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Sumário A prática pedagógica: gestão democrática; elaboração, acompanhamento e desenvolvimento da proposta pedagógica e do plano de trabalho; estabelecimento de estratégias de desenvolvimento para crianças portadoras de necessidades especiais, articulação escola – comunidade, acompanhamento e registro; acompanhamento e registro. .................... 2 Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. .............................. 12 Concepção interacionista da linguagem; o convívio com a diversidade textual; desenvolvimento da capacidade de Leitura, letramento, oralidade e escuta; o processo de letramento através de atividades lúdicas e jogos; métodos e técnicas de alfabetização; função social da escrita. . 19 Lei Federal nº 8.069/90 – Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente .......................................................................................... 37 Lei Federal nº 9.394/96 - Das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. ............................................................................................................ 172 Lei Federal nº 11.494/2007 - Regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB ........................................................................ 238 Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental de acordo com o Ministério da Educação. ................................................................... 239 Diretrizes Nacionais para a Educação Básica (Pareceres e Resoluções em vigor do CNE/CEB – Ministério da Educação, que versam sobre a Educação Básica, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Educação no Campo, a Educação Especial, a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e as Relações Étnico-Raciais). ................................................................. 243 A Postura ética no exercício do Cargo público: ética, moral, princípios e valores; ética e democracia: exercício da cidadania; ética no setor público. Atribuições do Cargo. .......................................................................... 244 A prática pedagógica: gestão democrática; elaboração, acompanhamento e desenvolvimento da proposta pedagógica e do plano de trabalho; estabelecimento de estratégias de desenvolvimento para crianças portadoras de necessidades especiais, articulação escola – comunidade, acompanhamento e registro; acompanhamento e registro. A Gestão Democrática é uma forma de gerir uma instituição de maneira que possibilite a participação, transparência e democracia. Esse modelo de gestão, segundo Vieira (2005), representa um importante desafio na operacionalização das políticas de educação e no cotidiano da escola. Contextualização No Brasil, com a reabertura político-democrática, pós Ditadura Militar (1964 - 1985), a Constituição Federal de 1988 chegou para definir a “gestão democrática do ensino público, na forma da lei” como um de seus princípios (Art. 2006, Inciso VI). Alguns anos mais tarde, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, vem reforçar esse princípio, acrescentando apenas “e a legislação do sistema de ensino” (Art. 3º, Inc. VIII). A partir de então, o tema se tornou um dos mais discutidos entre os estudiosos da área educacional. Detalhamento na LDB A LDB, em seus artigos 14 e 15, apresentam as seguintes determinações, no tocante à gestão democrática: Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I. Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II. Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15 - Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas de direito financeiro público. Estes artigos da LDB, acima citados, dispõem que a “gestão democrática do ensino público na educação básica aos sistemas de ensino, oferece ampla autonomia às unidades federadas para definirem em sintonia com suas especificidades formas de operacionalização da gestão, com a participação dos profissionais da educação envolvidos e de toda a comunidade escolar e local” (VIEIRA, 2005). Elementos Básicos Os elementos básicos da Gestão Democrática podem se apresentar de várias maneiras, na esfera escolar, as principais são: na constituição e atuação do Conselho escolar; na elaboração do Projeto Político Pedagógico, de modo coletivo e participativo; na definição e fiscalização da verba da escola pela comunidade escolar; na divulgação e transparência na prestação de contas; na avaliação institucional da escola, professores, dirigentes, estudantes, equipe técnica; na eleição direta para diretor(a); Proposta pedagógica e do plano de trabalho A proposta pedagógica é um processo e precisa sempre estar sendo revisto e reescrito. O importante é trabalharmos estes conteúdos de forma integrada, pois esses assuntos não são neutros e temos que respeitar as diferenças de ideias, de opiniões. A experiência curricular não resulta somente do que temos considerado tradicionalmente como conhecimento: o domínio de informações e o desenvolvimento do raciocínio. A criança desenvolve atitudes de pensar, porém também diferentes modos de sentir, de se expressar, de agir com criatividade, de se movimentar. Na Educação Infantil, tudo isso é conhecimento escolar. Tudo faz parte da experiência curricular. Serão apresentadas algumas das qualidades da produção do documento. No início da proposta pedagógica é feita uma apresentação da realidade. Exemplos de perguntas que podem ser realizadas para termos o conhecimento da realidade. • Quem são as pessoas que vão participar da discussão e elaboração da proposta? • Quais são os seus objetivos? • Para quem é esta proposta? Ou seja, quem são as crianças e os adultos envolvidos? • A proposta pode ser criticada e alterada? • Qual o diagnóstico a respeito da situação de educação destas crianças? • Quais são os principais problemas detectados? E que sugestões para superá-los serão apresentadas? Além disso, deve-se refletir sobre os fundamentos teóricos das propostas. É importante que toda a equipe que esteja envolvida com o trabalho defina e explicite quais são os fundamentos teóricos que irão sustentar a proposta educacional da instituição. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 em seus textos estabelecem que in verbis: Artigo 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I – elaborar e executar sua proposta pedagógica; VI – informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica. Na sequência, o artigo 13 determina: Artigo 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I – participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II – elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino. Artigo 14. Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola. Diante do exposto, compreende-se a Proposta Pedagógica como sendo o resumo dos princípios e primazias estabelecidas pela equipe escolar a partir dos desígnios educacionais e da definição dos resultados desejados. É toda uma visão dos princípios de trabalho da escola, em conformidade com a educação nacional.Elemento de princípios democráticos e envolvem temas concernentes a organização da escola como um sistema social, estabelecendo diretrizes sobre currículos, conteúdo programático planejamento administrativo, pedagógico e avaliação. Orienta-se pelo princípio de democratização de ensino, sendo elaborada por toda comunidade escolar; tendo em vista preparar alunos-cidadãos unidos à comunidade. A proposta pedagógica deve ser organizada a partir das informações conseguidas junto à comunidade (variáveis exógenas, ou seja, exteriores à escola) e junto à própria escola (variáveis endógenas, ou seja, informações internas) a serem municiadas por todos os que trabalham e convivem no ambiente escolar - alunos, professores, direção, pais e todos os funcionários. Estratégias de desenvolvimento para crianças portadoras de necessidades especiais O direito do aluno com necessidades educativas especiais e de todos os cidadãos à educação é um direito constitucional. A garantia de uma educação de qualidade para todos implica, dentre outros fatores, um redimensionamento da escola no que consiste não somente na aceitação, mas também na valorização das diferenças. Esta valorização se efetua pelo resgate dos valores culturais, os que fortalecem identidade individual e coletiva, bem como pelo respeito ao ato de aprender e de construir. Segundo as políticas educacionais, descreve-se uma escola que se prepara para enfrentar o desafio de oferecer uma educação inclusiva e de qualidade para todos os seus alunos. Considerando que, cada aluno numa sala de aula apresenta características próprias e um conjunto de valores e informações que os tornam únicos e especiais, constituindo uma diversidade de interesses e ritmos de aprendizagem, o desafio e as expectativas da escola hoje é trabalhar com essas diversidades na tentativa de construir um novo conceito do processo ensino-aprendizagem, eliminando definitivamente o seu caráter excludente, de modo que sejam incluídos neste processo todos que dele, por direito, são sujeitos. Este novo olhar da escola implica na busca de alternativas que garantam o acesso e a permanência de todas as crianças e adolescentes no seu interior. Assim, o que se deseja é a construção de uma sociedade inclusiva compromissada com as minorias, cujo grupo inclui os portadores de necessidades educacionais especiais. O espaço escolar, hoje, tem de ser visto como espaço de todos e para todos. Este tema foi escolhido porque muito se falam, discutem sobre a educação inclusiva; e a Proposta de Educação Inclusiva (1996) recomenda que todos os indivíduos com necessidades especiais sejam matriculados em turma regular, baseando-se no princípio de educação para todos. Dessa forma, pretendeu-se enfatizar a educação inclusiva, e a problemática sobre os alunos com necessidades especiais dentro do contexto social da escola, verificando a atual realidade, fazendo um paralelo entre a teoria e a prática, isto é, a legislação vigente, os referenciais teóricos e o cotidiano dos alunos inclusos no ensino regular. Uma escola inclusiva de qualidade A escola inclusiva com equidade é um desafio que implica e rever alguns aspectos, que envolvem desde o setor administrativo até o pedagógico. As Unidades Escolares de Ensino Regular devem oferecer vagas e matricular todos os alunos, organizando-se para o atendimento com equidade aos educandos com necessidades educacionais especiais e assegurar-lhes condições necessárias para a permanência e aprendizagem. Em relação à educação especial, o artigo 3º da Resolução CNE/CEB Nº 2, de 11 de setembro de 2001 especifica que: Por educação especial, modalidade da educação escolar entende-se um processo educacional definido por uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais e especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentem necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica (BRASIL- MEC/SEESP, 2001, p. 1) A política de inclusão de alunos que apresentam necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino não consiste apenas na permanência física desses alunos junto aos demais educandos, mas representa a ousadia de rever concepções e paradigmas, bem como desenvolver o potencial dessas pessoas, respeitando suas diferenças e atendendo suas necessidades. A diversidade deve ser respeitada e valorizada entre os alunos. Daí a importância do papel da escola em definir atividades e procedimentos de relações, que envolvam alunos, funcionários, corpo docente e gestores, para que possibilite espaços inclusivos, de acessibilidade, para que todos possam fazer parte de um todo, isto é, que as atividades extraclasses nunca deixam de atender os alunos com necessidades especiais. O atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais deve ser realizado em classes comuns do ensino regular, em qualquer etapa ou modalidade da Educação Básica. De acordo com o artigo 4º da Resolução CNE/CEB Nº 2, de 11 de setembro de 2001, a educação especial considera as situações singulares, os perfis dos estudantes, as características biopsicossociais dos alunos e suas faixas etárias e se pauta em princípios éticos, políticos e estéticos de modo a assegurar: I - a dignidade humana e a observância do direito de cada aluno de realizar seus projetos de estudo, de trabalho e de inserção na vida social; II - a busca da identidade própria de cada educando, o reconhecimento e a valorização das suas diferenças e potencialidades, bem como de suas necessidades educacionais especiais no processo de ensino e aprendizagem, como base para a constituição e ampliação de valores, atitudes, conhecimentos, habilidades e competências; III - o desenvolvimento para o exercício da cidadania, da capacidade de participação social, política e econômica e sua ampliação, mediante o cumprimento de seus deveres e o usufruto de seus direitos (BRASIL- MEC/SEESP, 2001, p. 1) Assim, o trabalho com a educação inclusiva nas Unidades Escolares tem que ser direcionado a partir do seu contexto real, analisando as condições em que a escola recebe os alunos com necessidades especiais e como assegura aprendizagem, possibilitando a integração entre educação regular e especial. Nas escolas inclusivas as pessoas se apóiam mutuamente e suas necessidades específicas são atendidas por seus pares, sejam colegas de classe, de escola ou profissionais de áreas. A pretensão dessas escolas é a superação de todos os obstáculos que as Impedem de avançar no sentido de garantir um ensino de qualidade (MADER,1997) Conforme Mader (1997), é necessário construir uma política de igualdade com seriedade e responsabilidade, possibilitando ações significativas e de qualidade na prática de educação inclusiva. Há um emergente consenso de que as crianças e jovens com necessidades educacionais especiais devem ser incluídas nos planos educativos feitos para a maioria das crianças. Isto levou ao conceito de escola inclusiva. O desafio para uma escola inclusiva é o de desenvolver uma pedagogia capaz de educar com sucesso todos os alunos, incluindo aqueles com deficiência e desvantagens severas (SALAMANCA, 1994, p.6) Mantoan (2003), enfatiza que reconstruir os fundamentos de escola de qualidade para todos, remete-se em questões específicas relacionadas ao conhecimento e a aprendizagem, ou seja, consideram-se que o ato de educar supõe intenções, representações que temos do papel da escola, do professor, do aluno, conforme os paradigmas que os sustentam. A autora ainda relata que a escola inclusiva exige mudanças de paradigmas, que podem ser definidos como modelos, exemplos abstratos que se materializam de modo imperfeito no mundo concreto. Possa também ser entendida,segundo uma concepção moderna, como um conjunto de regras, normas, crenças, valores, princípios que são partilhados em um grupo em um dado momento histórico e que norteiam o nosso comportamento, até estarem em crise, porque não nos satisfazem mais, não nos dão mais conta dos problemas que temos para solucionar. Ainda nos dias atuais a inclusão é vista como um desafio, causando angústias e expectativas em grande parte dos profissionais da educação. Porém, mais amenas que em tempos passados, pelo fato de que, ao ser devidamente aceita pela escola, desencadeia um compromisso com as práticas pedagógicas que favorecem todos os alunos, ou seja, uma verdadeira mudança na concepção de ensino, visando uma aprendizagem significativa, inclusiva e de qualidade. Não há mais sentido em preservar modelos de ensino tradicional, desrespeitar as diferenças, mantendo uma escola excludente. O artigo 208 Constituição Federal, § 1º reza que “O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público e subjetivo”. Ainda no artigo 208 descreve que o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, deve ser preferencialmente na rede regular de ensino. E já no século XXI, a escola que se tem, que se precisa é aquele que tem compromisso com a formação integral do cidadão, de um cidadão crítico, participativo e criativo, que atenda as demandas e a competitividade do mundo atual, com as rápidas e complexas mudanças da sociedade moderna. Assim, a educação escolar no exercício da cidadania implica na efetiva participação da pessoa na vida social, cabendo-lhe o respeito e a solidariedade, poupada a sua dignidade, a igualdade de direitos e repelido quaisquer forma de discriminação. Mantoan (2003), acreditando no desenvolvimento dos alunos com necessidades educacionais especiais, aponta algumas estratégias que ajudam no trabalho do corpo docente, como na aprendizagem dos alunos; - Colocando como eixo das escolas que toda criança é capaz de aprender; - Garantido tempo e condições para que todos possam aprender de acordo com as possibilidades de cada um; - Abrindo espaço para que a cooperação, o dialogo, a solidariedade, a criatividade e o espírito crítico sejam exercitados por alunos, professores, gestores e funcionários da escola; - Estimulando, formando continuamente e valorizando o professor, que é o responsável pela aprendizagem dos alunos. - Substituindo o caráter classificatório de avaliação escolar, através de notas e provas, por um processo que deverá ser contínuo e formativo de todo o processo de ensino e aprendizagem. A inclusão, portanto, implica em práticas pedagógicas inovadoras visando o sucesso de aprendizagem de todos os alunos. Importância dos valores, princípios e atitudes Segundo Sassaki (1997), a igualdade entre as pessoas é o valor fundamental quando tratamos de escolas para todos. Podemos encará-los de vários ângulos, mas em todo o sentido da igualdade não se esgota no indivíduo, expandindo as considerações para aspectos da natureza política, social, econômica. Para Delours (1998), a igualdade não está em desacordo com o respeito às diferenças entre as pessoas, mas sim na valorização na capacidade de cada ser humano em suas realizações. Assim quando se trata de proporcionar oportunidades iguais e justas para todos, tem-se muito ainda por fazer nas escolas para corresponder ao princípio segundo o qual os seres humanos têm direito à dignidade, sejam quais forem as suas capacidades ou realizações. A observância deste princípio é limitada por predisposições que nos levam a responder situações ou a outras pessoas de modo desfavorável, tendo em vista um dado valor. No caso da igualdade entre pessoas, as barreiras se materializam na recusa em reconhecer e defender este valor, por meio de comportamentos, reações, emoções e palavras. Para Delours (1998), a existência dessas barreiras comprova a cultura de desigualdade marcante nas escolas, influenciando todos os procedimentos e discursos de seus membros, chegando mesmo ao atingir os alunos e os pais. Em uma palavra, a igualdade entre as pessoas é um valor esquecido nos padrões e concepções da escola tradicional. Segundo Machado (2001) ainda existem diretores, professores e pais que apresentam uma certa “ignorância” em aceitar que o perfil dos alunos mudou que as crianças e adolescentes de hoje não são mais os mesmos que tiveram acesso à escola do passado. O preconceito é destacado quando se trata do aluno com dificuldades para aprender por ser ou por estar deficiente, do ponto de vista intelectual, social, afetivo, emocional, físico, cultural e outros. Existem também preconceitos de alunos de raça negra, de famílias de religiões populares, filhos de famílias desestruturadas, de mães solteiras e pais omissos, drogados e marginalizados. Nesse sentido, ressalta-se que apesar da escola não ser capaz de sozinha efetuar transformações sociais, é ela quem pode estabelecer os primeiros princípios de uma inclusão escolar. Portanto, a escola como espaço inclusivo, deve considerar como seu principal desafio, o sucesso de todos os alunos, sem nenhuma exceção. A importância da família no processo educacional O envolvimento da família no processo educacional da criança é uma necessidade e de muita importância. A família deve ser orientada e motivada a colaborar e participar do programa educacional, promovendo desta forma uma interação maior com a criança. Também é fundamental que a família incentive a pratica de tudo que a criança assimila. A inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino não se restringe aos esforços da escola, inclui também a construção de redes de colaboração com a família e a sociedade fortalecendo o combate à intolerância e às barreiras atitudinais, bem como a compreensão da diversidade no desenvolvimento infantil (ARRUDA; ALMEIDA, 2004, p. 16) A criança, como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura. Assim, a qualidade da estimulação no lar e a interação dos pais com a criança se associam ao desenvolvimento e a aprendizagem de crianças com necessidades educacionais especiais Os pais e familiares de crianças com necessidades educacionais especiais necessitam de informações sobre a natureza e extensão da excepcionalidade; quanto aos recursos e serviços existentes para a assistência, tratamento e educação, e quanto ao futuro que se reserva ao portador de necessidades especiais. O objetivo principal é ajudar pessoas a lidar mais adequadamente com os problemas decorrentes das deficiências, e no aconselhamento alguns pontos são importantes: ouvir as dúvidas e questionamentos, utilizar termos mais fáceis e que facilitem a compreensão, promover maior aceitação do problema, aconselhar a família inteira, trabalhar os sentimentos e atitudes, e facilitar a interação social do portador de necessidades especiais. A base do cuidado humano é compreender como ajudar o outro a se desenvolver como ser humano. (BRASIL, 1998, p. 24) A superproteção dos pais em relação à criança pode influenciar de forma negativa no processo de desenvolvimento da criança, e normalmente, estes concentram suas atenções nas deficiências da criança de modo que os fracassos recebem mais atenção que os sucessos e a criança fica limitada nas possibilidades que promovem a sua independência e a interação social. As habilidades de autonomia pessoal e social proporcionam melhor qualidade de vida, pois favorecem a relação, a independência, interação, satisfação pessoal e atitudes positivas. Alunos com necessidades educacionais especiais devem ter a oportunidade de participar de forma significativa e integral nas atividades escolares regulares (ARRUDA; ALMEIDA, 2004, p. 16) Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem. A chamada psicologia do desenvolvimento e aprendizagem é umcomplexo campo da Psicologia. No seu escopo, estão os estudos sobre o desenvolvimento físico-motor, afetivo-emocional, intelectual e social, passando da infância até chegar na vida adulta. Já deu para entender por que falamos sobre a complexidade do assunto, não é mesmo? Mas vamos ainda um pouco além: a abordagem considera mudanças de comportamento pelas quais cada um de nós passa no decorrer da vida. Os questionamentos levantados na busca por respostas para essas questões são inúmeros, como não poderia ser diferente. As correntes de pensamento, da mesma forma, são diversas. Cada uma delas contribui com suas perspectivas para perguntas comuns, como: o ser humano já nasce pronto ou ele acumula experiências em diferentes fases da vida? E o desenvolvimento, ele ocorre a partir do acúmulo de conhecimentos e vivências ou é um caminho natural? As respostas oferecidas a cada uma das questões nem sempre são definitivas, mas nos ajudam a compreender melhor o processo evolutivo do ser humano e também quem somos a cada fase da vida. É por tudo isso que a psicologia do desenvolvimento é tão importante. Qual é o objeto de estudo da psicologia do desenvolvimento humano? Psicologia do desenvolvimento qual objeto estudo Esse campo funciona como uma base para que possamos compreender os nossos comportamentos e o próprio modo como lidamos com o nosso processo de crescimento e amadurecimento. Então, poderíamos dizer que o objeto de estudo da psicologia do desenvolvimento é o próprio ser humano, mas a questão é um pouco mais complexa. O problema é que o objeto de estudo dessa ciência ainda hoje é alvo de controvérsias. Mesmo que tenha sido frequentemente apontada como equivalente à psicologia infantil, há especialistas que questionam a tese de que o desenvolvimento se restringe a uma faixa etária. Ao contrário, acreditam que o desenvolvimento de comportamentos deveria ser estudado ao longo de toda a vida de uma pessoa. Ou seja, ainda que as transformações sejam mais óbvias durante a infância, existiriam variáveis para se analisar muito após isso, compreendendo desde o nascimento até a morte. Jean Piaget e a Psicologia do Desenvolvimento Infantil Como citamos logo na abertura do texto, Jean Piaget é um dos grandes nomes quando falamos sobre desenvolvimento humano. Não por acaso, é considerado como o pai do construtivismo. Mas o que isso significa? Para ele, a criança cria seu processo de aprendizagem construindo e reconstruindo seu pensamento. Isso acontece a partir da assimilação e da acomodação, conforme os problemas que se colocam em seu caminho. Para definir o modo como o pensamento é construído desde o sopro inicial da vida, Piaget dividiu em etapas que, de acordo com ele, todos os indivíduos passariam em idades muito semelhantes. A primeira delas é a sensório-motor, que compreende desde o nascimento até os dois anos de idade. É aqui que começa o desenvolvimento da coordenação motora, quando a criança aprende a diferenciar o próprio corpo dos objetos. As ações são controladas por meio de informações de ordem sensorial. Já na etapa pré-operatória, que vai dos dois até os sete anos, o pensamento da criança é egocêntrico, centrado nela mesma, pois ainda não é capaz de se colocar no lugar do outro. É aqui que ela começa a desenvolver a fala, identificar os símbolos e criar habilidades físicas. Passando, então, ao estágio das operações concretas, que vai dos sete aos 12 anos, acontece o aprimoramento das habilidades anterior, assim como a capacidade de raciocínio lógico também é desenvolvida. Por fim, chegamos ao quarto e último estágio: o das operações formais. Para Piaget, ele ocorre dos 12 anos em diante, onde competências e capacidades estariam desenvolvidas por completo. O pensamento lógico é dominado e são adicionados à conduta também os valores morais, permitindo a tomada de decisões mais complexas. Quais são os principais fatores que influenciam no desenvolvimento? Psicologia do desenvolvimento quais sao principais fatores Quando falamos de desenvolvimento humano e no modo como ele acontece, é impossível apontar apenas um fator como decisivo. Afinal, o processo ocorre justamente a partir da interação de vários deles. Vamos relacionar agora quais são os principais. Hereditariedade O potencial de uma criança é também definido pela carga genética que ela herda de seus pais biológicos. Não significa dizer que toda essa potencialidade será, de fato, transmitida. Ou seja, o desenvolvimento pode ocorrer ou não, de acordo com os estímulos recebidos do ambiente. Crescimento orgânico ou aspecto físico Conforme a criança desenvolve os seus aspectos físicos, a exemplo da própria altura, ela também passa a ter comportamentos e ações que, pelo menos até então, não pareciam possíveis. Alguns teóricos apontam, no entanto, que fatores biológicos podem influenciar nesse processo. É o caso da desnutrição ou mesmo de um quadro de falta de oxigênio durante o parto. Meio de vivência Desde o momento em que ainda estamos na barriga de nossas mães somos influenciados pelo meio externo. A partir do nascimento, não é diferente. As interações que realizamos todos os dias, no espaço em que estamos inseridos, também contribuem, de modo decisivo, para moldar nosso padrão de comportamento. É por isso que tanto se fala da necessidade de estimular a criança a partir do exemplo de um adulto. Aqui, é importante ressaltar que a hereditariedade e o ambiente atuam em conjunto. A interação entre ambos os fatores é decisiva para determinar nosso desenvolvimento e o nosso modo de agir. Desenvolvimento ou maturação neurofisiológicas É a partir do que se chama de maturação que alguns padrões de comportamento se tornam possíveis. Essa possibilidade está diretamente conectada com as mudanças fisiológicas que acontecem em nosso corpo conforme crescemos. Por exemplo, ninguém espera que um recém-nascido saia da maternidade caminhando. Antes disso, ele precisa desenvolver seus músculos e articulações, além da coordenação motora. Principais aspectos do desenvolvimento humano Lá no início , falamos que a psicologia do desenvolvimento inclui uma gama de aspectos em seus estudos, sempre na busca por compreender como o comportamento humano é definido. Assim, para facilitar as análises e o próprio entendimento, os aspectos são divididos em quatro categorias distintas, que você confere a seguir. Aspecto físico-motor Faz referência ao crescimento orgânico e também à capacidade de manipular objetos, o que ocorre a partir do desenvolvimento da maturação neurofisiológica. Exemplo disso é a criança que, mesmo aos sete meses e com grandes limitações, consegue levar a chupeta até a boca porque já é capaz de coordenar o movimento das mãos para ações simples Aspecto intelectual Diz respeito à capacidade de raciocínio que criamos com o passar do tempo. É o caso do momento no qual a criança entende que precisa tirar o plástico de um pote de iogurte se quiser comer o que tem dentro dele. Aspecto afetivo ou emocional Trata-se do modo como cada um de nós encara as experiências e o que sentimos na vivência de cada uma delas. É algo muito pessoal e que pode variar de um indivíduo para o outro. Enquanto alguns sentem medo ao ver um cachorro, outros são tomados por alegria. Não existe padrão. Aspecto da socialização O aspecto da socialização fala sobre o modo como nos portamos diante de outras pessoas quando estamos em grupo. Por exemplo, na escola, você costumava ser do tipo que queria fazer todos os trabalhos em dupla ou preferia a individualidade? Principais teorias e teóricos da psicologia do desenvolvimento Vale lembrar, no entanto, que todos os aspectos que citamos no item acima se relacionam entre si. Afinal, as próprias teorias do desenvolvimento humano – assim mesmo, no plural – entendemque eles são indissociáveis, ainda que existam diferenças na importância dada a cada um deles. Para entender melhor como isso se concretiza, vamos trazer uma amostra do que é e o que defendem algumas das principais correntes da psicologia do desenvolvimento. Psicologia de Gestalt Essa foi uma das primeiras correntes científicas que tiveram origem dentro da psicologia. Ainda assim, os psicólogos dessa linha são menos conhecidos que os demais. A principal defesa de Gestalt é que usamos inúmeras estruturas para que possamos aprender. Ou seja, o desenvolvimento humano estaria baseado em estruturas de ordem biológica, as quais descobrimos como utilizar conforme crescemos. Isso significa que não haveria propriamente um “desenvolvimento”, mas apenas a descoberta progressiva das capacidades que o cérebro possui. No entanto, é importante ressaltar que as pesquisas mais atuais mostram que não funciona dessa forma e que existe, sim, evolução dos processos cognitivos. Psicologia cognitiva Já a chamada psicologia cognitiva trata da maneira como cada um de nós percebe, aprende, lembra e representa todas as informações fornecidas. Por isso, percepção, pensamento e memória estão entre os seus principais objetos de estudo. O objetivo é explicar como o ser humano percebe o mundo e, mais do que isso, como ele se utiliza do conhecimento que possui para desenvolver as funções cognitivas, desde a fala até a capacidade de resolver problemas. Por isso, podemos dizer que a psicologia cognitiva estuda os processos mentais que estão por trás do comportamento. Sobretudo na Europa, essa corrente possui grande aceitação. É importante dizer que a sua criação ocorreu da divergência com outras abordagens da psicologia. Um dos principais motivos é a adoção do método científico positivista, que defende a objetividade e refuta processos de interpretação ou de construção teórica. Justamente por isso, vai contra os métodos fenomenológicos, a exemplo da psicanálise – falaremos sobre ela adiante. Lev Vygotsky Assim como Piaget, Lev Vygotsky encara o desenvolvimento humano a partir da perspectiva construtivista. Ele propõe que o conhecimento é construído em ambientes naturais de interação social, estruturados a partir da cultura. Assim, o comportamento do indivíduo seria um resultado da interação entre sujeito e objeto, em um processo que teria como resultado a construção e a reconstrução das estruturas cognitivas. De maneira específica, Vygotsky concentrou seus estudos nos efeitos culturais e sociais que eram responsáveis por influenciar o comportamento humano – ambos vistos como indissociáveis. Inclusive, ele enfatizava a importância da participação do aluno no seu processo de aprendizagem e entendia que a maturação da mente dependia do contato em sociedade. Behaviorismo Essa corrente de pensamento surgiu a partir da percepção de que a psicanálise oferecia uma atitude científica reduzida. Assim como a psicologia cognitiva, o behaviorismo segue o positivismo e desconsidera tudo aquilo que não pode ser medido de maneira objetiva. Diferente do cognitivismo, no entanto, seu foco se volta ao comportamento do ser humano. Ou seja, concentra os estudos na relação entre os estímulos percebidos e os comportamentos por eles provocados, deixando de lado as variáveis que não possam ser aferidas. Assim, a introspecção não é levada em conta. Psicanálise Da psicanálise todo mundo certamente já ouviu falar em algum momento, seja por sua forte aplicação prática ou por conhecer o seu criador: Sigmund Freud. Aqui, o foco da abordagem são os impulsos inconscientes e os efeitos que eles exercem sobre o nosso comportamento. Sabe todas aquelas vezes em que você se viu repetindo comportamentos nocivos, que prometeu a si mesmo que deixaria de lado? E que tal aquelas situações em que suas próprias ações jogaram contra você? Freud, a psicanálise e o inconsciente explicam. Um dos caminhos para chegar até esse inconsciente seriam os sonhos e as interpretações possíveis a partir deles, revelando percepções e desejos. O mesmo vale para os relatos do paciente, já que a psicanálise busca trazer para a consciência o conflito reprimido. O entendimento é de que, só assim, seria possível lidar com o problema. Concepção interacionista da linguagem; o convívio com a diversidade textual; desenvolvimento da capacidade de Leitura, letramento, oralidade e escuta; o processo de letramento através de atividades lúdicas e jogos; métodos e técnicas de alfabetização; função social da escrita. Concepção interacionista da linguagem Segundo Travaglia (op. cit.: 23), “nessa concepção, o que o indivíduo faz ao usar a língua não é tão-somente traduzir e exteriorizar um pensamento ou transmitir informações a outrem, mas sim realizar ações, agir, atuar sobre o interlocutor (ouvinte/leitor)” . Nesse enfoque, a concepção interacionista da linguagem contrapõe-se às visões conservadoras da língua, que a tem como um objeto autônomo, sem história e sem interferência do social, já que não enfatizar esses aspectos não é condizente com a realidade na qual estamos inseridos. Ao contrário das concepções anteriores, esta terceira concepção situa a linguagem como um lugar de interação humana, como o lugar de constituição de relações sociais. Dessa forma, ela representa as correntes e teorias de estudo da língua correspondentes à lingüística da enunciação (Lingüística Textual, Teoria do Discurso, Análise do Discurso, Análise da Conversação, Semântica Argumentativa e todos os estudos ligados à Pragmática), que colocam no centro da reflexão o sujeito da linguagem, as condições de produção do discurso, o social, as relações de sentido estabelecidas entre os interlocutores, a dialogia, a argumentação, a intenção, a ideologia, a historicidade da linguagem, etc. A linguagem se faz, pois, pela interação comunicativa mediada pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores, em uma dada situação e em um contexto sócio-histórico e ideológico, sendo que os interlocutores são sujeitos que ocupam lugares sociais. Em lugar de exercícios contínuos de descrição gramatical e estudo de terminologias e regras que privilegiam tão somente a forma das palavras ou a sintaxe da língua, estuda-se o uso da língua em situações concretas de interação, percebendo as diferenças de sentido entre uma forma de expressão e outra. A língua, nesse caso, é o reflexo das relações sociais, pois, de acordo com o contexto e com o objetivo específico da enunciação é que ocorre uma forma de expressão ou outra, uma variante ou outra. Em outras palavras, o locutor constrói o seu discurso mediante as suas necessidades enunciativas concretas, escolhendo formas lingüísticas que permitam que seu discurso figure num dado contexto e seja adequado a ele. Sendo assim, o locutor leva em consideração o seu interlocutor, tanto no que se refere à imagem que tem dele, quanto à construção de seu discurso, empenhando-se para que ele seja compreendido num contexto concreto, preciso e, conseqüentemente, atinja o objetivo pretendido. O pensador russo Bakhtin (1997:95), questionando as grandes correntes teóricas da lingüística contemporânea, que reduzem a linguagem ou a um sistema abstrato de formas ( objetivismo abstrato ) ou à enunciação monológica isolada ( subjetivismo idealista ), prioriza que: (...) na prática viva da língua, a consciência lingüística do locutor e do receptor nada tem a ver com o sistema abstrato de formas normativas, mas apenas com a linguagem no sentido de conjunto dos contextos possíveis de uso de cada forma particular. Segundo o autor, não se pode separar a linguagem de seu conteúdo ideológico ou vivencial, já que ela se constitui pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação, que é um diálogo (no sentido amplo do termo, englobando as produções escritas). O sentido do enunciadose dá através de uma compreensão ativa entre os sujeitos, ou seja, é o efeito da interação dos interlocutores. Para Bakhtin, todo enunciado tem um destinatário, entendido como a segunda pessoa do diálogo. A atividade mental do sujeito e sua expressão exterior se constituem a partir do social, portanto, toda a enunciação é socialmente dirigida. É no fluxo da interação verbal que a palavra se transforma e ganha diferentes significados, de acordo com o contexto em que surge. A categoria básica da concepção de linguagem em Bakhtin é a interação verbal, cuja realidade fundamental é o seu caráter dialógico. Dentro de uma concepção interacionista, a linguagem é entendida, então, como um dos aspectos das diferentes relações que se estabelecem historicamente em nível sócio-cultural. Ela caracteriza-se por sua ação social. Nas palavras de Koch (1992:9), a concepção de linguagem como forma (lugar) de ação ou interação, “é aquela que encara a linguagem como atividade, como forma de ação, ação interindividual finalisticamente orientada; como lugar de interação que possibilita aos membros de uma sociedade a prática dos mais diversos tipos de atos, que vão exigir dos semelhantes reações e ou comportamentos.” Ainda, como observa Osakabe (1994: 7): “uma linguagem entendida como uma interlocução e, como tal, de um lado, como processo, e de outro, como constitutiva (de) e constituída (por) sujeitos.” Decorre daí que, numa visão sociointeracionista da linguagem, a percepção das variedades lingüísticas não se faz, como se observa no interior da primeira concepção de linguagem, com explicações simplistas que refletem o “certo” e o “errado”, o “aceitável” e o “inaceitável” ou porque uma linguagem é mais rica do que a outra. Penetrando mais fundo na essência da linguagem e entendendo que a língua está em constante evolução, entende-se também que todas as variedades existentes em nossa sociedade pertencem à nossa língua e que, embora a língua padrão possua maior prestígio social, as demais variedades possuem, como a variedade culta, a mesma expressividade e comunicatividade. Do ponto de vista interacionista da linguagem, a norma culta é vista como uma variante, uma possibilidade a mais de uso e não exclusivamente como o único uso lingüisticamente correto e a única linguagem representante de uma cultura. Instaura-se a relação dialógica e polifônica em contextos não imunes às variações e diferenças existentes nas situações concretas de uso. Koch (2002: 15) explicita que “os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais”. Destaca, portanto, (...) o caráter ativo dos sujeitos na produção mesma do social e da interação e defendendo a posição de que os sujeitos (re)produzem o social na medida em que participam da definição da situação na qual se acham engajados, e que são atores na atualização das imagens e das representações sem as quais a comunicação não poderia existir. Ao referir-se à concepção de texto e de sentido de um texto, esclarece: (...) o texto passa a ser considerado o próprio lugar de interação (...). Desta forma, há lugar, no texto, para toda uma gama de implícitos, dos mais variados tipos, somente identificáveis quando se tem, como pano de fundo, o contexto sociocognitivo dos participantes da interação.(...) – a compreensão deixa de ser entendida como simples “captação” de uma representação mental ou como a decodificação de mensagem resultante de uma codificação de um emissor. Ela é, isto sim, uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza, evidentemente, com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes (enciclopédia) e sua reconstrução deste no interior do evento comunicativo. O convívio com a diversidade textual Como trabalhar com textos na alfabetização? Se a criança não sabe ainda ler palavras simples, poderá ler uma história? É possível alfabetizar sem ensinar as letras uma a uma? A alfabetização a partir de textos tem sido realizada com êxito há algumas décadas. O trabalho com pequenos textos — sejam eles notícias, poemas, quadrinhas, contos de fadas e etc. —, é uma possibilidade interessante de ampliar o repertório dos alunos. Para aprender a ler, é necessário conhecer as letras e os sons que elas representam, e assim, compreender o que está escrito. Os textos poderão ser favoráveis para enfocar estas duas facetas da aprendizagem: a alfabetização e o letramento. A raiz da palavra texto é a mesma da palavra tecer, portanto o texto é um “tecido” feito com muitas palavras, assim como um pano é um tecido de fios. Sabemos que fios soltos não formam um tecido, assim como palavras soltas, desconexas, sem um sentido que as aproxime, não formam um texto. Um texto pode ser curto ou longo: uma frase ou uma oração que expressa um significado completo pode ser texto. Assim, o texto é mais do que a soma de palavras e frases. O trabalho com textos é possível desde a Educação Infantil, para isso é necessário que o professor leia o texto e converse com a turma sobre ele. Qual o significado do que foi lido? O que compreenderam? Esse diálogo deve permitir que os alunos se manifestem livremente. Deve-se fazer em seguida a leitura didática, apontando as palavras com o dedo ou uma régua, mostrando os espaços em branco entre as palavras, dando uma noção importante de que os espaços marcam os limites gráficos das palavras, onde começam e onde acabam. Quando se apresenta um texto aos alunos, é importante ressaltar quem é o autor, as intenções com que foi produzido tal texto, o assunto de que trata, o título e o gênero a que pertence. A diversidade de gêneros textuais é importante no contexto da escola, pois demonstra aos alunos a função social da escrita. Devemos trabalhar com textos reais para aproximar os alunos de diferentes gêneros, e é preciso que os alunos se aproximem da realidade que os cercam e se apropriem dos textos que circulam na sociedade em que vivem, para conhecer e entender sua função social. As quadrinhas, poesias, contos, parlendas, anúncios, dentre outros, precisam acompanhar a prática docente diariamente. O mundo que cerca nossos alunos é composto basicamente deles, portanto são eles que devem ocupar nossas salas de aula. Quando não utilizamos outros gêneros textuais em sala de aula e nos prendemos apenas ao texto narrativo, perde o aluno porque foi limitado ou impedido de acessar outros tipos de texto, o que pode acontecer somente mais tarde, ou nem acontecer, e perde o professor porque deixou uma ótima oportunidade de aprender juntamente com os alunos. O que podemos fazer quando trabalhamos com o texto: circular ou marcar palavras no texto, pintar intervalos entre as palavras, completar o texto com palavras que faltam, ordenar frases do texto, comparar textos do mesmo assunto, dar ao texto sua função social (escrita de bilhetes para os colegas, cartazes para serem expostos na escola e etc.), criar um caderno de textos que possa ser levado para casa e compartilhado com a família. Se ler é atribuir significado, qualquer criança, antes mesmo de estar alfabetizada é capaz de ler. Portanto, é essencial o trabalho de leitura sobre textos contextualizados em situações em que a leitura seja funcional, pois só se pode aprender a ler, lendo. Todos os alunos precisam participar de atos de leitura para que descubram que a escrita e a fala se relacionam. É importante que todos tenham a oportunidade de manusear livros de diversos gêneros textuais. É interessante que se tenha uma caixa em sala de aula, contendo alguns livros, que podem ter sido lidos anteriormente pelo professor no momento da “leitura compartilhada” na “roda de conversa”. Esse momento consiste na leitura de um texto pelo professor para a turma. Ler pelo simples prazer de ler, não uma leitura que preceda algum tipo de atividade, mas sim uma leituraprazerosa, por meio da qual o aluno veja o professor como um modelo de leitor, que utiliza entonações e dá vida ao texto lido. Como sugestões de outras atividades de leitura podemos: realizar o empréstimo de alguns livros em sala de aula, deixando que os alunos o levem para casa e no dia seguinte contem a história na “roda de conversa” para os demais colegas. Mesmo que ainda não saiba ler convencionalmente o aluno pode utilizar outras estratégias para contar a história: escolher uma história na “roda de leitura”, e depois visitar a outras salas para que eles contem a história que foi ouvida na “roda de conversa”. O professor pode ainda fazer uma “roda de leitura”, para que a leitura da história feita pelos alunos seja gravada por meio de um gravador, a partir dessa leitura, seja gravado um CD com diversas histórias contadas pela turma. Desenvolvimento da capacidade de Leitura, letramento, oralidade e escuta Na educação infantil, existem dois processos similares que introduzem as crianças ao mundo da escrita: a alfabetização e o letramento. Você sabe a diferença entre os dois e entende o seu impacto na formação escolar? Explicaremos os conceitos de alfabetização e letramento e mostraremos as melhores práticas para você aplicar no dia a dia das aulas. O que é a alfabetização? Alfabetizar é ensinar a codificar e decodificar o código da língua escrita. Em outras palavras, é ensinar as características da tecnologia da escrita (letras, números, acentuação, etc) e a forma como ela é estruturada. Alfabetizar é, por exemplo, mostrar como as sílabas se juntam formando palavras, como as palavras formam sentenças, como sentenças formam parágrafos e como os parágrafos formam um texto. Ou seja, alfabetização é o aprendizado mecânico da leitura e da escrita. O que é o letramento? O letramento, por outro lado, vai além da pura codificação e decodificação da escrita. Ele se refere aos sentidos e usos que os textos adquirem na vida social dos usuários da língua. Ensinar o letramento é mostrar à criança as formas como a língua escrita é usada no dia a dia. O processo de letramento ocorre, por exemplo, quando, ao mostrarmos um texto a uma criança, falamos de como e por quem ele foi produzido, quais são as suas formas de leitura, em que lugares ele circula, quais são os seus objetivos comunicativos e quais são os sentidos que ele pode veicular e assumir. O que é mais importante: a alfabetização ou o letramento? Ambos os processos são essenciais. Sem saber decodificar os textos, a criança não consegue lê-los. Sem saber dos seus sentidos e usos, a leitura é vazia, pois não garante a compreensão — cultural, social, histórica, científica, intencional — da escrita. Logo, o ideal é alfabetizar e letrar ao mesmo tempo. Quais são as melhores práticas para a alfabetização e letramento? Existem diversas práticas que os professores podem adotar para promover a alfabetização e o letramento aos seus alunos, sendo que harmonizar um pouco de cada prática é uma boa opção: 1. Valorizar outros tipos de aprendizagem É importante, para o professor, ter a mente aberta e valorizar diversos tipos de aprendizagem, principalmente aquelas que sejam diferentes da tradicional cópia da lousa. O professor pode, por exemplo, promover a leitura de histórias infantis em roda, pode incentivar as crianças a contarem oralmente as histórias que escutaram em casa, pode declamar poesias enfatizando os sons e os ritmos das palavras, pode promover associações entre objetos, letras e sílabas, etc. 2. Identificar em que estágio os alunos estão Cada criança tem o seu próprio ritmo de aprendizado. Têm aquelas que já chegam na escola com contato maior e diversificado com o mundo letrado; existem outras, por outro lado, que demandam maior cuidado e atenção do professor, precisando ser inseridas no mundo da escrita. Cabe ao professor saber identificar o nível de alfabetização e letramento da criança e guiá-las adequadamente no seu processo de aprendizado, levando em consideração a vivência e o contexto de vida em que cada criança se insere. 3. Procurar métodos diferentes para os alunos que não estão aprendendo Muitas das dificuldades que os alunos enfrentam podem ser resolvidas com uma maneira diferente de ensinar. Para os alunos que não estão aprendendo com as práticas atuais, procure outros métodos. Diversifique o seu leque de recursos didáticos. Têm alunos que aprendem melhor assistindo às aulas. Outros são mais visuais, preferindo desenhar ou ver imagens. Outros, ainda, são mais táteis, preferindo mexer com massinha ou bloquinhos. Mesmo diante das dificuldades, não desanime: o importante é não deixar de procurar métodos que sejam adequados para cada criança. Com as mudanças acontecendo cada vez mais rápido em nossa sociedade, é imprescindível que os profissionais da educação se atualizem e façam cursos de especialização e reciclagem, auxiliando, assim, no ensino de métodos eficazes para os novos tipos de alunos. Se os problemas de aprendizagem persistirem, você pode consultar um psicopedagogo para incluir práticas mais lúdicas no processo de ensino. Oralidade A oralidade e a escrita são duas formas de variação linguística, onde a oralidade é geralmente marcada pela linguagem coloquial (ou informal), enquanto a escrita, em grande parte, está associada à linguagem culta (ou formal) A Fala, a Leitura e a Escrita Quando falamos com os amigos ou familiares utilizamos a linguagem informal, constituída por marcas da oralidade, seja abreviações, erros de concordância, gírias, expressão menos prestigiadas, prosódias. Importante notar que historicamente, a fala precede a escrita, ou seja, a escrita foi criada a partir da comunicação entre os homens bem como da necessidade de registro. Claro que a linguagem informal não pode ser considerada errada uma vez que os falantes da língua utilizam a informalidade de acordo com determinados contextos. No entanto, quando estamos conversando com superiores no trabalho, por exemplo, essas marcas são deixadas de lado, para dar lugar a uma linguagem mais cuidada, ou seja, aquela em que não notamos as marcas da oralidade, e que intuitivamente utilizamos em determinados contextos de produção que exigem formalidades. Feita essa observação, note que mesmo nas situações de oralidade, podemos utilizar uma linguagem mais preocupada ou formal, por exemplo, nas apresentações em público. Um dos fatores mais importantes para a construção da linguagem deve se à leitura, posto que as pessoas que mantém o hábito da leitura têm muito mais facilidade para se expressarem e claro, para perceber o contexto em que estão inseridas e qual das linguagens devem usar. Além disso, o hábito de leitura melhora a escrita, que na maior parte dos casos, deve adotar a linguagem formal e das normas gramaticais para se expressar. Da mesma forma que na oralidade, o ato de escrever está intimamente relacionado com o contexto em que está inserido. Ou seja, quando mandamos um bilhete na sala de aula para uma amiga, certamente, a linguagem utilizada não é formal, sendo fortemente marcada por traços da oralidade. Por sua vez, quando a professora pede a produção de um texto, aquela linguagem utilizada no bilhete não deve ser usada na redação, visto que esse se trata de um texto formal, cujas normas e regras gramaticais devem estar presentes. O mais importante da diferença entre a oralidade e a escrita é perceber em qual contexto você deve usar a linguagem despretensiosa (coloquial) ou a linguagem formal, que exige conhecimento prévio das normas da língua. Nesse caso, quando produzimos um texto, as marcas extremamente “normais” da oralidade como gírias, vícios de linguagem, abreviações, erros ortográficos e de concordância, não devem ser aplicadas. Em resumo, na linguagem escrita não devemos produzir as falas e os modos queusamos quando estamos falando. Isso empobrece o texto. Observe que a escrita é uma representação da fala que exige algumas regras próprias. Por exemplo, os sinais de pontuação. Quando falamos, fica claro pela entonação ou mesmo pela linguagem corporal e/ou facial do falante, que tal enunciado é uma pergunta. Por outro lado, quando escrevemos é necessário a inserção do ponto de interrogação para que o leitor compreenda a pergunta no texto. Assim, se for intencional, podemos usar a linguagem informal, por exemplo, na regionalidade das falas dos personagens de um texto. O processo de letramento através de atividades lúdicas e jogos Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no início do século XX, e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingências políticas e sociais de cada época, o ressurgimento dos estudos psicológicos sobre o jogo infantil nos anos 70 foi, em grande parte, estimulado por Jean Piaget (1971). O mesmo elaborou uma diferenciação dos jogos usando os seguintes procedimentos: observação e registro dos jogos praticados pelas crianças em casa, nas escolas e na rua na tentativa de relacionar o maior número de jogos infantis e análise das categorias já existentes e aplicações conhecidas dos jogos coletados. Assim, ao estudar com observação e método a prática de jogos, Piaget propôs uma possível classificação na quais três tipos de estruturas caracterizam os jogos: o exercício (para crianças de 0 a 2 anos), o símbolo (de 2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7anos). Estas categorias estão dispostas por ordem de complexidade abrangendo desde o jogo sensório-motor elementar até o jogo social superior: os exercícios motores consistem na repetição de gestos e movimentos simples com valor exploratório e o jogo simbólico desenvolve-se a partir dos esquemas sensório-motor (corridas, jogos de bola de gude, etc...) ou intelectuais (de carta, xadrez...) regulamentados por um conjunto sistemático de leis que são as regras. Para Piaget (apud KISHIMOTO), o jogo de regras é a atividade lúdica do “ser sofisticado e começa a ser praticado por volta dos sete anos de idade, quando a criança abandona o jogo egocêntrico das crianças menores em proveito de uma explicação efetiva de regras e do espírito de regras entre os jogadores.” que o uso dos jogos no contexto educacional só pode ser situado corretamente a partir da compreensão dos fatores que colaboram para uma aprendizagem ativa, ou seja, mais do que o jogo em si, o que vai promover uma boa aprendizagem é o clima de discussão e troca, com o professor permitindo tentativas e respostas divergentes ou alternativas, tolerando os erros, promovendo novas análises. Acrescenta que a discussão desencadeada a partir de uma situação de jogo mediada por um profissional, vai além da experiência e “possibilita a transposição das aquisições para outros contextos”. Para o autor, isto significa considerar que “as atitudes adquiridas no contexto de jogo https://psicologado.com.br/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/o-periodo-sensorio-motor-de-piaget tendem a tornar-se propriedade do aluno, podendo ser generalizadas para outros âmbitos, em especial, para as situações em sala de aula.” De acordo com Campos (2005), dependendo de como é conduzido, o jogo ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento, aqueles que colaborarão na aprendizagem de qualquer novo conhecimento, como observar e identificar, comparar e classificar, conceituar, relacionar e inferir. Também são esquemas de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento, a previsão, a antecipação, o método de registro e contagem. Através de jogos é possível apreender aspectos importantes da constituição psíquica de uma criança, assim como seu nível de desenvolvimento social e cognitivo. Piaget (apud KISHIMOTO, 1991) faz referência ao brinquedo em termos de evolução social e inteligência, o mesmo destaca que em cada estágio do desenvolvimento a crianças explora o brinquedo de uma forma diferente, de acordo com a sua busca de entendimento da realidade. Em outra direção Vygotsky também fez alusão ao brinquedo e ao jogo em seu estudo. Vygotski afirma que: se ignorarmos as necessidades das crianças e os incentivos que são eficazes para coloca-la em ação, nunca seremos capazes de entender seu avanço de um estágio do desenvolvimento para outro, porque todo avanço esta conectado com uma mudança centrada na motivação, tendências e incentivos (1994, p 121-122). Segundo Piaget (1971), quando a criança brinca, a criança assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua intenção com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui. Nesse sentido, o jogo pode ser utilizado tanto no diagnóstico psicopedagógico quanto recurso para posterior intervenção psicopedagógica: o jogo f avorece a análise de processos de pensamento utilizados pelo aluno (criança ou mesmo adulto) e das relações que ele estabelece com o parceiro com as regras a serem estabelecidas. Aponta alguns aspectos que podem ser claramente percebidos através do jogo no aprendente: o conhecimento que já possui o funcionamento cognitivo e das relações vinculares e significações existentes no aprender, o caminho utilizado para aprender ou não - aprender, o que pode revelar o que precisa esconder e como o faz. Ainda numa visão psicopedagógica que procura integrar os fatores cognitivos e afetivos que atuam nos níveis conscientes e inconscientes da conduta, quaisquer jogos, mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal, dão espaço para a imaginação, a fantasia e a projeção de conteúdos afetivos, além da organização lógica implícita. Para Campos (2005) o psicopedagogo “não interpreta, mas deve compreender as manifestações simbólicas e procurar adequar as atividades lúdicas às necessidades do aluno.” Para Piaget (1991a) o jogo é essencial como recurso pedagógico e/ou psicopedagógico, pois no brincar a criança articula teoria e prática, formula hipóteses e experiências, tornando a aprendizagem atrativa e interessante. Desse modo, a construção de um espaço de jogo, de interação e de criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado, no qual o gostar e querer estariam presentes. Para Bertoldi (2003), ressalta que a criança que tem seus primeiros contatos com a aprendizagem de forma lúdica, provavelmente, terá chances de desenvolver um vínculo mais positivo com a educação formal e estará mais fortalecida para lidar com os medos e frustrações inerentes ao processo do aprender. É necessário, ainda, salientar que as aquisições relativas a novos conhecimentos e conteúdos escolares não estão nos jogos em si, mas nas intervenções realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades, seja ele o professor ou o psicopedagogo. Segundo RCNEI (1998), brincar de estátuas é um exemplo de jogo em que, por meio do contraste entre som e silêncio, se desenvolve a expressão corporal, a concentração, a disciplina e a atenção. A tradicional brincadeira das cadeiras é outro exemplo de jogo que pode ser realizado com as crianças. Jogos de escuta dos sons do ambiente, de brinquedos, de objetos ou instrumentos musicais; jogos de imitação de sons vocais, gestos e sons corporais; jogos de adivinhação nos q uais é necessário reconhecer um trecho de canção, de música conhecida, de timbres de instrumentos etc. jogos de direção sonora para percepção da direção de uma fonte sonora; e jogos de memória, de improvisação etc. são algumas sugestões que garantem às crianças os benefícios e alegrias que a atividade lúdica proporciona e que, ao mesmo tempo, desenvolvem habilidades, atitudes e conceitos referentes à linguagem musical. Métodos e técnicas de alfabetização MÉTODOS SINTÉTICOS Vão das partes para o todo, começando com as unidades sonoras ou gráficas MÉTODO ALFABÉTICO OU SOLETRAÇÃO COMO É:É considerado o mais antigo dos métodos. A proposta é que o indivíduo aprenda os nomes das letras, reconheça-as fora da ordem alfabética e, por fim, tente redescobri-las em palavras ou textos, a partir da soletração. COMO FUNCIONA: Ensinam-se estratégias de soletração que ajudam o aluno a associar o nome da letra à sua representação visual e ao som que ela adquire na palavra. A palavra “banana”, por exemplo, pode ser soletrada como be a ba (ba), ene a na (na), ene a na (na). VANTAGENS: Reconhecer as letras é etapa fundamental e inescapável do processo de aquisição da escrita, já que as relações entre os sinais gráficos e os sons que eles representam são o princípio básico de qualquer sistema alfabético. RISCOS: A memorização fora de contexto das letras e de algumas sílabas afasta o aluno do significado das palavras. É possível desenvolver o conhecimento sistemático do alfabeto em textos com sentido e com o uso de materiais como letras móveis. MÉTODO FÔNICO OU FONÉTICO COMO É: Desenvolvido na França e na Alemanha, parte da relação direta entre o fonema e o grafema. Começa sempre dos sons mais simples para os mais complexos, das vogais para as consoantes. Por fim, formam-se as sílabas e as palavras. COMO FUNCIONA: Há várias maneiras de apresentar os fonemas, partindo de palavras significativas para os alunos ou relacionando uma palavra a uma imagem e a um som. Há exemplos na clássica Cartilha Nacional, do século 19. VANTAGENS: Ao aproximar fonemas e grafemas, o método estabelece relação direta entre a escrita e a fala, outra característica básica de sistemas alfabéticos, abrindo caminho para a codificação e a decodificação dos textos. RISCOS: Na nossa língua, as relações entre letras e sons variam muito. Uma mesma letra pode representar diferentes sons e vice-versa. O sistema de escrita é uma representação complexa, e a abordagem fônica, sozinha, pode não dar conta dela. MÉTODO SILÁBICO COMO É: Considera a sílaba a unidade linguística fundamental, já que, na prática, só se pode pronunciar a consoante juntamente com a vogal. Começa-se pelas sílabas formadas por uma consoante e uma vogal, até chegar às mais complexas. COMO FUNCIONA: Em geral, o processo se apoia em cartilhas que apresentam as famílias silábicas, que podem ser associadas a desenhos ou palavras-chave, cujas sílabas iniciais são destacadas. Aos poucos, o aluno entra em contato com pequenos textos. VANTAGENS: O método enfatiza uma unidade facilmente identificável com o som, já que, na fala, pronunciamos sílabas, e não letras ou sons separados. Assim, não é preciso analisar cada elemento da palavra para decifrá-la. RISCOS: O foco excessivo em uma unidade sonora, assim como em outros métodos sintéticos, pode tirar do aluno o contato com textos reais, dotados de estrutura e função social, dando lugar a frases sem nexo, como “vovô viu a uva”. MÉTODOS ANALÍTICOS Vão do todo para as partes, originando-se de unidades de significado PALAVRAÇÃO COMO É: A unidade linguística é a palavra que deve ser reconhecida graficamente sem a necessidade de decompô-la em sílabas, letras ou mesmo fonemas e grafemas. A proposta é de que se forme um repertório antes de construir frases e pequenos textos. COMO FUNCIONA: Apresenta-se um grupo de palavras que os alunos tentam reconhecer pelas características gráficas. São propostas atividades de memorização de palavras, às vezes associadas a imagens, exercícios de movimento de escrita etc. VANTAGENS: É um meio-termo entre as práticas sintéticas e as analíticas, pois permite trabalhar em unidades menores, sem dissociá-las do significado. O aluno aprende estratégias de leitura inteligente e associa a leitura com prazer e informação. RISCOS: Focar só no reconhecimento gráfico das palavras pode prejudicar a análise das sílabas, letras e grafemas, afetando o reconhecimento de palavras novas. Isso costuma ser amenizado pelo uso de palavras estáveis, como o nome próprio. SENTENCIAÇÃO COMO É: A proposta é partir de uma unidade de significado mais completa, que é a frase. O estudante deve reconhecer e compreender o sentido de uma sentença para só depois analisar as suas partes menores (palavras e sílabas). COMO FUNCIONA: A pedagoga argentina Cecilia Braslavsky ensina que é possível partir da oralidade das crianças, a partir da qual se extraem orações simples, escritas em faixas expostas na sala de aula. As frases podem depois ser consultadas permanentemente. VANTAGENS: A exemplo do método de palavração, a sentenciação permite que os alunos se relacionem com o significado dos textos e aprendam, desde o início da alfabetização, a utilizar estratégias de leitura inteligente. RISCOS: O ensino por sentenciação pode acarretar problemas semelhantes aos encontrados na palavração, como a dificuldade de decodificar textos novos por falta de uma análise mais detida nas unidades que compõem a base do sistema de escrita. MÉTODO GLOBAL COMO É: Parte-se de um texto, trabalhado por certo tempo, no qual o aluno memoriza e entende o sentido geral do que é “lido”. Só depois se analisam as sentenças e se identificam as palavras, comparando as suas composições silábicas. COMO FUNCIONA: No Brasil, o método é associado aos contos, conforme as práticas difundidas pela educadora Lúcia Casasanta nos anos 30. As cinco fases vão da compreensão geral da história à análise comparativa da composição silábica das palavras. VANTAGENS: Com práticas semelhantes às adotadas pela moderna alfabetização de linha construtivista, o método mantém o foco no sentido dos textos e proporciona, desde o início da aprendizagem, o contato com o texto. RISCOS: O trabalho sistemático com as unidades menores, que são parte da estrutura básica da língua escrita, pode ficar enfraquecido. Além disso, o uso só de textos para fins escolares não é positivo: a criança precisa conviver com textos reais. Função social da escrita. A expressão usos da língua escrita ou, simplesmente, usos sociais da língua, envolvendo o emprego das modalidades oral e escrita, parece ter se originado, no Brasil, em torno das didáticas ou das práticas pedagógicas baseadas na difusão da Psicogênese da Alfabetização, bem como da linguística de base interacionista, a partir dos anos 1980. Apesar disso, didáticas em parte semelhantes do ensino da língua oral e escrita se observam desde os anos 1970 nos países de língua inglesa, com a whole language (ou “linguagem integral”), e de língua francesa, com a proposta de leiturização. O ponto em comum entre essas distintas abordagens é o de que se deve partir de situações comunicativas reais – isto é – dos usos sociais da língua – para o domínio da língua. Se, no caso do whole language e da leiturização, esse domínio se dá por imersão, no caso das práticas pedagógicas brasileiras, os usos são apenas o ponto de partida de um processo, que prossegue com práticas de análise linguística – ou do sistema de escrita, quando se trata da alfabetização – e de retorno ao uso, por meio da releitura do texto ou, sobretudo, de sua revisão e reelaboração, em se tratando da produção. No contexto da Psicogênese da Alfabetização, a análise é feita para possibilitar a formulação e a reformulação de hipóteses sobre o que é a escrita e como se organiza. A necessidade de partir do uso e voltar a ele encontra amparo tanto na própria teoria da aprendizagem que sustenta a Psicogênese, quanto nas características sociais e culturais das crianças que ingressam na escola pública brasileira, em geral pertencentes a meios pouco letrados e com tipos de letramento muito afastados dos mais valorizados socialmente. Para a criação de situações sociais de uso, as práticas pedagógicas vão se basear, especialmente na alfabetização, nas funções da escrita,– apoiar a memória, na forma de listas; registrar textos pré-existentes de uma cultura oral, como parlendas, cantigas, poemas;diferenciar e identificar objetos, pessoas e fenômenos, por meio do nome próprio, crachás, etiquetas, calendários; comunicar-se com alguém que está distante, por meio de bilhetes e cartas). Nos anos posteriores à alfabetização, sobretudo, a organização das situações didáticas de uso social será feita por meio da recriação de diferentes contextos de interação, em distintas esferas da atividade humana: escrever com diferentes objetivos, para variados interlocutores e públicos leitores, em suportes ou portadores de textos distintos. Essas situações de usos sociais tenderam, seja na produção acadêmica, seja em documentos curriculares, a ser denominadas práticas de leitura e de escrita, a partir do trabalho pioneiro do linguista e educador João Wanderley Geraldi. As práticas se articulam em um esquema didático que tem como eixo central a produção de um texto, para o qual se mobilizam práticas de leitura (para o conhecimento do tema, para a exploração da estrutura do gênero, por exemplo), seguidas de práticas de análise linguística da primeira versão do texto produzido, de modo a orientar práticas coletivas e individuais de revisão do texto, que posteriormente, como acontece com textos ‘reais’, será socializado, num circuito de comunicação - se se trata de um jornal, será distribuído ao seu público leitor; se cartaz, será afixado no local adequado; se carta, será enviada a seu destinatário, entre muitas outras possibilidades. Se no início, as propostas para análises linguísticas se voltavam predominantemente para uma abordagem de aspectos formais, passam, com um tempo, a privilegiar uma análise da relação entre leitor, texto, objetivo do autor, quer dizer, dão origem a uma abordagem mais discursiva, que visa ‘expandir’ o texto. Tanto na alfabetização quanto nos anos posteriores, as críticas a essas práticas pedagógicas se baseiam em dois pontos. Primeiramente, e especialmente na alfabetização, elas apontam a suposta dificuldade de fazer o aprendiz deslocar sua atenção da situação de comunicação (em que aspectos formais e abstratos não estão evidência), para a análise de regularidades - de modo a fazer generalizações sobre o sistema de escrita. Esse movimento, porém, exige uma abstração da situação de comunicação. Em segundo lugar, as críticas apontam a suposta dificuldade de organizar de modo sistemático o ensino, já que as práticas de análise – o momento em que de fato ocorre uma forte intervenção do professor – decorreriam, em grande parte, dos variados e complexos problemas de aprendizado manifestados pelos aprendizes ao escrever ou ler textos. Isto dificultaria o planejamento sistemático, a organização de progressões e a definição dos tempos de aprendizado esperados. Em resposta a essas críticas, há uma forte defesa, mais recente, após o surgimento no Brasil, do conceito de letramento, da importância de trabalhar tanto os usos quanto o sistema de escrita, mas como dois processos distintos, que demandam diferentes abordagens. Além disso, defende-se, para os anos posteriores, uma ampla difusão do trabalho com sequências didáticas baseado na exploração de gêneros e tipos de discurso (narrar, relatar, expor, argumentar, descrever ações). Lei Federal nº 8.069/90 – Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Vigência (Vide Lei nº 13.869, de 2019) (Vigência) Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Título I Das Disposições Preliminares Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%208.069-1990?OpenDocument http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm#art266 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art42 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13869.htm#art45 que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública; c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento. Título II Dos Direitos Fundamentais Capítulo I Do Direito à Vida e à Saúde Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art18 nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Art. 8º É assegurado à gestante, através do Sistema Único de Saúde, o atendimento pré e perinatal. Art. 8 o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 1º A gestante será encaminhada aos diferentes níveis de atendimento, segundo critérios médicos específicos, obedecendo-se aos princípios de regionalização e hierarquização do Sistema. § 1 o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 2º A parturiente será atendida preferencialmente pelo mesmo médico que a acompanhou na fase pré-natal. § 2 o Os profissionais de saúde de referência da gestante garantirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabelecimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) § 3º Incumbe
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