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LICENCIATURA EM HISTÓRIA Samuel Sousa Cavalcante: RA 1871425 A história do Acre: Formação, declínio, apogeu e contemporaneidade do Estado. Anajás-PA 2020 Samuel Sousa Cavalcante: RA 1871425 A história do Acre: Formação, declínio, apogeu e contemporaneidade do Estado. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para aprovação no Curso de Licenciatura em História sob a orientação da profª Leila Dutra Rodrigues. Anajás-PA 2020 RESUMO O trabalho buscou compreender a formação histórica do Estado Acreano, o apogeu e o declínio da sua economia durante o ciclo da borracha abordando as circunstâncias desse processo. Além de apontar as condições em que o Acre se encontra atualmente, dando enfoque na política desenvolvida. Por fim, a pesquisa apresenta em um contexto amplo os principais eventos que culminaram para o processo histórico do Estado. Palavras Chaves: Formação; declínio e apogeu; contemporâneo. ABSTRACT This work seeks to understand the historical formation of the Acreano State, the apogee and the decline of its economy during the rubber cycle, addressing the circumstances of this process. In addition to pointing out the conditions in which Acre is, giving focus to the policy developed and the real problems of the population. Finally, the research presents in a broad context the main events that culminated in the historical process of the State. Keywords: Training; decline and apogee; contemporary. Sumário Introdução ....................................................................................................... 6 1º Capítulo- ACRE: Formação histórica ......................................................... 7 2º Capítulo- O apogeu e o declínio da região .................................................. 11 3º Capítulo- As questões do Acre ....................................................................15 Sequência Didática ......................................................................................... 18 Considerações Finais ..................................................................................... 21 Referências .................................................................................................... 23 Anexos ........................................................................................................... 24 6 INTRODUÇÃO O presente trabalho tem como objetivo apresenta o contexto histórico do Acre desde a sua formação, o apogeu e o declínio do ciclo da borracha, e a sua atual conjectura do Estado. A abordagem do tema em questão se justifica pela importância em compreender/ conhecer o processo histórico acreano, conhecendo todas as suas nuances, inclusive o processo de ocupação das terras que hoje fazem parte da sua extensão territorial. A pesquisa pretende abordar os principais eventos que culminaram para a integração e elevação do Território Acreano a Estado Brasileiro. Verifica-se a presença de interesses de minorias que tinham como objetivo o lucro em cima do comércio da borracha. Diante disso muitas pessoas foram enganadas e iludidas perante as promessas de enriquecimento com a retirada do “ouro branco” das terras acreanas, muitos desses cidadãos tiveram suas vidas ceifadas, e outros ainda hoje não tem notícia de seus familiares que ficaram em seu Estado de origem. Por fim o projeto busca contribuir para a compreensão da história do Estado, e também para todo o movimento histórico que culminou para a sua incorporação a federação. A metodologia adotada consistiu em: pesquisa bibliográfica, já que adota como fonte de dados artigos e textos impressos ou digitais de outros autores que já se debruçaram sobre o tema. 7 CAPÍTULO I – ACRE: formação histórica Inicialmente no século 20 a área que hoje é correspondente ao Estado do Acre pertencia a Bolívia. Porém desde o início a maior parte da população não aceitava ser pertencente ao referido país, devido a maioria das pessoas que residiam nessa área serem migrantes de Estados brasileiros, principalmente vindos do Nordeste devido à forte seca que assolava a região na época. Mas havia também a população nativa, tribos indígenas de várias etnias e que sofreram com a ocupação do território. Na época os seringueiros chegavam a reunir cerca de cinquentas homens para matar os índios e aprisionar as mulheres. É mister assinalar que este processo de ocupação das terras do Acre, com a formação dos seringais foi marcado pela violência em relação aos povos indígenas frente “as correrias” que se processaram e o consequente aprisionamento, desestruturação cultural e genocídio , emergindo destes contatos interétnicos o preconceito social em relação ao índio, o qual ainda é muito presente na região acreana, pois o nativo do acre, na sua grande maioria, sacraliza a ascendência nordestina ou árabe e “esconde” ou abomina a indígena. (BEZERRA, 2006, p.86-87) No entanto mesmo perante essa rejeição da população, a herança indígena na história acreana é forte, na culinária, na cultura e até mesmo no próprio nome do Estado. Além de ter sido os primeiros guias e operários do processo de extração da borracha. Apesar da mão-de-obra indígena ter sido pouca utilizada no extrativismo da borracha, o seu conhecimento a respeito das leis naturais da floresta amazônica, contribuiu de maneira decisiva para o empreendimento gutífero, pois foram as diversas etnias nativas acreanas que ensinaram as técnicas necessárias para o funcionamento da empresa seringalista. É tão forte a sua presença na história do Estado, que até o mesmo o seu nome é de origem indígena. O nome Acre surgiu de “Aquiri”, que significa “rio dos jacarés” na língua nativa dos índios Apurinãs, os habitantes originais da região banhada pelo rio que empresta o nome ao estado. Os exploradores da região transcreveram o nome do dialeto indígena, dando origem ao nome Acre. Os primeiros habitantes da região eram os índios, até 1877, quando imigrantes nordestinos arregimentados por seringalistas para trabalhar na extração do látex, devido aos altos preços da borracha no mercado internacional, iniciaram a abertura 8 de seringais. Este território, antes pertencente à Bolívia e ao Peru, foi aos poucos sendo ocupado por brasileiros. Os imigrantes avançaram pelas vias hidrográficas do rio Acre, Alto-Purus e Alto-Juruá, o que aumentou a população de local de brancos em cerca de quatro vezes em um ano. (PORTAL DE INFORMAÇÕES DO ESTADO DO ACRE, 2020) A principal atividade econômica na época era a exploração de seringas para obtenção de borracha. Naquele momento os brasileiros não aceitavam a autoridade boliviana e pediam para serem incorporados ao Brasil. Em nível mundial o mundo vivenciava a fase imperialista do capitalismo, onde havia um grande consumo de produtos manufaturados e um colonialismo das regiões produtoras de matéria prima. Nesse momento implica dizer que a população indígena nativa, os seringueiros e seringalistas da região do “atual Acre” estavam à mercê da exploração imperialista. Considerando que havia muito mão de obra barata, matéria prima abundante e mercado consumidor de produtos industrializados. O Tratado de Ayacucho de 1867 delimitava a fronteira entre Brasil e Bolívia, mas especificamente ente a foz do rio Beni e Mamoré, até encontrar a nascente do rio Javari. Para Bezerra (2006, p. 20) a dança das linhas de limites entre Portugal e a Espanha conduziram ao Tratado de Ayacucho, através do qual,a Bolívia tornou-se proprietária formal das terras do atual Acre. Após alguns anos já em 1890, havia mais de trezentos seringais na região, ultrapassando as limitações do acordo firmado entre os dois países, assim o governo boliviano percebeu que precisava agir rapidamente para não perder parte de seu território. Mas mesmo com toda essa resistência, em 1899 é fundada a cidade de Puerto Alonso atual Porto Acre e começam a recolher impostos sobre as atividades extrativistas da população, além de taxas aduaneiras. Havia um intenso movimento de migrantes que se emaranhavam pelas matas em busca das seringueiras. Com isso surgiu também as casas aviadoras que forneciam alimentos, vestimentas, calçados, utensílios para a lida na extração do látex. Essas casas davam subsídio aos seringueiros, nome assim denominados aqueles que extraiam a borracha, porém esse suporte custava caro aos extrativistas, que em muitos casos ficavam anos trabalhando somente para pagar essas dívidas. 9 Em 1890 o Brasil reconheceu a soberania da Bolívia na região, esse apoio se deu em função do Acordo de Ayacucho. Mas os brasileiros extrativistas estavam por fora dessas informações e se revoltaram. No mesmo ano o advogado Jose Carvalho liderou uma batalha que resultou na expulsão dos bolivianos. A Bolívia então passou a negociar através do Bolivian Syndicante com o objetivo de o Estados Unidos fornecer armas para uma futura guerra contra o Brasil, enquanto a Bolívia concederia cinquenta por cento sobre os direitos de exportação da borracha destinado a qualquer porto da dita república por dez anos. O governador do Amazonas José Cardoso Ramalho Júnior enviou Luis Gálvez Rodriguez de Arias juntamente com quantidade de militares para ocupar Puerto Alonso. Na região Gálvez conquistou o apoio dos seringalistas e proclamou a República do Acre. Depois de oito meses, em 1900 o presidente Campos Sales extinguiu a recém criada república e os bolivianos retornaram a região. Mas o então governador Silvério Neri mandou outra expedição a região. Para Manaus era um prejuízo total perder a região para a Bolívia, considerando os vultuosos impostos oriundos das regiões. Essa remessa ficou conhecida como “Expedição dos Poetas, denominada assim porque era composta por intelectuais. Mas esse grupo foi logo derrotado e então surgiu a figura de José Plácido de Castro que com o apoio dos seringalistas e seringueiros conseguiu lograr êxito em todas as frentes de batalhas. Plácido era motivado pelo fato de discordar que o Acre fosse administrado pelos Estados Unidos através do Bolivian Syndicate, que tentaram ocupar o Acre, mas desistiram ao ver que os brasileiros já tinham dominado a maior parte do rio e das terras da região. A partir daí Plácido de Castro organizou o governo e passou a reivindicar que fosse reconhecido oficialmente a anexação do Acre ao Brasil. Então o recém empossado, Ministro Barão do Rio Branco, afastou o Bolivian Syndicate e propôs que em troca da desistência do Acre pagaria dez mil libras esterlinas. A intenção do Brasil naquele momento era manter sobre a sua dominação brasileiros mesmo estando em terras bolivianas. Em 17 de novembro de 1903 com a assinatura do Tratado de Petrópolis encerram vários conflitos. A intervenção do diplomata Barão do Rio Branco e do embaixador Assis Brasil, financiados pelos Estados Unidos e pelos barões de borracha foi decisiva para esse processo. 10 Finalmente, iniciaram-se as conversações, e depois de uma série de propostas e contra propostas, o Tratado de Petrópolis foi assinado, ficando acordado que mediante compensações territoriais em vários pontos da fronteira, a construção por parte do Brasil de uma estrada de ferro (a Madeira- Mármore), a liberdade de trânsito pelo caminho de ferro e pelos fluviais até o Oceano Atlântico; e com mais uma indenização de dois milhões de libras esterlinas, a Bolívia cederia o Acre. Desta vez, segundo Rio Branco, estava acontecendo uma verdadeira expansão territorial, já que segundo ele os pleitos anteriores apenas haviam mantido o “patrimônio nacional. (MONTEIRO, 2008, p.69) A lei nº 1.181 de 25 de fevereiro de 1904 e o decreto 5.188 de 07 de abril do mesmo ano criou os três departamentos: Alto Acre, Alto Purus e Alto Juruá. Mas em 1912 o Alto Juruá foi desmembrado para formar o Alto Tarauacá. O Peru também reivindicava o Acre, porém não conseguiu estabelecer seu controle na região, sendo expulsos pela própria população e posteriormente em nova tentativa pelo exército brasileiro. Em 1909 o Barão do Rio Branco estabeleceu com governo do Peru um acordo acertando os limites entre os dois países. De 1904 a 1920 o Acre era coordenado pelo Governo Federal, os prefeitos nessa época eram escolhidos pela Federação. Em função do grande comércio em torno da extração da borracha o Acre teve a sua população aumentada em um curto espaço de tempo. Mas a população não estava contente com essa formação e reivindicava que o Território se tornasse Estado, então surgiu em 1910 a primeira revolta chamada “Revolta do Alto Juruá”, depois em 1913 novos conflitos, e por fim já em 1918 a “Revolta dos Autonomistas” em Sena Madureira, mas os revoltosos foram vencidos pelas forças federais. Em 1920 foi unificado as quatro prefeituras departamentais, e a população se sentiu beneficiada pela reforma, ficando Rio Branco como a capital do Território. No entanto vários movimentos ainda reivindicam a elevação, porém somente em 15 de junho de 1962 o Acre através da lei 4.070 de autoria do então deputado Guiomar Santos se tornou Estado da federação. Art. 1.º O Território à o Acre, com seus atuais limites é erigido em Estado do Acre. (LEI. 4.070 de 15 de junho de 1962) Naquele ano, o presidente João Goulart sancionou a devida lei que transformava o Território do Acre em Estado. Atualmente o Acre faz divisa com Amazonas, Rondônia, Bolívia e Peru. 11 O Estado está situado num planalto com altitude média de 200 m, localizado no sudoeste da Região Norte, entre as latitudes de -7°06´56 N e longitude - 73º 48' 05"N, latitude de - 11º 08' 41"S e longitude - 68º 42' 59"S. Os limites do Estado são formados por fronteiras internacionais com Peru (O) e Bolívia (S) e por divisas estaduais com os estados do Amazonas (N) e Rondônia (L). As cidades mais populosas são: Rio Branco, Cruzeiro do Sul, Feijó, Tarauacá e Sena Madureira. (PORTAL DO ESTADO DO ACRE, 2020) Em relação as figuras conhecidas que contribuíram para a elevação do território a estado, foi dado as cidades do Acre seus nomes, entre elas está Rio Branco, Plácido de Castro e Assis Brasil, como sinal de reconhecimento e homenagem aos mesmos. CAPÍTULO 2 – O apogeu e o declínio do Estado Acreano: Ciclo da Borracha. Com a expansão da indústria automobilística, a demanda por matéria prima aumentou, principalmente no que se refere ao consumo de borracha para a confecção de pneus. Na época o principal mercado consumidor era os Estados Unidos, sendo que nessa época o Brasil se tornaria o maior produtor de borracha, devido as seringueiras serem árvores nativas em alguns estados como: Amazonas, Pará e Acre. O auge do ciclo da borracha oriunda das terras brasileiras ocorreu entre o ano 1878 a 1912. Em 1878 chegou ao Acre (ou melhor, na região que em 1903 se tornaria o Território Federal do Acre) o colonizador João Gabriel Carvalho e Mello, que se fixou nas terras já chamadas de Boca do Acre, onde passou a produzir borracha, acompanhado em seguida por outros seringalistas. (PONTES, 2014, p. 01) A borracha era tão importante para a economia brasileira a ponto de despertar interesse do governo brasileiro para integrar o Acre ao território nacional. Naquele momento a mesma respondia por uma grande parte do Produto Interno Bruto, revelando uma importante fonte de riqueza para o país. [...]a primeira grande participação daborracha na história do Brasil aconteceu no final do século XIX e no início do século XX, na Amazônia, quando a exploração deste vegetal proporcionou a atração de estrangeiros em busca de riquezas e a expansão da colonização, transformando sociedades e culturas e impulsionando o crescimento de importantes cidades como 12 Manaus, Belém e Porto Velho, além da compra e depois criação do Estado do Acre. (BUENO, 2012, p.11) Tanto o Brasil quanto a Bolívia tinham amplo interesse em exportar borracha, considerando os altos lucros que ela proporcionava. Para se ter ideia a borracha era tão lucrativa que Manaus foi a segunda cidade brasileira a ter energia elétrica, depois do Rio de Janeiro. Na era da borracha Belém e Manaus gozavam de muito luxo e esbanjavam riquezas, considerando que a maioria dos seringalistas tinham residências nessas cidades. Nessa época foram construídos palacetes, teatros, mercados, ruas totalmente pavimentadas e iluminadas, dentre outras construções que duram até os dias de hoje. Nesse período os seringais estavam em pleno vapor, havia um intenso comércio de venda e compra de borracha. A borracha era trocada pelos seringueiros por produtos industrializados, vestimentas, calçados etc., com os seringalistas, e estes por sua vez revendiam o látex a vários países do mundo como os Estados Unidos e o Reino Unido, chegando inclusive a receber em libras esterlinas pela matéria prima. Os rios foram essenciais para esse processo, considerando que na época eram o único meio de escoar a produção acreana, inclusive a casas de aviação eram construídas a beira rio, o que facilitava o contato com quem vinha pelo rio e com quem estava nos seringais. Da seringa surgiu o seringal, espaço físico apropriado por um proprietário em condições de recrutar trabalhadores e de abrir e explorar as matas. Do seringal surgiu o seringueiro, que, a princípio, designava o extrator do látex e o proprietário das árvores. Só mais tarde é que houve a diferenciação entre os dois, surgindo o termo seringalista para o “dono das matas” de seringa. (MORAIS, 2016, p. 30) Os primeiros trabalhadores na extração da borracha foram os índios, que mais tarde foram sendo substituídos na grande maioria por nordestinos. De acordo com Conselho Indigenista Missionário (2012, p.08) a força de trabalho mobilizada pela empresa extrativista se compôs de migrantes do Nordeste e indígenas sobreviventes do genocídio praticado durante a conquista. Entre os principais motivos para a vinda dessas pessoas para o Acre se deve a seca que assolava o nordeste naquela época, o preconceito que eles sofriam por serem nordestinos, a propaganda que era feita em relação a Amazônia como terra do ouro branco. “Pontes (2014) demonstra que a importância da borracha para a 13 economia do Brasil foi expressiva, já que no final do século XIX a borracha era responsável por 25,7% dos valores das exportações brasileiras, ficando em segundo luar, sendo somente superada pelas exportações de café (52,7%).” Nessa época o fluxo econômico na região era tão grande que cidades brasileiras viveram um período de franca expansão, gozavam de serviços telefonia, avenidas e ruas asfaltadas, linhas de bondes, entre outras bem feitorias que somente os grandes centros possuíam. A riqueza promovida pela borracha permitiu que essas cidades participassem do espírito eufórico da Belle Époque. A Belle Époque (bela época) refere-se ao triunfo burguês no momento em que se notava grande desenvolvimento material e tecnológico. O comércio expandia-se pelo mundo e integrava-se com regiões de vários pontos do planeta. (PONTES, 2014, p.13) O declínio do ciclo da borracha iniciou após a entrada da Ásia na produção da matéria prima, que fizeram com que as exportações brasileiras despencassem, e minguasse a produção nacional. A década de 1910 foi marcada pela produção da borracha no Oriente, sobretudo, a borracha inglesa produzida na Malásia, onde timidamente produziu 3 toneladas em 1900, contra mais de 26 mil toneladas produzida na Amazônia brasileira, passou a produzir em 1913, 47 mil toneladas contra 38 mil toneladas de borracha brasileira, sendo esse o ano que marca a quebra do monopólio brasileiro na exportação da borracha em detrimento da produção internacional. (PONTES,2014, p. 02) No continente asiático foram cultivadas as sementes contrabandeadas do território brasileiro, principalmente na Malásia. A principal causa do declínio da produção da borracha brasileira foram: o cultivo racional da borracha na Ásia, o que diminuía consideravelmente os custos produtivos. Em conjunto com o baixo custo da produção asiática estava a passividade e a falta de incentivo e iniciativa do governo brasileiro para o fortalecimento da cadeia produtiva do látex. “Pontes (2014) confirma que [...] a participação (ou a falta dela) dos governantes que não incentivaram a criação de projetos administrativos que visassem um desenvolvimento sustentado da atividade de extração do látex ou de qualquer outra atividade na região.” Em 1913 o Brasil não tinha mais como competir com o mercado asiático, mesmo abaixando o preço de seu produto não alcançaram êxito. Nesse momento muitos seringais foram abandonados e alguns seringueiros retornaram para seus estados de origem. Outros ficaram à mercê da própria sorte nas cidades acreanas. 14 Entre seringalistas, alguns se estabeleceram a partir de outas atividades, enquanto outros colocaram fim a própria vida. Em 1942 houve um pequeno apogeu novamente da produção da borracha. Com a Segunda Guerra Mundial as forças japonesas dominaram a Malásia diminuindo significativamente a produção do látex naquele país. Esse fato fez com que reascendesse no governo brasileiro o sonho de voltar a ter o monopólio do comércio da borracha. Com intuito de fornecer borracha para os EUA, e resolver o problema da seca que castigava o nordeste, o Governo brasileiro então convocou em forma de alistamento homens para reativarem os seringais a anos abandonados. O governo brasileiro, então, decidiu que a melhor forma de fornecer mão-de- obra barata para os seringalistas poderem produzir mais borracha em menos tempo na região amazônica era direcionar para lá a migração de nordestinos – exatamente como havia ocorrido no final do século XIX. A seca de 1942, não tão intensa quanto à ocorrida entre 1897-99, em tese tornava a tarefa de convencimento menos árdua. (BUENO, 2012, p.100 a 101) No entanto chegando aos seringais, “os soldados da borracha” perceberam que a realidade era bem diferente do aquela divulgada pelo governo, ali encontraram doenças, animais selvagens e peçonhentos, dívidas infinitas, e decepção diante da imensidão verde. Com o final da Segunda Guerra Mundial ficou confirmado o fracasso do projeto que levou milhares de nordestinos (cerca de 50 mil) para Amazônia, especialmente o Acre. O Brasil perdera novamente a participação efetiva no comércio externo da borracha. Após o fim dos Acordos de Washington a produção dos seringais malasianos foi retomada. Como os EUA deixaram de comprar a produção de borracha do Brasil e o mercado interno só tinha condições de comprar 50% do total produzido, o bom gumífero entrou em um novo colapso, representando a crise do Segundo Ciclo da Borracha. (PONTES, 2015, p.11) Naquele momento os migrantes foram se estabelecendo (os que sobreviveram) de acordo com as condições existentes, sem apoio do Estado, ou quaisquer outras unidades de apoio que lhes pudessem asseguram algum direito ou assistência. A situação ficou difícil para os seringalistas e para os Soldados da Borracha. Os seringalistas mais uma vez diminuíram a produção até que não conseguiram mais pagar as dívidas e decretaram falência, chegando a vender seus seringais a preços bem abaixo do mercado para pecuaristas 15 vindos do sul na década de 1970.Situação trágicatambém foi para os “arigós”, que não conseguiram voltar para casa, sendo obrigados a ficarem nos seringais, que a cada ano diminuíam a produção, passaram a viver da agricultura, da coleta de produtos florestais e depois de expulsos dos antigos seringais a partir da década de 1970 foram mendigar nas cidades, realizando trabalhos domésticos e simples como vendedores ambulantes. (PONTES, 2015, p.11) Somente em 1988 que “os soldados da borracha” assim denominados, conseguiram perante a justiça o direito a receberem dois salários-mínimos. Segundo “Bueno (2012) [...] a partir da Constituição de 1988 que os sobreviventes obtiveram o direito de receber o benefício de dois salários-mínimos mensais.” A ação imperialista do Estado Nacional, a ganância de autoridades, e o sonho de trabalhadores em fazer riqueza subsidiaram a chamada ida para o “Inferno Verde”, que resultou na riqueza de poucos e na morte ou enfermidade de muitos. Os que conseguiram escapar das doenças, dos animais selvagens, dos índios e de outros perigos ofertados pela região ficaram abandonados, sem qualquer notícia de seus entes familiares. Diante do exposto fica evidente que as pessoas que migraram para a Amazônia foram norteadas por interesses velados dos poderes dominantes, que se utilizaram das mazelas de algumas regiões, para atender seus objetivos econômicos. Esse plano engenhoso custou a vida de milhares de pessoas, além da perca da convivência familiar, da saúde e até mesmo da dignidade humana. CAPÍTULO 3 – As questões do Acre Após o apogeu e o declínio da borracha, o Acre caiu no esquecimento por parte do governo federal. Em 1970 o estado tinha a maioria da sua população concentrada na zona rural e uma minoria na zona urbana. A atividade principal da economia acreana era o comércio mercantilista, herança do ciclo da borracha. No entanto com a chegada da frente pecuarista o cenário mudou, os seringueiros e indígenas reagiram contra essa nova empreitada do governo federal, porém não conseguiram impedir que os migrantes sulistas adentrassem as terras acreanas. 16 A ditadura reagiu e respondeu com a criação dos projetos de colonização com duplo objetivo: amenizar as tensões políticas geradas pelos conflitos sociais em torno da disputa pela terra na região e, ao mesmo tempo, dar segmento a “modernização conservadora” em nível nacional, via migração dirigida de camponeses pobres do Sul e Sudeste para a Amazônia. Com essa medida, o espaço agrário acreano passou a se reconfigurar também entre o campesinato, com a chegada de trabalhadores oriundos de outras trajetórias socioculturais e políticas. (Conselho Indigenista Missionário, 2012, p.9) Em 1980, os seringueiros contrários a essas ações e já organizados em sindicatos rejeitavam a maioria das ações da República. Na época Chico Mendes era presidente de um desses sindicatos, o mesmo defendia a criação da Reforma Agrária dos Seringueiros. De acordo com Conselho Indigenista Missionário (2012, p.9) com as RESEX pretendia-se uma transformação estrutural na lógica do uso dos bens naturais e apropriação do produto do trabalho. A ideia das Reservas extrativistas surgiu em 1985 como parte do movimento de resistência dos seringueiros acreanos a expropriação da terra e ao processo de devastação da floresta, constituindo uma “novidade” por ser resultante direta da luta política dos seringueiros acreanos que, têm a experiência de por mais de um século viverem da exploração dos produtos da floresta causando pouco ou quase nenhum dano ao ecossistema florestal. (BEZERRA, 2006, p.284) Importante se levar em conta que o conceito das RESEX começou a receber mais atenção após a morte de líderes sindicais, principalmente no exterior. Considerando que a preservação da Amazônia provoca a atenção de potências mundiais, principalmente os Estados Unidos. [...] os conflitos pela posse de terra frente ao confronto entre os “paulistas” e os seringueiros posseiros, os quais culminaram em atos de violência os mais diversos, gerando, inclusive, assassinatos de lideranças de movimentos dos sindical rural, que se organizou no contexto desses conflitos. (OLIVEIRA, 2016, p.252) Com o assassinato de Chico Mendes em 1988, a aproximação das ONGs nacionais e internacionais, a vinculação do sindicato dos seringueiros ao Partido dos Trabalhadores e a ascensão do Partido ao governo estadual estabeleceu no Acre o título de Estado Verde. Porém, sabese que o título ficou meramente teórico. Em poucos anos as áreas de terras particulares de grande extensão triplicaram, enquanto os pequenos sitiantes possuem cerca de 50 a 100 hectares. Segundo o dossiê do Conselho Indigenista 17 Missionário (2010, p.10) as duas atividades mais predatórias, pecuária extensiva de corte e exploração madeireira, triplicaram em apenas uma década. A implantação do “desenvolvimento sustentável” nestas terras 1) fez do estado uma espécie de semicolônia de grandes centros; 2) não freou a destruição ambiental; e 3) minou o domínio das populações locais sobre seus territórios, assegurando a exploração deste e de suas riquezas a empresários, sobretudo, às madeireiras vindas de fora. (CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO, 2012, p.33) Com isso aumentou se a concentração de renda e o agravamento da pobreza, fatores estes que alavancam outros problemas sociais como o tráfico e uso de drogas, a violência, a prostituição, entre outros problemas graves que assolam o Estado, e o governo finge não existir. Além de reprimir fortemente qualquer movimento que vai contra seus interesses. A Economia Verde significa a penetração de praticamente todos os níveis das nossas vidas pelo paradigma de dominação apontado por Adorno e Horkheimer. Enquanto a coerção de regimes totalitários é aparente, as estratégias hegemônicas do Capitalismo Verde, na superfície, ainda se apresentam como benevolentes e racionais e se tornam mais difíceis de enxergar. Estas estratégias se baseiam em complexas construções simbólicas, funcionam através de manipulação, corrupção de relações de solidariedade entre comunidades, estabelecimento de relações de dependência econômica e manifestam sua violência em lugares dispersos, ofuscando assim sua causa comum. (CONSELHO INDIGENISTA MISSIONÁRIO, 2012, p.15) A economia do Estado atual está alicerçada no funcionalismo público e na pecuária extensiva, além de atividades do comércio. No Acre há poucas indústrias e a agricultura é basicamente de subsistência. É evidente que nesses vintes anos de hegemonia petista em comparação aos primórdios de sua formação, o Acre continua sob a dominação de grupos minoritários, que por traz de um discurso de amor ao Estado, de prosperidade, e de preservação de suas florestas, retiram seus recursos de forma legalizada com o objetivo de atender seus próprios interesses. Segundo “Bezerra (2006), atualmente as políticas do governo estadual se “movem” entre as teses neo-extrativismo e as dos economicistas, que gozam de maior aceitação e são conceituados por Elder Paula de “mercadores da natureza”. 18 Em 2018 com a perca da eleição estadual e federal os problemas se agravaram ainda mais, considerando que no processo de transição o atual governo tem como objetivo passar para o governador eleito com um déficit menor. No entanto sabe se que para isso, os cortes em cargos de confiança e contratos temporários estão sendo uma realidade. Depois de cento e dezesseis anos de sua incorporação ao território brasileiro e de cinquenta e seis anos de sua elevação a Estado, com uma população de 869.265 habitantes de acordo com IBGE, o Acre apresenta problemas que se assemelham a grandes cidades brasileiras, principalmente no tocante a segurança pública. Diante do exposto pode se concluir que o Acre se formou a partir do interesse econômico, isto é, da exploração da borracha, e nenhum momento se deu porinteresse patriótico. E até os dias de hoje, mesmo em menor potencial, ainda é administrado em favor de interesses minoritários. SEQUÊNCIA DIDÁTICA CRONOGRAMA DATAS AULAS DURAÇÃO CONTEÚDO 02/11/2020 1ª 50min Introdução sobre a formação histórica do Estado do Acre. 05/11/2020 2ª 50min Análise e debates sobre o território acreano. 09/11/2020 3ª 50min Visitar a biblioteca escolar como Trabalho Interdisciplinar e confecção de mural de fotos traçando um paralelo com a realidade atual, descrevendo as transformações que ocorreram em toda região. 19 Delimitação O presente trabalho será desenvolvido em uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental. Objetivos - Demonstrar aos alunos a importância da formação da região acreana; - Trabalhar de forma clara e objetiva de como o atual Estado do acre, que antes pertencia a Bolívia, tornou-se território brasileiro; - Criar um espaço de análise e discussão sobre o apogeu e o declínio da região, levando a conscientização de que as ações executadas mudaram o destino de toda uma região. Estratégias de ensino As estratégias utilizadas na sequência didática serão: - Leitura e interpretação de textos; - Debates; - Questionários; - Produção e apresentação de sinopses. Recursos - Livros, artigos e documentários; - Internet - Aparelho de DVD e filmes em DVD, - Computador com projetor; - Jornais, cartazes e revistas eletrônicas. Sugestão de Trabalho Interdisciplinar A visitação a biblioteca escolar através de uma proposta conjunta com os professores de Geografia e História. Os alunos formarão grupos e realizarão, após pesquisa na biblioteca, a confecção e montagem de murais de fotos da época da criação do estado, fazendo um paralelo com a realidade atual, identificando aspectos de transformação e as chegadas de imigrantes. Os grupos apresentarão os murais confeccionados que depois serão expostos na escola. 20 Avaliações As avaliações serão feitas da seguinte forma: - Participação – 2 pontos - Trabalho interdisciplinar – 5 pontos - Atividades – 3 pontos Desenvolvimento 1ª aula Conceituação e apresentação do período da formação do território que hoje é chamado estado do Acre na região norte no ano de 1904, descrição de todo o processo que levou esse território pertencer ao Brasil; A economia da região estava ligada diretamente a extração da borracha, tendo como os índios os primeiros seringalistas; A chegada dos nordestinos na região. 2ª aula Inicialmente os alunos assistirão em sala de aula a uma sinopse sobre o quando o território deixou de pertencer a Bolívia. Após, os alunos serão divididos em grupos e serão distribuídos livros, artigos, documentários, bem como, disponibilizadas plataformas de pesquisa na internet sobre a formação de Acre para análise e debate de todos os alunos. Em seguida o professor irá levar os alunos a responderem questões referentes ao conteúdo exposto e analisado, propondo assim as seguintes questões para resolução: 1- Atualmente Acre possui apenas 22 municípios, por quê? 2- O que foi o Tratado de Petrópolis? 3- Como ficou conhecida a disputa pelo território do atual Acre entre Bolívia, Peru e Brasil? Explique. 4- Por quem era constituída a sociedade colonial do Vale do Guaporé? 5- Qual o produto que fez com que houve a migração dos nordestinos para o Acre? Assim, logo depois de respondidas as questões, os alunos irão confeccionar sínteses de todo o conhecimento exposto, visando a fixação de todo o conteúdo ministrado pelo professor. 21 3ª aula Nessa aula serão apresentados os trabalhos pelos grupos referentes a atividade interdisciplinar que propunha a visitação da biblioteca escolar no colégio de ensino médio, Rui Barbosa. Cada grupo apresentará seu trabalho que depois será afixado no mural da escola. Considerações finais O estudo enfocou a formação, o apogeu, o declínio e a contemporaneidade do Estado do Acre, demonstrando um contexto histórico dessa parte do território nacional. Na primeira parte o projeto de pesquisa buscou demonstrar uma linha dataria linear de acontecimentos que culminaram na inclusão e elevação do território a Estado Brasileiro. Trata se de demonstrar que as conquistas alcançadas são resultantes de muitas lutas que custaram a vida de muitas pessoas, e por isso não devem se perder no esquecimento ou pior ainda ficarem desconhecidas perante a nação. No segundo momento a pesquisa apontou o apogeu e o declínio do ciclo da borracha. Onde os Estados do Amazonas, Pará, Rio de Janeiro tiveram uma franca expansão estrutural, econômica, social, e em menor proporção o Acre. Na terceira dimensão o estudo enfocou as questões que envolvem o Acre na atualidade, principalmente no que diz respeito às questões políticas por terem uma interferência direta na vida população e consequentemente na construção histórica do Estado. Por fim, foi apresentado informações e conceitos de autores que tratam sobre o tema e que demonstram que essa “A história do Acre” está sendo discutida por diferentes pensadores, que demonstram interesse sobre a verdadeira história desse ente da federação. Dessa forma a pesquisa demonstrou que muitos embates se deram no processo histórico do mais novo estado brasileiro, e que a sua histórica continua a ser construída, porém interesses de minorias ainda prevalecem sobre as necessidades da maioria da população. Assim a pesquisa contribuiu para que a história desse 22 Estado que lutou tanto para ser brasileiro, e que teve muitas vidas ceifadas nesse processo seja reconhecido, aceito e valorizado pelo demais brasileiros. 23 Referências: BÔAS, L. P.S.V. Uma abordagem da historicidade das representações social.2010. BEZERRA, Maria José. Invenções do Acre: de Território a Estado- um olhar social. 2006. BUENO, Ricardo: Borracha na Amazônia: As cicatrizes de um ciclo fugaz e o início da industrialização. Novembro/2012. CONSELHO INDIGENISTA MISSIOÁRIO: Dossiê Acre: Documento especial para a cúpula dos povos. Rio de Janeiro, 2012. JODELET, D. Loucuras e representações sociais. Petrópolis: Vozes, 2005. MONTEIRO, Antônio Tavares. O processo de anexação do Acre ao Brasil sob a ótica do direito dos tratados e do paradigma do realismo político das relações internacionais. 2008. PONTES, Carlos José de Farias. O primeiro ciclo da borracha no Acre: da formação dos seringais ao grande colapso. 2014. PONTES, Carlos José de Farias. A guerra no inferno verde: segundo ciclo da borracha, o front da Amazônia e os soldados da borracha. 2015. MORAIS, Maria de Jesus. Acreanidade: Invenção e Reinvenção da Identidade Acreana. Rio Branco, 2016. PLANALTO. LEI Nº 4.070 DE 15 DE JUNHO DE 1962. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L4070.htm, acesso em: 25/08/2020. PORTAL DO GOVERNO DO ACRE. Portal de Informações do Governo do Acre. Disponível em: http://www.ac.gov.br/wps/portal/acre/Acre/estado-acre/turismo, acesso em: 27/08/2020. CONTINET. O ACRE EM UM SÓ LUGAR. Disponível em: https://contilnetnoticias.com.br/2018/08/memoria-e-cultura-precisam-se-conectar-as- novas-geracoes-diz-historiador-sobre-revolucao-acreana/, acesso em 09/11/2020. BIBLIOTECA DIGITAL. LUSO – BRASILEIRA. Disponível em: https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/20.500.12156.3/43636, aceso em: 09/11/2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1950-1969/L4070.htm http://www.ac.gov.br/wps/portal/acre/Acre/estado-acre/turismo https://contilnetnoticias.com.br/2018/08/memoria-e-cultura-precisam-se-conectar-as-novas-geracoes-diz-historiador-sobre-revolucao-acreana/ https://contilnetnoticias.com.br/2018/08/memoria-e-cultura-precisam-se-conectar-as-novas-geracoes-diz-historiador-sobre-revolucao-acreana/https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/20.500.12156.3/43636 24 Anexo Figura 1- Acordo entre Bolívia e Estados Unidos da América Figura 2 – Carta geográfica do Acre por Plácido de Castro em 1907. Castro, Plácido de, 1873 - 1908 Fonte: Continet - O Acre em um só lugar