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Direito Civil i - fichamento

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DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
1. CONCEITO 
Surge como uma das principais inovações do novo Código Civil de 2002, com existência de um 
capítulo próprio destinado aos direitos da personalidade. É um sintoma da modificação dos 
valores que norteiam a codificação civil brasileira, que deixa de ter um perfil essencialmente 
patrimonial (preocupados demasiadamente com a propriedade, por exemplo), característico do 
Código Civil de 1916, que era concebido para uma sociedade agrária, tradicionalista e 
conservadora, para se preocupar com o indivíduo, com os direitos intrínsecos à pessoa humana e 
a ela ligados de maneira perpétua e permanente, ou seja, a codificação passa por uma 
ressignificação, passando de um viés puramente patrimonial para ter um viés existencial. 
Conceituam-se os direitos da personalidade como aqueles que têm por objeto os atributos físicos 
(corpo vivo, cadáver, voz), psíquicos (liberdade, criações intelectuais, privacidade, segredo), e 
morais (honra, imagem, identidade pessoal) da pessoa em si e em suas projeções sociais. 
A idéia é extrapolar a esfera da patrimonialidade, e reconhecer que o sujeito tem 
reconhecidamente tutelada pela ordem jurídica uma série indeterminada de valores não redutíveis 
pecuniariamente (relativo ao dinheiro, valor monetário), como o direito à vida, à integridade física, 
à intimidade, à honra, etc. Ou seja, direitos ligados à esfera da dignidade humana, aos direitos 
humanos e fundamentais. É a tutela da dignidade humana no Direito Privado. 
O reconhecimento dos DP são relativamente recentes, são reflexos da Declaração dos Direitos 
dos Homens de 1789, bem como da Convenção Européia de 1950. Tem-se afirmado que os DP 
constituem herança da Revolução Francesa, que pregava os lemas de liberdade, igualdade e 
fraternidade. 
Possui uma regulação tímida, lacunosa e tipificadora (não exaustivo, já que é possível o 
reconhecimento de novos direitos com a evolução da sociedade). 
Existem duas concepções acerca dos DP (direitos da personalidade): 
● MONISTA: ​os direitos da personalidade, assim como o direito de propriedade, é uno. 
Assim, não haveria direitos da personalidade, mas um direito geral da personalidade, com 
vários desdobramentos, estes regulados em lei (Código Civil, Penal, Constituição etc.). 
Quando se fala em direito à vida, à honra, à saúde, não se está referindo a vários direitos 
distintos da personalidade, mas a desdobramentos de um único direito geral. Isto se dá 
porque a pessoa humana é una. Seus interesses acham-se todos interligados, sendo 
facetas de um mesmo prisma. Podem ser de dois tipos: taxativos e atípicos. 
● PLURALISTA:os direitos da personalidade são vários, correspondendo cada um a uma 
necessidade ou exigência distinta. Assim, embora a pessoa seja una, suas necessidades 
são diversas. A necessidade de viver é diferente da necessidade de viver com honra; a 
necessidade de um nome é diferente da necessidade de viver com saúde e assim por 
diante. Assim, diante das diversas necessidades, temos diversos bens para satisfazê-las. 
Estão dispostos em 3 eixos: integridade física ; integridade psiquica ou intelectual ; integridade 
moral. Tríade corpo/mente/alma. 
Os DP são intransmissíveis e irrenunciáveis, exceto nos casos previstos em lei, não podendo seu 
exercício sofrer limitação voluntária. São, portanto, direitos indisponíveis, ou seja, deles não é 
possível dispor. Existem doutrinadores que acreditam que há disponibilidade relativa, temos por 
exemplo os lutadores de MMA e as pessoas que fazem cirurgia de transgenitalização, condutas 
que trazem riscos à integridade física da pessoa, mas que no entanto são condutas lícitas, mesmo 
que tragam riscos aos direitos da personalidade. Ou também , por exemplo, se é admitido a 
cessão de alguns atributos da personalidade, como a imagem, que pode ser explorada 
comercialmente. 
Essa disponibilidade relativa não pode ser exercida com abuso, ou seja, contrariando a boa-fé 
objetiva e os bons costumes (os bons costumes são difíceis de serem definidos e aplicados, já 
que a sociedade é muito plural). 
As características dos DP são: 
● Absolutos: tem efeitos em todos os campos, todos devem, sem exceção, respeitá-los. 
● Gerais e necessários: são outorgados a todas as pessoas, simplesmente pelo fato de 
existirem. 
● Extrapatrimoniais: não têm conteúdo patrimonial direto, não possuem valor monetário 
aferível, mesmo que sua lesão gere efeitos econômicos. 
● Indisponíveis (intransmissíveis e irrenunciáveis): nem por vontade própria do indivíduo o 
direito pode mudar de titular,ou se pode abrir mão dele e renunciar o seu uso, pois nascem 
e se extinguem com eles, dos quais são inseparáveis. 
● Imprescritíveis: não pode ser extinto, não tem prazo para seu exercício. (É diferente do 
tempo de prescritibilidade da pretensão de reparação de um direito violado, que tem o 
prazo de 3 anos) 
● Impenhoráveis: jamais podem ser penhorados, vendidos. 
● Vitalícios: acompanha a pessoa desde a primeira manifestação de vida (que se estende 
até o nascituro, até a concepção) até a sua morte. Porém há DP que se projetam além da 
morte do indivíduo, como no caso do direito ao cadáver e o direito à honra. Se caso 
ocorrer uma lesão, como o atentado à memória pode-se exigir judicialmente que cesse a 
lesão (ou sua ameaça), tendo legitimidade para requerer a medida o cônjuge sobrevivente, 
ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. 
 
2. TUTELA 
Pode-se exigir judicialmente que cesse a lesão, ou sua ameaça, e reclamar perdas e danos, sem 
prejuízo de outras sanções previstas em lei. Em relação ao morto tem legitimidade para requerer a 
medida o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. 
A medida pode ser: 
● Integral: 
❖ Inibitória: faz cessar a ameaça de dano (ou seja o dano ainda não ocorreu). 
❖ Repressiva: diante de um dano provocado pede-se a retificação ou indenização. 
Despatrimonialização da reparação: O pensador Scheiber defende que diante da violação aos DP, 
outras vias que não sejam a indenização (compensação monetária) devem ser buscadas. Está em 
questão para ele a oposição do caráter extrapatrimonial dos DP(que não tem caráter monetário) 
versus a indenização (que tem caráter monetário). Defende uma tutela específica para a 
reparação, que se concentra da obrigação de fazer ou não fazer, ou seja, a reparação deve ser, 
por exemplo, o direito de resposta, a retratação, etc (reparação sem o envolvimento do dinheiro). 
 
3. DIREITO À INTEGRIDADE PSICOFÍSICA 
O direito à integridade física compreende a proteção jurídica à vida (bem supremo, fundamental), 
ao próprio corpo vivo ou morto, quer na sua totalidade, quer em relação a tecidos, órgãos e partes 
suscetíveis de separação, e ainda mais, ao direito de níguem submeter-se ou não a exame e 
tratamento médico. 
“​Art. 13 Salvo por exigência médica, é proibido o ato de disposição do próprio corpo, quando 
importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma 
estabelecida em lei especial.”. Ou seja, Quando for por exigência médica, a pessoa podeter uma 
disposição à próprio corpo que traga diminuição a integridade física, como por exemplo, uma 
amputação por causa de uma diabete. Para fins de transplante o ato de dispor dos órgãos é 
também permitido, desde que o ato não represente risco para a sua integridade física e mental e 
não cause mutilação ou deformação inaceitável. Só é permitido a doação de órgãos duplos (rins), 
regeneráveis (fígado) ou tecido (pele, medula óssea), se não causar dano ao organismo do 
indivíduo. 
“​Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio 
corpo​, no todo ou em parte, para depois da morte. ” Ou seja, a pessoa pode dispor do corpo após 
a morte, desde que precedida de diagnóstico de morte encefálica, com objetivo a fins científicos, 
ou seja, doar o seu próprio corpo para uma universidade para fazer estudos, ou laboratórios de 
pesquisa científicas. Ou altruístico, para fazer bem para outrem, como no caso de doação de 
órgãos. A doação do corpo para depois da morte deve realizada por ato de livre vontade do 
doador ou pela vontade de seus familiares (da linha reta ou colateral até 2º grau, ou cônjuge 
sobrevivente), mas não é permitido nenhum tipo de comercialização. Porém se em vida o 
indivíduo manifestou expressamente a vontade de não ser doadora de órgãos, a família não pode 
autorizar o contrário. 
“​Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento 
médico ou a intervenção cirúrgica.” Qualquer pessoa que se submete a tratamento médico deve 
ter plena consciência de seus riscos, cabendo ao profissional que a acompanhar expressamente 
informá-la dos riscos, recomendando-se, inclusive, o registro por escrito de tal fato. Assim 
ninguém pode ser constrangido a fazer cirurgia ou tratamento médico se houver risco de vida, 
necessitando do consentimento do paciente, tendo o doente a prerrogativa de se recusar ao 
tratamento (no caso da pessoa está impossibilitada de expressar sua vontade, fica a cargo de tal 
decisão seu responsável legal). 
Enunciado 533 CJF – “O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre todos os aspectos 
concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de vida, seja imediato ou mediato, 
salvo as situações de emergência ou no curso de procedimentos médicos cirúrgicos que não 
possam ser interrompidos”.Ou seja, quando há risco iminente de morte a equipe médica está 
autorizada/obrigada a realizar procedimento necessário para salvar a vida do paciente, 
independente e a revelia da vontade do paciente, e também quando ele não pode expressar a sua 
vontade. 
 
4. DIREITO AO NOME CIVIL 
É a identificação e individualização da pessoa no meio social: nome, prenome e sobrenome. 
Pertence ao gênero do direito à integridade moral. 
▪ Agnome: grau de parentesco ou geração - Filho, Júnior 
▪ Hipocorístico: redução de nomes - Chico, Beto, Fafá 
▪ Pseudônimo ou heterônimo: ocultação do nome civil (art. 19 CC). Exemplo: Bernardo Soares → 
Fernando Pessoa 
As características especiais são: 
● São obrigatórios. 
● São exclusivos: porém já temos os homônimos (isso NÃO funciona mais, porque a 
sociedade cresceu). 
● Imutabilidade relativa: é possível alteração, porém é um dado excepcional e motivado. 
Hipóteses de alteração do​ prenome​ (primeiro nome): 
a) Exposição do titular ao ridículo ou situação vexatória, ou nome exótico; 
b) Havendo erro gráfico evidente (Ex. Rokeli → Rakeli) 
c) Inclusão ou substituição por apelido público notório– Ex. Lula, Popó, Xuxa 
d) Uso prolongado e constante de nome diverso – Ex. Márcia → Mércia 
e) Adoção (confere-se sobrenome adotando + alteração do prenome a requerimento) 
f) Homonímia depreciativa, gerando embaraços profissionais ou sociais – Ex. Adolf Hitler 
g) Tradução de nome grafado em língua estrangeira – Ex. John → João 
Hipóteses de alteração do​ sobrenome​: 
a) Casamento / união estável; 
b) Separação judicial ou divórcio (A pessoa pode continuar com o sobrenome se quiser); 
c) Anulação do casamento (salvo se o casamento foi firmado via putatividade/Boa-fé); 
d) Inclusão de sobrenome de ascendente/avoengo: sem prejudicar patronímico (os outros 
sobrenomes) dos demais ascendentes; 
e) Acréscimo de sobrenome do padrasto ou madrasta pelo enteado(a) – Por motivo ponderável + 
concordância destes + manter apelidos de família - Não há reflexos jurídicos (obrigações e 
sucessões), ou seja não muda nada sobre o direito à herança, ex: colocar o sobrenome do 
padrasto não dá ao enteado direito a herança do padrasto, e também não muda nada em relação 
ao poder familiar, que pertence aos pais biológicos. 
f) Programa de proteção à testemunha. 
----Cirurgia de redesignação sexual: não necessita que se tenha feito cirurgia, nem se necessita 
de decisão judicial; - Modo de registro nos assentamentos (Vêm sendo desrespeitado, qualquer 
cartório pode fazer, não somente naquele onde o registro está assentado). 
---- “Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada da imagem de 
pessoa com fins econômicos ou comerciais”. (Súmula 403 STJ). Ou seja, mesmo sem prova de 
prejuízo tem que se indenizar quando se usa a imagem de alguém sem autorização. 
“Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou 
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção 
difamatória.” 
 “Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.” 
 
5. DIREITO À IMAGEM E À HONRA 
Direito à imagem: constitui a expressão exterior sensível da individualidade humana pode ser: 
Imagem retrato (aspecto físico da pessoa); Imagem atributo (a forma como ele é visto 
socialmente, sua exterioridade); Imagem voz (a voz mesmo) 
Direito à honra: acompanha a pessoa desde o nascimento (desde a concepção também) até 
após a morte, pode ser de dois tipo: Objetiva (o olhar dos outros sobre nós, a reputação) e 
Subjetiva (o nosso olhar sobre nós mesmos, a estima pessoal) 
“Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da 
ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição 
ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem 
prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, 
ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa 
proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.” VER DECISÃO DO STF NO 
PRÓXIMO PONTO DO ART. 21. 
 
6. DIREITO À PRIVACIDADE 
A vida privada é entendida como a vida particular da pessoa natural, manifesta-se principalmente 
por meio do direito à intimidade, e também ao direito de estar só. Os elementos que se encontram 
mais ligados à ideia de intimidade são o lar e a família. Caso ocorra dano, material ou formal, é 
garantido o direito à indenização. 
“Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, 
adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.” 
O STF fez uma leitura sobre os art. 20 e 21 na decisão que proferiu sobre as biografias nãoautorizadas. O novo entendimento liberou a divulgação das biografias sem autorização prévia. A 
tutela inibitória (quando o ato ainda não ocorreu) não é possível por medo de incorrer em censura, 
preponderou nesse caso o direito à liberdade de expressão sobre o direito à privacidade. 
 
7. DIREITO À INTEGRIDADE INTELECTUAL 
Liberdade religiosa; 
Liberdade de expressão; 
Liberdade sexual; 
Direitos autorais; 
Direito à propriedade industrial. 
 
8. ESTADO CIVIL 
Conceito: qualificação jurídica da pessoa de acordo com os papéis que ocupa na sociedade 
(atributo da personalidade). Designam os predicados integrantes da personalidade. 
● Estado individual: é o modo de ser da pessoa em relação a sua idade, capacidade, sexo, 
cor; 
● Estado familiar/civil: indica a situação na família, em relação ao matrimônio (solteiro, 
casado, divorciado ou viúvo) e ao parentesco (mãe, filho, sogra etc.) 
● Estado político: advém da posição do indivíduo na sociedade política, podendo ser 
nacional (nato ou naturalizado) ou estrangeiro; apátridas; pessoas com mais de uma 
nacionalidade. 
OBS: ​1) Ações de estado (ações de estado apenas aquelas que estão diretamente ligadas ao 
direito de personalidad​e e dignidade humana, como alteração de nome, de sexo, de nacionalidade 
e similares, ou seja tais ações têm por finalidade criar, modificar ou extinguir um estado, 
conferindo um novo a pessoa) e​xemplo: investigação de paternidade; ​2) Posse de estado, é 
como a pessoa é tratada como sendo detentora de um conjunto de relações que caracterizam um 
determinado estado pessoal. No direito de família temos o exemplo da posse do estado de filho (a 
paternidade ou maternidade socioafetiva, aquela, baseadas no afeto, na convivência familiar, na 
solidariedade, no cuidado e no reconhecimento social do estado de filiação, passou a ser 
reconhecida pelo ordenamento jurídico, sendo assegurado o direito de não distinção entre os 
filhos). 
 
 
 
● Registro: ​é a perpetuação, mediante anotação por agente autorizado, dos dados pessoais 
dos membros da coletividade e dos fatos jurídicos de maior relevância em suas vidas, para 
fins de autenticidade, segurança e eficácia. Tem função de provar a situação jurídica do 
registrado e torná-la conhecida de terceiros. 
 “Art. 9º Serão registrados em registro público: 
I - os nascimentos, casamentos e óbitos; 
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz; 
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; 
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.” Devem ser publicizados, 
já que esses eventos geram efeitos jurídicos.” 
“Art. 10. Far-se-á averbação (acrescentar/atualizar uma informação nova) em registro 
público: 
I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a 
separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal; 
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação.” 
 
TEORIA DO FATO JURÍDICO 
 
1. CONCEITO DOS FATOS JURÍDICOS 
Fato jurídico é todo acontecimento, natural ou humano, capaz de criar, modificar, conservar ou 
extinguir relações jurídicas. Nem todo acontecimento constitui fato jurídico, alguns são 
simplesmente fatos, irrelevantes para o Direito. Somente o acontecimento da vida relevante para o 
Direito, mesmo que o fato seja ilícito, pode ser considerado fato jurídico. 
O ordenamento jurídico, que regula a atividade humana, é composto de normas jurídicas, que 
prevêem hipóteses de fatos e consequentes modelos de comportamento considerados relevantes 
e que, por isso, foram normatizados. Estes, depois de concretizados, servem de suporte fático 
para a incidência da norma e o surgimento do fato jurídico. 
A definição funcional destaca a função do fato jurídico, que seria a de produzir efeitos jurídicos, 
porém a eficácia (produção de efeitos) não é essencial ao fato jurídico, ou seja, nem todo fato 
jurídico produz efeitos necessariamente. 
O fato jurídico (um único fato ou um complexo de fatos) é aquele sobre o qual se incidiu uma 
norma jurídica, podendo haver ou não a produção de efeitos jurídicos. Ou seja, a o fato jurídico é 
um evento que concretiza algo (uma hipótese) já contida em alguma norma. Neste sentido se faz 
necessário compreender o que é a norma jurídica e como ela é classificada. 
2. NORMA JURÍDICA 
A norma jurídica é quem determina o fato jurídico, e havendo a concretização de uma norma pelo 
fato, gera-se assim o mundo jurídico, possibilitando a origem de um relacionamento jurídico que 
traz consigo uma produção de efeitos (eficácia) constituído por deveres, obrigações, ações, 
pretensões, exceções, etc. A norma jurídica, portanto, é a valoração que os fatos têm no mundo 
jurídico, assim, a regulação ou valoração dos fatos acontece de acordo com a interferência que 
um determinado fato (conduta ou eventos) têm sobre as relações intersubjetivas entre os homens, 
em como um fato afeta a vida dos homens. 
A norma jurídica constitui uma proposição através da qual, uma vez ocorrendo um determinado 
fato ou conjunto de fatos (=suporte fático) a ele (ao fato) devem-se atribuir determinadas 
consequências (=efeitos jurídicos) no plano do relacionamento intersubjetivo . Ou seja, se ocorre 
um fato e este se enquadra em uma determinada norma jurídica, haverá daí a produção de efeitos 
jurídicos. 
Uma norma jurídica não é necessariamente igual a um artigo legal, ela pode ser um artigo legal, 
mas a norma não se encerra nisso, a norma pode ser a interpretação de um conjunto de 
dispositivos/artigos, por exemplo. 
3. SUPORTE FÁTICO 
Quando se fala de suporte fático se quer fazer referência a algo (fato, evento ou conduta) que 
poderá ocorrer no mundo, e que por ter sido considerado relevante, tornou-se objeto de 
normatividade jurídica. Suporte fático, desse modo, é um conceito do mundo dos fatos e não do 
mundo jurídico, porque somente depois que se concretizam no mundo é que seus elementos, pela 
incidência da norma, o tornarão um fato jurídico. Ou seja existe um fato puramente e existe o fato 
jurídico (que é quando há incidência de uma norma jurídica). 
➔ ESPÉCIES DE SUPORTE FÁTICO: 
● a) hipotético ou abstrato: enunciado lógico da norma jurídica, existe somente enquanto 
hipótese prevista pela norma sobre a qual, se ocorrer, se dará a sua incidência. (Ou seja, o 
fato não ocorreu, só está previsto na norma) 
● b) concreto: fato previsto como hipótese que se concretiza no mundo fático (o fato 
previsto na norma se materializa no mundo). 
➔ ELEMENTOS DO SUPORTE FÁTICO: 
● a) Elemento subjetivo: pressupõe a necessidade de se referir a sujeitos de direito (pessoa, 
ente, conjunto patrimonial etc.) - se refere sempre a alguém, a algum sujeito de direito. 
● b) Elemento objetivo: bens da vida passíveis de apropriação. 
➔ SUPORTE FÁTICO COMPLEXO 
Geralmente o suporte fático é complexo, ou seja, é composto por por mais de um fato. Nos 
suportes fáticos complexos porém, há sempre um fato que determina sua configuração e a 
sua concretização. Esse fato não precisa estar mencionado expressamente, uma vez que 
existência de um fato jurídico já pressupõe a existência de um elemento factual central 
sobre o qual incide uma norma jurídica. Ou seja,se existe um fato jurídico já está implícito 
que houve um fato que se enquadrou em uma determinada norma jurídica. Assim esse 
fato principal, que configura e concretiza o fato como fato jurídico, é o cerne do suporte 
fático. 
​Os elementos nucleares ​do suporte fático são os elementos essenciais a incidência de uma 
norma jurídica e por consequência à criação de um fato jurídico. São os elementos existenciais do 
suporte fático. Eles são: 
● Cerne: determina a sua configuração final e fixa a sua concreção no tempo. 
● Elementos completantes: são os elementos subjetivo (existência de um sujeito direito a 
quem se possa referir) e objetivo (algum bem passível de apropriação) acima 
mencionados: completam o núcleo do suporte fático, dizem respeito a própria existência do 
fato jurídico. 
Exemplo: Nos negócios jurídicos, a manifestação consciente da vontade é o cerne do suporte 
fático, já que se não houver a manifestação da vontade consciente o negócio não pode existir. 
Os elementos complementares são categorias presentes apenas nos atos jurídicos e que 
complementam o núcleo do suporte fático, sem o integrarem. Têm suas consequências quanto à 
validade e/ou a eficácia do fato jurídico, ou seja, os elementos complementares não incidem no 
plano da existência do fato jurídico, só servem para dizer se o fato jurídico é válido ou não, se 
produz efeitos ou não. 
ELEMENTOS NUCLEARES (Existenciais) ELEMENTOS COMPLEMENTARES (validade 
e eficácia) 
Sujeito Capacidade de agir, legitimação, 
exteriorização da vontade perfeita 
Objeto Licitude, possibilidade e determinabilidade 
Forma Prescrita ou não defesa em lei 
 
Os elementos integrativos do suporte fático são elementos que pertencem somente ao 
mundo dos negócios jurídicos e traz consequências somente ao plano da eficácia do fato jurídico. 
Acontecem quando há necessidade de atos de terceiros, em geral da autoridade pública, ou 
quando necessitam de autorização do poder público (ex. quando um fato jurídico necessita de 
autorização de uma instituição financeira), ou de aprovação por autoridade competente (quando 
necessitam de autorização do Ministério Público, por exemplo), que vão conferir ao fato jurídico 
uma eficácia especial. 
Exemplo: A compra e venda de imóveis (produz eficácia obrigacional) no Brasil necessita de 
registro do contrato para que se tenha eficácia real, pois sem o registro não se efetivará a 
transmissão da propriedade imobiliária. O negócio jurídico de compra e venda em si, pela falta de 
registro, não sofre consequências quanto a sua existência, validade ou eficácia obrigacional, mas 
não produzirá a transmissão da propriedade porque falta o elemento integrativo (o registro em 
cartório) que trará a eficácia real. 
➔ INCIDÊNCIA 
Para que um suporte fático seja considerado um fato jurídico é necessário que haja a 
incidência de uma norma jurídica. Somente com a incidência de uma norma jurídica sobre 
um suporte fático é que se pode falar em juridicização (torná-lo um fato jurídico) que 
produzirá determinados efeitos/consequências jurídicas (eficácia jurídica). 
Suporte fático → incidência (da norma jurídica) → Juridicização (fato jurídico) = produção 
de efeitos jurídicos (eficácia jurídica) 
➔ ESTRUTURA E PRECEITO 
O preceito (também chamado de disposição) constitui a parte da norma jurídica onde são 
prescritos (ordenado por lei) os efeitos (as consequências) de um determinado fato 
jurídico. Representa a disposição normativa sobre a eficácia jurídica. 
Exemplos: a pena por um crime, a sanção por um ilícito civil, ou uma simples qualificação 
pessoal (como ser capaz, ou ser pessoa) são espécies de eficácia jurídica (de efeitos 
previstos em lei). 
OBS: O suporte fático e o preceito podem estar abrigados em artigos e leis diferentes. 
Como também pode haver suporte fático e preceito difusos (espalhados) no ordenamento 
jurídico. Por isso é preciso fazer uma leitura sistemática do ordenamento jurídico. 
➔ CLASSIFICAÇÃO 
Os fatos jurídicos em sentido amplo (lato sensu) é todo acontecimento da vida que o 
ordenamento jurídico considera relevante no campo do Direito. Podem ser classificados 
segundo critério do cerne do fato jurídico, ou seja, em relação ao seu elemento nuclear, 
que podem ser segundo: 
 
● Em relação a licitude ou ilicitude, conformidade ou não ao direito: 
a) Lícitos:​ quando estão conforme ao direito. 
b) Ilícitos: quando são contrários ao direito (também são fatos jurídicos porque estão 
previstos na norma jurídica). 
● Em relação a presença ou não de conduta humana volitiva (vontade) existem: 
a) Fato jurídico em sentido estrito (stricto sensu) é todo acontecimento natural que 
produz efeitos no mundo jurídico e que não necessitam de ato humano para existir. 
Podem ser de dois tipos: 
- Ordinários são fatos da natureza de ocorrência comum, cotidiana: o nascimento, a 
morte, o passar do tempo. 
- Extraordinários são fatos inesperados, às vezes imprevisíveis: um terremoto, uma 
enchente 
b) Ato-fato jurídico: ​neste, o ato humano é a essência do fato jurídico, mas não 
importa para a norma se houve, ou não, a intenção (vontade) de praticá-lo. O que 
importa aqui é a consequência do ato. Podem ser classificados em: 
- Reais: atos humanos que resultam circunstâncias fáticas, geralmente irremovíveis. 
Exemplo: a criança encontra um tesouro enterrado no quintal, e adquire-lhe a 
propriedade, independentemente de ter querido ou não encontrá-lo. 
- Indenizativos: são aqueles atos lícitos do qual decorre prejuízo a terceiro, com dever 
de indenizar. Exemplo: Alguém jogando bola e prejudica o patrimônio alheio 
(quebra uma janela), e tem a obrigação de restituir o dano provocado.. 
- Caducificantes: são aquelas situações cujo efeito é a extinção de determinado direito 
e, por consequência, extinção da pretensão, ação e da exceção dele decorrentes. 
Exemplo: antigo direito de anulação do casamento caso se descobrisse que a 
esposa não era virgem. 
c) Ato jurídico lato sensu (em sentido amplo) é o fato jurídico cujo suporte fático 
tenha como cerne a exteriorização consciente da vontade, a fim de obter um 
resultado juridicamente protegido (lícito) e possível. Os elementos essenciais do 
ato jurídico em sentido amplo é: 1) A presença de ato humano volitivo, ou seja, que 
tenha a exteriorização da vontade; 2) Consciência, ou seja, que se tenha o intuito 
de realizar aquela conduta juridicamente relevante; 3) Ato que tem como objetivo 
obter um resultado possível (um objeto). 
O ato jurídico lato sensu pode ser de dois tipos: 
- Ato jurídico stricto sensu constitui simples manifestação da vontade, sem 
conteúdo negocial, que determina a produção de efeitos legais. Aqui não há 
declaração da vontade manifestada com o propósito de atingir um objeto 
determinado (como no negócio jurídico), mas um simples comportamento humano 
deflagrador de efeitos previamente estabelecidos por lei (ato jurídico não-negocial 
em que a vontade manifestada se limita a compor o suporte fático de certa 
categoria jurídica, de modo que o fato jurídico tem efeitos previamente 
estabelecidos pelas normas jurídicas invariáveis e inexcluíveis). Exemplo: quando 
uma pessoa estabelece residência em algum lugar, fixa aliseu ​domicílio civil, 
independente de ter emitido declaração de vontade nesse sentido. 
- Negócio jurídico ​é o ato negocial em que à vontade é conferido o poder, dentro de 
certos parâmetros, de regular a amplitude, surgimento, permanência e intensidade 
dos efeitos das relações jurídicas que nascem do ato jurídico. Ou seja, a declaração 
de vontade, emitida em obediência aos pressupostos de existência, validade e 
eficácia, com o propósito de produzir efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico e 
pretendidos pelo agente. Esse autorregramento de interesses possibilita a 
estruturação do conteúdo dos efeitos das relações jurídicas dele decorrentes. 
Exemplo: Compra e venda; doação, testamento. 
4. PLANOS DO MUNDO JURÍDICO 
● Existência: ao sofrer incidência de uma norma jurídica juridicizante, a parte relevante do 
suporte fático (seu cerne) é transportado para o mundo jurídico (se torna fato jurídico), 
ingressando no plano da existência. Plano de qualquer fato jurídico 
Exemplo: É inexistente casamento celebrado por autoridade incompetente, um delegado 
de polícia por exemplo. 
● Validade: ​é o plano onde o Direito fará a triagem entre o que é perfeito (ou seja, não 
possui qualquer vício invalidante) e o que está corrompido de defeito invalidante. Ou seja, 
se existe deficiência de elementos complementares do suporte fático. 
Exemplo: casamento de incapaz (menor de 16 anos) é nulo. 
● Eficácia: ​âmbito da produção de efeitos, criando situações e relações jurídicas. Plano de 
qualquer fato jurídico 
Exemplo: do casamento decorre o dever de mútua assistência entre os parceiros. 
Porém o plano da eficácia não pressupõe o plano da validade. Exemplos: 1) nos fatos 
jurídicos stricto sensu, atos-fatos jurídicos e nos fatos ilícitos a existência (o plano 
existencial) é suficiente para que irradiem efeitos (plano da eficácia); 2) Atos jurídicos lato 
sensu, como: (a) Ato válido e eficaz – ex. compra e venda (b) Ato válido e ineficaz – ex. 
testamento (eficácia post mortem) (c) Ato inválido e eficaz – ex. casamento putativo (d) Ato 
inválido e ineficaz – ex. doação feita por absolutamente incapaz 
OBS: Os planos da validade e da eficácia pressupõem o plano da existência. 
 
NEGÓCIO JURÍDICO 
1. CONCEITO 
É o ato negocial em que à vontade é conferido o poder (em diferentes graus), dentro de certos 
parâmetros, de regular a amplitude, surgimento, permanência e intensidade dos efeitos das 
relações jurídicas que nascem do ato jurídico. Ou seja, a declaração de vontade, emitida em 
obediência aos seus pressupostos de existência, validade e eficácia, com o propósito de produzir 
efeitos admitidos pelo ordenamento jurídico e pretendidos pelo agente. Esse autorregramento de 
interesses possibilita a estruturação do conteúdo dos efeitos das relações jurídicas dele 
decorrentes. 
O negócio jurídico parte da premissa geral dos ideais liberais de preservação e ampliação da 
liberdade individual perante o Estado. Segundo a corrente clássica voluntarista, defini-se o 
negócio jurídico como sendo a manifestação da vontade destinada a produzir efeitos jurídicos 
Essa é a corrente dominante no Código Civil brasileiro, tanto o de 1916 quanto o de 2002, e revela 
um caráter altamente individualista da doutrina. ​Posteriormente kelsen afirma que a vontade pura 
e simples se configura como normas jurídicas individuais por isso pode produzir efeitos jurídicos. 
Algumas críticas foram feitas a corrente voluntarista, são elas: 
a) Ignoram o caráter empírico do Direito e as mudanças ocorridas na sociedade. A sociedade 
passou por profundas mudanças desde a criação da teoria voluntarista, é preciso adaptá-la. 
b) Não é da vontade, mas sim da incidência de norma jurídica que decorre a juridicidade (o fato 
jurídico); 
c) É a norma jurídica que atribui eficácia legal ao fato jurídico e não a vontade pura e simples, ela 
precisa se adequar às normas previstas no ordenamento jurídico). 
OBS: A NORMA JURÍDICA NÃO PRODUZ EFEITOS JURÍDICOS, ELA APENAS ATRIBUI 
EFICÁCIA LEGAL AO SUPORTE FÁTICO, ou seja, ela incide sobre o suporte fático para 
juridicizá-lo (torná-lo fato jurídico). 
Dentro desta perspectiva, formulou-se um novo conceito para o NJ: 
“[...] negócio jurídico é o fato jurídico cujo elemento nuclear do suporte fático consiste em 
manifestação ou declaração consciente de vontade, em relação à qual o sistema jurídico faculta 
às pessoas, dentro de limites predeterminados e de amplitude vária, o poder de escolha de 
categoria jurídica e de estruturação do conteúdo eficacial das relações jurídicas respectivas, 
quanto ao surgimento, permanência e intensidade no mundo jurídico” 
A ampla liberdade individual (da corrente voluntarista) passa por um processo de restrição à sua 
amplitude, que agora precisa estar em conformidade com as normas jurídicas. 
Pode-se dizer, então, que o autorregramento da vontade (característico do Estado liberal, é 
ilimitado) e a autonomia da vontade (característico do Estado de Bem-estar social, sofre maiores 
limitações) não são absolutos e ilimitados. Ao contrário, sua limitações podem ser tão amplas, que 
a elas resta, apenas, a manifestação, pura e simples, sem maiores opções, da vontade de realizar 
o negócio que a lei regula exaustivamente. 
Exemplo de limitação à autonomia da vontade: Pai não pode vender imóvel a filho sem 
consentimento dos demais e cônjuge; Não pode haver doação entre concubinos. 
Logo, a norma jurídica permite a manifestação de vontade e limita o seu conteúdo. Ela mostra 
quando a vontade pode ter efeitos jurídicos. 
O conteúdo eficacial das relações jurídicas pode ser regulado: a) exaustivamente por normas 
cogentes (ex. casamento); b) de modo a permitir variações via exercício da autonomia privada (ex. 
compra e venda). 
Assim a amplitude do poder de autorregramento da vontade varia em razão direta da 
indeterminação das normas jurídicas, ou seja, quanto maior a indeterminação das normas 
jurídicas, maior a autonomia da vontade, 
a) Indeterminação: apenas permite, sem dispor de maiores exigências. Ex. Direito das obrigações 
– as espécies negociais são numerus apertus e reguladas dispositivamente; 
b) Determinação relativa: estabelece certos pressupostos, sem ser exaustiva. Ex. Direitos 
irrenunciáveis; 
c) Determinação absoluta: regula exaustivamente os fatos jurídicos correspondentes. Ex. 
Casamento – apenas escolhe-se casar e o regime de bens, mas todos os efeitos são ex lege (são 
descritos na lei). 
● CLASSIFICAÇÃO 
→ ​Quanto ao plano da satisfação de interesses, número de declarações de vontade: 
(a) Unilaterais: quando concorrer apenas uma manifestação de vontade. Não há reciprocidade, 
porque só há um polo de interesse, mesmo quando há um destinatário a falta de reciprocidade 
não muda, já que o destinatário tem um papel passivo. 
 Ex: renúncia a herança, testamento, instituição de fundação. 
(b) Bilaterais: quando concorrem as manifestações de vontades de duas partes, formadoras de 
consenso, ou seja, são vontades coincidentes, recíprocas e concordantes sobre o mesmo objeto. 
Ex: contratos em geral e acordos, contrato de compra e venda, locação, prestação de serviço. 
(c) Plurilaterais: quando se conjugam, no mínimo, duas vontades paralelas, admitindo-se número 
superior, todas direcionadaspara a mesma finalidade. Ex: contrato de sociedade. 
OBS: Lateralidade se refere ao número de posições de interesse, e não ao número de pessoas 
envolvidas. Ex. negócio jurídico bilateral que envolve três ou mais pessoas. 
→ ​Quanto à dependência da morte para produzir efeitos: 
a) Negócio jurídico mortis causa: pactuados para produzir efeitos após a morte. Ex. testamento 
b) Negócio jurídico inter vivos: produzem seus efeitos estando as partes ainda em vida. Ex. 
contratos em geral. 
Observar se a morte é elemento integrativo do suporte fático, e não constitui mero termo ou 
condição. Ex. morte enquanto condição resolutória da doação. 
→ ​Quanto à (extra)patrimonialidade: 
a) Patrimoniais: relacionados com bens ou direitos aferíveis pecuniariamente. Ex. compra e venda 
(direitos reais/obrigacionais). 
b) Extrapatrimonais: referentes a direitos sem conteúdo econômico ~ Ex. casamento, adoção 
(direitos de personalidade, direitos puros de família) 
→ ​Quanto à forma: 
a) Solenes: são aqueles que exigem, para a sua validade, a observância da forma prevista em lei. 
Ex. Compra e venda de imóvel superior ao limite legal (30x s.m.), o casamento. 
b) Não-solene: figurantes podem eleger a forma que lhes aprouver, sem interferência legal - Regra 
geral: liberdade de forma Ex. Doação 
Em regra, a forma é elemento complementar do suporte fático (plano da validade). Porém, pode 
estar prevista como elemento nuclear. Ex. o casamento. 
 
 
VALIDADE DOS ATOS JURÍDICOS I 
 
As acepções da validade dos atos jurídicos variam de acordo com o ramo levado em 
consideração, assim de acordo com: 
❖ Filosofia do Direito ~ plano lógico, do dever-ser vs. plano da causalidade. ~ direito conforme os 
seus próprios fundamentos (éticos, sociológicos, dogmáticos etc.) – normas válidas vs. inválidas 
❖ Sociologia jurídica ~ aceitação da norma/ordenamento pela comunidade jurídica (efetividade) 
❖ Teoria do fato jurídico ~ qualificação que se atribui a fatos jurídicos ato jurídico. válido vs. 
nulo/anulável 
“Diz-se válido o ato jurídico cujo suporte fático é perfeito, isto é, os seus elementos nucleares não 
têm qualquer deficiência invalidante, não há falta de qualquer elemento complementar” (MELLO, 
2007, p. 4) 
A invalidade afeta ato jurídico que: a) viola norma jurídica cogente (proibitivas / impositivas); b) foi 
acometido por defeito na manifestação de vontade. 
Ato inválido é ilícito, a sanção correspondente é a própria invalidade 
O Código Civil de 2002 enumera os ​pressupostos legais da validade dos atos jurídicos: 
a) Quanto ao sujeito​:​ o agente emissor da vontade ser capaz e legitimado para o negócio. 
A. Capacidade de agir: deve ser plenamente capaz. Caso contrário, se forem: 
Absolutamente incapaz (menor de 16 anos) → recai na nulidade absoluta 
Relativamente incapaz (ébrios, entre 16 e 18 anos, etc) → recai na nulidade relativa / 
anulabilidade 
B. Perfeição da vontade exteriorizada, sem vícios de consentimento. 
C. Probidade e boa-fé. 
OBS: ​Representação é a forma de manifestação de vontade do representado 
através de um representante, que deve produzir plenamente seus efeitos. A 
representação pode ser: 
(a) Legal – poder conferido por lei de agir em nome de outrem incapaz (pais, 
tutores, curadores). 
(b) Judicial – autoridade judiciária nomeia pessoa para atuar em nome de outra. Ex. 
inventariante em relação ao espólio 
(c) Voluntária – poder de atuação em nome de outrem concedido por ato próprio do 
interessado 
Ex. Compra e venda por adquirente estrangeiro; 
Alguns negócios exigem poderes específicos. Ex. casamento 
Pode ser por mandato (procuração é o seu instrumento) ou não. 
- Autocontrato ou contrato consigo mesmo: 
“Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico 
que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo 
mesmo. 
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como celebrado pelo representante o 
negócio realizado por aquele em quem os poderes houverem sido subestabelecidos 
(transferir para alguém).” 
EXEMPLO: A recebe uma procuração de B para vender, por exemplo, um imóvel e, 
então, A decide comprar o imóvel, configurando, assim, A como vendedor e 
comprador, realizando um contrato de compra e venda ​“consigo mesmo”. Esta 
hipótese está prevista no artigo ​685 do ​código civil onde o mandatário tem poderes 
para alienar determinados bens, por determinado preço, para terceiros ou para si 
próprio, desde que seguidos os requisitos estabelecidos pelo representado, como 
por exemplo, o valor que o imóvel deverá ser vendido. 
- ​Extensão da representação e conflito de interesses 
“Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar em 
nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena 
de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem. 
Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de 
interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de 
quem com aquele tratou. 
Parágrafo único. É de cento e oitenta dias, a contar da conclusão do negócio ou da 
cessação da incapacidade, o prazo de decadência para pleitear-se a anulação 
prevista neste artigo.” 
Podemos ver nessa jurisprudência o caso que ocorre dolo e má fé do representante 
em função do representado. 
b) Quanto ao objeto​.​ O objeto deve ser: 
A. Lícito: dentro do que é permitido pela norma, pela moral e bons costumes (Proibido 
por exemplo, um contrato para prestação de serviços sexuais). 
B. Possível (física e juridicamente): or exemplo não se poderia fazer um contrato de 
compra e venda da lua, porque é fisicamente impossível, ou de um bem público. 
C. Determinado ou determinável: todo objeto deve ter características mínimas de 
individuação que permitam caracterizá-lo. Exemplo: um imóvel deve ser descrito 
minuciosamente, suas dimensões e confrontações (determinado); no determinável 
http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10690932/artigo-685-da-lei-n-10406-de-10-de-janeiro-de-2002
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983995/c%C3%B3digo-civil-lei-10406-02
temos o exemplo da venda de cereais, no qual é possível determinar somente o 
gênero do produto (café) e a quantidade (em sacas), podendo ficar de fora a 
qualidade do café, por exemplo. 
O objeto ilícito, indeterminado/indeterminável e impossível é nulo. 
 
c) Quanto à forma: 
A. Ter a forma prescrita 
B. Não adotar forma defesa em lei. Há porém a regra geral da liberdade de forma, ou 
seja, como as partes preferirem, a não ser que seja proibida expressamente pela 
lei. 
C. Forma convencional 
“Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem 
instrumento público, este é da substância do ato.” Se a utilização de escritura 
pública é uma cláusula do NJ, ela se torna indispensável para a sua validade, foi 
uma forma especialmente eleita pelas parte, traz mais segurança, porém é mais 
onerosa. 
d) Manifestação de vontade livre e de boa-fé (faz parte do plano do sujeito​): não pode 
estar impregnada de má-fé/malícia, sob o risco de nulidade ou anulabilidade. Dois 
princípios devem convergir para que se possa reconhecer como válida a manifestação de 
vontade: 
A. Princípio da autonomia privada: traduz a liberdade de atuação do indivíduo no 
comércio jurídico, que devem respeitar,no entanto, os ditames da convivência 
social, da lei,e da moralidade e bons costumes. 
B. Princípio da boa-fé: padrão ético, lealdade, respeito, confidencialidade - são 
caracteres que compõem a boa-fé. 
OBS1. ​Reserva mental: ocorre quando um dos declarantes oculta a sua 
verdadeira intenção, isto é, quando não quer um efeito jurídico que declara querer. 
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a 
reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário tinha 
conhecimento. 
OBS2.​Silêncio: o silêncio pode ser interpretado como manifestação tácita da 
vontade, quando a lei conferir a ele tal efeito. 
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o 
autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. 
 
● GRAUS DE INVALIDADE 
São dois os tipos de invalidade que pode o NJ incorrer: 
➢ Nulidade: é a sanção imposta pela lei aos atos e negócios jurídicos realizados sem 
observância dos requisitos essenciais, impedindo-os de produzir os efeitos que lhes são 
próprios. Segundo Helena Diniz “vem a ser a sanção, imposta pela norma jurídica, que 
determina a privação dos efeitos jurídicos do negócio praticado em desobediência ao que 
prescreve”. 
O negócio é nulo quando ofende preceitos de ordem pública, que interessam à sociedade. 
Assim, quando o interesse público é lesado, a sociedade o repele, fulminando-o de 
nulidade, evitando que venha a produzir os efeitos esperados pelo agente. 
A nulidade pode ser absoluta ou relativa, total ou parcial, textual ou virtual: 
- Nulidade absoluta: existe um interesse social, além do individual, para que se prive 
o ato ou NJ dos seus efeitos específicos, visto que há ofensa a preceito de ordem 
pública, e assim, afeta a todos. Por essa razão pode ser alegada por qualquer 
interessado, devendo ser pronunciada de ofício pelo juiz. 
- Nulidade relativa: é a anulabilidade e atinge negócios que se acham manchados 
por vícios capazes de lhes determinar a invalidade, mas que pode ser afastado ou 
sanado. 
- Nulidade total: é a que atinge todo o NJ. 
- Nulidade parcial: afeta somente parte do NJ. A invalidade parcial de um negócio 
jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da 
obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a 
da obrigação principal. Ou seja, sempre que possível, e respeitando a vontade das 
partes, o ato jurídico deve ser preservado. 
- Nulidade textual: quando vem expressa na lei. 
- Nulidade virtual: ou nulidade implícita quando, não sendo expressa na lei, pode ser 
deduzida de expressões utilizadas pelo legislador, como “não podem”, “não se 
admite”, etc. 
- 
➢ Anulabilidade: quando a ofensa atinge o interesse particular de pessoas que o legislador 
pretendeu proteger, sem estar em jogo interesses sociais, faculta-se a estas, se o 
desejarem, promover a anulação do ato. Trata-se de negócio anulável, que será 
considerado válido se o interessado se conformar com os seus efeitos e não o atacar, nos 
prazos legais, ou o confirmar. 
Anulabilidade é a sanção imposta pela lei aos atos e NJ realizados por pessoa 
relativamente incapaz ou eivados de algum vício de consentimento ou vício social. A 
anulabilidade visa, pois, à proteção do consentimento ou refere-se à incapacidade do 
agente. Sua razão de ser está na proteção que o direito dispensa aos interesses 
particulares. Depende da manifestação judicial. Diversamente do negócio jurídico nulo, o 
anulável produz efeitos até ser anulado em ação, para a qual são legitimados os 
interessados no ato, isto é, as pessoas prejudicadas e em favor de quem o ato se deve 
tornar ineficaz. 
A anulabilidade, por não se referir a questões de interesse geral, de ordem pública, como a 
nulidade, é prescritível e admite confirmação, como forma de sanar o defeito que a macula. 
Princípios e tipos de invalidez a serem levados em conta na consideração da invalidez: 
→ Separabilidade do ato jurídico​: 
 - UNIDADE 
a) UNITÁRIO: seu objeto/fim é único e inseparável; Ex. compra e venda, doação, 
locação 
b) COMPLEXO ou MISTO: elementos de diversos negócios jurídicos; Ex. leasing, 
franquia 
- PLURALIDADE: dois ou mais negócios jurídicos de especificidades próprias 
Ex. compra e venda de duas salas em mesma escritura pública compra e venda de imóvel 
com doação ao filho do comprador. 
-UNIÃO DE NEGÓCIOS JURÍDICOS / NEGÓCIOS COLIGADOS 
a) União externa: união decorre apenas de sua formalização Ex. “A” compra dois 
imóveis no mesmo instrumento público 
b) União interna: há nexo vinculante entre os negócios jurídicos, relação de 
dependência 
c) Exceção ao princípio da incontagiação da nulidade Ex. Contrato de locação com 
fiança. 
→ Material / formal 
- MATERIAL: resulta da violação de norma de direito material referente ao conteúdo 
do ato jurídico Ex. incapacidade dos figurantes, ilicitude e impossibilidade do objeto, 
defeitos dos atos jurídicos etc. 
- FORMAL: resulta da violação de norma de direito formal, a saber, referente à forma 
do ato jurídico. 
 
● CAUSAS DE NULIDADE 
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na 
substância e na forma. 
Incapacidade absoluta do agente - Art. 3º CC ~ pessoas menores de dezesseis anos :visa a 
proteção daqueles que, pela falta de experiência, não tem condições de discernimento para a 
condução de seus interesses pessoalmente. Algumas críticas ao critério etário: a) tolerância de 
diversos atos jurídicos praticados por crianças e adolescentes, ex. compra e venda de bens 
móveis; b) regra que desatende a realidade; c) teoria do menor maduro; Deve ser aferida no 
momento de conclusão do ato jurídico. 
Ilicitude, impossibilidade e indeterminabilidade do objeto 
I. ILICITUDE: compreende a contrariedade à lei, à moral (bons costumes) e à ordem pública 
❖ Infração a norma jurídica: fazer o que ela proíbe (norma proibitiva) ou não fazer 
aquilo que ela impõe (norma imperativa) 
A) Direta: Ex. compra de bem do tutelado pelo tutor 
 Nulidade textual, expressa, cominada 
 Nulidade virtual ou não cominada: a que não está no dispositivo especificamente. 
B) Indireta: uso de artifícios para criar aparente conformidade com a lei. Ex. 
terceiro compra bem do tutelado e, em seguida, o vende para o tutor 
Obs. Fraude à lei “[...] procedimento que, por meios indiretos, viola norma jurídica 
cogente, permitindo que se obtenha resultado por ela proibido (norma jurídica 
cogente proibitiva) ou impedindo que fim por ela imposto se realize (norma jurídica 
cogente impositiva)” (MELLO, 2007, p. 95) - O ato deve ser considerado em sua 
totalidade, superando-se a aparente legalidade formal. - É muito comum o uso de 
terceira pessoa (laranja). Não é necessárioprovar a má-fé, a intenção de enganar. 
❖ Imoralidade: contrariedade aos bons costumes e à ordem pública, de difícil de 
determinação legislativa e doutrinária, é um valor prático relativo. 
Ex. restrição a direito da personalidade ou direitos das famílias, alugar imóvel para 
fins de exploração da prostituição “[...] é preciso encarar os fatos objetivamente, 
sem levar em conta as convicções das pessoas, individualmente, nem de grupos 
sectários, extremados, ou de grupos religiosos, mas se deve considerar a opinião 
mais generalizada da sociedade, revelada pelo repúdio a certos comportamentos 
manifestado pela consciência geral” (MELLO, 2007, p. 109). 
II. IMPOSSIBILIDADE 
❖ Física: impossibilidade absoluta e insuperável. Ex: levar o mar a Feira de Santana 
❖ Jurídica: impossibilidade por disposição legal e negocial. Ex: venda de orgãos. 
“Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se 
cessar antes de realizada a condição a que ele estiver subordinado.” EX: empresa que compra a 
safra futura de colheita. 
III. INDETERMINABILIDADE DO OBJETO 
❖ Impossibilidade de identificação do objeto ou da prestação. 
❖ Deve ser absoluta e intransponível. Ex. vender uma casa onde na identificação do 
imóvel esteja escrito somente “casa”, sem outros elementos que possibilitem a sua 
identificação. 
❖ A indeterminação relativa não é causa de invalidade. Ex. vender 100 unidades de 
caneta azul (único modelo disponível). 
Ilicitude do motivo determinante 
I. Motivo: é a razão intencional que conduz o agente a realizar negócio jurídico. 
II. A regra geral é de irrelevância dos motivos, havendo exceções: 
(a) motivo declarado como razão determinante é falso (erro). 
(b) motivo comum a todos os figurantes é ilícito. 
III. O motivo deve ser determinante se os figurantes não teriam realizado o negócio jurídico 
sem ele. 
IV. Pode haver objeto lícito e motivo ilícito ~ Ex. sociedade com objeto “lazer” destinada a 
jogos de azar 
V. O negócio deve ser bilateral ou plurilateral (duas ou mais vontades que convergem em um 
mesmo objeto), porém não há razão para não estender essa causa de nulidade aos 
negócios jurídicos unilaterais, segundo revisão legislativa. É irrelevante a exteriorização do 
motivo ilícito. É uma categoria de difícil constatação prática. 
Desrespeito a disposição legal sobre forma​: quando há inobservância de forma exigida por lei 
ou adoção de forma vedada por lei. 
● CAUSAS DE ANULABILIDADE 
A anulabilidade é a sanção mais branda, coerente com o vício menos grave — da incapacidade 
relativa do agente ou de vícios de consentimento ou sociais. Nestes casos, não há interesse 
público envolvido; apenas o privado, das partes. Além disso, os efeitos do ato se produzem até 
que este seja anulado — ​ex nunc​. 
Dado o interesse privado, a anulabilidade não pode ser requerida por todos, mas apenas pelas 
partes ou por aqueles diretamente afetados. Da mesma forma, ela não pode ser declarada de 
ofício pelo juiz, com o art. 177 exigindo sentença. 
“Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. 
(vícios de consentimento)” 
 Incapacidade relativa do agente 
“Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra em 
benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível 
o objeto do direito ou da obrigação comum.” 
O menor de idade não pode invocar a anulabilidade se ocultou a sua idade dolosamente ou se 
declarou maior. 
“Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, 
invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de 
obrigar-se, declarou-se maior.” 
 Se o outro figurante tinha conhecimento da incapacidade, permanece a anulabilidade. 
Falta de assentimento ​de terceiro que a lei considere necessário para a prática de certos atos 
jurídicos: 
Dos pais, tutor ou curador (assentimento assistencial) ~ suprimento judicial 
De terceiro ~ Ex. outorga conjugal (assentimento resguardativo) 
Assentimento (anulabilidade) vs. Consentimento (ineficácia) 
 
PLANO DA VALIDADE: VÍCIOS DE CONSENTIMENTO 
Trata-se dos defeitos dos defeitos dos negócios jurídicos, que se classificam em vícios de 
consentimento - aqueles em que a vontade não é expressada de maneira absolutamente livre - e 
vícios sociais - em que a vontade manifestada não tem, na realidade, a intenção pura e de boa-fé 
que enuncia. 
Distinção importante: a falta de exteriorização de vontade consciente implica em inexistência; 
exteriorização de vontade defeituosa implica em invalidade. 
● Os vícios de consentimento são: 
1. ERRO ocorre quando a vontade foi determinada por falsa representação 
psicológica da realidade ou estado de ignorância (má percepção da realidade). 
Nessa modalidade de vício do consentimento o agente engana-se sozinho. Quando 
é induzido ao erro por alguém, caracteriza-se como dolo. 
Poucas são as ações anulatórias ajuizadas com base no erro, porque é difícil saber 
o que se passa no íntimo de cada pessoa no momento de celebração do acordo. O 
erro pode se apresentar das seguintes formas: a) erro quanto ao conteúdo da 
declaração de vontade; b) manifestação que não corresponde àquilo que se queria 
manifestar 
Não é qualquer espécie de erro que torna anulável o negócio jurídico. Ele deve ser 
substancial, escusável e real. 
“Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos 
em que o é a declaração direta.” 
Os erros podem ser de tais maneiras: 
- Erro Substancial: ​é o que recai sobre circunstâncias e aspectos relevantes do negócio 
jurídico. Tem que ser causa determinante, ou seja, se fosse conhecida a realidade 
verdadeira o negócio não seria celebrado. 
Erro in negatio​: É aquele em que uma das partes manifesta a sua vontade pretendendo e 
supondo celebrar determinado negócio, e na verdade, realiza outro diferente. Ex: você 
empresta algo a pessoa e ela acho que você doou; Quer alugar algo e escreve vender. 
Erro in corpore​: em relação as qualidades/identidade do objeto principal do negócio 
jurídico. Ex: comprar um vaso falso por um verdadeiro. 
Erro in persona​: erro sobre a identidade ou qualidade da pessoa a quem se refere uma 
declaração de vontade. Ex: doação ou deixa testamentária a pessoa a quem o doador 
supõe ser seu filho natural, quando não o é. 
Erro iuris: É o falso conhecimento, ignorância ou interpretação errônea da norma jurídica 
aplicável a situação concreta 
 
- Erro escusável e erro real: O erro escusável é o erro justificável, desculpável, 
exatamente contrário ao erro grosseiro e indesculpável (que ocorre por falta de diligência 
do agente). Não se admite, outrossim, a alegação de erro por parte daquele que atuou 
com acentuado grau de displicência, pois o direito não deve amparar o negligente. 
Adotando assim, o critério de comparar a conduta do agente, como a da média das 
pessoas, considerando, em cada hipótese as condições pessoais (de desenvolvimento 
mental, cultural, profissional) de quem alega o erro. 
Exemplo: ojuiz pode considerar escusável um erro vindo de um homem rústico e 
analfabeto, mas por outro lado, pode considerá-lo indesculpável quando feito por um 
advogado. 
Enunciado 12 CJF – “Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o erro, 
porque o dispositivo adota o princípio da confiança.” Mas há jurisprudência em sentido 
contrário, o STF em 2010 proclama que o erro pode ser escusável se for de tal tamanho 
que qualqer pessoa de inteligência média o pudesse cometer. 
- Erro acidental​: o erro de cálculo não é causa de anulabilidade, é um equívoco de fácil 
correção. 
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. 
“Cessação da anulabilidade Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a 
pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na 
conformidade da vontade real do manifestante.” ​Se as partes entram em acordo para retificar o 
erro, isso não prejudica a validade do negócio. 
2. DOLO: ​artifício astucioso empregado para induzir alguém à prática de um ato que o 
prejudica, e que beneficia o autor do dolo ou a terceiro. O dolo difere do erro 
porque o erro é espontâneo, a vítima se engana sozinha, já o dolo é provocado 
intencionalmente pela outra parte ou por terceiro. O dolo deve ser causa 
determinante do negócio jurídico, ou seja, sem o dolo (se uma parte não tivesse 
sido enganada) o negócio não seria celebrado. Se as duas partes se enganam 
reciprocamente o negócio jurídico não é anulável. Alguns requisitos são 
necessários para que o dolo seja causa de anulação: a) tem que acontecer antes 
ou no momento de celebração do negócio jurídico; b) tem que haver 
desconhecimento do dolo no momento de realização do NJ; c) Tem que haver 
omissão culposa (a parte haveria de informar algo que fosse relevante, mas se 
omitiu), a omissão culposa é a prova de que sem aquele dado o NJ não teria 
ocorrido; 
Os dolos podem ser de tais tipos: 
- ​Dolo de terceiro​: uma outra pessoa ludibria uma parte, e a parte que foi 
beneficiada pelo dolo de terceiro tinha ou deveria ter conhecimento da conduta 
dolosa. 
- ​Dolo representante​: o representante de uma das partes não pode ser considerado 
terceiro, pois age como se fosse o próprio representado. 
➢ Legal: o representante é o responsável pela conduta com dolo, a menos 
que o representado tenha sido beneficiado. 
➢ Convencional: (por mandato/procuração) o representado responderá com o 
representante igualmente. 
- ​Dolo acidental: não invalida o NJ, pois este seria celebrado independente da 
malícia da parte. Apesar do dolo as pessoas querem continuar o NJ. 
- Dolo bonus: quando ocorre oferta exagerada. Ex: um vendedor diz que seu tecido 
é o melhor do mundo.Não é causa de anulabilidade, o vendedor só quer enaltecer 
o produto. 
3. COAÇÃO: ​o agente incute na vítima o medo de vir a sofrer danos - iminente ou 
considerável - físico ou moral em sua pessoa, família ou patrimônio. A ameaça à 
terceiro (um amigo, por exemplo), vai ser analisada pelo juiz, que leva em 
consideração as circunstâncias do caso. 
Vis absoluta: acontece no momento de celebração do NJ. Exemplo: alguém segura 
meu braço para assinar um acordo (coação física do próprio sujeito). Aqui há 
hipótese de inexistência de vontade consciente. 
Vis compulsiva: quando acontece uma ameaça futura. Há nesse caso, hipótese de 
vontade consciente (porque a pessoa decide ceder a ameaça), porém a vontade 
está viciada/defeituosa, porque a pessoa foi ameaçada. 
O medo que resulta da coação deve existir no momento de realização no NJ, ou 
seja, deve ser contemporâneo a ele, o medo deve ser também fundamentado, ou 
seja, relativo a algo grave. Uma coação realizada de brincadeira não afasta a 
anulabilidade do NJ, se a parte acreditar na ameaça e não identificar que foi uma 
brincadeira. 
Não existe coação quando: a) na ameaça do exercício normal de um direito, por 
exemplo quando você diz a alguém que vai processar ela se ela fizer algo; b) por 
simples temor reverencial, ou seja, quando se tem por alguém sentimento de 
respeito, de formalidade. 
A coação pode também ser exercida por terceiro. Exemplo: um terceiro exerce 
coação sobre uma das partes, e a parte beneficiada é irmã desse terceiro (se a 
parte beneficiada soubesse ou devesse saber da coação o NJ será anulável, porém 
se a parte beneficiada não tivesse conhecimento da coação, nem tivesse como 
saber, o NJ será mantido) 
4. ESTADO DE PERIGO: ​constitui a situação de extrema necessidade que conduz 
uma pessoa a celebrar o negócio jurídico em que assume obrigação 
desproporcional e excessiva. 
Quando alguém coagido da necessidade de salvar-se de grave dano (conhecido 
pela outra parte) assume obrigação excessivamente onerosa. Exemplo: quando 
condicionam o atendimento hospitalar a pagamento oneroso, a risco do 
necessitado morrer caso não seja atendido, e o hospital sabe desse risco. 
Os requisitos do Estado de perigo são: a) Risco premente (urgente); b) ocorrência 
de dano pessoal, seja à vida, saúde ou integridade física (ficam excluídos os danos 
ao patrimônio, portanto); c) O temor é de conhecimento do figurante (a outra parte 
sabe do risco que a pessoa corre); d) Tem que ocorrer onerosidade excessiva da 
obrigação (do objeto que é causa do NJ); e) Tem que haver relação de causa entre 
estado de perigo e a obrigação. 
Segundo enunciado 148 do CJF se for excluída a onerosidade excessiva não se 
decretará a anulação do NJ. Exemplo: se o hospital que cobrou um valor excessivo 
pelo tratamento devolver o valor onerosamente cobrado, o NJ será mantido. 
5. LESÃO: ​quando uma pessoa sob urgente necessidade ou por inexperiência, se 
obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação do 
contrato. A parte prejudicada pode ter noção da desproporção de valores, mas é 
obrigada por necessidade urgente a se submeter a tal NJ. A lesão é o prejuízo 
resultante dessa relação desproporcional. 
São elementos da lesão: 
➢ Subjetivo: tem que haver premente necessidade ou inexperiência. 
➢ Objetivo: consiste na manifesta desproporção entre as prestações 
recíprocas, geradoras de lucro exagerado. O valores reais são avaliados 
segundo valores vigentes no momento de celebração do NJ. 
Segundo enunciado do CJF se for oferecido suplemento suficiente ao lesado, ou 
se o beneficiário da lesão concordar com a redução do proveito não se decretará 
a anulação do NJ.

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