Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
OTITE MÉDIA AGUDA. 1. INTRODUÇÃO. · Otite externa: conduto auditivo externo e pavilhão auricular. · Otite média: atrás do tímpano, ouvido interno, bigorna, martelo. · Otite interna: labirinto e cóclea. · A orelha média é um canal de comunicação, mas também é a porta de entrada de infecções de vias aéreas superiores para a cavidade timpânica. · As formas de apresentação das doenças da orelha média são otite média aguda, otite média secretora, otite média crônica e otite média colesteatomatosa. · A otite média aguda é mais comum em crianças e geralmente ocorre após uma infecção de vias aéreas superiores. A maioria dos casos são causados por bactérias. A otite média aguda é causada S. pneumoniae (20 a 50% dos casos), H. influenza (15 a 20%), M. catarrhalis. Quando causadas por vírus, os mais comuns são adenovírus e vírus sincicial respiratório. · Os picos de incidência são de 6 meses a 2 anos e de 4 a 7 anos. · Mais de 80% das crianças tem uma otite média aguda até os 3 anos de idade. 2. ANATOMIA. · Orelha média: é formada pela cavidade timpânica, tuba auditiva e complexo mastoideo (osso temporal com espaços de ar). · Tuba auditiva: A tuba auditiva ou tuba de eustaquio liga o nariz e o ouvido. Nas crianças a tuba auditiva é bem menos inclinada, é mais fácil a secreção ir do nariz para o ouvido, por isso as otites são comuns. Já no adulto, a tuba auditiva tem 45º, é mais difícil a secreção chegar no ouvido. As funções da tuba auditiva são proteção contra a secreção e gradiente de pressão da nasofaringe, drenagem e clearance da secreção da orelha média para a nasofaringe, ventilação da orelha média para equalizar sua pressão com a pressão atmosférica, equilibra a pressão. É um tubo osteocartilaginoso que liga a orelha media a nasofaringe. No adulto, a disposição da tuba auditiva facilita a drenagem de secreções produzidas na orelha média para a nasofaringe. Nas crianças, a tuba é mais horizontalizada, dificulta a drenagem da secreção da orelha média e facilita o refluxo de secreções da nasofaringe para a orelha média, predispondo a infecções · Cavidade timpânica: tem os ossículos martelo, estribo e bigorna. · Membrana timpânica: divide a orelha externa e orelha média. · O nervo facial passa na orelha média. Uma complicação das otites médias é a paralisia facial. 3. FISIOPATOGENIA. · A OMA é a principal complicação de resfriados comuns. · A criança apresenta uma infecção das vias aéreas, que provoca uma inflamação na nasofaringe e na tuba auditiva. Isso causa uma disfunção na tuba auditiva, a qual tinha função de drenar secreção e equalizar a pressão. Logo, acaba não drenando as secreções da orelha média, que ficam acumuladas facilitando a proliferação bacteriana e a pressão fica negativa na tuba, favorecendo a produção de muco. 4. FATORES DE RISCO. · Disfunção tubaria: os pacientes com aumento das adenoides tem hipotrofia muscular das tubas, pois são respiradores bucais. Há também a disfunção tubaria fisiológica e mal formações. · Fatores imunologicos: o aleitamento materno até os 6 meses é fator de proteção. · Idade: abaixo de 2 anos tem mais incidência de OMA, pois a tuba é mais horizontal e o sistema imunológico é imaturo. · IVAS: 5 a 30% dos resfriados complicam com otite média aguda. · Exposição a fumaça do cigarro. · Rinite. · Creches. · Uso de bicos. · Alteração craniofacial. · Refluxo. 5. SINTOMAS E DIAGNÓSTICO. · Sintomas: geralmente precedida por uma IVAS. Há otalgia de instalação rápida, otorreia, febre, plenitude auricular (ouvido entupido), inapetência, prostração, dificuldade para dormir, choro, a criança bota a mão na orelha, hipoacusia. · Não são todos pacientes que apresentam otorreia. Geralmente quando começa a otorreia, a otalgia diminui, pois perfurou um pouco a membrana timpânica para drenar a secreção e aliviar a dor. · Diagnóstico: no exame físico, há sinais de inflamação, hiperemia da membrana timpânica, perda da translucidez da membrana timpânica, pois tem edema, abaulamento da membrana timpânica. · A membrana timpânica normal na otoscopia é transparente, pode visualizar o cabo do martelo, brilhante e móvel à insuflação de ar. · Sinais de ruptura do tímpano na parte mais escura da A. hiperemia e retenção de secreção na B. 6. TRATAMENTO. · Critérios para a decisão de observar e reavaliar em 48h ou iniciar os ATB logo na primeira avaliação: idade, certeza diagnostica e intensidade dos sintomas. · Abaixo de 6 meses: sempre começar ATB. · 6 meses a 2 anos: diagnostico de certeza já iniciar ATB, diagnostico incerto com sintomas graves já iniciar ATB, diagnostico incerto com sintomas leves pode observar e reavaliar em 48h. · Acima de 2 anos: diagnostico de certeza com sintomas graves ATB, diagnostico de certeza com sintomas leves e diagnostico incerto pode reavaliar em 48h. · Antibióticos: amoxicilina 50 mg/kg/dia, em 2 a 3x ao dia, por 10 dias. Se o paciente teve uma OMA ou uso de ATB recente, usar amoxicilina com clavulanato 50 mg/kg/dia por 8 dias. Se tem alergia a penicilinas, usar azitromicina. Se tem complicações de diarreia e vômitos, usar ceftriaxona IM. · Após iniciar o antibiótico, reavaliar em 48 a 72h. Nos casos de falha terapêutica, febre persistente, otalgia, otorreia após tratamento adequado, a otite pode ser causada por H. influenza ou M. catarralis. Iniciar o uso de amoxicilina com clavulanato ou ceftriaxona. · Analgésicos: paracetamol, dipirona. Otite média aguda recorrente: · 3 ou mais OMA em 6 meses ou 4 ou mais OMA em 12 meses. · Controlar fatores de risco e fazer vacinas gripe e antipneumocócica. 7. COMPLICAÇÃO. · A maioria dos casos evolui bem, sem complicação. · Mastoidite: abaulamento no osso mastoide, inflamação. · Petrosites agudas: otorreia, dor facial e paralisia do VI par. · Paralisia facial periférica. · Labirintites secundarias a OMA. 8. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS. Otite média secretora ou serosa: · Não há processo inflamatório agudo, há uma secreção serosa ou mucoide na orelha media. Quando o paciente assopra, dá para ver bolhinhas de ar em um meio liquido. · Tem secreção na orelha média, mas não tem dor, febre. · É mais comum dos 6 meses a 1 ano. · Fatores de risco: idade < 5 anos, disfunção tubaria, tuba auditiva mais reta nas crianças, estado nutricional, alergias, IVAS, malformações, creches, fumaça do cigarro, alterações climáticas, rinite. · Os sintomas são ouvido entupido, chiados no ouvido, hipoacusia, mas não causa dor. Pode ter atraso na fala quando crianças. Não tem perfuração da membrana timpânica. · Diagnóstico: quando a secreção é serosa, visualizar bolhas na membrana timpânica translucida. O conteúdo mucoide é mais alaranjado, mais opaco. · Timpanometria: avaliar a mobilidade da membrana timpânica e função da tuba auditiva. Quando há alteração na membrana timpânica, como na imagem abaixo, o tímpano não está se alterando com o ar. · Tratamento: corrigir as alterações funcionais na ventilação da orelha média e disfunção tubaria. Corticoides orais e ATB para prevenir e tratar as IVAS: diminuir edema, diminuir viscosidade das secreções e controlar microorganismos. Tratamento cirúrgico: quando há secreção por mias de 4 a 6 meses e diminuição da audição, colocar um tubo de ventilação. Faz anestesia geral, incisão na membrana timpânica para drenar a secreção e coloca o tubo. Otite media crônica: · Inflamação da orelha média durante >3 meses, associada a perfuração do tímpano e otorreia. Pode causar perda auditiva. · Pode ser supurativa ou não supurativa. · Na supurativa há perfuração da membrana timpânica e otorreia persiste. · Na não supurativa há perfurações da membrana timpânica, mas longos períodos de aquiescência e otorreia intermitente amarelada e com odor, não é comum dor. Nos períodos intercrise, a orelha é seca e sem infecções. No exame físico, há perfuração da membrana mais central e restos da membrana timpânica · Fatores de risco: alterações craniofaciais que dificultam a função da tuba auditiva, obstrução nasal,imunossuprimidos. · Fatores desencadeantes: OMA repetição, OMA necrotizante, inflamação, trauma, IVAS (rinites, rinossinusites). · As bactérias mais comuns são bacilos gram negativos, P. aeruginosa, P. mirabillis, E. coli. · Diagnóstico: Audiometria: disacusia condutiva. Impedanciometria: avaliar a função tubaria em pacientes com perfuração da membrana timpânica. TC de ossos temporais: avaliar colesteatoma e planejar cirurgia. · Tratamento: Clínico: remoção periódica dos resíduos epiteliais e secreção do conduto auditivo externo. ATB tópicos polimixina B e ciprofloxacino por 7 a 14 dias, com ou sem corticoides. Usar VO se infecções persistem. Cirúrgico: timpanoplastia nos pacientes com perfuração timpânica com orelha seca há >3 meses. Otite média crônica colesteatomatosa: · Há acumulo de queratina esfoliada na orelha média, a partir do epitélio escamoso queratinizado. Pode causar destruição do osso temporal. · O aspecto é de cisto perolado. Tem crescimento e fazem reabsorção de estruturas osseas, devido a inflação. São pseudotumores. · Os colesteatomas primários são formados a partir da retração da membrana timpânica, sem antecedentes de otite média. Os secundários são associados a alterações como perfuração marginal, metaplasia epitelial. · Sintomas: perda auditiva em 90% dos pacientes, vertigem, otorreia amarelada com odor e raias de sangue, zumbido, hipoacusia. Não é comum otalgia.
Compartilhar