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DAC e IAM DAC ou simplesmente CI (Cardiopatia isquêmica) representa um grupo de síndromes fisiologicamente relacionadas que resultam da isquemia miocárdica — um desequilíbrio entre o suprimento miocárdico (perfusão) e a demanda cardíaca por sangue oxigenado. Reduz não só oxigênio do tecido, como também reduz a disponibilidade de nutrientes e a remoção de resíduos metabólicos. 90% dos casos são ocasionados pela redução no fluxo sanguíneo devido a lesões ateroscleróticas obstrutivas nas artérias coronárias epicárdicas 10% hipertrofia ventricular, vasoespasmo (descarga adrenérgica, p.ex. pacientes que fazem uso de cocaína liberam essa descarga tão intensa capaz de vasoconstringir e unir as paredes dos vasos impedindo o fluxo sanguíneo. Fatores de risco modificáveis: DM, sedentarismo, estilo de vida, etilismo, HAS, dieta, tabagismo. Não modificáveis ou constitucionais: idade, gênero, genética; Adicionais: inflamação, homocisteinemia, lipoproteína A, oxidação da LDL, fatores coagulantes elevados, estresse, síndrome metabólica. Em 2020 os níveis de morte por doenças cardiovasculares aumentaram significativamente devido à pandemia muitos fatores estão associados como: estresse, sedentarismo, falta de acompanhamento médico, dieta etc. Irrigação do coração ACE na maior parte dos seres humanos ela irriga 60% do nosso coração e o restante fica para a ACD. ACD (CD) → ramo marginal direito (MA) → ramo interventricular posterior (DP) ACE (CE) → ramo interventricular anterior (DA) → ramo circunflexo (CX) → ramo marginal esquerdo Dominância cardíaca: a a. interventricular posterior é a responsável por determinar a dominância cardíaca dependendo de quem ela será ramo. Cerca de 80% das pessoas têm uma dominância a direita. Importante: se a direita for a dominância do individuo e ele tiver uma obstrução levando a uma isquemia ele perderá toda a parte posterior do coração. Cruz cordis: Encontro entre os quatro sulcos da região posterior do coração: Sulco interatrial ou interauricular; Sulco coronário, atrioventricular, ou ainda, auriculoventricular, esquerdo e direito; Sulco interventricular. Patogenia A causa dominante nas síndromes da CI é a perfusão coronariana insuficiente em relação à demanda miocárdica; na grande maioria dos casos, isso é decorrente de um estreitamento aterosclerótico crônico e progressivo das artérias coronárias epicárdicas, e de vários graus de alteração aguda da placa sobreposta, trombose e vasospasmo. A fase pré-clínica é assintomática, a DAC é igual a HAS ela é “sedutora e ordinária” (kkk), se começa a sentir sintomas é porque houve complicações, seja ruptura, seguido de uma oclusão por trombos, seja um aneurisma ou estenose crítica. Complicações clínicas A CI pode se apresentar com uma ou mais das seguintes síndromes clínicas: • Infarto do miocárdio (IM), no qual a isquemia causa franca necrose cardíaca; • Angina pectoris (literalmente “dor no peito”), na qual a isquemia não é grave o suficiente para provocar infarto, mas, apesar disso, os sintomas apontam para o risco de infarto; • CI crônica com insuficiência cardíaca; • Morte súbita cardíaca (MSC). Situações que a demanda de O2 sobressai a oferta de O2 • Anemia grave; • Insuficiência renal crônica (diminuição de eritropoetina); • Infecções virais, choque (pH ácido → elevação de CO2 e queda de O2 → infartos subendocárdicos); • Hipertrofia ventricular cardíaca ou insuficiência cardíaca diastólica (mais sangue circulante sem novos vasos desenvolvidos, mesmo uma coronária normal pode não ser suficiente para suprir essa qtde de sangue gerando uma angina ao esforço). Diferença entre hipertrofia do atleta e hipertrofia patológica: a primeira é chamada de hipertrofia saudável, o coração é condicionado em um ambiente equilibrado tendo os parâmetros funcionais normais, já a segunda o ventrículo tem que se esforçar para exercer o seu papel, sofrendo com a sobrecarga. Manifestação clínica Angina Pectoris: dor no peito, causada por isquemia miocárdica transitória, sendo insuficiente para provocar necrose. A patogênese da dor é a liberação de adenosina, bradicinina e outras moléculas que estimulam os nervos sensitivos (aferentes). Existem três padrões de angina pectoris, segue abaixo: Angina estável (típica): causada por um desequilíbrio na perfusão coronariana (devido à aterosclerose coronariana estenosante crônica) em relação à demanda miocárdica, tal como aquela produzida por atividade física, excitação emocional ou estresse psicológico. É caracterizada pelo paciente como um aperto ou uma queimação podendo ser confundida como uma indigestão, raramente é descrita como dor e é esporádica. Aliviada ao repouso ou com administração de vasodilatadores. Angina variante de Prinzmetal é a forma mais incomum de acontecer, sendo ocasionada pelo espasmo arterial coronariano, não estão relacionados com a atividade física, frequência cardíaca ou pressão arterial. Síndrome do Coração Partido, alta descarga adrenérgica. Responde bem a vasodilatadores. Espasmo vascular generalizado → Várias coronárias saudáveis que se fecham à Cardiomiopatia de Takotsubo Angina instável ou crescente, trata-se de um padrão de angina ou desconforto torácico grave, frequência crescente ou duração prolongada (menos de 20 min), que é descrita como dor evidente. Ocorre em repouso ou com menores níveis de atividade física. Essa é causada, geralmente, pela ruptura de uma placa aterosclerótica, com trombose parcial superposta e, possivelmente, embolização ou vasospasmo (ou ambos). Precede o IAM. Circulação Colateral • Uma lesão aterosclerótica obstrui progressivamente uma artéria coronária em velocidade bem lenta durante anos; • A remodelagem de outros vasos coronarianos poderá́ fornecer fluxo sanguíneo compensatório para a área em risco; essa perfusão colateral pode subsequentemente proteger contra o IM, mesmo que com o tempo o vaso acabe totalmente obstruído. • Infelizmente, quando ocorre uma obstrução coronariana aguda, não há tempo suficiente para que o fluxo colateral se desenvolva e sobrevém, então, o infarto. Infarto do miocárdio É uma manifestação clínica da isquemia e uma doença, haja vista que envolve necrose. Doença isquêmica crônica do coração com ICC Esta descompensação progressiva do coração após IM ou como resultado de lesões isquêmicas pequenas que, com o passar do tempo, acumulam-se e levam à falência mecânica da bomba. Coração com vários micros enfartos. Morte súbita cardíaca A MSC é mais comumente definida como uma morte inesperada decorrente de causas cardíacas sem aparecimento de sintomas, ou dentro de 1 a 24 horas do início dos sintomas. Acontece muito em pacientes que são usuários de cocaína. Pode ocorrer como consequência da lesão tecidual promovida por IM, mas, geralmente, resulta de arritmia fatal (ventricular)**, sem necrose dos miócitos. **TV (taquicardia ventricular) → FV (fibrilação ventricular → o coração bombeia pouco ou nenhum sangue). OBS: artigos recentes demonstram que cloroquina e precedex podem aumentar intervalo QT e pode gerar TV. Infarto agudo do miocárdio • O infarto do miocárdio (IM), também conhecido como “ataque cardíaco”, consiste na necrose do músculo cardíaco em consequência à isquemia. • Apesar de poder ocorrer em praticamente qualquer idade, a frequência dos IMs sobe progressivamente com o aumento da idade e dos fatores de risco ateroscleróticos. • No entanto, aproximadamente 10% dos IMs ocorrem antes dos 40 anos, e 45% ocorrem antes dos 65 anos (coronária >60% obstruída). • Os IMs afetam igualmente brancos e negros. • Os homens correm risco significativamente maior que as mulheres, embora a diferença entre os sexos diminuaprogressivamente com o aumento da idade. Em geral, as mulheres estão protegidas contra o IM durante a vida reprodutiva. Contudo, a menopausa — com o declínio da produção de estrógeno — está associada à exacerbação da doença arterial coronariana, e a DIC é a causa mais comum de morte entre as mulheres idosas. Etiopatogenia Aterosclerose (90%) ou vasoespamo (10%). Devido a ruptura da placa de ateroma ocorre a formação de trombo, obstruindo a passagem do fluxo sanguíneo, gerando a necrose. Vejamos a seguir passo a passo de como um trombo gera um IAM. 1. Placa ateromatosa rompe subitamente como resultado da hemorragia intraplaca ou de forças mecânicas; HEMOSTASIA 2. O colágeno subendotelial e o conteúdo necrosado da placa entram em contato com o sangue. VASOCONSTRIÇÃO 3. As plaquetas aderem à placa rompida, agregam-se e são ativadas, liberando tromboxano A2, ADP e serotonina, levando a agregação plaquetária e vasoespasmo. HEMOSTASIA PRIMARIA 4. Cascata de coagulação aumenta o trombo. HEMOSTASIA SECUNDARIA 5. Em questão de minutos o trombo pode evoluir e obstruir o fluxo sanguíneo e gerar necrose. Resposta do Miocárdio à Isquemia • Perda do suprimento sanguíneo acarreta consequências bioquímicas, morfológicas e funcionais intensas para o miocárdio; • Segundos após a obstrução vascular, a glicólise aeróbica cessa, levando à queda do nível de trifosfato de adenosina (ATP) e ao acúmulo de metabólitos potencialmente nocivos (p. ex., ácido láctico) nos cardiomiócito; • A consequência funcional é a rápida perda da contratilidade, que ocorre em aproximadamente um minuto do início da isquemia. • As alterações ultraestruturais (incluindo o relaxamento das miofibrilas, a depleção do glicogênio e a tumefação celular e mitocondrial) também se tornam evidentes; • Essas alterações iniciais são potencialmente reversíveis. Somente a isquemia grave, que dura pelo menos 30-40 minutos, causa dano irreversível e necrose por coagulação nos miócitos. Critérios microscópicos Alterações Precoces • Tumefação de organelas; • Necrose de coagulação; • Infiltrado de neutrófilos. Alterações tardias • Tecido de granulação, rico em colágeno, fibroblastos e neovasos; • Fibrose miocárdica, hemossiderina; • Hipertrofia compensatória dos cardiomiócitos adjacentes. Padrões de infarto Transmurais e não-transmurais (subendocárdicos). Infarto/necrose em 1/3 do miocárdio= infarto subendocardial (camada subendocárdica); Infarto/necrose em todo miocárdio= infarto transmural. Infarto branco transmural. Infartos microscópicos Infartos pequenos que não tem como identificar clinicamente de uma maneira fácil. Etiologias: vasculite, formação de embolos a partir de vegetações ou trombos murais, ou de espasmo vascular mediante a elevação de catecolaminas - endógenas (feocromocitoma ou estresse extremo) ou exógenas (p.ex cocaína). Modificação de um Infarto por Reperfusão Restaurar a perfusão tecidual o mais rápido possível (daí o ditado “tempo é miocárdio”). Esta reperfusão é obtida por trombólise (dissolução do trombo pelo ativador tecidual do plasminogênio), angioplastia ou cirurgia de by-pass da artéria coronária (ou cirurgia de revascularização coronária). Infelizmente a reperfusão não traz somente benefícios podendo provocar lesão por reperfusão. Os fatores que contribuem para o surgimento da lesão por reperfusão são: • Disfunção mitocondrial (alteração da permeabilidade membranal → tumefação → rompimento → citocromo C→ apoptose); • Hipercontratura dos miócitos (níveis intracelulares de cálcio estão aumentados); • Radicais livres (aumento de radicais livres devido a necrose associado à reperfusão devido ao sangue ser oxigenado, logo tem-se lesão dos miócitos); • Agregação de leucócitos (obstruir microvasculatura e produzem enzimas digestivas); • Ativação plaquetária e sistema complemento (não refluxo). A reperfusão efetiva deve ser feita em até 4h. Diagnóstico laboratorial Marcadores sanguíneos que detectam índices de infarto em pacientes. Os cardiomiócitos liberam enzimas e proteínas quando sofrem necrose, principalmente: creatina quinase específica (CK-MB) ou troponina cardíaca T e troponina cardíaca I. Troponinas T e I: Após dois dias do infarto elas começam a aparecer no sangue e demoram muito para os seus níveis abaixarem, cerca de 14 dias. CK-MB tem um pico em 24h, mas cai muito rapidamente, logo essa é detectável para verificar se teve mais de um infarto. CK-MB + troponina cardíaca T e I = infarto no miocárdio. Se dosar CK-MB em 48 h e dosar novamente após mais 48 h = mais lesão, mais células sofrendo necrose. Consequências e Complicações do Infarto do Miocárdio • Disfunção contrátil • Disfunção dos músculos papilares • Infarto do ventrículo direito • Ruptura do miocárdio • Arritmias Pericardite – Fibrino hemorrágica • Dilatação das câmaras • Trombo mural • Aneurisma ventricular • Insuficiência cardíaca tardia progressiva Anexos Complicações do infarto do miocárdio. (A a C) Ruptura cardíaca. (A) Ruptura da parede anterior livre do miocárdio (seta). (B) Ruptura do septo ventricular (seta). (C) Ruptura do músculo papilar. (D) Pericardite fibrinosa, com a superfície epicárdica hemorrágica e rugosa recobrindo um infarto agudo. (E) Expansão recente de um infarto anteroapical com estiramento e adelgaçamento da parede (seta) e trombo mural. (F) Grande aneurisma na parte apical do ventrículo esquerdo (seta).
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