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caso, não é necessário apontar temas, formatos ou padrão, apenas permitir que o estudante desenvolva um conteúdo sobre o seu gosto pessoal. Assim eles conseguirão superar o nervosismo e liberar a escrita. Mostre que a escrita é uma forma de expressão 17 O estudante precisa conectar-se com a escrita. Para tanto, é fundamental que ele consiga expressar os seus sentimentos e valores por meio dela. A partir do momento que o aluno compreender que a escrita é um modo de expressar os seus pensamentos, a produção textual será menos desafiadora para ele. Esse raciocínio é fundamental para superar, por exemplo, a redação do Enem. O texto dissertativo — estilo cobrado no exame — pede para que o aluno seja capaz de construir uma proposta de intervenção diante da problemática apresentada, isso considerando a realidade vivida. Sem uma verdadeira conexão entre o estudante e a produção textual, o conteúdo pode ficar vazio e pouco atraente para o avaliador. 4 POR QUE APRENDER TÉCNICAS PARA A PRODUÇÃO DE TEXTO? O ensino tradicional da disciplina de Redação traz, muitas vezes, um “ranço” para os estudantes. Essa expressão caracteriza a falta de vontade do aluno em escrever. Esse fator não é culpa nem dos professores, nem dos próprios alunos. O que se tem na verdade é o pouco tempo para ensinar e explorar a disciplina, que quase sempre só dispõe de uma ou duas aulas no currículo. A maioria dos alunos pouco aproveita desse momento de aprendizagem. E quando finalizam seus estudos percebem a dificuldade que possuem em produzir textos, ou ainda, a culpam por não conseguirem. 4.1 Escrever um texto é verdadeiramente uma ciência! Pense bem: você irá colocar em um papel o seu raciocínio sobre determinado tema. Se os seus pensamentos não estão organizados, como você irá desenvolver uma escrita que deve possuir sequência, coerência, coesão, entre outros fatores e, ainda, domínio dos aspectos gramaticais? Complicado? Não! O Português é a sua língua materna, portanto, não há nada de complicado. É preciso entender que você já tem bagagem. O que deve ser feito é, em um primeiro momento, compreender os aspectos da comunicação que já se tem na prática passando-os para o entendimento da teoria e depois retransformar esse aprendizado de teoria para a prática novamente. 18 É neste momento que entra o desenvolvimento e a aprendizagem das técnicas redacionais. Falar sobre técnicas, não é só apresentar aspectos como, por exemplo, causa e consequência, até porque existe muito conteúdo a ser compreendido em torno desta ciência de escrever! É preciso, com toda certeza, ir além! Às vezes, muitas pessoas escrevem sem noção alguma do que estão construindo. Muitos até dizem que é só escrever. Talvez seja isso mesmo, mas compreender o que está sendo construído é fundamental. Existem dúvidas, que solitariamente, não se consegue sanar quando se está produzindo um texto. Afinal, você pode até ter a prática, mas não compreende a teoria que é recheada de técnicas de redação e auxiliam no bom desenvolvimento da produção textual. 5 A PRODUÇÃO TEXTUAL - UMA ANÁLISE DISCURSIVA Redigir um texto parece, para muitos, um procedimento difícil... Concepção esta que, caso não seja aprimorada, acaba se tornando um estigma e, consequentemente, um entrave para o emissor no decorrer de sua trajetória cotidiana. O fato é que o ato da escrita requer do emissor determinadas habilidades que envolvem conhecimentos de forma específica. Em uma primeira instância, reportamo-nos à ideia de que todo discurso tem um fim em si mesmo, ou seja, perfaz-se de uma intenção que se caracteriza de acordo com os objetivos que se deseja alcançar com a mensagem ora transmitida. Intenções essas materializadas sob a forma de um texto informativo, instrutivo, persuasivo, humorístico, didático, dentre outros. Desta feita, torna-se imprescindível que o emissor parta deste princípio: o que se busca mediante o trabalho com a linguagem? Tais pressupostos tendem a se reafirmar quando comparados à fala de José Saramago: As palavras são apenas pedras a atravessar a corrente de um rio, se estão ali é para que possamos chegar à outra margem, a outra margem é o que importa. (Apud DUARTE V. M. N. 2018) Numa transcrição do metafórico para o sentido real, temos que “as pedras” que atravessam a corrente de um rio nada mais são que o acervo lexical que a língua nos proporciona e este acervo vai se incorporando ao nosso vocabulário à proporção que 19 desenvolvemos o hábito de leitura. Mas elas não são suficientes para chegarmos “à outra margem do rio”, pois neste ínterim também estão correlacionados dois outros fatores de considerável relevância – os conhecimentos linguísticos (gramaticais) e o próprio conhecimento de mundo –, sendo que este último envolve o condicionante social, haja vista que para discorrermos acerca de um determinado assunto, temos que, necessariamente, elencar os argumentos que a ele faz referência. Numa transcrição do metafórico para o sentido real, temos que “as pedras” que atravessam a corrente de um rio nada mais são que o acervo lexical que a língua nos proporciona e este acervo vai se incorporando ao nosso vocabulário à proporção que desenvolvemos o hábito de leitura. Mas elas não são suficientes para chegarmos “à outra margem do rio”, pois neste ínterim também estão correlacionados dois outros fatores de considerável relevância – os conhecimentos linguísticos (gramaticais) e o próprio conhecimento de mundo –, sendo que este último envolve o condicionante social, haja vista que para discorrermos acerca de um determinado assunto, temos que, necessariamente, elencar os argumentos que a ele faz referência. 6 O PROCESSO DE PRODUÇÃO TEXTUAL Para alguns, escrever é um dom, para outros, depende da inspiração de cada um. Segundo Koch & Elias (2010, p. 32), “essa pluralidade de respostas nos faz pensar que o modo pelo qual concebemos a escrita não se encontra dissociado do modo pelo qual entendemos a linguagem, o texto e o sujeito que escreve”. Isto é, a nossa visão sobre a escrita se dá em função do modo como olhamos para os elementos chave desse processo. A partir disso, Koch & Elias (2010) ainda discorrem sobre as concepções que surgem com base nos diferentes enfoques dados à escrita. A primeira concepção apresentada é aquela que tem como foco a língua. De acordo com as autoras, um sujeito que detém seu foco na língua vê a linguagem como um sistema acabado e inalterável e, portanto, compreenderá o texto a partir dessa perspectiva, ou seja, o verá como um produto pronto, uma escrita de códigos a serem decodificados, negando qualquer implicitude. Outra concepção apresentada pelas autoras é aquela que tem como foco o escritor. Sob esse viés, a linguagem é entendida como expressão do pensamento e, por isso, o texto tende a ser visto como uma representação de ideias do autor, sem a pressuposição de uma 20 interação ou interlocução, considerando apenas o indivíduo (escritor) em si e ignorando qualquer relação com um suposto leitor. Fonte:soumamae.com.br Já a terceira concepção abordada pelas autoras é a que tem como foco a interação e servirá de base para compreendermos o processo de produção textual. “Nessa concepção interacional (dialógica) da língua, tanto aquele que escreve como aquele para quem se escreve são vistos como atores/construtores sociais, sujeitos ativos que - dialogicamente - se constroem e são construídos no texto [...]” (KOCH; ELIAS, 2010, p. 34). Dessa forma, entende-se que a escrita não é um processo individual e rígido, mas, pelo contrário, coletivo e flexível, pois não é algo relativo somente à linguagem ou ao escritor, trata-se de um conjunto que envolve, além de aspectos linguísticos e intenções do autor, um interlocutor. Mas, então, o que configura um texto? A escrita precisa fazer sentido para