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Nutrição do Adolescente Segundo a OMS, a adolescência compreende a idade de 10 a 19 anos. - Puberdade: Faz parte da adolescência, sendo um período anabólico intenso, com aumento da estatura e no peso, alterações na composição corporal e maturação de orgãos. Ela é desencadeada por estímulos hormonais do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas. Definição Estágios de maturação sexual ou Estágios de Tanner: Estágio 1 (M1P1/G1P1 Neste estágio as meninas e os meninos tem características físicas infantis. Em geral, as meninas tem menos de 9 a 10 anos e os meninos menos de 11 a 12 anos. OBS: A passagem do estágio 1 para o estágio 2 é de extrema importância para monitoração do crescimento. Neste períodos a criança passa por uma Fase de repleção pré-puberal – ocorre o acúmulo de tecido adiposo como forma de fazer reserva energética para o posterior estirão do crescimento. A criança fica com o aspecto mais “gordinho” sem que seja necessária a rotulação de risco para a obesidade Deve-se esclarecer a criança e aos pais que essas mudanças são necessárias para o aumento do aporte de nutrientes essenciais ao crescimento linear, desde que Não ultrapasse 20% de excesso de peso, em relação ao esperado pela altura. Restrições alimentares na fase de repleção pré-puberal Perda de repleção energética Desenvolvimento de ansiedade Atenção: Estágio 2 (M2P2/G2P2): Meninas – estão iniciando o estirão do crescimento e após cerca de 2 anos deste início, elas apresentarão a menarca. Meninos – representa o início da puberdade e não o início do estirão. Estágio 3 (M3P3/G3P3): Meninas: Já passou pelo estirão pubertário, ou seja, já obteve grande acréscimo de sua altura No início desse estágio a adolescente pode apresentar aspecto longelíneo e magro devido ao crescimento linear. Nesse período ocorre modificações na composição corporal: ↑ dos tecidos adiposo, magro e ósseo. A menarca vai ocorrer no final desse estágio, na transição para o estágio 4 Meninos – representa o período do estirão. Estágio 4 (M4P4/G4P4): Meninas: -A maioria já teve a menarca -Aspectos físicos mais maduros, perdendo o corpo infantil. -A altura já deverá ter alcançado ou estar próxima do potencial genético esperado -A composição corporal sofrerá mudanças por mais alguns anos. -Apesar da maior estatura e peso a necessidade energética será a mesma da fase anterior, -mas o consumo de energia é mais eficiente para o depósito de gordura. Importante que haja monitoração da ingestão alimentar e do gasto energético nesta fase com o objetivo de prevenir a deposição do excesso de gordura. Meninos: - Período de desaceleração do crescimento – está saindo do estirão podendo apresentar características emagrecidas. - Ao final desta etapa ganha-se tec. Adiposo e muscular com mais intensidade. - Diferente das meninas, o apetite ainda é voraz, pois apesar de apresentar menor velocidade de crescimento, necessita de maior ingestão alimentar para atender as necessidades nutricionais da maior dimensão física adquirida, principalmente em massa muscular. Estágio 5 (M5P5/G5P5): Finalização do processo de maturação sexual, de grandes modificações corporais e do crescimento linear. Este estágio indica a entrada na vida adulta. Meninas – reduz espontaneamente a ingestão alimentar para manter o peso proporcional a altura. Meninos – por adquirir mais altura e mais massa muscular tem gasto energético significativo que reflete maior consumo alimentar. O nutricionista precisa saber em que estágio o adolescente se encontra para estabelecer a estratégia de intervenção nutricional. Avaliação antropométrica na adolescência - O índice de massa corporal (IMC) foi recomendado como um indicador antropométrico essencial durante a adolescência (OMS, 1995). - Calcula-se o IMC pela divisão do peso em quilos pela altura em metros quadrados (Kg/m2), (Keys et al., 1972). ● Índice de massa corporal (IMC) Atenção Idade Cronológica Maturação Sexual PERCENTIL DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL < 5 BAIXO PESO ≥ 5 e < 85 EUTROFIA ≥ 85 e < 95 SOBREPESO ≥ 95 OBESIDADE IMC ADOLESCENTES - Para diagnosticar obesidade em adolescentes, a OMS (1995) sugeriu os pontos de corte de IMC para idade ˃ percentil 95 e as dobras subescapular e tricipital ˃ percentil 90. ●Dobras cutâneas: As dobras cutâneas são utilizadas como medidas de adiposidade. As mais utilizadas em adolescentes são a tricipital e a subescapular. Avaliação dietética na adolescência • Irregularidades das refeições: omitir refeição, especialmente o desjejum; • Consumo frequente de Fast foods e Snacks; • Consumo maior de alimentos entre as principais refeições, aumentando a ingestão de açúcares e gorduras saturadas e diminuindo a de micronutrientes; • Baixa ingestão de hortaliças e frutas; • Baixa ingestão de leite e produtos lácteos Avaliação dietética na adolescência A avaliação dietética pode ser realizada: Adolescentes principalmente do sexo feminino, insatisfeitas com a imagem corporal, frequentemente iniciam dietas com restrição energética. QF R 24 RA Avaliação dietética na adolescência Fatores de risco Nutricional Obesidade Transtornos alimentares – Anorexia, bulimia Gestação Uso abusivo de drogas Tabagismo Alcoolismo Atividade esportiva Recomendações Nutricionais ● Energia: Objetivo – atender as necessidades para o crescimento, desenvolvimento e atividade física. Na adolescência, o período de puberdade está associado ao elevado requerimento Energético e este difere de acordo com a fase pubertária. No estirão pubertário → ↑ da necessidade energética para garantir o crescimento. Cálculo da energia: NEE para meninos de 9 – 18 anos de idade (dentro do percentil 5 – 85 para IMC) NEE = 88,5 – 61,9 x idade (anos) + AF x (26,7 x P [kg] + 903 x altura [m]) + 25 NEE para meninas de 9 – 18 anos de idade (dentro do percentil 5 – 85 para IMC) NEE = 135,3 – 30,8 x idade (anos) + AF x (10 x P [kg] + 934 x altura [m] ) + 25 NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA ATIVIDADE FÍSICA COEFICIENTE DE ATIVIDADE FÍSICA PARA MENINOS 3 - 18 ANOS COEFICIENTE DE ATIVIDADE FÍSICA PARA MENINAS 3 - 18 ANOS Sedentário Atividades típicas do cotidiano (afazeres domésticos, caminhadas do cotidiano) 1,00 1,00 Pouco ativo Atividades típicas do cotidiano + 30 - 60 minutos de atividade diária moderada (ex, caminhadas de 5-7 km/h) 1,13 1,16 Ativo Atividades típicas do cotidiano + 60 minutos atividade diária moderada 1,26 1,31 Muito Ativo Atividades típicas do cotidiano + pelo menos 60 minutos atividade diária moderada + um adicional 60 minutos de atividade vigorosa ou 120 minutos de atividade moderada 1,42 1,56 NEE para meninos de 3 – 18 anos de idade com sobrepeso e em risco de ficarem com sobrepeso (IMC>percentil 85 para sobrepeso) NEE = 114 – 50,9 x idade (anos) + AF x (19,5 x P [kg] + 1161,4 x altura [m]) NEE para meninas de 3 – 18 anos de idade com sobrepeso e em risco de ficarem com sobrepeso (IMC>percentil 85 para sobrepeso) NEE = 389 – 41,2 x idade (anos) + AF x (15 x P [kg] + 701,6 x altura [m]) NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA COEFICIENTE DE ATIVIDADE FÍSICA PARA MENINOS 3 - 18 ANOS COEFICIENTE DE ATIVIDADE FÍSICA PARA MENINAS 3 - 18 ANOS Sedentário 1,00 1,00 Pouco ativo 1,12 1,18 Ativo 1,24 1,33 Muito Ativo 1,45 1,60 FAO/ OMS (2004) - VET = TMB x FA Idade (anos) TMB: kcal/dia Homens < 3 59,512 x P (kg) - 30,4 3-10 22,706 x P (kg) + 504,3 10-18 17,686 x P (kg) + 658,2 18-30 15,057 x P (kg) + 692,2 30-60 11,472 x P (kg) + 873,1 60 11,711 x P (kg) + 587,7 Mulheres < 3 58,317 x P (kg) - 31,1 3-10 20,315 x P (kg) + 485,9 10-18 13,384 x P (kg) + 692,6 18-30 14,818 x P (kg) + 486,6 30-60 8,126 x P (kg) + 845,6 60 9,082 x P (kg) + 658,5 Nível atividade física (NAF), segundo a idade (FAO/OMS, 2004) Idade (anos) Atividade leve Atividade moderada Atividade pesada Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino 10-11 1,45 1,45 1,70 1,70 1,951,95 11-12 1,50 1,50 1,75 1,75 2,00 2,00 12-13 1,50 1,55 1,75 1,80 2,00 2,05 13-14 1,50 1,55 1,75 1,80 2,00 2,05 14-15 1,50 1,60 1,75 1,85 2,00 2.15 15-16 1,50 1,60 1,75 1,85 2,00 2.15 16-17 1,50 1,55 1,75 1,85 2,00 2.15 17-18 1,45 1,55 1,70 1,85 1,95 2.15 Atividade física leve: caracterizada por realização de atividades sedentárias, permanência na escola por diversas horas, locomoção por meio de veículos, atividades de lazer que requerem pouco esforço físico (assistir TV, leitura, brincadeiras em computador) ou brincadeiras de pouco movimento). Atividade física intensa: caracterizada por realização de atividades vigorosas, locomoção por meio de caminhadas ou bicicleta, atividades que demandam muita energia por várias horas do dia e/ou prática de esportes ou exercícios que exigem esforço físico intenso. Atividade física moderada: atividades mais extenuantes que a leve e menos vigorosa que a intensa. Cálculo por cm de altura: Exemplo: Menino, 12 anos Peso 40 kg Altura 1,50m VET= 13kcal/cm 13 x 150= 1950 kcal ● Proteína: Necessária para o crescimento de novos tecidos. Recomendação: 10 a 30% do VET Deve-se estimular o consumo de proteínas de alto valor biológico e combinações corretas de proteínas de baixo valor biológico para fornecer balanço adequado de aminoácidos. Muitas vezes adolescentes deixam de comer carne motivados por grupos que exaltam a crueldade na matança dos animais, por moda, meio ambiente, etc... O nutricionista deve orientar que uma dieta sem proteína de origem animal deve ter disciplina para atender as necessidades do organismo e ajuda-lo na seleção e combinação de alimentos. Muitos adolescentes, principalmente meninas, podem reduzir a ingestão de energia e carboidrato para redução de peso → PTN utilizada como fonte de energia. ● Carboidratos: Recomendação : 45 a 65% do VET Fundamentais para se atingir as necessidades energéticas e para que os amino- ácidos provenientes da dieta não sejam utilizados como fonte de energia. Deve-se estimular a menor ingestão de carboidrato simples e de alto IG e a maior ingestão de carboidrato complexo e de baixo IG. ↑IG ↑ Insulina ↑ síntese de lipidio Favorece o deposito de gordura ● Lipidio: 20 a 35% (DRI/2001) ou 15 a 30% (FAO/0MS, 2003) Estimular o consumo de gorduras insaturadas e reduzir o consumo de saturadas e trans. ↑ consumo de gordura saturada e trans ↑LDLc Doenças cardiovasculares ● Fibras: Fibras Prevenção e tratamento da obesidade. Diminuição de colesterol Regulação da glicemia. Diminui risco de câncer Evita constipação, além da ação prebiotica. Recomendação : Até os 15 anos: idade + 5g Após os 15 anos: 20 a 30g/dia ● Micronutrientes: Os micronutrientes desempenham um papel importante no crescimento e saúde dos adolescentes. O consumo inadequado de frutas e hortaliças tem sido ligado a certos tipos de câncer e outras doenças. As recomendações nacionais indicam um consumo maior de frutas e hortaliças por suas contribuições de vitaminas, minerais e fitonutrientes. A recomendação é consumir 5 porções de frutas e hortaliças ao dia. Infelizmente, as pesquisas mostram que os adolescentes consomem significativamente menos do que a quantidade recomendada. Essa ingestão inadequada causa um grande impacto sobre a quantidade de vitaminas e minerais necessárias para o crescimento. → Ferro: Adolescência há aumento da necessidade de ferro devido: - rápido crescimento - Aumento da massa muscular - Aumento do volume sanguineo - Aumento das enzimas respiratórias - Menarca nas meninas (perda de ferro) OBS: Durante o período de rápido crescimento os adolescentes podem apresentar concentrações diminuídas de hematócrito e hemoglobina. Esta situação é chamada de anemia fisiológica do crescimento. Recomendação: 9 a 13 anos (meninos e meninas) – 11mg/dia 14 a 18 anos – meninos – 11mg/dia meninas – 15 mg/dia ● Cálcio: Na adolescência há aumento da necessidade de cálcio devido: - Formação da massa óssea - Aumento da massa muscular. Adolescentes ↑ consumo de refrigerante Diminui o consumo de leite Diminui a Ingestão de cálcio cafeína Aumenta a excreção de cálcio pela urina. Ác. fosfórico Prejudica a calcificação óssea Recomendação – 1300mg/dia. ● Zinco: Importante na adolescência devido: - Rápido crescimento - Maturação sexual - Aumento de massa magra. Deficiência de zinco: Retardo do crescimento e da maturação sexual, hipogonadismo nos adolescentes, diminuição da sensação do paladar, anorexia, pele seca, unhas quebradiças, etc. Recomendação: 9 a 13 anos – 8mg/dia 14 a 18 anos – meninos – 11mg/dia meninas – 9mg/dia ● Vitaminas: E vitamina A, C, E para o crescimento de novas células. A vitamina A, além de ser importante para o crescimento, é fundamental para a maturação sexual. São fontes de vitamina A: leite integral, fígado, gema de ovo e vegetais com folha verde-escuro (brócolis e espinafre) e legumes alaranjados (abóbora e cenoura), Apesar de haver poucos relatos sobre os baixos níveis séricos de vitamina C nos adolescentes, aqueles que habitualmente evitam frutas e vegetais e os fumantes podem estar maior risco de deficiência. A vitamina C atua como agente redutor em várias reações de hidroxilação, é essencial para a síntese de colágeno, reflete-se na cicatrização, na formação dos dentes e na integridade dos capilares, tornando-se indispensável em quantidade adequada para garantir o crescimento satisfatório. As melhores fontes de vitamina C são laranja, limão, acerola, morango, brócolis, repolho e espinafre. HÁBITOS ALIMENTARES INADEQUADOS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Omissão do café da manha. Consumo elevado de alimentos ricos em gordura (saturada): ▪Carnes gordas (gorduras), bacon; ▪Queijos, manteigas; ▪Frituras (salgadinhos, bolinhos, batata-frita, bife à milanesa); ▪Embutidos (salame, mortadela, presunto). Baixo consumo de frutas e hortaliças HÁBITOS ALIMENTARES INADEQUADOS NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA Observações: - Não existe uma dieta padrão que sirva para todos os adolescentes. - O importante é que a alimentação seja rica em proteínas, fibras, vegetais, frutas e alimentos que contenham cálcio (leite e derivados, vegetais verde- escuros), ferro (carne, cereais, aveia) e vitaminas (frutas, verduras, cereais). - Recomenda-se o hábito de se alimentar em horários regulares, o que costuma ser uma dificuldade para muitos adolescentes. As refeições devem ser um dos momentos de convivência familiar mais agradáveis do dia. - Devemos conhecer os hábitos alimentares das famílias e a cultura da população em relação ao comportamento alimentar.
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