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Prova de Elaboração de Sentença Criminal

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[Título do documento] 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL DE AULA 
Prova de elaboração de Sentença Criminal 
 
[Título do documento] 
 
PROVA DE ELABORAÇÃO DE SENTENÇA CRIMINAL 
Nesta fase preparatória para a prova de sentenças, é necessário um estudo dirigido e o 
conhecimento da estrutura de uma sentença, além de informações atualizadas sobre doutrina e 
jurisprudência, a fim de que seja possível identificar todos os seus aspectos e montá-la de forma 
clara e adequada, com o conteúdo exigido no concurso, conforme edital específico. 
Assim, seguem orientações sobre como estudar e o material que pode ser utilizado em 
provas dessa natureza, para que você possa desempenhar e mostrar seu conhecimento da 
melhor maneira possível. 
 
ORIENTAÇÃO DE ESTUDO E MATERIAL DE CONSULTA: 
A primeira coisa que você deve fazer após inscrever-se para um concurso, é analisar o 
edital, onde você conterá a descrição da matéria, as etapas do concurso e as regras que deverão 
ser observadas em cada etapa. 
Cada Estado pode estabelecer algumas regras específicas, portanto é importante que você 
as saiba com antecedência, a fim de melhor orientar seus estudos. Há dados importantes, como 
o tipo de material que você poderá utilizar durante a prova, a duração das provas, o conteúdo 
que será solicitado em cada etapa. 
A Resolução 75/09 do CNJ, estabelece algumas regras gerais relativas aos concursos de 
ingresso na magistratura, entre elas: 
- Mínimo de 4 horas de prova; 
- Proibição de consulta a súmulas, orientações jurisprudenciais e obras doutrinárias; e 
- Nota mínima: 6 
 
[Título do documento] 
 
Até o dia da prova, é essencial ler sentenças de diversos modelos de procedimentos e 
crimes, a fim de conhecer e fixar expressões e termos próprios de julgamentos, elaborar, 
inicialmente, sentenças mais simples e aumentar a complexidade, observando cada etapa, 
conforme adiante será visto. 
Também é importante familiarizar-se com o material de consulta que será autorizado no 
dia da prova e aprender a administrar o tempo, o que somente com a prática se aprende. 
Lembre-se que você terá várias folhas de rascunho nas quais poderá fazer anotações em forma 
de roteiro e também o próprio rascunho da sentença, antes de lançar a versão definitiva nas 
folhas específicas. 
Portanto, é preciso saber quanto tempo você deve gastar em cada etapa, o que varia de 
pessoa para pessoa. Se você tiver segurança e pouco tempo, por exemplo, talvez você possa 
fazer as anotações de tudo que é importante, como itens de uma lista, e já passar para a versão 
definitiva. 
Se você tem diante de si uma prova extensa, com várias laudas escritas contendo fatos, 
circunstâncias, dados do processo, precisa avaliar, após ler tudo atentamente e fazer anotações, 
quanto tempo você terá disponível para resumo e versão definitiva. 
E no dia da prova, é muito importante efetuar a leitura atenta da questão, observando 
exatamente não só todos os detalhes dos fatos, circunstâncias e documentos eventualmente 
oferecidos, como também o que está sendo pedido ao candidato. Os concursos para ingresso 
na magistratura normalmente dispensam a elaboração do relatório da sentença. 
Portanto, após ler atentamente a questão, faça um roteiro simples e claro, que contenha: 
 - Identificação do objeto da sentença 
 - Identificação de eventuais teses de defesa 
 - Pena base 
 
[Título do documento] 
 
 - Circunstâncias do art. 59 do Código Penal 
 - Agravantes/atenuantes 
 - Causas de aumento ou de diminuição da pena 
 - Regime de cumprimento de pena 
- Benefícios legais: avaliar cabimento 
 
1. Conhecendo o Vade mecum 
O que é o Vade mecum? 
Nas ciências jurídicas, é um livro que contém normas de uso prático, destinado a consulta 
para solução de dúvidas. Em geral, contém a Constituição Federal, Códigos, leis especiais, 
podendo ser especializado em uma determinada área do Direito, ou geral. Significa “vai 
comigo”. 
 
[Título do documento] 
 
 
 
2. É necessário o uso do Vade mecum na fase se sentenças? 
Para a elaboração de sentenças criminais, o candidato precisará consultar legislações da 
área, a fim de verificar tipos penais, eventuais dispositivos de leis especiais, confirmar ou 
citar regras processuais penais, bem como dispositivos relacionados à fixação da pena. 
Um livro que traz as normas compiladas garante maior abrangência das leis penais 
disponíveis para consulta. Eventualmente, o candidato pode necessitar consultar também 
a Constituição Federal. Assim, sendo autorizada a consulta à legislação não comentada, 
é recomendável seu uso nas provas de sentença criminal. 
 
[Título do documento] 
 
 
3. Qual o melhor tipo de Vade mecum? 
As versões universitárias normalmente são menos caras, mas apresentam conteúdo 
limitado. Para prestar concursos públicos, o ideal é que você possa consultar a versão 
completa, que contenha o maior número de normas, independentemente da editora. 
 
4. Como localizar Códigos e leis no Vade mecum? 
A melhor forma de encontrar a norma que você procura é conhecendo o seu material de 
consulta, a fim de saber de que forma os Códigos e leis estão dispostos, possibilitando 
sua rápida localização no momento da prova. Familiarize-se com seu Vade mecum. 
 
 
[Título do documento] 
 
5. Posso usar um Vade mecum antigo? 
Devido às recentes e constantes atualizações nas normas penais, é importante ter uma 
versão atualizada para consulta. Quanto mais recente a edição, mais chances de obter a 
legislação atualizada você tem, tanto em relação a inovações no procedimento, quando 
alterações em tipos penais. 
6. Todo o conteúdo do Vade mecum pode ser consultado no momento da prova? 
Possivelmente, não. Você deve consultar o edital do seu concurso de interesse para 
verificar que tipo de material poderá ser consultado. Segundo a Resolução 75/09 do CNJ, 
não é possível consulta de obras de doutrina, nem súmulas ou orientações 
jurisprudenciais nesta fase. Cada concurso, no entanto, pode especificar outras vedações 
de consulta. 
7. Como devo proceder? 
Verificando com antecedência o edital, confirme se o seu Vade mecum tem algum tipo 
de conteúdo que é vedado. Se o caso, você pode “selar” com antecedência a parte do 
material que não pode ser consultado durante a prova. Se o edital não especificar a forma 
de selagem no livro, você pode fazê-lo com clips, grampos ou com fita adesiva, de modo 
a impossibilitar sua consulta durante a prova. Os examinadores irão verificar seu material 
no dia da prova. Na dúvida, consulte com antecedência a comissão do concurso de seu 
interesse a respeito. 
 
 
[Título do documento] 
 
 
 
8. Se a prova é com consulta, é necessário “estudar” as leis com antecedência? 
O Vade mecum não substitui a necessidade de prévio conhecimento da estrutura e 
conteúdo dos Códigos e das leis, servindo apenas de apoio para o momento da prova. 
Destina-se a uma consulta rápida para verificação de algum ponto específico, como, por 
exemplo, a pena em abstrato prevista para determinado delito. Quanto mais você 
conhecer a estrutura dos Códigos, mais ágil será a sua consulta, deixando mais tempo 
para você elaborar sua sentença. 
 
COMO ESTUDAR PARA A PROVA DE SENTENÇAS CRIMINAIS: 
 
[Título do documento] 
 
REVENDO AS DICAS BÁSICAS DADAS EM AULA: 
 
1. Treinar 
2. Caneta e papel 
3. Anotação de itens 
4. Rascunho e versão definitiva 
5. Avaliar o uso do tempo 
6. Rever conceitos básicos que serão cobrados na sentença: Parte geral do CP 
 
6.PENSANDO NA ELABORAÇÃO DA SENTENÇA CRIMINAL: 
 
Importante perceber que na Parte Geral do Código Penal temos importantes regras 
fixação da pena. É preciso saber onde se encontram e localizá-las rapidamente, para verificar 
frações e confirmar regrar. Como já visto, é preciso familiarização com seu material de estudo. 
Portanto, antes de iniciar uma sentença, é preciso localizar dispositivoslegais importantes nos 
Códigos ou Leis Especiais. 
Aqui, seguem algumas normas que você deverá prontamente localizar para consulta, pois 
provavelmente precisará consulta-las no dia da prova, quer para relembrar seu conteúdo, quer 
para mencionar o dispositivo legal em que se encontra determinado assunto: 
A regra geral de cálculo da pena encontra-se prevista no art. 68 do CP: 
 Cálculo da pena 
 Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão 
consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. 
Na hora de elaborar sua sentença, é preciso ler a questão proposta com atenção e 
perceber as informações relativas às regras que podem influenciar na fixação da pena. 
 
[Título do documento] 
 
São várias as possibilidades de circunstâncias que podem influenciar na fixação da pena 
e que possivelmente vão ser colocadas, para verificar se o candidato sabe aplica-las. 
Assim, entre tais circunstâncias que podem alterar a pena, podemos destacar: 
 
TÍTULO II 
DO CRIME 
Art. 14 - Diz-se o crime: 
Crime consumado 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
Tentativa 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do 
agente. 
Pena de tentativa 
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente 
ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. 
Arrependimento posterior 
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou 
restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a 
pena será reduzida de um a dois terços. 
Erro sobre a ilicitude do fato 
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, 
isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da 
ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. 
Estado de necessidade 
 
[Título do documento] 
 
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, 
que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo 
sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. 
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida 
de um a dois terços. 
TÍTULO III 
DA IMPUTABILIDADE PENAL 
Inimputáveis 
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto 
ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter 
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Redução de pena 
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de 
perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era 
inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse 
entendimento. 
Emoção e paixão 
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: 
I - a emoção ou a paixão; 
Embriaguez 
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. 
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou 
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito 
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de 
caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de 
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
[Título do documento] 
 
TÍTULO IV 
DO CONCURSO DE PESSOAS 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na 
medida de sua culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um 
terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena 
deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais 
grave. 
 
ONDE LOCALIZAR OS TIPOS DE PENA QUE POSSO APLICAR: 
 
Num segundo momento, após fixar a pena, você precisa estabelecer qual o regime de 
cumprimento de pena mais adequado e se é possível a aplicação de algum benefício legal, tal 
como a substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos ou multa, ou, 
ainda, se é possível conceder a suspensão condicional da pena (art. 77 e seguintes), ao final. 
Localizando no Código Penal onde se encontram as regras, você poderá, diante dos dados 
propostos na questão, optar pela forma de punição que você considera mais adequada, devendo 
para tanto fundamentar, observando os limites legais e mencionando o dispositivo que ampara 
seu entendimento. 
Também o regime de cumprimento da pena é importante, pois se você não aplicar o 
regime previsto conforme a quantidade de pena, é preciso fundamentar eventual punição com 
regime mais gravoso. 
Então, para relembrar, vamos localizar no Código Penal as regras em relação aos regimes 
de cumprimento de pena? 
 
 
[Título do documento] 
 
TÍTULO V 
DAS PENAS 
CAPÍTULO I 
DAS ESPÉCIES DE PENA 
Art. 32 - As penas são: 
I - privativas de liberdade; 
II - restritivas de direitos; 
III - de multa. 
SEÇÃO I 
DAS PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE 
Reclusão e detenção 
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de 
detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. 
§ 1º - Considera-se: 
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; 
b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; 
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou 
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o 
mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência 
a regime mais rigoroso: 
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; 
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), 
poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; 
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o 
início, cumpri-la em regime aberto. 
 
[Título do documento] 
 
§ 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos 
critérios previstos no art. 59 deste Código. 
§ 4o O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do 
cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto 
do ilícito praticado, com os acréscimos legais. 
A sequência das etapas que você deve observar estão indicadas na própria lei: 
CAPÍTULO III 
DA APLICAÇÃO DA PENA 
Fixação da pena 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do 
agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da 
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos; 
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade; 
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de pena, se cabível. 
Uma das tendências jurisprudenciais em relação aos regimes de cumprimento de pena é 
considerar obrigatória a concessão de benefício, quando não houver óbice que o desaconselhe. 
Lembre-se de sempre fundamentar seu entendimento. Assim, é possível que caiba, conforme a 
pena que você fixou, promover sua substituição por pena alternativa ou multa. As regras que 
tratam da substituição encontram-se no art. 44 e seguintes do Código Penal. 
Além disso, verificamos que na Parte Geral do Código Penal encontramos o art. 59 do 
Código Penal, que estabelece os critérios de fixação da pena na primeira fase. Também 
encontramos as circunstâncias agravantes (art. 61 a 64) e atenuantes (art. 65 e 66), além de 
critérios de fixação da pena de multa (art. 49 e seguintes). 
 
[Título do documento] 
 
E temos, ainda, as regras de concurso de crimes (art. 69 a 71) que também trazem regras 
de fixação da pena: 
Concurso material 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, 
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja 
incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro 
aquela. 
§ 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, 
não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art. 
44 deste Código. 
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente 
as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. 
Concurso formal 
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos 
ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas 
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, 
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios 
autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. 
Crime continuado 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da 
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, 
devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só 
dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a 
dois terços. 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave 
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e 
a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só 
dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo 
único do art. 70 e do art. 75 deste Código. 
 
[Título do documento] 
 
Oportunamente, veremos onde se aplicam tais regras no momento da elaboração da 
sentença, sendo importante, contudo, que você tenha condições de localizar e consultar tais 
regras, na hora da sua prova, rapidamente, se tiver alguma dúvida. 
Portanto, esteja familiarizado com o seu material de consulta, certo? 
 
ESTRUTURA DA SENTENÇA CRIMINAL 
 
SENTENÇA CONDENATÓRIA 
ESTRUTURA DA SENTENÇA: 
 
1. LINGUAGEM 
A linguagem que você empregará na sua sentença deverá ser: 
-clara: relato de fato e exposição de ideias deve ser de compreensão imediata. 
-objetiva: você deve escrever sem incluir qualquer palavra que demonstre subjetividade, 
sentimento pessoal do magistrado. 
-precisa: use palavras que não deixem dúvidas quanto ao seu significado; não use palavras 
ou expressões dúbias; o leitor deve compreender imediatamente o que você está expondo, 
sem deixar margem a interpretação de sua extensão. 
-formal: é necessário o uso do jargão próprio do meio jurídico e, ainda, a sentença não deve 
conter gírias ou expressões de uso comum do dia-a-dia. Não abrevie: não use MP, mas sim 
Ministério Público, não diga CP, mas sim Código Penal, etc. 
 
[Título do documento] 
 
 
2. REQUISITOS E PARTES DA SENTENÇA: 
 
A sentença, em sua estrutura, contém alguns requisitos, sem os quais sua peça será nula. 
Assim, temos: 
-requisitos obrigatórios: 
1. Relatório: exposição ordenada da acusação e principais atos processuais. 
2. Fundamentação: apreciação da prova produzida e exposição das razões de acolhimento 
ou rejeição das teses das partes. 
3. Dispositivo ou decisão: julgamento em si. Condenação (ou absolvição), indicação da 
incidência penal (artigo em que se enquadra o crime), a pena, regime de cumprimento, 
eventual substituição, apreciação do direito de recurso em liberdade, referência aos 
dispositivos legais aplicáveis. 
 
3. PREVISÃO LEGAL 
- Os requisitos obrigatórios da sentença criminal encontram-se relacionados no art. 381 do 
CPP: 
TÍTULO XII 
DA SENTENÇA 
Art. 381. A sentença conterá: 
I - os nomes das partes ou, quando não possível, as indicações necessárias para identificá-
las; 
II - a exposição sucinta da acusação e da defesa; 
 
[Título do documento] 
 
III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão; 
IV - a indicação dos artigos de lei aplicados; 
V - o dispositivo; 
VI - a data e a assinatura do juiz. 
 OBS.: no concurso público é vedado ao candidato identificar-se. Você não pode colocar o 
seu nome no lugar do nome do juiz ou assinar. No local em que você colocaria a data, 
você pode colocar a data da realização da prova ou simplesmente indicar “Data” e “Assinatura 
do juiz”: 
Data, 
(Assinatura do juiz) 
 
4. ESTRUTURA PRÁTICA: 
 
Você pode iniciar sua sentença, para organizá-la com clareza, com um cabeçalho, que pode 
ser dispensado na sua prova. Não é essencial. Se o fizer, deverá conter: 
- referência ao Estado, à Vara e Comarca e ao número do processo 
- indicação do órgão de acusação (Ministério Público do Estado “X”, se se tratar de ação 
penal pública; ou se privada, “Querelante: X”) 
-indicação do nome do réu ou réus (ou “Querelado: Y), se fornecido 
Assim, se tais dados forem fornecidos na sua prova, você pode indicar: 
 
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE (...) 
 
[Título do documento] 
 
1ª Vara da Comarca de (...) 
Processo n. (...) 
Autor: Ministério Público do Estado de (...) 
Réu(s): (nome do réu 1) 
(nome do réu 2) 
 
 
1. RELATÓRIO 
O relatório é a história do caso que foi submetido a você. Você deve contar, a partir do 
nome do acusado, qual seria a ação, mencionando local e data, que caracterizaria o crime, 
já indicando qual foi a imputação penal que consto da denúncia. 
Além disso, você vai mencionar os principais atos do processo. 
Se você fizer referência à localização de determinado documento no processo, use “a fls. 10” 
ou “às fls. 10” (se houver a indicação na questão proposta). Não é correto mencionar, no 
laudo de “fl.” ou “fls.”, sem indicar o número. 
É possível, ainda, que você faça referência a um documento, usando “de fls. 10”: “Consta do 
documento de fls. 10”, ou “juntado às fls. 10, que o réu trabalhava à época do fato.” 
 
Exemplificando a estrutura do relatório: 
-apresentação da acusação em si: Fulano de Tal e Cicrano, foram denunciados como incursos 
no art. 157, parágrafo segundo, do Código Penal, c.c. art. 29 do Código Penal, porquanto 
consta que no dia tal, às tantas horas, subtraíram, com unidade de desígnios, mediante 
 
[Título do documento] 
 
violência e grave ameaça exercida com emprego de arma de fogo, o veículo pertencenteà 
vítima Tal. 
-citação: O réu foi citado pessoalmente a fls. “08”. 
-apresentação da resposta à acusação (art. 396 CPP): Consta resposta à acusação oferecida 
pelo réu X às fls. 20, e pelo réu Y, às fls. 23. 
-inquirição de testemunhas, mencionando seus nomes, primeiro de acusação e depois de 
defesa: Durante a instrução, foram inquiridas as testemunhas arroladas pelo Ministério 
Público e em comum com a defesa do réu X, Testemunha A e Testemunha B (fls. 26/28). 
Foram, ainda, ouvidas as testemunhas arroladas exclusivamente pelos réus X, Testemunha C 
(fls. 30) e Y, Testemunha D (fls. 31). Se fornecido, mencione os nomes completos das 
testemunhas. Ainda que se trate de processo digital, é possível localizar nos autos digitais as 
fls. onde foram colhidos os depoimentos, possibilitando sua localização. 
-interrogatório: O acusado X foi interrogado às fls. 33, optando por exercer seu direito 
constitucional ao silêncio. O acusado Y foi interrogado às fls. 35, oportunidade em que negou 
a acusação em sua totalidade. 
-resumo das alegações finais do Ministério Público (dados constarão da questão proposta): 
O Ministério Público ofereceu alegações finais às fls. 37, ou Em debates (fls. 37), o Ministério 
Público requereu a condenação de ambos os réus, nos termos da denúncia, considerando o 
conjunto probatório farto e suficiente para a demonstração da acusação. 
-resumo das alegações finais da defesa (dados constarão da questão proposta): O defensor 
do acusado X, através das alegações finais juntadas às fls. 39, alegou, preliminarmente, 
nulidade por cerceamento de defesa, decorrente do indeferimento quanto à oitiva da 
Testemunha E, que compareceu espontaneamente na data da audiência de instrução. Alegou, 
no mérito, em síntese, que a prova produzida não se mostrou suficiente à comprovação da 
autoria. Subsidiariamente, requereu a improcedência integral da ação penal, sob alegação de 
ausência de dolo, bem como, na hipótese de condenação, a aplicação de pena mínima a ser 
 
[Título do documento] 
 
cumprida em regime aberto, sua substituição por pena restritiva de direitos, bem como o 
direito de recurso em liberdade. A defesa do réu Y, por sua vez, alegou, preliminarmente, a 
prescrição do delito pela pena mínima, observada a primariedade do réu, e, quanto ao mérito, 
sustentou a insuficiência de provas de autoria, e, subsidiariamente, o cabimento da 
desclassificação por ausência de prova da qualificadora indicada, bem como o 
reconhecimento da participação de menor importância. 
-referência a eventuais perícias e laudos produzidos no processo e fls. Normalmente os 
laudos são produzidos durante o inquérito policial e ainda que tenham sido juntados após 
o recebimento da denúncia, devem ser mencionados. Laudo de exame de corpo de delito, 
laudo de exame necroscópico, Laudo de exame do local do crime, etc. 
-referência a eventuais incidentes ocorridos no processo: incidente de insanidade mental, 
incidente de verificação de dependência, impetração de Habeas corpus, pedido de restituição 
de coisas apreendidas; se houver a informação, você já pode mencionar o resultado: Foi 
instaurado incidente de insanidade mental, concluindo-se que o réu X é plenamente 
imputável. 
-informações sobre os antecedentes criminais do(s) acusado(s), indicando as fls. das certidões 
juntadas aos autos, se houver. 
-informação sobre eventual data de prisão e situação de estar o réu(s) preso, ou ter sido 
beneficiado com prisão domiciliar ou liberdade provisória, com indicação das fls. 
Se houver indicação de fls. de cada ato acima relacionado, é interessante você elaborar o 
relatório apresentando os atos conforme ocorreram no processo, seguindo, assim, uma 
ordem cronológica. 
-Termine com a expressão “É o relatório”. 
 
 
[Título do documento] 
 
É importante observar que, se alguma tese foi indicada na propositura da questão na sua prova 
de sentença, você deverá mencioná-la aqui no relatório e depois apreciá-la. Não crie alegações 
não indicadas na sua prova. 
OBS.: Lembre-se que, ainda que na sua prova de sentença não haja a dispensa de relatório, em 
se tratando de delito que se processa pelo rito sumaríssimo dos Juizados Especiais Criminais 
(Lei 9099/95), o relatório é dispensável por disposição legal expressa (art. 81, parágrafo terceiro) 
 
(EXEMPLO DE RELATÓRIO DE SENTENÇA) 
 
 
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DE SÃO PAULO 
1ª Vara Criminal da Comarca de Itu 
Processo 1458/18 
Autor: Ministério Público do Estado de São Paulo 
Réu: Emerson Ricardo Jacob 
 
 
Vistos. 
 
EMERSON RICARDO JACOB, qualificado nos autos, foi 
denunciado como incurso no artigo 157, “caput”, do Código Penal, porquanto consta 
que no dia no dia 25 de julho de 2017, por volta de 16h15, na empresa Sorveteria 
Skimo situada na Avenida Francisco Ernesto Fávero, n. 17, Loteamento da PM, nesta 
cidade e comarca de Itu/SP, mediante grave ameaça, simulando estar armado, 
subtraiu, para si, a quantia em dinheiro de R$ 180,00 (cento e oitenta reais), 
pertencente ao estabelecimento mencionado (B.O. n. 3005/17, juntado às fls. 04/05). 
Consta auto de exibição e apreensão às fls. 07. 
A denúncia foi recebida em 11/06/18 (fls. 30). 
 
[Título do documento] 
 
O réu foi pessoalmente citado (fls. 50), oferecendo resposta à acusação 
às fls. 57/58. 
Durante a instrução foi ouvida a vítima Ana Paula Ferraz (fls. 88, mídia 
digital). O réu foi interrogado, oportunidade em que confessou ter praticado o crime que lhe 
foi imputado (fls. 86/87, mídia digital) 
 
Em debates, o Ministério Público requereu a procedência da ação 
penal (fls. 84/85, mídia digital). Pelo defensor do acusado, foi requerida a 
improcedência da ação, alegando insuficiência probatória para a condenação. 
Requereu, na hipótese de condenação, a desclassificação para o crime de furto, a 
aplicação do regime mais brando de cumprimento de pena, qual seja, o regime 
aberto, e a substituição da pena privativa de liberdade por pena alternativa. Requereu, 
ainda, a concessão do direito de recorrer em liberdade. (fls. 92/94). 
Constam informações sobre os antecedentes criminais do 
acusado às fls. 39/42, bem como certidões de objeto e pé às fls. 43/45, sendo 
tecnicamente primário. 
É o relatório. 
 
FUNDAMENTAÇÃO: 
A Fundamentação é a parte da sentença em que o juiz analisa as provas produzidas nos 
autos, em ambas as fases procedimentais, ou seja, no inquérito e em juízo, e expõe as razões 
de seu convencimento sobre a procedência ou não da acusação, acolhendo ou rejeitando as 
alegações das partes. Inicia-se com a expressão: “DECIDO”. 
Vige o princípio do livre convencimento do juiz no nosso sistema processual, devendo, 
no entanto, todas as decisões judiciais serem fundamentadas, sob pena de nulidade, por força 
do disposto no art. 93, inciso IX, da Constituição Federal. 
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[Título do documento] 
 
Diante da prova produzida, então, o juiz vai optar pela solução que considera adequada 
e justa para aquele processo, aplicando as regras de fixação da pena, observados os limites 
estabelecidos na lei, conforme as etapas a serem seguidas na criação da sentença. 
Analisa a prova, argumentos e finalmente fundamenta seu entendimento e conclui, o que 
ocorre na parte final da sentença, ou seja, no dispositivo. 
Vale ressaltar que repetir o que a testemunha disse não é o mesmo que fundamentar. É 
preciso esclarecer o que a fala da testemunha comprova e porque ela merece credibilidade. 
Se você tiver certeza quanto à aplicabilidade a determinada questão e ao número de uma 
súmula de jurisprudência, mencioná-la trará pontos positivos na sua avaliação. Se você não 
estiver certo do número da súmula, você pode apenas referir-se ao fato de que o entendimento 
já está pacificado na jurisprudência e inclusive sumulado. 
Ou, se você não tiver certeza de que a questãofoi sumulada, diga que “o entendimento 
jurisprudencial dominante é no sentido de que...”, ou “é de pacífico entendimento jurisprudencial 
que...”. 
Lembre-se de que em hipótese alguma você poderá consultar súmulas de jurisprudência 
durante a fase de elaboração de sentenças. Faça a consulta enquanto estuda, mas no momento 
da prova ela é proibida pelo Conselho Nacional de Justiça. 
Se houver divergências de interpretação sobre determinada questão na jurisprudência, é 
mais seguro adotar o entendimento atual do Supremo Tribunal Federal, se recente. Mas o mais 
importante é sua fundamentação baseada em argumentos idôneos. 
 
ETAPAS DA FUNDAMENTAÇÃO (“DECIDO”) 
1. Apreciação de nulidades suscitadas pelas partes, requerimentos em preliminar, exceções 
(litispendência ou coisa julgada). 
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[Título do documento] 
 
2. Análise da prova de materialidade. 
3. Análise da prova de autoria. 
4. Eventuais questões preliminares. 
5. Enfrentamento das teses de defesa. 
6. Excludentes de ilicitude e culpabilidade. 
7. Conclusão sobre a comprovação da acusação, total ou parcialmente. 
8. Referência ao delito que entende comprovado e à pena prevista em abstrato. 
9. Fixação da pena. 
10. Deliberações finais 
 
1. Apreciação de nulidades suscitadas pelas partes, requerimentos em preliminar, exceções 
litispendência ou coisa julgada). 
É possível que o Ministério Público e a defesa tenham suscitado preliminares, que devem ser 
apreciadas antes de se adentrar ao mérito propriamente dito. 
Assim, por exemplo, se o Ministério Público fez requerimento que foi indeferido, pode 
eventualmente insistir na forma de preliminar ao apresentar suas alegações finais. 
É possível que qualquer das partes indique circunstância que impeça o julgamento de mérito, 
como litispendência ou coisa julgada. Se houver indicação de que há outro processo 
anteriormente distribuído em trâmite, acerca dos mesmos fatos, com o mesmo objeto, ou seja, 
com a imputação do mesmo crime (identidade de data e local), mesmos acusados, não faz 
sentido apreciar nenhuma outra questão posta. 
A coisa julgada igualmente impede a apreciação do mérito e se não foi antes suscitada, 
neste momento deve ser reconhecida, inviabilizando o prosseguimento do julgamento. 
Também a defesa pode alegar preliminares, como nulidade por cerceamento de defesa, em 
virtude do indeferimento da oitiva de uma testemunha ou da produção de uma prova, ou 
nulidade de citação ou outro ato processual. 
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[Título do documento] 
 
Mas lembre-se que é entendimento pacificado no STF, inclusive abrandando algumas 
possíveis nulidades, de que não há nulidade sem prejuízo: “pas de nullité sans grief”. Diante de 
uma alegação de nulidade, é preciso verificar se ela é realmente grave e prejudicial à defesa, 
valendo então mencionar a regra. Se você não tiver certeza da grafia de uma expressão em 
língua estrangeira, pode mencionar a tradução em língua portuguesa mesmo. Tenha segurança. 
Assim, você deve apreciá-la expressamente, rejeitando a preliminar suscitada. Por exemplo: 
“A arguição de nulidade por cerceamento de defesa não pode ser acolhida. 
Conforme decisão já lançada nos autos, o momento oportuno para arrolar testemunhas é no oferecimento da 
resposta escrita, não podendo a defesa injustificadamente e fora das hipóteses legais, pretender a oitiva de 
testemunhas trazidas por ocasião da audiência, surpreendendo a parte contrária, notadamente quando não há 
anuência do Ministério Público. E a defesa sequer indicou de que modo seu depoimento seria essencial ou 
importante ao esclarecimento dos fatos. 
Não é possível, portanto, concluir que tal testemunha pudesse de algum modo contribuir para a busca da 
verdade real. Não se trata de testemunha referida nem de fato novo surgido durante a tramitação do processo, 
que viesse a sugerir que tal pretensão estaria amparada pelo seu direito de ampla defesa. 
O réu foi pessoalmente intimado e teve oportunidade de oferecer sua resposta à acusação, inclusive arrolar 
testemunhas. Tal peça de fato foi juntada aos autos, estando devidamente observado o rito processual 
adequado. 
Rejeito, pois, a preliminar suscitada.” 
 
2. Análise da prova de materialidade. 
Após apreciar tais preliminares, o juiz trata da materialidade do crime, que se destina a 
confirmar a existência de prova do fato típico. Assim, deve mencionar laudos, perícias, 
documentos, em que se baseia para reconhecer comprovada a prova de materialidade dos 
crimes. 
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[Título do documento] 
 
Aqui incluem-se laudos relativos à comprovação de qualificadoras ou causas de aumento de 
pena, como laudo de exame de local de furto para comprovação de rompimento de obstáculo, 
escalada, etc. 
Lembre-se que em se tratando de infração que deixa vestígios, é essencial a comprovação 
da materialidade através do laudo respectivo. Ex.: laudo de exame de corpo de delito (por 
exemplo nos crimes de lesão corporal, estupro) laudo de exame documentoscópico (crimes de 
falsificação), laudo de exame químico toxicológico (crime de tráfico de drogas), etc. O auto de 
exibição e apreensão do objeto material do delito também serve de comprovação de 
materialidade. Assim, o auto de exibição e apreensão de objetos, nos crimes patrimoniais: 
“A materialidade encontra-se provada através do auto de exibição e apreensão juntado às fls. 10, laudo de 
exame de corpo de delito juntado às fls. 13, bem como por meio do laudo pericial em arma de fogo acostado 
às fls. 15, que atestou a potencialidade lesiva do objeto.” 
 
3. Análise da prova de autoria. 
Nesta fase da sentença, o magistrado deve indicar as provas produzidas que confirmam a 
acusação no tocante tanto à existência do crime quanto à autoria, bem como as razões de seu 
convencimento, esclarecendo porque se convenceu mais em relação a determinadas provas, 
eventualmente, em detrimento de outras. 
Assim, deverá referir declarações da vítima, que confirmou que teve o bem subtraído, 
descrevendo a forma como os agentes atuaram no momento do fato. A vítima, ainda, 
eventualmente poderá ter reconhecido os agentes com convicção, o que é importantíssimo para 
a confirmação da autoria. 
Também devem ser mencionadas testemunhas que tenham presenciado a ação criminosa, 
no todo ou em parte, ou que possam relatar circunstâncias que confirmem a autoria, tais como 
terem efetuado a detenção do réu, momentos após o crime, na posse do bem subtraído. 
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[Título do documento] 
 
O interrogatório pode ser fundamental par a confirmação de autoria, se o réu optar pela 
confissão em juízo. E se negar, é preciso indicar porque as provas produzidas demonstram que 
a versão do réu restou contrariada e desprovida de comprovação convincente. 
Finalmente, é possível que tenham sido produzidos laudos periciais que se vinculam à prova 
de autoria, tais como degravação de imagens do local do crime, onde aparecem as imagens 
dos agentes, laudo de exame grafotécnico, que comprova que determinado documento falso 
foi escrito pelo acusado, exame de DNA, que comprova que a criança nascida da vítima de 
estupro é filha do acusado, etc. 
“Quanto à autoria, a prova produzida confirma que ambos os acusados praticaram o delito que lhes foi 
imputado. 
A vítima reconheceu ambos os acusados, tanto na fase policial, logo após sua detenção, quanto em juízo, 
reafirmando a convicção antes demonstrada. Relatou que um dos agentes, que reconheceu como o acusado 
X, empunhava arma de fogo e apontou-a em sua direção, anunciando o assalto, enquantoo outro agente, Y, 
empurrou-a ao chão, subtraindo-lhe o telefone celular que trazia consigo. O crime se deu à luz do dia, relatando 
a vítima que os agentes não usavam qualquer disfarce, não havendo razão para duvidar da credibilidade de 
seu relato e dos reconhecimentos efetuados. 
A testemunha Carlos Alberto da Silva, ainda, policial militar que se encontrava nas imediações do local do 
crime, afirmou que foi acionado pela vítima quando por ali trafegava, apontando ela a direção que os agentes 
teriam tomado, descrevendo suas vestes e características físicas. Narrou que cerca de 300 metros adiante, 
avistou os acusados, que ao perceberem sua presença, tentaram evadir-se, confirmando a suspeita de que 
seriam os autores do delito, cujas características correspondiam ao relatado pela vítima. Afirmou a testemunha 
que em revista pessoal, seu parceiro, policial José do Amaral, encontrou o celular da vítima no bolso da bermuda 
do réu X, e uma arma de fogo em poder do réu Y. Relatou, finalmente, que ambos acabaram por confessar a 
subtração, sendo em seguida reconhecidos pela vítima, nas dependências da unidade policial. 
No mesmo sentido se deu o depoimento do policial José do Amaral, que confirmou integralmente o relato de 
seu parceiro, afirmando que a vítima contou ter sido arremessada ao solo por um dos agentes e inclusive 
apresentava escoriações na mão. Acrescentou também que ao ser apresentada a arma de fogo apreendida em 
poder do acusado Y, a vítima reconheceu-a como sendo idêntica àquela empregada no momento do roubo. 
 
[Título do documento] 
 
Além de não haver indícios de que os policiais ouvidos em juízo tivessem qualquer prévia desavença com os 
acusados, ou interesse em prejudicá-los, o que não foi comprovado, sua versão sempre foi a mesma e está em 
harmonia com as declarações da vítima. 
É pacífico o entendimento jurisprudencial no sentido de que a palavra de policiais, mormente quando amparada 
por outras provas, merece credibilidade. 
Na hipótese, ainda, a “res furtiva” foi apreendida em poder dos acusados, o que faz incidir a presunção de 
autoria, que não foi eliminada pela defesa. E a arma utilizada no crime, reconhecida pela vítima, estava em 
poder dos réus. 
A testemunha Maria de Jesus, arrolada pela defesa, de outro lado, nada presenciou, sendo suspeito seu relato 
de que no dia do fato o réu X estava em sua residência, eis que se trata da própria genitora do acusado, 
portanto, testemunha suspeita com evidente interesse em favorecê-lo. Além do mais, suas declarações, colhidas 
sem compromisso de dizer a verdade, sendo mera informante, contrariam as provas firmes e convincentes 
produzidas em desfavor dos acusados. 
Finalmente, ambos os acusados confessaram amplamente a prática do delito ao serem interrogados em juízo. 
Portanto, tais circunstâncias permitem concluir que os réus foram os autores do crime descrito na denúncia, 
sendo suficiente a prova de autoria.” 
4. Eventuais questões preliminares. 
Comprovada a materialidade e a autoria, resta apreciar se há questões preliminares ao 
julgamento do mérito ou prejudiciais, tais como a prescrição, excludente de ilicitude, etc. 
Enquanto a verificação da prescrição compete ao juiz até mesmo de ofício, à defesa cabe 
comprovar as excludentes de culpabilidade. 
“A alegação de prescrição não pode ser acolhida, eis que deve ser analisada de acordo com a pena em abstrato 
prevista para o delito, observando-se que, na hipótese, tal prazo prescricional não transcorreu. Além disso, os 
réus se evadiram da cadeia, sendo inicialmente citados por edital, e apenas após, pessoalmente. O processo e 
o prazo prescricional foram suspensos conforme decisão de fls. 50, do que se conclui que a tese defensiva é 
impertinente. 
 
[Título do documento] 
 
Quanto à alegação de que o fato foi de menor importância, atípico, também não comporta acolhimento. Ao 
contrário do sustentado, o crime de roubo é de gravidade intrínseca e significativa, sendo irrelevante o valor 
do bem subtraído. Portanto, o fato de o celular roubado ser velho e de pequeno valor, não beneficia a defesa 
e não descaracteriza a ilicitude da ação. Aliás, inaplicável ao crime de roubo o Princípio da Insignificância ou o 
reconhecimento do privilégio, previsto no art. 155, parágrafo segundo, do Código Penal. 
E a conclusão pericial produzida no incidente de insanidade mental instaurado em relação ao réu X foi no 
sentido de que o mesmo é plenamente imputável. E não sendo impugnada especificamente pela defesa, que 
não produziu prova do quanto alegado, deve a perícia prevalecer. Aliás, o juízo não constatou, por ocasião das 
audiências e contatos pessoais com o acusado, qualquer indício de inimputabilidade ou semi-imputabilidade 
penal, comportando-se o réu normalmente, respondendo com lógica as questões que lhe foram dirigidas.” 
5. Enfrentamento das teses da defesa e 
6. Excludentes de ilicitude e culpabilidade. 
O juiz deve apreciar e fundamentar sua decisão a respeito de TODAS as alegações de defesa 
dos acusados, sob pena de nulidade da sentença. É extremamente importante que todas as 
questões postas sejam expressamente analisadas. Aqui se concretizam não só a exigência da 
fundamentação das decisões judiciais como o direito à ampla defesa. 
Se a defesa alega insuficiência de provas, o juiz deve expor o motivo pelo qual considerou 
a prova suficiente para a comprovação da acusação e fazer referência especificamente a todos 
os elementos que serviram de base para seu convencimento. E deve, inclusive, indicar por qual 
razão estaria desconsiderando eventualmente uma ou outra prova. 
Você pode organizar sua sentença apreciando as teses de defesa, inclusive preliminares, após 
a apreciação da prova de autoria, pois esta já serve de fundamento para sua convicção. 
Assim, haverá uma sequência lógica se você afastar as alegações de nulidade, indicar as 
provas de materialidade, apreciar as provas de autoria, indicando quais servem para convencê-
lo, e depois, apreciar as teses de defesa, inclusive excludentes de ilicitude e culpabilidade. 
“Portanto, ao contrário do sustentado pela defesa, a prova é suficiente para a condenação. 
A alegação de prescrição... 
 
[Título do documento] 
 
A tese defensiva que sustenta que o fato foi de menor importância, atípico... 
A alegação de que a participação do acusado X foi de menor importância é descabida. Em que pese o disposto 
no art. 29, parágrafo primeiro do Código Penal, abrandando a Teoria Monista da ação em relação ao concurso 
de agentes, ela não se aplica, na hipótese dos autos. Ao contrário, restou demonstrado que referido réu 
empunhou a arma na direção da vítima no momento do roubo, reduzindo sua capacidade de resistência e 
sendo eficaz para intimidá-la, exercendo diretamente ação que consistiu em grave ameaça. Portanto, realizou 
ação prevista no tipo penal, sendo coautor do delito. 
Ainda, a vinculação subjetiva entre ambos os réus é evidente, sendo seus atos necessários e relevantes para 
atingirem o objetivo criminoso comum. O acusado Y empurrou a vítima e apoderou-se agressivamente de seu 
aparelho de telefone celular, ficando claro o dolo de praticar o delito que lhe foi imputado, exercendo ação 
violenta, chegando a causar lesão corporal de natureza leve na vítima, conforme atesta o laudo pericial de fls. 
10. Evidente, portanto, que houve concurso de agentes, concluindo-se pela presença da referida causa de 
aumento da pena. 
Não houve mera tentativa, pois os agentes tiveram a posse mansa e pacífica do bem subtraído, ainda que por 
curto lapso de tempo. E foram encontrados ocasionalmente após a prática do delito, não havendo qualquer 
tipo de perseguição. Não se confundir, ainda, consumação, que ocorreu após terem sido praticados todos os 
atos descritos no tipo penal, com exaurimento. Assim, não se acolhe a alegação de que o crime não chegou a 
consumar-se. 
E a conclusão pericial produzida no incidentede insanidade mental instaurado em relação ao réu X... 
Entende-se que o conjunto probatório confirma a acusação, sendo suficiente para a condenação de ambos os 
acusados pelo crime que lhes foi imputado. 
7. Conclusão sobre a comprovação da acusação, total ou parcialmente. 
Para deixar claro que você encerrou a apreciação de toda a prova e das questões postas 
pelas partes, afastando cada uma das teses de defesa, encerre esta etapa, apresentando sua 
conclusão sobre eventual demonstração total ou parcial da acusação: 
“Afastadas, portanto, as alegações de defesa e devidamente demonstradas as razões de convencimento desde 
juízo, resta proceder a fixação da pena.” 
 
[Título do documento] 
 
Se você entende que deve absolver um dos réus, a ação é procedente apenas em parte. Da 
mesma forma, se você vai afastar alguma causa de aumento de pena, qualificadora ou reconhece 
uma tentativa, por exemplo, não descrita na denúncia, a ação, nos termos em que foi proposta, 
é parcialmente procedente. 
8. Referência ao delito que entende comprovado e à pena prevista em abstrato. 
Para nortear esta parte da fundamentação, você pode mencionar o dispositivo legal referente 
ao crime que você considerou comprovado, conforme as provas produzidas, e indicar a pena 
prevista em abstrato. Fica organizado e claro, facilitando a apreciação desta nova etapa: 
“O crime praticado pelos acusados, diante da prova produzida, é aquele previsto no art. 157, parágrafo segundo, 
inciso II, combinado com o parágrafo segundo-A, e, ainda, com o art. 29, todos do Código Penal. 
A pena base é de quatro a dez anos de reclusão, e multa. A causa de aumento de pena prevista no art. 157, 
parágrafo segundo, II, é de um terço até a metade. E a causa de aumento de pena prevista no parágrafo 
segundo-A do mesmo dispositivo, é de dois terços.” 
9. Fixação da pena: 
Esta fase é a fase em que o juiz vai usar de sua discricionariedade e dos parâmetros legais 
para estabelecer a pena que será imposta ao réu, analisados vários elementos conhecidos como 
circunstâncias judiciais de fixação da pena. Leva-se em conta a necessidade de reprovação e de 
prevenção de novas condutas. 
Neste momento da sentença, é necessário que você reforce os conceitos estabelecidos no 
art. 59 do Código Penal, tais como o que caracteriza maus antecedentes, reincidência, como 
utilizar cada fator relevante em cada fase de fixação da pena, para não haver “bis in idem”, quais 
circunstâncias devem preponderar, quais se compensam. Reveja seus estudos a respeito disso, 
para ter em mente a linha que você vai adotar e o que a jurisprudência dos tribunais superiores 
tem reconhecido a respeito. 
Embora haja alguns critérios estabelecidos na lei, cuja interpretação é estabelecida na 
jurisprudência, você deverá fundamentar sua escolha. Você deverá também verificar as causas 
 
[Título do documento] 
 
de aumento e de diminuição da pena previstos na parte geral do Código Penal, para estar 
familiarizado e atento à sua localização. Relembre também o Código Penal, art. 59 a 67. 
Vejamos então cada etapa da fixação da pena, conforme descrito nos artigos 59 a 67 do 
Código Penal, para somente então cuidar do cálculo da pena (art. 68 e seguintes): 
1 - circunstâncias do art. 59 do Código Penal (circunstâncias judiciais); 
2 - agravantes e atenuantes (artigos 61/62 e 65/66 do Código Penal); 
3 - causas de aumento e de diminuição da pena (parte geral e especial do Código Penal e leis 
especiais). 
 
*1ª fase: circunstâncias do art. 59 do Código Penal: 
Você aqui fixar a pena inicial, que não pode ficar aquém ou além dos limites mínimo e 
máximo previstos em abstrato no tipo penal. Se o crime é de furto, nesta fase você poderá 
estabelecer a pena abaixo de 1 ano de reclusão, por mais favoráveis que possam ser as 
circunstâncias relacionadas ao crime e ao agente. 
O art. 59 do Código Penal determina que aqui sejam analisadas, as seguintes 
circunstâncias elencadas no caput, que refletem maior ou menor reprovabilidade da conduta: 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à 
personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem 
como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente 
para reprovação e prevenção do crime: (...) 
Culpabilidade, aqui, é empregada em sentido genérico, refere-se à maior ou menor 
reprovabilidade da conduta do agente. 
Se o réu não possuir maus antecedentes, considera-se ser portador de bons antecedentes. 
Parece óbvio, mas os bons antecedentes do acusado em geral preponderam para que a pena 
 
[Título do documento] 
 
seja fixada no patamar mínimo. Se o réu além de reincidente possui outras condenações 
definitivas, uma pode ser mencionada como reincidência e as outras, como maus antecedentes. 
Processos em andamento podem justificar uma eventual prisão preventiva, mas não 
podem caracterizar maus antecedentes, dado o princípio da presunção de inocência, que você 
pode mencionar. 
Não se esqueça de que se houver reincidência e maus antecedentes, devem ser 
desconsiderados se já estiverem atingidos pela “prescrição”, ou seja, passados cinco anos do 
cumprimento da pena ou da extinção da punibilidade, conforme reza o art. 64 do Código Penal. 
A lei fala apenas em prescrição da reincidência, mas há uma tendência jurisprudencial em 
desconsiderar também antecedentes atingidos da mesma forma. A questão está pendente de 
julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (RE 593818). 
Um fato praticado antes da data do crime em análise e que ensejou condenação definitiva 
durante a tramitação do seu processo, pode ser considerado como maus antecedentes. Nesse 
sentido, o entendimento majoritário no Supremo Tribunal Federal. 
A conduta social refere-se ao fato de ser o réu trabalhador, viver em ambiente familiar, 
não possuir informações que o desabonem. Se for pessoa dada a vícios, ao ócio, mantiver 
relacionamento belicoso em sociedade, estiver habituado a intimidar as pessoas, por exemplo, 
sua pena pode ser elevada acima do mínimo nesta fase. 
Se não houver motivação especialmente reprovável para o crime, a pena aqui não deve 
ser alterada. Veja que na hipótese de crime de homicídio, é possível que o motivo fútil esteja 
presente, mas aí trata-se de homicídio qualificado, com pena diferenciada em virtude de tal 
motivação, não cabendo analisar como circunstância do art. 59 do Código Penal. 
As circunstâncias do crime referem-se à forma pelo qual a ação ocorreu. Num crime de 
roubo, por exemplo, em que as vítimas foram constantemente ameaçadas, idosos 
desnecessariamente agredidos, vítimas agredidas com severidade sem que tenha oferecido 
qualquer resistência, crianças ameaças apontando-se armas de fogo contra suas cabeças, enfim, 
 
[Título do documento] 
 
formas de agressividade exacerbada, podem ser consideradas como circunstâncias do crime 
desfavoráveis, possibilitando a elevação da pena acima do mínimo. 
Consequências do crime podem envolver, por exemplo, um grande prejuízo patrimonial, 
abalo psicológico severo na vítima. 
E o comportamento da vítima, embora possa ter sido passivo, pode ao contrário ter 
implicado em circunstância que contribuiu para a ação delituosa. Por exemplo, num crime de 
homicídio, a vítima que constantemente agredia física e verbalmente o réu, humilhava-a 
publicamente, ameaçava a família do réu. 
É possível, assim classificar as circunstâncias do art. 59 do Código Penal em subjetivas 
(culpabilidade, antecedentes, conduta, personalidade e motivos) e objetivas (circunstâncias do 
crime, suas consequências e comportamento da vítima). 
Analisando todos os fatores relacionados na lei, o juiz pode discricionariamente fixar a 
pena mais próxima do mínimo, u no mínimo, ou mais próxima do máximo. Importante 
fundamentar as razões pelas quais você vai alterar a pena e fixá-la acima do mínimo. Se não 
houver nadarelevante e o réu não tiver maus antecedentes, você pode apenas dizer que as 
circunstâncias do art. 59 são favoráveis em relação ao réu X, pois possui bons antecedentes, 
mantém conduta social pretérita adequada, não havendo circunstâncias que aconselhem a 
fixação da pena acima do mínimo. 
Conforme já assentado pelo Supremo Tribunal Federal, a fixação da pena na fase do art. 
59 do Código Penal deve atender ao Princípio da Proporcionalidade, razão pela qual é 
importante verificar e apontar se houver pluralidade de circunstâncias desfavoráveis, que 
aconselham fixar a pena inicialmente acima do mínimo. 
Também a fixação de cada fase da pena deve ser individualizada, portanto, deve-se 
analisar a situação individual de cada réu, quer em relação à circunstâncias subjetivas, quer em 
relação às objetivas. 
 
[Título do documento] 
 
Se o crime prevê pena privativa de liberdade e de multa, você deve fixar as duas 
concomitantemente, mantendo a mesma fração de aumento ou de diminuição. 
Havendo pluralidade de réus, você pode apreciar as três fases de fixação da pena para 
um dos acusados e depois para o outro, deixando a pena de cada um dos acusados, clara e 
numa sequência lógica que facilita sua compreensão e verificação. 
Podemos, assim, exemplificar: 
Passo a fixar a pena do réu X. 
Considerando as circunstâncias do art. 59 do Código Penal, verifica-se que o acusado X é portador de bons 
antecedentes, primário, exerce atividade lícita e remunerada, mantém conduta social adequada, não havendo 
qualquer informação que o desabone. Não há circunstâncias que impliquem maior reprovabilidade de sua 
conduta, justificando a ação delituosa em virtude de estar passando necessidades, sendo motivação compatível 
com o tratamento menos gravoso. Ainda, o réu não exorbitou dos meios intimidatórios da vítima e houve a 
recuperação da “res furtiva”, não havendo demonstração de que o crime tenha implicado consequências de 
maior gravidade. Justifica-se, assim, a fixação inicial da pena no mínimo previsto em lei, ou seja, quatro anos 
de reclusão, bem como 10 dias-multa. 
(...) (agravantes/atenuantes e causas de aumento/diminuição da pena) 
Depois de analisar as agravantes e atenuantes e causas de aumento ou de diminuição da 
pena, você pode então fixar a pena do outro réu: 
Passo a fixar a pena do réu Y. 
Na fase de análise do art. 59 do Código Penal, verifica-se que o acusado Y é portador de maus antecedentes, 
conforme certidão juntada às fls. 25. Durante a prática do delito, permaneceu ofendendo desnecessariamente 
a vítima, que não ofereceu qualquer resistência, e, ainda, atirou-a ao solo com força, causando-lhe lesão 
corporal de natureza leve. Ademais, consta dos autos que o acusado Y nunca trabalhou, aparentemente 
sobrevivendo da prática de delitos. Justifica-se, assim, diante da maior reprovabilidade de sua conduta, que ele 
seja majorada de foram significativa, dada a existência de várias circunstâncias gravosas. Fixo, pois, sua pena, 
inicialmente, em cinco anos e quatro meses de reclusão e 13 dias-multa, no valor mínimo, por não ter sido 
produzida prova de que o acusado tenha condições financeiras privilegiadas, sendo, ao contrário, 
desempregado e pobre, na acepção da lei. 
 
[Título do documento] 
 
Para cálculo das frações e dias, quando não for possível chegar-se a números inteiros, você 
deve optar pela interpretação mais benéfica ao réu, arredondo a pena para menos. Nesta fase, 
insisto, mesmo que todas as circunstâncias sejam favoráveis ao acusado, você não pode 
estabelecer a pena abaixo no mínimo em abstrato. 
 
*2ª fase: agravantes e atenuantes: 
A partir da pena fixada na primeira fase, passa-se, então, a dosar a pena conforme a 
existência de agravantes e atenuantes. Aqui a pena ainda deve permanecer dentro dos limites 
da pena em abstrato. 
Para verificar a existência de circunstâncias agravantes, o juiz deve examinar os artigos 61 a 
64 do Código Penal. As atenuantes encontram-se no art. 65 e 66 do Código Penal. 
Não há circunstâncias agravantes a serem consideradas. Sendo o réu X primário e menor de 21 anos de idade 
na data do fato, atenuantes, deve a pena ser mantida no mínimo, ou seja, quatro anos de reclusão e dez dias-
multa. 
Ou, se você estiver fixando a pena de outro réu: 
Há agravante, pois o réu Y é reincidente específico em crime patrimonial praticado mediante violência ou grave 
ameaça, conforme atesta a certidão juntada às fls. 30. No entanto, o réu é também confesso, circunstância 
atenuante. Assim, sopesando-se as circunstâncias, na forma do art. 67 do Código Penal, elevo sua pena antes 
fixada apenas de um sexto, atingindo 6 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão, além de 15 dias-multa. 
Não se esqueça de que o art. 66 traz a possibilidade de reconhecimento de atenuantes não 
especificadas na lei, exigindo igualmente, fundamentação a respeito. 
A regra aplicável quando há concurso entre agravantes e atenuantes está no art. 67 do 
Código Penal. 
 
[Título do documento] 
 
 Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite 
indicado pelas circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam 
dos motivos determinantes do crime, da personalidade do agente e da reincidência. 
 
Jurisprudência no STJ sobre agravantes e atenuantes 
1) A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo 
do mínimo legal. 
*Sumula 231 do STJ 
*As atenuantes sempre atenuam a pena, por previsão expressa do artigo 65, caput, do Código 
Penal. Exceção (doutrina): 
Não incide a atenuante quando a circunstância já constitui ou privilegia o crime (doutrina); 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei nº7.209, 
de 11.7.1984) 
 I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) 
anos, na data da sentença; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 II - o desconhecimento da lei; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 III - ter o agente:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; 
 
 Lesão corporal 
 Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 Lesão corporal de natureza grave 
 § 1º Se resulta: 
 I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
 II - perigo de vida; 
 III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
 IV - aceleração de parto: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art65
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art65
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art65
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art65
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1980-1988/L7209.htm#art65
 
[Título do documento] 
 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 § 2° Se resulta: 
 I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
 II - enfermidade incurável; 
 III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
 IV - deformidade permanente; 
 V - aborto: 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 Lesão corporal seguida de morte 
 § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o 
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: 
 Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 
 Diminuição de pena 
 § 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou 
moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da 
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
OU 
Art. 242 - Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar 
recém-nascido ou substituí-lo, suprimindoou alterando direito inerente ao estado civil: 
 Pena - reclusão, de dois a seis anos. 
 Parágrafo único - Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: 
 Pena - detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena. 
Diferente da situação de uso de documento falso para obter beneficio previdenciário para 
ajudar a sustentar o neto (STJ reconheceu a atenuante do relevante valor moral (art. 65, III a do 
CP) 
 A agravante não pode incidir quando também qualifica ou constitui o crime (lei), pois 
caracterizaria o bis in idem. 
 
[Título do documento] 
 
 Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou 
qualificam o crime: 
(...) 
 
2) Em observância ao critério trifásico da dosimetria da pena estabelecido no art. 68 do 
Código Penal – CP, não é possível a compensação entre institutos de fases distintas. 
Art. 68 CP: sistema trifásico de cálculo da pena privativa de liberdade. 
-cada fase com fundamentos distintos: 
1ª circunstâncias judiciais do art. 59 do CP 
2ª agravantes (art. 61/62 CP) e atenuantes (art. 65/66 CP) 
3ª causas de aumento ou de diminuição da pena (parte geral e parte especial) 
-o juiz não pode compensar elementos de fases distintas 
 
3) Incide a atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea “d”, do CP na chamada 
confissão qualificada, hipótese em que o autor confessa a autoria do crime, embora 
alegando causa excludente de ilicitude ou culpabilidade. 
Tipos de confissão: 
-plena: confirma integralmente a acusação, suas circunstâncias, causas de aumento de pena, 
qualificadoras, etc. 
-parcial: nega uma causa de aumento ou circunstância do crime, como acusado de roubo, 
alega que não agiu com violência ou grave ameaça 
 
[Título do documento] 
 
-qualificada: admite a ação, mas alega fato impeditivo ou modificativo, como excludente de 
ilicitude ou antijuridicidade (admite que matou mas alega que agiu em legítima defesa) 
-seguida de retratação 
Observe que o art. 65, III, d, do CP fala apenas em “confissão espontânea”, não se referindo 
à confissão plena. 
A respeito de considerar o alcance da confissão efetuada, o STF possui posicionamentos 
controvertidos em relação à confissão qualificada: 
há decisões no sentido de que é possível aplicar a atenuante mesmo quando a confissão é 
qualificada (HC 99.436): e 
há decisões pela impossibilidade de atenuar a pena nas mesmas circunstâncias (HC 119.671). 
O STJ ainda em 2015 impunha que a confissão fosse relativa ao fato típico atribuído ao 
agente (plena ou total); caso se tratasse de admissão parcial para tentar modificar a imputação, 
não incidia a atenuante. Era, por exemplo, o caso de quem assumia a subtração mas negava o 
emprego de violência ou grave ameaça (HC 301.063/SP, DJe 18/9/2015). 
Há, no entanto, decisões recentes (2018) em que o tribunal mitiga a exigência de 
correspondência estrita entre a confissão e a imputação, admitindo a confissão parcial: 
“Embora a simples subtração configure crime diverso – furto -, também constitui uma das 
elementares do delito de roubo – crime complexo, consubstanciado na prática de furto, associado 
à prática de constrangimento, ameaça ou violência, daí a configuração de hipótese de confissão 
parcial.” (AgRg no HC 452.897/SP, j. 07/08/2018) 
No Superior Tribunal de Justiça, firmou-se o entendimento de que a confissão, ainda que 
parcial, deve ser considerada para atenuar a pena se utilizada como fundamento para a 
condenação (súmula nº 545). 
 
[Título do documento] 
 
*Súmula 545 do STJ: "Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o 
réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal." 
Portanto, o STJ adotou o entendimento de que se utilizada como fundamento para a 
condenação, a confissão ainda que parcial, qualificada ou retratada, atenua a pena. 
STJ - HABEAS CORPUS No 474.065 - MG (2018/0270502-4) 
- A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça é no sentido de que a confissão do acusado, quando 
utilizada para a formação do convencimento do julgador, deve ser reconhecida na dosagem da pena, como 
circunstância atenuante, nos termos do art. 65, III, "d", do CP, mesmo quando retratada ou eivada de teses 
defensivas, descriminantes ou exculpantes. Inteligência da Súmula n. 545/STJ. 
4) A condenação transitada em julgado pelo crime de porte de substância entorpecente 
para uso próprio gera reincidência e maus antecedentes, sendo fundamento idôneo para 
agravar a pena tanto na primeira como na segunda fase da dosimetria. 
A tese de que o crime de posse de entorpecente para uso próprio geraria reincidência perdeu 
efeito diante de recentes decisões proferidas por ambas as Turmas com competência criminal 
no STJ. 
A controvérsia decorre da ampla discussão ocorrida sobre a suposta descriminalização e 
despenalização da conduta, pela Lei 11.343/06. 
O STF, a respeito da alegação de descriminalização, afastou-a, pois considerou que a posse 
de drogas para consumo pessoal mantém a natureza criminosa, ainda que se diferenciando das 
demais figuras delituosas quanto às consequências, já que não se aplica pena privativa de 
liberdade. Sustentava, no entanto, a caracterização da reincidência. (RE 430.105-9-RJ, rel. Min. 
Sepúlveda Pertence, j. 13.02.07) 
A Sexta Turma do STJ (REsp 1.672.654/SP, j. 21/08/2018), no entanto, embora acompanhando 
o entendimento de que a figura ainda é crime, deu provimento ao recurso da defesa para afastar 
a reincidência decorrente da condenação anterior por posse de drogas para uso próprio, pelas 
seguintes razões: 
 
[Título do documento] 
 
-fazer incidir como agravante violaria o princípio da proporcionalidade. 
-art. 28 Lei 11.343/06: não há previsão legal de pena privativa de liberdade (advertência 
sobre os efeitos das drogas, prestação de serviços à comunidade e medida educativa de 
comparecimento a programa ou curso educativo) 
-considerar a reincidência implicaria tratamento mais gravoso que o dado à contravenção 
penal, passível de mera prisão simples e incapaz de gerar reincidência. 
Na mesma linha de entendimento, a Quinta Turma do tribunal decidiu no mesmo sentido: 
“Cabe ressaltar que as condenações anteriores por contravenções penais não são aptas a gerar 
reincidência, tendo em vista o que dispõe o artigo 63 do Código Penal, que apenas se refere a 
crimes anteriores. E, se as contravenções penais, puníveis com pena de prisão simples, não geram 
reincidência, mostra-se desproporcional o delito do artigo 28 da Lei 11.343/2006 configurar 
reincidência, tendo em vista que nem é punível com pena privativa de liberdade”. (HC 453.437/SP, 
j. 04/10/2018) 
 
5) Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por 
documento hábil. 
Assentou-se o entendimento na Súmula nº 74 do STJ, que “para efeitos penais, o 
reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento hábil”. 
A pena deve ser atenuada quando o agente, à época do fato (da ação ou omissão – art. 4º, 
CP), era menor de vinte e um anos de idade (menoridade relativa); ou maior de 70 na data da 
sentença. 
O fato de o Código Civil estabelecer a maioridade civil aos 18 anos, não revogou a atenuante 
da menoridade relativa trazida pelo art. 65 do CP. Direito Penal se preocupa com a idade 
biológica do agente, não com sua capacidade civil. 
 
[Título do documento] 
 
Quanto à prova do estado da pessoa, exige-se comprovação documental (certidão de 
nascimento ou documento oficial), ou seja, mera declaração do réu não basta. 
 
6) A agravante da reincidência pode ser comprovada com a folha de antecedentes 
criminais, não sendo obrigatória a apresentação de certidão cartorária. 
A circunstância agravante da reincidência deve ser analisada levando-se em conta a data do 
fato, ou seja, deve ser efetuada a verificação da situação processual e de antecedentes do réu 
no momentoda prática do crime. 
Lembre-se, ainda, que é necessário verificar na certidão de antecedentes criminais, a data da 
condenação e da extinção da pena, para fins de conferir se houve a prescrição da reincidência 
(passados 5 anos do cumprimento ou extinção da pena – art. 65, I do CP) 
 Com relação à prova de antecedentes, para fins de caracterização da reincidência, exigia-
se a certidão do feito em que ocorreu a condenação, que contém dados mais completos sobre 
o processo. 
O STJ, contudo, passou a admitir prova de reincidência pela folha de antecedentes criminais 
(HC 463.482/SP, j. 13/12/2018). 
 
7) É possível, na segunda fase do cálculo da pena, a compensação da agravante da 
reincidência com a atenuante da confissão espontânea. 
A questão é controvertida, havendo divergência entre os entendimentos lançados nos 
julgados do STJ e o STF, bem como na doutrina. 
Para uns, não poder pode se pode compensar reincidência e confissão espontânea, pois o 
art. 67 do CP seria expresso, entendendo-se que deveria prevalecer a reincidência. 
 
[Título do documento] 
 
Art. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a pena deve aproximar-se do limite indicado pelas 
circunstâncias preponderantes, entendendo-se como tais as que resultam dos motivos determinantes do 
crime, da personalidade do agente e da reincidência. 
Para outros, poderia compensar, pois a confissão estaria vinculada à personalidade do 
agente, tais como a capacidade de assumir erros e suas consequências. 
A 3ª Seção do STJ, por maioria, entendeu que a confissão demonstra arrependimento e 
vontade de corrigir o comportamento, e, portanto deve ter o mesmo peso da reincidência. 
 Já o STF entende que a agravante da reincidência prepondera sobre a atenuante da 
confissão espontânea, razão pela qual é inviável a compensação (RHC 135.819/DF em 
29/05/2018). E que não se pode tratar da mesma forma quem é primário e quem é reincidente. 
 
8) Nos casos em que há múltipla reincidência, é inviável a compensação integral entre 
a reincidência e a confissão. 
A compensação, nesta hipótese, seria injusta e desproporcional. 
 
*3ª fase: causas de aumento ou de diminuição da pena: 
Nesta fase, você vai verificar a existência de causas de aumento ou de diminuição da 
pena, que podem estar na parte geral do Código Penal, na parte especial, ou em leis especiais. 
Por isso, muita atenção ao enunciado. 
Para estudar para esta fase de fixação da pena, reveja no material de aula já 
disponibilizado as possibilidades de redução da pena existentes na parte geral do Código Penal. 
Não é possível compensar causas de aumento e causas de diminuição (admitido apenas 
quando houver agravantes e atenuantes) 
 
[Título do documento] 
 
Quando for fixar a pena, primeiro calcule as causas de aumento. Depois, sobre o resultado, 
aplique eventual causa de redução. 
*** Apenas nesta fase você PODE ultrapassar os limites mínimo e máximo da pena em abstrato. 
 
Critério de cálculo: sucessivo 
Como calcular a pena final, levando-se em conta causas de aumento e de diminuição? 
Deve incidir, nessa fase, sucessivamente, todas as causas de aumento ou diminuição 
previstas na parte geral do Código Penal e aquelas previstas na parte especial ou em leis 
especiais, nos termos do parágrafo único do art. 68, conforme a seguir descrito. 
 Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão 
consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. 
Em que pese a redação do dispositivo, primeiro calcule a quanto chegará a pena após 
aplicar a fração estabelecida em lei para o aumento da pena. Chegando ao resultado, aplique 
então a causas de diminuição. 
Concurso entre duas causas de aumento de pena na parte especial do Código Penal (ou de 
diminuição): 
Quanto houver mais de duas causas de aumento, ou mais de duas causas de diminuição, 
ambas na parte especial, a regra do art. 68 parágrafo único, do CP, possibilita que prevaleça 
apenas uma, que aumente mais, ou diminua mais a pena: 
 Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, 
pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais 
aumente ou diminua. 
Assim, a norma do parágrafo único do art. 68 indica a possibilidade de o juiz, quando 
analisar as causas de aumento ou diminuição previstas na parte especial ou em leis especiais, 
 
[Título do documento] 
 
limitar-se a utilizar uma só causa de aumento e uma só causa de diminuição, devendo prevalecer 
respectivamente a causa que mais aumente e aquela que mais diminua. 
Havendo mais de uma causa de aumento e/ou mais de uma causa de diminuição, deverá 
o juiz verificar e definir a causa de aumento e/ou a causa de diminuição que deve 
respectivamente prevalecer. 
Constatando-se duas causas de aumento previstas na parte especial, uma possível solução 
seria a utilização de uma delas como agravante, se prevista como circunstância agravante, e a 
outra como causa especial de aumento, fazendo com que estas incidam fases diferentes de 
fixação da pena. 
De outro lado, quando houver uma causa de diminuição na parte geral e outra na parte 
especial (por exemplo, a tentativa), não se aplica tal regra, devendo ser aplicadas as duas causas, 
sucessivamente, em geral primeiro a prevista na parte especial, e depois a prevista na parte 
geral do Código Penal. 
Concurso entre causas de aumento e de diminuição: 
Havendo causa de aumento na parte especial e causa de diminuição na parte especial, 
serão ambas aplicadas cumulativamente, primeiro aplicando-se a fração de aumento, e sobre 
o resultado, a de diminuição. 
Causas de aumento e de diminuição no CP: 
São causas especiais de diminuição previstas na Parte Geral: Arts.: 14, II (Tentativa); 16 
(Arrependimento Posterior); 21, parte final (Erro de Proibição Evitável); 24, § 2o (Relevância do 
Bem Jurídico não sacrificado); 26, parágrafo único (Responsabilidade Diminuída); 28, § 2o 
(Embriaguez Acidental Incompleta ) e 29, § 1o (Participação de Menor Importância). 
São causas especiais de aumento previstas na Parte Geral: Arts.: 29, § 2º (Participação 
Dolosamente Distinta com possibilidade de previsão do resultado mais grave); 70 (Concurso 
Formal ) e 71 (Crime Continuado). 
 
[Título do documento] 
 
São exemplos de causas especiais de diminuição previstas na Parte Especial: Arts.: 121, § 1o 
(Homicídio Privilegiado); 129, § 4o (Lesões Corporais Privilegiadas); 155, § 2o (Furto Privilegiado); 
171, § 1o (Estelionato Privilegiado). 
São exemplos de causas especiais de Aumento previstas na Parte Especial: Arts.: 121, § 4o 
(aumento especial em homicídio culposo e aumento especial em homicídio doloso); 141 e 141, 
parágrafo único (aumento especial da pena nos crimes contra a honra ) 155, § 1o (Furto 
Noturno); 157, § 2º, § 2º-A e § 2º-B (Roubo “Qualificado”); 158. § 1o (Extorsão “qualificada”); 168, 
§ 1o (aumento da pena na Apropriação Indébita), 226 (aumento da pena nos crimes contra a 
dignidade sexual). 
 
JURISPRUDÊNCIA SOBRE CAUSAS DE AUMENTO E DE DIMINUIÇÃO DA PENA (STJ) 
1. Não é possível dar às circunstâncias agravantes, maior expressão em quantidade de 
pena que às próprias causas de aumento de pena. 
HC 373.429/RJ, julgado em julgado em 01/12/2016 
Viola o Princípio da razoabilidade elevar acima de 1/6, já que se fosse causa de aumento de pena, seria 
elevada de 1/6 a 2/3. 
-reincidência, em regra, implica elevação da pena de 1/6 (específica tem-se admitido a elevação de 1/3). 
-inadmissível elevar a pena sem fundamentação: pacífico que o tribunal deve reduzir (P da fundamentação 
das decisões judiciais, P da ampla defesa) 
 
2. Critério matemático a ser adotado. 
Com relação à forma de se calcular e fazer incidir as frações relativas aos aumentos e 
diminuições, como já visto, adota-se o critério

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