na peneira de 19mm seria utilizado para preencher o permeâmetro, e desse material colher uma quantidade igual a duas vezes necessária para preencher o equipamento. Utilizou-se paquímetro parar medir em 4 posições igualmente abertas o diâmetro do permeâmetro para posterior cálculo da área da seção transversal interna do equipamento. Com o tipo de permeâmetro adotado e com diâmetro interno determinado é possível iniciar a montagem do corpo de prova. Com o equipamento posicionado, colocou-se a camada de material granular drenante, com o disco metálico subjacente. Acima dessa camada, com auxílio do funil colocou-se o material passante da peneira de 19mm por camadas, compactando-o com haste metálica de ponta arredondada, com golpes que não alcancem o fundo do recipiente. Após o preenchimento até a altura 7 estipulada (20 cm para o permeâmetro utilizado), insere-se o outro disco e compõe-se outra camada de material granular. Fecha-se o permeâmetro e rosqueia-se as travas laterais. Dessa forma o corpo de prova esta preparado para ser saturado e realizar as medições. Figura 1 – Amostra da areia ensaiada. Figura 2 –Altura do Permeâmetro. Figura 3 –Camada de agregado graúdo. Figura 4 – Montagem Completa do Permeâmetro, começo da saturação do corpo de Prova. 8 3.2. Análise dos Resultados: A norma determina que o diâmetro interno do permeâmetro a ser utilizado deve ser de 8 a 12 vezes maior que a dimensão máxima característica dos grãos maiores. Ao realizar o peneiramento, obteve-se: Granulometria do agregado Abertura da peneira Retida(kg) (%) 19 mm 0,01288 0,165 12,7 mm 0,00554 0,07 9,5 mm 0,00312 0,04 2 mm 0,02067 0,264 0,075 mm 7,77214 99,46 De acordo com a NBR 13292, menos que 35% da amostra ficou retida na malha de 9,5mm, e essa parcela retida esta e como a dimensão dos maiores grãos se encontra entre 9,5 e 19mm, caracteriza-se um permeâmetro de 150mm (o que foi previamente escolhido) Dimensões dos maiores grãos presentes na amostra (mm) Diâmetro Interno Mínimo Permeâmetro Menos que 35% retido Mais que 35% retido 2mm 9,5mm 2mm 9,5mm Inferior a 9,5 80 120 Entre 9,5 e 19 150 230 Dessaforma realizou-se as medidas com o paquímetro e calculou-se a área da seção transversal do permeâmetro. Leitura Diâmetro (cm) D (médio) Área (cm²) 1 14,80 14,88 173,81 2 15,00 3 15,00 4 14,90 5 14,70 9 Com o corpo de prova saturado iniciou-se o ensaio que consistia em fazer medições distintas conforme alterava-se a altura da pipeta de 500 ml a qual a vazão passante pelo corpo de prova deveria encher, em um tempo cronometrado. O desnível gerado em cada medição, ao deslocar a posição do recipiente seria medido através das colunas de água que preenchiam os tubos manométricos. Medições tempo (s) h (mm) 1 34,00 17,80 2 38,00 14,50 3 38,00 16,80 4 37,16 18,80 5 35,66 22,50 6 35,12 24,80 7 35,35 24,10 8 37,47 27,50 temperatura 29,2º C Calculou-se a velocidade para cada medição, fazendo a razão entre o volume preenchido (500 ml) pelo fator entre o tempo e a área. Esse seria o valor da velocidade caso a temperatura de ensaio fosse de 20ºC, porém, a temperatura registrada no início era de 29,2ºC, sendo necessária fazer a correção do valor em decorrência da alteração da viscosidade do fluido. 10 O valor de correção de viscosidade é encontrado na norma e é multiplicado diretamente pela velocidade calculada. Percebeu-se que o gradiente hidráulico aumenta à medida que a velocidade de saída da água também aumenta. Dessa maneira, os resultados das 8 verificações foram dispostos na tabela. Os resultados com maior disparidade (medição 1 e 8) foram anulados para a elaboração da reta gradiente hidráulico versus velocidade. Medições tempo (s) h (mm) L (cm) i (h/L) volume (ml/cm³) área (cm²) V (cm/s) V(29,2ºC) 1 34,00 17,80 20 0,89 500 173,810 0,085 0,068 2 38,00 14,50 20 0,725 500 173,810 0,076 0,061 3 38,00 16,80 20 0,84 500 173,810 0,076 0,061 4 37,16 18,80 20 0,94 500 173,810 0,077 0,062 5 35,66 22,50 20 1,125 500 173,810 0,081 0,065 6 35,12 24,80 20 1,24 500 173,810 0,082 0,066 7 35,35 24,10 20 1,205 500 173,810 0,081 0,066 8 37,47 27,50 20 1,375 500 173,810 0,077 0,062 temperatura 29,2º C 0,807 Dessa forma, tem-se a função que descreve a permeabilidade do solo ensaiado (gráfico gradiente x velocidade), calculando a inclinação (variação da altura “gradiente” em razão da diferença entra velocidade final e inicial) do gráfico obtém-se o coeficiente de permeabilidade do solo conforme descreve a lei de Darcy. A linha de tendência que melhor ajustou a função com erro quadrático mais próximo de 1 foi a função polinomial. Gráfico 1 – Gradiente Hidráulico x Velocidade y = 0,0134x + 0,0652 R² = 0,9635 0,07 0,072 0,074 0,076 0,078 0,08 0,082 0,084 0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 G R A D IE N TE VELOCIDADE (CM/S) GRADIENTE HIDRÁULICO X VELOCIDADE 11 Valor encontrado para a permeabilidade da areia ensaiada, (k = cm/seg): Gradiente Velocidade K (cm/s) ponto 1 0,8 0,076 0,0125 ponto 2 1,2 0,081 1,25 x10-3 (m/s) Gráfico 2 – Porcentagem retida x Diâmetro dos grãos da areia Gráfico 3 – Massa retida x Diâmetro dos grãos da areia. -20 -10 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 0 5 10 15 20 Porcentagem retida x Diâmetro dos grãos -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Massa retida x Diâmetro dos grãos 12 Gráfico 4 – Porcentagem retida x Diâmetro dos grãos da areia. 4. Conclusão: Em suma, a partir do ensaio realizado que tinha como por objetivo determinar o coeficiente de permeabilidade da areia, no qual a mesma foi ensaiada em um permeâmetro de carga constante. Encontrou-se o valor de k = (2,47.10−2 𝑐𝑚/𝑠). Baseando-se Carlos de Souza Pinto, no capítulo 6, referente a permeabilidade dos solos, onde diz que os coeficientes de permeabilidade são tanto menores quanto menores os vazios nos solos, e consequentemente, quanto menores as partículas.Uma boa indicação disso é a correlação estatística encontrada por Hazen, para areias, entre o coeficiente de permeabilidade e o diâmetro efetivo do solo. 𝑘 = 100. (𝐷𝑒𝑓𝑒𝑡)² Equação 05. Em que: 𝑘 = coeficiente de permeabilidade; 𝐷𝑒𝑓𝑒𝑡 = Correspondente ao D10%. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 1 5 P o rc en ta ge m r et id a( % ) Diâmetro dos grãos (mm) Porcentagem retida x Diâmetro dos grãos 13 Frente a isso, classifica-se a granulometria do solo através do gráfico resultante da amostra passante e retida na peneira, classifica-se também, a areia diante da expressão encontrada por Hazen. Frisando que essa fórmula é aproximada. Para os solos sedimentares, como ordem de grandeza, Hazen encontrou os seguintes valores: Solo K (m/s) Argilas < 10-9 m/s Siltes 10-6 a 10-9 Areias argilosas 10-7 Areias finas 10-5 Areias médias 10-4 Areias grossas 10-3 Portanto, convertendo o coeficiente de permeabilidade calculado através da inclinação da reta, de cm/s para m/s, tem-se = 1,25x10-3. Conclui-se que a solo utilizado no ensaio possui coeficiente de uma areia grossa (alta permeabilidade quando comparado as argilas, por exemplo). 5. Considerações Finais: Os fatores que influenciaram no resultado encontrado para o coeficiente de Permeabilidade calculado em relação as características mecânicas e físicas do solo e do fluido são: Devido ao fluido: Peso específico do fluído; Viscosidade do fluído; Temperatura. Quanto menor o peso específico e a viscosidade do fluído, maior irá ser a capacidade deste de penetrar no solo. A temperatura influi diretamente nas duas primeiras propriedades citadas do fluído. Já em relação ao solo: A Granulometria determina que nos solos com aparência pedregulhosa sem finos (partículas que tenham o diâmetro superior a 2mm), o valor de “k” é superior a 0,01cm/s; já nos solos finos (partícula com diâmetro inferior a 0,075mm) os valores de “K” são bem inferiores a este valor.Devido a Compactação tem-se que quanto maior o índice de vazios maior será a permeabilidade do solo, essa relação não se aplica para solos argilosos. Em relação a estrutura dos solos, sabe-se que a forma estrutural das partículas de solo influencia diretamente na percolação da água sobre este, um mesmo solo possuindo um mesmo grau de compactação poderá ter diferentes níveis de permeabilidade pois os arranjos das partículas poderão ser diferentes. 14 Em solos arenosos a arranjo das partículas raramente se diferem devido ao tamanho e formato dos grãos, em solos argilosos os arranjos estruturais das partículas se diferem drasticamente pelo fato de serem laminares e completamente pequenos, podendo estes dificultar a passagem da água em um certo sentido. Ainda pode-se citar a Anisotropia (A permeabilidade do solo não é a mesma em todas as direções) e o Grau de Saturação (A permeabilidade do solo tende a diminuir conforme o índice de vazios vai sendo preenchido pela água). 15 6. Referências Bibliográficas: As referências bibliográficas utilizadas para a execução deste relatório foram: NBR 13292 - Solo - Determinação do coeficiente de permeabilidade de solos granulares à carga constante. PINTO, C.S. (2001). Curso básico de Mecânica dos Solos. Editora Oficina de textos.
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