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DIREITO DO CONSUMIDOR
CAMPO DE APLICAÇÃO DO CDC. PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL 
DAS RELAÇÕES DE CONSUMO. DIREITOS BÁSICOS DOS 
CONSUMIDORES
Livro Eletrônico
FABRÍCIO MISSORINO
É especialista em Defesa da Concorrência pela 
Fundação Getúlio Vargas (FGV-EDESP), possui 
graduação em Ciências Sociais pela Universi-
dade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho 
(UNESP) e graduação em Direito pelo Centro 
Universitário de Araraquara (UNIARA). Atua 
na advocacia privada consultiva e contenciosa 
com foco nas relações de consumo. Atua como 
Consultor junto à Organização Pan-Americana 
da Saúde (OPAS), prestando serviços à Câma-
ra de Regulação do Mercado de Medicamentos 
(CMED), órgão responsável pela regulação do 
mercado de medicamentos. Atua como Consul-
tor Associado junto à ATIVACIDADE - Diálogo e 
implementação de políticas públicas, coletivo de 
profissionais que tem por objetivo atuar na ges-
tão de políticas, programas e projetos junto ao 
setor público. Tem experiência na área de edu-
cação à distância, educação superior em Direito 
e capacitação de profissionais do Sistema Na-
cional de Defesa do Consumidor, com atuação 
em iniciativas de formação de profissionais de 
atendimento que atuam em Procons, Ministé-
rios Públicos, Defensorias Públicas e Entidades 
Civis de Defesa do Consumidor, no ensino à dis-
tância de servidores públicos federais em par-
ceria com a Escola Nacional de Administração 
Pública (ENAP) e Escola Superior do Ministério 
Público da União (ESMPU), bem como no ensino 
universitário e projetos de extensão nas disci-
plinas Direito do Consumidor, Direito Agrário e 
Urbano, Direito Constitucional, Direitos Huma-
nos e Sociologia Jurídica.
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das 
Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores
Prof. Fabrício Missorino 
Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das Relações de 
Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores .................................................4
1. Campo de Aplicação do Código de Defesa do Consumidor .............................4
2. A Vulnerabilidade do Consumidor ..............................................................5
3. Formação da Relação Jurídica de Consumo ...............................................12
3.1. Conceito de Consumidor .....................................................................12
3.2. Conceito de Fornecedor.......................................................................27
3.3. Conceito de Produto e Serviço .............................................................36
3.4. A Internet e as Relações de Consumo ...................................................44
4. Princípios da Política Nacional das Relações de Consumo ............................46
5. Direitos Básicos dos Consumidores ..........................................................62
Resumo ...................................................................................................84
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DIREITO DO CONSUMIDOR
Campo de Aplicação do CDC. Princípios da Política Nacional das 
Relações de Consumo. Direitos Básicos dos Consumidores
Prof. Fabrício Missorino 
CAMPO DE APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSU-
MIDOR. PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DAS RELAÇÕES 
DE CONSUMO. DIREITOS BÁSICOS DOS CONSUMIDORES
1. Campo de Aplicação do Código de Defesa do Consumidor
Prezado(a), iniciamos nossa conversa com uma breve colocação da abrangência 
e da importância do direito do consumidor no nosso ordenamento jurídico. Como 
sabido, o direito do consumidor é uma disciplina transversal entre direito privado 
e direito público, que visa proteger um sujeito de direitos (o consumidor) nas re-
lações de consumo, apresentando-se como um reflexo do direito constitucional de 
proteção afirmativa dos consumidores (art. 5º, XXXII, e art. 170, V, da Constituição 
Federal de 1988 – CF/1988).
O contexto de criação do CDC remonta-se a um período de intensos debates 
legislativos e não poderia ser diferente, eis que um novo agente de direitos sur-
gia no início da década de 1990 com proteção especial no âmbito das relações de 
consumo e num contexto de clara intervenção do Estado no relacionamento entre 
cidadãos e empresas.
Além da garantia fundamental de que o Estado deve promover a defesa dos con-
sumidores, também, nos termos da CF/1988, temos que as atividades econômicas 
desenvolvidas no Brasil devem se organizar de modo a respeitarem a fragilidade do 
consumidor seja ela de comércio, distribuição, fabricação, prestação de serviços, 
dentre outras, em respeito ao princípio da ordem econômica constitucional, nos 
termos do art. 170, inc. V, da CF/1988.
É nesse contexto que o CDC aparece como um novo marco regulatório do mer-
cado de consumo, garantindo uma série de importantes direitos aos consumidores 
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e apresentando uma série de responsabilidades aos fornecedores, num arcabouço 
normativo muito consistente, que certamente mudou a realidade de muitos cida-
dãos e suas relações de consumo.
Pois bem, meu(minha) caro(a), nesse momento entramos na linha de conver-
gência de um dos temas da nossa aula, pois a aplicação do CDC pressupõe deter-
minar seu campo de aplicação, ou seja, quem pode ser considerado consumidor 
numa relação comercial, quem figura como fornecedor direto, quem atua como 
distribuidor, quem integra a cadeia de produção e como se dá a responsabilidade 
entre os fornecedores, dentre outros pressupostos de extrema relevância para a 
decisão quanto à aplicação ou não do Código.
O outro tema de relevância que trataremos nesta aula será a principiologia exis-
tente no Código de Defesa do Consumidor, bem como faremos uma análise da im-
portância e da amplitude dos direitos básicos dos consumidores, ambos previstos 
nos artigos 4º e 6º, do CDC.
Em relação ao campo de aplicação, um exercício constante que devemos fazer é 
definir quem é o sujeito ou quem são os sujeitos da relação contratual e extracon-
tratual de consumo, eis que o resultado dessa análise prévia definirá se a situação 
é passível ou não de aplicação da lei de proteção do consumidor.
Vamos, então, para o primeiro ponto da verificação quanto ao campo de aplica-
ção da lei: a identificação da vulnerabilidade do consumidor.
2. A Vulnerabilidade do Consumidor
Com base na raiz constitucional do direito do consumidor, um dos desafios do 
legislador do CDC foi compatibilizar as obrigações civis e comerciais previstas no 
Código Civil em face das garantias de igualdade e de tutela especial dos direitos dos 
consumidores em suas relações civis.
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Nesse sentido, a igualdade perante a nova lei que surgiria só poderia existir a 
partir da distinção entre os fracos e os fortes na relação de consumo, dando espaço 
para a conceituação das figuras do consumidor e do fornecedor, sempre pautada na 
dignidade da pessoa humana e na ideia de proteção do vulnerável, da identificação 
da desigualdade entre ambos.
Portanto, a definição do campo de aplicação da lei importa numa análise sub-
jetiva e relacional envolvendo os participantes da relação jurídica, notadamente 
a verificação da vulnerabilidade da pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza 
produto ou serviço como destinatária final, eis que o pressuposto do equilíbrio na 
relação de consumo é o reconhecimento da desigualdade entre o ocupante da po-
sição de consumidor e o ocupante da posição de fornecedor.
O CDC, portanto, parte do pressuposto de que o consumidor é um sujeito vulne-
rável ao adquirir produtos e serviços ou simplesmente se expor a práticas do mer-
cado. A vulnerabilidade, nesse caso, traduz-se na fragilidade do consumidor diante 
de práticas lesivas perpetradas por fornecedores, podendo aquele ser atingido em 
sua incolumidade física ou psíquica, bem como no âmbito econômico.
Vejamos como as bancas a seguir exploraram o tema da vulnerabilidade.
Questão 1 (FCC/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-PR/2017) De acordo com a evolução 
dos fatores de produção, de distribuição, de comercialização e de consumo, ocorri-
da no direito privado, é correto afirmar:
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a) Não há relação de consumo entre condomínio edilício e empresa de construção 
civil contratada para realizar reforma em suas partes comuns, tendo em vista que, 
por ser o condomínio ente despersonalizado, não resta preenchido o requisito pes-
soa física ou jurídica para o advento da condição de consumidor.
b) O superenvidamento é fenômeno contemporâneo que atinge a sociedade de 
consumo de massa. As dívidas fiscais, especialmente em época de crise econômica, 
são o principal passivo que impedem o consumidor de adimplir com as suas obri-
gações, dando origem ao superenvidamento. 
c) O terceiro intermediário ou ajudante da relação de consumo, como, por exem-
plo, os órgãos de proteção ao crédito, por não fazer parte da destinação final do 
produto ou do serviço, não é considerado como fornecedor. 
d) Não configura relação de consumo o serviço gratuito prestado por provedor de 
internet, pois o conceito de serviço, adotado pelo Código de Defesa do Consumidor, 
pressupõe remuneração.
e) A vulnerabilidade do consumidor decorre de presunção iure et de iure e tem 
repercussão simplesmente no direito material. Para o seu reconhecimento, basta a 
condição jurídica de destinatário final de produtos ou de serviços.
Letra e.
Na análise desta questão, é importante se atentar aos conceitos de consumidor e 
fornecedor previstos no CDC e os requisitos para a formação da relação jurídica de 
consumo, assim como compreender o alcance do reconhecimento da vulnerabilida-
de do consumidor, em conjunto com a constatação da destinação final do produto 
ou do serviço.
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Questão 2 (FGV/AGENTE FISCAL/PREFEITURA DE OSASCO-SP/2014) Um dos 
princípios que norteiam a Política Nacional das Relações de Consumo é o da:
a) instrumentalidade de formas;
b) economia processual;
c) irretroatividade; 
d) vulnerabilidade
e) relatividade.
Letra d.
Trata-se de questão fácil, principalmente se o(a) candidato(a) se atentar ao rol de 
princípios da Política Nacional das Relações de Consumo que o CDC traz expressa-
mente em seu artigo 4º.
Questão 3 (FGV/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XII – 1ª FASE/OAB/2013) 
Maria e Manoel, casados, pais dos gêmeos Gabriel e Thiago que têm apenas três 
meses de vida, residem a seis meses no Condomínio Vila Feliz. O fornecimento do 
serviço de energia elétrica na cidade onde moram é prestado por uma única con-
cessionária, a Companhia de Eletricidade Luz S.A. Há uma semana, o casal vem 
sofrendo com as contínuas e injustificadas interrupções na prestação do serviço 
pela concessionária, o que já acarretou a queima do aparelho de televisão e da 
geladeira, com a perda de todos os alimentos nela contidos. O casal pretende ser 
indenizado. 
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Nesse caso, à luz do princípio da vulnerabilidade previsto no Código de Proteção e 
Defesa do Consumidor, assinale a afirmativa correta.
a) Prevalece o entendimento jurisprudencial no sentido de que a vulnerabilidade 
no Código do Consumidor é sempre presumida, tanto para o consumidor pessoa 
física, Maria e Manoel, quanto para a pessoa jurídica, no caso, o Condomínio Vila 
Feliz, tendo ambos direitos básicos à indenização e à inversão judicial automática 
do ônus da prova.
b) A doutrina consumerista dominante considera a vulnerabilidade um conceito 
jurídico indeterminado, plurissignificativo, sendo correto afirmar que, no caso em 
questão, está configurada a vulnerabilidade fática do casal diante da concessio-
nária, havendo direito básico à indenização pela interrupção imotivada do serviço 
público essencial.
c) É dominante o entendimento no sentido de que a vulnerabilidade nas relações 
de consumo é sinônimo exato de hipossuficiência econômica do consumidor. Logo, 
basta ao casal Maria e Manoel demonstrá-la para receber a integral proteção das 
normas consumeristas e o consequente direito básico à inversão automática do 
ônus da prova e a ampla indenização pelos danos sofridos.
d) A vulnerabilidade nas relações de consumo se divide em apenas duas espécies: 
a jurídica ou científica e a técnica. Aquela representa a falta de conhecimentos ju-
rídicos ou outros pertinentes à contabilidade e à economia, e esta, à ausência de 
conhecimentos específicos sobre o serviço oferecido, sendo que sua verificação é 
requisito legal para inversão do ônus da prova a favor do casal e do consequente 
direito à indenização.
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Letra b.
Trata-se de questão relativamente simples, cabendo ao(à) candidato(a) se atentar 
ao conceito de consumidor previsto no CDC, bem como os requisitos para a forma-
ção da relação jurídica de consumo, assim como compreender o alcance do reco-
nhecimento da vulnerabilidade do consumidor, em conjunto com a constatação da 
destinação final do produto ou serviço.
A palavra “mercado” tem vários sentidos, podendo designar um espaço físico 
onde comerciantes se reúnem para oferecer produtos ou serviços, pode indicar 
um ramo específico de certa atividade empresarial (ex.: mercado imobiliário, 
mercado automobilístico etc.) ou, de uma forma mais ampla, pode representar o 
conjunto de atividades econômicas que envolvem o fornecimento de produtos 
e serviços em diversos aspectos (por meio de loja física, por meio eletrônico, de 
natureza bancária, comercial, educacional, creditícia etc.).
Dito isso, façamos uma pausa para uma observação quanto ao tratamento que 
a doutrina consumerista dá ao reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, 
que se divide em quatro âmbitos: técnico, jurídico, fático e informacional.
O reconhecimento da vulnerabilidade técnica parte da ideia de que o consu-
midor não tem conhecimentos específicos sobre o produto ou o serviço adquirido, 
conhecimento este que, em geral, o fornecedor possui, tendo como exemplo mais 
clássico a relação entre médico e paciente.
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A vulnerabilidade jurídica seria aquela em que o consumidor não entende quais 
as consequências de firmar um contrato ou estabelecer uma relação de consumo, 
tendo como resultado um embate desigual ao passo que o fornecedor trabalha 
frequentemente com seu ramo econômico, contando com assessoramento jurídico 
especializado, enquanto o consumidor detém poucos recursos ao seu dispor.
O reconhecimento da vulnerabilidade fática, pela sua natureza mais abrangen-
te, ocorre no caso concreto. É espécie importante, pois, além de apresentar uma 
conceituação genérica, as particularidades da relação de consumo indicarão a ne-
cessidade de um tratamento especial, tendo como exemplos mais clássicos o con-
sumidor idoso, as crianças etc.
A vulnerabilidade informacional diz respeito ao contexto de globalização dos meios 
de comunicação, notadamente em relação à rapidez e à fluidez do acesso à informa-
ção. Nesse contexto, o dever de informar ganha contornos importantíssimos e fun-
damentais, refletindo mais ainda a necessidade de se proteger o agente mais fraco.
Acerca da vulnerabilidade, é importante observar que os pontos acima observados 
são apenas critérios didáticos que auxiliam na identificação do ponto de fragilidade 
do consumidor, eis que, na prática, a demonstração da vulnerabilidade é pre-
sumida pela própria lei (art. 4º, I). 
Vejamos o seguinte exemplo: uma pessoa muito rica e estudada resolve fazer 
uma refeição em um estabelecimento comercial bastante humilde. O fato de ter 
posses e ser estudado não lhe retira a condição de vulnerável frente ao restau-
rante, eis que o consumidor, neste caso, não detém as informações acerca do 
preparo do alimento, não conhece a idoneidade dos fornecedores de insumos para 
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o restaurante, nem tem condições de acompanhar o preparo do alimento. O forne-
cedor, por sua vez, coloca-se em posição de domínio em relação ao consumidor, 
por deter toda a expertise da cadeia de fornecimento daquele produto.
Vale ressaltar que o reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, além de 
representar a principal fonte de verificação deste ator na relação de consumo, atua 
também como princípio norteador da Política Nacional das Relações de Consumo 
em sua missão de atender às necessidades dos consumidores, de garantir o respei-
to à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos 
e a melhoria da sua qualidade de vida.
3. Formação da Relação Jurídica de Consumo
Considerando que o CDC instituiu o princípio da proteção da confiança do con-
sumidor, tendo como um dos seus aspectos mais importantes a garantia da ade-
quação do produto ou serviço adquirido, a relação de consumo se destaca pelos 
princípios que devem norteá-la, dentre eles, transparência, confiança, harmonia 
nas relações de consumo, reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, bem 
como a harmonização de interesses, sempre com base na boa-fé e no equilíbrio das 
relações entre consumidores e fornecedores, princípios estes previstos expressa-
mente no art. 4º, do CDC.
Pois bem, a partir dessa premissa básica de que todas as pessoas físicas ou 
jurídicas, para figurarem como consumidores devem ter reconhecida sua vulne-
rabilidade na relação de consumo frente aos fornecedores, vamos agora nos con-
centrar na identificação de todos os aspectos de uma relação jurídica de consumo, 
quais sejam, a existência de um consumidor e de um fornecedor mantendo uma 
relação negocial, tendo como foco a aquisição ou a utilização de um produto ou 
um serviço.
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3.1. Conceito de Consumidor
O Código de Defesa do Consumidor prevê quatro conceitos de consumidor:
Art. 2º, caput: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza pro-
duto ou serviço como destinatário final.
Art. 2º, § único: Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que inde-
termináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 17: Para os efeitos desta Seção, equiparam-se a consumidores todas as vítimas 
do evento.
Art. 29: Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se a consumidores todas 
as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas.
O conceito padrão, também denominado de standard, encontra-se previsto no 
caput, do art. 2º, do Código, pelo qual consumidor é toda pessoa física ou jurídica 
que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Esse conceito, 
adotado na doutrina brasileira pela teoria finalista, restringe a interpretação da ex-
pressão “destinatário final” ao consumidor não profissional, aquele que adquire ou 
utiliza o produto ou serviço para uso próprio ou da família.
Para a doutrinadora Cláudia Lima Marques, importante jurista do movimen-to consumerista, o destinatário final é aquele destinatário fático e econômico, ou 
seja, não basta que o consumidor apenas retire o produto da cadeia de produção, 
é necessário que ele seja o destinatário final econômico, que não adquira para uso 
profissional ou como um instrumento de produção.
O conceito standard também é objeto de análise da doutrina por meio da teo-
ria maximalista, pela qual o destinatário final seria somente o destinatário fático, 
pouco importando a destinação econômica do bem. No entendimento de Cláudia 
Lima Marques, para os maximalistas, o CDC seria uma espécie de “código geral de 
consumo”, com normas e princípios para todos os agentes do mercado, assumindo 
papéis ora de fornecedores ora de consumidores, estendendo (ou maximalizando), 
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DIREITO DO CONSUMIDOR
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portanto, a interpretação acerca da destinação final do produto ou do serviço, não 
importando se o consumidor os adquiriria ou utilizaria com ou sem fins de lucro.
No entanto, em que pesem os argumentos de parte a parte, a interpretação 
mais acertada e consequentemente mais difundida tanto na doutrina como na ju-
risprudência dos tribunais superiores seria a que realiza interpretação teleológica 
da regra do art. 2º, do CDC, com o sistema tutelar consumerista buscando a ratio 
principal da norma. Nesse caso, o destinatário final, para efeitos de definição do 
conceito de consumidor, seria somente aquele que, segundo o art. 4º, do CDC, 
fosse reconhecido como vulnerável numa relação de consumo, não importando sua 
condição de pessoa física ou jurídica.
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça – STJ tem adotado uma linha 
de interpretação que prevê a aplicação do CDC às empresas ou aos profissionais 
que empregam os produtos e serviços para incremento de suas atividades, exami-
nando, em cada caso específico, se os empresários estão realmente em situação 
de vulnerabilidade, isto é, se contratam em situação notoriamente fragilizada 
com fornecedores que detenham maiores conhecimentos específicos do produto.
Assim, não é incomum encontrar decisões do STJ entendendo que um pequeno 
agricultor que adquire sementes de uma multinacional beneficiadora de alimentos 
poderia ocupar a posição de consumidor em uma relação de consumo, bem como 
entendendo que um dentista interessado na compra de uma máquina importada de 
radiografia poderia ser considerado consumidor nos termos do CDC, por conta da 
acentuada vulnerabilidade que ambos apresentam naquela relação específica com 
os fornecedores.
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Acerca desse entendimento, merece destaque o seguinte trecho do voto da 
Ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial n. 
476.428/SC:
(...) não se pode olvidar que a vulnerabilidade não se define tão somente pela capacida-
de econômica, nível de informação, cultura ou valor do contrato em exame. Todos esses 
elementos podem estar presentes e o comprador ainda ser vulnerável pela dependência 
do produto, pela natureza adesiva do contrato imposto, pelo monopólio da produção 
do bem ou sua qualidade insuperável, pela extremada necessidade do bem ou serviço, 
pelas exigências da modernidade atinentes à atividade, dentre outros fatores.
Vejamos como as bancas abaixo abordaram essa temática.
Questão 4 (CESPE/AUXILIAR TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO - ÁREA ADMI-
NISTRATIVA/TCE-PA/2016) À luz do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e do 
Estatuto do Idoso, julgue o item a seguir.
Uma sociedade empresária que compra peças de outra sociedade empresária e as 
utiliza na montagem do produto que revende poderá invocar, em seu favor, normas do 
CDC no caso de ajuizamento de ação contra a pessoa jurídica que lhe vende as peças.
Errado.
Trata-se de questão que exige atenção do(a) candidato(a), pois não se trata de 
analisar a vulnerabilidade da pessoa jurídica, mas, sim, analisar se existe o ele-
mento da destinação final, não podendo ser considerada como consumidora a pes-
soa jurídica que inserir o produto em seu processo de fabricação.
Questão 5 (FCC/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-BA/2016) Sebastião juntou dinheiro 
que arrecadou ao longo de 20 anos trabalhando como caminhoneiro para adquirir 
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um caminhão, zero quilômetros, que passou a utilizar em seu trabalho, realizando 
fretes no interior do Estado da Bahia. Ainda no prazo de garantia, o veículo apresen-
tou problemas e ficou imobilizado. Sua esposa, Raimunda, microempresária do ramo 
da costura, adquiriu uma máquina bordadeira de valor elevado de uma grande pro-
dutora mundial, que depois de poucas semanas de funcionamento, também parou 
de funcionar.
Diante desses fatos, é correto afirmar que
a) Ambos podem ser considerados consumidores, desde que se configurem como 
usuários finais dos produtos adquiridos e comprovem hipossuficiência econômica 
em relação ao fornecedor, uma vez que, embora o Código de Defesa do Consumidor 
adote a teoria finalista como regra geral, a lei reconhece expressamente a hipóte-
se de consumo intermediário mediante prova da hipossuficiência econômica e do 
desequilíbrio na relação.
b) ambos podem ser considerados consumidores, ainda que não se configurem 
como usuários finais dos produtos adquiridos, uma vez que, embora o Código de 
Defesa do Consumidor adote a teoria finalista, em casos semelhantes, o Superior 
Tribunal de Justiça já admitiu a mitigação desta teoria diante da prova da hipossu-
ficiência e do desequilíbrio na relação, caracterizando hipótese de consumo inter-
mediário.
c) nenhum dos dois pode se enquadrar no conceito de consumidor previsto no 
Código de Defesa do Consumidor, pois não são destinatários finais dos produtos; 
a lei adotou a teoria finalista, e a jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de 
Justiça não admite a hipótese de consumo intermediário, afastando as disposi-
ções consumeristas para os produtos adquiridos para a utilização em cadeia de 
produção.
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d) ambospodem ser considerados consumidores, ainda que não se configurem 
como usuários finais dos produtos adquiridos, uma vez que a jurisprudência do 
Superior Tribunal de Justiça entende que o Código de Defesa do Consumidor não 
adotou a teoria finalista, bastando a prova da hipossuficiência e do desequilíbrio na 
relação e, portanto, se apresentando como irrelevante que o consumo tenha ocor-
rido na cadeia de produção.
e) Sebastião pode ser considerado consumidor mesmo que não seja usuário final 
do produto adquirido, uma vez que, embora o Código de Defesa do Consumidor 
adote a teoria finalista, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça admite a 
mitigação desta teoria diante da prova da hipossuficiência e do desequilíbrio na 
relação, caracterizando hipótese de consumo intermediário, mas Raimunda não 
poderá ser considerada consumidora, por se tratar de pessoa jurídica.
Letra b.
Na análise desta questão, é importante se atentar para o posicionamento do STJ 
acerca da aplicação da teoria finalista aprofundada, que permite considerar como 
consumidor a pessoa jurídica que apresenta acentuada vulnerabilidade em deter-
minada relação comercial específica com determinados fornecedores.
Questão 6 (FGV/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – IX - 1ª FASE/OAB/2012) A 
sociedade empresária XYZ Ltda. oferta e celebra, com vários estudantes universitá-
rios, contratos individuais de fornecimento de material didático, nos quais garante 
a entrega, com 25% de desconto sobre o valor indicado pela editora, dos livros 
didáticos escolhidos pelos contratantes (de lista de editoras de antemão definidas). 
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Os contratos têm duração de 24 meses, e cada estudante compromete-se a pagar 
valor mensal, que fica como crédito, a ser abatido do valor dos livros escolhidos. 
Posteriormente, a capacidade de entrega da sociedade diminuiu, devido a dívidas e 
problemas judiciais. Em razão disso, ela pretende rever judicialmente os contratos, 
para obter aumento do valor mensal, ou então liberar-se do vínculo. 
Acerca dessa situação, assinale a afirmativa correta.
a) A empresa não pode se valer do Código de Defesa do Consumidor e não há 
base, à luz do indicado, para rever os contratos.
b) Aplica-se o CDC, já que os estudantes são destinatários finais do serviço, mas 
o aumento só será concedido se provada a dificuldade financeira e que, ademais, 
ainda assim o contrato seja proveitoso para os compradores.
c) Aplica-se o CDC, mas a pretendida revisão da cláusula contratual só poderá ser 
efetuada se provado que os problemas citados têm natureza imprevisível, caracte-
rística indispensável, no sistema do consumidor, para autorizar a revisão.
d) A revisão é cabível, assentada na teoria da imprevisão, pois existe o contrato 
de execução diferida, a superveniência de onerosidade excessiva da prestação, a 
extrema vantagem para a outra parte, e a ocorrência de acontecimento extraordi-
nário e imprevisível.
Letra a.
Trata-se de questão que exige atenção quanto ao posicionamento do STJ acerca 
da aplicação da teoria finalista aprofundada, que apenas permite considerar como 
consumidor a pessoa jurídica que apresenta acentuada vulnerabilidade em deter-
minada relação comercial específica com determinados fornecedores.
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Questão 7 (FGV/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XXII - 1ª FASE/OAB/2017) Al-
vina, condômina de um edifício residencial, ingressou com ação para reparação de 
danos, aduzindo falha na prestação dos serviços de modernização dos elevadores. 
Narrou ser moradora do 10º andar e que hospedou parentes durante o período dos 
festejos de fim de ano. Alegou que o serviço nos elevadores estava previsto para 
ser concluído em duas semanas, mas atrasou mais de seis semanas, o que implicou 
falta de elevadores durante o período em que recebeu seus hóspedes, fazendo com 
que seus convidados, todos idosos, tivessem que utilizar as escadas, o que gerou 
transtornos e dificuldades, já que os hóspedes deixaram de fazer passeios e outras 
atividades turísticas diante das dificuldades de acesso. Sentindo-se constrangida e 
tendo que alterar todo o planejamento de atividades para o período, Alvina afirmou 
ter sofrido danos extrapatrimoniais decorrentes da mora do fornecedor de serviço, 
que, ainda que regularmente notificado pelo condomínio, quedou-se inerte e não 
apresentou qualquer justificativa que impedisse o cumprimento da obrigação de 
forma tempestiva.
Diante da situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) Existe relação de consumo apenas entre o condomínio e o fornecedor de servi-
ço, não tendo Alvina legitimidade para ingressar com ação indenizatória, por estar 
excluída da cadeia da relação consumerista. 
b) Inexiste relação consumerista na hipótese, e sim relação contratual regida pelo 
Código Civil, tendo a multa contratual pelo atraso na execução do serviço cunho 
indenizatório, que deve servir a todos os condôminos e não a Alvina, individual-
mente. 
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c) Existe relação de consumo, mas não cabe ação individual, e sim a perpetrada 
por todos os condôminos, em litisconsórcio, tendo como objeto apenas a cobrança 
de multa contratual e indenização coletiva. 
d) Existe relação de consumo entre a condômina e o fornecedor, com base da teo-
ria finalista, podendo Alvina ingressar individualmente com a ação indenizatória, já 
que é destinatária final e quem sofreu os danos narrados.
Letra d.
Trata-se de questão em que a FGV procurou se concentrar na constatação de des-
tinatário final do serviço, além dos conceitos de consumidor e fornecedor previstos 
no CDC e os requisitos para a formação da relação jurídica de consumo.
Também a respeito do tema, Cláudia Lima Marques salienta que em casos di-
fíceis envolvendo pequenas empresas que utilizam insumos para a sua produção, 
mas não em sua área de expertise ou com utilização mista, principalmente na 
área de serviços, caso provada sua vulnerabilidade, conclui-se pela prevalência da 
destinação final de consumo, estendendo a ela toda a proteção dada pelo CDC aos 
consumidores, utilizando-se, como exemplo, a empresa de alimentos que contrata 
serviços de informática que não serão usados em sua linha de produção.
Pois bem, todo esse debate permeia o conceito padrão, standard, utilizado pelo 
CDC na definição da figura do consumidor.
Vejamos como a banca a seguir abordou o conceito padrão de consumidor, na 
oportunidade, em conjunto com a inversãodo ônus da prova.
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Questão 8 (FGV/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XX - 1ª FASE/OAB/2016) 
Inês, pretendendo fazer pequenos reparos e manutenção em sua residência, con-
trai empréstimo com essa finalidade. Ocorre que, desconfiando dos valores pagos 
nas prestações, procura orientação jurídica e ingressa com ação revisional de cé-
dula de crédito bancário, questionando a incidência de juros remuneratórios, ao 
argumento de serem mais altos que a média praticada no mercado. Requereu a 
inversão do ônus da prova e, ao final, a procedência do pedido para determinar a 
declaração de nulidade da cláusula.
A respeito desta situação, é correto afirmar que o Código de Defesa do Consumidor
a) não é aplicável na relação jurídica entre Inês e a instituição financeira, motivo 
pelo qual o questionamento deve seguir a ótica dos direitos obrigacionais previstos 
no Código Civil, o que inviabiliza a inversão do ônus da prova. 
b) é aplicável na relação jurídica entre Inês e a instituição financeira, cabível a 
inversão do ônus da prova, se preenchidos os requisitos legais e, em caso de nu-
lidade da cláusula, todo contrato será declarado nulo, tendo em vista que prática 
abusiva é questão de ordem pública.
c) é aplicável na relação jurídica entre Inês e a instituição financeira, cabível a 
inversão do ônus da prova caso a consumidora comprove preenchimento dos re-
quisitos legais, sendo certo que a declaração de nulidade da cláusula não invalida 
o contrato, salvo se importar em ônus excessivo para o consumidor, apesar dos 
esforços de integração. 
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d) não é aplicável na relação jurídica entre Inês e a instituição financeira, motivo 
pelo qual o questionamento orienta-se pela norma especial de direito bancário, em 
prejuízo da inversão do ônus da prova pleiteado, ainda que formalmente estives-
sem cumpridos os requisitos legais.
Letra c.
Na análise desta questão, é importante se atentar para a formação da relação ju-
rídica de consumo, identificando as posições do consumidor e do fornecedor diante 
do caso concreto, assim como avaliar se os direitos básicos previstos nos incisos V 
(modificação das cláusulas contratuais) e VIII (inversão do ônus da prova), do art. 
6º, do CDC, se aplicam ao caso em tela.
Em relação aos consumidores equiparados, conceito trazido pelo § único, do 
art. 2º, e pelo art. 17, do Código, estes seriam todas as pessoas que, mesmo não 
figurando como consumidores diretamente na aquisição ou utilização de produtos 
ou serviços, poderiam de alguma forma serem atingidas ou prejudicadas pelas ati-
vidades dos fornecedores no mercado de consumo, levando-se em consideração 
sua condição de vulnerabilidade frente à conduta do fornecedor.
A aplicação direta desse conceito se daria nos casos em que crianças adoecem 
por conta da ingestão de alimentos impróprios ao consumo ou pessoas que, pela 
sua localização, sejam atingidas por eventos catastróficos, como uma queda de 
avião, a explosão de uma praça de alimentação etc.
Vejamos como as bancas abaixo exploraram o conceito de consumidor equiparado.
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Questão 9 (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO/DPE-AL/2017) A necessidade de prote-
ção dos destinatários finais dos produtos e serviços ofertados no mercado de con-
sumo abarca as pessoas humana e jurídica, com o objetivo de tutelar a vulnerabi-
lidade e a hipossuficiência dos consumidores. A partir dessa informação, assinale a 
opção correta, a respeito dos integrantes e do objeto da relação de consumo.
a) Aplica-se o CDC para a relação entre condômino e condomínio no que diz res-
peito à cobrança de taxas, em decorrência da vulnerabilidade do condômino em 
relação ao condomínio. 
b) Em circunstâncias específicas, pessoas que não firmaram qualquer contrato de 
consumo podem ser equiparadas a consumidores, para fins de proteção.
c) O conceito de fornecedor não abarca as pessoas jurídicas que atuam sem fins 
lucrativos, com caráter beneficente ou filantrópico, ainda que elas desenvolvam, 
mediante remuneração, atividades no mercado de consumo.
d) Com base na teoria finalista, a condição de destinatário final do produto não é re-
quisito essencial para a classificação da pessoa física ou jurídica como consumidora.
e) A teoria maximalista amplia sobremaneira o alcance da relação de consumo, 
mas não abarca as pessoas jurídicas, devido ao fato de considerar que estas jamais 
se encontrarão em situação de vulnerabilidade frente ao fornecedor.
Letra b.
Trata-se de questão fácil, principalmente se o(a) candidato(a) se atentar para os con-
ceitos de consumidor expressos nos artigos 2º, caput, e 17, do CDC, lembrando que 
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as pessoas submetidas a acidentes de consumo podem ou não ter adquirido qualquer 
produto ou contratado qualquer serviço com o fornecedor que causou o dano.
Questão 10 (FEPESE/ATENDENTE COMERCIAL I/CENTRAIS ELÉTRICAS DE 
SANTA CATARINA/2013) Assinale a alternativa correta.
a) As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao for-
necedor.
b) A Política Nacional das Relações de Consumo reconhece a invulnerabilidade do 
consumidor no mercado de consumo.
c) Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante re-
muneração, excluindo as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, 
salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
d) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a coletividade de pesso-
as, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
e) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a coletividade de pesso-
as, desde que determináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Letra d.
Trata-se de questão bem fácil, principalmente se o(a) candidato(a) seatentar para 
os conceitos de consumidor expressos nos artigos 2º, caput, e 17, do CDC.
Questão 11 (IADHED/PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE ARAGUARI-
-MG/2016) Em relação ao conceito de consumidor, assinale a opção correta:
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a) Consumidor é toda pessoa física que adquire ou utiliza produto ou serviço como 
destinatário final;
b) Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, exceto as indetermináveis, 
que haja intervindo nas relações de consumo; 
c) Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indeterminá-
veis, que haja intervindo nas relações de consumo; 
d) A pessoa jurídica não pode ser consumidora de produtos ou serviços, pois uti-
liza-os como insumos para sua atividade principal.
Letra c.
Trata-se de questão muito fácil, devendo o(a) candidato(a) se atentar para os con-
ceitos de consumidor expressos nos artigos 2º, caput, e 17, do CDC.
Questão 12 (IBEG/PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE GUARAPARI-
-ES/2016) O Diploma Consumerista trouxe quatro definições de consumidor, sendo 
que três delas retratam o denominado consumidor por equiparação. Partindo dessa 
premissa, analise as assertivas e indique a alternativa incorreta:
a) Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário intermediário ou final.
b) Segundo posicionamento consolidado no Superior Tribunal de Justiça, a com-
provação da vulnerabilidade da pessoa jurídica é pressuposto sine qua non para 
o enquadramento desta no conceito de consumidor previsto no CDC. Trata-se da 
adoção pela jurisprudência da Teoria Finalista, porém de forma atenuada, mitigada 
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ou aprofundada que admite a pessoa jurídica como consumidora, desde que com-
provada sua fragilidade no caso concreto.
c) Nos termos da jurisprudência dominante, Hospital adquirente do equipamento 
médico de vultosos valores para fins de incrementar a atividade profissional lucra-
tiva, por se tratar de consumo intermediário, para desenvolvimento de sua própria 
atividade negocial, não se caracteriza, tampouco destinatário final como hipossufi-
ciente na relação contratual travada, pelo que não pode ser considerado “consumi-
dor”. Em outros termos, ausente a relação de consumo, não incidindo o CDC.
d) Consideram-se consumidores equiparados às vítimas do evento danoso — de 
um acidente de consumo —, independentemente da efetiva aquisição de um produ-
to ou da contratação de um serviço. Assim, pouco importa saber qual foi a pessoa 
que adquiriu o produto ou o serviço no mercado de consumo. Existindo vítima do 
evento danoso, esta será equiparada a consumidor e far-se-á necessária a incidên-
cia do CDC.
e) O CDC (art.29), quanto aos capítulos que se referem às práticas comerciais e 
contratuais, determina que se equipare a consumidor, todas as pessoas, determi-
náveis ou não, expostas às práticas comerciais e contratuais, em especial as abu-
sivas. Porém, deve-se interpretar tal comando em consonância com a aplicação do 
princípio da vulnerabilidade.
Letra a.
Trata-se novamente de questão muito fácil, devendo o(a) candidato(a) se atentar 
para o conceito de consumidor expresso no artigo 2º, caput, do CDC.
No tocante ao conceito trazido pelo artigo 29, do CDC, ainda estão equiparadas 
a consumidores todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às chamadas 
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práticas abusivas dos fornecedores, no caso, passíveis de lesões causadas por uma 
oferta inverídica, uma publicidade enganosa ou abusiva, um constrangimento na 
cobrança de uma dívida, a inscrição indevida em bancos de dados e cadastros de 
consumidores, além do rol de exemplos do artigo 39, do CDC. Para a equiparação 
ocorrer, basta que a coletividade se encontre, potencialmente, na iminência de so-
frer algum dano.
Estes seriam, portanto, os conceitos de consumidor trazidos pelo CDC. Vamos ago-
ra analisar a identificação do fornecedor na relação de consumo.
3.2. Conceito de Fornecedor
Considerando que a definição do campo de aplicação do CDC se faz a partir de 
uma análise relacional, a identificação do consumidor depende da presença de um 
fornecedor no outro polo da relação jurídica.
O legislador do CDC, em atenção ao comando constitucional de proteção ao 
consumidor, previu um amplo conceito de fornecedor com abrangência em pratica-
mente todas as cadeias de fornecimento de produtos e serviços, vejamos:
Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou 
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de pro-
dução, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distri-
buição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Vejamos como a banca abaixo abordou a aplicação do conceito de fornecedor.
Questão 13 (CESPE/ANALISTA DE GESTÃO EDUCACIONAL - DIREITO E LEGIS-
LAÇÃO/SECRETARIA DE EDUCAÇÃO-GDF/2017) Acerca do inadimplemento das 
obrigações e do Código de Defesa do Consumidor (CDC), julgue o próximo item.
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De acordo com o CDC, o que diferencia a figura do consumidor daquela do forne-
cedor é que o primeiro é toda pessoa física que adquire ou utiliza produtos ou ser-
viços, enquanto que o segundo é toda pessoa jurídica que comercializa ou distribui 
produtos ou serviços.
Errado.
Outra questão muito fácil, que exige do(a) candidato(a) o conhecimento acerca 
dos conceitos de consumidor e fornecedor expressos nos artigos 2º e 3º, do 
CDC.
A identificação do fornecedor, à luz do CDC, por conta do critério expresso do 
“desenvolvimento de atividade”, sinaliza que o aplicador da lei deve se concentrar 
no viés da habitualidade, no desenvolvimento de atividade profissional, como a 
comercialização, a produção, a importação, a transformação e a distribuição de 
produtos, dentre outras previstas no texto do caput, do art. 3º, da lei.
Trata-se, pois, de um conceito com larga amplitude, entretantocontempla so-
mente o exercício habitual no mercado de consumo, ou seja, somente será forne-
cedor nos termos do CDC o agente econômico que pratica determinada atividade 
com profissionalismo e habitualidade.
Acompanhe dois bons exemplos para demonstrar a aplicação ou não do CDC sob 
o viés da habitualidade:
I – a escola que oferece cursos não gratuitos no mercado de consumo é conside-
rada fornecedora nos termos do CDC? Sim, pois pratica ou desenvolve atividade 
regular de ensino, com profissionalismo e habitualidade, seguindo as regras de 
regulação do ensino superior.
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II – Se essa mesma escola resolve vender o veículo que serve para transporte de 
professores, poderia ser considerada fornecedora à luz do CDC? Não, eis que não 
estará atuando com habitualidade e dentro da sua natureza de comércio, ou seja, 
a atividade de compra e venda de veículos não será considerada para a sua identi-
ficação como fornecedora nos termos do CDC, aplicando-se o Código Civil em even-
tual litígio envolvendo a comercialização do veículo.
Diante disso, verifica-se que as normas do Código de Defesa do Consumidor não 
se aplicam às relações de compra e venda de objeto totalmente diferente daquele 
que não se reveste da natureza do comércio exercido pelo vendedor.
Deve-se considerar que o fornecedor não precisa necessariamente auferir lucro 
de sua atividade, mas apenas receber uma remuneração direta ou indireta pelo 
produto ou serviço colocado em circulação. Assim, não importa a forma de consti-
tuição da empresa (seja ela uma pequena ou grande empresa ou uma associação 
sem fins lucrativos), desde que desempenhe a atividade descrita no artigo.
Vejamos como a banca abaixo abordou a aplicação do conceito de fornecedor.
Questão 14 (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/DPU/2017) Com base em in-
formações do sistema de escore de crédito, método estatístico de avaliação de risco, 
determinada instituição financeira recusou pedido de empréstimo em dinheiro feito 
por João. Em razão da recusa, João ajuizou ação contra a instituição financeira, ale-
gando prática comercial ilegal por parte dela, e requereu a aplicação do CDC. 
Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir à luz do entendimen-
to do STJ.
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Dadas as partes envolvidas na referida situação, o CDC não poderá ser aplicado ao 
caso, que deverá ser tratado com base nas disposições contratuais do Código Civil.
Errado.
Trata-se de questão bem fácil, eis que não há dúvidas quanto à aplicabilidade do 
CDC às instituições financeiras, até porque a análise de crédito figura dentre as 
atividades prestadas por tais instituições, abrangidas no campo de aplicação do 
CDC.
Um ponto que merece destaque na identificação do fornecedor é o fato de que o 
CDC menciona a expressão “fornecedor” quando fixa regras para todos serem obri-
gados ou responsabilizados de forma objetiva e solidária. Ao mesmo tempo, 
deu tratamento especial a algumas situações envolvendo tipos de fornecedores, 
estabelecendo responsabilidade exclusiva a alguns ou impondo uma espécie de or-
dem de responsabilização. Vejamos os artigos que especificam o alvo específico da 
norma, ou seja, para qual espécie de fornecedor o legislador direciona a aplicação 
daquela regra:
ARTIGOS DO CDC QUE ESPECIFICAM O FORNECEDOR
Art. 8º, § único Fabricante (prestar informações em produto industrial)
Art. 12 Responsabilidade do fabricante, produtor, construtor e importador
Art. 13 Responsabilidade do comerciante
Art. 14, § 4º Responsabilidade dos profissionais liberais
Art. 18, § 5º Fornecedor imediato = comerciante (produtos in natura) 
Art. 19, § 2º
Fornecedor imediato = comerciante (pesagem de produtos e 
balança não aferida segundo padrões oficiais)
Art. 21 Fabricante (especificação técnica na reparação de produtos)
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Art. 25, § 2º
Fabricante, construtor, importador e quem realizou a incorporação 
(dano em função de peça ou componente incorporado ao produto)
Art. 32 Fabricantes e importadores (peças de reposição)
Art. 33 Fabricante (nome na embalagem/oferta ou venda por telefone)
Ainda sobre a identificação do fornecedor na relação de consumo, cabe ainda 
mencionar que a teoria da aparência tem sido aplicada em julgados relativos às 
relações de consumo, pela qual se determina que os deveres de boa-fé, coopera-
ção, transparência e informação alcancem todos os fornecedores, diretos ou indi-
retos, principais ou auxiliares, ou seja, todos aqueles que participam da cadeia de 
fornecimento, entendimento esse adotado pelo STJ (REsp. 1.077.911).
O CDC estabelece, ainda, que as pessoas jurídicas de direito público tam-
bém poderão ser enquadradas como fornecedores à luz do CDC quando do forne-
cimento de produtos ou serviços em que haja uma contraprestação direta pelos 
consumidores.
Nessa ótica, quais seriam os serviços públicos protegidos pelo CDC? Justamente 
aqueles prestados mediante contraprestação ou remuneração diretamente efetu-
ada pelos consumidores por tarifa ou preço público e que a sua medição seja re-
alizada individualmente (também denominados de serviços uti singuli): água, luz, 
telefone, transporte público etc. A respeito desse tema, mais adiante trataremos 
especificamente dos serviços submetidos ao Código.
A respeito do campo de aplicação do CDC, vale frisar o entendimento do Superior 
Tribunal de Justiça externado por meio da Súmula n. 563 – O Código de Defe-
sa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de previdência com-
plementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com entida-
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des fechadas. (Súmula n. 563, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 24/02/2016, DJe 
29/02/2016).
Ao reconhecer a aplicação do diploma consumerista, o STJ entendeu que a re-
lação contratual mantida entre a entidade de previdência privada administradora 
do plano de benefícios e o participante não se confunde com a relação trabalhista 
mantidaentre o participante obreiro e a patrocinadora.
Vejamos como as bancas abaixo abordaram essas temáticas.
Questão 15 (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF 5ª REGIÃO/2015) Acerca 
dos sujeitos integrantes da relação de consumo nos moldes do que é descrito no 
CDC, assinale a opção correta com base na jurisprudência do STJ.
a) Será considerado consumidor pelo CDC o sujeito que for submetido a publicida-
de enganosa, desde que ele tenha realizado contrato com fornecedor de produto ou 
serviço objeto da referida publicidade.
b) As vítimas de um acidente de consumo, mesmo que não tenham adquirido o 
produto como destinatários finais, são consideradas consumidores pelo CDC.
c) Empresa de transporte de pessoas ou cargas pode ser considerada consumidora 
em sua relação com a empresa concessionária de rodovia
d) O condomínio que utiliza a água para o consumo das pessoas que nele residem 
não deve ser considerado consumidor em sua relação com a empresa concessioná-
ria de água
e) A jurisprudência do STJ consagrou a teoria maximalista para interpretar o con-
ceito de consumidor, admitindo a aplicação do CDC nas relações entre fornecedores 
e consumidores empresários em que fique evidenciada a relação de consumo.
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Letra b.
Trata-se de questão relativamente fácil, eis que a letra b se coaduna diretamente 
ao disposto no art. 17, do CDC. Entretanto, na análise desta questão, um ponto de 
maior atenção seria o disposto na letra c, eis que a análise acerca da configuração 
do agente como consumidor nos termos do CDC é casuística, à luz da vulnerabi-
lidade e de outros fatores. Ocorre que, em geral, a jurisprudência tem afastado a 
figura do consumidor pessoa jurídica quando se trata de empresa de maior porte 
financeiro, como é o caso do julgamento do REsp. 1481134, julgado pela 3ª Turma 
do STJ, no qual firmou-se o entendimento de que “a empresa seguradora não pode 
ser considerada consumidora nos termos do Código de Defesa do Consumidor”.
Questão 16 (CESPE/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/TRF-5ª REGIÃO/2017) Con-
forme a jurisprudência do STJ, configura relação jurídica de consumo a relação
a) jurídica entre entidade aberta de previdência complementar e seus participantes.
b) jurídica entre locador e locatário, nos contratos regidos pela lei que dispõe sobre 
locações de imóveis urbanos. 
c) jurídica estabelecida entre condomínio edilício e condôminos.
d) jurídica no caso de planos de saúde administrados por contrato de autogestão.
e) contratual entre advogado e cliente.
Letra a.
Trata-se de questão que exige atenção do candidato quanto à movimentação ju-
risprudencial do Superior Tribunal de Justiça, eis que a Súmula n. 563, editada em 
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fevereiro de 2016, estabeleceu que “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável 
às entidades abertas de previdência complementar, não incidindo nos contratos 
previdenciários celebrados com entidades fechadas”.
Por fim, o artigo 3º, do CDC, traz expressamente o termo “entes despersona-
lizados”, referindo-se aos fornecedores que não possuem personalidade jurídica, 
estendendo toda a proteção aos consumidores atingidos por condutas perpetradas 
por eles, tendo como exemplos mais comuns os camelôs, que desenvolvem ativi-
dade comercial de fato, mesmo sem constituir pessoa jurídica.
Vejamos como a banca abaixo abordou essa temática.
Questão 17 (CESPE/DEFENSOR PÚBLICO FEDERAL/DPU/2017) Com referência 
à proteção contratual e ao contrato de adesão, julgue o seguinte item. 
Aplicam-se as disposições do CDC às relações de consumo estabelecidas pela com-
pra de produtos de camelôs, haja vista o vendedor ser considerado fornecedor.
Certo.
Trata-se de questão fácil, principalmente se o(a) candidato(a) se atentar para a 
amplitude do conceito de fornecedor expresso no CDC, eis que atinge fornecedores 
sem personalidade jurídica, tendo como exemplos mais comuns os camelôs, que 
desenvolvem atividade comercial de fato, mesmo sem constituir pessoa jurídica.
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Questão 18 (CESPE/AUXILIAR TÉCNICO DE CONTROLE EXTERNO - ÁREA AD-
MINISTRATIVA/TCE-PA/2016) À luz do Código de Defesa do Consumidor (CDC) e 
do Estatuto do Idoso, julgue o item a seguir.
Segundo o CDC, o conceito de fornecedor abrange não apenas pessoas físicas e 
jurídicas, mas até mesmo entes despersonalizados.
Certo.
Trata-se de questão fácil, bem parecida com a anterior. Mais uma vez, basta que 
o(a) candidato(a) se atente para a amplitude do conceito de fornecedor expres-
so no CDC, eis que atinge fornecedores sem personalidade jurídica, tendo como 
exemplos mais comuns os camelôs, que desenvolvem atividade comercial de fato, 
mesmo sem constituir pessoa jurídica.
Questão 19 (FGV/EXAME DE ORDEM UNIFICADO – XVII – 1ª FASE/OAB/2015) 
Saulo e Bianca são casados há quinze anos e, há dez, decidiram ingressar no ramo 
das festas de casamento, produzindo os chamados “bem-casados”, deliciosos doces 
recheados oferecidos aos convidados ao final da festa. Saulo e Bianca não possuem 
registro da atividade empresarial desenvolvida, sendo essa a fonte única de renda 
da família. No mês passado, os noivos Carla e Jair encomendaram ao casal uma cen-
tena de “bem-casados” no sabor doce de leite. A encomenda foi entregue conforme 
contratado, no dia do casamento. Contudo, diversos convidados que ingeriram os 
quitutes sofreram infecção gastrointestinal, já que o produto estava estragado. A 
impropriedade do produto para o consumo foi comprovada por perícia técnica.
Com base no caso narrado, assinale a alternativa correta.
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a) O casal Saulo e Bianca se enquadra no conceito de fornecedor do Código do Con-
sumidor, pois fornecem produtos com habitualidade e onerosidade, sendo que apenas 
Carla e Jair, na qualidade de consumidores indiretos, poderão pleitear indenização
b) Embora a empresa do casal Saulo e Bianca não esteja devidamente registrada 
na Junta Comercial, pode ser consideradafornecedora à luz do Código do Consu-
midor, e os convidados do casamento, na qualidade de consumidores por equipara-
ção, poderão pedir indenização diretamente àqueles.
c) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável ao caso, sendo certo que tanto 
Carla e Jair quanto seus convidados intoxicados são consumidores por equiparação 
e poderão pedir indenização, porém a inversão do ônus da prova só se aplica em 
favor de Carla e Jair, contratantes diretos.
d) A atividade desenvolvida pelo casal Saulo e Bianca não está oficialmente regis-
trada na Junta Comercial e, portanto, por ser ente despersonalizado, não se enqua-
dra no conceito legal de fornecedor da lei do consumidor, aplicando-se ao caso as 
regras atinentes aos vícios redibitórios do Código Civil.
Letra b.
Na análise desta questão, o candidato deverá se atentar para um detalhe do con-
ceito de fornecedor previsto no caput, do art. 3º, do CDC, qual seja, a expressão 
“entes despersonalizados”. Trata-se daqueles fornecedores que não possuem per-
sonalidade jurídica, porém, são plenamente responsabilizados por eventuais con-
dutas lesivas aos consumidores.
3.3. Conceito de Produto e Serviço
O CDC trata os bens da vida como produtos, trazendo sua definição no § 1º, do 
art. 3º, vejamos:
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Art. 3º (...)
§ 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
A partir dessa conceituação, percebemos o quanto o legislador colocou de forma 
ampla a compreensão acerca dos produtos submetidos ao CDC, estabelecendo que 
qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, poderia figurar na relação 
de consumo.
Em termos mais doutrinários, temos que os produtos são bens que se transfe-
rem do patrimônio do fornecedor para o do consumidor, sejam eles materiais (ex.: 
aparelho de TV, geladeira etc.), imateriais (ex.: um software para uso no computa-
dor), móveis (como o próprio nome indica, aqueles passíveis de deslocamento, su-
jeitos à entrega, como um veículo, um alimento etc.), bem como os imóveis (bens 
incorporados natural ou artificialmente ao solo, como um apartamento, um lote de 
terra urbana ou rural etc.).
Já os serviços, nos termos do CDC, seriam aquelas atividades executadas pelos 
fornecedores, de interesse dos consumidores que delas necessitam, vejamos:
Art. 3º (...)
§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remu-
neração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista.
O CDC destaca a expressão “mediante remuneração” ao delimitar a amplitude 
do conceito de serviço, significando que o consumidor pagará, direta ou indireta-
mente, ao fornecedor pela utilização do serviço.
Significa dizer que apesar de não existir um desembolso direto do consumidor, 
alguns serviços podem ser remunerados indiretamente, como é o caso da utiliza-
ção de uma conta de e-mail gratuita, pela qual o consumidor não paga ao site pela 
utilização da conta de e-mail, mas enriquece o patrimônio do provedor toda vez 
que acessa sua conta de e-mail, eis que o provedor se remunera pelo número de 
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usuários que acessa seu sítio eletrônico, pois a partir desse número consegue cap-
tar mais anunciantes, patrocínios, investidores e, consequentemente, obter mais 
rendimentos.
Nem sempre é necessário que haja a compra ou a utilização efetiva de um pro-
duto ou serviço para que o fornecedor ofenda direito do consumidor. 
O CDC cuida de outras situações que ocorrem antes mesmo do fornecimento do 
produto ou do serviço como, por exemplo, nos casos de oferta e publicidade, 
nos quais o consumidor está apenas exposto aos encartes ou mensagens publici-
tárias, sem nada adquirir. Outro exemplo pode ser a indevida inclusão do nome 
de um consumidor em cadastro de devedores decorrente do uso fraudulento 
de seu CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) para contratação de uma linha telefônica 
sem a efetiva utilização do serviço por ele. Nesses casos, não houve aquisição, 
nem utilização, mas a exposição do consumidor configura a relação de 
consumo.
Sendo assim, em resumo, podemos trabalhar com duas possibilidades para iden-
tificação do serviço submetido ao CDC: I. o serviço é remunerado diretamente pelo 
consumidor; II. o serviço não é oneroso para o consumidor, mas remunerado indi-
retamente, não havendo enriquecimento ilícito do fornecedor, pois o seu lucro tem 
causa no contrato de fornecimento de serviço, sendo essa a remuneração indireta.
Vejamos dois bons exemplos para ilustrar essa questão da remuneração indireta:
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I – transporte coletivo para maiores de 65 anos: embora não esteja sendo remune-
rado diretamente pelo consumidor idoso, o fornecedor está sendo remunerado por 
toda a coletividade que paga regularmente as passagens;
II – estacionamentos gratuitos de supermercados, shopping centers, bancos etc.: 
a gratuidade nesses casos é apenas aparente, já que o objetivo principal é atrair 
o consumidor ao estabelecimento e incluir no rol de atrativos a possibilidade de 
deixar o veículo no interior do estabelecimento, em segurança.
Acerca desse segundo exemplo, o Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 
n. 130 (“A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou fur-
to de veículo ocorridos em seu estacionamento”), não diferenciando, portanto, os 
consumidores que efetuam a compra daqueles que apenas vão ao local a passeio, 
sem despender qualquer quantia. A responsabilidade pela indenização não de-
corre do contrato de depósito, mas da obrigação de zelar pela guarda e seguran-
ça dos veículos estacionados no local, presumivelmente seguro.
Na linha de raciocínio da forma de remuneração do serviço, temos a incidência 
do CDC na prestação de alguns serviços públicos, eis que as pessoas jurídicas de 
direito público também poderão ser enquadradas como fornecedores à luz do CDC 
quando do fornecimento de produtos ou serviços em que haja uma contraprestação 
direta pelos consumidores.
Nessa ótica, quais seriam os serviços públicos protegidos pelo CDC? Justa-
mente aqueles prestados mediante contraprestação ou remuneração diretamen-
te efetuada pelos consumidores por tarifa ou preço público e que a sua medição 
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