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OTORRINOLARINGOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A DISFUNÇÃO TUBÁRIA TUBA DE EUSTÁQUIO • A Tuba de Eustáquio ou Tuba Auditiva (TA) liga o ouvido médio à nasofaringe e é composta por uma parte cartilaginosa, próxima à nasofaringe e muito variável anatomicamente, e uma óssea, próxima à orelha média e contém uma válvula dinâmica. • A tuba de Eustáquio tem 3 funções principais: o Ventilação e regulação da pressão do ouvido médio. o Drenar secreção da cavidade do ouvido médio por movimento mucociliar. o Proteger o ouvido médio do refluxo de conteúdo, patógenos e ruídos da nasofaringe. DEFINIÇÃO • A disfunção tubária (ETD) é a inabilidade da tuba de Eustáquio regular propriamente a pressão dentro do ouvido médio e/ou efetivamente drenar secreções do mesmo. Ocasionalmente a disfunção pode envolver refluxo de secreção nasofaringea para o ouvido médio. • Essa disfunção pode ser causada por uma variedade de mudanças fisiopatológicas que impedem a abertura e fechamento correto da tuba. • A disfunção tubária obstrutiva é causada mais comumente por inflamação mucosa causada por alergias, exposição ao tabaco e refluxo ácido. • Trompa Patulosa - Trompa de Eustáquio Patulosa (Patente) é a trompa que fica sempre aberta, resultando em falha na proteção da orelha média do refluxo de conteúdo e ruídos da nasofaringe. Cursa comumente com plenitude auricular e autofonia. Excursões mediais e laterais na membrana timpânica podem ser observadas ao pedir para o paciente respirar pelo nariz. o A disfunção obstrutiva pode transitar para trompa patulosa e alguns pacientes podem flutuar entre as duas desordens. EPIDEMIOLOGIA • Mais comum em crianças abaixo dos 5 anos e diminui frequência na idade adulta. • Não há preferência por gênero ou etnia. • Pacientes com fenda palatina tem maior incidência de disfunção tubária (79%). ETIOLOGIA • A disfunção tubária pode ser causada por edema intrínseco do orifício tubário ou devido a inflamação (alergia) ou infecção. • Condições de infecciosas e inflamatórias associadas com disfunção tubária incluem infecção respiratória superior, rinite alérgica e rinossinusite crônica. • Também pode ocorrer por compressão extrínseca da tuba por hipertrofia adenoidiana, tumor ou trauma. • Pode estar ligada a falha dos músculos associados com a abertura tubária, incluindo: músculo tensor do véu palatino, músculo levantador do véu palatino, salpingofaringeo e tensor do tímpano. OTORRINOLARINGOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A • Outros fatores que também estão relacionados com disfunção tubária são: tabagismo, refluxo gastresofágico e exposição a radiação. DIAGNÓSTICO: • Screening: Pacientes com fenda palatina devem fazer um audiograma de rotina ainda crianças para procuram por efusão serosa. • O diagnóstico de disfunção tubária é frequentemente baseado nos sintomas reportados pelo paciente e nos achados clínicos da otoscopia. • Quadro clínico: Queixas de incapacidade de “destrancar” os ouvidos, sensação de perda auditiva, história de repetidas otites médias, história de rinite alérgica e rinossinusite que exacerbam os sintomas auditivos. • Pacientes com tuba patulosa descrevem sensação de autofonia (ouvir a própria voz e respiração dentro da orelha), que resolve ao decúbito dorsal ou ao inclinar a cabeça. Também pode estar associado a perda de peso recente. • Exame físico: o Pacientes com disfunção tubária podem ter exame físico normal. o Achados pertinentes incluem: membrana timpânica retraída ou hipomóvel, otite media serosa, orifício da tuba de Eustáquio inflamado ou edemaciado ao exame endoscópico, hipertrofia de adenoide e neoplasia invadindo a nasofaringe. • Testes iniciais: Endoscopia nasal e Timpanometria para medir a complacência da membrana timpânica. o Timpanometria: tipos B e C. Resulta em pressão negativa na fenda da orelha média. • Fatores de risco: fenda palatina, hipertrofia adenoide, rinite alérgica, neoplasia da nasofaringe ou da fossa infratemporal, trauma ou infecção da tuba de Eustáquio, idade < 5 anos, tabagismo, refluxo gastroesofágico, exposição a radiação, perda de peso recente. • Diagnóstico diferencial: perda de audição neurosensorial (teste de Rinne positivo). TRATAMENTO: • Frequentemente os sintomas de disfunção tubárias são leves e não persistem por muitos dias. • Pacientes com sintomas persistentes e sem causa aparente (por exemplo rinite alérgica) devem ser investigados para obstrução, trauma e complicações otológicas crônicas. • Corticoesteroides intranasais: o São usados para minimizar a inflamação e edema do orifício da tuba de Eustáquio. o O tratamento pode ser usado em qualquer momento após a apresentação clínica; o Efeito adverso intranasal: epistaxe e perfuração septal • Descongestionantes e anti- histamínicos são ineficazes. • Cirurgia: o O tratamento cirúrgico pode aliviar a obstrução do orifício da tuba auditiva ou para reparar trauma; o Somente se identificar patologia o Neoplasia nasofaríngea obstrutiva dependerá da radioterapia e quimioterapia o Adenoidectomia: Pacientes com hipertrofia de adenoide e otite secretora (efusão serosa) • Tubos de equalização de pressão/de ventilação: o Indicação: Otite média crônica, Otite média serosa, Retração da membrana timpânica. o Aliviam o diferencial de pressão negativa entre a orelha média e a atmosfera o Não há tempo definido para colocação de tubos; OTORRINOLARINGOLOGIA Talita B. Valente ATM 2023A o Primeiro se faz teste com ATB e corticoides intranasais- antes da colocação de tubo; o Eeitos adversos por tubo de ventilação: Infecção (pode ser por contaminação pela água), perfuração timpânica persistente, perda auditiva. o Normalmente são expelidos após 3-6 meses. • Não há tratamento médica para trompa patulosa. • Tratamento emergentes: Tuboplastia e dilatação transnasal endoscópica por basal. SEGUIMENTO • Acompanhamento a longo prazo para pacientes com retração timpânica e otite média crônica e para evidência de complicações (período de 6-12 meses). • Complicações: o Otite média crônica - Bolsa de retração com acúmulo de pele, aumento da vascularização (roda de bicicleta). Seguimento médio prazo. o Otite média serosa - Otite média com efusão, acompanhamento médio prazo. o Barotrauma otológico - Otoscopia muito característica, serossanguinolento, acompanhamento médio prazo. o Otite média aguda - Abaulamento e secreção, com nível hidroaéreo. PROGNÓSTICO • O prognóstico depende da causa subjacente da disfunção, por exemplo, se for uma causa solucionável com cirurgia, então a condição desparecerá após cirurgia. • Em crianças, tende a resolver com o crescimento. • Se for de causa idiopática, a chance de resolução não é clara e premeditável. IMPORTANTE • Resulta em pressão negativa da fenda da orelha média. • Intimamente relacionado ao desenvolvimento da otite média crônica. • Frequentemente acompanhada de doença inflamatória crônica da cavidade nasal. • O diagnostico pode ser confirmado pela timpanometria • O tratamento envolve cuidados de suporte e corticoesteroides nasais. • A cirurgia é apropriada se a trompa de Eustáquio estiver obstruída ou em caso de trauma. • Tubos de equalização de pressão são inseridos se houver complicações otológicas crônicas.
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