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1 Série Perspectivas para o Futuro Título: Biorrefinarias para a Produção Conjunta de Bioprodutos e Medicamentos Antivirais para doenças Epidêmicas: Avaliação de Cenários Tecnológicos sob Ópticas Econômica, Ambiental e Social Pesquisador Responsável: Dra. Juliana Queiroz Albarelli Pesquisadora e divulgadora de ciências Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/7558509875803279 Contato: jualbarelli@gmail.com ou @cienciascaju (auxílio na elaboração de projetos e redação de artigos científicos) Resumo: À medida que a pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 causa mortes pelo mundo, a realidade preocupante de que epidemias se tornarão cada vez mais comuns em nossa era conectada começa ser compreendida. Neste cenário, a produção de produtos de ação anti-viral em biorrefinarias parece promissor. Os extratos poderão ser considerados produto final e usados como medicamentos fitoterápicos ou incorporado a outros produtos com ação antiviral, como por exemplo, produtos de limpeza e tecidos antivirais. A avaliação desta biorrefinaria nos aspectos econômicos, ambientais e sociais se faz necessária para a definição das melhores rotas de processo, matérias-primas e co- produtos a serem produzidos. Este projeto enviado para a FAPESP como proposta para Jovem Pesquisador apresenta uma revisão bibliográfica interessante que pode ser de uso comum. Aproveite a leitura. 2 1 Enunciado do problema À medida que a pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2 infecta mais pessoas e causa mortes pelo mundo, a realidade preocupante de que epidemias se tornarão cada vez mais comuns em nossa era conectada começa ser compreendida. Nos últimos 40 anos o número e a diversidade de eventos epidêmicos têm aumentado e acredita-se que se intensificará ainda mais nas próximas décadas (SMITH et al., 2014). Fatores como mudanças climáticas, depredação ambiental, urbanização, globalização e aumento do consumo humano de proteínas animais facilitam a disseminação de doenças infecciosas, impactando a população global. Doenças que provocam síndrome respiratória aguda grave, como a COVID-19, já foram causa de epidemias e pandemias recentes. Pessoas com baixo sistema imunológico, em geral, se mostram mais vulneráveis ao ataque de vírus e agravamento do quadro clínico. Os alimentos que ingerimos podem desempenhar um papel relevante no fortalecimento do sistema imunológico, auxiliando na prevenção de contágio de doenças. Alimentos com alto teor de compostos bioativos/fitoquímicos atuam na função imunológica e reduzem a suscetibilidade a infecções. Medicamentos e remédios à base de plantas também têm apresentados resultados no auxílio do tratamento de doenças virais. A raiz do Panax ginseng, comumente usada nos países do Leste Asiático, demonstrou ser eficaz na prevenção e tratamento de doenças respiratórias virais, incluindo várias cepas de influenza. Pelargonium sidoides, uma espécie de gerânio da África do Sul, é um remédio fitoterápico eficaz no tratamento de infecções respiratórias, que também pode inibir a replicação de vírus respiratórios. Astragalus membranaceus, comumente conhecido na Medicina Tradicional Chinesa, é usado para tratar resfriado comum e infecções respiratórias superiores e mostrou eficácia antiviral na prevenção de infecções causadas pela influenza (KALLON et al. 2013; LIN et al., 2014; BARRETT, 2018). Esses medicamentos naturais podem ser uma ótima ferramenta no combate ao vírus SARS- CoV-2 e outras síndromes respiratórias agudas graves e podem ser tomados como suplementos alimentares. Como apresentam efeitos colaterais mínimos, o tratamento com estes medicamentos pode ser iniciado antes do aparecimento de sintomas, como medida profilática. Assim, o combate ao vírus pode se dar logo no início da infecção impedindo que esta se manifeste ou evolua para quadros mais graves. 3 Estudos preliminares demonstraram que compostos bioativos extraídos de plantas como a quercetina, oleuropeína, curcumina, entre outros, são potenciais inibidores da protease principal do vírus SARS-CoV-2 (ANTONIO et al., 2020). Além do uso diretamente como medicamento, esses extratos podem ser utilizados na formulação de novos produtos com ação antiviral como produtos de limpeza naturais, entre outros. Dentro das possíveis tecnologias para a obtenção de extratos com alto teor de fitoquímicos se destacam as com fluídos supercríticos. O uso de tecnologias envolvendo fluidos sub/supercríticos tem sido impulsionado em estudos experimentais e aplicações industriais devido à tendência global da busca por tecnologias ecologicamente corretas, uma vez que a maioria de suas aplicações pode utilizar como solventes substâncias inofensivas ao meio-ambiente e à saúde humana. Os fluidos pressurizados (sub/supercríticos) vêm sendo utilizados em substituição a solventes orgânicos em diversos processos industriais (PEREIRA; MEIRELES, 2010). A obtenção de medicamentos naturais a partir de materiais vegetais e o aproveitamento dos resíduos desta para a produção de subprodutos é uma alternativa importante a ser estudada, visto que o aproveitamento integral da biomassa vegetal, além de permitir a diminuição do custo de produção, proporciona bioprodutos compatíveis ao meio ambiente. O potencial de utilização integral da biomassa vegetal para produzir combustíveis, produtos químicos e outros produtos tem sido o foco de atenção recente no estudo de biorrefinarias. O conceito de biorrefinaria aplica-se ao aproveitamento integral de matéria-prima abundante e de baixo custo, empregando-se tratamentos físicos e/ou químicos para a produção de produtos comerciais, de maior valor agregado. Uma biorrefinaria opera pela sucessão de diferentes etapas, iniciando-se por operações de separação, visando à extração de diferentes substâncias para uso imediato ou a serem transformados, seguindo-se etapas de conversão dos resíduos gerados no processo em produtos de também uso imediato ou a serem disponibilizados como matéria-prima para futuras transformações pela indústria química (DEMIRBAS, 2010). 1.1 Extratos naturais antivirais para tratamento de doenças epidêmicas e a extração e pós-processamento usando fluídos sub/supercríticos Em 2019, a GPMB (Global Preparedness Monitoring Board) em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou o primeiro relatório anual sobre preparação global para emergências em saúde chamado “A World At Risk” (Um mundo 4 em risco). Neste, o problema de potenciais epidemias devastadoras a níveis regionais e globais é levantado, alertando para a potencial perda de vidas e também para os efeitos econômicos e de caos social gerados. Segundo o relatório, entre 2011 e 2018, a OMS acompanhou 1.483 eventos epidêmicos em 172 países. Neste contexto, doenças como a gripe, SARS, MERS, Ebola, Zika, Febre Amarela, entre outras, são precursoras de uma nova era onde surtos serão detectados com mais freqüência, terão grande impacto, rápida propagação e serão cada vez mais difícil de gerenciar (BRUNDTLAND; SY, 2019). Segundo o Fórum Econômico Mundial a disseminação de doenças infecciosas nos próximos anos irá remodelar as economias, sendo que nas próximas décadas, as pandemias de gripe causarão perdas anuais médias de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) global ou US $ 570 bilhões (SCHMITT, 2020). O uso de produtos naturais no tratamento e prevenção de doenças epidêmicas desempenha um papel importante por apresentarem pouco ou nenhum efeito colateral e poderem ser tomados como suplemento alimentar pela população vulnerável em momentos de surtos. Óleos essenciais e extratos derivados de plantas são considerados uma fonte de compostos bioativos amplamente utilizada pela indústria farmacêutica para o tratamento de infecções virais (ANTONIO et al., 2020). Antivirais naturais já foram descritos pela atividade contra diferentes vírus comoDengue, Coronavírus, Sarampo, Hepatites B e C, HIV, Gripe (influenza), entre outros (LIN et al. 2014). Estudos mostraram que a baicalina, composto polifenólico pertencente à família das flavonas comumente extraído da planta medicinal chinesa Scutellaria baicalensis, pode impedir a entrada do vírus da Dengue no hospedeiro e inibir a replicação pós-entrada (ZANDI et al., 2012). Além deste composto natural, muitos outros também apresentaram efeito antiviral para a Dengue como a quercetina, a narasina e diferentes extratos de algas marinhas (LIN et al. 2014). Extrato aquoso de dente-de-leão (Taraxacum officinale) e extratos de raíses de Pelargonium sidoides, entre outros extratos naturais, apresentam atividades anti-influenza, atuando na inibição da entrada do vírus e nas principais atividades enzimáticas virais (LIN et al., 2014). Durante o surto de coronavírus SARS-CoV-1, em 2002-2003, extratos de ervas tradicionais de diversas localizações geográficas e habitats foram considerados como fontes potenciais de novos medicamentos. Os extratos de Lycoris radiata, Artemisia annua, Pyrrosia lingua, Lindera aggregata, raiz de Isatis indigotica, extratos de chá preto, entre outros, foram testados por sua atividade antiviral contra SARS-CoV-1 apresentando resultados positivos in vitro (ISLAM et al., 2020). Para o atual coronavírus pandêmico, o SARS- 5 CoV-2 causador da COVID-19, estudos insipientes a partir da triagem virtual de compostos bioativos, conhecido como análise in silico por “molecular docking”, demonstraram o potencial de moléculas naturais inibirem o vírus. Estas foram flavonóides, gorduras, ácidos, taninos, terpenos e alcalóides. A diversidade dessas classes químicas se dá devido aos diferentes mecanismos utilizados por cada classe fitoquímica de inibir a ação do vírus. Dentre os compostos estudados se verificou grande potencial anti-SARS-CoV-2 de flavonóides, flavanonas e flavanóis (ANTONIO et al., 2020). Além da abordagem do uso de extratos naturais diretamente como antivirais e suplementos alimentares para aumentar a imunidade, existem outras formas de utilizar estes compostos no auxilio e prevenção de novas pandemias. Uma possibilidade que será investigada experimentalmente pelo grupo High Pressure Group da Universidade de Valladollid (Espanha), coordenado pela Prof. Dr. Maria José Cocero (pesquisadora associada deste projeto) é a formulação de produtos com atividade antivirais, bactericidas e/ou anti-fungicidas usando extratos naturais. Neste estudo, em fase inicial, pretende-se avaliar a incorporação de extratos naturais para a produção de produtos de limpeza biodegradáveis que possam atuar como desinfetantes para vírus e bactérias e a confecção de tecidos com propriedades anti-microbianas. O uso de tecnologias sub/supercrítica para a obtenção de extratos ricos em fitoquímicos tem sido empregado como método alternativo de extração. Ao contrário de métodos de extração convencionais como extração por Soxhlet, maceração ou destilação a vapor, tecnologias que usam fluidos sub/supercríticos apresentam um rápido tempo de extração, uso de solventes atóxicos e fácil recirculação do solvente para o processo. Entre estes métodos se destacam a Extração com Fluidos Supercríticos (Supercritical Fluid Extraction, SFE) e a Extração com Líquido Pressurizado (Pressurized Liquid Extraction, PLE) (SANTOS et al., 2014; SANTANA et al., 2018). A SFE é um processo que se beneficia do aumento no poder de solvatação de fluidos perto ou acima de seus pontos críticos. Apesar da possibilidade de usar diferentes fluidos supercríticos, o dióxido de carbono é o solvente normalmente usado em aplicações relacionadas às indústrias cosmética, alimentícia e farmacêutica. O CO2 tem uma temperatura crítica baixa (30,4 oC) e uma pressão crítica leve (78 bar); é atóxico, relativamente inerte em vários meios e pode ser obtido com alta pureza a um custo razoável. O poder do dióxido de carbono supercrítico para extrair seletivamente algumas substâncias de diferentes matrizes vegetais é amplamente reconhecido. Por 6 outro lado, em alguns casos, a solubilidade de alguns compostos específicos neste meio não é boa. Isso pode ser superado pela adição de co-solvente, geralmente um solvente mais polar, como o etanol, por exemplo, ao solvente supercrítico. Isso afeta as propriedades da fase fluida devido às fortes interações entre o soluto, o solvente e o co- solvente (ALBARELLI et al, 2018a). O uso de processos sub/supercríticos como uma primeira etapa do processamento da biomassa para obtenção de compostos de alto valor agregado previamente à obtenção de produtos e energia em um conceito de biorrefinaria tem se apresentado promissora tanto sob a óptica ambiental como econômica (CATCHPOLE et al, 2012; ALBARELLI, et al, 2018b; ALBARELLI, et al, 2018c). Fluidos sub/supercrícios podem também ser utilizados em etapas de pós- processamento dos extratos como em processos de purificação, encapsulação e secagem. Métodos como Supercritical Antisolvent (SAS), Gas Antisolvent (GAS) ou Supercritical Fluid Extraction of Emulsion (SFEE), são promissores para precipitar e encapsular compostos ativos em escala submicrométrica, aumentando sua biodisponibilidade. Existem ainda outros métodos usando fluidos supercrícos para micronização e formação de partículas como o Rapid Expansion of Supercritical Solutions (RESS), Particles from Gas Saturated Solutions (PGSS), entre outros. Ao aplicar um meio supercrítico adequado, como dióxido de carbono supercrítico, a degradação térmica do composto bioativo não ocorre, devido à baixa temperatura crítica do meio (LÉVAI et al., 2017). 1.2 Biorrefinarias do futuro: produção integrada de produtos e medicamentos com pegada ambiental limpa, visão social e viabilidade econômica A solução para grandes epidemias como a de COVID-19 que estamos presenciando no ano de 2020 não se dará apenas com o encontro de uma vacina ou remédio, mas principalmente pela mudança de hábitos da nossa sociedade. Os processos de produção ambientalmente insustentáveis que adotamos hoje nos diversos segmentos econômicos são uma das principais causas do surgimento de novas epidemias ao impulsionar dois grandes problemas de nossa era: as mudanças climáticas e a perda na biodiversidade. Nesse contexto, é de caráter urgente que a retomada econômica no cenário pós-pandemia seja voltada para a bioeconomia, onde produtos possam ser obtidos em uma plataforma verde propiciando um olhar holístico ao processo produtivo e ao impacto deste no mundo que nos cerca, assim como no ciclo de vida do produto. A valorização da biomassa, utilizando todo o seu potencial, minimizando resíduos e 7 também diversificando a matriz de produtos em um conceito de biorrefinaria é necessário. Esta alternativa permite utilizar as sinergias do processo para uma produção sustentável e eficiente, minimizando o impacto produtivo no meio ambiente e ao mesmo tempo trazendo benefícios econômicos e sociais. O amplo espectro de recursos de biomassa virgem ou residual em conjunto com fatores como o uso eficiente destes recursos, a busca pela eficiência energética e sustentabilidade permitem à biorrefinaria produzir uma ampla gama de produtos de base biológica (produtos alimentícios, químicos e outros materiais) e bioenergia (biocombustíveis, energia e calor). 1.2.1 Biorrefinarias integradas para produção de extratos com função antiviral e co- produtos A obtenção de extratos com ação antiviral de fontes naturais e o uso integral dos resíduos gerados no processo se apresenta como uma promissora configuração de biorrefinaria. No caso da produção de medicamentos naturais para a prevenção e tratamento da COVID-19, por exemplo, estudos in silico apresentam os flavonóides como moléculas que se destacam como potenciais antivirais para o vírus SARS-CoV-2 (ANTONIO et al.,2020). Uma possível configuração de biorrefinaria que produza extratos com ação antiviral para a COVID-19 seria investigar a obtenção de flavonóides de um resíduo abundante no estado de São Paulo, como a casca da laranja. As cascas de frutas cítricas correspondem entorno de 30 a 50% do seu peso, sendo um dos principais resíduos produzidos pela agroindústria (ORTIZ-SANCHEZ et. al, 2020). Diferentes estudos investigam tanto experimentalmente como através de simulação de processos o uso desta como fonte de compostos bioativos, energia limpa e ração animal (LÓPEZ et. al, 2010). As cascas de laranja são uma rica fonte de flavanonas, naringina e hesperidina, mesmo em países não nativos desse gênero, como o Brasil. Pereira et al. (2017) demonstraram que os resíduos industriais produzidos pela indústria brasileira de suco de laranja têm pelo menos o dobro da concentração de naringina e hesperidina em comparação com a fruta fresca. A grande concentração e a enorme produção como resíduos industriais deste insumo podem ser um caminho para o isolamento de substâncias e obtenção de extratos bioativos contra a COVID-19 em conjuntos com outros bioprodutos. Outras biorrefinarias poderiam ser propostas para a produção de extratos com ação anti-COVID-19 ou outras doenças epidêmicas como a Dengue e a Zika. Para a avaliação e consolidação de biorrefinarias, a análise computacional utilizando-se de ferramentas para simulação dos processos é imprescindível. 8 1.2.2 Métodos de análise de novas biorrefinarias e ferramentas de simulação de processos Existem atualmente algumas biorrefinarias já operando em escala comercial como a indústria de papel e celulose, a indústria sucroalcooleira e alguns seguimentos da indústria de alimentos. Além disso, muitas biorrefinarias diferentes e avançadas estão em desenvolvimento, como a produção de etanol de segunda geração e outros produtos a partir do bagaço de cana. Uma série de diferentes processos está disponível para a produção de bioprodutos pelas futuras biorrefinarias, no entanto, algumas barreiras técnicas e econômicas ainda precisam ser superadas. Alguns dos principais obstáculos são: seleção e otimização das rotas de obtenção dos produtos, integração do processo para minimizar a demanda de energia e água, a utilização de dados representativos e confiáveis para estimativa de custos, bem como a determinação dos impactos ambientais, sociais e econômico. Entretanto, o método para avaliação e decisão de caminhos para consolidação de novas biorrefinarias deve ser cuidadosamente escolhido visto que métodos tradicionais de “design” de processos não permitem uma avaliação segura dos principais fatores para seu desenvolvimento. Segundo Sacramento-Rivero et al. (2016), as ferramentas de projeto apropriadas devem considerar a sustentabilidade da biorrefinaria proposta em termos de: (a) deslocamento potencial de combustíveis e materiais fósseis, (b) mitigação de impactos ambientais, (c) renovabilidade, (d) viabilidade econômica, (e) preservação da biodiversidade e (f) responsabilidade social, entre outros indicadores pertinentes. O desempenho na abordagem desses fatores deve ser avaliado sob perspectivas ambientais, sociais e econômicas (Figura 1). Figura 1. Possíveis indicadores de performance para avaliação de biorrefinarias nas esferas social, ambiental e econômica. 9 Desta forma, a escolha do método e dos indicadores de performance significativos para a avaliação da biorrefineria nos parâmetros propostos se faz fundamental na etapa de desenvolvimento inicial. Diferentes métodos de análise para essa finalidade são encontrados na literatura (ALVARADO-MORALES et al., 2009; MARTINEZ-HERNANDEZ et al, 2013; SACRAMENTO-RIVERO et al., 2016; RAKOTOVAO et al., 2018 LINDORFER et al. 2019) e devem ser avaliados em relação à qual melhor se adequaria para a avaliação de biorrefinarias para a produção de extratos antivirais e outros bioprodutos no contexto Brasileiro. O uso de ferramentas de engenharia de processo versáteis e robustas para simulação podem ajudar a encontrar soluções para futuras biorrefinarias. O uso de softwares comerciais como Aspen Plus (ASPENTECH, 2010) e/ou outros integrados à ferramentas de análise que permita otimizar diferentes objetivos e indicar a viabilidade do cenário estudado é essencial para a análise de alternativas e para o processo de tomada de decisão. Como é o exemplo do software OSMOSE desenvolvido pelo grupo LENISYSTEM, liderado pelo Prof. Dr. François Maréchal (Pesquisador associado deste projeto), o qual a proponente mantém colaboração desde 2013, localizado na Escola Politécnica de Lausanne (École Polytechnique Fédérale de Lausanne – EPFL), na cidade de Lausanne, Suíça. OSMOSE é um acrônimo em francês para “otimização multiobjetivo de sistemas integrados de energia” (OptimiSation Multi-Objectifs de Systemes Energetiques integres). Segundo os autores o OSMOSE é um software que permite aos engenheiros indicar os problemas de “design” de processo, resolvê-lo usando ferramentas avançadas de integração de processo, de otimização e análise dos resultados. Sua filosofia é baseada na associação de algoritmos genéricos e integração energética. Este casamento permite a otimização dos processos termodinâmicos e utilização racional da energia. A Figura 2 mostra um exemplo de biorrefinaria (Biorrefinaria da Laranja). Como medicamento antiviral para doenças epidêmicas (COVID-19, por exemplo) um extrato rico em hesperidina seria obtido com CO2 supercrítico a partir das cascas de laranja oriundas da elaboração de suco e como co-produtos poderíamos ter a produção de: 1) Gás de Síntese, que posteriormente seria convertida em Hidrogênio (H2); 2) Etanol de segunda geração (2G) (etanol obtido a partir da fração celulósica da casca de laranja residual após a obtenção do extrato antiviral) ou Nanocellulose (Fibra de cellulose em tamanho nanométrico com potencial uso como material estrutural em 10 substituição à polímeros sintéticos); 3) Ácidos de alto valor agregado (Ácido Ascórbico entre outros), entre outros. Figura 2. Exemplo de biorrefinaria e plataforma de simulação. Dentre outras possíveis biorrefinarias a serem estudas também está a Biorrefinaria da Uva, envolvendo a produção extrato rico em quercetina obtido na extração de resíduos da uva, obtidos após a produção de vinho ou outros processos, e co-produtos. Referências Bibliográficas ALBARELLI, J.Q. et al. Perspectives on the Integration of a Supercritical Fluid Extraction Plant to a Sugarcane Biorefinery: Thermo-Economical Evaluation of CO2 Recycle Systems. Food Science and Technology, v.38, p.13018, 2018a . 11 ALBARELLI, J.Q. et al. Comparison of extraction techniques for product diversification in a supercritical water gasification-based sugarcane-wet microalgae biorefinery: Thermoeconomic and environmental analysis. Journal of Cleaner Production, v. 201, p.697-705, 2018b. ALBARELLI, J.Q.; SANTOS, D.T.; MEIRELES, M.A.A. Thermo-economic evaluation of a new approach to extract sugarcane wax integrated to a first and second generation biorefinery. Biomass and Bioenergy, v.119,p.69-74, 2018c. 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