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APS EXECUÇÕES CIVEIS

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UNP – MOSSORÓ-RN
DIREITO 6TA
CLAUDIO LOPES DE CARVALHO JUNIOR
MAREICULA 201802844
ATIVIDADE 1
É claramente notório a importância do julgado discutido. Em 26 de agosto de 2017, foi proferida decisão pela 4ª Vara Cível do Foro Regional de Santos, determinando a apreensão do passaporte e a suspensão da carteira nacional de habilitação, bem como o bloqueio dos cartões de crédito do devedor em razão de seu inadimplemento em processo de execução de título extrajudicial. A decisão teve fundamento no art.139, IV, do CPC/2015 e foi tomada sob o argumento de que, se o executado tinha recursos financeiros para fazer viagens ao exterior, conduzir um veículo e ter cartões de crédito, também teria a possibilidade de realizar o pagamento da dívida.
Poucos dias depois, tal decisão foi reformada pela 13ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que, em sede de
Habeas Corpus (em razão de se tratar de questão relativa à limitação no direito
de locomoção do devedor) entendeu que a decisão de primeira instância teria desrespeitado a hierarquia das normas jurídicas, ferindo a Constituição Federal
e contrariando os preceitos presentes na Carta Magna. A Relatora Desembargadora Ana de Lourdes Coutinho Silva Da Fonseca, entendeu ser
inadmissível a aplicação do art.139, IV do CPC/15 sem a existência de interpretação sistemática das normas constitucionais. Dessa forma, considerou
que a decisão contraria o direito de ir e vir consagrado pelo artigo 5º, inciso XV, da CF, bem como os ditames do art. 8º do próprio CPC/2015, que de termina que o juiz atender à “aos fins sociais e às exigências do bem comum, devendo
ainda resguardar e promover a dignidade da pessoa humana, observando a proporcionalidade, razoabilidade e a legalidade ”.O art. 139, inciso IV, do CPC/2015 positivou o chamado dever - poder geral de efetivação do juiz, dispondo que a ele cabe “determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária”. A redação do dispositivo parece conferir ao juiz poderes amplos, quase ilimitados, para determinar medidas atípicas visando à satisfação de determinada obrigação, inclusive as de natureza pecuniária. O dispositivo parece trazer um significativo reforço para a efetivação das decisões judiciais, mas sua extensão e limites carecem de análise. Em razão do pouco tempo de vigência do CPC/2015, a jurisprudência e doutrina a respeito do tema ainda são escassas, mas os primeiros limites para as chamadas medidas atípicas já podem ser identifica dos. Em primeiro lugar, parece-nos que a adoção de medidas atípicas deve ser precedida do esgotamento das medidas executivas convencionais, sobretudo em razão do princípio da menor onerosidade ao devedor, elencado no art. 805 do CPC/2015). Esgotadas as medidas convencionais, o magistrado estar á autorizado a adotar as medidas atípicas, que devem ser aplicadas em respeito aos princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e da dignidade da pessoa humana, além de outros direitos e garantias estabelecidos pela Constituição Federal ou por tratados internacionais – como é o caso da prisão por dívidas, vedada pelo Pacto de San José da Costa Rica, recepcionado com caráter supralegal pelo ordenamento brasileiro.
ATIVIDADE 2
Conforme determina o artigo 833 do CPC, os valores a título de salário são impenhoráveis, havendo apenas duas exceções, em caso de dívidas decorrentes a alimentos, inclusive honorários advocatícios, os quais são classificados como verbas alimentares e nos casos em que a renda do devedor ultrapasse 50 salários-mínimos vigentes. No entanto, há entendimentos jurisprudenciais que entendem que deve ser analisado caso a caso, pois, se o devedor possuir outros rendimentos além do salário penhorado, poderá ser realizado a penhora de um percentual sobre este valor, uma vez, que não haverá prejuízo ao executado e nem de sua família, bem como ao seu sustento, respeitando o princípio da dignidade humana. No mesmo sentido, ainda que o executado não possuir outros rendimentos, além do salário penhorado, o juiz poderá determinar a penhora de um percentual sobre a renda, caso fique comprovado que o salário mensal apesar de não ultrapassar o limite de 50 salários mínimos, seja suficiente para prover o seu sustento e de sua família e ainda dispor de determinada quantia para pagamento do débito. Assim, no caso apresentado, não se tratando das exceções de impenhorabilidade, com base no que dispõe o artigo 833 CPC, não poderia ocorrer a penhora sobre os vencimentos do executado. Mas, de acordo com os entendimentos jurisprudências, se os vencimentos do executado corresponder a um valor, o qual seja suficiente para prover seu sustento e de sua família e ainda dispor de 30% para pagamento do débito, a decisão foi correta.

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