Buscar

Nota de Aula - Unidade 2

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 23 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
2
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
CRÉDITOS
Núcleo de Tecnologias Educacionais
Coordenação do Núcleo de Tecnologias Educacionais
Andrea Chagas Alves de Almeida
Produção de Conteúdo Didático: 
Juliana Soares Monteiro e Isabela Fares Matias
Assessoria Pedagógica
Ariane Nogueira Cruz
Projeto Instrucional
Francisco Felipe Ferreira de Souza
Produção de Áudio e Vídeo
José Moreira de Sousa
Identidade Visual/ Arte
Thiago Bruno Costa de Oliveira
Programação
Francisca Natasha Q. Fernandes de Sousa
Editoração
Rafael Oliveira de Souza
Revisão Gramatical
Janaína de Mesquita Bezerra
3
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
SUMÁRIO
2. TEORIA GERAL DO DIREITO DO CONSUMIDOR 5
2.1 Natureza do Direito do Consumidor 5
2.2 Campo de aplicação do direito do consumidor: sujeitos da relação 
de consumo (consumidor e fornecedor) e objeto (produto e serviço). 6
2.3 Serviço Público e Direito do consumidor 14
2.4 Política Nacional das Relações de Consumo 16
2.5 Direitos básicos do consumidor 16
2.6 Diálogo das fontes 21
REFERÊNCIAS 23
4
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
Nesta unidade, será estudada a relação jurídica de consumo, bem como os 
elementos pertencentes a esta relação, quais sejam: o consumidor, o fornecedor, 
o produto e o serviço, inclusive o serviço público. Serão abordados ainda os 
pontos sobre a Política Nacional da Relação de Consumo, os direitos básicos do 
consumidor e o emprego do diálogo das fontes nas relações consumeristas. 
Houve, com o Código de Defesa do Consumidor uma redefinição das funções 
exercidas pelos contratos comerciais, reduzindo o campo da autonomia privada ou 
autonomia da vontade, com o objetivo de proteger os direitos dos contratualmente 
mais fracos, denominados de hipossuficientes.
Objetivos da Unidade 2:
• Discutir a Teoria Geral do Direito do Consumidor.
• Conhecer os conceitos de fornecedor, consumidor e relação de consumo
• Estudar os Direitos Básicos do Consumidor.
5
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
2. TEORIA GERAL DO DIREITO DO CONSUMIDOR
O Código de Defesa do Consumidor é uma legislação específica, sendo eficaz no seu propósito 
de proteger as relações jurídicas de consumo. Para tanto, a Lei nº 8.078/90 define quem é 
considerado fornecedor, quem é o consumidor, o que é produto e o que é serviço. Assim, as regras 
do CDC são aplicáveis em toda e qualquer relação de consumo. 
Vários autores, como Rizzato Nunes e Sérgio Cavalieri Filho, afirmam que o CDC é uma lei 
principiológica, definindo-o como um sistema autônomo existente dentro do sistema constitucional 
brasileiro.
Desta forma, a norma infraconstitucional (CDC) trouxe para os princípios e garantias 
constitucionais efeitos práticos dentro da relação de consumo. Assim, princípios previstos no art. 
4º do CDC, estudados no capítulo anterior, ganham contornos fáticos ao implementarem, por 
exemplo, a obrigatoriedade do respeito a saúde e a segurança do consumidor, bem como a garantia 
da qualidade do produto inserido no mercado.
Para se aprofundar no assunto, recomendo que você realize a leitura da obra 
Curso de Direito do Consumidor, de Rizzato Nunes, das páginas 111 até 117, 
disponível na Biblioteca Digital.
2.1 Natureza do Direito do Consumidor
As normas consumeristas são classificadas pela doutrina como sendo normas de ordem 
pública, cogentes e de caráter social, essenciais para o convívio social pacífico. 
São de ordem pública e possuem natureza de norma cogente por terem aplicação obrigatória, 
não permitindo o seu afastamento por vontade exclusiva das partes contratantes.
Por serem normas de ordem pública e com caráter social focam na necessidade de balancear a 
desigualdade existente entre fornecedor e consumidor, visando a pacificação da sociedade. Assim, 
o tratamento desigual ou privilegiado dispensado ao consumidor acarreta várias consequências 
práticas, como, por exemplo, a obrigatoriedade para o Juiz em aplicar as regras consumeristas de 
ofício, ou seja, independente do pedido das partes.
Outra consequência advinda do interesse social das normas consumeristas é a possibilidade 
do membro do Ministério Público defender os direitos individuais do consumidor, com base no art. 
127 da lei constitucional vigente, como nos casos relacionados ao direito a saúde, por exemplo.
6
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
Assim, de acordo com Paulo R. Roque A. Khouri (2013, pág. 37):
“O objetivo do CDC, ao proteger o consumidor, não é a simples proteção pela 
proteção em si, mas a busca permanente do equilíbrio do contrato entre o consumidor 
e o fornecedor de bens e serviços. Esse, em princípio, o mais forte economicamente, 
e em condições de impor sua vontade, num ambiente propício à conquista de maior 
vantagem econômica contra aquele reconhecidamente vulnerável, o mais fraco dessa 
relação. O CDC nada mais é do que uma tentativa de reequilibrar essa relação, tendo 
em vista a posição econômica favorável do fornecedor; impondo-se a necessidade 
de um equilíbrio mínimo em todas as relações contratuais de consumo.”.
2.2 Campo de aplicação do direito do consumidor: sujeitos da relação 
de consumo (consumidor e fornecedor) e objeto (produto e serviço).
O direito do consumidor é uma lei específica, aplicada a todo e qualquer contrato de 
consumo. E este tipo de contrato necessariamente envolve um produto ou serviço colocado no 
mercado. A relação de consumo surge do contrato envolvendo o fornecedor e o consumidor.
De acordo com Paulo R. Roque A. Khouri (2013, pág. 37):
A relação de consumo vai comportar dois elementos fundamentais: o subjetivo e o teleológico. 
O subjetivo manifesta-se na qualidade dos participes dessa relação. É que necessariamente 
deverão estar nela envolvidos um fornecedor e um consumidor. Já o elemento teleológico 
se manifesta no fim da aquisição do bem ou serviço, qual seja, a destinação final. A doutrina 
fala também na presença de um elemento objetivo, que seria o produto ou serviço. Quando 
se adquire um produto, em princípio, tem-se um contrato de compra e venda. Quando se 
adquire um serviço, em princípio, tem-se um contrato de prestação de serviços. Em linhas 
gerais, esses são os dois contratos com os quais o CDC mais se preocupa, embora se aplique 
também o CDC aos contratos de seguro, mútuo, locação, permuta etc.
A relação de consumo é, portanto, uma relação jurídica obrigacional que se estabelece entre 
fornecedor e consumidor, sendo este o adquirente ou usuário de produto ou serviço fornecido no 
mercado de consumo por aquele.
7
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
A relação jurídica de consumo não é conceituada pelo Código de Defesa do Consumidor 
(Lei nº.8078/90), muito embora seja citada no artigo 4º, MAS todos os seus elementos 
estão devidamente definidos pelo CDC.
Assim, a Lei nº 8078/90, em seu art. 2º, traz o conceito jurídico de CONSUMIDOR:
“Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que 
indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.”.
A doutrina admite um conceito subjetivo e um conceito objetivo para consumidor. No conceito 
subjetivo, considera-se consumidor o sujeito não-profissional que adquire produtos e serviços para 
satisfação de necessidade pessoal ou de sua família.
Nesta linha de entendimento, as normas de defesa dos consumidores não se aplicam aos 
contratos realizados entre dois profissionais, que buscam o lucro com o contrato que firmam entre 
si. Tome-se como exemplo um advogado que adquire um notebook e um aparelho celular para o 
exercício de sua profissão. Esteadvogado não é considerado consumidor pelo conceito subjetivo, 
apesar de ter realizado um contrato de compra e venda em uma loja localizada em um shopping. 
Já a construção do conceito objetivo de consumidor está no ato de consumir. Esta concepção 
é a trazida pelo art. 2º do CDC. Por esta razão, admite-se que tanto o profissional como o não-
profissional sejam tratados como consumidores, ficando a depender da constatação da sua condição 
de vulnerável na relação jurídica de consumo. Assim, pode o consumidor profissional gozar da 
proteção consumerista, desde que adquira um produto ou serviço como destinatário final.
Segundo Sérgio Cavalieri Filho (2014, pág.67), no conceito de consumidor do CDC “...a única 
caraterística restritiva é a expressão – destinatário final. Mas o que significa ser destinatário final 
de produtos ou serviços? Basta retirar o bem da cadeia de produção? Foi nesse ponto que surgiu a 
controvérsia em nossa doutrina e jurisprudência.”. 
8
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
Desta forma, em relação ao conceito de consumidor trazido pelo Código de Defesa do 
Consumidor (Lei nº 8078/90) há a divisão entre a corrente finalista ou minimalista, com uma 
concepção mais tradicional, e a corrente maximalista, que entende serem as normas do CDC um 
novo regulamento para o mercado de consumo. 
Para a corrente finalista (denominada também de minimalista ou de subjetiva), a tutela 
especial deferida aos consumidores somente se justifica em virtude da sua vulnerabilidade nas 
relações contratuais no mercado de consumo. A corrente finalista, propõe uma interpretação 
restrita da expressão destinatário final, sendo este a pessoa que retira o bem da cadeia de produção 
do mercado de consumo, ou seja, o destinatário final fático e econômico do bem ou serviço, sendo 
ele pessoa física ou jurídica.
Já para a corrente maximalista, também chamada de objetiva, a pessoa física e a pessoa 
jurídica podem igualmente ocupar o papel de fornecedor ou de consumidor, dependendo apenas 
do interesse que tenham na relação de consumo. Caso funcionem como destinatária final fática 
do bem, serão compreendidas como consumidora. A corrente afasta a vulnerabilidade como fonte 
justificadora da tutela especial e do conceito de consumidor. Desta forma, objetivamente, elegeu 
o consumidor como sendo o destinatário final fático, ou seja, a pessoa que retira o produto do 
mercado, independentemente do destino que atribuirá ao bem. 
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) adota, na maioria dos seus julgados, a teoria definida 
como finalista (mitigada) para a caracterização de uma relação de consumo. Assim, torna-se 
necessário para o reconhecimento do consumidor que, quando o produto adquirido apresentar 
uma finalidade econômica, seja realizada a análise das condições de vulnerabilidade.
O STJ vem ampliando o conceito de destinatário final em vários julgados e aplicando as regras 
protecionistas como em um caso envolvendo uma operadora de cartão de crédito e uma farmácia, 
sendo a farmácia reconhecida como destinatária final do serviço de crédito. Caso você queira 
entender melhor, acesse o site do STJ e veja a integra de alguns julgados como: REsp 41.056, 
publicado no DJ de20/09/2004; REsp 208.793, publicado no DJ de 1/08/2000; REsp 445.854, 
publicado no DJ de 19/12/2003; REsp 476.428, publicado no DJ de 09/05/2005.
E o que seria consumidor equiparado?
Destaque-se que há ainda a figura do consumidor equiparado, ou seja, o CDC, objetivando a 
efetiva reparação do dano (princípio da reparação integral do dano) equipara a vítima direta de um 
acidente de consumo a coletividade que haja intervindo nessa relação, como por exemplo, todos 
os adquirentes de um determinado aparelho celular que foi colocado no mercado com um defeito 
de fábrica, que o faz esquentar em demasia e explodir; todas as pessoas convidadas a um jantar e 
que sofreram infecção alimentar por utilização de alimentos estragados pelo buffet. A figura do 
consumidor equiparado está prevista nos Arts. 2º, parágrafo único, 17 e 29 do CDC.
9
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
Assim, equipara-se ao consumidor as pessoas expostas à lesão provocada pelo fornecimento 
de bens ou serviços no mercado de consumo, ainda que seja uma coletividade indeterminável de 
pessoas, como por exemplo, todas as pessoas que compraram um determinado notebook pela 
internet e quando do recebimento, verificaram que o produto travava quando utilizado.
O consumidor bystander, também denominado de terceira vítima do evento, é o consumidor 
equiparado, para efeito do acesso à reparação do dano. Esta equiparação ou ampliação do 
conceito de consumidor, traz para a proteção do CDC pessoas que não consumiram efetivamente 
um produto ou serviço.
Trata-se da proteção dada a um terceiro que não está na relação de consumo, mas que por 
circunstâncias fáticas sofre um dano advindo do produto ou serviço. Para exemplificar, tem-se as 
vítimas terrestres de um acidente aéreo; ou um transeunte que foi atropelado por um transporte 
escolar, tendo ocorrido o acidente por falha de fabricação do veículo; ou no caso de anúncio falso 
na internet, indicando um fornecedor que não autorizou o referido anúncio.
10
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
“Equiparam-se a consumidores, para efeitos dessa proteção legal: a) a 
coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações 
de consumo (art. 2º, parágrafo único – terceiros-intervenientes); b) todas as vítimas 
do fato do produto ou do serviço (art. 17 – terceiros- -vitimas); c) todas as pessoas, 
determináveis ou não, expostas às práticas comerciais e à disciplina contratual – 
neste último caso, em posição de vulnerabilidade (art. 29 – terceiros-expostos)”. 
(Cavalieri Filho, Sérgio. Programa de direito do consumidor. 4ª. ed. São Paulo: 
Atlas, 2014. Pág. 77).
Decidiu a 8ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, no processo nº 
07001302620188070008 (Apelação), julgado em 03/04/2019 e publicado no DJE em 
08/04/2019, que:
RECURSO DE APELAÇÃO. DIREITO CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO 
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. EQUIPARAÇÃO. ARTIGO 17. POSSIBILIDADE. COLISÃO COM 
TRASEIRA DE VEÍCULO. DEVER GERAL DE CAUTELA. PRESUNÇÃO RELATIVA. MANOBRA 
REPENTINA. RESPONSABILIDADE AFASTADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. A 
doutrina convencionou chamar de consumidor por equiparação ou bystander todos aqueles 
que, embora não façam parte diretamente de uma relação de consumo, sofrem os efeitos 
lesivos da falha na prestação de serviço e, portanto, também merecem ser tutelados pelo 
microssistema legal, nos termos do artigo 17 da Legislação Consumerista. 2. A despeito 
da inexistência de vínculo direto de prestação de serviço entre os litigantes, se a empresa 
ré é pessoa jurídica cuja atividade envolve o transporte intermunicipal e interestadual de 
produtos e, no transcorrer dessa atividade lucrativa, causa danos a terceiros, configura-se 
a figura do consumidor por equiparação, nos termos do artigo 17 do Código de Defesa do 
Consumidor. 3. O boletim de ocorrência emitido por autoridade rodoviária é documento 
público, com presunção de veracidade iuris tantum. Ou seja, os fatos descritos reputam-se 
válidos, cabendo ao réu impugná-los. Precedentes. 4. O artigo 29, inciso II, do Código de 
Trânsito Brasileiro estabelece o dever geral de cautela do condutor, para prevenir eventuais 
acidentes à sua frente. Essa obrigação geral, no entanto, não se traduz em presunção absoluta 
da culpa exclusiva por qualquer acidente no qual o condutor se choque com o veículo à sua 
frente. 5. Apesar do dever geral de cautela, o condutor não pode ser responsabilizado pela 
frenagem brusca de dois caminhões à sua frente, circunstância absolutamente inesperada e 
estranha aos padrões normais de tráfego, a qual o fez colidir com a traseira do caminhãoda 
empresa apelada. 6. Recurso conhecido e provido.
11
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
Fechando o estudo sobre conceito de consumidor, Sérgio Cavalieri Filho (2014, págs. 75-76) 
destaca as suas principais características de acordo com a legislação pátria:
Dissecado o conceito jurídico de consumidor (padrão ou standard), recordamos as suas 
características marcantes, a saber: a) posição de destinatário fático e econômico quando 
da aquisição de um produto ou da contratação de um serviço. O destinatário fático, 
simplesmente, ainda que possa receber a tutela legal em virtude de outras situações, não 
estará́ incluído no conceito de consumidor padrão; b) aquisição de um produto ou a utilização 
de um serviço para suprimento de suas próprias necessidades, de sua família, ou dos que se 
subordinam por vinculação doméstica ou protetiva a ele, e não para desenvolvimento de 
outra atividade negocial, significa dizer, ausência de intermediação, de reaproveitamento 
ou de revenda; c) não profissionalidade, como regra geral, assim entendida a aquisição 
ou a utilização de produtos ou serviços sem querer prolongar o ciclo econômico desses 
bens ou serviços no âmbito de um comércio ou de uma profissão. Excepcionalmente, de se 
conferir ao destinatário fático, profissional, a qualidade de consumidor quando preencher, 
cumulativamente, duas condições, não presumíveis e, portanto, que devem ser cabalmente 
comprovadas pelo mesmo: (1) aquisição de um produto ou contratação de um serviço fora de 
seu campo de especialidade profissional ou comercial; e (2) pequena dimensão da empresa 
ou do profissional, de tal sorte que se evidencie a sua vulnerabilidade; d) vulnerabilidade 
em sentido amplo (técnica, jurídica ou científica, fática ou socioeconômica e psíquica), isto 
é, o consumidor é reconhecido como a parte mais fraca da relação de consumo, afetado 
em sua liberdade pela ignorância, pela dispersão, pela desvantagem técnica ou econômica, 
pela pressão das necessidades, ou pela influência da propaganda.
Continuando o estudo dos elementos da relação de consumo, passa-se ao estudo do conceito 
de fornecedor. A Lei nº 8078/90, em seu art. 3º, caput, define FORNECEDOR:
“Art. 3°. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional 
ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de 
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, 
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Pela leitura do artigo 3º do CDC, verifica-se que o conceito é amplo. O artigo traz uma vasta, 
mas não exaustiva, relação das atividades que podem ser desenvolvidas por uma pessoa, desde 
que seja feita com habitualidade e com o intuito de lucro. Assim, no conceito de fornecedor 
devem estar presentes a profissionalidade e o fim lucrativo. Não é necessário que o fornecedor 
seja um profissional regular, o comerciante irregular e a sociedade de fato também podem ser 
considerados fornecedores.
12
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
De acordo com Rizzato Nunes (2019, pág. 133):
A leitura pura e simples desse caput já é capaz de nos dar um panorama da extensão das 
pessoas enumeradas como fornecedoras. Na realidade são todas pessoas capazes, físicas 
ou jurídicas, além dos entes desprovidos de personalidade. Não há exclusão alguma do 
tipo de pessoa jurídica, já que o CDC é genérico e busca atingir todo e qualquer modelo. 
São fornecedores as pessoas jurídicas públicas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, com 
sede ou não no País, as sociedades anônimas, as por quotas de responsabilidade limitada, 
as sociedades civis, com ou sem fins lucrativos, as fundações, as sociedades de economia 
mista, as empresas públicas, as autarquias, os órgãos da Administração direta etc. 
Quanto ao elemento lucro, este pode se estar presente de forma indireta na relação de 
consumo, sem retirar a característica de fornecedor. Afirma Paulo R. Roque A. Khouri (2013, pág. 
53) sobre o assunto: 
Situação típica de remuneração indireta é do estacionamento de supermercados e shopping 
centers, fornecidos aparentemente de forma gratuita. Entretanto, como a atividade de 
fornecer o estacionamento é de fundamental importância para a atividade principal do 
fornecedor, que não conseguiria atrair clientela sem o oferecimento de estacionamento 
fácil e seguro, o próprio STJ já decidiu que, embora “gratuito”, há relação de consumo 
e, portanto, deve o fornecedor indenizar os consumidores que venham a sofrer quaisquer 
danos em seu veículo. 
Tratando ainda do conceito de fornecedor, Sérgio Cavalieri Filho (2014, pág.80) afirma:
A estratégia do legislador permite considerar fornecedores todos aqueles que, mesmo sem 
personalidade jurídica (“entes despersonalizados”), atuam nas diversas etapas do processo 
produtivo (produção-transformação-distribuição-comercialização-prestação), antes 
da chegada do produto ou serviço ao seu destinatário final. Deste modo, não apenas o 
fabricante ou o produtor originário, mas, também, todos os intermediários (intervenientes, 
transformadores, distribuidores) e, ainda, o comerciante – desde que façam disso as suas 
atividades principais ou profissões, serão tratados pela lei como fornecedores.
13
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
O Estado é um prestador de serviços, sendo esses serviços denominados de públicos. O Art. 3º, 
caput, do CDC, quando conceitua o fornecedor, já traz a possibilidade da pessoa jurídica de direito 
público ser enquadrada neste conceito. E o Art. 6º, X, dispõe sobre o direito do consumidor de 
ter acesso aos serviços públicos adequados e eficazes. Já o Art. 22 trata da responsabilidade dos 
órgãos públicos pela execução dos serviços e sobre eventuais danos.
Desta forma, quando o Estado atua no mercado de consumo como um ente qualquer, ou seja, 
sem relação de subordinação, cobrando por seus serviços (o denominado preço público ou tarifa), 
o Estado ocupa o papel de fornecedor.
Porém, se a relação jurídica for uma relação tributária, o Estado não irá se enquadrar no 
conceito de fornecedor. Também não haverá relação de consumo quando o serviço prestado não 
for remunerado, como nos casos de segurança pública, ou nos casos de prestação de serviços de 
saúde (ex: hospital público) e de educação (ex: universidade pública).
Se os serviços públicos forem prestados por empresas privadas (pessoas jurídicas de direito 
privado prestadoras de serviço público), caberá à empresa (e não ao Estado) figurar no papel de 
fornecedor. A responsabilidade é exclusiva da empresa, só podendo o Estado vir a ser acionado de 
forma subsidiária.
Para ampliar seus conhecimentos sobre o assunto abordado, recomenda-se a leitura do 
material disponibilizado no link a seguir:
<https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI302449,101048-O+STJ+e+o+direito+comercial>
Art. 3°. …
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Continuando o estudo dos elementos da relação jurídica de consumos, para que esta possa 
efetivamente se concretizar, é necessário que seja fornecido/adquirido um produto ou serviço. 
Assim, passa-se a análise dos conceitos desses dois elementos. Iniciando pelo conceito de produto 
trazido pelo CDC:
O conceito de produto é amplo, abrangendo todo e qualquer objeto que possui valor 
econômico e é suscetível de ser objeto de uma relação jurídica. Desta forma, afirma Rizzato Nunes 
(2019, pág. 137):
Esse conceito de produto é universal nos dias atuais e está estreitamente ligado à ideia 
do bem, resultado da produção no mercado de consumo das sociedades capitalistas 
contemporâneas. É vantajoso seu uso, pois o conceito passa a valer no meio jurídico e já era 
usado por todos os demais agentes do mercado (econômico, financeiro, de comunicações 
etc.).
https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI302449,101048-O+STJ+e+o+direito+comercial14
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
Art. 3º ...
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante 
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista.
O produto é aqui compreendido por sua natureza econômica, enquanto bens. Os bens 
são espécies do gênero coisas. São, portanto coisas suscetíveis de apropriação pelo homem e, 
consequentemente, valoradas economicamente. Por isso, pode-se dizer que o CDC adotou um 
conceito bastante amplo ao tratar de produto, conceituando-o como qualquer bem.
Verifica-se que serviço é toda e qualquer atividade inserida no mercado. Assim, de acordo com 
Sérgio Cavalieri Filho (2014, pág. 84) as “... atividades podem ser de natureza material, financeira 
ou intelectual, prestadas por entidades públicas ou privadas, mediante remuneração direta ou 
indireta”. 
Desta forma, toda e qualquer atividade colocada no mercado devem se submeter as normas 
consumeristas. E esta regra é válida tanto para as instituições financeiras, quanto para os serviços 
públicos.
O STJ possui a Súmula 297, de 12/05/2004, que determina a incidência das normas do CDC 
para as relações que envolvem serviços prestados por instituições financeiras: Súmula 297: “O 
Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras”. 
No entanto, é importante que em cada situação seja analisado o conceito de consumidor, 
como destinatário final, pois em algumas operações financeiras, a pessoa que adquire produtos 
e serviços bancários, por exemplo um empréstimo, poderá fazê-lo como meio para o exercício de 
outra atividade remunerada. Nesse caso, serão afastadas as regras do CDC.
2.3 Serviço Público e Direito do consumidor
Já em relação ao serviço público, o art. 6º, X, do CDC determina ser um direito do consumidor 
a “adequada e eficaz prestação dos serviços públicos, em geral”; e, o Art. 22, dispõe-se acerca da 
obrigatoriedade dos órgãos públicos, por si ou por suas empresas, concessionárias, permissionárias, 
ou sob qualquer outra forma de empreendimento, de fornecer serviços adequados, eficientes e 
seguros, quando essenciais e contínuos.
Rizzato Nunes (2019, pág.150) afirma:
… toda e qualquer empresa pública ou privada que por via de contratação com a 
Administração Pública forneça serviços públicos, assim como, também, as autarquias, 
fundações e sociedades de economia mista. O que caracteriza a pessoa jurídica responsável 
na relação jurídica de consumo estabelecida é o serviço público que ela está oferecendo e/
ou prestando.
15
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
Logo, a pessoa jurídica de direito público ou privado que oferece serviço mediante remuneração 
(por preço público ou tarifa) é considerada fornecedora, sendo o usuário, por consequência, 
consumidor.
Afirma Sérgio Cavalieri Filho (2014, pág. 87), quando trata da diferenciação do serviço pago 
por meio de taxa (no qual não incidem as normas consumeristas, do serviço remunerado por tarifa:
A tarifa é, portanto, remuneração facultativa, oriunda de relação contratual na qual impera 
a manifestação da vontade, podendo o particular interromper o contrato quando assim 
desejar. Assim, não se há́ confundir taxa com tarifa ou preço público, como aliás advertido 
está́ na Súmula 545/STF. Se o serviço público é remunerado por taxa, não podem as partes 
cessar a prestação ou a contraprestação por conta própria, característica só pertinente 
às relações contratuais, na esfera do Direito Civil. Verifica-se, portanto, que é a partir do 
sistema de remuneração que se define a natureza jurídica da relação do serviço público 
prestado. Quando os serviços públicos estão sujeitos às regras do Código do Consumidor? 
Essa é outra questão sobre a qual não há unidade doutrinária. Uma corrente defende a 
aplicação do CDC somente aos serviços remunerados por tarifa (preço público), estando 
dentre os adeptos dessa corrente Cláudio Banolo e Paulo Valério Del Pai Moraes (Questões 
controvertidas no Código de Defesa do Consumidor, 4. ed., Livraria do Advogado). Uma 
segunda corrente, menos ortodoxa, da qual são adeptos Cláudia Lima Marques e Adalberto 
Pasqualotto, entende que o CDC é aplicável, indistintamente, a todos os serviços públicos, 
remunerados por tributos ou tarifa. Estamos com a primeira corrente, para a qual só os 
serviços remunerados por tarifa podem se regidos pelo Código de Defesa do Consumidor, em 
razão do direito de escolha do usuário, um dos direitos básicos para o reconhecimento da 
condição de consumidor, e ainda pelo fato de ser a remuneração exigência necessária para 
a caracterização do serviço sujeito ao CDC. No serviço público custeado por taxa (espécie 
de tributo), não há remuneração, mas sim contribuição tributária. 
Assim, o CDC somente incidirá nas relações que envolvam a prestação dos serviços públicos 
quando remunerados, ou seja, quando presentes as figuras do consumidor, do fornecedor e a 
prestação do serviço remunerado oferecido no mercado de consumo.
No Brasil, o serviço público próprio e essencial (Lei nº 7.783/1989) não se enquadra como 
atividade fornecida no mercado de consumo, tratando-se de atividade pública. Assim, os serviços 
públicos próprios prestados direta ou indiretamente não são classificados como atividade 
econômica pura e simplesmente; correspondendo a um dever do Estado, indispensável à realização 
de direitos fundamentais.
16
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
2.4 Política Nacional das Relações de Consumo
A Política Nacional das Relações de Consumo é uma vertente da política econômica que 
estabelece as balizas de atuação e intervenção do Estado na defesa do consumidor e regula as 
relações de consumo. Assim, o CDC dispõe da Política Nacional das Relações de Consumo como 
os principais vetores da intervenção do Estado nas relações de consumo.
De acordo com Humberto Theodoro Júnior (2017, pág. 23):
“O Código, em seus arts. 4º e 5º, previu uma Política Nacional das Relações de Consumo, a 
fim de garantir não apenas a defesa do consumidor, mas, também, estimular uma relação 
sadia de consumo. Essa Política tem por objetivo respeitar e assegurar aos consumidores: 
dignidade; saúde e segurança; proteção de seus interesses econômicos; melhoria da sua 
qualidade de vida; transparência e harmonia das relações de consumo. Além disso, a 
Política Nacional das Relações de Consumo deve atender aos princípios da vulnerabilidade 
e proteção efetiva do consumidor; harmonização dos interesses dos participantes das 
relações de consumo; compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade 
de desenvolvimento econômico e tecnológico; educação e informação dos sujeitos das 
relações de consumo; incentivo à criação de meios eficientes de controle de qualidade e 
segurança dos produtos e serviços; ampliação dos meios de solução alternativa de conflitos 
de consumo; repressão aos abusos praticados no mercado; racionalização e melhoria dos 
serviços públicos; e do estudo constante das modificações do mercado de consumo.
O artigo 4º do CDC prevê os princípios aplicáveis às relações de consumo 
e o artigo 5º elenca os instrumentos para a execução dos objetivos da Política 
Nacional das Relações de Consumo, tais como a assistência jurídica ao 
consumidor; a instituição de Promotoria de justiça especializada, entre outros.
2.5 Direitos básicos do consumidor
O CDC traz um rol, não taxativo, no seu Art. 6º, dos direitos básicos do consumidor. Assim 
dispõem os artigos 6º e 7º da Lei 8.078/90:
Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:
I – a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no 
fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II – a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas 
a liberdade deescolha e a igualdade nas contratações;
III – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação 
correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem 
como sobre os riscos que apresentem;
17
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou 
desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos 
e serviços;
V – a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou 
sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;
VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e 
difusos;
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação 
de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, 
administrativa e técnica aos necessitados;
VIII – a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a 
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele 
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências;
IX – (Vetado);
X – a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral.
Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível 
à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento.
Art. 7o Os direitos previstos neste Código não excluem outros decorrentes de tratados ou 
convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de 
regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que 
derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade.
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela 
reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
Alguns dos direitos assegurados aos consumidores podem ser classificados como 
direitos “guarda-chuva”, por comportarem sob eles a proteção de vários outros direitos.
18
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
Proteção da Vida, Saúde e Segurança:
Segundo Humberto Theodoro Júnior (2017, pág. 48):
O inciso I, do art. 6º, do CDC estabelece ser direito do consumidor “a proteção da vida, 
saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos 
e serviços considerados perigosos ou nocivos”. Protege-se, aqui, a incolumidade física do 
consumidor, seu direito de não ser exposto a perigos. Destarte, o fornecedor é obrigado a 
garantir a segurança razoável do produto ou serviço disponibilizado no mercado.
No mercado de consumo, muitas ações podem trazer perigo ou um efetivo prejuízo 
a vida do consumidor, sendo a saúde um pressuposto do direito à vida. A ONU, por meio 
da Resolução nº 39/248, estabelece aos Estados o dever de editarem normas com o fim 
de “proteger o consumidor quanto a prejuízos à saúde e segurança”. 
Assim, o consumidor tem direito, por exemplo, a proteção à saúde contra efeitos de 
agentes de atuação lenta e detecção mediata, como os agrotóxicos e a proteção contra 
efeitos inesperados (acidentes) provocados por falha nos mecanismos de frenagem de 
motocicletas.
Educação e divulgação 
O direito à educação é um direito de todo o cidadão. Envolve, além da educação 
formal, a educação informal. A educação de responsabilidade do fornecedor refere-
se à educação informal, ou seja, trata do dever de fornecer todos os dados sobre as 
características do produto ou serviço. Corresponde ao conhecimento dos direitos como 
consumidor e dos deveres do fornecedor.
Liberdade de escolha
O direito de escolha é uma contrapartida da liberdade de concorrência. Prevenindo e 
reprimindo os métodos concorrenciais desleais, permite-se a pluralidade das atividades 
econômicas e a fluência da concorrência, possibilitando ao consumidor a faculdade de 
escolher o produto ou serviço, dentre aqueles disponíveis no mercado. Desta forma, 
a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações obrigam o fornecedor a dar 
conhecimento prévio e claro sobre as cláusulas do contrato.
19
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
Proteção contra a Publicidade enganosa e abusiva
Define Humberto Theodoro Júnior (2017, pág. 54):
“A publicidade enganosa é aquela suscetível de induzir o consumidor em erro, em 
relação à natureza, às características, à qualidade, à quantidade, às propriedades, à 
origem, ao preço e quaisquer outros dados do produto e serviço (art. 37, § 1º, do CDC). 
Cláudia Lima Marques exemplifica a situação na propaganda de liquidação ou rebaixa de 
preços inexistente em uma rede de lojas.
Publicidade abusiva, por sua vez, é aquela discriminatória de qualquer natureza, 
que incite a violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de 
julgamento e experiência da criança, desrespeite valores ambientais, ou que induza o 
consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança 
(art. 37, § 2º, do CDC)”.
Informação adequada e clara
De acordo com Humberto Theodoro Júnior (2017, pág. 49), o dever de informação:
“... obriga o fornecedor a explicar, de forma clara e pormenorizada, ao consumidor 
a quantidade, as características, a composição e a qualidade dos produtos ou serviços, 
bem como os tributos incidentes e o respectivo preço. Além disso, deve expor sobre os 
riscos que o produto ou serviço apresentem.
Trata-se do princípio da transparência, que permite ao consumidor saber exatamente 
o que pode esperar dos bens colocados à sua disposição no mercado ...”
Proteção contra as Cláusulas Abusivas e a possibilidade de modificação das cláusulas 
contratuais:
Corresponde à proteção contra as diversas práticas comerciais abusivas, dentre 
elas as cláusulas contratuais, as publicidades abusivas, enganosas, quaisquer métodos 
comerciais coercitivos.
A abusividade da cláusula não corresponde à figura da má-fé ou malícia do 
fornecedor (estas podem ou não estar presentes). Observa-se o resultado da cláusula, 
ou seja, se o seu conteúdo acarreta um desequilíbrio contratual. O CDC estabelece um 
rol exemplificativo de cláusulas abusivas no artigo 51.
Desta forma, a lei consumerista permite a modificação das cláusulas contratuais na 
hipótese de prestações desproporcionais e até mesmo a revisão do contrato na hipótese 
de fato superveniente que venha a modificar os parâmetros contratuais, acarretando 
desequilibro.
20
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
Prevenção e reparação de danos
O princípio da reparação integral do dano está presente na Constituição Federal, 
no Código Civil e no CDC. O dano deve ser reparado por quem o causou e em toda a sua 
extensão.
A responsabilidade civil do fornecedor pode se dar por meio da comprovação de sua 
culpa ou não. O CDC acata tanto a responsabilidade subjetiva (teoria da culpa), como a 
responsabilidade objetiva (teoria do risco). O artigo 14 do CDC, por exemplo, prevê os 
dois tipos em situações distintas.
A reparação engloba os danos individuais, os coletivos e os difusos. Assim, Humberto 
Theodor Júnior (2017, pág. 58) define:
“Coletivos são os direitos indetermináveis em relação aos titulares, ligados entre si 
por circunstâncias de fato; individuais homogêneos, por sua vez, são aqueles decorrentes 
de origem comum (art. 81, parágrafo único, I e II). As ações coletivas podem ser ajuizadas 
pelo Ministério Público ou por associações legalmente constituídas para a defesa dos 
direitos coletivos ou individuais homogêneos. ... A fim de viabilizar a ampla proteção do 
consumidor, nas esferas administrativa e judicial, é assegurado o seu acesso aos órgãos 
judiciáriose administrativos (tais como os Procons). Essa facilitação engloba a isenção 
de taxas e custas, atendimento preferencial etc.”.
Facilitação da Defesa dos Direitos do Consumidor
A facilitação se dá por meio de vários mecanismos criados pela Lei nº 8.078/90, 
justificando-se pelo reconhecimento do consumidor como a parte fraca do contrato. 
Desata forma, a lei criou diversas figuras como a inversão do ônus da prova no processo civil. 
Porém, a inversão que a lei consumerista admite é tão somente em prol do consumidor. 
A inversão do ônus probatório, no entanto, é admissível de forma extraordinária e de 
forma compatibilizada com os princípios do Código de Defesa do Consumidor.
De acordo com o STJ, fica a critério do juiz determinar a inversão do ônus da prova, 
após analisar o caso concreto e os pressupostos para a concessão. O mesmo raciocínio é 
aplicado no reconhecimento da hipossuficiência.
21
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
O que fazer quando há contradição aparente entre uma destas leis e o CDC? Qual lei 
aplicar?
Adequada e eficaz prestação dos Serviços Públicos
Trata-se do princípio da eficiência previsto também no art. 37 da Constituição 
Federal vigente. Determina-se que o serviço seja eficaz.
Acesso aos órgãos judiciários e administrativos
Objetivando garantir o direito da reparação integral, o direito de ser ouvido, bem 
como resguardar-lhe de qualquer ameaça ou lesão a direito, o CDC reitera o direito de 
acesso aos consumidores à justiça e aos órgãos administrativos.
2.6 Diálogo das fontes
O diálogo das fontes corresponde a um recurso hermenêutico que deve ser utilizado para 
extrair, da legislação, a melhor solução para um conflito. O CDC é a norma base que disciplina as 
relações de consumo em geral, porém, há diversas outras normas, dispondo sobre temas inter-
relacionados, a exemplo da lei dos planos de saúde, o Código Civil, a lei da concessão de serviço 
público, entre outros.
Na busca dessas respostas, deve-se levar em consideração o tratamento diferenciado que o 
desigual deve receber, na medida de sua desigualdade. É nesse ponto que a Teoria do Diálogo das 
Fontes deverá ser utilizada, interpretando o sistema jurídico como único, harmônico e coordenado 
entre si, onde a criação ou aplicação de uma norma não suplanta a outra.
Lembra-se que o CDC é um microssistema jurídico e que, por isso, não deve afastar a 
aplicação de outras normas, devendo, entretanto, buscar-se o ponto de convergência entre elas: à 
vulnerabilidade do consumidor.
Deve o intérprete, portanto, visando solucionar as antinomias jurídicas, buscando aplicação de 
outros diplomas legais às relações de consumo, quando estes foram mais benéficos ao consumidor, 
conforme a finalidade teleológica da lei consumerista, prevista no seu art. 7º. A aplicação do 
Diálogo das Fontes nos casos envolvendo relação de consumo é reconhecida e utilizada pelo STJ. 
A obrigação estipulada pela Constituição Federal da proteção do consumidor deve ser cumprida 
por todo o sistema legal.
22
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
Chegamos ao final da nossa segunda Nota de Aula! Aqui estudamos a Natureza 
do Direito do Consumidor, o Campo de aplicação do direito do consumidor: sujeitos 
da relação de consumo (consumidor e fornecedor) e objeto (produto e serviço); o 
Serviço público e direito do consumidor; a Política Nacional das Relações de Consumo; 
Direitos básicos do consumidor e por fim o Diálogo das fontes.
Sempre que possível, revise o conteúdo estudado, ok? Isso fará de você um(a) 
profissional diferenciado(a) no mercado de trabalho!
Traz-se um exemplo da aplicação do diálogo das fontes existente entre o art. 13 do CDC e art. 
931 do CC./02. O CDC determina a responsabilidade do comerciante advinda do fato do produto 
ou serviço somente quando “o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem 
ser identificados”. Já o art. 931 do CC determina que os empresários individuais e as empresas são 
responsabilizados civilmente de forma objetiva (independentemente da comprovação da culpa) 
pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. Ou seja, a depender da situação, é mais 
benéfico ao consumidor aplicar o art. 931 do CC do que a regra consumerista.
23
NTE
Núcleo de Tecnologias 
Educacionais
Unidade 2: Teoria geral do direito do consumidor
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor 
e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L8078compilado.htm. Acesso em: 10 jan. 2020.
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de direito do consumidor. 4ª. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
(Disponível na Biblioteca Digital) 
KHOURI, Paulo Roberto Roque Antônio. Direito do consumidor: contratos, responsabilidade 
civil e defesa do consumidor em juízo. 6ª. ed. São Paulo: Atlas, 2013. (Disponível na Biblioteca 
Digital) 
NUNES, Rizzato. Curso de direito do consumidor. 13ª. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. (Disponível 
na Biblioteca Digital)
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direitos do consumidor. 9ª ed. ref, rev. e atual. Rio de Janeiro: 
Forense, 2017.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078compilado.htm
	2. TEORIA GERAL DO DIREITO DO CONSUMIDOR
	2.1 Natureza do Direito do Consumidor
	2.2 Campo de aplicação do direito do consumidor: sujeitos da relação de consumo (consumidor e fornecedor) e objeto (produto e serviço).
	2.3 Serviço Público e Direito do consumidor
	2.4 Política Nacional das Relações de Consumo
	2.5 Direitos básicos do consumidor
	2.6 Diálogo das fontes
	REFERÊNCIAS

Outros materiais