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ENGENHARIA DE TRÁFEGO Profº Abrão C. Merij Vias e interseções não semaforizadas Interseções rodoviárias são áreas de confluência, entroncamento ou cruzamento de duas ou mais vias, abrangendo todo o espaço destinado a facilitar os movimentos dos veículos que por elas circulam (DNIT, 2005). Constituem-se em elementos de descontinuidade em qualquer rede viária e devem ter projetos que assegurem a circulação ordenada dos veículos e mantenham o nível de serviço da rodovia, garantindo a segurança nas áreas em que as suas correntes de tráfego sofrem influência de outras correntes, internas e externas. Podem ser classificadas inicialmente em dois grandes grupos: (i) interseções em nível, quando as vias que se interceptam possuem a mesma cota no ponto comum, e (ii) interseções em desnível, quando existem vias e/ou ramos da interseção cruzando-se em cotas diferentes. As interseções em nível podem ainda ser divididas em três subgrupos: (a) cruzamento, quando uma via for cortada por outra; (b) entroncamento, quando uma via começa ou termina em outra; e (c) rotatória, quando duas ou mais vias encontram-se em um ponto e a solução escolhida baseia-se no uso de uma praça central de distribuição do tráfego (Pimenta e Oliveira, 2004). A configuração de projeto adotada influencia diretamente os diversos movimentos entre veículos ao longo de área funcional de uma interseção. Segundo DNIT (2005), tais movimentos podem ser classificados em: Movimentos de Cruzamento: quando a trajetória de uma corrente de tráfego corta a trajetória dos veículos de outra, requerendo a existência de intervalos em uma corrente ou a sua interrupção momentânea; Movimentos Convergentes (ou de Incorporação): quando a trajetória dos veículos de duas ou mais correntes de tráfego se unem para formar uma única, havendo necessidade de regulação do direito de passagem ou existência de intervalos adequados; Movimentos Divergentes: quando os veículos de uma corrente de tráfego se separam e formam trajetórias independentes; Movimentos de Entrecruzamento (Entrelaçamento): quando a trajetória dos veículos de duas ou mais correntes independentes se combinam, formam uma corrente única e depois se separam. Além do mais, os locais onde ocorrem os movimentos acima descritos são reconhecidamente pontos de conflitos, havendo, segundo o DNIT (2005), três tipos básicos, a saber: (i) conflito de cruzamento, (ii) conflito de convergência, e (iii) conflito de divergência. As filas em interseções não semaforizadas ocorrem devido aos movimentos não prioritários. O tempo necessário para realização da manobra depende de inúmeros fatores, tais como: - Tipo de manobra; - Características físicas da interseção (raio de giro, distância de visibilidade); - Velocidade de aproximação do tráfego não prioritário. DESEMPENHO DE UMA INTERSEÇÃO O desempenho de uma interseção em nível e não semaforizada é influenciada basicamente pelo tempo requerido do tráfego não prioritário a entrar na interseção, bem como pela quantidade de oportunidades disponíveis para tal tráfego realizar essa manobra. Assim, uma interseção com uma dada configuração apresenta, para cada combinação de manobras e tipos de veículos, uma capacidade determinada pelo número e comprimento de brechas no fluxo principal. Na análise do desempenho de uma interseção, não só a sua capacidade deve ser considerada como também os atrasos sofridos pelo tráfego não prioritário, já que teoricamente o fluxo principal não sofre retardamento devido à interseção. Na medida em que o comprimento médio das brechas diminui com o aumento do fluxo principal, tende a aumentar o atraso médio do tráfego não prioritário. Com isto, aumenta a propensão dos usuários assumirem riscos (isto é: aceitação de brechas inferiores às desejadas), o que pode ter implicações sérias na segurança do tráfego. Assim, o engenheiro de tráfego, ao projetar uma interseção, objetiva principalmente definir uma configuração geométrica e um método de controle que minimizem os atrasos e riscos. • o tráfego da via principal não bloqueia a via secundária; • outras interseções não interferem na interseção considerada; • há uma faixa de rolamento exclusiva para cada movimento na via secundária e também para giro à esquerda na corrente principal; e • outros movimentos não impedem o movimento considerado. TIPOS DE INTERSEÇÕES COM PRIORIDADE PARE ou DÊ A PREFERÊNCIA A escolha de um ou outro controle depende fundamentalmente das condições de visibilidade disponíveis. Assim, para condições favoráveis a visibilidade é usual a adoção de DÊ A PREFERÊNCIA. Caso contrário, caso das maiorias dos cruzamentos, torna-se necessário usar a sinalização PARE. CONCEITOS IMPORTANTES Espaçamento (spacing): denomina-se espaçamento a distância entre veículos sucessivos numa mesma corrente de tráfego, medidas na prática de pára-choque a pára-choque. Também conhecido como “Headway espacial”. Headway: É definido como sendo o intervalo de tempo entre veículos sucessivos quando eles passam por um ponto da via, da mesma forma medido de pára-choque a pára-choque. Também conhecido como “Headways temporais”. Brecha (gap): é o intervalo de tempo entre a passagem da traseira e da frente de dois veículos consecutivos. Assim, a brecha representa um melhor indicador, do que o headway, do tempo disponível e que pode ser (ou não) aproveitado pelo tráfego que pretende entrar na via principal. Estudo sobre semáforo Conceitos básicos • Ciclo: é o tempo necessário à uma sequência completa de indicações luminosas, ou seja, é o tempo em que a sequência verde, amarelo e vermelho aparece por completo. • Fase: é a parte do ciclo reservada à uma combinação qualquer de movimentos de tráfego que recebem, simultaneamente, o direito de passagem. • Estágio: também conhecido como intervalo, é a parte do tempo de ciclo durante o qual não mudam as indicações luminosas. • Offset: também conhecido como defasagem, é a diferença, em segundos, entre os verdes de dois semáforos consecutivos de uma mesma via e está relacionado com o sincronismo dos semáforos. • Split: é a porção de verde associada a cada estágio, ou seja, é a relação entre o período de verdes e o tempo de ciclo. • Entreverdes: é o intervalo de tempo entre o final do verde para uma fase e o início do verde para a fase seguinte, geralmente é composto por um tempo de amarelo e um tempo de vermelho total. • Aproximação: é a parte da via próxima de um cruzamento. • Verde efetivo: é a parte de tempo de verde efetivamente utilizada pelo tráfego, ele é composto por boa parte do tempo de verde e uma parte do tempo de amarelo. • Atraso: é o tempo perdido num semáforo, quando retido pelo sinal vermelho. • Foco: é o conjunto formado pela superfície refletora, lâmpada e a lente colorida. • Grupo focal: é o conjunto de focos, orientado numa mesma direção, ou seja, são as luzes coloridas que compõem os semáforos. Função do semáforo O objetivo primordial dos semáforos é organizar o tráfego de pessoas e veículos de modo a evitar qualquer tipo de conflito, como os acidentes. No entanto, quando não usados corretamente ou usados quando não são realmente necessários, podem provocar atrasos excessivos ao trânsito, congestionamentos e até acidentes pelo desobedecimento das indicações luminosas. Para tanto, é necessário sempre um estudo do tráfego para avaliar a necessidade de um semáforo e, caso positivo, para calcular o tempo de ciclo ideal para a situação. A política nacional impacta diretamente no planejamento da mobilidade urbana do município e nos princípios, objetivos e diretrizes da gestão da mobilidade nas cidades, no âmbito estratégico, tático ou operacional. Veremos os métodos de análise e avaliação dos tempos de semáforo utilizados em cruzamentos para veículos e pedestres em polos geradores de tráfego. Além disso, abordaremos a administração das cidades e seu impacto na mobilidade e sustentabilidadeda mobilidade urbana. Os polos geradores de tráfego influenciam diretamente os indicadores de acidentes de trânsito em uma cidade, portanto, devem ser geridos com maior frequência. Vale ressaltar que somente sinalizações verticais e horizontais, muitas vezes, não são suficientes para evitar os acidentes. Desse modo, os semáforos são de extrema importância para impor a preferência de tempo aos usuários, para sua mobilidade longitudinal (via principal ou primária) ou transversal (secundária) das vias (BRASIL, 2010). Avaliação do tráfego Para o planejamento do tráfego, é necessário realizar um estudo do volume de veículos. Desse modo, é possível controlar o tráfego de uma cidade com grande fluxo de carros, pois, para reduzir os impactos de uma localidade para outras, na mesma região, é preciso estudar e avaliar o volume de transporte de pessoas ou cargas de um polo gerador de tráfego, bem como verificar quais são as consequências que isso pode acarretar na região estudada. Sinalização de Controle Para planejar a sinalização e controlar o tráfego, é preciso conhecer os tipos de vias, as quais podem ser primárias ou secundárias. As vias primárias são aquelas com maior fluxo de veículos e com itinerários de transporte coletivo, onde, ao longo da via, haverá interseções que também podem ser primárias ou secundárias, com igual ou menor fluxo, com ou sem itinerário de ônibus. Nessas situações, são necessárias as sinalizações de regulamentação, ou seja, a parada obrigatória dos veículos para via principal ou transversal (BRASIL, 2010). Já as vias transversais (ou secundárias) são aquelas com menor expressão de veículos ou movimentações locais. Nelas são utilizadas sinalizações semafóricas de advertência, ou seja, avisos de atenção ao atravessar. Para que se possa realizar o controle de tráfego nas vias arteriais ou coletoras, é necessário conhecer o fluxo das vias primárias e secundárias. Essas vias podem variar em volumes médios, considerados quando a quantidade é maior que 450 veículos por hora; ou grandes, quando acima de 800 veículos por hora, sendo que, nesse caso, devem ser utilizadas sinalizações semafóricas de regulamentação, isto é, parada obrigatória. Sinalização Semafórica de Regulamentação A sinalização semafórica de regulamentação utiliza semáforos para controle do tráfego. Em termos técnicos, o semáforo é um grupo focal luminoso e circular, formado por um conjunto de luzes: verde, amarela e vermelha. Ele regula o trânsito local. A cor verde é normatizada como passagem livre e está localizada na parte inferior; a cor amarela significa advertência de parada antes de se chegar à interseção e fica localizada no centro; por fim, a cor vermelha é utilizada para sinalizar a parada do veículo e fica localizada na parte superior do conjunto luminoso. Existem alguns tipos de semáforos que são empregados de maneira específica (por exemplo, veicular direcional e ciclista) e podem ser utilizados das seguintes maneiras: Para veículos: setas verdes com sentidos para esquerda, direita e para cima; com luzes verdes em uma faixa; indicam passagem livre ao condutor, porém com preferência de veículos que já estiverem na interseção ou pedestres que estiverem atravessando a via. Para pedestres: são utilizados pictogramas (ser humano ou uma mão) para representar o momento em que o pedestre pode transitar na via. Normalmente é um sinal nas cores verde e vermelho, que indicam, respectivamente, passagem livre e parada. A atenção, nesse caso, é indicada pela sinalização do verde piscando, que indica que o pedestre deverá finalizar a passagem ou não iniciar a travessia. Para ciclistas: os semáforos seguem as mesmas fases que os utilizados para veículos automotores, porém com pictogramas de bicicletas. É importante salientar que os ciclistas também devem dar preferência aos veículos e pedestres que já estiverem na interseção. Tempos de verde Para avaliação dos tempos de verde, é necessário verificar o desempenho por relações simples, por meio do conhecimento das quantidades e medidas das faixas das vias principais e secundárias e das demandas, ou seja, os volumes de aproximação de cada via e o tempo estimado do ciclo. O ciclo é composto por fase de verde e amarelo. Esse último tem o tempo médio de 3 a 5 segundos, com velocidades regulamentadas de 40 a 80 km/h (BRASIL, 2014). Para o cálculo, utilizamos a relação dos tempos de verde na equação a seguir. Sinalização Semafórica de Advertência A sinalização semafórica de advertência, ilustrada na figura 3.5, utiliza- se de semáforos com o grupo focal circular, com dois sinais de alerta na cor amarela. Eles são instalados em cruzamentos que não têm um volume de carro expressivo, ou seja, nas transversais, com o intuito de reduzir a velocidade da via secundária. Algumas vezes faz-se necessário, inclusive, o auxílio de lombadas.
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