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I N S T R U Ç Õ E S P R O V A FUNDAÇÃO CARLOS CHAGAS Junho/2004 PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO Secretaria Municipal de Educação - SME Concurso Público para Provimento de Cargos Vagos de Professor Adjunto de Ensino Fundamental II História Conhecimentos Específicos - Verifique se este caderno : - corresponde a sua opção de cargo. - contém 40 questões numeradas de 01 a 40. Caso contrário, reclame ao fiscal da sala um outro caderno. Não serão aceitas reclamações posteriores. - Para cada questão existe apenas UMA resposta certa. - Você deve ler cuidadosamente cada uma das questões e escolher a resposta certa. - Essa resposta deve ser marcada na FOLHA DE RESPOSTAS que você recebeu. VOCÊ DEVE: - procurar, na FOLHA DE RESPOSTAS, o número da questão que você está respondendo. - verificar no caderno de prova qual a letra (A,B,C,D,E) da resposta que você escolheu. - marcar essa letra na FOLHA DE RESPOSTAS, fazendo um traço bem forte no quadrinho que aparece abaixo dessa letra. - Marque as respostas primeiro a lápis e depois cubra com caneta esferográfica de tinta preta. - Marque apenas uma letra para cada questão, mais de uma letra assinalada implicará anulação dessa questão. - Responda a todas as questões. - Não será permitida qualquer espécie de consulta. - Você terá 2 horas para responder a todas as questões objetivas e preencher a Folha de Respostas. - Devolva este caderno de prova ao aplicador, juntamente com sua Folha de Respostas. - Proibida a divulgação ou impressão parcial ou total da presente prova. Direitos Reservados. ATENÇÃO ____________________________________________________ Prova Cargo E05, Tipo 1 0000000000000000 00001−001−001 Nº de Inscrição MODELO www.pciconcursos.com.br 07/06/04 - 17:28 2 PMSPPA-História-CE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS 1. Segundo Perry Anderson, na Antigüidade clássica a es- cravidão era o vínculo que unia cidade e campo, para o desmedido benefício da polis, pois ela (A) nunca foi um tipo predominante de apropriação de excedentes de produção rural no mundo greco- romano, mas promoveu o comércio interlocal de produtos agrícolas e artesanais de um extremo a outro do Mar Mediterrâneo. (B) tanto estabeleceu uma economia voltada para o mercado interurbano no Mediterrâneo, quanto favo- receu a implantação de uma economia de escravos na manufatura que permitiu o florescimento da civilização urbana grega. (C)) tanto mantinha a agricultura cativa que permitia o dramático distanciamento de uma classe dominante urbana de suas origens rurais, quanto promovia o comércio interurbano que era complemento desta agricultura no Mediterrâneo. (D) tanto incentivava os escravos a executar atividades agrícolas nas propriedades rurais, quanto favorecia os cativos a fazer tarefas econômicas relacionadas a um pequeno comércio nas cidades da orla do Mediterrâneo. (E) sempre representou uma categoria muito baixa de dependência e falta de liberdade que se estendia acima da escala social, mas transformou-se num sistema auxiliar de produção para as grandes cidades do Mar Mediterrâneo. _________________________________________________________ 2. (...) o estabelecimento da cristandade como a Igreja oficial do Império doravante iria adicionar uma enorme burocracia clerical ao já sinistro peso do aparato secular de Estado (...). A expansão do Estado, por outro lado, foi seguida por um retraimento da economia. As perdas demográficas do século III não se recuperaram outra vez: embora o declínio estatístico da população não possa ser calculado, o abandono continuado de terras já cultivadas é evidência inequívoca da tendência da queda generalizada (...) (...) enquanto as cidades estagnavam ou minguavam, era na economia rural que aconteciam mudanças de longo alcance, pressagiando a transição a outro modo de produção. Os inexoráveis limites ao modo de produção escravo, uma vez que as fronteiras imperiais não avançavam, haviam sido indicados: foram eles que precederam e estavam por baixo do desarranjo político e econômico do século III (...). Ao mesmo tempo, aldeias de pequenas proprietários agrícolas e de rendeiros livres (...) caíram sob o “patrocínio” de grandes proprietários agrícolas em busca de proteção contra as arrecadações fiscais e o recrutamento pelo Estado, e vieram a ocupar posições econômicas em muito semelhantes às do ex- escravos. (Perry Anderson. Passagens da antigüidade ao Feuda- lismo. Trad. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 88 a 90) Com base na análise dos fenômenos descritos no texto pode-se afirmar que (A) para o autor o militarismo predatório da República Romana era seu principal mecanismo de enfraque- cimento e pobreza: a guerra trazia as terras, tributos e escravos; os escravos, os tributos e as terras forneciam o aparato para a guerra. (B) o advento do feudalismo como modo de produção organizado inaugurou no Império do Ocidente – como ocorreu na civilização helênica – a fase clássica que distinguia a civilização romana, o apogeu de seu poder e de sua cultura. (C) as estruturas da política romana na época fornece as razões de o interior do império torna-se ponti- lhado de vastos domínios nobres, enquanto as cidades, inversamente, tornavam-se povoadas por massa proletarizada, desprovida de terras ou de qualquer outra propriedade. (D)) as fraquezas internas fornecem explicação estrutural das razões por que o Império do Ocidente sucumbiu às invasões que o atravessaram no século V, en- quanto no Oriente, o império – contra o qual os ataques haviam sido muito mais perigosos – esca- pava e sobrevivia. (E) a constituição romana não era simplesmente oligár- quica na forma: era muito mais profundamente aristocrática no conteúdo, pois atrás dela configura- se uma estratificação econômica da sociedade romana de ordem bastante diversa, tornando pos- sível a ampliação da cidadania. _________________________________________________________ 3. Em Passagens da antigüidade ao feudalismo, Perry Anderson afirma que (A)) o modo de produção feudal foi o primeiro a permitir à produção dos bens de consumo urbano um desen- volvimento autônomo em uma economia agrária natural. (B) no feudalismo as cidades estavam subordinadas ao governo de nobres proprietários que nelas viviam e delas sobreviviam. (C) a história medieval é a história das cidades, mas de cidades baseadas na propriedade senhorial e na agricultura. (D) o feudalismo foi o único sistema a segregar toda atividade comercial nos aglomerados provinciais controlados pela nobreza rural. (E) no período feudal a cidade era encarada simples- mente como um acampamento militar da nobreza, sobreposta à estrutura comercial. MODELO − Prova Cargo E05, Tipo 1 www.pciconcursos.com.br 07/06/04 - 17:29 PMSPPA-História-CE 3 4. Não era possível explorar a colônia sem, de certo modo, desenvolvê-la; ainda que esse “desenvolvimento” se fizesse nas linhas de uma economia dependente, não podia deixar de envolver um aumento necessário da população na colônia, e uma complexidade crescente da sociedade colonial – o que começava a abrir a possibi- lidade de pouco a pouco se manifestar oposição de interesses entre os colonos e a metrópole. (Fernando A. Novais. Portugal e Brasil na crise do antigo sis- tema colonial −−−− 1777-1808. São Paulo: Hucitec, 1981. p. 142) O autor utiliza-se de concepções teóricas relacionadas (A) ao marxismo, pois considera o aumento da popula- ção o fator determinante do crescimento da econo- mia colonial e da exploração dos colonos. (B)) ao marxismo, pois defende a idéia de que as con- tradições internas do processo de colonização en- gendraram os fatores que desencadeariam a liber- tação da colônia. (C) ao positivismo, pois desenvolve uma análise centra- da na idéia de que a exploração metropolitana foi benéfica ao desenvolvimento material da colônia. (D) ao positivismo, pois critica a idéia de que a oposição de interesses entre colonos e a metrópole foi o elemento fundamental para o desenvolvimento da colônia. (E) à História Nova, pois parte do pressuposto de queo aumento da densidade demográfica determinou, em última análise, o processo de libertação da colônia._________________________________________________________ 5. Na concepção do historiador Fernando A. Novais, em Portugal e Brasil na crise do antigo sistema colonial, a formação social do Brasil colonial tinha intrínsecas relações com o regime de trabalho compulsório imposto pelo colonizador. Para ele, essa formação social fazia parte de um modo de produção que se organizava (A) com o objetivo de estimular a produção manufatu- reira nas colônias e elevar a arrecadação de impostos nas mãos da nobreza real metropolitana. (B) com a finalidade de realizar a apropriação de gran- des extensões de terras voltadas quase que exclu- sivamente para a economia de subsistência. (C) no intuito de proporcionar as bases para o estabe- lecimento de colônias de povoamento europeu, visando o escoamento do excedente populacional. (D) visando desenvolver a industrialização de bens de consumo duráveis e alimentícios, suprindo, dessa forma, o mercado consumidor europeu. (E)) no sentido de promover a primitiva acumulação capitalista e estimular o progresso burguês nos quadros da sociedade ocidental._________________________________________________________ 6. Fernando A. Novais afirma que ocorreram no Brasil colo- nial, no século XVIII, pelos menos dois momentos de tomada de consciência da situação colonial, projetando-se a mudança e intentando-se a tomada do poder. Para o autor, nesses momentos ocorreram (A) a vinda da família real portuguesa e a abertura dos portos. (B) a Revolução Pernambucana e a Confederação do Equador. (C)) a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. (D) a crise do sistema colonial e o fim do tráfico de escravos. (E) os acordos comerciais ingleses e a Constituição de 1824. Atenção: Considere o texto para responder as questões de números 7 e 8. Então os filhos de Urizen deixaram o arado e o ancinho, o tear, O martelo e o cinzel, a régua e o compasso... E todas as artes da vida foram trocadas pelas da morte. A ampulheta foi condenada porque sua arte Era semelhante à habilidade do lavrador e da roda d’água Que levava água às cisternas, hoje quebradas e quei- madas Porque sua arte era similar à dos pastores E, em seu lugar surgiram rodas complicadas, roda sem roda, Para confundir os jovens em formação e para submeter ao trabalho, Dia e noite, as miríades por toda a Eternidade, que devem limar E polir o bronze e o ferro, hora após hora, num acabamento laborioso, Deixando-as na ignorância do sábio uso que poderiam dar a seus dias Envolvidas em tarefas tristes e enfadonhas por uma mísera pitança de pão, Imersas numa ignorância que as leva a tomar a parte pelo todo, E chamar a isso demonstração, cegas a todas as regras simples da vida. (Texto de um artesão inglês. In: E.P. Thompson. A Forma- ção da classe operária inglesa. Trad. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987. v.2, p 346) 7. O depoimento do artesão inglês I. expressa, por meio de sua experiência pessoal, um sentimento de satisfação pelo fim da coesão comunitária que existia no interior da Inglaterra antes do século XVIII. II. deixa claro a sua crítica ao sistema industrial doméstico ou familiar que vigorou em quase todas regiões da Inglaterra até o século XVII. III. revela sua indignação total com as péssimas condições de vida e de trabalho advindas do sistema manufatureiro inglês do século XVII. IV. expressa o processo de deterioração das condições de vida e de trabalho engendradas pelo sistema fabril inglês no fim do século XVIII e início do século XIX. É correto o que se afirma APENAS em (A) I e II. (B) II e IV. (C) I e III. (D) III. (E)) IV. Prova Cargo E05, Tipo 1 − MODELO www.pciconcursos.com.br 07/06/04 - 17:29 4 PMSPPA-História-CE 8. Ao analisar o texto do depoimento do artesão com seus alunos, o professor de história, que tendo assimilado as novas diretrizes curriculares nacionais, deve enfatizar que: I. o texto deve ser analisado dentro de um contexto espacial e temporal, tendo intrínsecas relações com a história e com outros componentes curriculares. II. ele pressupõe que os alunos dominem o vocabu- lário do texto, já que essa competência é de res- ponsabilidade de especialista de outro componente curricular. III. o tema tratado no texto é importante como ilustra- ção do saber histórico, porém, difícil de ser inter- pretado pelos alunos, por estar distante do seu imaginário. IV. o texto tem importância para história local, mas pouca importância para a história geral, por tratar- se de um relato sob a ótica individual de um simples artesão. É correto o que se afirma APENAS em (A)) I. (B) II. (C) III. (D) IV. (E) III e IV. _________________________________________________________ 9. Considere a frase. A máquina libertou o capital da opressão do trabalho. (Buret, De la Misère, 1840. In: Michelle Perrot. Os Excluí- dos da História. Trad. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1988. p. 23) Identifique as afirmações que estão em consonância com a idéia contida na frase. I. A perfeição do trabalho que se obtém com a nova máquina será um estímulo a se fazer melhor e o operário finalmente entenderá que, quando as má- quinas substituem em todos os sentidos o trabalho do homem, produz melhor e mais barato do que ele. II. O surgimento da máquina a vapor libertou os “ope- rários de ofícios” de suas péssimas condições de trabalho, fato que, ao elevar sua auto-estima, esti- mulou sua promoção a postos de engenharia mecâ- nica, e, portanto, de sua valorização profissional. III. O que está em jogo não é apenas o emprego e sim o controle: controle das matérias primas, controle dos produtos em qualidade e quantidade, controle dos ritmos e dos homens. IV. Os operários adquiriram maior liberdade com o advento da máquina, quando puderam, inclusive, dispor do tempo indispensável para intensificar sua organização sindical e a formação de partidos dos trabalhadores. É correto o que se afirma APENAS em (A) I e II. (B)) I e III. (C) II e III. (D) II e IV. (E) III e IV. 10. [Na Inglaterra] o fato relevante do período entre 1790 e 1830 é a formação da “classe operária”. Isso é revelado, em primeiro lugar, no crescimento da consciência de classe: a consciência de identidade de interesses entre todos esses diversos grupos de trabalhadores, contra os interesses de outras classes. E, em segundo lugar, no crescimento das formas correspondentes de organização política e industrial. (...) O fazer-se da classe operária é um fato tanto da história política e cultural quanto da econômica. Ela não foi gerada espontaneamente pelo sistema fabril. Nem devemos imaginar alguma força exterior – a “revolução industrial” – atuando sobre algum material bruto, indiferenciado e indefinível de humanidade, transformando-o em seu outro extremo, uma “vigorosa raça de seres”. (E.P. Thompson. A Formação da classe operária inglesa. Trad. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987. v.2, pp. 17-18) A partir das argumentações presentes no texto, pode-se dizer que o autor defende a idéia de que (A) o sistema fabril teve o seu desenvolvimento ligado aos interesses da classe operária. (B) a revolução industrial engendrou e moldou a forma- ção da classe operária. (C) as condições materiais determinaram o surgimento da classe operária. (D)) a classe operária formou-se a si própria tanto quanto foi formada. (E) a consciência da classe operária foi uma dádiva da “vigorosa raça de seres”. _________________________________________________________ 11. Michelle Perrot, em Os Excluídos da História, ao analisar o movimento ludita (luddismo) na França, do século XIX, conclui que as mulheres trabalhadoras (A)) se insurgiram por si mesmas contra a máquina des- truidora de um modo de produção doméstico a que estavam particularmente apegadas. (B) foram cúmplices dos patrões na adoção da maqui- naria de alto padrão, pois elas viam nesta medida a diminuição de suas tarefas mais árduas. (C) tornaram-se aliadas dos patrões ao impedirem que os operáriosdestruíssem as máquinas modernas, que ofereciam a elas oportunidades de ascensão profissional. (D) criticavam esse movimento porque, ao quebrarem e queimarem as máquinas, os trabalhadores provoca- vam aumento do desemprego. (E) se revoltaram contra seus maridos, pois estes des- truíam as máquinas e, dessa forma, minavam as possibilidades de estabilidade no emprego. MODELO − Prova Cargo E05, Tipo 1 www.pciconcursos.com.br 07/06/04 - 17:29 PMSPPA-História-CE 5 12. O filme Carlota Joaquina mostra uma versão sobre o contexto histórico que culminou com a independência do Brasil. Nesse contexto, o filme destaca (A) o papel de D. João VI como um rei estrategista e democrático, cuja liderança política levou-o à condu- ção do processo de independência do Brasil de forma pacífica e harmoniosa. (B) o papel da esposa de D. João VI pela sua feminili- dade e lealdade ao marido e aos súditos, e cuja determinação política acabou influenciando seu filho Pedro a conduzir, sem oposições, a independência do Brasil. (C)) a participação dos ingleses nas decisões que culmi- naram com a fuga da família real portuguesa para o Brasil, assim como de seu interesse no processo de independência do Brasil. (D) o papel que Napoleão Bonaparte, rei da França, teve no processo de independência do Brasil, haja vista os acordos comerciais entre franceses e D. João VI para garantir a importação/exportação de açúcar e café. (E) a participação decisiva dos franceses no processo de independência do Brasil, uma vez que a França arquitetou a invasão de Portugal com o objetivo de tornar-se metrópole da colônia portuguesa. _________________________________________________________ 13. Ao trabalhar em sala de aula o filme Carlota Joaquina – a princesa do Brasil, dirigido por Carla Camurati, o professor deve explicitar aos seus alunos que (A) o filme, por ser uma ficção, pode ser utilizado como um recurso audiovisual para ilustrar as aulas sobre a independência do Brasil, mas que as imagens, distorcem a verdade dos fatos históricos. (B)) a diretora do filme, mesmo produzindo uma comé- dia, acabou revelando aspectos significativos da história política do Brasil, adotando inclusive uma versão desvinculada da necessidade de criar heróis. (C) a diretora do filme, ao enfatizar o papel da esposa de Dom João VI, chamando-a inclusive de princesa do Brasil, camuflou os verdadeiros fatos históricos relacionados às razões da fuga da família real. (D) o filme pode ser utilizado como uma fonte de conhe- cimentos históricos mais apropriada para alunos do ensino fundamental do que o livro didático, já que a diretora do filme analisa a história com mais imparcialidade do que os autores de livros. (E) o filme revela exclusivamente o ponto de vista da diretora sobre fatos da história do Brasil, sendo pouco valorizados pelos historiadores em razão da exaltação que ela faz do governo de Dom João VI, visto como um herói nacional. 14. Conforme Alfredo Bosi, em Dialética da colonização, nos últimos decênios do Império no Brasil, as tendências pro- gressistas circulam pelo Partido Liberal e pelo Republi- cano, mas não coincidem perfeitamente nem com um nem com outro. Houve resistências conservadoras, e até escravistas, em ambos os grêmios. Para esse autor, a história desse novo liberalismo, pode ser apreendida na relação que se faz entre a (A) ideologia intra-oligárquica, visível desde os anos 20, e o entrosamento do país em uma rígida divisão internacional de produção já nos anos de 1825. (B) nova doutrina liberal, manifesta desde os anos 40, e o processo político de interferência estatal que garantia os lucros da classe exportadora nos anos de 1830. (C) doutrina neoconservadora, visível desde os anos 30, e o liberalismo moderno e reformista que implantou o trabalho livre já nos anos de 1880. (D) nova ideologia ultraliberal, presente nos anos 50, e o crescimento de atividades industriais que os movi- mentos abolicionista propiciou já nos anos de 1870. (E)) nova corrente ideológica, visível desde os anos 60, e o dinamismo econômico e social que a extinção do tráfico instaurou no país já nos anos de 1850. _________________________________________________________ 15. Certamente o período foi marcado por importantes expor- tações de capital pela Europa, exportação que teve um papel significativo no desenvolvimento das relações da Europa com o resto do mundo, mas a explicação não parece ser completa no caso da partilha da África. Com efeito, muito capital foi exportado para a África meridional, mas em seu conjunto o continente africano foi o que menos investimentos estrangeiros recebeu até a Primeira Guerra Mundial. Além disso, a formação de grandes grupos capitalistas e a concentração dos interesses bancários só ocorreram depois da partilha concluída. (J.M. MacKenzie. A Partilha da África 1880-1900. Trad. São Paulo: Ática, 1994, p. 46) Segundo o autor os historiadores elaboraram e debateram muitas teorias diferentes para explicar os acontecimentos das décadas de 1880 e 1890. Essas explicações são divididas em metropolitanas e periféricas. Quanto as inter- pretações metropolitanas o texto identifica uma crítica à explicação (A)) do imperialismo capitalista. (B) da estratégia egitocêntrica. (C) da tecnologia imperialista. (D) do nacionalismo estatal. (E) da crise periférica. Prova Cargo E05, Tipo 1 − MODELO www.pciconcursos.com.br 07/06/04 - 17:29 6 PMSPPA-História-CE 16. No século XIX, alguns fatores passaram a influenciar o modo como os europeus abordavam os países da África setentrional. Dentre eles, segundo J. M. Mackenzie, pode ser destacado o que está afirmado em (A) os interesses coloniais dos países europeus de fazer com que os chefes locais atuassem como agentes no jogo imobiliário da expansão territorial. (B)) os países europeus passaram a alimentar a ambição de transformar sua área de influência no Mediter- râneo em esfera exclusivas de influência comercial e política. (C) a conferência de Berlim de 1884 reconheceu a es- fera de influência britânica na região e estabeleceu regras para a continuação da partilha do continente africano. (D) a divulgação de relatórios otimistas sobre o potencial econômico dessa região provocou o entusiasmo dos países europeus para o expansionismo e conquista do território. (E) a descoberta de minas de diamantes na Colônia do Cabo, provocando a ambição dos países europeus que passaram a disputar a conquista da região na década de 1870. _________________________________________________________ 17. Reflita sobre as ilustrações. (Ilustração de O Malho, 19/11/1904, In: José Murilo de Carvalho. Os Bestializados. São Paulo. Companhia das Letras. Ilustração 5) Considerando fatos relacionados à referida Revolta da Vacina, ocorrida na cidade do Rio de Janeiro, em 1904, pode-se afirmar que o autor da charge utilizou muita ironia para expressar seu ponto de vista de que (A) o Estado representa sempre a força capaz de captar o ideal político das classes menos favorecidas. (B) o Estado não pode levar em conta as atitudes provenientes do imaginário da população carente. (C) a sociedade civil não tem consciência da importância do papel do Estado no tocante à saúde. (D) o poder público conhece profundamente as possíveis reações das classes perigosas. (E)) o poder estatal adota determinadas medidas subestimando o imaginário da sociedade civil. 18. No início da República [no Brasil] nasceram ou se desen- volveram várias concepções de cidadania, nem sempre compatíveis entre si. Se a mudança de regime político despertava em vários setores da população a expectativa de expansão de direitos políticos, de redefinição de seu papel na sociedade política, razões ideológicas e as próprias condições sociais do país fizeram com que as expectativas se orientassem em direções distintas (...). (José Murilo de Carvalho. Os Bestializados. São Paulo. Companhia das Letras. p. 64) Identifique a afirmação que comprova a concepção histórica do autor sobre a conjuntura política em questão. (A)Os grupos políticos de tendência liberal foram alija- dos do poder político porque excluíram os traba- lhadores rurais e, sobretudo, os proletários do direito de participação política. (B) As organizações proletárias brasileiras de tendência socialista consideraram um avanço político, para os trabalhadores, a grande ampliação dos direitos políti- cos apresentados na Carta Constitucional Repu- blicana de 1891. (C) Os partidos políticos de tendência liberal consegui- ram uma ampla vitória nas eleições presidenciais com o apoio de todas as classes sociais devido à ampliação das bases do poder político. (D)) As organizações proletárias brasileiras, predominan- temente de tendência anarquista, negavam legiti- midade à ordem política, não admitindo, portanto, a idéia de cidadania, a não ser no sentido amplo de fraternidade universal. (E) Os operários brasileiros contribuíram para a conso- lidação do regime republicano haja vista a sua intensa participação na derrubada da Monarquia, o que lhes garantiu conquistas e novos direitos. _________________________________________________________ 19. Suponhamos que a Primeira Guerra Mundial tivesse sido apenas uma perturbação temporária, apesar de catas- trófica, numa economia e civilização fora isso estáveis. A economia teria então voltado a alguma coisa parecida ao normal após afastar os detritos da guerra e daí seguido em frente. Mais ou menos como o Japão sepultou os 300 mil mortos do terremoto de 1923, limpou as ruínas que deixaram 2 ou 3 milhões de desabrigados e reconstruiu a cidade como era antes, porém um pouco mais a prova de terremotos. Como teria sido o mundo entre guerras nessas circunstâncias? Não sabemos, e não há sentido em especular sobre o que não aconteceu, e quase certamente não poderia ter acontecido. Mas a pergunta não é inútil, porque nos ajuda a captar o profundo efeito, na história do século XX, do colapso econômico entre as guerras. Sem ele, com certeza não teria havido Hitler. Quase certamente não teria havido Roosevelt. É muito provável que o sistema soviético tivesse sido encarado como um sério rival econômico e uma alternativa possível ao capitalismo mundial. As conseqüências da crise econômica no mundo não europeu ou não ocidental (...) foram patentemente impressionantes. (Eric Hobsbawm. Era dos Extremos: O breve século XX. 1914-1991. Trad. São Paulo: Cia das Letras, 1995, p. 90-91) O texto permite afirmar que para se compreender o mundo da segunda metade do século XX é necessário entender (A) o fenômeno político do nazi-fascismo. (B) os resultados do Tratado de Versalhes. (C)) o impacto da Grande Depressão de 1929. (D) os efeitos da intervenção econômica de 1940. (E) o processo de desintegração do socialismo. MODELO − Prova Cargo E05, Tipo 1 www.pciconcursos.com.br 07/06/04 - 17:29 PMSPPA-História-CE 7 20. Observe os detalhes da obra do pintor mexicano Diego Rivera, de 1928. (In: John Charles Chasteen. América Latina: uma história de sangue e fogo. Rio de Janeiro: Campus, 2001. p. 176) Uma obra de arte contém elementos significativos no mundo da cultura e pode transformar-se em expressão de fenômenos sociais e políticos. Muitos artistas revelam seu ponto de vista ou de grupos sociais por meio da arte. Considerando as especificidades do contexto histórico na qual a obra foi produzida, depreende-se o engajamento do autor com (A) as forças militares dos Estados Unidos da América visando conter o avanço das idéias comunistas que ameaçava a República mexicana. (B) as organizações neo-liberais, que pretendiam pro- mover, mesmo por meio da luta armada, a abertura da economia mexicana. (C) o Partido Liberal Mexicano, que pretendia realizar uma reforma agrária no país com o apoio financeiro dos grandes industriais. (D) os movimentos revolucionários europeus, uma vez que as organizações sociais e políticas no México eram sempre de direita. (E)) o nacionalismo revolucionário mexicano, que mes- clava heranças culturais indígenas e influências dos ideais comunistas. _________________________________________________________ 21. Os impressionantes problemas sociais e econômicos do ca- pitalismo na Era da Catástrofe aparentemente sumiram. A economia do mundo ocidental entrou em sua Era de Ouro. A democracia política ocidental, apoiada por uma extraordi- nária melhora na vida material, ficou estável. Para Hobsbawm, estas soluções, pelo menos por décadas, resultaram da (A) Primeira Guerra Mundial. (B)) Segunda Guerra Mundial. (C) Período Entre Guerras. (D) Chamada Guerra Fria. (E) Revolução Russa. 22. Considere os itens abaixo sobre a Guerra Civil Espanhola, 1936-1939. I. As disputas da década de 1930, travadas dentro dos Estados ou entre eles eram transnacionais. Em nenhuma parte foi isso mais evidente do que na Guerra Civil Espanhola, que se tornou a expressão exemplar desse confronto global. II. O processo de radicalização política, com a formação e expansão de grupos anarquistas, so- cialistas e comunistas fortemente enraizados entre os trabalhadores da Europa Ocidental, foi iniciado na Guerra Civil Espanhola III. A Guerra Civil Espanhola antecipou e moldou as forças que iriam, poucos anos depois da vitória de Franco, destruir o nazifascismo em alguns países da Europa. IV. A Guerra Civil Espanhola antecipou a política da Se- gunda Guerra Mundial, aquela aliança única de fren- tes nacionais que ia de conservadores patriotas a re- volucionários sociais, para a derrota do inimigo na- cional e simultaneamente para a regeneração social. V. A intervenção dos países aliados na Guerra Civil Espanhola impediu que os radicais de direita se consolidassem na Espanha na década de 1930 e fortaleceu o movimento fascista internacional. Segundo Eric Hobsbawm, é correto o que se afirma APENAS em (A) II, IV e V. (B) II, III e V. (C) I, IV e V. (D)) I, III e IV. (E) I, II e III. _________________________________________________________ 23. Eric Hobsbawm, em Era dos Extremos, afirma que sur- giu, na década de 1970, uma “nova divisão internacional do trabalho”, baseada fundamentalmente na (A) permanência de grandes empresas, que adotam pro- cedimentos automatizados na produção, exclusi- vamente nas regiões do velho mundo industrial. (B) produção de matérias-primas nos países subdesen- volvidos, mantendo o monopólio da produção indus- trial nos países de economia emergente. (C)) deliberada mudança, por empresas do velho mundo industrial, de parte ou de toda a sua produção ou estoques para outras regiões do mundo. (D) distribuição mais eqüitativa dos lucros, dos juros e dos salários nos chamados “países globalizados”, em razão do processo de dolarização da economia mundial. (E) maciça transferência de indústrias de ponta dos paí- ses subdesenvolvidos para os países desenvolvi- dos, em razão da baixa qualificação profissional naqueles países. Prova Cargo E05, Tipo 1 − MODELO www.pciconcursos.com.br 07/06/04 - 17:29 8 PMSPPA-História-CE 24. Considere as afirmações sobre a produção historiográfica brasileira, no período da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985). I. A produção historiográfica sobre a história da clas- se operária brasileira ficou restrita ao trabalho de pesquisa dos brasilianistas, uma vez que os histo- riadores brasileiros estavam impedidos, por força do Ato Institucional no 5, de estudar e lecionar temas relacionados ao movimento operário. II. A diminuição da repressão política e as espetacu- lares cenas de trabalhadores em Assembléias, so- bretudo nas regiões do ABCD, no Estado de São Paulo, suscitaram inspiração acadêmica para o desenvolvimento de estudos e a difusão, até mes- mo nas salas de aula de 1o e 2o graus, da história operária. III. Os professores de história recusaram-se a tratar, em sala de aula, sobre a produção historiográfica sobre a classe operária, em razão da aprovação de legislação federal, que proibia qualquer referência aos movimentos operário, e devido à auto-censura dos editores de livros, que cumpriam, à risca, as determinações impostas pelos órgãos de repressãopolítica. IV. Os livros didáticos de história tinham circulação li- vre no país, porque os seus autores tratavam de forma objetiva e com imparcialidade os fatos his- tóricos, já que produziam livros para alunos de 1o e 2o graus e porque os editores priorizavam o valor mercadológico do livro, impedindo qualquer viés ideológico que pudesse interferir no comércio desses livros. É correto o que se afirma em (A) I, II, III e IV. (B) IV, apenas. (C) III, apenas. (D)) II, apenas. (E) I, apenas. _________________________________________________________ 25. Rejeitando o modelo de desenvolvimentismo, imposto (...) pelo golpe de 64, os movimentos que combateram e ainda combatem pelo respeito dos Direitos Humanos e em defesa do equilíbrio entre a natureza e a civilização, tentam dissipar certas ilusões, vividas pela ideologia burquesa ou pela vulgata marxista (...) A cultura de resistência (...) nasceu sob o signo da ditadura; (...) vê os estragos do industrialismo selvagem no campo e na cidade; (...) se formou em um país onde há uma das maiores concentrações de renda do mundo... (Alfredo Bosi. A Dialética da Colonização. São Paulo: Cia das Letras, 1992, p. 365) Com base no texto é correto afirmar que para o autor a cultura de resistência no Brasil é, respectivamente, (A)) democrática, ecológica e distributiva. (B) neoliberal, ecológica e concentradora. (C) autoritária, naturalista e empobrecida. (D) socialista, urbanizada e concentradora. (E) nacionalista, urbanizada e progressista. 26. Quanto à pobreza e miséria, na década de 1980 muitos países mais ricos e desenvolvidos se viram outra vez acostumando-se com a visão diária de mendigos nas ruas, e mesmo com o espetáculo mais chocante de desa- brigados protegendo-se em vãos de portas e caixas de papelão, quando não eram recolhidos pela polícia. Em qualquer noite de 1993 em Nova York, 23 mil homens e mulheres dormiam na rua ou em abrigos públicos, uma pequena parte dos 3% da população da cidade que não tinha tido, num ou noutro momento dos últimos cinco anos, um teto sobre a cabeça (...). No Reino Unido (1989), 400 mil pessoas foram oficialmente classificadas como “sem teto” (...). O reaparecimento de miseráveis sem teto era parte do impressionante aumento da desigualdade social e econô- mica na nova era. Pelos padrões mundiais, as ricas “eco- nomias de mercado desenvolvidas” não eram – ou ainda não eram – particularmente injustas na distribuição de renda. (Eric Hobsbawm. Era dos Extremos: O breve século XX. 1914-1991. Trad. São Paulo: Cia das Letras, 1995, p.396-7) Com base na problemática descrita no texto pode-se afirmar que (A) a nova ordem internacional, sob a feição de um capitalismo vitorioso e globalizado está conseguindo impedir o crescimento do processo de miséria, guerra e sofrimento em quase todos os países do chamado Primeiro e Terceiro Mundo. (B) o Terceiro Mundo e sua gradual decomposição e fissão, em seu todo difere do Primeiro Mundo em um aspecto fundamental: forma uma zona mundial iminente de revolução. (C) a explosão demográfica nos países emergentes promoveu o alargamento do fosso entre os países do Primeiro Mundo e os países do Terceiro Mundo. (D) o grande salto da economia mundial e sua crescente internacionalização perturbaram o conceito de Primeiro Mundo e a modernização do Terceiro Mundo. (E)) a continuação do agravamento da desigualdade e exclusão social certamente completará a substi- tuição da tradicional distinção entre países de Primeiro e de Terceiro Mundo pela existência de um Primeiro e de um Terceiro Mundo em cada país. MODELO − Prova Cargo E05, Tipo 1 www.pciconcursos.com.br 07/06/04 - 17:29 PMSPPA-História-CE 9 Atenção: O texto abaixo refere-se às questões de números 27 e 28. (...) Em qualquer conflito aberto concebível entre os Estados do norte e do sul, a esmagadora superioridade técnica e de riqueza do norte tinha de vencer (...) Era improbabilíssimo que mesmo a posse de alguns mísseis nucleares por algum país do Terceiro Mundo - supondo-se que tivessem também os meios de mantê-los e lançá-los – fosse um dissuasor efetivo, pois os Estados ocidentais (...) estavam dispostos e eram capazes de empreender ataques preventivos contra inimigos potenciais, ainda que demasiados fracos para serem ameaça- dores. Do ponto de vista militar, o Primeiro Mundo podia, em segurança, tratar o Terceiro Mundo como o que Mao chamara de ‘tigre de papel’. Contudo, tornara-se cada vez mais claro na última metade do Breve Século XX que o Primeiro Mundo podia vencer batalhas, mas não guerras contra o Terceiro Mundo, ou antes, que a vitória em guerras, mesmo que possível, não assegurava o controle de tais territórios. Desaparecera a maior vantagem do imperialismo, ou seja, a disposição das popu- lações coloniais de, uma vez vencidas, deixarem-se administrar tranqüilamente por um punhado de ocupantes. (Eric Hobsbawm. Era dos Extremos: O breve século XX. 1914-1991. Trad. São Paulo: Cia das Letras, 1995, p.540-1) 27. Um exemplo da problemática a que o texto se refere e que confirma a análise do autor sobre o final do século XX é (A) o conflito árabe-israelense no Oriente Médio. (B)) a resistência à dominação militar norte-americana no Vietnam. (C) a vitória dos palestinos sobre os israelenses no território da faixa de Gaza. (D) o fracasso militar da invasão do Kwait em 1990. (E) o impacto da invasão da Baia dos Porcos pela URSS em Cuba. _________________________________________________________ 28. Pela análise do texto, pode-se afirmar que, para Hobsbawm, o século XX (A)) acabou numa desordem global cuja natureza não estava clara, e sem mecanismos óbvios para acabar com ela ou mantê-la sob controle. (B) foi marcado por intenso equilíbrio social, econômico e político, em razão do avanço do imperialismo sobre as nações subdesenvolvidas. (C) conheceu a ascensão da civilização ocidental, cujas características eram ser capitalista na economia e liberal na estrutura legal e constitucional. (D) assinalou o fim do confronto entre as ideologias socialista e as capitalistas, o que permitiu a criação de um sistema estável nas relações internacionais. (E) iniciou um período de progresso material, intelectual e moral quase ininterrupto, quer dizer, de melhoria nas condições de vida nos Estados do norte e do sul. 29. No livro História das mulheres no Brasil, organizado por Mary Del Priore, vários autores e autoras procuram reconstituir a trajetória histórica das mulheres. Analise as afirmações que refletem a visão de alguns desses autores sobre atuação da mulher brasileira, ao longo da história. I. A mulher brasileira sempre foi discriminada no mun- do do trabalho. No passado, elas podiam exercer apenas as funções do lar, de doméstica e de agri- cultora. Na atividade industrial, só foram admitidas como operárias por força da Consolidação das Leis do Trabalho, quando Getúlio Vargas reconheceu o direito de igualdade de sexo. II. Até meados do século XX, ao contrário do que ocorria nos países europeus, o Código Penal Brasi- leiro não diferenciava os réus por sexo. A especifi- cidade da legislação brasileira estava intimamente relacionada ao sistema escravista que igualava os sexos tanto na comercialização como na aplicação da punição aos escravos que praticavam delitos. III. As mulheres do século XIX eram excluídas de uma efetiva participação na sociedade, da possibilidade de ocuparem cargos públicos, de assegurarem dignamente sua própria sobrevivência e até mesmo impedidas de acesso à educação superior. Eram trancadas, fechadas dentro de casas ou sobrados, mocambos e senzalas, construídos por pais, maridos e senhores. IV. O Brasil foi um dos últimos países do Ocidente a organizar o movimento feminista. Esse fato pode ser explicado em razão da grande atuação do movimento anarco-sindicalista nas lutas sociais. Até mesmo as mulheres anarquistas se recusaram a tratar da emancipação feminina, subordinando-a à idéia de emancipação de toda a classe operária. É correto o que se afirma APENAS em (A) I e II.(B) I e III. (C) II e IV. (D)) III. (E) IV. _________________________________________________________ 30. Aprender o que somos, o que nos estamos tornando agora e o que podemos fazer, mediante um conhecimento histórico comparativo denso e justo, é ainda tarefa prioritária das ciências humanas (Bosi). Ver e agir dentro desse quadro cultural complexo sempre foi a situação com a qual se defrontou o professor em sala de aula. (...) Compreender a pluralidade de nossas culturas e toda abrangência da história dos oprimidos passa pela constatação de que o imaginário político brasileiro não é algo efêmero e suas representações estão arraigadas profundamente nas raízes da cultura popular e erudita. Impõe-se a retomada do sentido utópico e combativo dos anos 80, mesmo porque o conceito de liberdade não é estático e sim dialético. (Maria de L.M. Janotti. História, Política e Ensino. In: Circe Bittencourt (org.) .O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2001, p. 52) Para a autora, a prática do professor no rumo de uma sociedade democrática deverá ser enfatizada com o (A) método etnográfico. (B)) estudo do passado público. (C) método sócioconstrutivista. (D) estudo da história imediata. (E) ensino da história tradicional. Prova Cargo E05, Tipo 1 − MODELO www.pciconcursos.com.br 07/06/04 - 17:29 10 PMSPPA-História-CE 31. Observe as ilustrações. I. Foto do interior de uma fábrica no século XVIII (Antonio Paulo Rezende e Maria Thereza Didier. Rumos da História. São Paulo: Atual, 2001. p. 310) II. Foto do interior de uma fábrica no século XXI (Eric Hobsbawm. Era dos Extremos. Trad. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. ilustração 47) As duas fotos simbolizam aspectos específicos do processo de industrialização no tempo e no espaço. A partir do conhecimento histórico e da análise das duas imagens, pode-se afirmar que (A) as realidades representadas pelas duas fotos não po- dem ser objeto de comparação, pois a II revela um estágio de desenvolvimento tecnológico que, ao con- trário do que ocorreu no contexto histórico da foto I, evitou o aumento da exclusão social em razão da am- pla oferta de trabalho do setor terciário da economia. (B) os trabalhadores continuaram sendo explorados da mesma forma nos dois ambientes de trabalho, uma vez que os industriais exigiam as mesmas competências e habilidades do trabalhadores, ou seja, as mesmas exigências de especialização e qualificação pro- fissional. (C)) as duas realidades reveladas pelas imagens, guar- dadas as devidas especificidades históricas, repre- sentam resultados do processo de substituição do trabalhador por processos automatizados, que esti- mularam as condições para o agravamento da exclusão social. (D) as duas imagens refletem o grau de desenvol- vimento tecnológico que as sociedades ocidentais atingiram e que engendraram possibilidades ilimi- tadas de alternativas de trabalho e de ascensão social para os trabalhadores industriais. (E) ambas as imagens podem ser consideradas como etapas do processo de evolução das sociedades em busca de alternativas de produção automatizadas, cujo estímulo governamental está diretamente rela- cionado com o objetivo de proporcionar aos povos uma melhoria da qualidade de vida e de lazer. 32. Considere os textos. É a escola, em última instância, o locus privilegiado para o exercício e formação da cidadania, que se traduz, também, no conhecimento e na valorização dos elementos que compõem o nosso patrimônio cultural. Ao socializar o conhecimento historicamente produzido e preparar as atuais e futuras gerações para a construção de novos conhecimentos, a escola está cumprindo seu papel social. (Ricardo Oriá. Memória e ensino de História) .... o papel da escola é, também, ensinar a degustar as formas e os conteúdos que hoje podem parecer superados, mas que fazem parte das nossas raízes, ou pertencem ao patrimônio cultural da humanidade. A poesia chinesa clássica, as pinturas ruprestes de Altamira e de Lascaux, a concepção arquitetônica das malocas dos índios brasileiros, as esculturas africanas contemporâneas são tão importantes quanto um concerto de Xanakis, uma pintura de Picasso, um poema de Drummond de An- drade (Regina Leite Garcia. In. Circe Bittencourt (org.) .O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2001, p. 130) A partir dos textos, pode-se afirmar que trabalhar com bens culturais do patrimônio histórico no processo ensino- aprendizagem de História contribui para estimular nos alunos (A) a consciência de cidadania associada à preservação de prédios, monumentos e outras edificações de notável valor histórico-arquitetônico. (B) o senso de preservar somente os bens culturais representativos de uma determinada época ou aqueles ligados a algum fato histórico notável. (C) a noção de patrimônio histórico e artístico associado aos bens materiais, especialmente aos bens imóveis dissociados de seu ambiente original. (D) a idéia de uma memória unívoca, de um passado homogêneo e de uma História sem conflitos sociais que exclui as diferenças cultural de nossa for- mação. (E)) o senso de preservação da memória social coletiva, como condição indispensável à construção de uma nova cidadania e identidade nacional plural. MODELO − Prova Cargo E05, Tipo 1 www.pciconcursos.com.br 07/06/04 - 17:29 PMSPPA-História-CE 11 33. A cidadania social tem sido pouco caracterizada nas propostas curriculares, mesmo quando as fundamen- tações teóricas são baseadas na constituição e na transposição de uma história social e cultural para o ensino. (...) A idéia de cidadania social que abarca os conceitos de igualdades, de justiça, de diferenças, de lutas e de conquistas, de compromissos e de rupturas tem sido apenas esboçada em algumas poucas propostas. E, mais ainda, existe uma dificuldade em explicitar a relação entre a cidadania social e a política, e entre cidadania e trabalho. Em algumas delas surgem as questões sobre as novas concepções de ação política nos movimentos sociais e seu papel na luta pela conquista da cidadania, embora não se esclareçam as dimensões de movimentos sociais mais abrangentes, como os ecológicos, feministas (...), e os mais restritos, tais como os movimentos e lutas pela moradia, pela terra e atualmente a luta pelo trabalho, contra o desemprego. Em uma sociedade como a nossa em que as desigualdades sociais são gritantes, o compromisso da História seria o de aprofundar esta complexa noção para evitar a banalização do termo. O sentido político da questão da cidadania deve explicitar a relação entre o papel do indivíduo e os da coletividade. (Circe Bittencourt. Capitalismo e Cidadania nas atuais propostas curriculares de História. In: Circe Bittencourt (org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2001, p 22) A autora faz uma crítica às atuais propostas curriculares de História, propondo a ampliação do conceito de cidadania, com a introdução e explicitação de cidadania social, pois essa ampliação (A)) confere uma outra dimensão aos objetivos da História quanto ao seu papel na formação política dos alunos, o que implica numa revisão mais profunda dos conteúdos propostos. (B) favorece a adoção de uma outra visão do modelo tecnicista no ensino da História, o que implica numa revisão dos fundamentos das metodologias nas propostas curriculares. (C) concede uma outra visão aos conteúdos da História quanto a sua importância nos currículos escolares, o que implica na reformulação dos objetivos do ensino superior. (D) legítima as propostas relativas aos conhecimentos que tradicionalmente vem sendo ensinados e às novas tendências de reformulação das metodologias de ensino da História. (E) define uma outra percepção do estudo da História quanto a sua importância na identificação dos su- jeitos no processo de produção dos conhecimentos históricos. 34. O Conselho Nacional de Educação estabeleceu, no Pare- cer CNE/CEB no 11/2000, Diretrizes Curriculares Nacio- nais para a Educação de Jovense Adultos. Analise as proposições abaixo sobre possíveis ações que o professor de história deveria levar em consideração de acordo com essas diretrizes. I. É importante o professor reforçar para os seus alunos a visão dual sobre a realidade histórica brasileira – “Dois Brasis”, “oficial e real“, “Casa Grande e Senzala”, “o tradicional e o moderno”, capital e interior, urbano e rural, cosmopolita e provinciano, litoral e sertão – como forma de esti- mular os jovens e adultos a exercerem um papel mais ativo na sociedade, visando sua ascensão econômica e social. II. O professor poderia resgatar experiências histó- ricas de seus próprios alunos, uma vez que muitos destes jovens e adultos, dentro da pluralidade e diversidade de regiões do país, dentro dos mais diferentes estratos sociais, desenvolveram uma rica cultura baseada na oralidade da qual nos dão prova, entre muitos outros, a literatura de cordel, o teatro popular, o cancioneiro regional, os repen- tistas, as festas populares, as festas religiosas e os registros de memória das culturas afro-brasileira e indígena. III. O professor poderá analisar com seus alunos aspectos das condições políticas, socioeconômicas e culturais que impediram que grupos sociais fossem alijados dos direitos ao pleno exercício da cidadania, e que a sala de aula poderá tornar-se um instrumento de reparação desta realidade, dívida inscrita em nossa história social e na vida de tantos indivíduos. IV. Um professor de história, engajado com as transfor- mações socioeconômicas do seu tempo e do seu país, deve estimular seus alunos a adquirirem, neste "século do conhecimento", saberes aliados às competências que eles desenvolverão no mundo do trabalho; evitando, portanto, a visão critica sobre a realidade global que o cerca, enfatizando mais a vocação do aluno para o saber-fazer, de acordo a vocação de cada um. É correto o que se afirma APENAS em (A) I e II. (B) I e III. (C)) II e III. (D) II e IV. (E) III e IV. Prova Cargo E05, Tipo 1 − MODELO www.pciconcursos.com.br 07/06/04 - 17:29 12 PMSPPA-História-CE Atenção: As figuras abaixo referem-se às questões de números 35 e 36. I Desenho feito com base em gravura de obras de viajantes franceses dos meados do século XIX II Ilustração encontrada no livro didático de João Ribeiro no início do século XIX (In: Circe Bittencourt (org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2001, p 22) 35. Um professor apresenta uma atividade envolvendo as figuras I e II. A intenção do professor é de que os alunos percebam, respectivamente, (A) o heroísmo dos religiosos católicos nos rituais antropofágicos dos índios brasileiros; caráter indo- lente e preguiçoso dos índios. (B) o martírio de jesuítas no processo de conversão dos indígenas à religião católica; características do espírito pacifista dos índios. (C) o estágio primitivo dos indígenas e o caráter ante- racista do trabalho dos religiosos católicos; carac- terísticas do índio catequisado. (D)) a visão do colonizador sobre a obra missionária e civilizatória do trabalho de catequese; características culturais específicas dos índios. (E) as formas de dominação e morte impostas às populações indígenas; o caráter selvagem dos gru- pos indígenas na época do descobrimento. _________________________________________________________ 36. A comparação de ilustrações reproduzidas em momentos diferentes são importantes para que os alunos possam (A) concretizar as noções altamente abstratas de tempo histórico. (B)) estabelecer relações históricas de permanências e mudanças. (C) assimilar outras experiências históricas do presente e do passado. (D) memorizar as explicações e os textos históricos estudados na aula. (E) compreender o presente através do estudo do passado histórico. _________________________________________________________ 37. Na sala de aula, um aluno questiona o professor se o es- tudo da história da mulher tem importância para a so- ciedade. Baseado nos fundamentos das novas diretrizes curriculares nacionais, o professor deve responder que (A) os historiadores desprezam a história das mulheres por considerarem os operários das indústrias dos grandes centros urbanos os sujeitos das trans- formações sociais. (B) os historiadores brasileiros são pioneiros no estudo da história das mulheres em razão da massificação publicitária que os meios de comunicação fazem sobre o corpo da mulher. (C)) os estudos sobre a mulher refletem a necessidade de romper a visão esteriotipada sobre os diferentes, fundada na negação dos papéis históricos repre- sentados pelos agentes sociais. (D) a história das mulheres é mera ficção, uma vez que, por serem vítimas de seus próprios corpos, elas são vulneráveis à dominação masculina e ao poderes políticos. (E) não é possível resgatar a história das mulheres haja vista a pequena participação delas nas lutas sociais e políticas, em razão do seu papel como reprodutora e doméstica. MODELO − Prova Cargo E05, Tipo 1 www.pciconcursos.com.br 07/06/04 - 17:29 PMSPPA-História-CE 13 38. Sobre o tema Leitura e Escrita na História, de Fernando Seffner, considere os itens abaixo. I. A leitura de textos que estabeleçam correlação entre acontecimentos, em diferentes locais e tempos, possibilita ao aluno incorporar a história passada da humanidade em seu repertório de vida e na construção de sua vida social. II. A leitura é também uma chave para a integração política do jovem, no sentido grego do termo, a integração à pólis, aos códigos de discussão da comunidade política. A leitura e a escrita constituem um caráter público para o indivíduo. III. Os conhecimentos históricos podem servir de apoio na leitura de qualquer outra modalidade de texto, em qualquer outra área, na medida em que o texto é datado historicamente, vinculado a determinada visão de mundo ou conjuntura. IV. As atividades de leitura e escrita associadas ao ensino de história devem possibilitar ao aluno elaborar seu projeto social a partir da análise de outros projetos. Fazer do aluno um agente social é ensiná-lo a reconhecer diferentes projetos sociais embutidos nas diferentes falas sociais, e ajudá-lo a construir sua trajetória a partir destes referenciais. Para o autor é correto o que se afirma em (A)) I, II, III e IV. (B) I e II, apenas. (C) I e IV, apenas. (D) II e IV, apenas. (E) II e III, apenas. _________________________________________________________ 39. Considere os itens abaixo. I. A relação com o passado deve ser cultivada, desde que se tenha uma compreensão do tempo como algo dinâmico, mas não simplesmente linear e seqüencial. II. Nada mais significativo e importante, para a construção da cidadania, do que a compreensão de que a cultura não existiria sem a socialização das conquistas humanas. III. O sujeito anônimo é, na verdade, o grande artesão dos tecidos da história. IV. A produção do conhecimento está diretamente associada à dimensão da razão objetiva, desvalorizando-se outros tipos de experiências ou mesmo expressões outras da sensibilidade. V. O resgate do passado histórico deve ser realizado priorizando-se o utilitarismo das experiências passadas, evitando-se considerar as possibilidades afetivas, lúdicas e estéticas de entender o mundo. VI. Em nome da velocidade do progresso, deveriam ser criados valores únicos e universais neces- sariamente aceitos por todos os povos para o desenvolvimento da sociedade. Os itens que NÃO estão de acordo com a concepção histórica presente nas novas Diretrizes Curriculares Nacionais são APENAS (A) I, II e III. (B) I, III e IV. (C) II, IV e VI. (D) III, IV e V. (E)) IV, V e VI. 40. (...) as exposições vêm sendo repensadas no âmbito de uma estrutura de comunicação através de propostas museológicas definidas, que utilizam uma linguagem compreensível e de fácil acesso aos visitantes. Dessa maneira não basta apresentar os objetos em uma seqüência que só faz sentido para o pesquisador da área de História, Arqueologia e Etnologia, pois, neste momento (...) os objetos devemestar reunidos para produzirem um discurso museográfico inteligível para os leigos, através dos documentos materiais ali apresentados. (Adriana M. Almeida e Camilo de M. Vasconcellos. Por que visitar Museus. In. Circe Bittencourt (org.). O saber histórico na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2001, p. 105) Segundo os autores, o pressuposto básico a que o texto se refere revela o potencial educativo de um museu, pois o discurso museográfico permite (A) coletar informações sobre os critérios de seleção dos objetos adotados pelos museólogos da época. (B) reviver a história do passado de um povo; valorizar a construção da memória do Estado Nacional. (C) demonstrar aos alunos a importância de se reme- morar ou glorificar o passado de grupos dominan- tes. (D)) concretizar mensagens e idéias, comunicar os resul- tados da produção de um certo conhecimento. (E) reforçar a concepção de que a museologia está vol- tada para o estudo de objetos produzidos na pas- sado. _________________________________________________________ Prova Cargo E05, Tipo 1 − MODELO www.pciconcursos.com.br
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