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1 Currículo de Cultura Judaica para a Idade Infantil Festividades e comemorações judaicas AGÊNCIA JUDAICA DE INTERCÂMBIO CULTURAL REPRESENTAÇÃO NO BRASIL Representantes da Agência Judaica no Brasil Danny Wolach (2001 - 2004) Moshe Reskin (2004 - ...) Elaboração e orientação Ester B. Barocas Revisão Ester B. Barocas Rosely Mandelman Suely Pfeferman Produção Editora e Livraria Sêfer Projeto, produção e desenvolvimento gráfico Dagui Design Ilustrações Ivo Minkovicius Escrita e implementação a partir de Março de 2002. O material foi desenvolvido em duas etapas. Primeiro, somente com coordenadoras (sob orientação de Ester B. Barocas) e, em um segundo momento, juntaram-se as professoras (coordenadas por Ester B. Barocas e Rosely Mandelman), com o apoio de Suely Pfeferman. São Paulo - 5765 / 2005 Copyright © 2005 by Agência Judaica de Intercâmbio Cultural 3 Carta ao professor Caro(a) Leitor(a) A Educação deve ocupar um lugar preferencial na vida comunitária. Ela garantirá a continuidade da vida judaica. A realidade em muitas comunidades demonstra que, mesmo com problemas de assi- milação ou demografia negativa, os marcos educativos propiciam e possibilitam, de fato, a formação e transmissão dos valores e cultura judaica através das gerações. É claro que a Educação deve começar desde o berço. A Agência Judaica, consciente da necessidade de fortificar estes marcos e fiel ao seu objetivo – constituir o elo de ligação entre o Estado de Israel, o judaísmo nas suas vertentes e os judeus no mundo, trouxe para si a tarefa de desenvolver um currículo unificado das Festas Judaicas para a Educação Infantil. Esta realização inédita, aglutinou os profissionais das Escolas Judaicas de São Paulo, dentro de um clima pluralista, de respeito pelas diversas correntes ali representadas. Assim, durante dois longos anos, educadoras reuniram-se, intercambiaram idéias, ma- teriais e experiências sobre o tesouro mais prezado – as crianças, e a melhor forma de transmitir e vivenciar o judaísmo e o seu elo com Israel. O resultado que você, caro(a) leitor(a) apreciará a seguir, demonstra a qualidade da Educação Infantil de nossa comunidade. Cabe à Agência Judaica, quem tem o prazer de publicar este livro, cumprimentar à equipe de Gananot pelo belo trabalho realizado, ao ex-sheliach Danny Wollach que iniciou a tarefa, ao Jairo Fridlin pela sua colaboração e a todos aqueles que contribuíram para que hoje os profissionais da Educação Infantil Judaica de São Paulo e de todo o Brasil possam contar com este livro que, sem dúvida, se transformará num marco de consulta. Kriá Neimá (leitura amena) Moshé Reskin Representante da Agencia Judaica no Brasil São Paulo, julho de 2005 4 Sociedade Benéfica Cultural Religiosa Brasileira Beit Yaacov www.beityaacov.com.br Joyce Szlak Sarita Kreimer (Olami & E.M.I. Hebraica) Schmul Osher Begun, Rav Alberto Wakrat Escola Israelita Brasileira Chaim Nachman Bialik www.bialik.g12.br Rosely Mandelman Ana Carolina Corsi Rosa Rivo Holzer Rebeca Sendrovich Maria de Fátima Simeliovich Liliana Daniela Albalá Rachel Wahba Shelly Blecher Escola Gani Talmud Thorá Hana Ende Ester Zweibil Roselea Becher Fleischmann Sheila Berditchevsky Bleich Thaís Wassefirer Hubner Sarita Copeliovitch Renata Khafif Essia Kuszer Frida Tawil Escola Maternal e Infantil Hebraica www.hebraica.org.br Ester Schwartzman Adriana Thaiz Abramczyk Renata Hitelman (Kitá Legal/Beit Yaacov) Olami www.hebraica.org.br Joyce Szlak Karen Ishay (Kitá Legal) Denise Krasilchik (Beit Yaakov) Simone Benzinsky Lermann (I.L.Peretz) Deborah Oksman (Renascença) Colégio I. L. Peretz - Acrelbi (Associação Cultural Religiosa Brasileira Israelita) www.peretz.com.br Fany Cogan Barocas Linda Derviche Blaj Karina Joseph Levy Mônica Pipek Célia Liuchy Polster Isa Sandra Zajdenwerg Sonia Levinbuk Homenagem: Gita Lesser Z’L Sociedade Hebraico Brasileira Renascença www.renascenca.br Geni H. Oksman Chanoft Sandra Maghidman Ilana Waintraub Priscila Dahan Tamar Carina Dayan Renata Gross Mina Kramarsk De 2003 em diante Beit Sêfer Shelanu Márcia Rochine Zitman (I.L.Peretz) Ensino Judaico Sul Sarita Municic Saruê Márcia Regina Cohen (Gani TT) Kitá Legal www.kitalegal.com.br Shirley Jungman Sacerdote Lais Katz (E.M.I. Hebraica) Patrícia Aparecida Lopes (E.M.I. Hebraica) Instituto de Ensino ABC Lubavitch www.lubavitch.org.br Chani Begun Mara Baroukh Miriam Bucks Márcia Eliezer Educação Infantil nas Escolas (e seus sites) Diretoras e coordenadoras, professores e colaboradores Este material foi elaborado e escrito para uso das escolas ficando proibida a venda do mesmo. 5 Apresentação Foi um imenso e inenarrável prazer sentir-me parte de tão requisitado – pelas coorde- nadoras de Cultura Judaica das Escolas Judaicas - e fundamental Projeto para a Educa- ção Judaica, razão de nossa continuidade. No entanto, por que começar com Educação Infantil? E… por que nós? Pensei que soubesse a resposta a princípio, mas só me ficou claro quando, em uma de nossas várias sessões, de Março de 2002 a Dezembro de 2003, ouvi Rav Henrique Begun citar… quando Moisés buscava alguém que guardasse as Leis. As crianças! Foram justamente os pequeninos, os escolhidos para guardar nossas Leis. De fato, apenas neles podemos depositar toda nossa confiança tendente à continuidade de nossos valores, tradições e povo. Apenas viabilizando-lhes os caminhos e abrindo- lhes espaços de busca que, sempre brincando como só eles aprendem, eles mesmos explorarão para além de seus limites, é que construirão e fortalecerão sua identidade judaica, o que lhes permitirá saber quem e o que são e aonde vão. … E, por que nós? Por nossa função e papel serem trazer Israel para a Diáspora, fortalecendo a idéia de este nosso país ser o referente universal para a Cultura Judaica. Devo, no entanto, ainda e principalmente, acrescentar e afirmar que, com toda a certeza, o que mais me entusiasmou e encantou não foi este estupendo futuro (que até posso prever, mas não garantir), mas sim o presente. Um trabalho que não nasceu como é hoje. A princípio, bem pouco pretensioso e mais no formato de grupo de estudo, mas que foi tomando corpo e forma e fortalecendo a nossa identidade, num permanente exercício de tolerância entre nossas diferenças e estilos (o que certamente implicou um considerável trabalho na compilação e revisão da obra toda), dado que as querências eram as mesmas. Lamentei-me muito e sempre que perdi uma destas inúmeras sessões, pois o envolvimento, a entrega, o esforço e o elan com que os profissionais (aliás mara- vilhosas pessoas) desenvolveram e realizaram esta obra, de incalculável valor foi o que me enfeitiçou e encantou de fato! Se desta 5a letra do alfabeto português – ‘e’, tanto nos pudemos elevar, quem dirá então da 5a letra hebraica, hey… Se me permitem, foi este um relacionamento deveras profundo e divino entre todos nós. Agradeço, muito e primeiramente, aos educadores, suas crianças e famílias, às sedes educativas que nos receberam com tanto carinho – Eitan, nossa Central Pedagógica, a saudosa Casa Hillel e, principalmente às escolas, sempre com um delicioso kibud or- chim. Grata ainda estou à orientação profissional que tivemos dos curadores do MAM. Por fim, mas não menos importante, registro aqui a eterna dívida aos nossos patrocina- dores que, fazendo um shiduch entre o talento educativo e a oportunidade, viabilizaram a realização da publicação deste livro. A parceria com todos estes profissionais e entida- des foi o que, sem dúvida, construiu este trabalho. Não deixem este Projeto perecer – esta é apenas e tão somente a primeira parte de nosso Referencial Curricular de Cultura Judaica (a saber, Chaguimlaktanim), de um total de quatro (as outras três sendo, (b) Ivrit laktanim, (c) Projetos educativos e (4) Sipurei hatanach). O que não falta é energia e empenho! Kadima, vamos em frente! Contamos com todos vocês! O que fica, e sei, não é um livro publicado, mas sim uma chama que não se apagará nos corações dos educadores, crianças, pais e outros profissionais envolvidos neste Pro- jeto, cujo compromisso com a Cultura Judaica é incondicional. Bechatzlacha – ‘sorte e sucesso’, para todos os que acreditam na educação, como o caminho para manutenção de nossos valores e mesmo para nossa continuidade/eter- nidade! Suely Pfeferman Diretora de Educação (2002 - 2004) – Agência Judaica 6 Lista de conteúdos Apresentação Prefácio Introdução – Chaguim laktanim – por quê? Parte I: Festividades e Comemorações Capítulo I - Shana Tova umetuka betachanot Capítulo II - Iom Kipur, pedindo perdão aos amigos Capítulo III - Venham todos para a suka, brincar, comer e aprender! Capítulo IV - O fim é o princípio, nas rodas de Simchat Tora Capítulo V - Chanuka! Vamos festejar, brincando com o sevivon e comendo a sufgania Capítulo VI - Crianças e árvores, crescendo em Tu Bishvat Capítulo VII - Brincando de melech e malka, ao som dos raashanim Capítulo VIII - Ma Nishtana – O que difere esta noite de todas as outras? Capítulo IX - Iom Haatzmaut - Levante e caminhe por Israel, kum vehithalech baaretz Capítulo X - Lag Baomer já chegou: unidos em volta da medura Capítulo XI - Colhendo e dançando, Shavuot comemoramos! Parte II: Anexos [1] Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Brasília, Brasil, MEC/SEF, 1998. 3vs. [2] Tochnit misgueret legan haieladim guilaei 3-6. (Parâmetros Curriculares para o Jardim-de-Infância, idades 3-6), Misrad hachinuch, hatarbut vehasport, haagaf lechinuch kdam iessodi, Jerusalém, Israel; 1998. [3] Panorama sobre a abordagem de adequação ao desenvolvimento infantil (Developmentally Appropriate Practice1). [4] Modelo para a escrita de planejamento dos chaguim (festas). [5] Sugestões de jogos didáticos, com conteúdos das festividades. [6] Tabela de transliteração. 1 Vide bibliografia 7 Prefácio A tarefa de apresentar um trabalho conjunto - um currículo sobre Cultura Judaica adequado à idade infantil - cons- truído por educadoras do Ensino Infantil nas Escolas Judaicas, formais e complementares - requer uma mistura de doses generosas de chazon (modo de ver; visão), sensibilidade, tolerância, conhecimento, e... chutzpa (intraduzível!): Chazon, pois precisamos ser otimistas e acreditar com kavana (intenção) em um futuro sempre melhor, característi- ca peculiar da educadora para a idade infantil que semeia frutos, que nem sempre ela própria colherá. Sensibilidade, pois lidamos com crianças na idade mais vulnerável de suas vidas, e com respectivas famílias. Tolerância, pois temos que, antes de tudo, reconhecer e respeitar as diferenças entre nós, acreditando no potencial positivo desta diversidade, que, aliada à diversidade que nos rodeia, oferecem, ambas, boas oportunidades, diárias e cotidianas, que devem ser cultivadas desde a idade infantil, contribuindo, assim, para um mundo de coexistência mais condescendente. Conhecimento, pois é preciso carregar, em nossa mala, além de uma bagagem considerável de saberes - gerais e específicos um bom bocado de inteligência emocional para conhecermos melhor as crianças, suas famílias e a comu- nidade, procurando adequar o ensino às crianças específicas que estudam em nossas escolas... E...finalmente, mas não menos importante, uma pitada caprichada de chutzpa para ousar, continuar a buscar, estu- dar, e nos atualizar, experimentando novos sabores e temperos, usando os mesmos ingredientes tradicionais típicos da Cultura Judaica... As Escolas Judaicas, formais e complementares, no Estado de São Paulo, por meio de suas representantes da Educa- ção Infantil, cada qual com sua visão do que vem a ser “uma Educação Infantil Judaica de qualidade”, participaram, de forma ativa e dedicada, num processo de construção de um currículo conjunto, buscando oferecer respostas às seguintes questões: • Como tornar relevante a Cultura Judaica, considerando o contexto sócio-histórico local? • Como transmitir conteúdos, valores e atitudes que caracterizam a Cultura Judaica, de forma vivenciada e cons- trutivista? • Quais seriam os conteúdos de Cultura Judaica mais adequados à idade infantil? • Quais seriam os conteúdos comuns às correntes do Judaísmo e como expressar justamente o que nos une? Para algumas destas questões, encontramos respostas (provisórias!); para outras, resolvemos continuar procurando e, para outras ainda, encontramos várias respostas, todas relevantes e passíveis de coexistência, respeitando as diver- sas opiniões e correntes que formam o mosaico da Cultura Judaica. Este processo teve como objetivos principais: • criar um espaço para discussões e debates sobre a essência e os conteúdos ligados à Cultura Judaica na Educação Infantil; • criar materiais curriculares relevantes e adequados ao contexto sócio-cultural local, considerando o Referencial Curricular Nacional de Israel, no que diz respeito à Cultura Judaica, o Referencial Curricular Nacional do Brasil, a Abor- dagem de Adequação ao Desenvolvimento e as Propostas Pedagógicas das próprias Escolas Judaicas participantes no projeto (de corrente tradicional e de tradicional-ortodoxa). • criar meios concretos para expressar o trabalho conjunto, realizado pelas diferentes instituições. Com o intuito de realizar tais propostas, foram criadas séries de encontros com educadoras, que serviram como espaço para discussões e debates sobre a essência e os conteúdos ligados à Cultura Judaica na Educação Infantil local. Um inventário dos materiais ligados à Cultura Judaica existentes nas escolas foi traçado e, gradativamente, as participantes (com listas de conteúdos, propostas de atividades e documentação de projetos) construíram materiais curriculares (planejados-desenvolvidos-refletidos-escritos-implementados), sendo esta publicação, um deles. Este trabalho expressa o momento atual da Educação Infantil nas Escolas Judaicas, e pretende deixar transparecer a importância da flexibilidade e da dinâmica, para com a escrita e implementação de currículos. Apresenta sugestões e propostas, que, em nenhum momento, pretendem ser únicas ou obrigatórias, mas que, por outro lado, demonstram concepções teóricas e práticas do que as escolas acham que venha a ser uma Educação Infantil Judaica de qualidade. Outra difícil tarefa deste grupo, a de expressar o resultado de um processo sócio-construtivista de um currículo - em sua essência dinâmico e flexível, de forma escrita, meio cultural estático, nos fez optar pela escrita de um livro, de grande praticidade para professores. Ainda que considerando as limitações deste meio, almejamos dar continuidade ao processo, realizando tanto a avaliação como a atualização periódicas de planejamentos e práticas. Para tanto, este material estará disponível no site da Agência Judaica do Brasil (www.agenciajudaica.com.br), em versão ampliada. 8 Chaguim laktanim – por quê? A construção da identidade judaica inclui a transmissão de valores, tradições, costumes e atitudes, aceitos pelo povo judeu e passados de geração para geração. A criança que estuda na Escola Judaica, desde a mais tenra idade, tem a possibilidade de estar em contato com um entorno favorável à construção e à transmissão destes valores, por meio da interação de qualidade com educadoras, com outras crianças, e com objetos significativos à sua volta. Embora, neste material, tenhamos dado ênfase aos conteúdos e às estratégias de ensino-aprendizagem dos mesmos, gostaríamos de destacar o papel primordial da educadora, como mediadora de cultura.Sua função está ligada a seu comprometimento emocional para com a transmissão da Cultura Judaica, à sua valorização de temas e conteúdos, a seu conhecimento destes e a seu potencial pedagógico. Como conseqüência, valorizamos, neste trabalho em especial, o planejamento de atividades com potencial de construir vivências positivas, tendo, como eixo central, os temas e os conteúdos da Cultura Judaica. Este processo envolve a construção de um ‘ambiente psicológico’ favorável, trazendo, para dentro da escola, os símbolos e instrumentos culturais judaicos, preparando assim, uma ‘atmosfera judaica’, para que a criança possa ‘respirar’ Cultura Judaica. A repetição dos mesmos costumes e tradições, ano a ano, começando pelos costumes que a criança pode realizar de forma autônoma, na escola e com a família, até aqueles realizados no âmbito da comunidade e do povo, poderá construir sua identidade, seu sentimento de pertinência à família, ao grupo na escola, à escola, à comunidade e ao povo. A trans- missão e a construção de valores, costumes e tradição, na escola, estão ligadas à conscientização da educadora de seu papel de mediadora educacional e cultural, de seu comprometimento em buscar e oferecer boas oportunidades para as crianças vivenciarem experiências de qualidade, que fortaleçam seus sentimentos, e de sua ligação com as pessoas e com a comunidade a qual pertence. O Estado de Israel representa uma referência fundamental para a identidade judaica e para o conhecimento da ligação espiritual entre os judeus de diversos lugares do mundo e aqueles que vivem em Israel. Um dos objetivos primordiais das instituições educativas da comunidade judaica tem sido a transmissão, aos mais jovens, do conhecimento de suas raízes e a pertinência ao povo judeu. Promover o conhecimento e a valorização da própria cultura possibilitará gerar, na criança, uma atitude de respeito pelas mais diversas manifestações expressivas de todos os povos. A Agência Judaica de Intercâmbio Cultural, com a iniciativa e a responsabilidade pela realização deste projeto, cumpre, assim, seu papel de mediadora entre o Estado de Israel e as educadoras que trabalham em Escolas Judaicas em países fora de Israel, buscando, incessantemente, promover a identidade judaica por meio de uma educação judaica de qualidade. Com o intuito de considerar os princípios que norteiam as propostas pedagógicas de cada escola participante no pro- cesso, escolhemos algumas propostas ligadas à Cultura Judaica, registradas em seus Projetos Pedagógicos, propostas estas que nos pareceram relevantes e significativas ao nosso eixo central, que é a Cultura Judaica: 9 Sociedade Benéfica Cultural Religiosa Brasileira Beit Yaacov2 Há uma enorme responsabilidade em ensinar Judaísmo para crianças na Educação Infantil. Os ensinamentos devem ser levados até o universo de compreensão da criança. Percebendo seus significados e sua beleza, a criança abraçará, com alegria, os valores do Judaísmo. Transmitidos por profissionais competentes, para crianças nessa faixa etária, os valores do Judaísmo as acompanham para sempre. Na Beit Yaacov, os alunos se relacionam com o Judaísmo a partir do estudo do Tanach, de histórias, do Shabat e dos chaguim. A intensidade e a profundidade da relação devem ser decididas pela família. Visando a uma interação dos pais com temas estudados, a escola promove atividades ligadas ao Judaísmo, que são estendidas às famílias. O Calendário Judaico e seus chaguim trazem momentos de introspecção, alegria e de vivência do sentimento de família, muito importantes para a educação das crianças. Escola Israelita Brasileira Chaim Nachman (C.N.) Bialik A Educação Infantil no Bialik tem como palavra chave a vivência, por acreditarmos que, nesta faixa etária, é este o ca- minho para o desenvolvimento de uma identidade judaica. Vivenciar a cultura, a tradição, os costumes e a língua hebraica, conhecer as histórias do Tanach, o porquê dos chaguim e celebrar o Shabat – tudo isso certamente trará um sentimento de pertinência. As festividades e o Shabat são marcadores do tempo, que se diferenciam das atividades rotineiras, portanto, merecem atenção especial. Os pais, sempre presentes, são parceiros nestes momentos. Em cada chag, a escola se transforma e o próprio entorno educativo traduz o que nela acontece, possibilitando, então, que a criança perceba e sinta toda a sua mágica. Tornar Israel mais próximo também é uma das nossas metas, e isto é feito pela música, dança, literatura, filmes e troca de correspondência com crianças israelenses. Escola Gani Talmud-Thorá (TT) Chanoch lanaar al pi darko, gam ki iazkin, lo iassor mimeno. Eduque uma criança conforme suas potencialidades levando-o a amar o conteúdo aprendido, especialmente em sua infância, para dele não se afastar na juventude.3 A filosofia da Escola Gani TT baseia-se na premissa de que não devemos ensinar e sim educar, pois as crianças cons- tróem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O educador é o modelo vivo dos ensinamentos judaicos e chassídicos transmitidos, tornando acessíveis os elementos da cultura e religião, que enriquecem seu desenvolvimento e inserção na comunidade judaica e a participação na comuni- dade nacional. As atividades promovidas na escola ajudam no desenvolvimento integral de sua identidade, pois a criança é profunda- mente marcada pelo meio social em que se desenvolve, embora também o marque, contribuindo para o desenvolvimento do grupo. A escola cumpre, entre outros, este papel socializador, propiciando o desenvolvimento das características da criança, por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situação de interação. “...Cada tipo de criança existe por alguma razão e devemos auxiliá-la em seu desenvolvimento. Cada criança carrega consigo grandes riquezas, o potencial de todo um futuro. O modo como você (sic) educa uma criança não vai influenciar apenas a vida dela própria, mas também os filhos dela e suas vidas...”. “... Precisamos ser especialmente atentos em relação a incutir o sagrado nas crianças, a reverência que vem através da espiritualidade. As crianças têm um glorioso dom para perceberem (sic) que o aqui e agora, o mundo visível, nem sempre é o mais importante. Permita que a imaginação de uma criança vagueie, pois ela reconhece que todos fazemos parte de uma coisa superior a nós mesmos. As crianças têm, de forma inata, uma profunda ânsia pelo etéreo e um natural sentido de encantamento e fé, tão receptivo a questões espirituais...”4 Escola Maternal e Infantil (E.M.I.) Hebraica Princípios e valores da Educação Judaica A integração da criança, basicamente nos valores judaicos e na prática de suas tradições, faz parte incessante do nosso cotidiano. A vivência é feita por meio do conhecimento da história do povo judeu, seus costumes e tradições. A interação com pais e familiares, e com os diversos departamentos do clube, fazem parte da nossa proposta pedagógica, compartilhando e vivenciando datas importantes do calendário judaico. Propiciamos, assim, a troca de experiências e infor- mações. Objetivos gerais da Cultura Judaica • Promover situações e vivência que possibilitem, ao aluno, o desenvolvimento das bases para a construção de sua identidade judaica; • Conhecer fatos marcantes da história do nosso povo, seus costumes e tradições e valores éticos; • Introduzir o ensino da língua hebraica, por meio de festas judaicas, desenvolvendo o vocabulário. 2 As escolas foram organizadas, na ordem alfabética de seus nomes 3 Em Mishlei XXII-6 / Provérbios, capítulo 22, versículo 6 4 Citações extraídas do livro Rumo a uma vida significativa - A sabedoria do Rebe Menachem Mendel Schneerson 10 Escola Complementar Olami Infantil A escola é um espaço de vivência judaica, não formal, cujo objetivo é proporcionar aos seus integrantes,ferramentas para a vivência do Judaísmo em toda sua plenitude. Assim, conhecem, sentem e se identificam com nossa cultura e apro- ximam-se da realidade judaica e israelense. A proposta do Olami consiste em uma variedade de projetos, abrangendo as áreas de: chaguim, ivrit (hebraico), identidade e valores judaicos e o Shabat. Os objetivos para o Gan (Jardim-de- infância): • Iniciação de vocabulário em ivrit por meio da estruturação de frases simples; • Reconhecimento e escrita do nome e • Reconhecimento dos nomes dos amigos. Colégio I. L. Peretz – Acrelbi (Associação Cultural Religiosa Brasileira Israelita) O Colégio I.L. Peretz visa a uma formação multi e intra-disciplinar, humanística e científi- ca sob a perspectiva privilegiada do Judaísmo, como forma de ver, sentir e viver a sua particularidade. Assim, é sua meta proporcionar a seus educandos os instrumentos da competência e da auto-realização pessoal, ao mes- mo tempo em que os prepara para o desempenho da cidadania consciente, criativa e atuante no Brasil, na comunidade judaica e aonde quer que os caminhos de suas existências os levem. Considerando que o I. L. Peretz deve estar atento às reformulações pedagógico-didáticas exigidas pela globalização, pelo avanço tecnológico e pelas necessidades que o país tem para converter-se em uma nação avançada, esta instituição, como Escola Judaica, não pode prescindir da família - dos pais de seus alunos, na tarefa de educar judaicamente. Só a parceria família/ escola poderá proporcionar sentido na construção de uma identidade judaica responsável, consciente e aberta para o mundo, para que nossos jovens, ciosos de sua especificidade, conservem suas relações com as tradições, com a comunidade e com Israel. Sociedade Hebraico Brasileira Renascença Sendo uma Escola Judaica, A Sociedade Hebraico Brasileira Renascença norteia seu projeto político-pedagógico em princípios e valores, baseados nos três aspectos da filosofia judaica “... sobre três pilares, sustenta-se o mundo: Tora (Leis), avoda (Trabalho) e gmilut chassadim (Justiça Social).”5 • Tora - este conhecimento se dá por meio do entendimento, análise, conclusão, apropriação e conceituação própria. Princípio da REFLEXÃO. • Avoda - assimilados os princípios da Tora, este se transforma em vivência e passa a aplicá-lo no cotidiano. Princípio da AÇÃO. • Gmilut chassadim - neste fundamento, o coletivo transcende o individual, como elo de união e compromisso com a sociedade. Princípio da TRANSFORMAÇÃO. Pelo trabalho com a Cultura Judaica, criamos condições, para que nosso aluno possa ter uma postura pró-ativa na comunidade, construindo sua identidade, descobrindo-se como parte importante e atuante de nossa cultura, por meio da apropriação de um língua comum e da história de recordação do passado. Reconhecendo os valores aprendidos, possi- bilita-se a continuidade da preservação da cultura. A participação ativa dos alunos em atividades faz com que eles sejam parte integrante do universo judaico inserido na sociedade. Kitá Legal A Kitá Legal é um curso de Cultura Judaica, para crianças de 3 a 10 anos . Sendo um curso de educação complementar, a proposta da Kitá Legal é a de ensinar os principais aspectos da Cultura Judaica de maneira informal, lúdica e criativa. Os principais objetivos da Kitá Legal são: promover a construção da identidade judaica da criança e fortalecer o co- nhecimento sobre os fundamentos da Cultura Judaica - religião, tradição, costumes, história e personagens. Outras metas importantes da Kitá Legal são aproximar e envolver as famílias das crianças ao Judaísmo, criar momentos de grande vivência em torno dos conteúdos e ensinar um vocabulário básico do tema discutido, em hebraico. A prática obtida, nos 18 anos em que ministramos este curso, permite-nos avaliar que o método de ensino usado, que considera a chavaia (vivência positiva) - como fator primordial no ensino, pode levar a criança a adquirir uma rica experiência judaica. Neste sentido, procuramos trabalhar com os aspectos culturais e religiosos presentes nas histórias do Tanach (Bíblia), nos contos judaicos, nos principais chaguim (festas), nas tradições e costumes do povo judeu. Como parte da Cultura Judaica, a Língua Hebraica também está presente nas aulas, promovendo a aprendizagem de um vocabulário básico de acordo com cada tema proposto. As crianças maiores de 8 anos têm a oportunidade de aprender, de maneira lúdica, o alef-beit (alfabeto) e seu uso. 5 Em Pirkei Avot / Ética dos Pais, capítulo 1, versículo 2 11 Instituto de Ensino Lubavitch “Ki haadam etz hassade.” “O homem é comparado à árvore do campo.” Assim com uma árvore, que, para crescer forte e saudável, deve ter sua semente nutrida desde a plantação, devemos também investir na educação de uma criança desde os seus primeiros anos de vida, para que cresça uma “árvore carre- gada de valores, Tora e mitzvot”. Cada orientação que damos a uma criança influenciará seu comportamento e caráter quando crescer. Como está escrito: “Ze hakatan gadol ihie” “Este pequeno, grande será.” No Instituto de Ensino Lubavitch, temos o prazer de oferecer, às nossas crianças, um ambiente judaico e chassídico, onde cada criança é individualmente valorizada e nutrida. Encorajamos cada uma a explorar o mundo, aprender a fazer parte de um grupo, e resolver problemas de maneira construtiva. O Lubavitch se empenha, constantemente, em criar um ambiente caloroso, alegre e amigável, com uma equipe de professores responsáveis, cujas prioridades são sempre o bem estar das crianças. O Instituto divide, com o lar, este im- portante papel de educar a criança, para que cresça feliz, interessada, responsável, com valores e temente a D’us. Vemos cada criança como um indivíduo, merecedor de respeito e atenção. E, para que ela cresça sabendo respeitar os outros, incentivamo-na a descobrir caminhos de comunicação e cooperação. Respeitando sempre as habilidades e personalidade de cada criança, nosso método de trabalho enfoca um crescimento saudável social e, emocionalmente, fundamental, para a criança aprender a crescer. Nestes primeiros anos da educação de uma criança, transmitimos noções básicas de iahadut (Judaísmo) e alfabetização, por meio de experiências e vivên- cias. Garantindo a individualidade de cada uma, e respeitando os diferentes meios que cada criança procura para acessar seus conhecimentos - e para ajudarmos cada uma a identificar situações emocionais, e crescer forte para tomar decisões, construir uma personalidade e auto-estima positiva - trabalhamos e planejamos o nosso dia-a-dia, dentro das seguintes propostas: • Inteligências Múltiplas (baseando-nos na teoria de Howard Gardner, sobre as oito inteligências) • Inteligência Emocional (baseando-nos na teoria de Solowey sobre o Q.E.6) • Centros de Aprendizagem Cooperativa (baseando-nos na teoria de Horaa Mutemet, Ensino para a Diversidade) E, como fazemos isto? Com muito amor! “Palavras que saem do coração entram no coração” Além disso, acreditamos na lógica de que o/a professor/a que ensina com amor fará com que a criança o/a ame. A criança que ama seu/sua professor/a amará aquilo que ele lhe ensina. A criança que amar os valores da Tora amará, também, a Tora e D’us. Ou seja, o/a professor/a é um elo entre a criança e D’us!!! Quando D’us criou o homem, Ele disse: Faremos (no plural) o homem. Para que se torne “um homem”, a educação de uma criança depende de uma sociedade entre pais, educadores e D’us. Que possamos sempre ter muito sucesso nesta empreitada!!! As festividades judaicas representam um dos sinais que reunificam o povo judeu, transmitindo para todos, ao mesmo tempo, os mesmos valores, conteúdos e tradições, fazendo com que todos sintam, juntos, momentos únicos de espiritua- lidade e pertinência. A importância destes chaguim na Educação Infantil é inquestionável, e a conscientização daimpor- tância dos conteúdos adequados à faixa etária se vai expandindo. Os princípios que nos orientaram para o planejamento e a escrita deste material foram os da adequação dos conteúdos e das estratégias ao desenvolvimento infantil. 6 Q.E. – Coeficiente de Inteligência Emocional 12 O que é um chag? “As festividades elevam o homem do plano superficial do dia-a-dia, da mesma forma que as montanhas se elevam do nível da superfície da Terra”. Esta é a visão do grande poeta Chaim Nachman Bialik, um dos primeiros autores que escre- veram em língua hebraica moderna para crianças na idade infantil, valendo-se de grande sensibilidade para tal. “Quem chega ao alto de uma montanha, seu horizonte fica maior e mais amplo, oferecendo novas proporções à sua vida”. Como acontece com quem se encontra no alto de uma montanha e respira um ar mais puro, segundo Bialik, o homem que celebra uma festa, um pico no tempo, eleva-se da rotina do dia-a-dia. Os chaguim, demarcados para o homem organizar seu calendário, valorizam o ciclo das estações e as mudanças que ocorrem na natureza. Festejando dias sagrados, em meio a dias normais, revela-se, no homem, a aspiração a se elevar a picos comemorativos, voltando no dia seguinte à rotina corriqueira. Para assinalar este pico no tempo usa-se, em hebrai- co, a palavra chag, cujo radical semita (de três consoantes) pode ser tanto chet guimel guimel (גגח) como chet vav guimel (גוח). Se considerarmos esta última, poderemos notar que transmite, também, a noção de chug, ou seja, um círculo, em torno do qual cada participante se situa em um ponto eqüidistante, possuindo todos a mesma importância em todos os pontos, e, assim, aumentando, a sensação de pertinência, segurança emocional e consolidando sua identidade cultural. Outra forma de explicar é considerar o radical chet guimel guimel, que deriva o verbo lachgog, cujo significado é festejar. Ou seja, por meio do chag, podemos festejar os fechamentos de alguns ciclos/círculos na vida do homem, e a abertura de outros novos. Para que precisamos de chaguim? O chag é um dia especial e diferente de outros dias, que retorna a cada ano respeitando o calendário. Nestes dias, são realizadas cerimônias ou comemorações, atos simbólicos, designados a demarcar acontecimentos que tiveram sua origem na história, na religião ou na natureza. Sejam as origens do chag fontes históricas (guerras, conquistas, vitórias), fontes religiosas (a gênese do mundo, a Lei de Moisés), fontes ligadas ao homem e à sociedade ou fontes ligadas à natureza, o que transformará um dia normal em dia de chag será a importância que o homem e o povo lhe atribuírem. Cada povo cultiva suas festividades e comemorações, tecendo laços por entre suas fontes religiosas e históricas, e suprindo neces- sidades sociais, econômicas e culturais. Assim, cada festividade estará conectada diretamente à cultura de um povo, aos costumes, tradições, folclore e crenças. Cada chag é baseado numa idéia central, num eixo. É a própria realização deste chag, no entanto, que tem a função de trazê-lo à nossa consciência, por meio do uso de símbolos, motivos, sensações espirituais, além das cerimônias tradi- cionais e religiosas. Alguns elementos fundamentais que caracterizam um chag são: uma data demarcada ou convencionada no calendário (sugerindo a possibilidade da comemoração conjunta, cultivando a sensação de pertinência ao povo), os conteúdos e símbolos específicos (típicos para cada chag), a função deste chag na comunidade (uma oportunidade para nos reunir- mos e nos sentirmos parte de um todo, com um objetivo comum), as preparações espirituais e materiais e a criação de um ambiente especial (a partir, p. ex., do uso de luzes – cada chag com sua luz, comidas especiais, roupas, enfeites e decoração, seguindo seus costumes), além da parte litúrgica (rezas, canções e versos, entre outros). Qual o significado do chag para a criança na idade infantil? Desde a idade mais jovem, a criança desenvolve sua percepção, por meio do uso dos sentidos, para captar o que o ambiente e as pessoas significativas lhe oferecem. Os chaguim são excelentes oportunidades para alimentar os sentidos, fazendo com que a criança aprenda vivenciando, p.ex., a visão das cores das velas de Chanuka ou a sensação do calor da fogueira de Lag Baomer, o cozimento, aroma e sabor dos pratos típicos, o som do raashan, em Purim, das canções e rezas, a dança e a dramatização. Tudo isto faz com que a criança participe ativamente, tanto na preparação como na rea- lização da festividade. Para a criança na idade infantil, o chag terá significado, dependendo do que vivenciar e absorver, ao participar de atos, atividades, brincadeiras e jogos, assim como da própria comemoração da festa, na escola e em casa. Os símbolos e motivos, repetidos a cada ano, despertam a curiosidade da criança, fazendo com que, gradativamente, vá conhecendo e se interessando por seus significados. Crianças na idade infantil se encontram nos estágios sensório-motor e pré-operacional, quando o aprendizado acontece pela ação direta com materiais e pessoas em seu entorno. Consequentemente, a forma mais adequada de ensinar crianças nesta idade é oferecer-lhes oportunidades, para vivenciarem experiências concretas, quando terão um papel ativo. O Judaísmo, compreendendo e sendo sensível às necessidades das crianças desde a idade mais jovem, proporciona vários meios concretos para envolvê-las em todos os chaguim, incentivando sua participação ativa, seja segurando velas em Chanuka, ajudando na construção da suka, seja balançando o lulav, beijando a Tora ou batendo os pés ao ouvir o nome de Haman na leitura da Meguilat Esther. Ano após ano, desde a mais tenra idade, retornando às mesmas ações e costumes, entoando as mesmas canções, provando as mesmas comidas tradicionais de cada festividade, dançando as mesmas danças, a tradição se vai tecendo e se fortalecendo e, ao mesmo tempo, constrói-se a memória do chag. Por meio da mediação significativa do adulto, 13 acrescentam-se conteúdos e saberes, adequados ao nível de desenvolvimento da criança, oferecendo significado às suas sensações e emoções e, consequentemente, aprofundando sua identidade judaica a cada ano. O chag pode ser visto em várias dimensões. Podemos oferecer à criança a oportunidade de sentir-se ligada a aconteci- mentos importantes do passado de seu povo e, ao mesmo tempo, ser construtora participante deste povo, no presente, por meio da realização e comemoração da festividade. Por outro lado, pelo uso adequado dos símbolos, a criança poderá conhecer idéias e valores humanos sociais, que todo povo almeja para o futuro de seus filhos. Consequentemente, para cultivar tais dimensões, é reservado um papel central à instituição educacional judaica, no oferecimento de boas oportu- nidades para cultivar a cultura e a tradição do povo judeu. Do ponto-de-vista afetivo e emocional, o chag na idade infantil tem, como função, oferecer várias oportunidades para a criança sentir prazer, alegria e pertinência, por meio de vivências positivas, do jogo e da brincadeira. A criança, ao se encontrar com o mundo adulto, aprende gradativamente a interagir com ele, realizando rituais e costumes, vistos por ela como brincadeiras. Esta tem, no adulto, um parceiro constante, o que aumenta sua auto-estima e fortalece sua identidade. Ademais, a comemoração dos chaguim representa um marco no tempo, com pontos de referência especiais, assim ajudando a criança a construir seu próprio conceito de tempo. “Antes”, “depois”, “ano passado” - conceitos que possibilitam a organização pessoal da criança, tanto afetiva como cognitiva, auxiliam-na a se posicionar na seqüência periódica do tempo. Nesta faixa etária (3-6 anos de idade), temos que considerar que a dimensão histórica, baseada na percepção do tempo, ainda está em construção. Levando em conta as características do desenvolvimentoda criança nestas idades, ao contar- mos uma história, devemos colocar a ênfase na parte vivencial, sem nos atermos em demasia ao significado histórico ou à seqüência do tempo. Por meio da experiência que a criança vivencia, juntamente com sua participação ativa e a rea- lização dos costumes, os acontecimentos interligar-se-ão e servirão, no futuro, de base para a construção do significado mais completo da história de cada chag. A chaguiga, ou festejo do chag, representa apenas uma parte do chag. Este, que começa ao anoitecer, continua até seu final, enquanto que a chaguiga tem seu tempo mais curto e definido. Este evento, de grande importância na instituição educacional, representa uma boa oportunidade para a criança participar ativamente, sentindo-se parte de um todo (hine ma tov uma naim, shevet achim gam iachad, Eis o que é bom e agradável, os irmãos sentados juntos), quando podemos transmitir mensagens, valores e costumes ligados ao chag e à tradição do povo. Quais seriam os principais objetivos, ao festejarmos os chaguim na escola judaica de Educação Infantil? • Criar boas oportunidades para a criança vivenciar os costumes e tradições de cada festividade; • Fortalecer, na criança, a identidade judaica e a sensação de pertinência social; • Enfatizar a importância e o papel da tradição, da história e dos costumes; • Promover valores sociais, tais como liberdade, amor e ajuda ao próximo, responsabilidade social, honestidade e pertinência; • Oferecer boas condições para a criança sentir-se contente e satisfeita nas festividades; • Promover oportunidades para envolver a família da criança nas comemorações da escola; • Criar oportunidades para a criança conhecer os diferentes costumes das várias comunidades, promovendo a tolerân- cia com todos. A organização deste material A justificativa para o uso das obras, citadas como referencial teórico na Lista de Conteúdos, está ligada ao que enten- demos que venham a ser os componentes de um currículo de Cultura Judaica para a Educação Infantil de qualidade, relevante e adequado ao contexto sócio-cultural local. O uso do Referencial Curricular de Israel se justifica pela relevância deste no que diz respeito aos conteúdos de Cultura Judaica adequados à idade infantil. O Referencial Curricular Nacional do Brasil nos serviu de guia e ligação com a cultura local. Já o estudo da Abordagem de Adequação ao Desenvolvimento nos tornou mais sensíveis às necessidades e características da idade infantil. Por fim, as Propostas Pedagógicas das Escolas Judaicas participantes nos nortearam quanto à necessidade de respeitarmos a diversidade e praticarmos a tolerância. Os exemplos descritos neste projeto são frutos de um processo que incluiu a divisão das festividades e comemorações entre as escolas, ficando cada uma responsável pela escrita de uma festividade, respeitando o modelo designado (vide Anexo 4). No processo de elaboração deste material, foram organizados encontros em datas próximas às festividades/ come- morações. A escola, responsável pela escrita da festividade/ comemoração do momento, recebeu a visita do grupo de participantes em sua escola. Segue, abaixo, a lista dos chaguim e das escolas responsáveis pela organização e escrita do material: Rosh Hashaná: Olami; Iom Kipur: Ensino Judaico Sul; Sukot: Todas em parceria, revisão Lubavitch; Simchat Tora: Hebraica; Chanuka: Todas em parceria, revisão Kitá Legal; Tu Bishvat: Esc. Gani TT; Purim: I. L. Peretz; Iom Haatzmaut: Beit Yaakov; Pessach: C. N. Bialik; Lag Baomer: Gani TT Shavuot: Renascença 14 Os materiais, escritos pela equipe-autora, foram enviados às escolas a tempo, por correio eletrônico e, no encontro do grupo, cada escola acrescentou seus projetos/ atividades ao planejamento, já elaborado e registrado, da festividade/ comemoração, além de agregar o inventário de materiais de sua escola - tornando-se um material de todas, de inédita autoria coletiva. Para facilitar a elaboração de um material que permita à educadora colocar em prática os objetivos, desenvolvemos um modelo de escrita para todas as festividades, que tem, como proposta, servir como guia para o planejamento e organiza- ção dos conteúdos, temas e estratégias. Este modelo de escrita, que representa apenas uma sugestão, foi praticado por cada escola, em separado e em parceria com todas as escolas, em duas das festividades (Sukot e Chanuka). Os inventários, organizados segundo o material que cada escola possui, têm, como objetivo principal, abrir o leque de possibilidades para pesquisar materiais de outras escolas, além de servir como guias de materiais potenciais para cada chag. Seguindo um processo natural, esperamos que o próximo passo seja o de um trabalho mais intenso de parcerias entre as escolas, cada qual respeitando as diferenças e as características das outras, que, como afirmado anteriormente, tanto enriquecem a Cultura Judaica. Esperamos, com isso, poder contribuir para o planejamento e a organização do material referente à Cultura Judaica nas escolas de Educação Infantil e, principalmente, para ampliar as possibilidades dos educadores, com respeito à pesquisa e ao uso das atividades propostas. Finalmente, e não menos importante, esperamos que este trabalho favoreça e promova a construção da identidade judaica das crianças que estudam nas escolas infantis de Cultura Judaica, assim como a aquisição de saberes sobre nós mesmos e sobre o mundo que nos rodeia. Eize Chag Li Eize chag li, eize chag li, Chag iachid umeiuchad li Gam hashemesh meira li haiom pi assara Eize chag li eize chag. Or nerot, birkat oreach Chag sameach, chag sameach Hassimcha po ad hagag Eize eize eize chag Eize chag li, eize chag. Haprachim, haor haiain Hadima biktze haain Hachultza halevana Chag haiom bechol pina Eize chag li eize chag li. Iom shel chag kmo iom huledet Shir balev veor bacheder Mi sheba baruch haba Chag nifla toda raba Eize chag li eize chag. Que festa tenho eu Que festa tenho eu Festa única e especial Até o sol também se ilumina, hoje, dez vezes mais Que festa tenho eu. A luz das velas, a bênção de um visitante Boas festas, boas festas A alegria chega até o céu Que festa Que festa tenho eu. As flores, a luz, o vinho A lágrima na pontinha do olho A blusa branca Hoje tem festa em cada canto Que festa Que festa tenho eu. Dia de festa como aniversário Uma canção no coração, a luz iluminando a sala Quem vier, será bem vindo Que festa fabulosa, agradecidos, Que festa tenho eu. 15 Bibliografia Becker J. Learn as you color. Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília, MEC/SEF, 1998. 3vs. Bredekamp, S. Copple, C. Eds. Developmentally Appropriate Practice, NAEYC, 1998 Cohen, L. Chag vechaguiga lapeutot. Israel. 1993. Cook, E. Jewish Artwork by Esky. ISBN: Preferred Publ. Services, 1994 Dayan, Y. (1997) “Um trabalho de qualidade com crianças na idade infantil”, Hed Hagan. Fridlin, J. Sidurzinho para crianças, São Paulo, Sefer, 2003 Gur-Arie, M. A. Chaguim umoadim beIsrael. Tel-Aviv: Sifriát Hapoalim, 1990 Gur-Arie, M. A. Vehigadta levincha, Tel-Aviv: Sifriát Hapoalim HaCohen, harav M., & D. HaCohen. Chaguim Umoadim. Israel. Tochnit misgueret legan haieladim guilaei 3-6. (Parâmetros Curriculares para o Jardim-de-Infância de Israel) Misrad hachinuch, hatarbut vehasport, haagaf lechinuch kdam iessodi, Jerusalém, 1995 Manor, E., Shapira T., Marzel, P. The Illustrated, Interactive Dictionary for Children. De Nur Publ, Israel, 2001 Mindel N. Mafteach lagananot. Moreira, A. F. B. (org.) Currículo: Políticas e Práticas. São Paulo, Papirus, 2001 Nissim, R. Beshvilei hagan. Zabalza, Miguel A. Qualidade em Educação Infantil. São Paulo, Artmed, 1998 Zamir, R. Teacher’s Guide, For Summer camps & Hebrew School. Chaguei Israel Umoadav.Gan IeladIm beavodato. Maagal Hashana. Madrich tochnit haavoda laguil harach. Almanaque do Tzivot HaShem. Around the Jewish Calendar. Holiday greatest songs. Integrating the Multiple Intelligence Theory into a Judaic Curriculum. Jewish Every Day. Jewish Holiday Crafts, Arts & Crafts. The Jewish holiday card game. Sugestões de sites http://www.education.gov.il/preschool http://www.users.ms11.net/ http://www.bluemountain.com http://www.members.iol.co.il/yakov http://www.chabad-lubavitch.com http://www.bible.co.il http://www.holidaynotes.com http://www.hareshima .com/ http://www.greetme.com http://www.snunit .k.12.il/subjects/holidays 1.html http://holidays.bfn.org http://www.geocities.com http://jajz-ed.org.il/ivrit http://www.angelfire.com http://www.jajz-ed.org.ul/festivals/index.html http://www.perpetualpreschool.com http://aish.com/holidays http://www.e-chinuch.com http://www.vjholidays.com http://www.lilmodebsimcha.com http://www.galim .org.il http://www.yahoo.com http://www.chagim .org.il http://www.walla.co.il http://www.holidayfestival .com http://www.nana.co.il http://www.holidays.net http://www.hop.co.il http://www.jewishmag.co.il http://www.jafi.org.il/hebrew/resource.html O livro disponibilizado na internet O livro “Chaguim Laktanim” está disponível na internet no site: www.agenciajudaica.com.br na área “Educação”. 17 Rosh Hashana Iom Kipur Sukot Simchat Tora Chanuka Tu Bishvat Purim Pessach Iom Haatzmaut Lag Baomer Shavuot Anexos 19 37 43 57 65 85 99 117 137 153 163 181 Índice 19 Rosh Hashana SHANA TOVA UMETUKA BETACHANOT1 Fontes Bachodesh hashvii bechad lachodesh ihie lachem kol mlechet avoda lo taasu vehikravtem isha lAdo__nai. “E, no sétimo mês, no primeiro dia do mês, convocação de Santidade haverá para vocês: Nenhuma obra servil farão; dia de toque do shofar será para vocês.” (Números 23;1) 1 ‘Tachanot’ significa ‘estações, postos ou paradas (no caso) temáticas’. Becha Ado__nai tov veishar Ado__nai al ken iore chataim baderech: iadrech anavim. “...Por amor do Seu bem, Senhor Eterno / São do Eterno: ‘bondade’ e ‘retidão’, / Ilumine, por isso, os pecadores, / Nos caminhos que rumam para o bem...“ (Salmos 25) 20 Descrição da festa Rosh Hashana (cabeça do ano) é o Ano Novo Judaico, cuja comemoração oferece aos indivíduos a chance de refletirem, viabilizando-lhes eventuais modificações pes- soais. Parece tratar-se de um sonho que se quer atingir - o sonho de um mundo melhor, destituído de maldade, onde viver com as respectivas famílias e amigos torna-se algo verdadeiramente bom e agradável. Denominado tishrei, o primeiro mês do ano judaico coincide, na maioria das vezes, com os meses de setem- bro ou outubro, em Israel, período de colheita, no qual o toque do shofar denota seu início. * O aspecto religioso A partir do primeiro dia de tishrei, começam os Iamim Noraim (Dias Temíveis), denominação atribuída aos dias entre Rosh Hashana e Iom Kipur, que acontecem nos dois primeiros e décimo dias deste mês, respectivamente. Devido à antiga dificuldade de identificar o início dos meses, ou do ano, por meio de reconhecimento visual da lua nova, rabinos determinaram que Rosh Hashana seria celebrado por dois dias, tanto em Israel como na diáspora. Ao contrário de outras festividades, Rosh Hashana não tem caráter agrícola. Sua comemoração destaca a relação do homem com D’us ou, mais especificamente, a aceita- ção do Reino do Divino, Que conhece e julga cada um de Seus servos. Trata-se de uma celebração voltada ao regozijo, duran- te a qual os homens recordam, com receio, seus feitos do ano, pois parte-se do princípio de que todos os atos exigem prestação de contas. O motivo da comemoração de Rosh Hashana compreende três momentos: passado, presente e futuro. O passado remete à Criação (Gênese) do primeiro homem (Adão) e, sendo assim, ao Criador cabe reinar e julgar todos os homens (aniversário da Criação). O presente refere-se à nossa expectativa, frente ao ‘Dia do Julgamento’, e o futuro visa à continuidade da crença e do Reinado de D’us. No ‘Dia do Julgamento’, as pessoas fazem seus inventários e acredita-se que o Eterno julga e decide o que irá acontecer com cada um, no ano que começa. O livro de rezas utilizado pelos judeus, durante todo este período, é chamado Machzor, que é uma criação coletiva de sábios judeus, que seguiram o mandamento talmúdico de Iiun Tfila, realizando, assim, uma imensa coletânea de seleções e paráfrases da Bíblia, da Mish- na, da Gmara, dos Midrashim e do Zohar. Seu acervo litúrgico conserva o espírito do monoteísmo, expresso em suas orações e é direcionado à penitência e ao arre- pendimento. Tshuva significa, tradicionalmente, ‘retorno’: retorno aos valores e às práticas do Judaísmo. Ocorre quando os indivíduos deixam de cometer pecados e determinam, em seu íntimo, que mais não os farão, sendo que esta não se limita às más ações mas, também, aos maus pen- samentos. As pessoas se reúnem para dar boas vindas a um novo ano, celebrar suas promessas, ponderar sobre suas res- ponsabilidades e agradecer por novas oportunidades. No entanto, a decisão Divina, tomada em Rosh Hashana, não é, ainda, a decisão definitiva. Dispomos de dez dias para a introspecção, para o arrependimento das más ações, para nos comprometermos com objetivos importantes e rezarmos pela misericórdia de D’us. Se Rosh Hashana é o ‘Dia do Julgamento’, o Iom Kipur (Dia do Perdão) é o ‘Dia da Sentença’. O período de dez dias entre os dois marcos, incluindo-os, são os Iamim Noraim, considera- dos os ‘Dez Dias do Arrependimento’. O estatuto que rege estes dias: Fale aos filhos de Israel, dizendo: No sétimo mês, o primeiro dia do mês será para vocês descanso solene, memorial de toque de shofar, convocação de Santidade. Nenhuma obra servil farão; e oferecerão sacrifício queimado ao Eterno. E falou o Eter- no a Moisés, dizendo: ‘O décimo dia deste sétimo mês é o ‘Dia das Expiações’; convocação de Santidade será para vocês, e afligirão suas almas e oferecerão sacrifício queimado ao Eterno”. E nenhuma obra farão neste mes- mo dia, porque é ‘Dia das Expiações’, para expiar por vocês diante do Eterno, seu D’us. Porque toda alma que não se afligir neste mesmo dia será banida de seu povo. E toda alma que fizer alguma obra neste mesmo dia, destruirei aquela alma do meio do seu povo. Nenhuma obra farão; estatuto perpétuo será para suas gerações, em todas as suas habitações. Dia de descanso solene é para vocês, e afligirei suas almas; aos nove dias do mês, à tarde, de uma tarde a outra, celebrarão seu dia de des- canso. (Levítico 23; 24- 31,). Os principais temas das preces de Rosh Hashana e Iom Kipur são: a Majestade de D’us, Criador do universo; a fragilidade do homem e sua dependência da piedade Divina; a tshuva e as boas ações: sua importância na ab- solvição no julgamento; o sofrimento do povo judeu; o perdão e a confissão dos pecados (Machzor). Em Iom Kipur, o último desses ‘Dias Temíveis’, quando o sol se põe, o toque do shofar ecoa pelos cantos de todo o universo, anunciando o término do julgamento. Portanto, a sorte dos homens para o ano que se inicia já está selada. Na religião judaica, o arrependimento, nesse dia, dá- se entre o homem e seu Criador e, de acordo com a Lei Judaica, visa ao futuro. Não existe nenhuma forma de confissão perante um ser humano. Confissão é o sussur- ro de toda uma congregação, feita em uníssono; não é o desabafo dos males de cada um, é a expressão de uma responsabilidade coletiva. O judeu não reza unicamente por seu bem-estar individual, mas por todo o povo, pois sabe que os filhos de Israel são fiadores uns dos outros. 21 Em Israel A festividade se dá no início do outono, nomês de tishrei. Coincide com o início do ano letivo e, portanto, o início de um novo ciclo. Apesar disso, é uma festa com uma certa dualidade: marca o fim de um ano e início de outro. Esse tema é bastante explorado, pois Rosh Hasha- na, além de ser a primeira festa do calendário judaico, é, também, o momento em que podemos parar para fazer nossas reflexões sobre esse novo período que se inicia e sobre aquele que se encerrou. Mensagens das escolas Sugerimos este texto para ser enviado aos pais antes de Rosh Hashana, a fim de refletirem sobre a importân- cia da continuidade de nossa tradição, e da necessidade de união para a educação dos nossos filhos. As vozes do shofar Já sabiam nossos sábios antepassados que o homem aumenta a força de sua memória ao ver e ouvir. Diversos instrumentos musicais remetem o ouvinte a alegria, tris- teza, luto, choro, receio ou animação. O principal objetivo do shofar é despertar e abalar os corações dos que o escutam. As vozes do shofar, entre- tanto, não são iguais. Soam de três maneiras diversas: a primeira, tkia, consiste num som simples; a segunda, trua, compõe-se de nove toques breves e a terceira, shva- rim, compõe-se de três toques sucessivos, cada um dos quais é tão longo quanto os três sons breves no gênero trua, de maneira que shvarim equivale a nove toques. Alguns interpretam essas vozes, de acordo com o que os inspira. Assim, tkia, ou toque simples, seria motivo para alegria e admiração; trua, um toque atemorizador, e shvarim inspiraria alegria e tristeza ao mesmo tempo. Para abranger todas as sensações, é preciso tocar nas três vozes. Segundo um rabino contemporâneo, esses diversos toques do shofar recordam as três idéias fundamentais do povo judeu: a trua recorda a fé religiosa – seu tom é simples e reto como a religião judaica; shvarim recorda o destino do povo judeu, que nem sempre foi reto, mas quebrado e sacudido muitas vezes; trua lamenta, com seu tom elegíaco, a situação da Tora, que nem sempre foi próspera. O principal, no toque do shofar, é um convite para cancelarmos o ódio sem razão e despertar amor, união e paz. Se existir guerra, que seja de travesseiros Se existir fome, que seja de amor Se for para esquentar, que seja do sol Se for para enganar, que seja o estômago Se for para chorar, que seja de alegria Se for para perder, que seja o medo Se for para cair, que seja na gandaia Se for para ser feliz, que seja para sempre. SHANA TOVA! (Olami) Nomes da festa Rosh Hashana É o dia em que o Ano Novo Judaico se inicia, ou seja, a ‘cabeça do ano’. Assim como a cabeça do homem é a parte do corpo que comanda todo o resto, Rosh Hasha- na é o momento crucial, que comandará o resto do ano de cada um. À idéia do tempo, unem-se conceitos de responsabilidade e de julgamento. Iom Trua (Dia do Soar) O dia em que se deve fazer soar o shofar. Iom Hadin (Dia do Juízo) Nesse dia, cada um comparece ao Tribunal (celestial), para um julgamento perante o Criador. Iom Hazikaron (Dia da recordação) Os sábios acreditavam que o to- que do shofar, em Rosh Hashana, despertaria a recorda- ção de arrependimento em cada pessoa. ROSH HASHANA 22 Símbolos e motivos, usos e costumes Shofar O shofar é um chifre de carneiro, utilizado como ins- trumento de sopro por homens e considerado um dos mais antigos, dado que já era conhecido e tocado na época de Moisés. Não se pode atribuir grande importân- cia no campo musical ao shofar, pois não produz notas suaves ou delicadas. Entretanto, apresenta especial signi- ficado espiritual, uma vez que seu som induz à reflexão e ao arrependimento. Uma de suas principais funções é alertar para tanto o início como o término dos ‘Dias Temíveis’. Sua característica mais marcante é inspirar re- verência por meio de seu ecoar, irradiando sentimentos de arrependimento e humildade. O motivo de ser confeccionado com um chifre de car- neiro remete à época do patriarca Abrahão, mais especi- ficamente, à passagem que trata do sacrifício de seu filho Isaac. A recordação de Akedat Itzchak (O Sacrifício de Isaac), em Rosh Hashana, serve como fonte de inspira- ção em relação ao auto-sacrifício e à entrega dos homens a serviço de D’us. No decorrer destes dias, são três os tipos de toque que escutamos: - tkia: som longo e uniforme; - shvarim: som entrecortado em três notas médias - trua: som entrecortado em nove sons mais curtos. Um dos maiores sábios judeus, Saadia Gaon (824-943), descreve mais alguns motivos, bastante significativos, para o toque do shofar, durante a celebração. Em Rosh Hashana, aniversário da Criação, suas funções são: • proclamar a soberania do Criador; • advertir o povo sobre o destino de sua vida; • lembrar a Revelação no Monte Sinai; • trazer a advertência e a exortação dos profetas; • lembrar o alarme da batalha, na Judéia, no decorrer da destruição do Templo; • inspirar reverência e temor; • lembrar o Dia do Juízo; • proclamar a redenção vindoura e breve restauração de Israel e • simbolizar a esperança pela redenção final e pela ressurreição. *Rambam sustenta que a única razão para o toque do shofar, na sinagoga, é estimular o arrependimento, con- forme aparece no Machzor: Acordem, vocês que dor- mem, e reflitam sobre suas ações; retornem e recordem a seu Criador. Aqueles que esquecem a verdade, com as necessidades da época, e perdem os anos, em busca por coisas banais e vazias que não beneficiam nem salvam; fixem-nos em suas almas e melhorem seu caminho e ações? Que cada um abandone seu mau caminho e seu mau pensamento e regresse a D’us, para que Ele possa ter misericórdia de vocês. O shofar, literalmente ‘chifre’. Foi tocado em várias ocasiões: pela primeira vez, no Har Sinai (Monte Sinai), quando da entrega das Tábuas da Lei, contendo os Dez Mandamentos; ou, p. ex., na chegada da Lua Nova, no Beit Hamikdash, junto com as cornetas. Também em 1967, quando Israel reconquistou o Muro Ocidental (Ko- tel Hamaaravi ou Muro das Lamentações, como nos é conhecido), em Ierushalaim, ele foi tocado. Reza a tra- dição, ainda, que o Profeta Elias tocará o shofar, para anunciar a chegada do Messias. Em Rosh Hashana, o shofar é tocado em mussaf (ser- viço religioso, depois do almoço). A Tora ordena que to- quemos o shofar no primeiro dia da festa, mas os sábios estenderam o costume, para que escutemos o toque do shofar também no segundo dia. Este instrumento representa a misericórdia de D’us para com os homens. Não é tocado no Shabat, apesar do toque ser considerado arte, e não trabalho. Seu toque representa a aliança entre D’us e o povo de Israel. Tapuach bidvash (maçã com mel) Na noite de Rosh Hashana , durante a refeição, costuma- mos comer alimentos que simbolizem a esperança de um ano bom e doce; por isso, comemos tapuach bidvash. Chala agula (pão trançado redondo) Simboliza a continuidade e o cíclico. E, especificamente em Rosh Hashana, simboliza o ano que está começando. Kartissei bracha (cartões de votos, bênçãos e congratulações) Cartões enviados entre familiares e amigos, nos meses de elul e tishrei (último e primeiro meses do ano judaico, respectivamente) até depois de Sukot, com desejos para um ano novo e doce. A origem deste costume é da me- tade do século XIX. Aparentemente, foi na Inglaterra que os cristãos começaram a imprimir e enviar mensagens de Natal e de Ano Novo. Este costume chegou aos Estados Unidos e, de lá, es- palhou-se por todo o Ocidente, atingindo também os judeus. Os primeiros cartões que se destacaram por sua beleza foram os da Alemanha, E.U.A. e Polônia. Os te- mas variam de motivos religiosos, passando por ideais, até desejos pessoais. * O costume de elaborar votos de Shana tova (Bom Ano!) aparece, anteriormente, no livro Shulchan Aruch (‘Mesa Posta’, onde se expõem leis sobre os mais varia- dos assuntos).Rosh shel dag (cabeça de peixe) Na véspera de Rosh Hashana, famílias judaicas tradi- cionais colocam sobre a mesa, a cabeça de um peixe, concretizando a idéia de início de ano. Há pessoas que costumam cozer guefilte fish (bolinhos de peixe), justa- mente por ter um formato redondo. Rimon (romã) Costuma-se comer rimon, em Rosh Hashana, pois há o desejo de que, no ano que está para começar, os di- reitos do ser humano se multipliquem, assim como a quantidade enorme de caroços/ sementes que existem dentro do rimon. *Machzor (livro de rezas, usado em Rosh Hashana e em Iom Kipur). Em hebraico, tal título significa ‘ciclo’. Nele, estão con- tidas orações, passagens bíblicas, talmúdicas e poemas religiosos. As orações apresentam três temas fundamen- tais da fé judaica: D’us é Rei, Juiz e Legislador. 23 *Tashlich (lançamento) É um costume realizado pouco antes do pôr-do-sol, na tarde do primeiro dia de Rosh Hashana, às margens de um rio, lago, mar, ou água corrente qualquer, onde quer que haja peixes. Preces são recitadas, seguidas pelo ato simbólico de agitar os cantos de nossas roupas e invertermos os bolsos em direção às águas, ‘lançando’ e, assim, ‘livrando-nos’ de nossos pecados. As preces des- pertam-nos pensamentos de arrependimento, dado que a situação nos remete à insegurança da vida do peixe e ao perigo de ele ser atraído pela isca, ou apanhado na rede do pescador. Nossa vida, também, está repleta de ciladas e tentações. Os três últimos versos do profeta Micha, recitados du- rante o tashlich, contêm a explicação para este costume: Quem é D’us como o Senhor, perdoando a iniqüidade e perdoando a transgressão aos herdeiros de Seu legado. Ele não reteve Sua ira para sempre, porque Ele Se rego- zija na bondade. Mais uma vez, Ele terá misericórdia de nós. Ele suprimirá nossas iniqüidades; sim, vocês jogarão seus pecados às profundezas do mar. O Maharil (Rabi Moshe Halevi) nos fornece uma ex- plicação mais completa sobre o tashlich. O midrash diz que, quando Avraham e Itzchak foram ao Har Moria (Monte Moriá), para a akeda (sacrifício), precisaram cru- zar um rio, uma das formas que satan (o ‘espírito’ do mal) usou para impedi-los de cumprirem as ordens de D’us. A correnteza ameaçava levá-los, mas Avraham re- zou: Salve-nos, D’us, pois a água atingiu nossas próprias vidas, e foram salvos da correnteza. Assim, diz Maharil, nenhum obstáculo deveria impedir-nos de obedecer às ordens de D’us. Aquele que puder mostrar o amor abne- gado de Avraham, sua prontidão para morrer pela pala- vra Divina, pode estar certo de que seus pecados ‘serão jogados ao mar’. * A única mitzva concreta de Rosh Hashana é a de ouvir o shofar, no período diurno. O significado de Rosh Hashana para crianças na idade infantil Esta festa, como a maior parte das festividades judai- cas, é rica em conteúdos, símbolos, jogos e brincadeiras para a criança. Para facilitar o trabalho da professora de Educação Infantil, são propostos três níveis gerais no en- sino-aprendizagem dos conteúdos ligados à Rosh Hasha- na, de acordo com as características pertinentes a cada faixa etária. De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festi- vidade, e dar-lhe o nome usual e freqüente. Além disto, por meio de vivências baseadas no jogo e na brincadeira e no uso de materiais criativos, as crian- ças poderão conhecer os símbolos da festividade: shofar, machzor, tapuach bidvash, kartissei bracha, chala agula e Beit Haknesset (casa de reunião ou sinagoga). Alguns costumes característicos de Rosh Hashana que enfatizem o “aqui e agora”, poderão ser vivenciados. *Nesta faixa etária, a criança conhece a única mitzva básica: o toque do shofar. A realização da comemoração com a simbologia da festa e suas brachot na própria es- cola é importante, para a criança poder vivenciar o chag em sua plenitude. De 4 a 5 anos, quando a criança já possui uma com- preensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão amplian- do, assim como se vão ampliando os ambientes de vi- vência: em casa, na escola, na comunidade. A criança pode aprender os nomes adicionais de Rosh Hashana e seu contexto, além dos símbolos e costumes e seus significados, vivenciados pela família e pelo am- biente próximo. *Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot básicas e seus conceitos. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais profundamente o significado de costumes e símbolos re- levantes, que são de valor para o povo judeu. Revela curiosidade em conhecer a história da festa, inclusive as origens das idéias ligadas à festividade. Outros as- pectos que se podem abordar com crianças nesta faixa etária são: os valores morais e nacionais ligados à festa, os nomes especiais da festa, além dos nomes originais e seus significados e os costumes aceitos pela comunida- de e pelo povo e seus significados, além das atividades agrícolas. * Nesta faixa etária, a criança já compreende o signifi- cado das mitzvot. Conceitos importantes Beit Haknesset: sinagoga (casa de reunião) Rosh Hashana: ano novo chala agula: pão trançado redondo shana tova: Bom ano! dvash: mel shana tova umetuka: ano bom e doce! kartissei bracha: cartões com bênçãos shofar: chifre de carneiro rosh shel dag: cabeça de peixe tapuach: maçã ROSH HASHANA 24 Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Rosh Hashana O trabalho realizado, por meio de tachanot é uma forma diferenciada de abranger determinados conteúdos, em di- ferentes graus de complexidade. A cada chag, os espaços se transformam em tachanot, de acordo com um tema espe- cífico. Para cada tachana, há uma professora responsável pela pesquisa e elaboração de atividades, de acordo com a faixa etária, criando novos desafios. As crianças podem fazer um rodízio entre as tachanot, vivenciando as atividades e enriquecendo-se com novas informações. A cada ano, a comemoração de Rosh Hashana por tachanot faz com que se pesquisem novas atividades, buscando, freqüentemente, renovar, fazer adequações necessárias e, ao mesmo tempo, preservar a tradição judaica. Com a prática, fica cada vez mais agradável comemorar desta maneira, mas a organização, para este tipo de atividade, é fundamental. As professoras trabalham em equipe e, em reuniões de planejamento, socializam suas diferentes idéias e práticas. Cada uma fica responsável por uma das tachanot. A própria pesquisa para organizar o material relevante é uma chavaia (vivência positiva). Na busca pelo material, a professora procura planejar a adequação para as diferentes faixas etárias. Todo ano, escolhe-se um tema central, que servirá de eixo e permeará todas as festas (Ex.: temas anteriores: liderança, família, busca da paz). Respeitando um costume tradicional, confeccionam-se kartissei bracha para as famílias, possi- bilitando, a todos os interessados, confeccionarem kartissim, oferecendo-lhes materiais, envelopes e selos. É possível organizar uma grande comemoração convidando uma companhia de teatro, alugando uma piscina de bolinhas, na qual são escondidas maçãs de plástico, e realizando uma competição, na qual quem trouxer o maior número de maçãs, ganha saches com mel. Outras atividades nas tachanot podem estar ligadas à culinária, planejando, para tal, a realização de receitas ligadas à Rosh Hashana, como, p. ex., torrões de açúcar. Costumam-se convidar, para tais eventos, outros grupos, para comparti- lharmos a comemoração, oferecendo-lhes papéis atuantes no evento. Tachana musikalit: Dvash Escolhemos a canção Kapit shel dvash (uma colherzinha de mel), para ser trabalhada em todas as faixas etárias: De 3 a 4 anos Conteúdos: dvash Objetivos potenciais: entrar em contatocom o costume de comermos mel, por meio dos sentidos. Descrição: Levar para a roda uma caixa-surpresa e, dentro, um pote de mel. Estimular as crianças a imaginarem o que há dentro da caixa, dizendo: “É algo que comemos em Rosh Hashana!” Ir, aos poucos, restringindo o leque de opções, dizendo que “É algo doce” e, mais adiante, que “É produzido por abelhas”. Ao descobrirem, poderão comprovar, colocando suas mãos para balançarem a caixa, sen- tirem o pote, ou mesmo cheirarem ou verem. Ao cantar a canção Kapit shel dvash, oferecer uma colher de mel para cada criança, ao citar seu nome. Materiais e recursos: caixa-surpresa, pote de mel, fita com a canção e um gravador. Kapit shel dvash Kapit shel dvash, kapit shel dvash Ossa li et haiom. Kapit shel dvash, kapit shel dvash Mi rotze litom? Le____________ dvash Le____________ dvash Le____________ dvash Niten lo (la) dvash, dvash, dvash Colherzinha de Mel Colherzinha de mel, colherzinha de mel ‘Me’ faz o dia. Colherzinha de mel, colherzinha de mel Quem quer experimentar? Para __________ mel Para __________ mel Para __________ mel Vamos dar mel, mel, mel. 25 De 4 a 5 anos Conteúdos: dvash Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de comermos maçã com mel, por meio dos sentidos. Descrição: Pendurar a maçã num barbante e embebê-la com mel. Colocar a canção de fundo e convidar as crianças para tentarem morder a maçã, sem utilizarem as mãos. Quando a canção terminar, acaba o tempo de cada uma. Ao final, ela ganha a maçã. Materiais e recursos: caixa-surpresa, pote de mel, maçãs, barbante, fita com a canção e um gravador. De 5 a 6 anos Conteúdos: dvash Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de comermos mel, por meio dos sentidos. Descrição: levar, à roda de crianças, um cartaz previamente preparado com a letra da canção, em forma de carta enigmática, a fim de trabalhar a pseudo-leitura. Dessa forma, uma gravura, ou mesmo uma co- lherzinha, substituirá a palavra kapit; uma gravura, ou um sachê de mel, substituirá a palavra dvash e os nomes das crianças (que já o reconhecem) serão incluídos na canção, antes que esta seja cantada ou tocada. Dar a oportunidade a todos para provarem o mel, cantando a canção Kapit shel dvash e oferecendo uma colher de mel para cada criança, ao citar seu nome. Materiais e recursos: cartaz elaborado pelo professor, fita com a canção e um gravador. De onde vem o dvash? Conteúdos: dvash, um dos símbolos de Rosh Hashana Objetivos potenciais: ampliar o conhecimento sobre o mel. Descrição: a professora pode fantasiar-se de abelha, para enfatizar a impor- tância do mel, para termos um ano doce como mel, e é possível visitar um apiário, para verificar a origem do mel. É costume degus- tar sal, açúcar, mel e limão, para experimentar os vários sabores: salgado, doce, azedo, entre outros. Materiais e recursos: mel, sal, açúcar, limão, entre outros; apiá- rio; fantasia de abelha. Tachanat Omanut: kartissei bracha De 3 a 4 anos Conteúdos: kartissei bracha Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de enviarmos cartões (kartissim) em Rosh Hashana e sua mensagem. Descrição: trazer à roda de crianças um lindo kartis, em forma de maçã e sa- chês de mel (um para cada criança). Explicar que, assim como dita o costume da festa, todos recebem um cartão. Cada criança ga- nhará um sachê e provará o seu sabor, e a professora, então, dese- jará shana tova umetuka, um ano bom e doce. Depois, proporá que cada um produza seu kartis, para dar à sua família, escolhendo seu próprio papel para pintar com tinta guache, seguindo algumas op- ções dadas pela professora. Poderão ser no formato de tapuach ou pote de mel, levando em conta os símbolos mais próximos a eles. A mensagem trabalhada nos kartissim será shana tova umetuka, associando-a à bracha e à canção trabalhada anteriormente. Materiais e recursos: cartão em formato de maçã, sachês de mel em quantidade su- ficiente para todos na classe, papéis tipo cartolina ou color set, cortados em diferentes tamanhos e formatos, tinta guache de diversas cores. De 4 a 5 anos Conteúdos: kartissei bracha Objetivos potenciais: entrar em contato com o antigo costume de enviarmos kartissim em Rosh Hashana e suas brachot. Descrição: antes da confecção dos kartissim, contar, para as crianças, a his- tória do surgimento do costume de enviarmos cartões, utilizando, como recurso, a máquina de retro-projetor e fotos de kartissim antigos. Depois da exposição, questionar “O que é uma bracha?” “Para quem desejamos uma bracha?” “De que formas posso en- viar uma bracha?”; “Quando faço uma bracha?” e apresentar os diversos tipos de brachot. Propor que cada um faça dois cartões - um para dar à sua família e outro, para um amigo. Os materiais poderão ser diversificados, uma vez que já são capazes de registrar os símbolos do chag. As mensagens trabalhadas nos kartissim se- rão aquelas que surgirem no início da atividade. Materiais e recursos: máquina de retro-projetor, fotos dos kartissim antigos, papéis tipo cartolina ou color set cortados em diferentes tamanhos, tinta gua- che de diversas cores, canetinhas, lápis pastel ou de madeira. ROSH HASHANA 26 De 5 a 6 anos Conteúdos: kartissei bracha Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de enviarmos kartissei bracha em Rosh Hashana e suas mensagens. Descrição: propor que as crianças trabalhem em duplas, a fim de confeccio- narem um kartis para um grupo de crianças (que poderá ser outra classe), uma instituição ou escola, dependendo do tempo que se dispõe para explicar de que grupo se trata. Materiais e recursos: máquina de retro-projetor, fotos dos kartissim antigos, papéis tipo cartolina ou color set, retalhos de outros tipos de papéis, como laminado ou camurça, tinta guache de diversas cores, canetinhas, lápis pastel ou de madeira, colas e tesouras. Shana tova umetuka!!! Conteúdos: kartissei bracha Objetivos potenciais: ampliar o conhecimento, em relação ao costume de enviarmos cartões e mensagens de Rosh Hashana. Descrição: confecção e envio de kartissei bracha, enfatizando o costume de enviarmos cartões, com votos e mensagens de Shana tova. Este projeto pode envolver toda a escola, a família e a comunidade. Para que as famílias possam vivenciar o costume de envio de kartissei bracha, podemos preparar duas caixas de correios; uma interna, para que estes sejam distribuídos posteriormente para as crianças, e outra, para os kartissim serem enviados por correio para as casas. Colocando uma das caixas de correio na entrada da escola, as famílias são convidadas a enviar cartões aos seus filhos. Todas as crianças participam, e as maiores ficam responsáveis pela classificação e distribuição aos destinatários. Diferentes cores são designadas para cada faixa etária, para a confecção dos kartissei bracha. Desta maneira, cada criança tem a oportunidade de viven- ciar este motivo de Rosh Hashana, o envio da mensagem de uma shana tova umetuka (e outros votos e mensagens para a família, as crianças e a comunidade) e, ao mesmo tempo, confeccionar kartis- sim. Um grande painel coletivo de kartissei bracha é construído na entrada da escola. Para tornar o costume de enviar kartissei bracha ainda mais próxi- mo às crianças, pode-se trazer, para o pátio da escola, uma caixa de correio em seu tamanho original (emprestada dos Correios), e as crianças podem enviar cartões de Shana tova, individualmente ou com a ajuda das professoras, para amigos e familiares. Para enviar as cartas, podemos verificar se foram colocados os selos, se os pormenores importantes, como nome e endereço, entre outros, aparecem. Um carteiro dos Correios é convidado a vir à escola e a contar sobre seu trabalho, o trajeto das cartas até alcançarem seu destino, distribuindo selos para as crianças. Materiais e recursos: materiaiscriativos, papéis de carta, envelopes, selos, caixa original do correio, carteiro. Pesquisando kartissei bracha, aprendemos sobre a nossa história. Conteúdos: kartissei bracha, ao longo dos anos Objetivos potenciais: costumes e tradições, em torno de kartissei bracha. Descrição: pesquisar com as crianças o costume de enviar e receber kartissei bracha, desde o princípio deste costume até sua realização atual. Usando exemplos de originais de kartissei bracha, enviados de diversos lugares do mundo, desde o começo do século, procuramos concretizar, para as crianças, valores importantes deste chag, tais como desejar votos de “shana tova”, de que “sejamos incluídos no Livro da Vida”, de que “o ano que entra seja doce como o mel”, entre outros. Por meio da retro-projeção dos cartões, as crianças podem absorver, com mais facilidade, conteúdos, formas e a arte usada nos cartões, ao longo dos anos, todos ligados a Rosh Hasha- na. No período que vai de uma semana antes de Rosh Hashana até Iom Kipur, ocorre a troca de cartões, quando caixas de correio são colocadas no portão de entrada da escola. Materiais e recursos: coleções de kartissei bracha , retro-projetor, caixas de correio. 27 Tachanat bishul: chala agula Nesta tachana, as crianças terão a oportunidade de colocar a “mão na massa”, no cozimento das chalot agulot. É im- portante que, além de manusearem os ingredientes, percebam, também, a sua transformação. Para receita, ver anexos. De 3 a 4 anos Conteúdos: chala agula Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de comermos chala agula, seus ingredientes e formato. Descrição: trazer, à roda de crianças, os ingredientes para a execu- ção da chala agula e perguntar “Qual a diferença entre esta chala e a chala de Shabat?” Anunciar que todos ajudarão. Antes, porém, poderão experimentar alguns ingredientes, como sal e açúcar, para que percebam a diferença. Materiais e recursos: ingredientes. De 4 a 5 anos Conteúdos: chala agula Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de comermos chala agula, seus ingredientes e formato. Descrição: trazer, à roda de crianças, a receita escrita, com figuras associadas aos ingredientes que utilizarão na produção da chala, para que possam, anteriormente à atividade, fazer a pseudo-leitura, per- cebendo a função da escrita. Durante a culinária, os ingredientes deverão estar expostos em cima de uma mesa e, as crianças, sentadas ao seu redor, de modo que todos vejam tudo. A cada ingrediente, uma criança é convidada a participar. Dar um pedaço de massa para cada criança e, no momento de enrolar a massa, lembrar da diferença em relação à chala de Shabat. Materiais e recursos: ingredientes, receita escrita com figuras recortadas de revistas. De 5 a 6 anos Conteúdos: chala agula Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de comermos chala agula, seus ingredientes e formato. Descrição: trazer, à roda de crianças, a receita escrita da chala, para que pos- sam fazer leitura, percebendo a função da escrita. Durante a pre- paração, os ingredientes deverão estar expostos em cima de uma mesa e, as crianças, sentadas ao seu redor, de modo que todos ve- jam tudo. A cada ingrediente, uma criança é convidada a participar. Dar um pedaço de massa para cada criança e, no momento de en- rolar a massa, lembrar da diferença em relação à chala de Shabat. Em outro momento, cada criança receberá a receita escrita, com um espaço, para que possa fazer algum tipo de registro, seja por meio do desenho ou da escrita. Materiais e recursos: ingredientes, receita escrita em cartaz e folhas individuais. ROSH HASHANA 28 Tachanat hassipur: shofar Por meio da história “Onde está o shofar?”, as crianças têm a oportunidade de entender a importância de escutar o shofar em Rosh Hashana. De 3 a 4 anos Conteúdo: shofar Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de escutarmos o shofar. Descrição: contar a história com fantoches e shofarot, enriquecendo este mo- mento. Ao final desta atividade, montar um canto com os shofarot e outros objetos, para que as crianças tenham a oportunidade de manuseá-los. Materiais e recursos: fantoches, shofar e outros símbolos da festa, para a montagem do canto. De 4 a 5 anos Conteúdo: shofar Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de escutarmos o shofar. Descrição: contar a história, utilizando sucata, para que as crianças possam usar a imaginação. Após a história, discutir algumas questões: “Do que é feito o shofar?” ou “Quais os tipos de toques do shofar?”. Em outro momento, brincar com as crianças, escondendo o shofar em diferentes lugares da classe, para que o encontrem; utilizando a estrutura “Eifo hashofar?”, a fim de memorizá-la. Materiais e recursos: sucata, shofar. De 5 a 6 anos Confeccionando um shofar de verdade! Conteúdo: shofar Objetivos potenciais: entrar em contato com o shofar, e conhecer como é preparado e confeccionado. Descrição: a atividade é organizada pelo Beit Chabad, que prepara uma equi- pe especializada, que ensina às crianças a confeccionarem um sho- far de verdade. A atividade se inicia com explicações sobre os tipos de chifres passíveis de serem transformados em shofar e sobre os toques do shofar e seu significado no chag. Após a explicação, cada turma recebe o chifre, em seu estado “bruto”, e os orientado- res começam a explicar as etapas : • O chifre deve ser serrado. Esta fase é perigosa para ser feita pelos alunos. Portanto, orientadores fazem e crianças assistem apenas. • Depois, é necessário “cavocar” o shofar, de modo que fique um vão em seu interior (retirando algumas cartilagens que sobraram dentro dele). • É necessário lixá-lo com uma lixa grossa (de papel). • Por último, é preciso envernizá-lo e esperar secar. Materiais e recursos: chifre, serra elétrica, lixa elétrica, lixa de papel, verniz. De 5 a 6 anos Conteúdo: shofar Objetivos potenciais: entrar em contato com o costume de escutarmos o shofar. Descrição: relembrar a história, utilizando sucata, para que as crianças possam usar a imaginação. Ao final dessas discussões, propor um momento de reflexão. Uma pessoa poderá ser convidada a tocar. Cada crian- ça registrará alguma mitzva que tenha feito ou visto alguém fazer e, depois, compartilhará com o grupo. Por fim, a professora poderá reunir estes registros e transformá-los no livro da mitzvot. Em outro momento, o jogo de percurso Eifo hashofar? poderá ser realizado em grupo ou individualmente. O objetivo é chegar primeiro ao Aron Hakodesh. Cada grupo deverá jogar o dado, na respectiva vez, e andar o número de casas que o dado marcar. A cada jogada, um participante do grupo poderá tentar tocar o sho- far, ganhando um bônus de 2 casas, caso consiga. Materiais e recursos: sucata, shofar, convidado, páginas para o registro, jogo de percurso Tocando e escutando shofar Conteúdo: shofar Objetivos potenciais: reforçar a tradição de tocar e escutar o shofar. Descrição: continuando uma tradição da escola, os alunos do Ensino Médio visitam a Educação Infantil e tocam o shofar, durante o mês de elul, criando um clima de festividade. Ao escutarem o shofar, incentivam-se as crianças a refletirem sobre suas ações, registran- do os desenhos e as falas, criando um portfólio conjunto que é compartilhado posteriormente por todos. Aproveitando o clima de introspecção, as crianças são convidadas a refletir sobre suas rela- ções com seus amigos, suas famílias, sua escola, e o mundo. Materiais e recursos: shofar, material para registro, portfólio. 29 Conhecendo um shofar no Beit Haknesset Conteúdo: história relevante sobre shofar Objetivos potenciais: conhecer o shofar, visitar o Beit Haknesset e escutar uma história sobre o shofar. Descrição: visitamos o Beit Haknesset com os pequenos, que lá escutam, pela primeiravez, o toque do shofar, atividade que se revela muito significativa. As crianças sentam-se sobre o chão, e as professoras contam uma história como, por exemplo, “O Bom Carneirinho” (um carneirinho que quis dar seu chifre, para servir de shofar). Neste período, o Beit Haknesset pode desempenhar um papel central, co- nhecendo os diversos elementos que o compõem e o papel de cada um destes. Posteriormente, podemos aproveitar esta visita, para montar, no museu da escola, uma exposição com fotos de sinago- gas no mundo e artefatos utilizados nestas, trazidos pelas crianças. Materiais e recursos: Beit Haknesset, shofar e uma história, fotos de sinagogas, artefa- tos ligados a estes. Comemorando Rosh Hashana Conteúdo: comemoração de Rosh Hashana, com os símbolos já conhecidos. Objetivos potenciais: comemoração da festa, de forma lúdica. Descrição: as crianças são divididas em dois grupos, misturando todas as fai- xas etárias. Elas participarão de uma “caça ao tesouro”, cujo ob- jetivo é trazer todos os símbolos já conhecidos para, juntos, cons- truírem a mesa de Rosh Hashana. Para tal, serão utilizadas pistas que remetam as crianças às informações trabalhadas. Por exemplo: “Tenho três tipos de toques, sou tirado de um animal, quem sou eu? Estou escondido. Depois que a mesa já estiver posta, todos se sentarem, recitarem as brachot e comerem as comidas típicas, devo ser encontrado. Quem sou?”. Materiais e recursos: todos os símbolos (conhecidos) da festa. Sugestão: arrumar uma bela mesa, com todos os símbolos da festa para a comemoração. Pesando nossas ações Conteúdo: a idéia de “pesar” nossas ações. Objetivos potenciais: vivenciar experiências ligadas à idéia de pesar boas e más ações, e construir a ligação com a balança neste contexto. Descrição: durante os “dez dias de penitência”, costumamos trazer uma ba- lança e pesos, cada faixa etária vivenciando experiências adequa- das à sua idade, explicando-lhes, assim, o que seriam boas e más ações, e para que serve a balança neste contexto. Podemos usar, também, uma balança caseira (feita com cabo de vassoura e pra- tos), para concretizar a idéia da importância de realizar *mitzvot, que “serão pesadas na balança”, no mês de elul, aproveitando, assim, para fortalecer noções de peso e equilíbrio. Materiais e recursos: balança e pesos. Um ensaio ao vivo para Rosh Hashana Conteúdo: os símbolos da festa - rimon, a cabeça de peixe, tapuach bidvash, chala agula. Objetivos potenciais: vivenciar os costumes do chag, abençoando-os e experimentando-os Descrição: desde o primeiro dia de elul, já podemos sentir os preparativos para as grandes festas. Diariamente, o toque do shofar pode ser escutado, sinalizando que algo de diferente e profundo está por acontecer. Gradativamente, vivencia-se “ao vivo”, abençoando e experimentando os símbolos do chag: rimon, a cabeça de peixe, ta- puach bidvash. As crianças relembram, com a ajuda da professora, tudo o que aprenderam sobre o chag e, parte por parte, montam a mesa especial para a comemoração. A cada símbolo nomeado, as crianças explicam seu significado, sua importância no contexto judaico e festivo. As brachot são recitadas, de acordo com a mon- tagem da mesa, sempre com a participação das crianças. Podemos celebrar a chegada de Rosh Hashana, cantando e comendo tapu- ach bidvash, chala agula, e desejando, sempre, para todos, shana tova umetuka! Materiais e recursos: shofar, o romã, a cabeça de peixe, a maçã com mel, chala agula. Brincando e aprendendo sobre o tashlich Conteúdo: o tashlich (costume realizado, pouco antes do pôr-do-sol, na tarde do primeiro dia de Rosh Hashana, às margens de um rio, lago, ou algo semelhante, onde são recitadas preces, seguidas pelo simbóli- co agitar dos cantos de nossas roupas) Objetivos potenciais: vivenciar o costume do tashlich Descrição: a partir de um pequeno lago (com peixes), montado na escola para este objetivo, as crianças podem vivenciar o costume do tashlich (raramente praticado na escola). Materiais e recursos: um “pequeno lago” com peixes, montado em local próprio e ade- quado na escola. ROSH HASHANA 30 Atividades com a família e amigos Confeccionando kartissei bracha: uma oficina com os pais Conteúdo: kartissei bracha Objetivos potenciais: vivenciar um dos costumes de Rosh Hashana – receber e enviar kartissei bracha. Descrição: após a criação de um clima festivo na escola, usando os motivos do chag, com kartissei bracha entre outros, os pais serão convi- dados para uma oficina de confecção de kartissim e mensagens. Estes serão enviados pelo correio e, assim, tanto pais quanto crian- ças receberão e enviarão kartissei bracha. Podemos simular um correio, para o envio de kartissim de shana tova, além de caixas de correios nas salas-de-aula. Materiais e recursos: kartissim, materiais criativos, agência e caixas de correio simula- das. As mães nos ensinam a preparar um bolo de mel Convidar as mães para que, junto com as crianças, preparem um delicioso bolo de mel. As mães apresentarão os ingredientes. Depois, falarão dos aromas e sabores, antes e depois de assarem o bolo. Guefiltefish não é só assunto da vovó... Convidar avós para arregaçarem as mangas e prepararem o guefil- tefish – para que revelem seus segredos. Contar o que se comia na casa de seus pais no chag. Quem será que consegue tocar o shofar? Convidar pais ou avôs para tocarem o shofar e contarem sobre o chag, na sua infância. Enviam-se bilhetes para os pais, avôs e irmãos, indagando “Você sabe tocar shofar?”, convidando-os para tocarem para as crianças, na escola, durante o mês de elul. Após o toque, os convidados podem deixar-nos mensagens sobre este momento. Dado o interesse que o shofar desperta nas crianças, realiza-se um rodízio, permitindo, assim, que cada família possa recebê-lo em casa, reforçando ainda mais o espírito do chag. Registro de projetos Outras tachanot • calendário • Machzor • Beit Haknesset • tashlich • shofar 31 Organização do espaço e dos materiais Rosh Hashana é uma festa com muitos símbolos. Necessitamos criar condições para que a criança possa entender e absorver esse clima da festa: Caixa de Atividades Caixa, gaveta, cesta ou outros recipientes onde são oferecidos para as crianças menores (até 3 anos) os símbolos e apetrechos do chag (de maneira focalizada), e em níveis de abstração diferentes (concreto, simulado, de plástico, fotos, imagens, livros com gravuras). A mediação oral e afetiva da professora, neste tipo de atividade, é muito importante, para as crianças aprenderem nomes, canções, danças, movimentos, instrumentos, entre outros. Após três anos de idade, estes objetos irão para o canto, montado especialmente para a festa. Preparar uma caixa (maior do que a de sapato), para ser usada como caixa de correio. As crianças prepararão kartissei bracha, umas para as outras. Nesta época, pode ser construído um canto fixo, com diversos materiais, para que as crianças possam preparar os kartissim de forma autônoma, os quais serão depositados numa caixa de correio. No dia do chag, a professora distribuirá os kartissei bracha produzidos (é importante verificar se to- das as crianças têm, pelo menos, um kartis para receber, antes de distribuí-los). Cantos Em todas as idades, é importante preparar o canto da festa com os símbolos. Esse canto pode abrigar fotogra- fias e objetos verdadeiros. As crianças podem colaborar com a construção do canto, trazendo coisas de casa. Para expor imagens, objetos, símbolos, entre outros, o canto é montado pelas crianças, junto com a professora, a partir dos materiais trazidos, podendo ser fixo - tipo vitrine, com mural na parede e mesa ao lado, e/ou móvel - para brincar, manipular, interagir, com caixas de atividades com objetos trazidos de casa, brinquedos e jogos didáti-cos, álbuns de fotos, livros, entre outros. Cobrir a mesa com toalha branca, colocar maçãs de cores e tamanhos diferentes, pote de mel, romã, shofar, Machzor, kipa, talit e um kartis bracha grande da professora para as crianças. Murais • ligado ao conteúdo Frase ou passuk em ivrit Ex: Shana tova umetuka (Um ano bom e doce!) Shana tova umevorechet (Um ano bom e abençoado!) Fotos dos símbolos de Rosh Hashana • com produções das crianças: confecção de kartissei bracha para os amigos (que ficarão em exposição até um dia antes de Rosh Hashana), dobraduras de shofar, colagem de uma sinagoga (trabalho coletivo). • com desenhos ou registros das crianças ligados à simbologia da festa. • com produções das crianças relacionados à canção “Kapit shel dvash” ou a canção escrita em forma de carta enigmática. • com kartissim enviados pelos pais a seus filhos. Idéias de atividades com materiais artísticos/ Enfeites • Confecção de kartissei bracha • Dobraduras do shofar com instruções para dobradura de shofar • Trabalho coletivo, por meio de colagem, de um Beit Knesset • Maquete de uma sinagoga (em grupos). ROSH HASHANA 32 Anexos Chala agula Ingredientes 50 g de fermento fresco 1 k de farinha de trigo 2 ovos ½ copo de óleo 1 colher (chá) de sal 5 colheres de açúcar 2 copos de água morna 1 gema para pincelar papoula ou gergelim para polvilhar Modo de Fazer 1. Misturar o fermento com um pouco da água morna. 2. Colocar a farinha numa bacia, fazer um buraco no meio e colocar o fermento. 3. Cobrir com a farinha e deixar descansar por 10 min. 4. Acrescentar: ovos + óleo + sal + açúcar + água, aos poucos, e misturar até ficar uma massa lisa. 5. Trabalhar a massa por 5 min. e colocá-la novamente na bacia untada (coberta com pano) por 1 h. aproximadamente. 6. Moldar a massa em formato redondo. 7. Pincelar com ovo e polvilhar com papoula ou gergelim. Geléía de Maçã Ingredientes 1 kg. de maçãs 1 copo de açúcar 2 copos de água Modo de Fazer 1. Descascar, lavar e cortar (em 8) as maçãs. 2. Cozinhar na água e açúcar em fogo baixo por 1 hora ou até ficar consistente. 3. Guardar em geladeira. Bolo de Mel Ingredientes 3 copos de farinha de trigo 1 colher de sopa de fermento em pó 1 colher de café de bicarbonato 4 ovos ½ copo de óleo 1 copo de mel 1 copo de açúcar 1 copo de chá forte Modo de Fazer 1. Em uma tigela misturar: farinha + fermento + bicarbonato. 2. Bater: ovos + óleo + mel + açúcar. 3. Acrescentar aos poucos, a mistura da farinha, alternada com o chá. 4. Assar em forno pré-aquecido por 1½ h. aproximadamente. BOM APETITE! BETEAVÓN! 2. Sugestão de material didático Charadas Inventar: Quem sou eu e como me chamo? Mi ani uma shmi? Chida Iechida mi sheiakshiv hu Ieda. Exemplo: Sou quase redonda. Às vezes verde e às vezes vermelha? Mi ani uma shmi? tapuach! 1. Sugestões de imagens para construir jogos • shofar • chala agula • kartissei bracha • rimon • Beit Haknesset • Menino/a comendo tapuach bidvash • dag • tapuach bidvash • Meninos/as entregando kartissei bracha • Machzor • tkiat shofar • menino/a comendo rosh shel dag 3. Receitas de “delícias” típicas para realizarmos na escola Rosh Hashana desperta em nós muitos sentimentos e sentidos. O doce cheiro do mel misturado ao frescor da maçã. A maravilhosa fragrância do pão de mel e da chala agula assando no forno... Isso sem falar do divino sabor deles. Dá ate água na boca! Selecionamos aqui algumas delicias que as crianças mais gostam de comer e que são fáceis de fazer. 33 Onde está o shofar? 4. Histórias de Rosh Hashana Há alguns anos, numa cidade tão pequena, da qual nem se sabe o nome, havia um único, mas muito boni- to Beit Haknesset. Quando era shabat, ou havia alguma festa judaica, todos os moradores judeus daquela cida- dezinha iam para este Beit Knesset, pois lá eles podiam rezar, cantar, comemorar as festas e encontrar-se com seus amigos e familiares. O Beit Haknesset ficava cheio de pessoas, principalmente em Rosh Hashana. Certa vez, na véspera de Rosh Hashana, as pessoas já haviam chegado e se cumprimentado, quando o Rabi começou a rezar em voz alta e todos o acompanhavam; cada um em seu Machzor. As crianças esperavam atentas o momento de ouvirem o toque do shofar. Chegou então o momento: o Rabi convidou o baal tokea, o homem que toca o shofar, para o momento mais esperado, quando, de repente, todos escutam: “Oh, não!” Ao invés de silêncio, o zum zum zum reinava. Todos perguntavam: “O que foi? O que aconteceu?” O Rabi perguntou a todos: “Onde está o shofar? Al- guém mexeu aqui?” As pessoas não sabiam o que fazer para ajudar o Rabi. Nem onde procurar. Até que Dani, um menino de 4 anos começou a chorar. Sua mãe pensou que fosse por causa do shofar que ele não escutaria e disse: - “Não chore Dani, assim que acharmos o shofar, você poderá escutá-lo!” - “Não é por isso que estou chorando, mamãe!” - “Então, o que é, está doendo alguma coisa?” - “Não mamãe, é que fui eu quem pegou o shofar!” - “Dani, não me diga uma coisa dessas, não pode ser!” - “Sim, mamãe, e ele está aqui no meu bolso; é que eu queria tocá-lo. Desculpe, mamãe!” - “Dani, não sou quem deve desculpá-lo. Vá até o Rabi e conte a verdade, peça desculpas!” Arrependido de ter pegado algo que não lhe pertencia, Dani foi até o Rabi e entregou-lhe o shofar, prometendo nunca mais fazer aquilo. O Rabi escutou suas desculpas e as aceitou, aproveitando para dizer a todos: “O que Dani fez não foi bom, mas foi um menino muito corajoso por contar a verdade diante de tanta gente. Graças à sua boa ação, podemos cumprir a principal mitzva de Rosh Hashana: tocar shofar!”. O Bombeiro Há muitos anos, antes da existência do corpo de bom- beiros e de seus dispositivos modernos contra incêndios, quando a maioria das casas era de madeira, o fogo repre- sentava algo terrível. Uma cidade inteira ou grande parte dela podia ser destruída pelas chamas. Quando começa- va um incêndio, todos deixavam seus afazeres e corriam para ajudar a apagar o fogo. Naquela época, existia uma torre, que era mais alta que os outros prédios da cidade, onde um vigia observa- va atentamente. Logo que surgia alguma fumaça ou fogo, ele tocava o alarme. Os moradores da cidade formavam, então, uma corrente humana entre o fogo e o poço mais próximo, passando baldes de água um para o outro, até apagarem o fogo. Certa vez, um rapaz, morador de um pequeno povoa- do, foi pela primeira vez à cidade. Pousou numa estala- gem da periferia. De repente, ouviu o som de um clarim e perguntou ao estalajadeiro o que significava aquilo. “Onde quer que tenhamos fogo,” explicou o homem ao rapaz, “tocamos o clarim e o fogo é rapidamente apagado.” “Que maravilha!” – pensou o rapaz. “Que idéia sensa- cional levarei à minha aldeia!” Em seguida, o rapaz comprou um clarim. Quando retornou ao povoado, cheio de entusiasmo, reuniu os moradores. “Escutem, gente boa !” – exclamou – “não é mais preci- so temer o fogo. Vejam como o apagarei rápido !” Dizendo isto, correu para o casebre mais próximo e botou fogo no telhado de palha. O fogo começou a se espalhar rapidamente. “Não se alarmem !” – gritou o rapaz. “Agora, observem-me.” O rapaz começou a tocar o clarim com toda sua força, parando apenas para tomar fôlego e dizer: - “Esperem, isto apagará o fogo num instante !” Mas o fogo não parecia importar-se com a canção e pulava de um teto para o outro, até que todo o povoado começou a arder em chamas. Os moradores se puseram a repreender e xingar o rapaz: “Seu tolo!” – gritaram. “Pensou que um mero toque de clarim conseguiria apa- gar o fogo? O toque é apenas para acordar o pessoal que estiver dormindo ou chamar os que estão preocupados com seus afazeres para trazerem água do poço e apaga- rem o fogo !” Devemoster em mente esta história, quando ouvimos o shofar, tocando várias vezes durante Rosh Hashana. Alguns podem pensar, como o rapaz do povoado, que o som do shofar, por si só, fará tudo por eles. Imaginam poder continuar adormecidos ou absortos em seus afa- zeres, sem necessidade de modificarem sua maneira de viver e a sua conduta diária. O shofar, tocado na sinagoga, vai lhes trazer, sem dú- vida, um bom Ano Novo. Mas, como o clarim deste con- to, o shofar também é o som do “alarme”. Transmite a seguinte mensagem: “Acordem, vocês que dormem, pensem em seus cami- nhos, voltem a D’us, apaguem o “fogo” que tenta destruir seus lares judaicos. Vão à Fonte das águas da Vida, à Tora e às Mitzvot. Apressem- se antes que seja tarde!” Por isso, imediatamente após o toque do shofar ex- clamamos: - “Feliz é o povo que compreende o significado do som do shofar; ele anda na Sua Luz, ó D’us!” ROSH HASHANA 34 Shana tova! Tatiana Belinky 5. Brachot e psukím Bracha do shofar (Machzor) Baruch Ata, Ad-nai, Elokeinu Melech Haolam, asher kidshanu bemitzvotav vetzivanu lishmoa kol shofar Abençoado é o Senhor, nosso D’us, Rei do universo, Que nos torna sagrados com Suas bênçãos e conclama-nos a ouvir o som do shofar Seidetudo e Seidenada são dois meninos que são o que seus nomes sugerem. O diálogo abaixo é um tea- trinho que pode ser representado em qualquer espaço. As duas personagens entram em cena, cada uma de um lado. Seidetudo, mergulhado num livro; Seidenada, ba- tendo bola no chão. Ambos distraídos, bumba! Dão o maior encontrão no meio, caindo sentados. Seidenada: Ó Seidetudo, que história é esta de der- rubar a gente?! Seidetudo: Desculpe, Seidenada, foi sem querer. Seidenada: “Sem querer”, é? (Levanta-se). Quer apa- nhar, é isto? Seidetudo: Qual é cara, vai querer brigar? Seidenada: Eu vou mesmo. Prepare-se para apanhar, você me derrubou. Seidetudo: Mas você também me derrubou. Nem por isto quero brigar. Especialmente hoje. Seidenada: Especialmente hoje? Que que hoje tem de especial? Seidetudo: Você não sabe, Seidenada? Hoje é Rosh Hashana. Seidenada: Rocha+que? Que história é essa? Seidetudo: Você não sabe mesmo! Hoje é o NOSSO Ano Novo! Seidenada: Ano Novo? “Nosso”? Eu não sabia... Seidetudo: Pois fique sabendo agora. O nosso Ano Novo se chama Rosh Hashana e é uma das festas mais importantes e sagradas do ano judaico. É quando se toca o Shofar na sinagoga para saudar o ano que entra e mostrar nosso amor. E todos os corações se enchem de esperança, e todos esquecem as brigas do ano que passou. Seidenada: Entendi! Foi por isso que você não quis brigar “especialmente hoje”? Seidetudo: Pois é. Ainda bem que você entendeu. E sabe de outra coisa? Hoje é um ótimo dia para tomar boas decisões para o Ano Novo. Pense nisto. Seidenada: Boa idéia. Vou decidir estudar mais neste ano, para não dar parte de ignorante, como hoje... Seidetudo: Parabéns, Seidenada. E eu vou to- mar a decisão de brincar mais, além de estudar. Porque um bom judeu tem de estudar muito, mas tam- bém deve saber ser alegre! Feliz Rosh Hashana, Seidena- da. Shana tova! (Abre os braços). Seidenada: (corre para ele) Shana tova, Seidetudo! Feliz Rosh Hashana! (entra canção alegre e os dois saem de cena, abraçados, pulandinho) 6. Canções e poemas • Ani ledodi vedodi li • Hashofar • Rosh Hashana • Avinu Malkenu • Igueret bracha • Shachachti lessaper • Bashana habaa • Iom Hakipurim • Shana chadasha • BeRosh Hashana • Kapit shel dvash • Madua beRosh Hashana • Shana tova • Lechol chag • Shnem assar haierachim • Chodesh elul hine ba • Od shana avra • Tu tu tokea hashofar • Eize chag li • Ma nevakesh • Bechodesh elul tokim bashofar bechol hatfilot • Hakaitz avar • Tfilá latov 35 Sugestão de sites www.chagim.org.il http://www.eifo.com.br/indexrel.html www.jajz-ed.org.il/so www.education.gov.il/rosh_hashana/index.html www.j.co.il www.greetme.com http://galim.org.il/holidays/rosh www.torahtots.com/holidays/rosh/rosh.htm http://www.holidays.net/passover/ www.jajaz-ed.org.il/so http://greetings.yahoo.com/browse/holidays www.j.co.il http://www.regards.com www.aish.com http://www.123greetings.com www.torahtots.co.il http://www.chabadcenters.com www.shemaiisrael.co.il www.chabad.org.br Bibliografia Herman, D. Kol Chag Umoed. Israel Melamed, Rab. Meir M. A Lei de Moisés e as Hafta- rot. Ed. Templo Israelita Brasileiro Ohel Iaakov Nissim, R. Beshvilei hagan. Misrad Hachinuch Veha- tarbut, Israel Vaad Hachinuch Nacional. As Grandes Festas. Iusim, H. Machzor leRosh Hashana. Ed. Planimpress Tzelelzon M. Tapuach bidvash. Israel Tzarfati, M. Tchanim upeiluiot lechaguei tishrei. Israel Mea shirim rishonim, alef. Israel Meida taf. Mifgashim (Alef, Beit, Guimel). Misrad hachinuch vehatarbut, Israel Mikraot Israel chadashot. Misrad hachinuch veha- tarbut, Israel Moadei Israel beartzo. Hamachlaká lechinuch ule- tarbut bagolá Iamim noraim. Hamachlaká lechinuch uletarbut bagolá A Lei de Moisés e as Haftarot. Trad. Rav Meir Matzliah Melamed. Ed. Templo Israelita Brasileiro Ohel Iaakov ROSH HASHANA 37 Iom Kipur pedindo perdão aos amigos Fontes “E o Eterno falou a Moisés, dizendo: Aos dez dias deste sétimo mês, celebra-se o dia das expiações, santa convocação será para vocês, e afligirão as suas almas...e nenhuma obra farão neste mesmo dia, porque é dia de expiações...porque toda alma que não se afligir neste mesmo dia será cortada de seu povo. E toda alma que fizer alguma obra neste mesmo dia, destruirei aquela alma do meio de seu povo. Nenhuma obra farão, estatuto perpétuo será para suas gerações, em todas as suas habitações. Dia de descanso total será para vocês, e afligirão as suas almas. Aos nove dias do mês, à tarde, de uma tarde a outra, descansarão em seu Shabat.” (Lev. 23, 26-32) 38 Descrição da data *O aspecto religioso O dia de Iom Kipur culmina no décimo dia de asseret iemei tshuva (os dez dias de arrependimento), os dez dias de preparação para a chegada do dia de Iom Kipur, 10 de tishrei. E, nesses dias, procuramos fazer o bem! D’us espera que nos conscientizemos da necessidade de praticar bons atos. E, dessa forma, que sejamos abençoados com um ano bom. Faz parte dessa preparação, a avaliação pessoal do próprio comportamento… E descobrir dentro de si o que se deve melhorar. Chegou o dia para perdoarmos o próximo e também para pedirmos desculpas por atitudes passadas. É o tempo de resolvermos as mágoas guardadas! É a chance de recomeçar, de deixar para trás as atitudes negativas e modificá-las. Essa é a tshuva (arrependimento). Esse é o sincero arrependimento oportuno desses dez dias. E, quando chega Iom Kipur, rogamos e esperamos pelo julgamento divino positivo. Durante os dez dias, concentramo-nos em nossas relações pessoais. Devemos dar ênfase ao respeito que devemos ter pelas pessoas. Símbolos e motivos, usos e costumes Em Rosh Hashana, acredita-se que D’us nos inscreve no Livro dos Justos, e, em Iom Kipur, carimba-nos. Por isso, é costume desejar: Gmar chatima tova! (Que tenha um bom selo, ao final do veredicto). Antes de ir para a sinagoga, é costume o pai abençoar os seus filhos. O uso de roupa branca é uma antiga e consagrada praxe, que tem, por objetivo, recordar as mortalhas brancas (com as quais enterram os mortos) e tornar o coração mais humilde. A cor branca também representa pureza e simboliza a promessa profética: “Ainda que seus pecados sejam como a escarlata, tornar-se-ão brancos como a neve.” (Isaías 1, 18) Imediatamente depois de Iom Kipur, os preparativos para a festa de Sukot devem começar. Conceitos importantes tzom jejum tfila/ot prece/s, oração/ões ou reza/s tkia bashofar toque no shofar bakashat slicha pedido de perdão Beit Haknesset sinagogacasa de reuniões bracha/ot bênção/s; obs.: birkat, bênção de machzor livro de rezas, especial para Rosh Hashana e Iom Kipur talit xale de rezas tshuva arrependimento *Mitzvot Kaparot Erev (a véspera de) Iom Kipur é saudado pelo antigo costume de kaparot, realizado antes do raiar do dia. O homem, ou menino, apanha um galo; a mulher, ou meni- na, uma galinha. Seguram-nos nas mãos, recitando a bra- cha bnei adam e giram a ave nove vezes sobre a cabeça. A prece continua: “Seja esta a minha expiação...” Isto é feito, com o intuito de evocar um arrependimen- to sincero, para que não tenhamos destino semelhante ao da ave, graças à mercê de D’us, Que nos perdoa após o arrependimento verdadeiro. Em seguida, a ave é solta e enviada ao shochet (profissional religioso que abate animais para fins de uso), e o valor correspondente à ave é dado aos pobres. Este costume também pode ser feito com dinheiro. Tzom e toalete, num dia sagrado Em Erev Iom Kipur, costuma-se oferecer uma ceia e comer mais do que o habitual. Esta é realizada, para contrastar com o tzom (jejum) que mulheres e homens deverão realizar, a partir dos doze e treze anos de ida- de, respectivamente. O tzom dura vinte e cinco horas. É proibido comer ou beber, assim como lavar-se, passar cremes, óleos ou maquiagem, calçar sapatos de couro ou manter relações conjugais. 39 Planejamento de atividades Kaparot Conteúdos: como a maioria das famílias ortodoxas costuma fazer kaparot com galo/galinha, sem- pre trazemos um galo para a escola e fazemos kaparot com as crianças Objetivos potenciais: (1) Mostrar para a criança como se realizam as kaparot e (2) Vivenciar o que é explica- do a respeito. Enfatizamos que existem outros costumes de como realizar as kaparot e que todos estão corretos. Descrição: todas as crianças da escola juntam-se no pátio e procedemos com kaparot coletivas, com as crianças recitando as orações pertinentes. Materiais e recursos: Um galo e um espaço externo, de fácil limpeza. Chinelos Diferentes Conteúdos: as crianças fazem seus próprios chinelos para usar em Iom Kipur, ao invés de seus sapatos de couro. Objetivos potenciais: enfatizar que, neste dia, não usamos nossos sapatos de couro. Descrição: Apresentamos às crianças tachanot (estações) diferentes. Em cada tachana, são ofere- cidos diferentes materiais para a confecção de chinelos (ex: numa tachana - pantufas de pano, na outra, sandálias havaianas, e assim por diante). Materiais e recursos: diferentes materiais, como borracha, pano, espuma, molde dos pés em palmilhas, cola, lantejoulas, E.V.A., entre outros. Painel Indicador: ‘O que fazemos e o que não fazemos’ Conteúdos: um painel arredondado, com um ponteiro indicando ‘o que não se faz’ em Iom Kipur (comer, beber, usar sapatos de couro, tomar banho, passar hidratantes ou cremes) Objetivos potenciais: memorizar as proibições deste dia, que o difere de outras festividades. Descrição: após a conversa em roda, quando a professora recapitula, com as crianças, tudo o que não se faz em Iom Kipur, todos juntos confeccionam um painel giratório, com todas as proibições deste dia. Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Iom Kipur IOM KIPUR 40 Canções acompanhadas por atividades Conteúdo: Al take (canção sobre perdão e pazes) Objetivos Potenciais: Despertar a vontade, nas crianças, de fazerem as pazes! Descrição: Formam-se duplas. Trocam-se os colegas, a cada vez que toca a canção. Birkat habanim - a bracha dos filhos Conteúdos: trabalhar com a bracha, recitada pelos pais, para abençoarem seus filhos, em erev Iom Kipur. Objetivos potenciais: explicar à criança, que este é um momento único, e muito especial e que o poder da bracha, em nosso povo, é algo muito forte. Descrição: a professora entrega, para cada criança, uma cópia da bracha. Cada criança faz sua própria moldura e a entrega aos pais. Al take (canção sobre perdão e pazes) Não bata Não é agradável Me dê uma mão E mais uma Vamos ser bons amigos Vamos ser bons amigos Al take Ze lo nae Ten li iad Veod achat Chaverim tovim nihie Chaverim tovim nihie Brachot e psukim Kol nidrei (todos as promessas), o serviço religioso que inicia o dia, seguindo o nome da his- tórica, significativa e emocionante oração, originária dos judeus marranos, na época da Inquisição. Neila (encerramento dos ‘portões’, pelos quais passam nossas sentenças) é a oração final, no dia seguinte ao de kol nidrei. Neste dia, somos comparados aos anjos, pois compor- tamo-nos igual a eles! Somente neste dia, quando falamos o Shma Israel (ouça, ó povo de Israel, uma oração diá- ria que relembra o povo de Israel que seu D’us é Um, Único e Sagrado), tem, neste dia, o verso baruch shem kvod malchuto leolam vaed (Abençoado seja Seu Nome e consagrado, Seu Reino, para todo o sem- pre), recitado em voz alta. Durante o ano inteiro, o fazemos em voz baixa. Quando Moshe subiu no Har Sinai, aprendeu esta tfi- la com os anjos e a ensinou a todo o povo de Israel. Acredita-se que ele nos ensinou a falar num tom de voz mais baixo que a voz dos anjos, para sabermos que existe uma grande diferença entre homens e anjos. So- mente em Iom Kipur, podemos igualar-nos a eles. Avinu Malkenu Nosso Pai, Nosso Rei (trecho da oração) Conceda-nos a Sua graça e atenda-nos, ainda que careçamos de boas ações; Faça conosco justiça e bondade, e salve-nos! Avinu Malkenu Avinu Malkenu Chonenu vaanenu Ki ein banu maassim. Asse imanu tzdaka vachessed vehoshienu Avinu Malkenu (nosso Pai, nosso Rei), é uma das mais antigas e consagradas tfilot de súplica, rezada durante os dez dias de tshuva. Esta consta do Talmud (Taanit, 25b), como sendo a tfila proferida pelo Rabi Akiva, em dias de jejum, tal como o Iom Kipur. 41 A criança, com a palavra! A professora ensinou às crianças do maternal a tfila que recitamos, ao realizar as kaparot: ”Ze hatarnegol ielech lemita, vaani elech lechaim tovim... “ ( É esta a galinha que vai para a morte, enquanto eu caminho para a vida boa). Então, conta uma história que parodia este verso: Numa família de israelenses, quando a mãe de Iuval falou para os fi- lhos irem dormir: Ieladim, lamita! (Crianças, para a cama!), Iuval logo respondeu: “Itzi ielech lamita, vaani elech lechaim tovim...” ( Itzi vai para a cama e eu vou para a vida boa). No hebraico , há um trocadilho entre lemita (para a morte) e lamita (para a cama). Mora, Iom Kipur é muito bom, pois, neste dia, minha mãe não engorda! Anexos Histórias de Iom Kipur O pequeno David, em Iom Kipur Rivka Elitzur Era Iom Kipur. O pequeno David estava sentado no Beit Haknesset, sobre o chão, aos pés de um homem ido- so. Todas as cadeiras estavam ocupadas. Não havia ne- nhuma cadeira livre para o pequeno David sentar-se. O velho estava envolto no talit e rezava no Machzor. Não era o avô de David. David não conhecia aquele senhor. Não conhecia ninguém no Beit Haknesset. Então, por que rezava naquele Beit Haknesset? Onde rezava o pai de David? E a mãe? E Menachem, seu irmão mais velho? Todos rezavam em outro Beit Haknesset, ao lado de sua casa. E por que David foi rezar num lugar assim, tão lon- ge? Por que foi a um lugar onde ninguém o conhecia? Vou contar-lhes o porquê: Em erev Iom Kipur, quando comiam a última refeição, antes do jejum, David disse: - Também vou jejuar! A mamãe disse: - Não David, você não pode jejuar. Menachem, o ir- mão mais velho, disse: - Você não vai jejuar; quando eu tinha sete anos, tam- pouco jejuei. David ficou quieto e não disse nada, mas pensou: “Eu vou jejuar! Vou jejuar de propósito!” Na manhã de Iom Kipur, David escapou do Beit Hak- nesset. Seu pai não o viu sair. Seu irmão Menachem tam- pouco sentiu que ele havia saído. Asruas estavam muito quietas.Todos estavam no Beit Haknesset. O pequeno David andou de rua em rua, até que se afastou muito do Beit Haknesset de seu pai. Ouviu o som da tfila saindo de outro lugar, entrou e sentou-se aos pés de um senhor idoso. É isso! Agora vocês entendem porque David sen- tou-se no Beit Haknesset, distante de sua casa, ao lado de um velhinho? Sentou-se e rezou. Passou uma hora, duas horas. David estava com muita fome e sede. Seu rosto estava pálido e ele estava can- sado. O senhor olhou para o rosto do pequeno David e disse: - Onde está o seu pai, garoto? David se assustou; quis levantar-se e ir para outro lugar. Suas pernas estavam fracas e não conseguia andar. O velhinho disse: - Você está jejuando? David respondeu: - Sim, estou jejuando. O senhor sacudiu a cabeça e disse: - Isto não é bom. Uma criança como você não precisa jejuar. E o seu pai? Ele concordou que você jejuasse? David se calou e abaixou a cabeça. - Isto não é bom, isto não é bom, disse o velhinho. Pelo jeito, o que você deve fazer você não faz, e o que não deve, faz. David olhou para o rosto do senhor, com seus grandes olhos, e não entendeu o que queria dizer. O velhinho disse: - Uma criança pequena não deve jejuar, mas deve obe- decer ao seu pai. E continuou a rezar. O pequeno David pensou: “Isto não é bom, eu não estou agindo bem.” Levantou-se e pôs-se a andar. Correu e correu. De repente, viu, seu pai, ao longe, envolto no talit, andando na rua e olhando para todos os lados, procurando por David. - Papai, papai! David gritou e correu para o pai. - Onde você estava? Onde você estava? Todos nós pro- curamos por você. - Eu ... eu fugi ... queria jejuar. Desculpe, papai. Isto não foi correto. - Já o desculpei, filho; hoje é Iom Kipur, dia do perdão. Corra até a sua mãe, para que ela não se preocupe com você. O pequeno David estava com tanta fome, que sua mãe disse: - Quando você for um bar mitzva, você jejua o dia todo. Sugestão: • Após contar a história, podemos abrir uma roda de conversa, com a pergunta: ‘O que aprendemos com esta história?’ • Abordar pontos importantes, como a explicação da data, o jejum para maiores de 13 anos e escutar os pais, entre outros. IOM KIPUR 42 Bibliografia Halevy, Rav. D. O Ser Judeu, Guia para Observância Judaica na Vida Contemporânea; Organização Sionista Mundial, Departamento de Educação e Cultura Religiosa para a Diáspora, Jerusalém, 5745 (1985). Maagal Hashana. Livro 1, Sifriat Sharsheret. O som do shofar, Coleção Nossa Herança, Ed. Chabad, 1978. 43 Sukot Venham todos para a suka, brincar, aprender e festejar Fontes “Chag HaSukot taasse lecha shivat iamim, beossfecha migarnecha umiikvecha…vessamachta bechaguecha ... vehaita ach sameach.” “A festa das cabanas fará para você sete dias, quando tiver recolhido os produtos de sua eira e de sua vindima. E ale- grar-se-á, em sua festa, você, seu filho, e sua filha... e será tão feliz” (Deuteronômio, 16:13,14) BeSukot tishvu shivat iamim kol ezrach beIsrael ieshvu beSukot lemaan iedu dorotechem ki beSukot hoshavti et bnei Israel behotzii otam meeretz Mitzraim... E falou o Eterno a Moisés: Fale aos filhos de Israel, dizendo: aos quinze dias deste sétimo mês, festa das cabanas será, por sete dias, ao Eterno... Para que as suas gerações saibam que, nas cabanas, fiz habitar os filhos de Israel, quando os tirei da terra do Egito... (Levítico, 23: 33,44) 44 Conceitos importantes chag sameach: Boas festas! suka; sukot: cabana(s) * suka kshera: cabana apta, adequada sukat shalom: cabana da paz schach: folhagem * hidur mitzva: elevação do preceito leishev (ieshiva) bassuka: sentar na suka vessamachta bechaguecha: que você festeje esta ocasião, e que seja feliz! arbaat haminim - etrog, lulav, hadas e arava: 4 espécies - cidra, tamareira, mirto e salgueiro ushpizin: recepção de visitas * tfilat halel: prece de louvor * tfilat hagueshem: oração da chuva Shmini Atzeret Descrição da festa A festa de Sukot, é festejada no mês de tishei, o primeiro mês do ano judaico. Este chag, que ocorre no dia 15 deste mês, é festejado durante sete dias, e é uma das três festas chamadas de shalosh regalim (as três festas), juntamente com Pessach e Shavuot, pois o povo de Israel subia “a pé”, isto é, peregrinava até o Beit Hamikdash (Grande Templo), em Jerusalém. Sukot é caracterizada por ser uma festa alegre - alegria geral do povo e alegria interna da família, que ocupa um lugar especial entre as festividades. Em Sukot, costuma-se visitar ou mesmo habitar a suka, durante sete dias, como recordação da época em que bnei (o povo de) Israel, vagou pelo deserto, ao sair do Egito. Com o passar dos anos, a suka recebeu um significado mais espiritual, e tornou-se o símbolo da PAZ, da esperança de paz em todo o mundo. Shmini Atzeret (oitavo dia de reunião solene do povo) era, na Antigüidade, o último dia dos dias de sacrifício de Sukot, dia em que o povo de Israel se permitia fazer pedidos pessoais a D’us. *O aspecto religioso Nos dias de hoje, em Shmini Atzeret, vamos à sinagoga, onde ouvimos a prece das chuvas. Neste dia, também rezamos o Izkor (reza de recordação dos entes falecidos). Esta oração é feita em quatro ocasiões: Iom Kipur, no último dia de Pessach, no segundo dia de Shavuot e em Shmini Atzeret. A ligação do povo de Israel com sua terra e a ligação entre o povo judeu e seu passado histórico revelam o aspecto religioso da festividade. Relembra a época em que os judeus vagavam pelo deserto do Sinai, e tinham a proteção de D’us, por meio de ananei hakavod (nuvens de glória), que os cercavam e pairavam sobre eles, protegendo-os dos perigos e desconfortos do deserto. Em Israel Assim como Pessach, em Israel, comemora-se Sukot durante 7 dias (fora de Israel, por 8 dias). O motivo se deve ao fato de que, na época do Beit Hamikdash, o calendário não era pré- fixado como hoje, mas eram os Sanhedrin (Tribunal Judaico) que decretavam o início do mês judaico (e, consequentemente, as festividades que incidiam naquele mês). Após decreto, os Sanhedrin en- viavam mensageiros para avisarem os judeus, de todos os cantos de Israel, sobre o dia em que o mês começaria, para que cada um se preparasse para as festas. Como es- ses mensageiros demoravam a chegar à gola (Diáspora), na dúvida, os judeus consideravam 2 dias para o Rosh Chodesh (início do mês). Esta dúvida era levada até o dia das festividades, de forma que isto provocou termos, hoje, 2 dias a considerar como chag. O Estado de Israel, sendo um país pobre de fontes de águas naturais, depende sobremaneira das águas da chu- va para sua sobrevivência. A chuva é vital não somente para a colheita da produção dos campos, mas também como fonte principal da água potável. Os agricultores ficam na expectativa das primeiras chuvas, que começam a chegar nesta época, e esperam que estas sejam chuvas abençoadas, ou seja, chuvas que cheguem no momento certo e na quantidade certa para a agricultura. Por tudo isso, chuvas e águas ocupam um lugar importante em Sukot, em seus costumes e tradições. 45 Mensagens das escolas As lições que podemos aprender com a suka Confiança em D’us para o rico e para o pobre O mandamento da Tora, com relação à mitzva da suka diz: “Abandone a habitação permanente e ocupe uma morada temporária” . No contexto da experiência do de- serto, até mesmo uma suka oferecia pouca segurança. A imensa, esturricada e arenosa vastidão, onde não ha- via alimento nem água, onde as serpentes e escorpiões eram um perigo constante (Deut. VIII:15), não se poderia tornar hospitaleira por paredes improvisadas e por uma sombra de sapé. A Tora fornece uma relação pormeno- rizada dos quarenta e dois acampamentos, quase igual- mente desolados (Números XXXIII) e do freqüenterisco de sede e fome, para tornar claro que a “confortável” sobrevivência de Israel durante quarenta anos só foi pos- sível por causa da constante mercê de D’us, conforme demonstrado pela provisão diária de alimento e água (More Nevochim, Guia dos Perplexos). Ao deixar seu lar pela suka, o judeu relembra que sua sobrevivência, assim como a de seus antepassados, depende, em última ins- tância, de forças que estão além de seu controle pessoal. Mesmo nos tempos modernos, com construções maciças e técnicas de segurança elaboradas, a combinação entre destrutividade humana e a sempre presente ameaça de um desastre natural torna claro que não existe, para o homem, refúgio mais seguro que sua frágil suka, desde que ele mereça a proteção Divina. O Rabino Samson Rafael Hirsch considera este aspecto da suka sensato, assim como encorajador. Para os po- derosos e ricos a suka diz: “Não confie em sua fortuna; ela é transitória; pode abandoná-lo mais depressa do que chegou. Mesmo seu castelo não é mais seguro que uma suka. Se você está seguro, é porque D’us o protege, como o fez com seus ancestrais quando tinham apenas uma cabana a protegê-los contra as mais duras condições da terra. Que o céu estrelado que você vê pelo schach o ensine a construir seu castelo sobre firme fundação de fé em D’us e a perceber o Seu olhar benevolente, mesmo quando você fitar seu teto firme e isolado. Você pode fazê-lo, a opulência não irá cegá-lo perante o fulgor da beneficência de D’us.” Para pobres e oprimidos, a suka diz: Acaso é você mais desamparado que os milhões de seus ancestrais no de- serto, sem alimento, água ou abrigo permanente? O que os sustentou? Quem por eles proveu? Que mão benevo- lente enxugou suas testas e aliviou suas preocupações? Olhe à sua volta para as frágeis paredes da suka, para as estrelas que se podem ver pelo teto farfalhante. Que ele o lembre que Israel se tornou uma nação vivendo em “mansões” como esta. Foram estes os palácios do “reino de sacerdotes da nação santa” (Êxodo XIX:6), lares onde se tornaram uma grande e Divina nação, desenvolveram a fé que sobrepujou o medo, e o conhecimento da pala- vra de D’us foi sua garantia para o amanhã – para todos os amanhãs. A singularidade da suka Mitzva, a palavra da Tora para os Divinos preceitos que orientam e governam todos os aspectos de nossa vida, desde o momento em que nascemos até o último suspiro, tem dupla conotação - significa tanto “manda- mento” como “conexão”. Ao ordenar-nos as mitzvot, D’us criou os meios pe- los quais podemos estabelecer uma conexão com Ele. A mão que distribui caridade, a mente que pondera a sabedoria da Tora, o coração que se eleva na prece, mes- mo o estômago que digere a matza ingerida na primeira noite de Pessach – todos estes tornam-se instrumentos da vontade Divina. Há mitzvot para cada membro, órgão e faculdade do ser humano, e mitzvot que governam cada área da vida, para que nenhuma parte permaneça à parte de nosso relacionamento com o Criador. É justamente nisso, em que reside a singularidade da mitzva da suka. Ao passo que outras mitzvot dirigem-se a um determinado aspecto da pessoa, a mitzva da suka fornece um meio pelo qual a totalidade do homem está engajada no cumprimento da vontade de D’us. A pessoa toda entra e habita a suka. “A suka é a única mitzva, na qual a pessoa entra até com as botas sujas de barro” - segundo um dito chassídico. A mitzva da celebração da festa de Sukot é diferente das demais mitzvot, pois é realizada com o corpo todo. Entramos na suka, ou seja, penetramos a mitzva. Pelos sete dias de Sukot, a suka é nosso lar – o ambiente para cada atividade e esforço humanos. Textos extraídos do Chabad News Tishei 5762 nº287 e Tishei 5747 nº 143 Enfatizamos a importância da criança em cada festivi- dade. Quando D’us ofereceu a Tora ao povo judeu, pe- diu uma garantia de que cumpririam os mandamentos ao longo dos tempos. Os judeus ofereceram os patriarcas, e D’us não aceitou. Ofereceram, então, as matriarcas; D’us tampouco aceitou. Ofereceram os anciãos do povo, e D’us, ainda assim, não aceitou. Ofereceram, daí, as crian- ças. D’us logo as aceitou, pois crianças são o futuro de nosso povo, e têm um papel fundamental em todas as festividades. As crianças fazem parte da alegria da festa, em sua aju- da na construção da suka, ou ao enfeitá-la. É uma mitzva divertida para as crianças o fato de comerem “fora de casa” por sete dias, e a bracha dos arbaat haminim é uma mitzva “fácil de cumprir”. Portanto, sempre enfati- zamos às crianças que fazem parte da celebração. (Gani TT & I.E. Lubavitch) SUKOT 46 Nomes da festa Símbolos e motivos, usos e costumes Os principais símbolos característicos deste chag são a suka e os arbaat haminim. Chag HaSukot - Festa das cabanas, devido ao costume de sentarmos na suka durante os sete dias de festividade. Chag Haassif - Festa da Colheita, pois, em Israel, esta é a época da colheita, festejando o término de mais um período agrícola. É em Sukot, que termina a preocupação do agricultor, por estar feliz e satisfeito com os frutos esperados e tra- zidos por seu árduo trabalho, como está escrito na Tora: “vessamachta bechaguecha vehaita ach sameach!” (que você festeje esta ocasião, e que seja feliz). * Chag Zman Simchatenu - (Festa do Tempo de Nossa Alegria), pois celebra-se a mitzva da alegria. * Hoshana Raba - (a Grande Saudação), último dia da festa de Sukot, tem um destaque especial, ao qual os cabalistas imprimiram cunho e conteúdo especiais de santidade. Suka A suka está ligada ao costume e tradição de sentar-se na cabana, comemorando a saída do povo de Israel do Egito, rememorando a época em que eram nômades no deserto. * Suka kshera É a suka que preenche todos os requisitos religiosos necessários para tornar-se kshera: deve ter, no mínimo, três lados, deve ser erguida baixo a céu aberto, sua co- bertura deve ser de folhagem natural, podendo ser usado seu caule ou folha colhido especialmente para fazer o schach. A suka deve ser coberta de forma que os raios do sol que penetrem não sejam maiores do que a sombra que a cobertura oferece, mas, de tal modo que, à noite, possamos ver as estrelas. Arbaat haminim - as quatro espécies (etrog, lulav, hadas e arava) O etrog é uma fruta cítrica, cidra, com cheiro agradável e gosto; o lulav, a folha da tamareira, com gosto mas sem cheiro; o hadas, mirto (3 galhos desta folhagem), com cheiro mas sem gosto e a arava, salgueiro (2 galhos desta folhagem), sem cheiro nem gosto - todos juntos são os arbaat haminim. Acredita-se que estes símbolos, juntos, representam o povo de Israel unificado. Cada símbolo, separadamen- te, simboliza uma das características do povo judeu: o lulav, representa o que cresce no coração da tamareira, cujo fruto, a tâmara, é “doce como mel”, simbolizando, também, as pessoas que possuem a sabedoria da Tora. É uma árvore muito útil, suas palmas oferecem sombra, material para fazer cestos e cordas e, de seu tronco, é possível construir colunas e vigas para o teto. O etrog simboliza pessoas que fazem boas ações; a arava, sim- boliza pessoas do povo judeu que nem têm o conheci- mento da Tora, nem fazem boas ações. O hadas simboli- za aqueles que, além de terem o conhecimento da Tora, também fazem boas ações. *Em suma, o povo de Israel compreende pessoas mui- to diferentes; parte delas fazem boas ações, parte não; parte delas tem a sabedoria da Tora e outra, não. Há, ainda, aqueles que nem conhecem a Tora nem fazem boas ações, mas Deus não abre mão de nenhum, pois há lugar para todos. No entanto, somente todos unidos formam um povo verdadeiro. Sukat shalom (A Suka da Paz) * É costume começar a construir a suka logo após o Iom Kipur, para começarmos o ano já fazendo mitzvot. A suka é o símbolo depaz, na esperança de paz para o mundo. Nos tempos em que ainda existia o Beit Hami- kdash, sacrificavam-se bois para se expiar dos pecados de todos os povos do mundo, rezavam para que não houvessem mais guerras, que reinasse a paz entre os povos em suas terras, que pudessem cultivá-las sem que sofressem necessidades. * As mitzvot incluem as brachot dos arbaat haminim, juntos, bem como sentar-se na suka, um lar frágil e tem- porário, onde o povo judeu demonstra toda sua con- fiança em D’us. É uma festa, cuja característica é a união do povo, ocasião em que se costuma convidar ushpizin (visitas) para participarem da mitzva de comer na suka. De acordo com a Tora, a festa de Sukot é uma festa de 7 - 8 dias, sendo o 1° e último dias chamados de Mikra Kodesh. Os dias intermediários, também alegres, são cha- mados de chol hamoed, e implicam algumas restrições de trabalho. Muitos seguem o costume de ficar acordados durante a noite inteira, estudando a Tora, recitando orações e lendo o quinto livro da Tora, Dvarim, também conheci- do por Mishnei Tora (repetição da Tora), pois contém a recordação de grande parte dos Mandamentos da Tora. Durante as orações da manhã, recitam-se grande número de hoshanot e dão-se sete voltas. No final do serviço, cumpre-se o costume instituído pelos profetas - bater com um feixe de aravot no chão algumas vezes, em ex- pressão de alegria e júbilo. Segundo tradição de várias fontes, especialmente nos ensinamentos chassídicos, este dia é considerado como a continuação dos “Dias Temí- veis”, como um Dia de Julgamento, quando se costuma cumprimentar com votos de “gmar chatima tova”.1 1 Vide Capítulo Iom Kipur, pedindo perdão aos amigos. 47 A expectativa da chuva O tema ‘água’ perpassa todas as festividades no Juda- ísmo e se expressa em diferentes cerimônias e costumes. De acordo com a tradição judaica, é em Sukot que D’us decide se o ano seguinte será de chuvas ou de seca. * Em Shmini Atzeret, reza-se a tfilat hagueshem (prece da chuva), para a chegada das chuvas e, pela importân- cia que lhe é conferida, esta tfila é proferida em frente ao Aron Hakodesh (A Arca Sagrada) aberto. Nesta tfila, rememoram-se as boas ações de Avraham, Itzchak, Ia- akov, Moshe e Aharon, que remetem à água e à chuva. O significado da festa para crianças na idade infantil Para a criança que freqüenta a escola judaica de Educa- ção Infantil, a comemoração de Sukot, está, assim como outras festas, ligada sobretudo à vivência e às experi- ências proporcionadas pela família, pela escola e pela comunidade. Nesta idade, é importante oferecer boas oportunidades para a criança conhecer gradativamente, os símbolos, a tradição e os costumes do chag, desde os objetos mais concretos até as idéias abstratas que per- meiam cada chag. Para facilitar o trabalho da professora, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados a Sukot, de acordo com as características perti- nentes a cada faixa etária (de 3 a 6 anos de idade): De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festi- vidade, e dar-lhe o nome usual de Chag HaSukot. Além disto, por meio de experiências baseadas na arte, no jogo e na brincadeira, poderão conhecer parte dos símbolos do chag - a suka, o schach, os enfeites, os arbaat ha- minim. Alguns costumes característicos de Sukot, enfati- zando o “aqui e agora” poderão ser vivenciados – sentar na suka, comer na suka, manusear os arbaat haminim, alegrar-se na suka. A história da festa poderá ser contada de maneira geral e adequada a esta faixa etária. * Nesta faixa etária, inicia-se o conhecimento das mitzvot básicas - “leishev bassuka” e as brachot. De 4 a 5 anos, quando a criança já manifesta com- preensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão aprofun- dando, assim como se vão ampliando os ambientes de vivência da criança: em casa, na escola, na comunidade. Nesta época, a criança já pode entender a história de Sukot e seu significado, contados em linguagem simples, além de poder compreender mais facilmente certos valo- res sociais. A criança pode aprender os nomes adicionais de Sukot e seu contexto, além dos símbolos e costumes e seus significados, vivenciados pela família e pelo am- biente próximo. * Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mit- zvot básicas e seus conceitos: de construção da suka, leishev bassuka, arbaat haminim, e as halachot (regras, preceitos). De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais profundamente o significado de costumes e símbolos re- levantes, que são de valor para o povo judeu. Revela curiosidade em conhecer a história da festa e seu signifi- cado, inclusive as origens das idéias ligadas à festividade. Outros aspectos que se pode abordar com crianças nesta faixa etária são: o histórico e seu significado, os valores morais e nacionais ligados ao chag, os nomes especiais do chag, além dos nomes originais e seus significados e os costumes aceitos pela comunidade e pelo povo e seus significados, além das atividades agrícolas, ligadas à colheita. * Nesta faixa etária, a criança já compreende o signifi- cado das mitzvot - ieshiva bassuka, suka kshera, ushpi- zin, hidur mitzva, arbaat haminim, as halachot básicas, e as brachot: tfilat halel, mitzvot de alegria, “vessamachta bechaguecha”. Simchat Beit Hashoeva Nossos sábios, de abençoada memória, diziam: “Aque- le que nunca viu esta alegria (Simchat Beit Hashoeva), jamais testemunhou júbilo em sua vida.” Como era esta celebração? Na segunda noite da festa de Sukot, todo o povo ia ao Beit Hamikdash. Os jovens cohanim2 subiam as escadas até onde estavam os candelabros de ouro, enchiam os bocais com azeite e os acendiam. Tão ofus- cante era essa luz, que todos os pátios de Ierushalaim fi- cavam iluminados pela luz do Beit Hamikdash! Enquanto isso, os leviim tocavam seus instrumentos musicais e en- toavam cânticos de louvor a HaShem3. Texto extraído do livro “Nossos Sábios Mostraram o Caminho” - Talmud Bavli, Suka 51b Tossefta, 4”, Editora Chabad 2 Cohanim, uma das três tribos remanescentes de Israel – cohanim, leviim e israelim; sacerdotes, levitas e israelitas. 3 HaShem; literalmente, o Nome – numa referência a D‘us, evitando dizer Seu Nome. SUKOT 48 Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Sukot Desenhar, construir e colar os arbaat haminim, os enfeites e a suka Conteúdos: conteúdos referentes a Sukot. Objetivos potenciais: expressão criativa e sistematização da informação referente a Sukot. Descrição: realização de produções infantis com materiais criativos ligados aos conteúdos de Sukot, em vários níveis de estruturação (desde a expressão livre até trabalhos focalizados nos motivos pertinentes). Materiais e recursos: materiais criativos que possibilitem a expressão das crianças, inclusive cores e materiais que possam expressar os conteúdos pertinentes (verdes, amarelos, marrons, beges). Vamos enfeitar a suka, colocando o schach e os arbaat haminim? Conteúdos: enfeitar a suka, usando habilidades relevantes. Objetivos potenciais: preparar enfeites para a suka, usando as habilidades específicas de recortar (tesoura), picotar, dobrar papéis, colar, pendurar, entre outros. Descrição: a professora, juntamente com crianças (e pais), prepararão enfeites para a suka, usando os símbolos e motivos de Sukot. Materiais e recursos: tesouras, papéis diversos, ricos e variados, cola e demais materiais para enfeitar a suka. Apreciar um quadro de Chagall, e construir uma suka bem legal. Conteúdos: reprodução de uma obra de arte plástica, de um artista judeu, com tema religioso, p. ex., Os “Tabernáculos”, ligando-a ao conteúdo pertinente. Objetivos potenciais:apreciação – observação e descrição da gravura de Marc Chagall (oportunidade para ampliar o conhecimento sobre o artista) e construção de uma suka com o uso de materiais criativos Descrição: “Crie você também a sua suka”, com possibilidades de uso de diferentes técnicas para a crianças escolherem: desenho (como a técnica/ conteúdo usados por Chagall), construção tridimensional, colagem... Materiais e recursos: reprodução do quadro de Chagall, papéis, tesouras, caixas (para a suka), papéis diversos, ricos e variados, cola e demais materiais para construir/ desenhar/ pintar a suka. Daniel, Tali e Tamar estiveram na suka, espere aí que já vou contar! Conteúdos: os motivos de Sukot e a história particular vivenciada pelo grupo. Objetivos potenciais: a construção de uma história de grupo (pequena comunidade), tendo como base os motivos do chag. Descrição: após o planejamento da professora das atividades ligadas à Sukot, esta registrará os vários momentos significativos do grupo, fotografando/ gravando; enfim, registrando em poucas palavras o ocorrido. Materiais e recursos: máquina fotográfica, fotografias das atividades significativas de Sukot realizadas pela turma e registro das principais vivências. Ex.: “Logo depois de Iom Kipur, a professora Márcia trouxe uma caixa fechada e mostrou às crianças (foto da caixa fechada na mesa com as crianças em volta). Todos queriam saber o que havia lá dentro. Foi aí, que a professora perguntou: (foto da professora ao lado da caixa). - Logo mais, teremos outra festa muito bonita. Dentro desta caixa, encontraremos algumas coisas que poderão lembrar-nos que festa é esta, e quais são seus símbolos. Quem quer abrir a caixa? (foto das crianças se amontoando em volta da caixa). - Ah! Todos querem: o Danilo, a Gabriela, o Ilan (os nomes de to- das as crianças). - Bem, Daniel, você pode abri-la e escolher algum objeto (foto do Daniel pegando um martelo). - Daniel escolheu um martelo; quem lembra para que vamos preci- sar do martelo?” (e assim vai) SUGESTÃO: preparar um livro para cada criança da turma, além de uma exposição de livros de todas as turmas, na escola. IMPORTANTE: cada turma terá sua própria história, dependendo das atividades oferecidas. Todos usarão os mesmos motivos e símbolos de Sukot, que farão parte da experiência de todas as crianças. Brincando “de verdade” de Sukot Conteúdos: jogo dramático com símbolos e objetos ligados à festa. Objetivos potenciais: construção dos conceitos, ensino-aprendizagem de símbolos, cos- tumes e tradição de Sukot por meio de jogos e brincadeiras Descrição: a professora e crianças montam uma suka usando uma caixa gran- de de papelão vazia e trazendo, para seu interior, bonecos e brin- quedos miniaturas. As crianças brincarão de acordo com o que se faz geralmente na suka em Sukot (dar de comer para os bonecos, cantar com eles, comer, entre outras atividades). Materiais e recursos: uma caixa grande de papelão (de algum aparelho eletrodomésti- co), bonecas, mesas, cadeiras, símbolos de Sukot (faz-de-conta) e demais brinquedos relevantes. 49 Suka kshera Conteúdos: regras para a construção da suka kshera. Objetivos potenciais: (1) aprender regras de construção de suka kshera, (2) mostrar, por meio de exposição conjunta das crianças, regras e proibições na construção da suka kshera. Descrição: a professora distribui as várias características (regras impressas e com imagens ilustrativas) do que vem a ser uma suka kshera, e o que é proibido na construção desta. As crianças constróem com suas famílias em suas casas as sukot (tridimensionais) e apresen- tam as sukot em miniatura em exposição para todas as crianças da escola. Materiais e recursos: as regras para a construção de uma suka kshera, material variado para a construção de sukot em miniaturas, a organização de uma exposição. Uma história de Sukot: “Schach lassuka” (um teto para a suka) por Levin Kipnis Conteúdos: conhecimento de uma obra literária cujo conteúdo é relevante à Sukot e a elaboração de uma nova história em grupo (Obs: o uso de suportes concretos para contar a história pode acrescentar mais interesse à atividade). Objetivos potenciais: conhecer a história, tanto o texto escrito quanto as imagens, e construir, em grupo, uma nova história, tendo como base as ima- gens da obra original. Descrição: após o encontro e interação das crianças com a obra literária e a leitura da história pela professora, as crianças poderão rememorar o mesmo texto ou construir novo texto, diferente do original, usan- do as imagens apresentadas no livro. As crianças poderão gravar, pedir para a professora anotar seu texto, ou usar outro meio dife- rente de registro. Materiais e recursos: o texto (escrito e visual), materiais ou aparelhos para registrar. Atividades com a família e amigos Na suka com os vovôs Conteúdos: a celebração do chag, crianças com avós, na escola Objetivos potenciais: estreitar os laços familiares entre crianças e avós, por meio de uma atividade ligada à festa de Sukot, na escola Descrição: após produzirem arbaat haminim com massa para modelar, as crianças e seus avós são convidados a participar juntos de uma comemoração típica, na qual o rabino abençoa o lulav e o etrog (verdadeiros). No final da comemoração, as crianças oferecem os símbolos modelados aos avós (Obs: esta atividade é mais adequa- da para os maiores). Materiais e recursos: massa de modelar, convites para os avós, arbaat haminim. Arbaat haminim Conteúdos: confecção dos arbaat haminim em papel. Objetivos potenciais: as crianças poderão brincar com os arbaat haminim e “praticar” a bracha. Descrição: os materiais necessários para a confecção de cada uma das quatro espécies são colocados em mesas separadas. As crianças são di- vididas em quatro grupos e passam pelas quatro mesas-tachanot (estações), confeccionando as quatro espécies. Materiais e recursos: Papel espelho amarelo para etrog, papel-cartão verde para lulav, papel espelho verde para hadas e papel crepom verde musgo, para arava. Mi sheba – baruch haba (canção, cujo título significa quem chega, bem-vindo seja) Conteúdos: costume/mitzva de ushpizin, típico desta festividade. Objetivos potenciais: as crianças convidarão e receberão visitas na suka, praticando o costume/mitzva de ushpizin. Descrição: após ouvirem a história de como Avraham Avinu recebia bem suas visitas, as crianças poderão escolher seus amigos e convidá-los para virem à suka e, juntos, festejarem, enfeitando, cozinhando, saboreando a comida, tudo dentro da ‘cabana’. Materiais e recursos: convites, materiais para enfeitar a suka, materiais para preparar as guloseimas que se come na suka. É possível, também, preparar um ponche de frutas. Sukateinu...hassuka... Conteúdos: enfeite (em grupos) da suka e participação no lanche, dentro da suka, em grupo. Objetivos potenciais: cumprir uma das tradições de Sukot - enfeitar a suka, e realizar um dos costumes deste chag que é o de comermos juntos dentro da suka. Descrição: preparação dos enfeites para a suka, que serão colocados nesta. Posteriormente, as crianças comerão o lanche, com seu grupo, dentro da suka. Materiais e recursos: materiais para enfeite da suka e lanche. SUKOT 50 Todo mundo ajudando e a suka se vai montando… Conteúdos: atividade conjunta de pais. Objetivos potenciais: vivenciar a realização da tradição da construção conjunta de uma suka e da participação na cerimônia de abençoar os símbolos per- tinentes, dentro da suka. Descrição: realização de oficina de enfeites, no mesmo dia da construção da suka, juntamente com os pais. Após o planejamento arquitetônico da suka por pais profissionais do ramo, opera-se a construção conjunta da suka e sua posterior decoração. As crianças maiores poderão desenhar o processo de construção da suka emetapas e fazer, posteriormente uma demonstração em transparências para os menores. Em um outro momento, pode-se convidar as famílias para um kidush bassuka, quando se pode oferecer bolo com café, fazer as brachot e mostrar um vídeo feito no dia da construção. Materiais e recursos: materiais de construção da suka, materiais para enfeites, lulav e etrog, transparências, caneta pilot permanente, vinho, símbolos de Sukot, ‘apetrechos’ para as brachot, convites para os pais. Atividades em torno de habilidades Para construir uma suka, temos que usar habilidades, como as de construir e enfeitar. Ao longo dos anos, a arte judaica se especializou na decoração da suka. Alguns colocam rendados, outros as sete primícias, frutas, entre outros; tudo com o intuito de transformar esta moradia temporária em um ambiente agradável e bonito. Habilidades a desenvolver: • Martelar com pregos na suka (e em jogos de tabuleiro) • Carpintaria (martelo e pregos em madeira) • Construção de casas (bi e tridimensional) • Preparar enfeites com várias técnicas diferentes, para decorar a suka (com materiais da natureza, origami, dobraduras, bandeirolas, entre outros.) Organização do espaço e dos materiais Juntamente com a construção e embelezamento da suka, se podem planejar experiências inesquecíveis para a criança na escola de Educação Infantil. A seguir, apre- sentaremos sugestões para a organização do espaço e dos materiais: Exposição Exposição de várias sukot confeccionadas na escola ou em casa, junto com a família, com a participação de pais, avós, entre outros familiares. Murais ou Painéis Com o uso das “Cem Linguagens” de expressão, para transmitir o conteúdo, que é relevante e significativo em um mural da fes- ta, com frase ou passuk relevante, em ivrit e/ou em português, como, p. ex., Vessamachta bechaguecha ou Hine ma tov umanaim; descrição de alguma atividade vivenciada pelas crianças, que acompanhe a imagem (como, p. ex., Todo mundo ajudando, e a suka se vai montando); registro breve (meia página) do processo de elaboração e realização de determinada atividade ou produção; ligação deste grupo, neste ano, com a comemoração do chag, entre outros. E em imagens:”judaica” (arte/artesanato judaicos, de caráter estético e funcional), desenhos, imagens ou reproduções artísticas ligados à frase, à atividade descrita ou ao passuk citado; produções de crianças; fotografias de anos anteriores (resgate de memória) fotografias de crianças, seus familiares, diferentes famí- lias e comunidades judaicas festejando: crianças, pais, a família toda na suka, abençoando lulav e etrog, arbaat haminim, comendo sentados, construindo-a ou em outra atividade relevante. 51 Registro de projetos Tema 1 Casas, moradias, habitações, coberturas para casas, refeições em família-grupo, atividades que fazemos juntos. Textos para consulta: O que nos contam as Moradias, revista “Ciência Hoje” - Outubro 2001. Atividades • instigar a curiosidade das crianças por meio de imagens, fotos, quadros, entre outros, levantando questões e perguntas; • trazer fotos das casas onde as crianças moram, discutir aspectos relevantes: dentro/ fora, quartos, funções, objetos, entre outros; • usar material visual variado sobre a diversidade na moradia (tipos, lugares); • criação, construção de casas, desenho de moradias com mate- riais criativos; • brincar no “canto da casa”, com materiais ligados às moradias (jogo sócio-dramático); • brincar em torno do tema, com jogos de montar (Legos, cubos, blocos, entre outros); • realizar um passeio para uma fazenda (outro tipo de moradia), observar as diversas moradias que aparecem pelo caminho e, che- gando lá, observar as moradias dos animais; • comentar, por volta de Rosh Hashana, sobre moradias do ho- mem, chegando, em Sukot, às cabanas, acompanhando os estágios da construção de uma suka; • passar o dia dentro da suka, no dia da comemoração de Sukot, vivendo lá como se fosse em sua moradia; • realizar as mesmas atividades, dentro e fora da suka, e compará- las: deitar no chão e olhar para o céu, observar a natureza, comer, cantar, entre outros. P.S.: após a festividade, o projeto poderá ter continuidade, usando as vivências adicionais de Sukot. Tema 2 Ushpizin - Projeto planejado, em torno da história do costume/ mitzva de Sukot de receber visitas. Textos para consulta da professora: • Ushpizin – explicação, material encontrado na internet (site: snu- nit, em hebraico). • História de Avraham e Itzchak (texto com pontos a serem ressal- tados) - Visita que Avraham recebeu em sua tenda. • Ushpizin – Rei David. • Histórias de Iaakov, de Iossef e de Moshe e Aharon (trabalho com textos, destaque de pontos importantes na história, comentá- rios, curiosidades). Atividades • discussão temática • construção de bonecos (os personagens) • dramatização • jogos • perguntas e idéias, de acordo com a faixa etária Idéias de atividades com materiais artísticos/ Enfeites • folhas secas, ramos, galhos para enfeitar: correntes, impressão, entre outros. • confecção de instrumentos musicais, com materiais da natureza para enfeitar e tocar dentro da suka. • confecção de lanternas, sanfonas, leques, entre outros, para a suka. • construção de móbiles de motivos de Sukot, frutas (das 7 espécies) e outras. • criação de convites para pessoas visitarem a suka (ushpizin). A criança, com a palavra! A professora explicou sobre os ushpizin que visitam as sukot diariamente. No último dia de Sukot, Dani recebeu seus avós para jantar em sua suka. Recebeu-os, dizendo: Finalmente chegaram visitas que dá para ver! SUKOT 52 Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • lulav • masmer/im • tábuas de madeira para construção • arava • diferentes sukot • fazendo a bracha do lulav e etrog • hadas • enfeites para suka • “judaica” para sukot • etrog • patish • família sentada na suka • caixas para etrog • schach • crianças e pais construindo a suka 2. Receitas de “delícias” típicas para realizarmos na escola • Ponche • limonada • Geléia de etrog BOM APETITE!!! - BETEAVÓN! - 3. Histórias de Sukot Um teto para a suka Levin Kipnis David estava preocupado desde o Iom Kipur até Sukot com a construção da suka, até que, finalmente, cons- truiu uma. Pegou um serrote e um machado, e saiu para procurar folhas para cobrir o teto da suka. Encontrou a figueira e disse: “figueira, minha figueira, dê-me suas folhas para construir o teto da minha suka.” “Não, não, durante o ano todo, comeste de meus doces figos, agora, não cortes minhas folhas.” David foi até a oliveira. “oliveira, dê-me de suas fo- lhas.” “Não, não, durante todo o ano, cultivei minhas azeitonas e, somente agora, estão ficando maduras. Justo agora você quer quebrar meus galhos?” Muito triste e cansado, David foi à romãzeira: “romã- zeira, romãzeira, dê-me de suas folhas para o teto de mi- nha suka.” “Não, não, vermelhos e lindos romãs cultivei, vieram e colheram todos, fiquei nua, somente um peque- nino romã restou, estou disposta a lhe dar o último romã que ficou, para enfeitar sua suka. David colheu o romã e foi até a tamareira: “Tamareira, minha tamareira, uma linda suka construí com quatro paredes, mas ainda não tenho teto. Fui até a figueira, pedi à oliveira, ao romã, mas eles não quiseram dar-me suas folhas. Quem sabe você me possa dar?” “Pois não, você está vendo aquelas folhas grandes e verdes, leve-as para você, no ano que vem, crescerão novas.” David ficou muito contente, pegou uma escada comprida, subiu e serrou alguns galhos. David terminou de construir a sua suka e a enfeitou com o romã, o lulav e o etrog. 53 Arbaat Haminim Era noite de Sukot. As árvores do jardim sussurravam: “Amanhã todas as crianças virão ao jardim... Com o que iremos presenteá-las, já que estáchegando a festa de Sukot?” A Tamareira disse: “Eu darei às crianças, as minhas folhagens compridas, o lulav.” O etrog disse: “Darei meu fruto, cor de ouro, sem mar- cas, perfeito.” O hadas falou: “Eu, com minhas folhas, trarei cheiro para o coração das crianças.” Só o pequeno arava ficou num canto, sem participar da conversa. As lágrimas foram descendo de seu caule e ele pensou: “Quem sou eu, um pobre arava, baixinho, feio, sem cheiro, sem gosto, sem beleza. Como presen- tearei as crianças?” De manhã, vieram as crianças. Os grandes subiram na tamareira, tiraram suas folhagens e pegaram lindos lulavim compridos e verdes. Outros co- lheram etroguim e os menores colheram suas folhas. To- das as plantas puderam presentear as crianças. As plantas grandes presentearam os grandes e as pequenas, os pe- quenos. Todas foram importantes na mesma medida. Vamos construir uma suka! Alguns dias antes de Sukot, Rami reuniu-nos no pátio. “Amigos,” disse Rami, “brevemente festejaremos Sukot. Nós nos sentaremos em casa ou na suka?” “Na suka!,” disseram todos, “Na suka.” “Se é assim,” disse Rami, “vamos construir uma suka.” No pátio, havia muitas crianças, e todas queriam participar na construção da suka. Rami disse: “Vamos dividir o trabalho: as crian- ças maiores farão os trabalhos mais difíceis e as menores, as coisas mais fáceis.” Ficamos todos ao lado de Rami. Olhou-nos e disse: “Uri, Iossi e eu ergueremos as colunas da suka. Rina e Shula cortarão as folhagens para cobri-las. Dani e Na- chum farão os enfeites.” E assim foi... Rami, Uri e Iossi foram até o depósito. Encontraram quatro colunas grandes, pegaram-nas e as colocaram no meio do pátio, fizeram buracos e neles enfiaram cordas. Pegaram um martelo e pregos e pregaram as colunas umas nas outras. Ao mesmo tempo, Rina e Shula pegaram uma escada e uma tesoura de jardineiro e foram até a tamareira. Na- chum encostou a escada na árvore e Dani subiu e cortou as folhas. Dani e Nachum ficaram em casa fazendo enfei- tes. Cortaram e colaram, enfeitaram e prepararam. Fize- ram longas correntes de papel, todas coloridas. Fizeram pinturas e desenhos e os coloriram com cores vivas. Os meninos terminaram de pregar as colunas, trouxe- ram panos e lençóis e os prenderam entre as colunas, e eis que a suka já possuía quatro paredes!!! Rina e Shula trouxeram as folhas da tamareira, puseram a escada ao lado da suka e cobriram seu telhado. Dani e Nachum trouxeram os enfeites, as correntes, os desenhos e as pinturas e penduraram tudo sobre as paredes da suka. A suka ficou enfeitada e muito bonita. Rina, uma das meninas do grupo, prontificou-se a bus- car as quatro espécies: etrog, lulav, arava e hadas e os escondeu sob as folhagens. A suka ficou com um cheiro agradável. Uri trouxe uvas, limão e romãs e os pendurou em formato de menora. A suka ficou cheia de luz. Vieram todas as crianças da vizinhança ver a suka. To- dos disseram: “Nunca vimos uma suka tão bonita e tão cheirosa.” À tarde, mamãe veio e preparou a mesa na suka. Es- tendeu a toalha branca e, sobre ela, colocou uma garrafa de vinho, uma chala e um castiçal com velas. Mamãe acendeu-as e fez a bracha. No céu, sorriam a lua e as estrelas. SUKOT 54 4. Brachot e psukim Em todos os dias de Sukot, exceto no Shabat, abençoam-se as quatro espécies. Pega-se o lulav na mão direita, o etrog na esquerda, com a ponta virada para baixo, e abençoamo-os. Depois da bracha, inverte-se o etrog, ficando sua ponta para cima, juntando as mãos (e as espécies). No primeiro dia de Sukot, além da bracha do lulav, recita-se a bracha ‘Shehechianu’. Da mesma forma, a primeira vez no ano em que alguém for fazer a bracha do lulav, seja no segundo ou no último dia, recitam-se as duas bênçãos. Moadim lessimcha chaguim uzmanim lessasson Que sejam festas alegres, pois é hora de alegria. Bracha do lulav Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam, asher kidshanu bemitzvotav vetzivanu al netilat lulav. Bendito seja o Senhor, Eterno, nosso D’us, Rei do Universo, Que nos santificou com Seus manda- mentos e nos ordenou segurar o lulav. Bracha da suka Baruch Ata Ad-nai Elokeinu Melech haolam Asher kidshanu bemit- zvotav vetzivanu leishev bassuka. Bendito seja o Senhor, Eterno, nosso D’us, Rei do Universo, Que nos santificou com Seus mandamentos e nos ordenou sentar na suka. BeSukot tishvu shivat iamim kol ezrach beIsrael ishvu bassukot lemaan idu dorote- chem ki beSukot hoshavti et bnei Israel behotzii otam meeretz Mitzraim. Sentem-se por sete dias nas cabanas, todos os cidadãos de Israel, para que as pró- ximas gerações saibam que Eu assentei o povo de Israel, após retirá-los do Egito. Vessamachta bechaguecha vehaita ach sameach. Alegrem-se em sua festa e rejubilem-se de alegria. Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam shehechianu vekiimanu vehiguianu lazman haze. Bendito seja o Senhor, Eterno, nosso D’us, Rei do Universo, Que nos conservou em vida, nos ampa- rou e nos fez chegar a esta época festiva. 55 Eretz chita usseora veguefen veteena verimon eretz zait shemen udvash Terra de trigo e cevada, uvas, figos e romã; terra de olivas, azeite e mel. Chag HaSukot taasse lecha shivat iamim beossfecha migarnecha umikvecha Que a festa de Sukot seja festejada durante sete dias, colhendo em seu celeiro e em seu vinhedo. Senhores Pais: Dando continuidade ao tradicional costume de construirmos juntos a nossa suka, convidamos vocês para estarem na escola no dia 18/9, quarta-feira, a partir das 7h30. Neste dia, além da construção da suka, realizaremos uma oficina de enfeites. Importante: não esqueçam de trazer um martelo. Contamos com sua participação!!! Senhores Pais: Convidamos vocês a estarem conosco em nossa suka, constru- ída em conjunto, por todas as crianças da Educação Infantil. Será mais um momento de integração entre pais, filhos e esco- la, quando, juntos, faremos a bracha dos arbaat haminim (qua- tro espécies) e assistiremos ao vídeo da construção da suka e oficina de enfeites. Dividimos as classes em dois grupos, pela impossibilidade de recebermos todos em um mesmo dia, mas os pais que tiverem filhos em classes diferentes podem optar por uma data ou, se preferirem, comparecer às duas. Informe-se sobre Sukot Desde a saída do Egito – e durante os 40 anos em que estiveram no de- serto – os hebreus passaram a morar em sukot (cabanas), até a chegada a Israel. É para lembrar destes tempos, que comemoramos este chag durante sete/oito dias, tendo, por costume, fazer as refeições na suka, brincar, receber visitas nela. Uma vez dentro da suka, não se pode esquecer de fazer a bracha dos arbaat haminim – as quatro espécies. Elas simbolizam os diferentes tipos de pessoas que, quando juntos, tornam-se ainda mais importantes para ajudar a fazer um mundo melhor. É por isso que juntamos as quatro e tão diferentes espécies da natureza - lulav (tamareira), hadas (mirto), arava (salgueiro) e etrog (cidra), na hora da bracha, para que possamos todos conviver em harmonia. Para comemorar, nada melhor do que montar nossa própria suka, enfeita- da pelas crianças... Chag Sameach! SUKOT 56 Canções e poemas • Arbaat haminim, de Mirik Snir, in Ani Bachaguim Ubaonot, p. 29 • Suka al hagag, por Ruth Teneh • Bassuka, por Léa Goldberg, in Ani bachaguim ubaonot, p. 28 • Bassuka shelanu • Patish masmer, por Emmanuel Harussi, in Ani bachaguim ubaonot • Iesh li suka • Suka uschach, por Levin Kipnis, in Mea Shirim • Hassuka • Orchim lachag, por Levin Kipnis, in Mea Shirim • Sukat Shalom • Shlomit bona suka, de Naomi Shemer, in Mea Shirim • A suka de Eitan • Sukati, de Yaakov Orland, in Mea Shirim Sugestão de sites http://www.chelm.org/jewish/chags/sukkot/build.html http:www.sukah.co.il http://www.chabad.org.br http://www.milknhoney.co.il/torah/succah.html http://www.chabad.org http://www.education.gov.il/preschoolhttp://www.e-chinuch.com http://galim.org.il/holidays/succot http://www.perpetualpreschool.com Bibliografia Borenstein-Lasar, T. Sukot veSimchat Tora. Coleção Chaguei Israel, Revivim Hotzaa Laor. Cohen, L. Chag vechaguiga lapeutot. Israel. 1993. Cook, E. Jewish Artwork by Esky. ISBN: Preferred Publ. Services, 1994 Gur-Arie, M. A. Chaguim umoadim beIsrael. Tel-Aviv: Sifriat Hapoalim, 1990 Gur-Arie, M. A. Vehigadeta levincha. Tel-Aviv: Sifriat Hapoalim HaCohen, M. & HaCohen, D. Chaguim umoadim. Israel Hassochnut Haiehudit LeIsrael. Chag haSukot veSimchat Tora Israel. Misrad hachinuch vehatarbut. Gan haieladím beavodato, chelek alef. Israel, Tochnit misgueret legan haieladim guilaei 3-6 Misrad Hachinuch, hatabut vehasport, Haagaf lechinuch kdam iessodi, Jerusalém, 1995 Manor, E., Shapira T., Marzel, P. The Illustrated, Interactive Dictionary for Children, De Nur Publ, Israel. 2001 Nissim, R. Beshvilei hagan Snir, M. e Teper, Y. Ani bachaguim ubaonot.Tel Aviv: Hotz. Hakibutz, Hameuchad, 1999 Tzarfati, M. Tchanim vepeiluiot benosse Chag HaSukot Ed. Miriam Tzarfati Tzarfati, M. Chag HaSukot, lemida peila Ed Miriam Tzarfati, 2001 57 Simchat Tora O fim é o princípio, nas rodas de Simchat Tora Fontes Baiom Hashmini Atzeret tihie lachem; kol mlechet avoda lo taassu. No oitavo dia, haverá santa convocação para vocês, não trabalharão. (Vaikra1 23:36) 1 Vaikra; Levítico, o 3º livro do Pentateuco (Tora) 2 Galut, o mesmo que Gola, significa Diáspora. A festa de Simchat Tora não é citada diretamente na Tora ou no Talmud. Esta festa teve início na Galut2, na Babilônia, por volta do ano 1000, e está ligada ao costume local dos judeus de, a cada ano, terminar, nesta época, a leitura da Tora - o Pentateuco de Moisés. Naqueles dias, terminava-se de ler a Tora a cada três anos, ou três anos e meio. Somente depois que o costume de se ler a Tora espalhou-se pela Babilônia e foi aceito pelas comunidades judaicas em Israel e fora dela, a festa de Simchat Tora foi aceita por todo o povo de Israel. 58 Descrição da festa O oitavo dia de Sukot é conhecido pelo nome de Simchat Tora (comemorada no dia 23 de tishrei). Já não pertence à festa de Sukot, porém é uma continuação desta. Já não vigora a determinação de morar na suka; porém, esta continua ar- mada, pois é determinado na Bíblia como dia de repouso e, portanto, não se pode desarmá-la já que isto seria trabalho. *O aspecto religioso Desde tempos muito antigos, é costume ler, a cada sábado nas sinagogas pela manhã, uma parte da Tora, texto este que é chamado de parashat hashavua (parábola da semana). A Tora começa em Bereshit3, cap.1, com o relato da criação do mundo. Termina, em Dvarim4 cap. 34, no qual se relata a morte de Moisés. Pois é na festa de Simchat Tora que se completa toda a leitura da Tora e, imediatamente, inicia-se de novo a leitura desta. É considerada uma grande honra entre os judeus acabar a leitura da Tora ou iniciá-la. O chatan Tora - noivo da Tora - é quem conclui a leitura em “vezot habracha” e o chatan Bereshit é quem inicia a lei- tura, em Bereshit. Em Simchat Tora, os rolos sagrados são retirados do Aron Hakodesh, são dadas sete voltas, as hakafot, pela sinagoga e, com muita emoção, as Torot são carregadas em meio a cantos e danças. No dia de Simchat Tora, todos são igualados, os mais sábios e os menos sábios, tendo todos a possibilidade de segurar e dançar com a Tora. Só homens a partir do Bar Mitzva são chamados para fazer a bracha da Tora. No dia de Simchat Tora, todas as crianças se unem em volta da bima (púlpito onde se fica de pé, e se reza, no centro da sinagoga), bem próximas do local onde se faz a leitura da Tora, são cobertas com um grande talit e, juntas, fazem a bracha da última parasha da Tora. Em Simchat Tora, lêem-se as últimas palavras da Tora. Sem parar, volta-se ao começo e lê-se as primeiras palavras da Tora. Essa continuidade é uma forma de demonstrar que os judeus nunca param de estudá-la. A última palavra da Tora é Israel e a primeira, Bereshit, que significa “no princípio”. Se unirmos a última letra de Israel e a primeira letra da palavra Bereshit, formaremos a palavra Lev, que significa coração. Em Israel Em Israel, a festa de Simchat Tora é comemorada em Shmini Atzeret. Milhares de judeus vão ao Kotel Hama- aravi, o Muro das Lamentações5, para seguir cantando e dançando com os rolos da Tora nos braços, o mesmo acontecendo em todas as sinagogas do mundo. Nomes da festa Simchat Tora – A alegria da Tora; onde simcha é alegria e Tora, Bíblia Judaica. Símbolos e motivos, usos e costumes A Tora é composta por cinco livros: Bereshit, Shmot, Vaikra, Bamidbar, Dvarim. É escrita em pergaminho por um sofer stam (escriba). Possui alguns adornos, como keter Tora - coroa da Tora, iad - um ponteiro de prata em forma de mão que serve para ajudar na leitura, e meil - capa para a Tora. Em Simchat Tora, costumam-se distribuir bandeirolas, Torot pequenas e doces para as crianças. Em algumas sinagogas, costuma-se colocar uma maçã na ponta da bandeira e, em cima desta, uma vela acesa. Conceitos importantes • Aron Hakodesh arca sagrada • Beit Kaknesset sinagoga; literalmente, casa de Reunião • simcha alegria • sofer stam escriba • Tora Bíblia judaica • Chumashim Bereshit, Shmot, Vaikra, Bamidbar, Dvarim Os cinco livros da Tora Gênesis, Êxodos, Levítico, Números, Deuteronômio • keter Tora, iad, meil (adornos da Tora): coroa, mão, capa 3 Bereshit; Gênesis, o 1º livro da Tora. 4 Dvarim; Deuteronômio, o 5º livro da . 5 Literalmente, é muro ocidental (uma das partes da muralha que envolvia o Grande Templo (Beit Hamikdash). 59 O significado da festa para crianças na idade infantil Esta festa é marcada por sua alegria contagiante; a participação das crianças na festa na sinagoga é importante. Para fa- cilitar o trabalho da professora, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados a Simchat Tora, de acordo com as características da faixa etária: De 3 a 4 anos, a criança já pode identificar a festividade, e dar-lhe o nome usual: Simchat Tora. Além disto, por meio de vivências baseadas na brincadeira, na música, na observação e no manuseio, a criança pode conhecer respeitosamente a Tora. De 4 a 5 anos, a criança já possui uma compreensão mais intuitiva, e não somente concreta; seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão ampliando. A criança poderá verificar como a Tora é escrita e decorada. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a ter uma compreensão mais profunda do significado dos costumes e dos símbolos. É possível contar sobre o sofer stam e sobre a importância da Tora, desta festa e os chumashim (5 livros) da Tora. *Nesta faixa etária, vale, também, enfatizar o significado dos conceitos Shabat Bereshit, chatan Tora, chatan Bereshit e hakafa/ot. Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Simchat Tora Confeccionando a nossa Tora Conteúdos: histórias da Tora, a Tora. Objetivos potenciais: recordar histórias conhecidas da Tora, confecção da Tora. Descrição: mostrar para o grupo fotos de Torot e estimular o grupo a falar acerca do que é necessário para confeccionarmos a Tora e seus acessórios (iad, rimonim, keter, meil). Depois de confeccionada a parte externa (capa e acessórios), professora a relembrará, junta- mente com as crianças, as histórias que já conhecem da Tora. Cada criança escolherá uma delas para fazer um desenho. Os desenhos serão colados, lado a lado, seguindo a ordem das histórias e, pos- teriormente, enrolados (como os dois rolos da Tora). Materiais e recursos: papéis coloridos diversos, canetas-hidrocor, cola, tesoura, fita- adesiva colorida, papel sulfite branco, adesivos coloridos, sucata (garrafas de plástico, rolos de papel higiênico,caixas de pasta de dente), Sefer Tora, fotos de Torot. Um canto para a Tora na escola Conteúdos: Aron Hakodesh. Objetivos potenciais: conhecer o lugar em que se guarda a Tora e sua localização na sinagoga, confecção do Aron Hakodesh. Descrição: levantar os conhecimentos das crianças: Quem já esteve na sina- goga? O que havia lá? Onde estavam guardadas as Torot? Depois, mostrar fotos de sinagogas, dando destaque ao Aron Hakodesh. Mostrar, ainda, o material disponível e dividir a classe em vários grupos, para a confecção de cortinas e enfeites. Materiais e recursos: caixa de sapato ou caixote de madeira (do tamanho de caixas de frutas de feira), papel cartão, tinta ou papel camurça, papel laminado, papel espelho – diversas cores, canetas-hidrocor, cola, tesoura, fita-adesiva colorido. Chag sameach em Simchat Tora Conteúdos: comemoração e celebração de Simchat Tora. Objetivos potenciais: vivenciar na escola a celebração de Simchat Tora. Descrição: pode-se salientar que este chag fecha Chaguei Tishrei. Por mural ou slides, é possível relembrar, rapidamente com as crianças, o que aconteceu em cada uma das datas, fazendo perguntas simples: quem lembra o que fazemos em Rosh Hashana? Em Iom Kipur? E o que aconteceu em Sukot? Podemos conversar sobre a essência e importância de Simchat Tora, projetando imagens de vários tipos de Sefer Tora e de comemorações em sinagogas, nas ruas de Israel ou no kotel. Vale organizar hakafot, com todos dançando ao redor da Tora, segurando as tradicionais bandeiras. No final, com o intuito de garantir um contato mais próximo, a Tora é aberta e, em grupos, todos são convidados a se aproximarem. Materiais e recursos necessários: mural, slides (imagens do chag), série de perguntas, bandeiras. Atividade com o sofer stam Conteúdos: a Tora, sua importância e sua escrita especial. Objetivos potenciais: entrar em contato com o Sefer Tora e com o trabalho do sofer stam. Descrição: convidar um sofer stam para mostrar às crianças como se escreve a Tora. Ele traz todos os instrumentos necessários para escrever a Tora e mostra cada um: a pena, o pergaminho, explica sobre a tin- ta que deve ser natural (de plantas), além de falar sobre algumas das regras da escrita da Tora. As crianças escutam as explicações e podem elaborar várias questões. No final, o sofer escreve, num pe- daço de pergaminho, o nome de cada criança, para que ela o leve como recordação desta atividade. Materiais e recursos: pergaminho, tinta especial, pena, mesa grande e confortável, cadeira, Sefer Tora. SIMCHAT TORA 60 Conhecendo a Tora Conteúdos: Tora. Objetivos potenciais: conhecer a Tora, sua forma e conteúdo. Descrição: levar para a roda uma caixa enfeitada e dentro uma Tora. Contar para as crianças que, dentro da caixa, há um objeto muito impor- tante e especial. Abrir a caixa e perguntar quem sabe o que é e onde já viu. Mostrar como é decorada, sua capa, mostrar os rolos da Tora, as letras em ivrit. Contar que, nela, existem muitas histó- rias bonitas e exemplificar as histórias já conhecidas pelas crianças Materiais e recursos: Tora, caixa. Confecção de bandeiras Conteúdos: confecção de bandeiras, dançar nas hakafot de Simchat Tora. Objetivos potenciais: fazer com que a criança demonstre interesse em ir à sinagoga para dançar com a sua bandeira e alegrar-se na festa de Simchat Tora. Descrição: oferecer às crianças diversos materiais, moldes e modelos, para que confeccionem suas próprias bandeiras. Materiais e recursos: cartolina, palito de churrasco, fita-adesiva, cola, canetas, tesouras, tintas, purpurina e desenhos ilustrativos de Tora, com pessoas dançando. Confecção de uma almofada em forma de Tora Conteúdos: confecção de uma pequena Tora. Objetivos potenciais: confeccionar uma “pequena Tora” (almofada com desenho da Tora), para que cada criança tenha a sua para dançar na festa de Simchat Tora. Descrição: as crianças pintam sua Tora na almofada previamente costurada e recheada com espuma. Materiais e recursos: almofadas, cola auto-relevo e cola glitter, feltro. Bima e Aron Hakodesh com dramatização Conteúdos: uma bima e um Aron Hakodesh (montados na classe) e as crianças dramatizam as hakafot. Objetivos potenciais: familiarizar as crianças com o que ocorre na sinagoga na noite e no dia de Simchat Tora. Descrição da atividade: a professora e as crianças montam com uma mesa no centro da sala-de-aula), uma bima e, no armário, colocam uma cortina e todas as Torot de brinquedo (as crianças as trarão de casa). Com a profes- sora direcionando (na brincadeira, a professora poderá ser “o rabi- no”), as crianças pegarão as Torot e dançarão ao redor da classe. Materiais e recursos necessários: Mesas, cortinas ou outros tecidos, Torot (de brinquedo). Atividades com a família e amigos 1) As crianças preparam convites para todos os familiares e amigos irem à sinagoga no dia de Simchat Tora (no convite, algumas op- ções de sinagogas podem ser sugeridas, acompanhadas do horário da festa e de breve explicação). 2) Convidar um pai ou avô, para contar uma história da Tora. Organização do espaço e dos materiais Montar um mural na classe com as produções das crianças relacio- nadas às histórias da Tora, que foram contadas na escola durante o ano; colocar diversas Torot trazidas pelas crianças e pela profes- sora sobre a mesa. Murais ou Painéis Com o uso das “Cem Linguagens” de expressão, para transmitir o conteúdo, que é relevante e significativo em um mural da festa com frase ou passuk relevante: sissu vessimchu beSimchat Tora… e/ou imagens com: “judaica” (arte/artesanato judaicos, de caráter estético e funcional), desenhos, imagens ou reproduções artísticas ligados à frase, à atividade descrita ou ao passuk citado: fotos de sinagogas na festa, Torot, crianças com bandeiras e doces; produ- ções de crianças:e desenhos de histórias da Tora. Registro de projetos - livros - a Tora 61 A criança, com a palavra! Mora, precisa “rebobinar” a Tora para começarmos a estudá-la novamente? Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • Bandeira de Simchat Tora • keter Tora • bandeira com maçã • Tora • iad • criança com Sefer Tora • Aron Hakodesh • Beit Knesset • hakafot 2. Receitas de “delícias” típicas para realizar na escola Simchat Tora não é uma festa da qual possamos destacar alguma comida típica. É, porém, costume distribuir balas e doces para as crianças. Sendo assim, é possível usar a imaginação e preparar diversas receitas açucaradas! Uguiot (bolinhos ou docinhos) de chocolate em forminhas Ingredientes 100 g de margarina vegetal 1 xícara de açúcar ½ colher (chá) de essência de baunilha 1 ovo 125 g de chocolate em barra 3 xícaras de farinha de trigo ½ colher (chá) de sal Modo de Fazer 1. Derreta o chocolate em banho-maria. 2. Misture a margarina vegetal, o açúcar e a baunilha, na batedeira. 3. Adicione o ovo e misture. 4. Acrescente o chocolate derretido. 5. Misture a farinha e o sal e adicione à mistura. Misture bem. 6. Modele a mistura em bolachinhas, utilizando forminhas com motivos judaicos, como Tora, luchot habrit6, letras em ivrit. 7. Coloque para assar numa forma untada em forno pré-aquecido por vinte minutos. 3. Sugestão de material didático sobre os conteúdos a. Como contar sobre a festa para as crianças “Ieladim, um dia muito alegre e especial chegou. Can- tamos, dançamos e nos alegramos, pois, nesse dia, ter- minamos de ler toda a Tora! Do Aron Hakodesh, são tiradas as Torot e entoamos a canção ”Sissu vessimchu beSimchat Tora utnu kavod laTora.”7 Por que tanta alegria no dia de Simchat Tora? Escutem crianças, e saberão! Na Tora há 5 livros, os chumashim, com muitas histó- rias. Toda semana, no Beit Knesset, é lidauma pequena porção da Tora. Depois de um ano, em Simchat Tora, a última parte da Tora é lida. Por isso, nesse dia, alegramo- nos muito e todos sobem à Tora, até mesmo as crianças pequenas! Quando dizem “Kol hanearim” (Que venham todos os meninos!), quão grande é a alegria das crianças! Todos se cobrem com o talit, ouvindo a bracha. E sabem o que mais? As crianças ganham balas, chocolates e doces e também lindas bandeiras. Brincam e se divertem muito!” b. Algumas curiosidades sobre Simchat Tora • Em Israel, Shmini Atzeret e Simchat Tora são festeja- das conjuntamente no 8º dia de Sukot. Já nas comunida- des fora de Israel, Simchat Tora é festejada no 9º dia. • O nome Simchat Tora não aparece no Talmud, mas sua origem é na antigüidade. • Esta festa está ligada a costumes que datam de Galut Bavel8. Lá, festejava-se o término da leitura da Tora a cada ano. Já em Israel, nesta mesma época, levava-se de 3 a 3 ½ anos para concluir a leitura da Tora. Sendo as- sim, em Israel, esta comemoração não era anual. Simchat Tora só se tornou chag, em Israel e nas comunidades de fora de Israel, no século 79, quando também recebeu os nomes: Iom Hasseder (Dia da Ordem) ou Iom Hassium (Dia da Conclusão). • O costume das hakafot já aparece na literatura litúr- gica, em escritos do séc XVI (7 hakafot). • Hoje, costuma-se, em cada congregação, variar o nú- mero de hakafot, homenageando, assim, personalidades importantes da kehila (comunidade). *Ner mitzva veTora or! O acendimento das velas é um preceito e a Lei, Luz! 6 Luchot habrit; Tábuas da Lei. 7 Palavras da canção/piut de shmini atzeret, Sissu vessimchu, Alegrem-se e contentem-se, em Simchat Tora, e respeitem a Tora! 8 Galut Bavel refere-se, à Diáspora na Babilônia, pós-destruição do 1º Templo. 9 próximo ao término da época dos gueonim (sábios). SIMCHAT TORA BOM APETITE! BETEAVÓN! 62 4. Brachot e psukim Perto de nossa casa, mora Shmuel, o sofer. Ele tem um quarto especial só para si e, lá, faz seu trabalho. Sempre quis saber o que faz o sofer, em seu quarto e qual seu trabalho. Um dia, quando estava brincando no pátio, a bola caiu de minha mão e rodou, até que caiu no terraço de Shmuel. É lógico que não entrei em seu terraço sem permissão. Porém, aproximei-me da porta e bati baixinho. “Sim, entre por favor.” Ouvi a voz do sofer. Abri a porta e entrei. O sofer estava sentado ao lado da mesa e estava ocupado com seu trabalho sagrado. “Desculpe,” falei envergonhado, “minha bola caiu em seu terraço.” “Garoto querido! Espere, por favor, alguns minutos,” respondeu-me o sofer, “porque não posso parar agora meu trabalho sagrado.” O sofer ficou sentado, escreven- do, e fiquei em silêncio ao seu lado, prestando atenção em seu trabalho. “Por acaso, já viu, alguma vez, como se escreve um Sefer Tora?” perguntou. “Não, nunca vi,” respondi-lhe. “Estou muito contente por poder ver alguém que se dedica a um trabalho tão sagrado.” O sofer sorriu com prazer e continuou me perguntando: “E por acaso sabe o que se escreve em um Sefer Tora?” “Sim, lógico! Todas as mitzvot da Tora estão escritas no Sefer Tora e, no Beit Haknesset, ouço como se lê o livro da Tora.” “Bom, bom, você é um bom garoto.”, disse-me. “Por isto, vou contar-lhe como é escrito um Sefer Tora.” En- quanto isto, o sofer concluiu seu trabalho e chamou-me para perto dele. Prestei atenção ao papel em que havia escrito e percebi que não era exatamente um papel. “Em cima do que se escreve um Sefer Tora?” perguntei. “Sobre folhas de pergaminho,” respondeu-me o sofer. “Estas folhas são extraídas do couro de um animal puro; o couro é bem limpo e preparado para ser utilizado em um Sefer Tora, até que “nasce” este pergaminho sobre o qual estou escrevendo.” “E com que caneta o Sefer Tora é escrito?” “É escrito com esta pena, tirada de um ganso e cuja ponta deve ser fina; esta ponta é molhada em uma tinta preta.” Prestei muita atenção ao pergaminho que estava em cima da mesa e às letras pretas que sobressaíam. “Que bela letra!” Li surpreso. “Sim,” respondeu-me o sofer, “é uma letra especial para o Sefer Tora. Cada letra tem um formato específico e precisamos estudar muito para aprender, ao certo, de que forma devemos escrever as letras e como ajeitar as linhas. É um trabalho muito sagrado e, se D’us me livre, houver algum erro, todo o Sefer Tora será inválido e não poderão lê-lo na sinagoga. Também os pensamentos de- vem ser puros. Enquanto escrevo, penso o tempo todo sobre a grande mitzva que estou fazendo. Peço a D’us para não fazer nada de errado.” “E quando o senhor termina de escrever o Sefer Tora? “Perguntei. “É necessário muito tempo para escrever o Sefer Tora. Eu espero acabar, se D’us quiser, antes da festa de Shavuot.” “E o que o senhor vai fazer com o Sefer Tora quando terminar de escrevê-lo?” “As folhas de pergaminho serão costuradas uma na outra, de forma a ficar um único Sefer. Depois disso, suas pontas serão costuradas na “árvore da vida”, que são os bastões de madeira pelos quais seguramos o Sefer Tora. Então, uma bela cobertura será costurada para o Sefer e, com grande alegria, ele será levado para dentro da sinagoga.” “Que lindo! Teremos um Sefer Tora!” falei com alegria. Quando o sofer terminou sua história, abriu a porta e devolveu a minha bola. “Muito obrigado, muito obrigado!,” agradeci ao sofer e corri para casa. Com muita ansiedade, esperei pela festa de Shavuot. E eis que, pouco antes do chag, vi um aviso que dizia que, dentro de poucos dias, haveria o recebi- mento de um Sefer Tora. Como era grande a alegria!!! Homens, mulheres e muitas crianças vieram participar da alegria. Na frente de todos, iam as crianças, com tochas iluminando o caminho em honra da Tora. Atrás delas, vi- nham homens importantes, rabinos, justos, que traziam, debaixo de uma cabana enfeitada, o Sefer Tora. Eles eram seguidos por uma multidão que dançava e cantava belas canções em homenagem a Tora: “Sissu vessimchu beSimchat Tora, utnu kavod laTora.” 10 Referência a sofer stam (escritor que escreve especificamente escritos sagrados como Sifrei Tora – livros ou chumashim da Tora – de acordo com as iniciais em hebraico samech tav mem מתס stam). O sofer stam pode também escrever os pergaminhos dos tfilin (filactérios) e mezuzot (rezas dos umbrais das portas das casas judaicas), escritos em letras assírias, de acordo com um procedimento especial. O sofer stam deve, ao realizar seu trabalho, guardar os preceitos de purificação e de intenção. Ki miTzion tetze Tora udvar Ad-nai miIerushalaim De Sião, propagar-se-á a Lei e, de Jerusalém, a palavra de D’us Simchu na beSimchat haTora Alegrem-se, por favor, em Simchat Tora 5. Histórias de Simchat Tora O que me contou o sofer10 63 6. “Fique por dentro” Simchat Tora (Alegria da Tora) É o dia em que se completa toda a leitura da Tora e, imediatamente, inicia-se de novo a leitura desta. É come- morada no dia 23 de tishrei. Em Simchat Tora, os rolos sagrados são retirados do Aron Hakodesh (arca sagrada, onde é guardada a Tora), são dadas sete voltas, as famosas hakafot, pela sinagoga e, com muita emoção, as Torot são carregados em meio a cantos e danças. No dia de Simchat Tora, todos são igualados, tendo a possibilidade de segurar e dançar com a Tora. Esta festa é marcada por sua alegria contagiante; a par- ticipação das crianças na festa na sinagoga é importante. Costumam-se distribuir doces, bandeirolas e pequenas Torot. Na escola, quando Simchat Tora se está aproximando, costumamos relembrar algumas histórias da Tora, que aprendemos durante o ano e confeccionar uma linda Tora, para nossa classe, usando desenhos das crianças. Também cantamos e dançamos. A Alegria da Tora Simchat Tora é a época favorita para aqueles que gos- tam de um pouco de “carnaval”na sinagoga. Este costu- me, aparentemente, é conservado desde a Idade Média. As bandeiras que acompanham a procissão de Simchat Tora, as famosas voltas chamadas hakafot, servem como lembranças das 12 tribos de Israel. Essa festa comemora nossa contínua devoção à Tora e ao estudo do Judaísmo. Nesse dia, completa-se a leitura anual da Tora, e o ciclo é recomeçado imediatamente, em uma celebração pare- cida com uma cerimônia de casamento: a pessoa cha- mada para ler o último trecho da Tora do livro Dvarim (Deuteronômio) é denominada chatan Tora, “o noivo da Tora”, e a pessoa que renova o ciclo, lendo o capítulo de abertura do Gênesis, é chamada de “chatan Bereshit” ou “noivo do Gênesis”. Outros aspectos de Simchat Tora também são remanescentes de uma cerimônia de casa- mento, onde Israel é vista como se casando com a lei. Em Simchat Tora, todos recebem uma alia (a oportuni- dade de subir à Tora, dizendo uma bênção), uma honra especial. Nessa época, também as crianças que ainda não atingiram a idade de bar-mitzva são chamadas à Tora. Durante a aliá das crianças, os adultos do púlpito cobrem as cabeças com o talit, pois muitos deles aproximam-se da Tora pela primeira vez. As crianças, então, recitam uma bênção especial e observam a leitura da Tora e a continuação do ritual. Em seguida a isso, as tradicionais palavras são recita- das: Chazak, chazak venitchazek!, seja forte, seja forte, e que nos fortaleçamos uns aos outros. Canções e poemas • Aguil veesmach beSimchat Tora • Ki miTzion tetze Tora • Chalaf shavua – Simchat Tora • Símchu na, beSimchat haTora • Eifo atem? Havu iadaim • Sissu vessimchu, piut leshmini atzeret (por Biniamin Caspi in Mea shirim) • Ein adir SIMCHAT TORA 64 Sugestão de sites http://www.chabad.org.br http://www.galim.org.il/holidays/succot/Tora3.html http://www.shemayisrael.co.il http://www.ou.org/chagim/shmini-Simchat/Simchat.htm http://learn.jtsa.edu/topics/kids/together/simchattorah/ http://www.aish.com http://www.chagim.org.il http://www.jajz-ed.org.il http://www.j.co.il http://www.kabbalah.com/ http://www.michmanim.co.il http://www.netaim.co.il http://www.mezuzahman.com Bibliografia Cohen, L. Chag vechaguiga lapeutot. Israel. 1993 Cohen Grossman G. Jewish Art. Israel. Misrad hachinuch vehatarbut. Gan haieladim beavodato, chelek alef. Kreiman-Brill Rab. A. & Goldstein L. Tesouros da Tradição Judaica. Buenos Aires Nissim, R. Beshvilei hagan, madrich haavoda legan haieladim hamamlachti dati. Misrad hachinuch vehatarbut. Israel Tzarfati, M. Tchanim upeiluiot leSukot veSimchat Tora. Israel Maagal Hashaná, chelek alef, elul, tishrei, Israel Enciclopédia Judaica 65 Chanuka Chanuka! Vamos festejar, brincando com o sevivon e comendo a sufgania! Fontes “E Iehuda Hamakabi e seus irmãos, com toda a comunidade de Israel, resolveram que a data de re-inauguração do altar deveria ser celebrada, ano após ano, durante oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de kislev, com alegria e regozijo.” (I Macabeus1, IV, 57) “O Macabeu com seus companheiros, guiados pelo Senhor, reconquistaram o Templo e a cidade de Jerusalém. Demo- liram os altares construídos pelos estrangeiros na praça pública e seus templos. Depois de purificar o santuário, construí- ram novo altar para os holocaustos. Tiraram fogo das pedras e ofereceram sacrifícios, após uma interrupção de dois anos. Acenderam também o fogo do altar de incenso e as lâmpadas, e apresentaram os pães. Em seguida se prostraram por terra e suplicaram ao Senhor que nunca mais os deixasse cair em tais desgraças. Caso voltassem a pecar, que ele os corri- gisse com moderação, sem que fossem entregues em mãos de bárbaros e blasfemadores. A purificação do Templo acon- teceu na mesma data em que tinha sido profanado pelos estrangeiros, isto é, no dia vinte e cinco do mês de kislev.” (2 Macabeus, X, 6) A fonte histórica desta festa aparece no Livro dos Makabim, que conta sobre a iniciativa tomada por Matitiahu e seus filhos: “Lutaremos por nosso espírito e por nossa Tora, e ele (Rei grego, Antiochos) fará com que estes guiem nosso caminho,” disse Iehuda Hamakabi, “não mais seremos passivos às leis que nos obrigam a praticar.” Acreditavam que, se lutassem e se sacrificassem para defender seu povo e sua religião, D’us os salvaria. Nas rezas recitadas nos dias de Chanuka, ao se acenderem as velas, e na bracha de agradecimento pela comida, são lembrados fatos históricos resumidos, enfatizando que os inimigos queriam que o povo de Israel esquecesse a Tora, mas D’us evitou que isto ocorresse. A reza de Chanuka não destaca propriamente esta iniciativa dos chashmonaim, mas sim o agradecimento e a exaltação a D’us pela salvação realizada. Já no Talmud, aparece o trecho que descreve “Um jarro de azeite...cujo conteúdo seria suficiente para iluminar por um dia apenas, mas aconteceu um milagre e o jarro durou por oito dias...” O motivo da luz, como símbolo central desta festividade, deixa transparecer o caráter “pelo espírito e através do mi- lagre”, enfatizando a liberdade espiritual alcançada por judeus, como se a luz dos céus tivesse sido irradiada sobre eles. As velas de Chanuka, acesas todo ano nas casas de judeus em Israel e em todo o mundo, tornaram-se símbolo de um acontecimento muito importante na história do povo judeu, combinando mensagens de fé, heroísmo e milagre, cada qual enfatizando a mensagem e os valores que lhe forem mais adequados. 1 Macabeus, Makabim, equivale ao termo Chashmonaim (hasmoneus), que dá nome ao livro, em hebraico. 66 Descrição da festa A festa de Chanuka é rica em conteúdos, símbolos, jogos e brincadeiras para a criança e para toda a família. Ao pes- quisarmos as origens da festa de Chanuka, a Festa das Luzes é comemorada de acordo com o calendário judaico, no final do mês, em 25 de kislev, quando escurece mais cedo (em Israel) e não aparece a luz da Lua. No calendário judaico, é o dia em que a noite é a mais longa do ano, e o dia, mais curto. A Festa de Chanuka ressalta dois conteúdos importantes: a luta de uma minoria - os judeus liderados pelos Makabim, contra os gregos, uma maioria dominante e poderosa - e a vitória espiritual da fé judaica contra a cultura helenista, por meio do milagre do jarro de azeite que durou oito dias, daí o costume de acender a chanukia durante oito dias. O prin- cipal aspecto desta festa é a cerimônia de acender as velas toda noite – uma na primeira noite, duas na segunda, e assim por diante, para recordar o milagre no Beit Hamikdash, o Templo Sagrado. *O aspecto religioso A santidade da festa deriva do aspecto espiritual da vitória, e do milagre “do jarro de azeite”, quando uma pequena quantidade de óleo de oliva consagrado, que bastava para manter o candelabro aceso por um dia, durou oito dias. Em Israel Como nas comunidades judaicas no mundo, a festa de Chanuka é celebrada, em Israel, durante oito dias. A mensagem de Chanuka, focalizada na restauração da soberania do povo judeu, é festejada em Israel, desde seu estabelecimento. O movimento sionista escolheu os Chashmonaim, heróis da festa de Chanuka, para simbo- lizar a luta de poucos contra muitos, representando a luta nacional-sionista, que se projeta em poemas, obras de literatura e canções do início do século 20, e na época de edificação do Estado de Israel. Valores como a respon- sabilidade do povo por seu próprio destino, ao invés de esperar somente pela salvação divina, foram realçados. Gradativamente, foram distanciando-se das idéias de fé e espiritualidade, embutidas nos feitos dos Chashmonaim, e enfatizando outros aspectos desta festa. Theodor Herzl, o pai do Sionismo moderno, escreveu em seu livro O Estado Judeu, de 1896: “Ali, acredito, uma maravilhosa geração de judeus ressurgirá. Os Maka- bim renascerão! Os judeus que ansiarem por um Estado terão o seu! Viveremos enfim comohomens livres em nossa própria terra, e morreremos pacificamente em nos- sas próprias casas. O mundo será libertado por nossa liberdade – e tudo o que for conseguido ali, para nosso próprio bem-estar, contribuirá poderosa e beneficamente para o bem de toda a humanidade.” Mensagens das escolas A vitória dos Makabim sobre o exército de Antiochos II representou a vitória do espiritual sobre o material. Os Makabim estavam dispostos a superar qualquer dificul- dade por um ideal. Bnei Israel se uniu, com o objetivo de manter a tradi- ção, os costumes que gostariam de continuar seguindo e não se “helenizaram”. Assim como os Makabim lutaram e venceram todos os obstáculos e fizeram de Chanuka a festa das luzes, nós iehudim temos vários desafios a enfrentar. A LUZ de Chag HaChanuka nos traz energia, nos traz força. Chanuka é essencialmente a festa das luzes, luz no sentido amplo de esperança no futuro, de brilho inte- rior e exterior. (Kitá Legal) 67 A Mística do Azeite O significado do óleo em nossa vida “Qualquer nutricionista, profissional de saúde, dietéti- co, entre outros, dirá que o principal contribuinte para excesso de peso e distúrbios alimentares é a GORDURA!” Os judeus sempre souberam que a culpada era a gordu- ra, apesar dos kuguels2 nadarem em óleo, a canja conter bolinhas de gordura em sua superfície e os latkes de batatas serem fritos em óleo. Cada guerra empreendida é basicamente por poder ou dinheiro, exceto uma. A batalha que os gregos trava- ram há mais de dois mil anos, foi promovida por cau- sa do óleo. Mais precisamente, do azeite de oliva. Não era o dinheiro dos judeus que os gregos queriam. Se estivessem atrás da fortuna, teriam esvaziado o Templo Sagrado, pois os objetos do Beit Hamikdash tinham valor incalculável. Os gregos não assaltaram o Templo; eles o profanaram. Ofereceram porcos como sacrifícios no Altar, erigiram estátuas a seus deuses e deusas na área do Beit Hamikdash. E abriram as pequenas ânforas de azeite puro de oliva usado diariamente para acender a menora, candelabro de sete braços. Não foram os gregos tolos em deixar o tesouro e espo- liar o óleo? Os gregos não queriam matar os judeus; mui- to pelo contrário, os deixaram viver. Sabiam, ao observar os primeiros dois mil anos de existência milagrosa, que não seríamos destruídos. E foram sábios, reconhecendo o fato. O que não podiam aceitar era que havia algo mais elevado do que a mente, mais sublime do que a sabe- doria humana, maior do que suas deidades que, exceto pela imortalidade, eram iguais às pessoas. Tudo isso era simbolizado pela pureza do azeite. Os gregos não destruíram por completo o óleo, pois, ao fazê-lo, não teriam realizado sua meta final. Profanaram o azeite, rompendo o lacre. E sua mensagem para os judeus era altissonante: “Vão em frente, usem o azeite impuro em sua menora, pois não acreditamos na exis- tência da pureza. Espiritualidade não existe. Não há nada como um D’us Onisciente e Todo-Poderoso. O homem é o ápice; o entendimento do homem é o máximo; o vigor e força física do homem estão no auge.” Entretanto, os judeus se recusaram a ceder física ou espiritualmente aos gregos. Quando o Beit Hamikdash foi recapturado, os célebres Makabim buscaram uma ânfora de óleo ainda com o selo do cohen3. Sem outra opção, lhes foi permitido usar o óleo conspurcado. Não o fizeram, no entanto, pois teriam vencido a guerra, mas perdido a batalha. Assim como os gregos fizeram uma declaração ao pro- fanar o óleo, os judeus pronunciaram outra tão convin- cente, ao se recusarem a usar o óleo. Bradaram: “Acredi- tamos que há algo mais elevado do que o intelecto hu- mano; acreditamos no D’us Onisciente e Todo-Poderoso; acreditamos que o bem triunfará finalmente e que D’us trará a época quando tudo será totalmente puro, para todo o sempre.” O principal costume de Chanuka – acender a menora – gira em torno do azeite, comemorando assim o milagre da pequenina ânfora que durou não apenas um dia, mas oito, e celebrando a força do espírito judeu. O azeite concede, ainda, uma visão adicional da mensagem do óleo em nossa vida e, em particular, do milagre de Cha- nuka. O óleo, como o vinho, simboliza os segredos da Tora, os aspectos místicos do judaísmo. Traduzido de “L’Chaim” Lubavitch Youth Organization, Brooklyn, NY (Gani TT) Nomes da festa Chag HaChanuka A origem do nome Chanuka está ligada à inaugura- ção (chanuka) do local designado para o sacrifício (cha- nukat hamizbeach), quando os judeus purificavam o Beit Hamikdash, e re-inauguravam o trabalho dos Cohanim. Durante oito dias, consertavam, renovavam e purifica- vam todos os instrumentos sagrados do templo. Chag Urim Um nome adicional, Chag Urim (Festa das Luzes), foi designado em homenagem ao milagre do jarro de azeite, que deveria durar somente um dia, mas durou oito, es- palhando luz à sua volta. 2 kuguel & latke (respectivamente, doce de macarrão e bolinhos de batata, em fritura profunda), comidas típicas judaicas (ashkenazitas). Latke, leviva; plural, levivot. 3 Cohen; plural, cohanim – uma das três tribos remanescentes de Israel. CHANUKA 68 Símbolos e motivos, usos e costumes Chanukia, candelabro com oito receptáculos para lamparinas, além do shamash, a vela zeladora responsá- vel pelo acendimento das demais e sempre a primeira a ser acesa, kad (jarro ou ânfora) em que se conservava o azeite de oliva, shemen zait – outro símbolo importante, para o acendimento das lamparinas e, por fim, as pró- prias velas, nerot (singular, ner), que usamos hoje, em substituição às lamparinas. Sufganiot e levivot – costuma-se comer bolinhos como as sufganiot (sonhos), e levivot (em iídiche, latkes) - bolinhos de batata fritos em óleo, para rememorar o milagre do jarro de óleo. Dmei Chanuka (dinheiro de Chanuka) - é costume dar presentes ou moedas para as crianças, para simboli- zar o fato histórico de que, caso não tivessem os Chash- monaim vencido os gregos, não poderiam as crianças do povo de Israel continuar a estudar a Tora. Este costume se concretizou diferentemente nas diversas comunidades judaicas em todo o mundo, adaptando-se de acordo com os costumes locais. *Nessa época, também enfatizamos a mitzva de tzdaka e incentivamos as crianças a darem parte de seu dmei Chanuka para a tzdaka. O sevivon é um objeto adequado às crianças, que gostam de fazê-lo rodar, cantam as canções ligadas ao seu movimento e imitam-no, tanto no jogo simbólico, rodando e caindo “como o sevivon”, como em jogos di- dáticos cuja temática são os símbolos da festividade ou as letras do sevivon. De acordo com a tradição, o uso do sevivon, em Chanuka, remonta à época anterior a revolta macabéia. O sevivon é um pião composto por três partes: um pino, cuja função é impulsionar o pião para rodar; uma parte central – geralmente, um cubo; e um bico, onde o pião se apóia, quando roda. Na parte central, em geral, aparecem quatro letras hebraicas4: N G H P, gravadas, desenhadas ou coladas. Estas letras formam as iniciais da frase nes gadol haia po, um grande milagre aconteceu aqui. No Brasil, ou em quaisquer países que não Israel, a letra pei inicial da pa- lavra po/aqui é substituída por shin – inicial da pala- vra sham/lá, referindo-se à distante Israel e aludindo ao milagre que ocorreu no Templo Sagrado de Jerusalém, onde uma lamparina, que seria suficiente para iluminar apenas durante um dia, durou oito dias. * Por seu formato, o sevivon simboliza a forma como D’us salvou os judeus milagrosamente, fazendo uma comparação com a festa de Purim, em que o milagre foi oculto: 1. O sevivon é segurado por cima, pois a salvação veio visualmente de cima, por meio de milagres. Já o raashan (reco-reco) é segurado por baixo, já que a salvação veio por milagres ocultos. 2. Em Chanuka, os gregosdesejavam matar os judeus espiritualmente, proibindo o cumprimento da Tora. Já, em Purim, Haman queria mata-los fisicamente, decretan- do o dia do extermínio. Os Rabinos observaram um fato curioso, em relação às quatro letras hebraicas usadas na diáspora: o valor numérico destas letras equivale a 358 (nun = 50, guimel = 3, hei = 5 letras, shin = 300), coincidindo com o total da soma das letras da palavra Mashiach5 (mem = 40, shin = 300, iud = 10 e chet = 8). O dreidel6 (Contribuição de Deborah Oksman) Ao buscar novas estratégias para eternizar a cultura ju- daica, nossos estudiosos perceberam a relação existente entre o brincar e o aprender, elegendo o dreidel como brinquedo tradicional judaico e incumbindo-lhe sua principal função: a de revelar dados significativos para a compreensão e a transmissão da importância da “Luz”, por meio de um midrash, baseado na passagem histórica relembrada durante a comemoração de Chanuka. Não foi encontrada nenhuma referência da origem exata deste brinquedo, inicialmente criado para adultos como jogo de azar. Sabe-se apenas que já era conhecido na Babilônia, Grécia Antiga e Roma, o que sugere a pos- sibilidade de os Chashmonaim o conhecerem como um simples jogo, utilizado pelos gregos selêucidas durante a invasão. Durante a Idade Média, foi adotado pelos fran- ceses e, finalmente, foi vinculado à cultura judaica na Alemanha. No século 19, os rabinos alemães decidiram relacionar as iniciais às regras do jogo, com o acróstico nes gadol haia sham, associando-o ao midrash e, finalmente, inse- rindo o dreidel no universo infantil. Seu formato é único e marcante, caracterizando-se por um pino que se encontra na parte superior, diferencian- do-o dos demais piões. Deve ser de tamanho reduzido e confeccionado com madeira, seguindo preceitos bíblicos específicos. O movimento de rotação e o impulso pro- porcionam emoções ricas em significações, como jogar com o próprio destino, pois tudo emana de uma mesma raiz. Existem vários estudos, de difícil acesso, voltados aos aspectos místicos na Cabala. Brincadeiras - É costume antigo brincar com diferen- tes jogos durante Chanuka, sendo o mais conhecido en- tre eles, o sevivon. Brinquedo difundido entre os povos da antiguidade, o sevivon foi encontrado em forma de cubos, nas ruínas dos babilônios, nos túmulos egípcios, nas escavações gregas e romanas, parecidos em seu for- mato com o sevivon atual. Os sírios, no esforço de elimi- nar o judaísmo, proibiram reuniões de estudo da Tora: os infratores seriam punidos com a pena de morte. Para poderem continuar os estudos da Tora, os judeus resol- veram fingir que essas reuniões eram apenas lazer. Assim sendo, cada vez que um fiscal se aproximava, eles se punham a girar o pião. 4 No sevivon, as letras latinas - N,G,H,S correspondentes às letras hebraicas פהגנ – são também iniciais de palavras de origem germânica, que significam: STEEL (coloque, junte à caixa), GANZ (caixa, todo a caixa é sua), HALB (metade, pegue a metade da caixa), NIGHTS (nada, você perdeu, não ganhou nada). Era, portanto, um jogo de sorte, cujo resultado dependia do lado em que caía o sevivon. 5 Mashiach; ungido ou escolhido, embora comumente traduzido por Messias. 6 O nome dreidel provém do iídiche, que, por sua vez, deriva do verbo alemão drehen, que significa girar, enquanto que em hebraico recebeu, do erudito Eliezer Ben Iehuda, o nome de sevivon. 69 *Mitzvot Hadlakat nerot (acendimento das velas) Outro costume da festa de Chanuka é o acendimento das velas na chanukia durante oito dias, e a recitação das brachot e entoação de canções, que acompanham o ato de acendê-las. A hadlakat nerot é realizada para rememorar o acendi- mento da menora do Beit Hamikdash. A santificação das velas, como recordação do milagre do jarro, penetrou a tradição religiosa do povo judeu de tal maneira que, logo após a hadlakat nerot, acrescentamos a frase: “Estas velas são sagradas, e não temos a permissão para usá-las, e sim somente para observá-las...”, descrevendo o acen- dimento das velas com o intuito de propagar o milagre. Outro motivo para o acendimento das velas é que sua luz simboliza a vitória do espírito e a fé judaicas sobre os ídolos gregos. Na realização da mitzva de hadlakat nerot, deve-se escolher um lugar próximo a um local público, para a divulgação do milagre, tanto próximo à janela quanto à entrada da casa, do lado esquerdo da porta. A chanukia deve ser posta no lado esquerdo da porta já que a me- zuza7 está no lado direito. Assim ambos os lados ficam envolvidos de mitzvot. Na chanukia kshera, as velas deverão estar à altura dos olhos, nem muito altas, nem muito baixas, deverão estar em uma fileira reta, e não em alturas diferentes. As velas também deverão ter uma certa distância entre si, para que a chama de uma não se aproxime dema- siadamente à da outra. A hadlakat nerot deve iniciar-se depois do pôr-do-sol, com o aparecimento das primeiras estrelas. As velas devem ser colocadas da direita para a esquerda de quem olha para a chanukia. Acendemos o shamash e, com ele aceso na mão direita, recitamos as brachot e iniciamos a hadlakat nerot, sempre da esquer- da para a direita, para que sempre acendamos, primeiro, a vela do dia. O significado da festa para crianças na idade infantil Para facilitar o trabalho da professora, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados a Chanuka, de acordo com as características per- tinentes a cada faixa etária (de 3 a 6 anos de idade): De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a fes- tividade, e dar-lhe o nome usual e freqüente Chag Ha- Chanuka. Além disto, por meio de vivências baseadas na arte, no jogo e na brincadeira, as crianças poderão co- nhecer parte dos símbolos do chag: sevivon, chanukia, kad, shemen zait, nerot. Alguns costumes característicos de Chanuka, que enfatizem o “aqui e agora”, poderão ser vivenciados, como participarem do acendimento das velas na chanukia e rodar o sevivon. As histórias da festa - a vitória dos Makabim e o milagre do jarro de azeite - poderão, nesta idade, ser contadas de uma maneira geral e adequada à faixa etária. * Nesta faixa etária, inicia-se o conhecimento das mitzvot básicas de Chanuka: a participação no acendimento das velas e a bracha que acompanha o ritual. De 4 a 5 anos, quando a criança já manifesta com- preensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão amplian- do, assim como se vão ampliando os ambientes de vi- vência: em casa, na escola, na comunidade. Nesta época, a criança já pode entender a história de Chanuka e seu significado, contados em linguagem simples, os elemen- tos essenciais das histórias dos Makabim e do milagre do kad shemen zait. Nesta faixa etária, a criança já está apta para compreender mais facilmente certos valores sociais e sentir empatia por personagens e imagens históricas: Chashmonaim, Makabim, Iehuda Hamakabi. A criança pode aprender o nome adicional de Cha- nuka, Chag Urim, e seu contexto, além dos símbolos e costumes e seus significados, vivenciados pela família e pelo ambiente próximo. * Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot básicas e seus conceitos: a mitzva de hadlakat nerot (lu- gar e época), recitar a bracha correspondente e o signi- ficado da chanukia kshera. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais profundamente o significado de costumes e símbolos re- levantes, que são de valor para o povo judeu. Revela curiosidade em conhecer a história da festa e seu signi- ficado, inclusive as origens das idéias ligadas à festivida- de. Outros aspectos que se podem abordar com crianças nesta faixa etária são: o histórico e seu significado, os valores morais e nacionaisligados à festa, os nomes es- peciais da festa, além dos nomes originais e seus signi- ficados e os costumes aceitos pela comunidade e pelo povo e seus significados, além das atividades agrícolas. Em Chanuka, além da história da vitória dos Makabim e do milagre do kad shemen, podemos enfatizar valores como a importância de sermos um povo autônomo e do amor ao povo. * Nesta faixa etária, a criança já compreende o signi- ficado das mitzvot: a difusão do milagre de Chanuka, o tempo, o lugar, e como se devem acender as velas, a importância da fé na Tora, o cumprimento das mitzvot. As brachot ligadas à hadlakat nerot – “al hanissim”, “shehechianu”, “halel” - já podem ser conhecidas pelas crianças, recebendo significado no contexto social. As crianças já podem entender e usar conceitos relevantes à Chanuka, como baiamim hahem bazman haze (naque- les dias, neste momento), guiborim beiad chalashim (he- róis, nas mãos dos fracos), rabim beiad meatim (muitos, vencidos por poucos). 7 Mezuza, pergaminho, com reza, escrita a mão por escriba, relembrando Bnei Israel que D’us é Um só e Único e Que protegerá suas casas. É colocada em pequena caixa decorada, que é pregada em altura pré-determinada, no umbral direito das portas das casas dos judeus. CHANUKA 70 Planejamento de atividades Conceitos importantes • kad (shemen): jarro (de azeite) • leviva/ levivot: bolinho(s) de batata frito • Chanuka: inauguração • makabim: Macabeus • chanukia: candelabro de 8 braços + 1 • ner/nerot: vela(s) • *chanukia kshera: candelabro que segue os preceitos • sevivon/ svivonim: pião/ões • Chashmonaim: chashmoneus • shamash: vela ‘zeladora’ • dmei Chanuka: dinheiro de Chanuka • shemen zait: azeite de oliva • Iehuda Hamakabi: Judá, o Macabeu • sufgania/ sufganiot: sonho(s) Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Chanuka Fazendo Arte - Criando uma chanukia Conteúdos: diferenças e semelhanças entre as chanukiot, em Chanuka, “Festa das Luzes”. Objetivos potenciais: elaborar e construir um dos símbolos de Chanuka, de forma criativa. Descrição: oficina de chanukiot (a partir de 3 anos), que poderá ser feita, em grupo, com a criação de uma chanukia com materiais criativos, sob a orientação e inspiração de uma artista plástica. A artista poderá explicar às crianças o que vem a ser a técnica (p. ex: papier-ma- ché), mostrando as etapas e as possibilidades. As crianças praticam a técnica, e constróem chanukiot em grupo. Materiais e recursos: materiais necessários de acordo com a técnica escolhida, chanukiot. Confeccionando chanukiot Conteúdos: passeio para conhecer como são produzidas chanukiot. Objetivos potenciais: vivenciar uma experiência significativa, relevante à festa de Chanuka. Descrição: após acertos relevantes, as crianças irão para a fábrica e conhece- rão as várias fases da construção de chanukiot. Materiais e recursos: preparativos para a visita (certificar anterior- mente se o local de visitação, onde será realizada a oficina propos- ta para construção de chanukiot, é adequado à idade das crianças ou se há possibilidade das crianças participarem em algum dos estágios da construção das chanukiot). Para trabalho posterior, é importante registrar o que ocorre no passeio. As crianças poderão, ao voltar para a escola, construir chanukiot, ou brincar no jogo do faz-de-conta com chanukiot de brincadeira. Fábrica de chanukiot, Beit Chabad, São Paulo. 71 Sevivon, nerot e chanukia Festejando juntos o Chag HaChanuka! Conteúdos: atividades planejadas para a semana de Chanuka, considerando experiências e vivências das crianças na escola. Objetivos potenciais: festejar a festa de Chanuka, de forma vivenciada e adequada à idade das crianças. Descrição: como introdução para o chag, é possível aproveitar a construção arquitetônica da escola. A subida (de escadas) pode levar ao lugar da comemoração, designado para hadlakat nerot de Chanuka. Para a entrada festiva ao local, pode-se planejar a passagem das crianças por uma cortina confeccionada com os símbolos de Cha- nuka (svivonim, chanukiot, nerot, kad(im), entre outros), feitos de material emborrachado colorido, e pendurados em fios compridos desde o teto. O ambiente festivo, planejado e organizado, pode oferecer oportunidades para as crianças brincarem com svivonim (bi e tridimensionais) de Chanuka, e ser decorado com svivonim inflados, chanukiot e demais símbolos pendurados nas pontas de guarda-chuvas pendurados pelo teto. Materiais e recursos: materiais para a montagem do ambiente festivo, tendo, como mo- tivo central, os símbolos de Chanuka. Uma pequenina luz, uma grande surpresa! Conteúdos: jogo de grupos, focalizando a idéia de que “uma pequena luz” pode influir nos resultados de todos. Objetivos potenciais: elaborar a idéia do uso de uma pequena luz (no caso, uma lanter- na), como forma de influenciar um acontecimento. Descrição: as crianças brincarão em grupos, num ambiente organizado pre- viamente, com vários estágios, onde serão pendurados balões. No interior destes balões, serão colocados bilhetes, uns com desenhos dos símbolos de Chanuka e outros, sem. Com a ajuda de lanternas, as crianças procurarão os balões que incluem os símbolos, estou- rando-os, e contando pontos para os símbolos encontrados. Materiais e recursos: balões inflados, bilhetes com e sem símbolos. A história dos Makabim, representada em nossa escola. Conteúdos: conhecimento e elaboração do conteúdo histórico da festa de Cha- nuka, adaptado para a idade. Objetivos potenciais: conhecer o conteúdo da história de Chanuka, e elaborá-lo, por meio de uma oficina de confecção das fantasias, a serem utilizadas para a dramatização da história. Descrição: a atividade será planejada, considerando os componentes (a história de acordo com a idade das crianças, a oficina, e posterior dramatização da história). Materiais e recursos: a fonte histórica (Livros dos Macabeus: l (4,36 a 4,40) e ll (10, 1 e 10,9) e material para a confecção de fantasias dos Makabim (pa- nos, lantejoulas, entre outros) Chanuka, do começo ao fim, festejada em nossa escola. Conteúdos: o festejo de Chanuka, de forma tradicional religiosa. Objetivos potenciais: a transmissão de conteúdos, mitzvot, brachot e tradições religiosas para as crianças, de forma adequada à idade. Descrição: o planejamento desta festividade incluirá a comemoração religiosa tradicional de Chanuka, e demais atividades ligadas: (1) canções e brachot (Holiday Greatest Songs e Shirei Chanuka), (2) produções com material de artes (Jewish Artwork by Esky, Learn as you color, Becker Joyce, Jewish Holiday Crafts, Arts & Crafts – Around the Jewish Calendar) e (3) jogos, como dominó com motivos de Cha- nuka (The Jewish Holiday Card Game) ou quarteto (Chaguei Israel Umoadav). Materiais e recursos: fontes bibliográficas para extrair as imagens: Almanaque do Tzivot HaShem, Chag veChaguiga Lapeutot, Gan Ieladim beavodato, Maa- gal Hashana, Mafteach Lagananot, Mindel Nissan, A História Com- pleta de Chanuka, O Guia R. Steinmetz, Ed. Chabad, Integrating the Multiple Intelligence Theory into a Judaic Curriculum, Teacher’s Guide, For Summer Amps & Hebrew School, Rachel Zamir, Madrich tochnit haavoda laguil harach. Meus dedos, lindas velas de Chanuka! Conteúdos: atividade com um dos símbolos de Chanuka – as nerot de ‘faz-de- conta’. Objetivos potenciais: confeccionar e brincar com nerot de Chanuka. Descrição: as crianças confeccionarão nerot, tendo como base rolos-de- cabelo, que poderão, posteriormente, ser enfiados nos dedos. As crianças poderão participar ativamente, cantando, em grupo, e me- xendo com os dedos, acompanhadas pelas as canções de Chanuka, que têm, como motivos, as nerot e a luz, p. ex. Chanuka chag iafe kol kach, Chanukia li iesh, Hanerot Halalu, Ner li, Banuchoshech legaresh. Materiais e recursos: rolos-de-cabelo, materiais para enfeitar nerot, canções afins gravadas. A leviva que saiu rolando um conto delicioso… Conteúdos: uso de material literário atual, que tem como motivo um símbolo de Chanuka, a leviva e degustação da mesma. Objetivos potenciais: elaborar um dos motivos de Chanuka, para crianças, de maneira adequada à sua idade (com fantasias e acessórios para dramatiza- ção), além de degustar levivot na escola. Descrição: apresentação de uma obra literária – “A leviva que saiu rolando”, primeiramente pela professora para as crianças e, posteriormente, pelas próprias crianças. Preparar e comer levivot. Materiais e recursos: conto – “A leviva que saiu rolando”, materiais para construir as fantasias e apetrechos para dramatizar. Ingredientes culinários para fazer as levivot (receita em anexo). CHANUKA 72 Chanuka em tachanot é prá valer: brincar, contar, cantar, criar e...comer! Conteúdos: motivos e símbolos de Chanuka, elaborados de forma adequada às crianças. Objetivos potenciais: o aprendizado dos conteúdos de Chanuka através de experiências e vivências significativas para as crianças. Descrição: a organização das atividades planejada em tachanot temáticas, permitirá às crianças participarem ativamente na elaboração dos conteúdos de Chanuka, por meio de vivências significativas. As tachanot podem ser: sipur (história), shir (canção), mischak (jogo, brincadeira), omanut (artes), bishul (culinária). Materiais e recursos: a história de Chanuka, resumida e adaptada para a idade (em anexo), materiais para recriar símbolos de Chanuka, atividades com suportes para a ilustração e dramatização de canções e contos, material para cozimento. A casa do sevivon Conteúdo: casa temática para Chanuka, no formato de sevivon. Objetivos potenciais: unir, num ambiente agradável aos olhos das crianças, toda a vivência possível de Chanuka. Descrição: num primeiro momento, constrói-se uma casa de madeira no pátio. Sobre cada parede, aplica-se uma das 4 letras do sevivon e, no teto, um pino igual ao do sevivon. Dentro da casa, coloca-se uma chanukia ao lado da porta, uma mesa com sufganiot e outra, com latkes, nerot de Chanuka e shemen zait. Esta atividade pode ser acompanhada de brincadeiras no computador, com CD-rom con- tendo atividades relacionadas à Chanuka. Materiais e recursos: casa de madeira, computador, CD-rom de Chanuka, chanukia, sevi- von, shemen zait, nerot, sufganiot e latkes. Preparação de sufganiot e levivot Conteúdo: culinária das comidas referentes à festa. Objetivos potenciais: mostrar as crianças como são feitos estes alimentos e porque se associam à festa. Descrição: primeiramente, é importante listar, junto com as crianças, os ingre- dientes necessários. Depois, podem-se dividir as funções, cada qual executando seu trabalho, até ficar tudo pronto para ser frito. Uma vez fritas, é claro, todos saboreiam estas delícias conjuntamente. Materiais e recursos: ingredientes da receita em anexo, ralador, colher de madeira, espá- tula, toucas de TNT e luvas descartáveis. Fazendo o shemen zait zach Conteúdo: extrair o óleo da azeitona. Objetivos potenciais: explicar às crianças como é feito o óleo de azeite, e como era puro antigamente, pois era aproveitada apenas a primeira gota da cada azeitona. Descrição: usando um prensador de azeitona na classe, cada criança poderá vivenciar o processo de extração do azeite, manuseando as azeito- nas e o instrumento. Materiais e recursos: prensador de azeitona, pote de azeitonas, luvas descartáveis e jar- ro para o azeite extraído. Atividades com a família e amigos Na escola de noite e de dia? Comemorando Chanuka com a família! Conteúdos: experiências ligadas à Chanuka e às luzes que se vêem à noite na escola; a comemoração conjunta da festa com outras famílias Objetivos potenciais: vivência de experiências em grupo, à noite na escola, comemora- ção da festa de Chanuka, cumprindo costumes e tradições, junta- mente com as famílias das outras crianças. Descrição: as crianças maiores são convidadas a dormir na escola e, para tal, são feitos os preparativos necessários. Cada criança traz uma cha- nukia a ser utilizada com seus pais no dia seguinte, e todos partici- pam do jogo de “caça ao tesouro”, planejado em torno dos moti- vos e símbolos de Chanuka (luz e sombra, uso de lanternas, nerot, levivot, sufganiot). No dia seguinte, aliando o encerramento do ano letivo com a festa de Chanuka, as famílias sentam-se em volta de mesas, em lugares indicados por cartões já preparados de antemão com seus nomes, colocados ao lado de suas chanukiot. Recitam-se as brachot típicas de Chanuka, expressas de maneira envolvente e significativa para as crianças e suas famílias. Ao serem acesas as chanukiot pelas famílias, marca-se um momento mágico inesque- cível - de vivência espiritual e conjunta de comunidade na escola: pais, crianças, educadores... Materiais e recursos: preparativos para as crianças dormirem na escola (saco de dormir, escovas de dente, pijamas, telefones de casa, brinquedos predile- tos...), chanukiot, nerot, fósforos, “caça ao tesouro”, sufganiot... Cada família e sua chanukia, vamos festejar juntos Chag HaChanuka? Conteúdos: oficina de construção de chanukiot na escola, e posterior tfila/bra- cha das nerot, com a família. Objetivos potenciais: o “estar juntos” (shevet achim gam iachad) e hadlakat nerot. Descrição: cada família escolherá uma técnica para construir sua chanukia, e procederá com a construção. Posteriormente, haverá uma ceri- mônia de acendimento conjunto, com todas as famílias da classe sentadas, cada qual, ao redor de uma mesa redonda. Para finalizar, serão servidas sufganiot e levivot. Materiais e recursos: materiais relevantes para a construção de chanukiot (madeira, argi- la, metais, entre outros), organização do espaço de forma a trans- mitir o espírito da festa (decoração e música), sufganiot e levivot. 73 Como é bom estarmos juntos para cantar Viva o Chag HaChanuka! Conteúdos: coletânea de canções típicas de Chanuka, cantadas ou conhecidas das famílias das crianças, encontro de famílias na escola, para fes- tejar a festa de Chanuka. Objetivos potenciais: coletar e montar um shiron (apostila com coletânea das canções), com canções conhecidas pelas famílias, festejar Chanuka, cantando as canções. Descrição: as famílias enviarão canções, vídeos, CDs, fitas, entre outros, com canções de Chanuka. A professora organizará um shiron e, no Chag HaChanuka, todos poderão cantar juntos, com a ajuda do shiron, dançando e comendo sufganiot e levivot. Para esta atividade, é aconselhado convidar alguém que toque órgão ou violão para acompanhar. É importante fotografar e registrar o evento. Materiais e recursos: cartas convidando os pais para participarem, elaboração e impres- são do shiron, organização do ambiente, com decoração e música de fundo relevantes para a festa, sufganiot e levivot. Confeccionando nosso shamash Conteúdo: O que é shamash e qual sua função? Objetivos potenciais: conhecer a chanukia e seu simbolismo. Descrição: mostrar para as crianças diferentes chanukiot e observar seus sha- mashim. Depois desta observação, perguntar quais as diferenças, as semelhanças, explicando a função do ner do shamash. Oferecer material adequado (velas brancas, giz de cera colorido, entre outros), para que as crianças enfeitem as velas com giz de cera derretido e confeccionem 1 shamash para cada dia de Chanuka. Os shamashim criados pelos alunos também serão utilizados na comemoração de Chanuka. Materiais e recursos: 8 velas brancas por criança, giz de cera colorido, uma vela acesa, fixa em um prato para derreter o giz de cera, fósforo. As professo- ras deverão ficar bem atentas, para que os alunos não aproximem seus dedos das chamas.Uma festa de Chanuka, que lembraremos para sempre! Conteúdos: festa de encerramento do ano letivo, em torno dos motivos de Chanuka, a Festa das Luzes. Objetivos potenciais: festejar a festa de Chanuka com as crianças e suas famílias na escola. Descrição: a festa, planejada com antecedência, pode incluir: entrada das crian- ças pela parte central, entoar e tocar canções de abertura da festa de Chanuka (Maoz Tzur), falas relevantes à Chanuka, canções tais como Sevivon sov, sov, sov e Dreidel, Chanuka chag iafe kol kach. Conta-se a história de Chanuka, adequando para a idade, e dança- se com os apetrechos relevantes ao chag (velas, lenços transparen- tes coloridos, entre outros). Sufganiot e levivot não podem faltar! Materiais e recursos: carta convidando os pais, organização do ambiente, com decora- ção e música de fundo relevantes para a festa, falas e canções de Chanuka, história de Chanuka, e delícias para saborear. Oficina de chanukiot para pais e filhos Conteúdo: produção conjunta de chanukiot, pais com filhos. Objetivos potenciais: integração pais/escola, produção de chanukiot que poderão ser usadas durante a festa. Descrição: convidam-se os pais para confeccionarem, junto com seus filhos, chanukiot para a festa. Cada pai/mãe, ao chegar, senta-se ao lado de seu filho e recebe uma base de madeira, podendo utilizar o ma- terial que é preparado e distribuído anteriormente pelas mesas. Materiais e recursos: bases de madeira, porcas (para prender as nerot), formas de em- padas (para colocar azeite), moldes com desenhos e símbolos de Chanuka, tinta, cola, cola quente... Cantando e dançando, Chanuka comemoramos! Conteúdo: apresentação e dramatização de peça, canções e danças relatando a história de Chanuka para os pais. Objetivos Potenciais: vivenciar a história de Chanuka, por meio de canções e danças. Descrição: por duas semanas, as crianças ensaiam diariamente a apresenta- ção que farão aos pais. No dia, pais, avós e amigos assistem à pro- dução das crianças. No final da apresentação, as crianças ganham svivonim, dmei Chanuka e todos saboreiam sufganiot. Materiais e recursos: conteúdos ligados à história de Chanuka e materiais relevantes aos conteúdos selecionados. CHANUKA 74 Atividades planejadas em torno de habilidades Habilidades • girar (o sevivon), rodopiar imitando o sevivon; • abrir massa com rolo, para cozer sufganiot; • trabalhar argila, para fazer kadim e chanukiot; • classificação (nerot e shamash, svivonim, chanukiot); • diferenciação (letras do sevivon, menora e chanukia); • contagem (de nerot, dos braços da chanukia); • concordância entre o número de nerot, o dia da comemoração de Chanuka, o número de velas a acender. Atividades • girar svivonim, rodar “como” svivonim (ao som de canções de Chanuka e parar/cair quando a música parar). • as crianças dançarão de acordo com os comandos da canção Mistovev hasevivon e, quando a palavra sevivon aparecer na canção, as crianças tocarão instrumentos musicais, preparados anteriormente para esta atividade; • confecção de svivonim, com palitos de fósforos e papel enrolado ao redor do palito; • confecção de svivonim, com dobraduras, tendo como base um pirulito e, nos lados, as letras; • atividade culinária: abrir a massa da sufgania, com rolo de abrir massa adequado à criança; abrir massinha e brincar de sufganiot de faz-de-conta; • exposição dos símbolos e fotos de Chanuka, trazidos das casas das crianças, após terem sido apresentados e pesquisados, conjun- tamente, pela professora, crianças e famílias; • confecção de jogos didáticos, tendo como foco a diferenciação: entre as letras do sevivon, entre menorot e chanukiot, entre sha- mash e nerot, e atividades lúdicas posteriores com estes jogos (na escola e em casa); • realização de tradições na escola, costumes e mitzvot como, p.ex., hadlakat nerot de Chanuka; • construir, por atividades concretas, conceitos ligados à matemá- tica, às ciências, à linguagem, entre outros, e aos símbolos de Cha- nuka: relação entre as 8 velas e o shamash, chanukia, extração de shemen zait, brincadeiras com palavras em ivrit e canções ligadas à Chanuka; • brincadeiras entre grupos, usando o sevivon como instrumento de competição: “o sevivon mais rápido”, “o que cai por último”, “o que gira por mais tempo”, “o que consegue o maior número de pontos (cada letra recebe um valor)”; • “Acerte o sevivon”; • “Mi iodea?” Um aluno sai da classe, e as crianças escolhem um personagem ou símbolo da festa. O aluno que saiu volta e, pelas perguntas, tenta descobrir o nome ou o símbolo escolhido. Os alunos só poderão responder “sim” ou “não”, e o número de perguntas deverá ser combinado de antemão; • pantomima - Prepara-se uma caixa contendo imagens dos sím- bolos de Chanuka, em papéis dobrados. As crianças deverão, cada qual em sua vez, sortear um papel e, em seguida, por meio de ges- tos, fazer com que os amigos descubram o nome do símbolo; • “o Jogo do Embaixador” - divide-se a classe em grupos e cada grupo escolhe um ‘embaixador’, que deverá receber da professora um símbolo, e representá-lo às crianças de outros grupos. O grupo que conseguir transmitir mais símbolos será o vencedor. • “o Jogo do Sim ou Não” - divide-se a classe em grupos, aos quais são apresentadas fotos referentes à festa de Chanuka. A professora deverá explicar oralmente cada foto. Se a explicação for relacionada à foto, deverão responder SIM; caso contrário, dirão NÃO. O primeiro que disser a resposta certa ganhará o ponto para seu grupo. 75 Organização do espaço e dos materiais Caixas de atividades Providenciando caixas, gavetas, cestas, entre outros, onde serão oferecidos objetos, símbolos e apetrechos de Chanuka e, em dife- rentes níveis de abstração (concreto, simulado, de plástico, madei- ra, entre outros), fotos, imagens, livros com gravuras, entre outros), para crianças menores (de até 3 anos). A mediação oral e afetiva da professora neste tipo de atividade é muito importante, para as crianças aprenderem nomes, canções, danças, movimento, tocar instrumentos, entre outros. Após a idade de três anos, estes objetos irão para o canto erguido especialmente para a festa de Chanuka. Canto de Chanuka É importante providenciar um local na sala de aula, onde possa- mos expor imagens, objetos, símbolos, entre outros, num canto fixo, tipo vitrine ou mural de parede, com mesa ao lado, onde pos- samos colocar os objetos. Os objetos, símbolos, brinquedos, jogos, estarão acessíveis para a criança poder brincar, manipular, atuar, “agir”. Os cantos poderão incluir álbuns com imagens, livros, obje- tos trazidos de casa, brinquedos e jogos didáticos ou outros, caixas de atividades, entre outros. Este canto poderá ser organizado pela professora, junto com as crianças e seus familiares, a partir de ma- teriais trazidos de casa pelas próprias crianças. No canto específico de Chanuka, poderemos colocar, p. ex., svivonim, chanukiot, livros de Chanuka. Exposições Exposição de várias chanukiot e svivonim trazidos de casa, junta- mente com fotos das famílias comemorando a festa de Chanuka. Murais ou Painéis Com o uso das “Cem Linguagens” de expressão, para transmitir o conteúdo, que é relevante e significativo em um mural da festa, com frase ou passuk relevante, p. ex: Kol echad hu or katan vechu- lanu or eitan ou Nes gadol haia po! e/ou em português, respectiva- mente: Cada um é uma pequena luz, mas, todos juntos, formamos uma luz potente ou Um grande milagre aconteceu aqui! E fotogra- fias de crianças, seus familiares, diferentes famílias e comunidades judaicas festejando Chag Hachanuka, entre outras. Registro de projetos Atividades • instigar a curiosidade das crianças por meio de imagens, fotos, qua- dros, textos visuais sobre Chanuka, levantando questões e perguntas. Pode-se usar fotos dos anos passados - de criançasda escola, de ou- tras crianças, das famílias das crianças, de outras famílias, festejando Chanuka, brincando com os símbolos do chag, entre outros; • confeccionar chanukiot de diversos materiais, considerando as instruções para seu uso: madeira, argila, colagem, papier-maché, papel dourado, folhas laminadas, sucata... • confeccionar nerot (de maneira adequada às crianças do jardim- de-infância); • criar, juntamente com as crianças, jogos com os símbolos do chag; • realizar brincadeiras/danças com lanternas; • dançar com lenços (como se fossem chamas), ao som de canções de Chanuka; • produzir sufganiot, reais e “faz-de-conta” (de massa de modelar), usando formas para biscoitos, no formato dos símbolos de Chanuka; • produzir obras a partir do uso de materiais criativos que lembram cores e transparência das luzes: desenho, colagem, pintura, massi- nha, argila, modelagem, entre outros. Idéias de Projetos e/ou Temas • luz • luz e sombra • oliveira e óleo de oliva • sevivon • chanukia e menora • nerot Idéias de atividades com materiais artísticos/ Enfeites • moldes vazados, com símbolos de Chanuka • imagens de Chanuka para colorir (Jewish Artwork by Esky) • imagens de Chanuka para colorir (Learn as your color) • confecção de svivonim, usando tiras de papel enrolado em pali- tos de fósforo; ou confecção de rodelas de 2-3 cm de raio, perfu- radas no centro por um palito (de dentes), que será o bico onde se apoiará o sevivon ao girar. • construção e decoração de chanukia em grupo (com fotos) • confecção de vitrais com papel celofane de símbolos do chag (Chanuka window Deco Kit) A criança, com a palavra! Shaya chegou em casa, contando que Anti-óculos era um rei muito mau, que não deixava os iehudim estudarem Tora. CHANUKA 76 Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • chanukia • levivot (latkes) • criança girando sevivon • nerot/shamash • shemen zait • criança comendo sufganiot • sevivon • kad – shemen zait • Makabim • lamparina • família acendendo chanukia • dmei Chanuka 2. Receitas de “delícias” típicas para realizarmos na escola 3. Sugestão de material didático O que são as sufganiot e qual sua origem? O livro Kadmoniot haTalmud e a arqueologia nos indicam o que se comia na época: um tipo de bolinhos doces e esponjosos, apreciados pelos helenos, chamados sufganin, cujo significado, em grego, é sfog (esponja). Era feito com mel, óleo e farinha branca, parecido com os sonhos comidos atualmente em Israel. Já as levivot, são apreciadas em todo mundo, e são feitas, geralmente, com batatas (que são historicamente mais recentes). Contam as lendas que quando os Makabim partiam para a guerra, seus familiares, na retaguarda, preparavam sua comida predileta: levivot de massa frita. Eram preparadas rapidamente, aquecidas, saborosas e satisfaziam, constituindo a principal comida dos guerreiros. Assim, bolinhos fritos de diversos gêneros, se tornaram a comida tradicional de Chanuka, embora variem de uma comunidade para outra. Geralmente fritas em óleo, comem-se sufganiot e levivot, para rememorar o shemen zait encontrado no Beit Hamikdash . Levivot (Latkes) Ingredientes 4-5 batatas descascadas, raladas no lado grosso do ralador e espremidas (co- locando numa peneira e retirando o líquido) 1 cebola ralada (facultativo) 1 ovo 2 colheres de farinha ½ colherinha de fermento em pó sal e pimenta (facultativo) Modo de Fazer Misturar tudo, e fritar no óleo às colheradas. Sufganiot (Rendimento: 30 sonhos) Ingredientes 4 copos de farinha 3 colheres de óleo 1 pitada de sal 3 ovos 3 colheres de açúcar ¾ de copo de leite ou água 2 colheres de conhaque ou casca de limão ralada 40 g de fermento para pão, misturada com 1 colher de açúcar ¼ copo de água morna Modo de Fazer 1. Deixar o fermento, com a água e o açúcar, começar a borbulhar. 2. Colocar a farinha em uma vasilha funda, fazer um buraco no centro e juntar o resto dos ingredientes, misturando bem, mas sem socar. 3. Deixar fermentar, abrir a massa com rolo e cortar os sonhos com a ajuda de um copo. Fritar em óleo quente (bem longe das crianças...). 4. Podem ser recheados com doce de leite/geléia, ou cobertos com açúcar fino peneirados. BOM APETITE! BETEAVÓN! 77 4. Peça de Teatro (para ser encenada): Dinheiro de Chanuka Sholem Aleichem8 Narrador Boa noite, amigos. Vou apresentar-me; sou Sholem Aleichem. Estou, esta noite, com vocês, para convidá-los a relembrar comigo uma das minhas peripécias de infância. Isto se passa por volta de 1900, numa pequena aldeia da Rússia. Logo irão conhecer minha família – meu pai, minha mãe, meu irmão Motel, minha irmã Odl, seu esposo, meus tios, Breine a empregada e, logicamente, eu, um pirralho muito inquieto. Bem, agora fechemos os olhos e recuemos no tempo: CENA I - (o pai rezando Maariv; Sholem e Motel no chão, brincando com o sevivon) Motel (O sevivon cai na letra shin). Mano, qual o sig- nificado do shin? Sholem (baixinho) Shin significa… Sheket! Você não está vendo que aba mitpalel? Pois então não interrompa! Motel (baixinho) Ah, Shalom, diga-me qual são os sig- nificados das letras do sevivon. Eu já me esqueci… Sholem Ah, seu cabeça-dura. Quantas vezes terei que repetir o mesmo? Nun significa nes, guimel é gadol, hei é haia e shin significa sham. Motel Mas o que quer dizer isto tudo? Sholem Bem, lá vai: Nes, é milagre e gadol, grande, entende? Motel Puxa, que sorte você tem por ser tão inteligente. Bem, e qual o significado de hei e shin? Sholem Hei e shin? Hei e shin querem dizer… bem… (asperamente) Será que você não vai ficar quieto? (apon- tando para o pai, que ainda reza.) Pai (Termina a reza, dirige-se para a mesa, pega uma vela da caixinha de velas para Chanuka e começa a re- zar o aleinu leshabeach. Olha para as crianças e faz sinal com a mão para que estas se dirijam para a cozinha). Mm… mm… sheHu note shamaim veiossed haaretz, mm…. mm… Sholem (Olhando, curioso, para o pai, sem entender.) Aba, quer um fósforo? Pai (Repetindo o gesto) Mm…, mm…, nu, nu! Motel (Querendo ajudar o pai.) Aba, é um copo? Um prato? Una faca? Pai (Impacientemente) Corram, moleques, chamem a ima. Que ela também venha assistir a hadlakat nerot Chanuka! Sholem & Motel (Correndo para a cozinha.) ima, rápi- do, venha assistir a hadlakat nerot Chanuka! Nerot Cha- nuka! (A mãe aparece: mangas arregaçadas, enxugando as mãos no avental, arrumando os cabelos. Atrás dela, vem Breine, com o rosto sujo e brilhando, as mãos en- roladas no avental). Mãe Oi, Elokim, que todas as casas sejam abençoadas como a nossa! (Desarregaça as mangas e arruma o lenço na cabeça.) Breine Oi, a broch! Nerot Chanuka! (Sholem e Motel riem de Breine, sem se controlarem.) Pai Sheket, ieladim! Mãe Za shtill! Por que riem tanto? Breine Deixe-os em paz. Estão rindo de mim, ma- chashafim (carinhosamente)… Pai (Acende as nerot, recita a bracha.) Amen, amen… Breine Amen, amen…, que, no próximo ano, possa- mos estar novamente todos unidos. Kel haRachaman! Pai (Entoa Hanerot halalu anu madlikim; todos an- dam pela sala). Sholem Bem, Motel! Motel Bem o quê? Sholem Vá! Chegou a hora! Vá e diga-lhe algo sobre o Chanuke guelt! Dmei Chanuka! Motel (Zangado.) E por que eu? Sholem Porque você é o menor, ora essa. Motel E o que tem isso? Vá você, que é o maior! Sholem (Pára e escuta a conversa das crianças. Vai até um armário e apanha uma caixa. De dentro dela, tira algu- mas moedas. Sholem e Motel disfarçam a ansiedade e vão para o canto oposto da sala.) Kinder, venham até aqui! Sholem (Devagar, vai até o pai.) Aba, o senhor me chamou? Motel (Também se aproxima devagar.) Aba, o senhor também me chamou? Pai (Sorrindo.) Eis aqui o vosso dmei Chanuka. Para você, Sholem, 6 kopkes e, para você, Motel, 2 kopkes. (As crianças olham para as moedascom alegria, dão-se as mãos e começam a dançar. Neste ínterim, entra o tio Beni, irmão do pai). Dod Beni (Sorrindo.) Chag Sameach! Pelo visto, iela- dim, vocês já ganharam o dmei Chanuka do aba. Bem, venham, que vou dar-lhes a minha parte também. (Chei- ra o ar.) Humm, parece que sinto o cheiro de latkes! Será?! Ora, que tal jogarmos uma partida de damas? Pai Tudo bem, mas sem trapaças; não se recua pedra nem jogada! Dod Beni Combinado, mano; sem trapaças. Crianças, vão até a cozinha e tragam os feijões para usarmos como fichas. Motel, traga os pretos e, você Sholem, traga os brancos. (Enquanto isso, o pai pega o tabuleiro. Logo que as crianças voltam com os feijões e armam o jogo, pai e tio sentam-se à mesa.) Pai (Cantarola, hesita e joga.) Feito! Agora é a sua vez! Dod Beni Vá lá que seja! Uma jogada é uma jogada. E lá vai a minha jogada! (Sorri. Sholem e Motel se sentam a um canto, retiram as moedas do bolso e se põem a contá-las.) Sholem Eu tenho 12 moedas. E você? Motel Eu só tenho 8. ((Fazendo um muchocho.) Sholem (Todo satisfeito.) Bem, é que eu sou o mais velho. Mereço mais! Nasci primeiro, e o primogênito sempre deve ter mais! Você deveria ter sido mais inteli- gente e ter nascido antes de mim. Ai, então, você teria o mesmo tanto que eu tenho. (Silêncio.) Mano, o que você pensa dos chaguim? Qual a melhor de todas? 8 Adaptado por Geni H.O. Chanoft e revisado por Suely Pfeferman CHANUKA 78 Motel (Pensa um pouco.) Ora, bolas! Como vou saber? Não sou o inteligente ou o que nasceu primeiro… Sholem Pois eu acho que é Chanuka. (Pensativo.) Motel E por que não Purim? Sholem Bem, primeiro, porque Purim é um só dia e Chanuka, oito: oito dias de chofesh do cheder! Sabe lá o que é isso? Segundo, porque hoje é Chanuka, e Purim, quem sabe quando será? Pai (Fala alto, acariciando a própria barba.) O que devo fazer agora? Se mexo aqui, ele vai para lá. E, se vou para lá, estou certo de que ele vem para cá. Acho que é melhor que eu vá para lá. (Realiza a jogada.) Dod Beni Aqui… aqui… e aqui! Pai Ai, como você é bobo, Beni! Você é um grande bobo! Dod Beni Bobo é você, meu irmão. e muito mais bobo do que você pensa. (Solta uma alta gargalhada. Tio Beni aproveita e mexe uma peça para trás.) Pai (Levanta-se e grita.) Assim não, Beni! O que foi que nós combinamos? (Agarra a mão de Beni, para impedir a jogada.) Dod Beni (Zangado.) Essa é boa! Enquanto não com- pleto a jogada, posso fazer o que quiser, andar para onde bem entender! Pai Nada disso! Mexeu, morreu! Combinamos não an- dar para trás e não mudar de idéia. Dod Beni Mudar de idéia, essa é boa! (Fazendo tom de pouco caso.) E quantas vezes aconteceu de também você mudar de idéia? Pai (Bem sério.) Eu?! É por essa e por outras que não gosto de jogar com você… Dod Beni (Em altos brados.) E quem é que o obriga a jogar comigo? Mãe (Vindo da cozinha, acompanhada por Breine, que carrega uma bandeja lotada de latkes.) Já estão bri- gando outra vez? Vocês dois, heim? Esqueçam disso e venham saborear os latkes antes que esfriem. Breine Venha, Sholem; venha, Motel! Os latkes estão esperando por vocês. (Os dois avançam na bandeja e o pai lhes dá umas bofetadas. Fecham-se as cortinas.) Narrador Já foram apresentados alguns de meus familiares – gente simples, pacata, sempre procurando seguir todos os preceitos da nossa religião. Contudo, voltando à nossa história… Depois de levarmos os bofetões, fomos para o quar- to, a mando de Breine, que nos queria muito bem. No quarto, cada um de nós, sentados sobre um lado da única cama, conversávamos sobre o dia passado e sobre aquele que seria o dia seguinte. CENA II - (Os dois deitados lado a lado, sobre um estrado coberto, no centro do palco, com só um pedaço da cortina aberta.) Narrador À noite, quando já estávamos deitados… Sholem Motel, você está dormindo? Motel Sim, por quê? Sholem Quanto acha que o dod Moshe Aron nos vai dar? Motel Como hei de saber? Acaso sou profeta? Sholem (Um pouco depois.) Motel, você está dormindo? Motel Sim, por quê? Sholem Será que existe alguém que tenha tantos tios e tias como nós? Motel Pode ser que sim; pode ser que não!! Sholem (Mais um tanto depois.) Motel, você está dormindo? Motel Sim, por quê? Sholem Se é que você está dormindo, como é que me responde? Motel Você pergunta tanto, que tenho que responder, ora essa! Sholem (Um pouco depois.) Motel, você está dormin- do? (Motel já não responde. Sholem, então, se vira e ador- mece. Os dois roncam profundamente.) Narrador E, depois destes vais e vens, adormeci. Adormeci e sonhei. Sonhei que Breine entrava em nosso quarto e que trazia consigo uma bandeja fumegante, cheia de rublos, rublos dourados. Motel engolia estes rublos a bons bocados, como se fossem bolinhos, como se fossem latkes. “Motel, grito com todas minhas forças, ‘Elohim sheBaShamaim!, o que pensa que está fazendo? Comendo rublos?” Acordo de repente, cuspo três vezes no chão e penso: “Foi só um sonho…” e volto a adormecer. (Música; troca de cenário.) CENA III - (Mãe prepara os dois meninos para uma visita.) Narrador No dia seguinte… Sholem ima, shalom. Nós vamos visitar dod Moshe Aron e doda Pessie. Mãe Venham vestir os agasalhos! (Enrola os cachecóis nas crianças.) Shalom, e não se demorem! (As crianças saem, rodopiam, cantam e chegam à casa de Dod Moshe Aron. Entram.) Sholem e Motel Shalom, dod Moshe Aron. Shalom, doda Pessie. Chag Sameach! Pessie (Beija-os, abraça-os, pega seu avental na mão e lhes assoa os narizes.) Assoem, assoem bem forte! (As- soam.) Mais, mais um pouco. Bem, agora, vamos tirar os casacos e os cachecóis. Como está o papai? Sholem Vai bem. Pessie E a mamãe? Motel Vai bem. Pessie Preparou os gansos? Sholem Preparou. Pessie Derreteu a gordura? Motel Derreteu. Pessie Fez latkes? Sholem Fez. Pessie Dod Beni esteve lá? Motel Esteve. Pessie Jogaram damas? 79 Sholem Jogaram. Pessie Discutiram? Motel Discutiram. Pessie Muito bem, crianças sabidas. Ah! Mas já sei porque vieram. É por causa do Chanuke guelt, não? (As crianças se entreolham e não dizem nada. Pessie se di- rige ao marido, gritando) Moshe Aron! Chanuke guelt para as crianças! Moshe Aron Hã? Quê?! Pessie Chanuke guelt para os meninos! Moshe Aron Não grite! Não sou surdo! (Voltando-se para as crianças.) Ahá! Querem Chanuke guelt, não?! E o que vão fazer com ele? Vão gastar, né? Mas ouçam bem ao dod. Não gastem! Não gastem nada. (Pensando e se diri- gindo à Pessie.) É assim que se estragam as crianças. Logo tornam-se homens esbanjadores. Mas não gastem nada. Guardem, ouviram? (Vai a um canto da sala, põe a mão no bolso, tira algumas moedas e se volta para as crianças.) Crianças, eis o vosso Chanuke guelt, chag sameach! Dêem lembranças ao aba e à ima’. (As crianças saem.) Narrador E, assim, saímos. Queríamos muito ver as moedas que dod Moshe Aron nos havia dado, mas o frio era tanto, que não tínhamos coragem de tirar as mãos do bolso. Então, sob e sobre a neve, rumamos até a casa de dod Itzi, o tio com o qual papai não conversa. Há muito tempo, haviam brigado. Todavia, mesmo assim, nas Grandes Festas, costumam ocupar cadeiras vizinhas no Beit Haknesset e comparecem às festas que têm lugar na casa de cada um. Enfim, são irmãos; amam-se fraternalmente, mas não se conversam. Ainda assim, dod Itzi e doda Beile nos receberam muito bem, serviram- nos sufganiot, deram-nos Chanuke guelt e desejaram-nos chag sameach. Depois, lá fomos nós para a casa de dod Beinish e doda Iente. Estes, bem, não os descreverei. Vejam por si mesmos que família alegre!!! CENA IV - (Na casa de dod Beinish e doda Iente..) Doda Iente Crianças, parem de se bater! Kadoches, Feije, Guitel, parem de gritar! Golde, venha cá comer; logo seu pai estará de volta do Beit Haknesset. Shtill, misse meshine!(Puxa os cabelos.) Sholem e Motel Shalom, doda! Chag sameach! Doda Iente Entrem, kinder. Como vão? Como está o aba? E a ima? Dod Beinish (Ao entrar, reina o silêncio.) Chag same- ach! Como vão, Sholem e Motel? Motel Bem, toda! Sholem Shalom, dod! Chag sameach! Narrador Depois desta loucura, saímos. CENA V - (Na casa da irmã Odl e seu marido Sholem Zeidl.) Narrador Agora, faltava-nos ir à casa de nossa irmã Odl, a chorona. Desde que me conheço por gente, lembro-me dela sempre choramingando. Já nosso cunhado Sholem Zeidl era seu oposto. Sempre bem-humorado, nunca deixava escapar uma oportunidade de dar-nos um piparote, ora no nariz, ora na orelha. Bem… ei-los! Sholem Zeidl Olhem só quem vem aí! Como vão vo- cês? Fizeram muito bem em vir. Preparei Chanuke guelt para vocês. (Tira as moedas do bolso.) Venham até aqui. Aqui está! (Dá as moedas e, enquanto contam, aproveita para dar um piparote em cada um. Entra Odl.) Odl (Choramingando.) Pare com isso, Sholem Zeidl. Deixe os meninos em paz. (Abraça-os e os puxa para a frente.) Como vai o aba? E a ima? E a Breine? Dod Beny esteve em casa? Motel Ô, mana, faça uma pergunta de cada vez! Sholem Em casa, vai tudo bem. Motel Dod Beni este em casa e brigou com o aba como sempre… Odl (Novamente choramingando.) Ah, que bom! Que no próximo ano, tudo isto volte a acontecer… Venham, vou dar-lhes balas e mais Chanuke guelt. (Dá-lhes, beija- os e lhes diz: ) Shalom! Chag sameach, sigam em paz! Sholem Zeidl Shalom, kinder! (E lhes dá mais dois piparotes.) Odl (Choramingando.) Chega, Sholem Zeidl! CENA VI - (De volta à casa de Sholem e Motel.) Narrador Saímos de lá, corremos alegres para casa, ansiosos por contar nosso tesouro. Refugiamo-nos num canto da sala, tiramos nosso Chanuke guelt dos bolsos e nos pusemos a contá-lo. Sholem Motel, deixe-me contar primeiro, depois você conta o seu. Bem, 2 kopkes mais 2 rublos, mais 15 gro- shens, mais 2 piatkes…? (Fica pensando.) Motel (Impaciente, começa a contar também.) Bem, 2 piatkes, mais 1 kopke, mais 3 rublos, mais 10 groshens… quanto é isso, Shalom? Sholem Não me interrompa, Motel! Tenha paciência… Zain Shtil! Todos (Todos os familiares entram, rodeiam a mesa e começam a acender as nerot da chanukia, cantam can- ções da festa. As crianças levantam-se e se aproximam. Também o narrador se aproxima. Apagam-se todas as lu- zes. Permanecem acesas apenas as velas e as lanternas.) Que D’us nos proteja e defenda; Que nos livre sempre do mal; Como bênção de vossa luz, Dai-nos, Senhor D’us, felicidade, e oremos pela paz! FIM CHANUKA 80 5. Histórias de Chanuka Breve história de Chanuka9 Há muitos anos, o povo judeu vivia em Israel. Porém, nesta época, Israel era dominado pelos gregos. Mesmo não podendo governar suas terras, os judeus viviam bem, estudavam a Tora, celebravam o Shabat e iam ao Beit Hamikdash. O Beit Hamikdash era um Grande Templo, que ficava em Jerusalém, onde judeus rezavam e guardavam a Tora, o que tinham de mais importante, no Aron Hakodesh. Lá, ficava também uma linda menora de ouro, que era acesa todos os dias pelo cohen, que usava óleo guarda- do em jarros, para acendê-la. Entanto, infelizmente, os judeus não conseguiram viver em paz por muito tempo. O rei da Grécia, Antiochos, não respeitava os judeus, seu D’us, nem seus costumes. Então, ordenou a seus soldados que entrassem no Beit Hamikdash e roubassem todos os objetos sagrados. Os objetos que não pudessem ser levados seriam destruí- dos! Os gregos, colocaram a estátua de um deus grego no altar, e quem tentasse impedi-los teria que enfrentar os fortes soldados do exército grego montados em seus enormes elefantes. O povo tentou reagir, porém os gregos eram mais for- tes. Antiochos, então, ficou furioso, e fez um decreto proibindo os judeus de rezarem, celebrarem o Shabat e estudarem a Tora. Antiochos queria que os judeus acre- ditassem no deus dos gregos e que seguissem a sua reli- gião. E proclamou: “Quem desobedecer minhas ordens, será castigado.” Os judeus passaram a esconder-se para estudar a Tora, celebrar o Shabat e rezar. No entanto, era muito perigoso desrespeitar as ordens do rei. Quando algum soldado se aproximava de um judeu, este fingia estar jogando o se- vivon para disfarçar e não ser descoberto. Em toda a terra de Israel, já se sabia das ordens do Monarca Antiochos. Em uma pequena aldeia chamada Modiin, os mora- dores eram agricultores e cuidavam de seus campos e colheitas. Era ali que vivia Matitiahu Hachashmonai, e seus cinco filhos: Iochanan, Shimon, Iehuda, Eleazar e Ionathan. Matitiahu era o homem mais velho, mais sábio e o mais respeitado na cidade de Modiin. Um dia, a paz de Modiin foi quebrada, quando alguns soldados gregos chegaram e colocaram a estátua de um ídolo e um porco no meio da praça e proclamaram as ordens do Rei Antiochos: “Todo judeu precisa converter-se!”, “É proibido estudar a Tora!”, “É proibido aos judeus res- peitar o Shabat!”, “E todos devem curvar-se diante da estátua do deus grego!” Um soldado disse: “Ordeno que todos se curvem diante da estátua, agora!” Todos os habitantes de Modiin ficaram imóveis, quan- do, então, ouviu-se a voz de Matitiahu Hachashmonai: “Meu D’us é um só!” E então, Matitiahu destruiu o altar e ordenou a seus filhos que atacassem os gregos, e toda a cidade se juntou a eles e conseguiram combater aquele grupo de soldados. Entretanto, os habitantes de Modiin sabiam que os gregos voltariam com mais soldados e com mais armas… Daí, perguntaram a Matitiahu Hachashmonai, o que fazer. Matitiahu Hachashmonai disse: “Vamos para as montanhas e, lá, nos esconderemos nas cavernas; lá po- deremos continuar a estudar a Tora e a treinar para en- frentar os gregos. E assim fez o povo de Modiin. Escon- didos nas cavernas, fizeram armas de pedras e treinaram muito para a guerra contra os gregos. Iehuda Hamakabi, filho de Matitiahu Hachashmonai, inteligente e muito corajoso, era o general do exército judeu. E então, depois de um tempo, começou a guerra. O exército de Iehuda Hamakabi, apesar de pequeno e por- tando armas simples, surpreendeu os gregos que eram muito numerosos. Sabendo como o exército judeu era imbatível, Antiochos convocou Lisias seu melhor gene- ral. Os guerreiros de Iehuda Hamakabi rezaram para D’us pedindo forças. Assim, derrotaram os gregos, ex- pulsando-os para sempre de Israel. Os Makabim liber- tadores foram para Jerusalém, onde encontraram o Beit Hamikdash sujo e abandonado. Começaram, então, a consertar e a restaurá-lo. Todos ajudaram até que o Beit Hamikdash ficou limpo, bonito de novo e purificado. Em 25 de kislev, estavam todos prontos para Chanukat Habait, todos vestidos com roupas de festa foram para o Beit Hamikdash. Iehuda Hamakabi preparou a menora de ouro e, quando foi procurar o óleo para acendê-la, não o encontrou. Todos ficaram muito tristes, pois sa- biam que, para fazer mais óleo, demorariam muitos dias. Não se conformaram e procuraram, procuraram, até que encontraram um kad pequeno de óleo, mas não ficaram totalmente felizes, pois o óleo só duraria um dia. E ainda precisariam de 7 dias para produzir o novo óleo. Então, aconteceu o milagre! Todos os dias, o jarro de óleo se enchia sozinho, durando assim, oito dias e, du- rante estes dias, conseguiram produzir mais óleo. Desde então, a partir de 25 de kislev, comemoramos a vitória dos corajosos Makabim durante oito dias. Mesmo sendo poucos contra um batalhão de gregos, venceram, fazen- do assim com que todo judeu pudesse continuar a seguir sua religião. 9 História resumida e adaptada para a idade de 3 a 6 anos. Para a idade de 3 anos, a professora deverá adequar a história de acordo com o grupo. 81 O sevivon que não queria girar O dia amanheceu e, com ele, um monte de coisas também despertou. O sevivontambém acordou, pois já estava dormindo há bastante tempo: “Ah! Puxa a vida!” disse o sevivon, “Dormi bastante, também, pudera! A fes- ta de Chanuka foi há quase um ano atrás. Mas logo logo, Chanuka vai chegar de novo e, aí, terei novamente muito trabalho. Pessoal, acorda! A festa de Chanuka está chegando e temos que nos aprontar.” As personagens acordaram espreguiçando-se. Um por um, se vão apresentando, arrumando-se e limpando-se, limpam os olhos e perguntam o que foi que aconteceu: “Está chegando a festa de Chanuka, temos que nos preparar”, disse o sevivon, “Olhem como estou cheio de poeira, tenho que me limpar.” O sevivon soprou, limpou as quatro letras, deu uma voltinha e viu que ficou mais bonito e arrumado. Só que estava triste. Olhando para seu corpo, pensou... Essas letrinhas... de que adianta tê-las à minha volta, se ninguém nem sabe o que querem dizer... Nem tenho vontade de rodar nesta festa de Chanuka. Todos a uma só voz se espantaram: “O quê? Você não vai girar em Chanuka? O que fare- mos sem você?” “Não me importa, não vou girar de jeito algum...”, dis- se o sevivon. “Que tal se lhes torcessem o cabinho? Como vocês se sentiriam se os fizessem girar em torno do seu próprio nariz, sim... ficando tonto, tonto, até cair?” A chanukia exaltada respondeu: “Ah é? E o que você tem a dizer de mim que tenho velas quentes derretendo sobre mim, esquentando-me e sujando-me com cera der- retida? Se alguém tem motivos para queixas, este alguém sou eu...” “Quem tem motivos para queixas sou eu. Sou a batata, descascada, batida, ralada e mexida até virar bolinhos, as levivot de Chanuka. Mas vale a pena, pois é para a festa de Chanuka.” “Imaginem só vocês - sou a sufgania, a mim, abrem no meio, enchem-me de creme e fico toda lambuzada. Não é fácil, mas para a festa de Chanuka vale a pena...” “Não é fácil ser ner de Chanuka, também me acendem e me derreto de tanto calor. Mas tudo vale a pena, pois é Chanuka...” “E em mim, colocam o óleo quente e aí fico todo ole- oso, tendo que ficar durante toda a festa de Chanuka sem tomar banho... mas, se é para a festa de Chanuka, vale a pena...” “Está vendo sevivon, não vejo motivos para que você se queixe tanto assim, afinal de contas, sua vida não é das piores, todos têm seus problemas, mas nada é mais importante do que a festa de Chanuka.” Finalmente, a noite de Chanuka chegou. A chanukia estava toda orgulhosa no parapeito da janela. A vela so- bre ela estava toda orgulhosa, já de cabeça erguida para ser acesa. As levivot estavam quentes, esperando para se- rem comidas sobre a mesa. As sufganiot estavam cheias de creme, também esperando para serem saboreadas. O kad estava brilhando sobre a mesa enfeitando-a. A mãe fez a bracha, e todos disseram: “Amen.” A mãe desejou a todos “Chag Sameach!”, e entoaram todos as canções de Chanuka. A menina pegou o sevivon e o girou pelo cabinho. “Vejam só! Este sevivon não está girando!”, disse ela, “Al- guma coisa deve estar errada!” A mãe pediu para experimentar, mas o sevivon não girava e sempre caía... A chanukia pediu ao sevivon: “Levante-se e gire, é Chag HaChanuka!” O sevivon retrucou: “Não quero, não vou girar.” A batata: “Por favor, sevivon, veja se muda de idéia!” Todos os objetos juntos: “Gira, gira, gira.” O sevivon: “Não, não e não. Não quero e pronto!” A mãe pegou o sevivon e o examinou: “Acho que já descobri o que há de errado com este sevivon. Olhe! Você está vendo estas letras nos lados do sevivon? Você sabe o que elas significam?” A menina: “Não, não sei não, conta para mim?” A mãe: “ Esta é a letra nun, que significa nes, milagre, esta é a guimel, de gadol, grande; esta é a hei, de haia, aconteceu; e este é o shin, de sham, lá – todas juntas querem dizer nes gadol haia sham - um grande milagre aconteceu lá.” O sevivon: “Um milagre! Eu represento um milagre!” E começou a girar devagarzinho. A menina animou o sevivon: “Vamos lá sevivon, gire bem bonito...” O sevivon deu uma volta, e mais uma volta e deu um grande pulo. Ele era o sevivon mais feliz do mundo, girava e girava, saltitando ao redor das crianças. Todos os objetos se juntaram em volta do sevivon e começaram a girar com ele... E juntos cantaram e dançaram e desejaram um alegre e feliz Chanuka. CHANUKA 82 A chanukia do vovô I. Gutman Rami e Ruth têm uma bela chanukia em casa. A cha- nukia já tem muitos anos, é uma chanukia feita de cobre. - Papai, Rami perguntou, de onde temos esta cha- nukia? Quem a deu para nós? - Esta chanukia, o avô de vocês me deu quando eu era um garoto. O vovô contou, que esta chanukia foi feita há cem anos e talvez até mais. Meu próprio avô acendeu nela, as nerot de Chanuka. O pai de Rami disse ainda:”Vocês também, crianças, meus netos também irão cuidar da chanukia, desta cha- nukia antiga, e nela acenderão as nerot de Chanuka. Antes da festa de Chanuka, Rami chamou Ruth: “Ve- nha Ruth, vamos limpar a chanukia e fazê-la brilhar.” As crianças limparam e esfregaram a chanukia muito bem; lustraram até que ela brilhasse como a luz do sol, quase como o ouro. As crianças ficaram muito felizes por conseguirem obter tamanho sucesso em seu trabalho. Na primeira noite de Chanuka, o pai chegou em casa, e viu, de repente, que no patamar da escada, a velha cha- nukia de seu avô estava reluzindo. E ficou feliz, muito feliz. Deu um beijo em Rami, deu um beijo em Ruth e falou: - Obrigado crianças, vocês fizeram muito bem! Quem dera que o vovô pudesse ver como vocês lustra- ram bem a chanukia, ele também ficaria muito feliz. 6. Brachot e psukim Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech Haolam Asher kidshanu bemitzvotav vetzivanu lehadlik ner shel Chanuka. Bendito sejas o Senhor, ó Eterno nosso D’us, Rei do Universo, Que nos santificou com seus mandamentos e nos ordenou acender a vela de Chanuka. Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech Haolam Sheassa nissim laavotenu baiamim hahem bazman haze. Bendito sejas o Senhor, ó Eterno nosso D’us, Rei do Universo, Que fez milagres a nossos pais, naqueles dias, nestes tempos. Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech Haolam Shehechianu vekiimanu vehiguianu lazman haze. Bendito sejas o Senhor, ó Eterno nosso D’us, Rei do Universo, Que nos conservou em vida, nos sustentou e nos fez chegar a estes tempos. Maoz tzur ieshuati, lecha nae leshabeach, tikon beit tefilati, vesham toda nezabeach Leet tachin matbeach, mitzar hamnabeach Az egmor beshir mizmor Chanukat hamizbeach. Ó Rocha inabalável, fonte do meu socorro, ao Senhor é bom louvar. Estabelece a casa das minhas orações, para que ali Lhe ofereçamos nossa gratidão. Na época em que apagar os vestígios do inimigo impetuoso, jubilaremos, em hino, proclamando a restauração do Seu altar. - Chanuka chag haor - Chag urim sameach - Kol echad hu or katan kulanu or eitan. Chanuka Festa da Luz Festa das Luzes alegre Todos somos uma luz potente cada um é uma pequena luz 83 7. “Fique por dentro” Chag HaChanuka (A Festa da Inauguração), será comemorada no dia 24 de kislev; este ano, será no dia 08 de de- zembro (dia 07 é véspera (erev); portanto, a 1ª vela). Esta festa é conhecida como a Festa das Luzes, quando acendemos, por 8 dias, as velas da chanukia, para lembrarmos nestes dias a vitória de exército dos macabeus contra os gregos, e a re-inauguração do Beit Hamikdash de Ierushalaim. A palavra chanuka significa, inauguração; daí, o nome da festa. Neste ano, durante as aulas, as crianças, depois de ouvirem a história de Chanuka, fizeram o seu próprio sevivon, para levar para casa e brincar, durante os dias de Chanuka. No sevivon, um tipo de pião, estão gravadas as letras hebraicas - nun, guimel, hei, pei (ou shin) – lembrando: nes gadol haia pó (ou sham), ou seja, um grande milagre aconteceu aqui (ou lá). A comemoração coletiva da festa incluiu o acendimentoda chanukia e a apreciação de sufganiot (sonhos), cos- tumes de Chanuka. CHAG SAMEACH! Como acender as velas de Chanuka? Acendemos oito velas, uma a cada noite, durante a festa de Chanuka. A chanukia, porém, tem nove velas. Uma delas, o shamash, é destacada das demais, acesa todos os dias e usada para acender as outras. As velas devem ser colocadas da direita para a esquerda, mas devem ser acesas da esquerda para a direita. As preces são recitadas, a cada noite, segurando o shamash aceso. As demais deverão ser acesas imediatamente após as bênçãos. As primeiras duas bênçãos são recitadas todas as noites; a terceira só é pronunciada na primeira noite (vide página anterior). CHAG SAMEACH! Canções e poemas CHANUKA Hanerot halalu anu madlikim al hanissim veal haniflaot veal hatshuot veal hamilchamot sheassita laavotenu baiamim hahem bazman haze, al iedei kohanecha hakdoshim; vechol shmonat iemei Chanuka hanerot halalu kodesh hem, veein lanu reshut lehishtamesh bahem, ela lirotam bilvad, kdei lehodot ulehalel leshimcha hagadol al nissecha veal niflotecha veal ieshuatecha. Estas velas nós acendemos por causa dos milagres, maravilhas, salvações e guerras, que fez aos nossos antepassados, naqueles dias, nestes tempos, pelas mãos dos Seus santos sacerdotes. Por isso, estas velas são sagradas todos os oito dias de Chanuka; não estamos nós autorizados a fazer qualquer outro uso delas senão o de apreciá-las, a fim de que possamos oferecer agradecimentos a Seu nome por Seus milagres, obras maravilhosas e salvação. • Anu Nossim Lapidim • Banu choshech legaresh, S. Tanahi • Kad katan, A. Ashman • Chanuka chag iafe kol kach • Chanukia li iesh, S. Gluzman • Chanuka song, I have a little dreidel • Hanerot halalu • Hava narima, L. Kipnis • Iemei HaChanuka • Levivot bevakasha, L. Naor • Lichvod HaChanuka • Maoz tzur ieshuati • Mi imalel • Mistovev hasevivon • Ner li, L. Kipnis • Sevivon katan • Sevivon, sov sov sov • Sheket sheket, E. Harussi • Sipur Hasevivon 84 Sugestão de sites http://www.education.gov.il/preschool http://www.chaguim.org.il/chanukkah.html http://www.bluemountain.com/ http://Chanuka.com http://galim.org.il/holidays/Chanuka http://www.Chanukah97.com http://www.chabad-lubavitch.com/lights/ http://www.holidaynotes.com http://www.greetme.com http://www.draydelhouse.com http://rats2u.com/christmas/hanukkah_index.htm http://holidays.bfn.org/xmas/Chanuka.html http://jajz-ed.org.il/ivrit/hanuka/index.htm http://www.jajz-ed.org.ul/festivals/hanuka/index.htm http://aish.com/holidays/Chanukah/ http://www.vjholidays.com/Chanukah/ http://www.geocities.com/Heartland/7997/Hanukkah.htm http://www.angelfire.com/ma/1stGrade/pageh.html http://www.geocities.com/enchantedforest/dell/7376/ Bibliografia Becker J. Learn as you color. Cohen, L. Chag vechaguiga lapeutot. Israel. 1993 Cook, E. Jewish Artwork by Esky. ISBN: Preferred Publ. Services. 1994 Gur-Arie, M. A. Chaguim umoadim beIsrael. Tel-Aviv: Sifriat Hapoalim. Israel.1990 Gur-Arie, M. A. Vehigadta levincha. Tel-Aviv: Sifriat Hapoalim. Israel. 1992 HaCohen, M. & HaCohen, D. Chaguim umoadim. Israel. Israel. Tochnit misgueret legan haieladim guilaei 3-6. Misrad Hachinuch Hatarbut vehasport, Haagaf lechinuch kdam iessodi. Jerusalém. 1995 Manor, E., Shapira T. & Marzel, P. The Illustrated, Interactive Dictionary for Children. De Nur Publ. Israel. 2001 Mindel, N. Mafteach Lagananot. Nissim, R. Beshvilei Hagan. Snir, M. e Teper, Y. Ani bachaguim ubaonot. Israel. Tel Aviv: Hotz. Hakibutz, Hameuchad. 1999 Steinmetz, R. A História Completa de Chanuka. O Guia. Edt. Chabad. Tzarfati, M. Tchanim upeiluiot lechag HaChanuka veTu Bishvat. Israel: Michlalon Niv Tzion, 2000 Zamir, R. Teacher’s Guide. For Summer camps & Hebrew School. Chaguei Israel Umoadav. Israel Gan ieladim beavodato. Israel “Lama Chanuka” Sefer HaChanuka, al pi Sefer HaChashmonaim. Israel Maagal Hashana. Madrich tochnit haavoda laguil harach. Israel Almanaque do Tzivot Hashem. Around the Jewish Calendar. Holiday Greatest Songs. Shirei Chanuka Integrating the Multiple Intelligence Theory into a Judaic Curriculum. Jewish Holiday Crafts, Arts & Crafts. The Jewish Holiday Card Game. 85 Tu Bishvat Crianças e árvores crescendo juntas Fontes …beechad bishvat Rosh Hashana lailan kedivrei Beit Shamai, Beit Hilel omrim bechamisha assar ba… … No primeiro dia de shvat, comemora-se o Rosh Hashana da árvore, de acordo com Beit Shamai, e no dia quinze, de acordo com Beit Hilel… (Mishna Massechet Rosh Hashana perek alef, mishna alef) …bachamisha assar bishvat Rosh Hashana leilan… …o décimo-quinto dia do mês de shvat é o ano novo da árvore. (Mishna Rosh Hashana 1,1) *A árvore na religião judaica Um laço baseado em um carinho e apreço especiais se reflete no conteúdo das fontes literárias religiosas: na Bíblia, assim como no Talmud e nos midrashim. As Escrituras proíbem expressamente o abate de árvores frutíferas, inclusive em tempos de sítio ou de guerra, nos tempos que, baixo à tensão do perigo, nem sempre se é meticuloso no cuidado de hábitos ou maneiras culturais e no controle dos instintos. Não somente a vida do homem é importante no Judaísmo, como também a das árvores, especialmente aquelas que dão frutos, já que servem à sobrevivência humana. A exceção reside em que, em tempos de emergência, fica permitido o abate de árvores que não dão frutos. Podemos ver que há um trato especial para as árvores, que foram especialmente contempladas na legislação bíblica. O Homem é comparado à árvore Árvores frutíferas, sobre as quais a Tora tem tanto cuidado, têm sua comparação ao homem frutífero, ou seja, aquele que não vive só para si, mas sim produz e providencia alimento e sustentação para o próximo. O melhor protótipo deste é o professor, que tem o mérito e a responsabilidade de ser uma árvore frutífera, de produzir frutos doces, saudáveis, belos, e, principalmente, que contenham a semente que levará adiante esta cadeia do conhecimento e conduta. 86 Descrição da festa * Tu Bishvat é, em Israel, o “aniversário” oficial das árvores, comemorado no décimo quinto dia do mês de shvat. A data do ano novo das árvores foi designada por chachamenu (nossos sábios) de Israel em Tu Bishvat, seguindo sua observação à natureza. Após observar o clima e sua influência sobre a natureza, repararam que, em Israel, no mês de shvat, chovia o maior volume, comparando à quantidade do ano inteiro, e que, nesta época, as árvores, tendo absorvido a água das chuvas do ano anterior, começariam novamente a florescer e a dar frutos. Tu Bishvat é considerado o início do ano das árvores, pois é o ponto médio do inverno em Israel: a força do frio dimi- nui, a maioria das chuvas do ano já caiu e a seiva das árvores começa a subir. Como resultado, os frutos começam a se formar. A fruta que já estava madura antes de Tu Bishvat foi nutrida na estação chuvosa anterior. O cálculo dos anos de uma árvore é necessário para a realização das diversas mitzvot da Tora: maasrot – o dízimo dos frutos de cada ano; orlo – proibição de comer frutas de árvores nos três primeiros anos; revai – redenção dos frutos no quarto ano; shmita – o ano sabático. Este dia possui um significado especial, pois o ser humano é comparado à árvore, conforme escrito na Tora: “Pois o homem é como uma árvore no campo”. A árvore está constantemente crescendo e, assim, devemos nós também crescer; a árvore produz frutos e, assim, de- vemos também produzir frutos. Em Tu Bishvat, devemos renovar nosso crescimento pessoal, assim como as árvores que começam a retirar umidade da terra: raiz = em conexão à fonte = fé tronco, corpo principal = estudo e cumprimento da Tora fruto, o resultado = influência positiva. Em Israel Atualmente, no dia quinze do mês de shvat, celebra-se Tu Bishvat, o ano novo das árvores, plantandoárvores e comendo frutas típicas e tradicionais de Israel, eviden- ciando a ligação íntima do povo judeu com a sua terra e seu profundo amor às árvores. Com o começo do re-assentamento em Israel, esta festividade tornou-se a festa do plantio da árvore, que simboliza a vontade do povo de se enraizar em sua terra. Daí por diante, o plantio de árvores ficou sendo o motivo central desta festividade. Como o plantio de árvores, em volta da maioria das escolas, já se completou, esta festi- vidade recebeu um significado adicional, comemorando, também, o Dia da Preservação à Natureza, realizando o costume de sair e passear na natureza. Israel é um dos poucos países que, neste começo do século 21, tem mais árvores do que no princípio do sé- culo passado. Desde que foi plantada a primeira árvore no Bosque Ben Shemen, em 1908, os bosques cumpriram muitas funções na história de Israel. Primeiro, e sobretu- do, cuidar das terras nacionais, proporcionando ocupa- ção a milhares de novos imigrantes que trabalharam em obras de reflorestamento. Consequentemente, o bosque e a árvore, passaram a simbolizar a volta à Terra de Is- rael. A partir de 1949, após o surgimento do Estado de Is- rael, a Knesset - Parlamento de Israel também comemora seu aniversário neste dia. 87 Mensagens das escolas Homens e plantas O homem é como a árvore Tu Bishvat é o Ano Novo das Árvores, uma festa come- morada com o cumprimento de vários costumes. Cha- chamenu os associam à frase: “O homem é como a ár- vore do campo”, pois a analogia entre árvore e homem é tão fundamental para nossa personalidade, que os seres humanos celebram o Ano Novo das Árvores. Há aspectos básicos em uma árvore: raízes, tronco, galhos, folhas e frutos. As raízes não são visíveis. Entre- tanto, são elas que sustentam a estrutura da árvore e lhe permitem suportar fortes ventos. Pelas raízes, a árvore retira a maior parte de sua nutrição. O tronco e os galhos representam a porção maior da árvore; são a parte, onde o crescimento é refletido e são aquilo que faz a árvore atraente a quem a vê. Contudo, não são o propósito su- premo da árvore. O propósito máximo da árvore é seu fruto, pois é o fruto que beneficia o outro e contém as sementes que provêem as espécies com potencial para posteridade. Possuímos uma símile para cada um destes aspectos em nossa personalidade. As raízes representam o poten- cial de fé, qualidade espiritual que liga o homem a D’us, a fonte de sua nutrição. À medida que alguém cresce e se desenvolve espiritualmente, continuamente conta com seus fortes laços de fé como apoio. O tronco, os galhos e as folhas representam o estudo da Tora e a ex- pressão dos valores judaicos na conduta diária. Estes são os meios que permitem a alguém crescer e desenvolver. E são estas atividades que lhe geram beleza interior e o tornam atraente aos outros. A realização suprema da pessoa, contudo, são seus frutos, seu desenvolvimento com os outros: primeiro e acima de tudo, com sua própria família, as sementes que planta, mas também com quem vive a seu redor. Por meio destes esforços, uma árvore gera outra; uma pes- soa é capaz de inspirar um colega a imitar seu exemplo, estabelecer uma base de fé. Crescimento constante Há uma dimensão positiva singular para o crescimento potencial das plantas. Em oposição aos animais ou hu- manos, cujo crescimento físico cessa a uma determinada idade, as plantas crescem continuamente; sua vida e cres- cimento são intrinsecamente relacionados. Em particular, tal qualidade se relaciona às árvores, pois dentro do rei- no vegetal são elas que crescem altaneiras em direção ao céu, exibindo o potencial de crescimento muito mais que as outras plantas. Esta é uma qualidade que nós, hu- manos, devemos procurar imitar. Embora o crescimento físico possa cessar, devemos lutar por continuar a crescer intelectual e espiritualmente, sem parar de desenvolver o potencial humano. Enraizado na fonte O potencial de crescimento das plantas é caracte- rizado por uma qualidade única. Embora uma planta continuamente cresça para o alto, sempre permanece ligada à sua fonte de alimento, o solo. Em oposição a animais e humanos, que se movem livremente para que vicejem e floresçam, as plantas devem continuar firmemente enraizadas. Este conceito também pode servir como analogia ao desenvolvimento pessoal. A fonte de um judeu é a he- rança da Tora e, como acima mencionado, as raízes são uma analogia para o potencial de fé. À medida que cres- cemos e nos desenvolvemos como indivíduos, é exigido que muitos de nós passem grande parte do tempo em ocupações e preocupações além da esfera imediata da Tora. Quando podemos florescer em tais situações? Ape- nas quando a fé nos mantém firmemente enraizados na herança da Tora. Há uma outra dimensão significativa sobre o cresci- mento das árvores. Ao contrário de outras plantas, as árvores vicejam por todo o ano. Não apenas são capazes de suportar diferentes estações e mudanças climáticas, como também crescem o tempo todo. Esta é também uma lição que pode ser aplicada à nossa vida. Deve- mos procurar ver cada situação como tendo o potencial de contribuir para o crescimento e tentar desenvolver a flexibilidade interna, que nos permite responder positi- vamente a transições e mudanças. Como mudas crescem e vicejam Tu Bishvat, como outras festas judaicas, possui uma conexão especial com crianças. São elas que praticam o costume de comer os frutos de Tu Bishvat com ale- gria e entusiasmo. Aqui também há uma lição aplicável à nossa vida. Assim como uma pequena melhoria numa muda produz uma grande melhoria na planta, que sub- seqüentemente cresce dela, da mesma forma, uma pe- quena melhoria na educação das crianças as afeta por toda a vida. (Texto extraído do Chabad News nº 230, adaptado de Likutei Sichot, vol. XVII) – Gani TT TU BISHVAT 88 Nomes da festa O significado do nome Tu Bishvat, na junção das letras ט (tet) e ו(vav), que têm valor numérico 9 e 6, respectiva- mente, totalizando 15, e טבשב (Bishvat), que significa, “no mês de shvat”. Daí, a comemoração acontecer no dia 15 do mês de shvat. Rosh Hashana lailanot (Ano Novo das Árvores) Ano novo do dízimo de frutas das árvores, e contagem de sua idade. Pelas diferentes maneiras de praticarem a festa, atual- mente, apresenta novos nomes, como: Chag Netiat Hailanot (Festa do Plantio da Árvore) ou Chag Hanetiot (Festa do Plantio). Chag Hashkedia (Festa da Amendoeira) A origem deste nome vem da árvore da amêndoa (shaked, shkedia), e foi escolhido por sua característi- ca especial de ter frutos que se mostram esforçados e persistentes, florescendo a cada ano com flores rosas ou brancas, até mesmo antes da época que as outras árvo- res dão suas flores. Seu florescimento dura 10-14 dias apenas, mas seus frutos amadurecem cinco meses mais tarde, no final do verão. Iom Shmurat Hateva (Dia da Preservação à Natureza) Conceitos importantes • etz: árvore • shoresh: raiz • gueza: tronco • anaf(im): galho(s) • ale/im: folha(s) • pri/perot: fruto/a(s) • perach/prachim: flor(es) • garin(im): grão(s) 89 Símbolos e motivos, usos e costumes Tu Bishvat é celebrada, saboreando frutos. Costuma-se apreciar várias espécies de frutas, algumas da nova estação, para poder recitar a bracha de shehechianu. É costume comer, especificamente, dos frutos pelos quais Eretz Israel é enaltecida: os shivat haminim. A celebração cabalística de Tu Bishvat, originária de Tzfat, toma a forma de um seder1, similar ao seder de Pessach. Certas frutas são ingeridas numa dada ordem. Segue abaixo a proposta de um guia para o seder de Tu Bishvat: 1- Prepare uma mesa festiva com toalha, velas e flores; 2- Comece servindo bolo ou outro alimento saboroso que leve farinha, recitando a bracha “boreminei mezonot”; 3- Sirva vinho ou suco de uva, após o bolo, com a “bracha bore pri hagafen”; 4- Recite, em seguida, a bracha da fruta, “bore pri haetz”, saboreando, em primeiro lugar, as frutas pelas quais Eretz Isra- el é enaltecida, ou o fruto de sua preferência, seguidas pelos frutos, conforme a ordem dos 12 primeiros frutos, abaixo: 1. chita (trigo) é a base de sustento, mas demanda trabalho para crescer, ser colhido e processado. (seora, cevada, embora não incluída neste seder, é uma das sete espécies pelas quais Israel é abençoada. Usada com freqüência para alimentar animais, sua designação para o omer2 inspira nossos esforços para subjugar os ins- tintos animalescos). 2. zait (azeitona) fornece o melhor shemen (óleo) quando o fruto é esmagado. O azeite flutua sobre outros líquidos. 3. tamar (tâmara) é freqüentemente uma metáfora para a retidão, pois a tamareira é alta e frutífera. Ademais, a tamareira é resistível à mudança de ventos, assim como o povo judeu. 4. guefen (uva) pode ser transformada em diferentes tipos de alimentos (passas) e bebidas (vinho); assim, também, cada judeu tem o potencial de êxito em algum aspecto de Tora e cumprimento das mitzvot, e pode ser especial à sua maneira. 5. teena (figo) deve ser colhido assim que amadurece, pois logo estraga. Do mesmo modo, devemos ser rápidos nas mitzvot à mão, antes que a oportunidade se vá. 6. rimon (romã) tem 613 sementes, coincidente ao número de mitzvot da Tora. Tente contar! Mesmo o judeu menos cumpridor de mitzvot está repleto de méritos, assim como uma romã cheia de sementes. 7. etrog (fruta cítrica) é considerado extremamente belo e é importante à época de Sukot. O etrog permanece na árvore durante todo o ano, beneficiando-se de todas as estações, ensinando que o judeu deve ser judeu durante o ano todo. 8. tapuach (maçã) leva 50 dias para amadurecer. Também os judeus amadure- ceram durante os 50 dias entre Pessach e Shavuot. Assim como a macieira produz frutos antes das folhas, assim os judeus cumprem mitzvot, sem o pré-requisito da compreensão, como disseram na outorga da Tora: naasse venishma (“faremos” e, depois, “entenderemos, escutaremos”). 9. egoz (noz) divide-se em quatro partes, correspondentes às letras do tetragrama (do nome de D’us) e às quatro “rodas da Carruagem Divina”3. Como as nozes têm duas cascas, uma dura, outra mole, que devem ser removidas, assim também deve- mos sofrer a circuncisão física e espiritual. 10. shaked/shkedia (amêndoa) significa entusiasmo em servir a D’us, pois a amen- doeira é sempre a primeira a florescer. É por isso que o cajado de Aharon fez brotar especificamente amêndoas. 11. charuv/im (alfarroba) demora mais para crescer do que qualquer outra fruta. Lembra-nos da necessidade de investirmos muitos anos no estudo da Tora, para alcançarmos entendimento claro e valioso. 12. agas/sim (pera(s)) de diferentes cepas ainda mantêm muita afinidade. Ensina- nos a importância da união. 1 Seder; literalmente ordem. No contexto, refere-se a uma refeição, que segue determinada ordem de cumprimento de mitzvot. 2 Omer, contagem para a colheita. 3 Carruagem Divina refere-se ao relato bíblico sobre o profeta Ezequiel. TU BISHVAT 90 *Mitzvat Hanetia O plantio de árvores, mitzvat hanetia, é a primeira mitzva ordenada a bnei Israel, ao chegarem a Eretz Cnaan. *Shmira al pri A mitzva de proteger o fruto, shmira al pri, ao mesmo tempo que proíbe arrancar ou destruir árvores, também proíbe abandoná-las até que sequem. *Mitzva lo taase O mandamento proibitivo, mitzva lo taasse, nº 529 es- tabelece que “Não destruirá árvores frutíferas”, em pa- rashat Shoftim, cap. 20, versículos 19-20, sobre preserva- ção da natureza. A Tora proíbe que se cortem árvores, mesmo no intuito de sitiar uma cidade. *Mitzva bal tashchit A proibição de destruir, bal tashchit se estende, inclu- sive a rasgar, queimar roupas, quebrar qualquer objeto sem necessidade, com a intenção de evitar o desperdício. Essa mitzva tem, por finalidade, refinar nossa alma, no sentido de valorizar o que é bom e útil e, assim, afastar a maldade e o estrago. É este o caminho dos justos: amar, conseguir a paz, usufruir tudo o que Hashem criou. En- tristecem-se com a perda de algo mínimo, empregam todos os seus esforços para salvá-lo do desperdício.4 O significado da festa para crianças na idade infantil Para facilitar o trabalho da professora de Educação Infantil, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados à Tu Bishvat de acordo com os três anos que a criança freqüenta o jardim-de-infância (de 3 a 6 anos): De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festi- vidade, e dar-lhe o nome usual e freqüente, Tu Bishvat. Além disto, por meio de vivências baseadas no jogo e na brincadeira, as crianças poderão conhecer os símbolos do chag: shivat haminim (7 espécies: chita; seora; gue- fen; teena; rimon; zait; tamar), diferentes tipos de árvo- res e frutas. Partes da árvore: raiz, tronco, galhos, folhas, fruto, e cuidados com as plantas. Alguns costumes carac- terísticos da festa de Tu Bishvat, poderão ser vivenciados pelo olfato, observação, comparação de forma, tamanho, cor e degustação de frutas; observação de árvores em diferentes fontes. * Nesta faixa etária, a festa poderá ser trabalhada de maneira exploratória e concreta adequada à idade. Dá-se o início o conhecimento da mitzva de seudat Tu Bishvat, as brachot anteriores aos alimentos e a “bracha al pri haetz”. De 4 a 5 anos, quando a criança já manifesta compreensão mais intuitiva, e não somente concre- ta, seus conhecimentos de costumes e símbolos se vão ampliando, assim como se vão ampliando os ambientes de vivência: em casa, na escola, na co- munidade. Nesta época, a criança já pode entender a festa de Tu Bishvat e seu significado, contados em linguagem simples, além de poder compreender mais facilmente certos valores sociais, como cuida- dos com as árvores e com alimentos, não os des- perdiçando. A criança pode aprender os nomes adi- cionais de Tu Bishvat: Rosh Hashana Lailanot e seu contexto, além dos símbolos e costumes e seus sig- nificados, vivenciados pela família e pelo ambiente próximo. Além dos nomes das frutas, as crianças já podem conhecer suas características, assim como a árvore, suas partes e características, e valores como a importância do cuidado com a árvore. * Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot básicas e seus conceitos: seudat Tu Bishvat, o plantio, aprender que há e quais são as brachot anteriores aos alimentos; a bracha “bore pri haetz” e a importância do cuidado com as plantas. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais profundamente o significado de costumes e símbolos re- levantes, que são de valor para o povo judeu. Revela curiosidade em conhecer a história da festa e seu signi- ficado, inclusive as origens das idéias ligadas à festivida- de. Outros aspectos que se podem abordar com crianças nesta faixa etária são: o histórico e seu significado, os va- lores morais e nacionais ligados ao chag, os nomes espe- ciais do chag. Além do nome usual da festa, Tu Bishvat e seu significado, pode-se usar o nome especial, Rosh Hashana Lailanot, explicando a importância da árvore e do bosque para o homem e para a natureza. É adequado, também, conversar sobre os costumes aceitos pela co- munidade e pelo povo e seus significados, como p. ex., plantar árvores, enfatizando a importância destas para o homem, sua vida, para a paisagem, além de incentivar atividades agrícolas relevantes. * Nesta faixa etária, a criança já compreende o sig- nificado das mitzvot e, além das mitzvot de seudat Tu Bishvat, realizam-se as mitzvot ligadas com Eretz Israel: a mitzva do plantio, e os cuidados com as plantas (shmira alpri), maasser, orla, revia, shmita. Nesta fase, a criança já pode conhecer as brachot anteriores aos alimentos e a ordem em que devem ser recitadas, além dos shivat haminim. 4 Sefer Hachinuch (Livro da Educação). 91 Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Tu Bishvat Comemorando e plantando em Tu Bishvat Conteúdos: comparação de diferentes plantas, pela visualização e experimentação. Objetivos potenciais: desenvolver a capacidade de observar e identificar os processos de desenvolvimento de uma planta. Descrição: (1) plantação de batata doce: fincar palitos de churrasco de cada lado da batata e apoiá-la em recipiente, mantendo só uma parte da batata em contato com a água; (2) plantação de feijão: colocar um pouco de algodão molhado e 3 grãos de feijão, no máximo, em recipiente pequeno como, p. ex., copo descartável. Manter o algodão sempre úmido e não encharcado de água; (3) Registro do crescimento das plantas. Materiais e recursos: fotos de plantas, material para plantar, diversas sementes e tubérculos. Saboreando e aprendendo em Tu Bishvat Conteúdos: comparação dos shivat haminim, por visualização e degustação. Objetivos potenciais: reconhecer os processos de transformação de alguns dos shivat haminim em alimento manufaturado. Descrição: fazer um bolo; fazer suco de uva. Materiais e recursos: utensílios e ingredientes para o bolo e o suco. Visitando um parque ou pomar em Tu Bishvat Conteúdos: visitação de parque ou pomar, observação direta de folhagens, tipos de troncos, tipos de árvores ou pés. Objetivos potenciais: vivenciar a natureza e o prazer que proporciona. Descrição: dar um utensílio para crianças coletarem amostras de folhas e frutos; registrar com máquina fotográfica as árvores, criar desenho de observação. Materiais e recursos: utensílios, máquina fotográfica, papel, prancheta, lápis colorido, entre outros. Mitzva de shmita Conteúdos: entrar em contato com a mitzva, pela vivência. Objetivos potenciais: as crianças vivenciarão a mitzva de shmita. Descrição: as crianças, juntamente com a professora, confeccionarão a linha do tempo, colocando todos os meses ano a ano, um embaixo do outro, para perceberem a contagem. Materiais e recursos: papel craft, canetas, entre outros. As árvores de nossa escola. Conteúdos: observação das várias espécies de árvores. Objetivos potenciais: entrar em contato com a natureza, via comemoração de Tu Bishvat. Descrição: pesquisar quais árvores há na escola, e observar o tronco, as folhas e os frutos. Materiais e recursos: árvores, lupas e luvas. Adriano e o velho plantador Conteúdos: o conto de “Adriano e o velho plantador” (adaptado de Vaikra Raba, em anexo) Objetivos potenciais: a importância da preservação das árvores para as futuras gerações. Descrição: roda de conversa – (1) Contar a história, com linguagem apro- priada para crianças de 5 a 6 anos. Pode-se perguntar: O que esta história nos ensina? (2) Por que se plantam árvores? (3) A quem trazem benefícios? (4) Por que uma pessoa tão idosa se preocupou em plantar, se provavelmente não colheria os frutos? (5) O que ele pensou? (6) É certo preocupar-se com gerações fu- turas? (7) De que formas podemos ajudar gerações futuras? Atividades – (1) Listar as conclusões da roda de conversa e fazer um texto coletivo da classe, tendo a professora como relatora; (2) Dramatizar a história e fotografá-la; (3) Desenhar a história, com a figura de Adriano; (4) Falar sobre a festa: significado e costumes; (5) Mostrar fotos de árvores de Israel; (6) Plantar uma muda em vaso e fotografá-la; (6) Pedir que tragam folhas de casa, para produzir decalques de folhas; (7) Plantio virtual: www. clickarvore.com.br e (8) Montar um álbum: (página A) Colagem, na capa, do nome Tu Bishvat, em hebraico, e decoração a gosto; (pg. B) Desenho da história com a figura de Adriano; (pg. C) Tex- to coletivo sobre a história; (pg. D) Decalque de folhas (colocar folhas debaixo da página branca e passar lápis de cera deitado); (pg.E) Xerox da foto do plantio, com o texto: O que aprendi so- bre Tu Bishvat? Materiais e recursos: papel, cola, folhas de árvores, decalques, muda de planta, fotos de árvores, ‘tijolo’ ou lápis de cera. Grão e farinha Conteúdos: conhecer as diferenças entre grão e farinha. Objetivos potenciais: manuseio dos grãos e conhecer o processo da transformação Descrição: visita a uma fábrica de farinha ou a uma plantação de trigo. Materiais e recursos: vídeos; fotos; canto – vitrine: com trigo seco, os grãos e as farinhas. TU BISHVAT 92 Mitzva de maasser Conteúdos: conhecimento da mitzva pela vivência. Objetivos potenciais: pelo manuseio com massa de modelar, as crianças terão opor- tunidade de trabalhar com a contagem e entender a mitzva de maasser. Descrição: as crianças confeccionarão frutas e formarão grupos de 10 em 10, retirando o maasser (originalmente, o maasser deve ser queimado, cabe a cada escola decidir se oferece ou não esta experiência). Materiais e recursos: massa para modelar (que poderá ser substituída por papel, massa de farinha ou frutas de verdade, entre outros). Atividades com a família e amigos Cesta de Tu Bishvat Conteúdos: convidar pais e pedir que tragam uma fruta de casca dura como maracujá, grapefruit, melão ou moranga/abóbora para, juntamente com seus filhos, montarem uma cesta de Tu Bishvat. Objetivos potenciais: pais e filhos trabalharem juntos. Descrição: (1) mostrar a maneira de cortar as frutas para que fiquem em formato de cesta: cortar apenas 2 abas laterais deixando o centro como alça; (2) Cavar, retirando a polpa, separando para ser usada posteriormente como suco, salada de fruta ou doce com a moran- ga; (3) Secar bem a parte interna, revestir com papel filme. Todos receberão cravo, canela, flores naturais ou artificiais, pequenos enfeites usados em decoração, e frutas secas dos shivat haminim, para decorarem e montarem a cesta que levarão para casa. Atividades planejadas em torno de habilidades Habilidades • percepção gustativa: experimentar frutas • percepção olfativa: sentir os diferentes cheiros de frutas e/ ou flores • percepção visual: cores e formas distintas de flores e frutos • percepção tátil: texturas diferentes de folhas e flores, terra seca, terra úmida • classificação (plantas, flores, frutos) • seqüência lógica (crescimento da árvore) • contagem (grãos, sementes, pétalas) • ampliação do vocabulário. Atividades • gustativa: tomar frutas dos shivat haminim, para experimentá-las individualmente; depois, montar salada de fruta. • olfativa: ter em mãos diferentes folhas e flores - para perceber se têm cheiros iguais ou diferentes, se são bons ou ruins; se se as- semelham a outros cheiros, aromas, perfumes, e diferentes frutas, para perceber se têm ou não cheiro. • visual: selecionar plantas iguais por seu formato; selecionar flo- res iguais pela cor. • tátil: sentir folhas e flores, e selecioná-las pelo aspecto espesso, espinhoso ou macio. Compará-las com outros objetos como algo- dão e lixa, entre outros. • classificação: juntar todos os elementos e pedir para que sepa- rem por cores, textura, espessura e forma. • seqüência lógica: observar o plantio, crescimento e desenvolvi- mento das plantas, descrever a seqüência lógica, por desenhos, jogos ou até dramatização com o corpo. • contagem: separar grãos e sementes, montando gráfico que marque quantos há em cada pote, em qual há mais, menos ou igual quantida- de. A cada acréscimo de grãos ou sementes, completar o gráfico. • ampliação do vocabulário: por histórias e jogos. Organização do espaço e dos materiais Caixas de atividades Caixa, gaveta, cesta, ou outros recipientes, onde são oferecidos, para as crianças menores (até 3 anos) os símbolos e apetrechos de Tu Bishvat (de maneira focalizada), e em níveis de abstraçãodife- rentes (concreto, simulado, de plástico, fotos, imagens, livros com gravuras). A mediação oral e afetiva da professora, neste tipo de atividade, é muito importante, para as crianças aprenderem nomes, canções, danças, movimentos, instrumentos, entre outros. Após três anos de idade, estes objetos irão para o canto, montado especial- mente para Tu Bishvat. Canto Para expor imagens, objetos, símbolos, entre outros, o canto é mon- tado pelas crianças, junto com a professora, a partir dos materiais trazidos, podendo ser fixo - tipo vitrine, com mural na parede e mesa ao lado, e/ ou móvel - para brincar, manipular, interagir com caixas de atividades com objetos trazidos de casa, brinquedos e jogos didáticos e outros, álbuns de fotos, livros, e, nesta festa, diferentes tipos de frutas, folhas, sementes de trigo e cevada e as respectivas farinhas, galhos, e o que puderem trazer dos shivat haminim, além de objetos para o registro da experiência do plantio, entre outros. Exposição: de cestas confeccionadas pelas crianças junto com seus pais e irmãos. Mural Com o uso das “Cem Linguagens” de expressão, para transmitir o conteúdo do chag, com frase ou passuk relevante, em ivrit e/ou em português, p. ex.: eretz chita, seora, guefen, teena, rimon, eretz zait vetamar - Uma terra de trigo e cevada, uva, figo e romã; uma terra de azeitona e mel (de tâmara); descrição de alguma atividade viven- ciada pelas crianças, que acompanhe a imagem; registro breve (meia página) do processo de elaboração e realização de determinada atividade ou produção; ligação deste grupo, neste ano, com a come- moração do chag, entre outros. E “judaica” (arte/artesanato judaicos, de caráter estético e funcional), desenhos, imagens ou reproduções artísticas ligados à frase, à atividade descrita ou ao passuk citado: (a) prender no mural diferentes tipos de materiais de árvores; (b) utilizar galhos fincados em uma base, formando uma árvore, acrescentando frutos; (c) fotos ou representações tridimensionais dos shivat hami- nim; produções de crianças; fotografias de anos anteriores (resgate de memória): fotografias de crianças, seus familiares, diferentes famí- lias e comunidades judaicas festejando Tu Bishvat; atividade coletiva: montar um tronco com vários galhos e colocar foto de cada aluno. 93 Registro de projetos Temas • frutas: as que nascem em árvores e as que nascem em pés; tipos de sementes; fazer um levantamento das frutas que têm caroços de tamanhos diferentes, das que se come a semente, das que po- demos comer com casca e das frutas, cujas cascas desperdiçamos e cujas polpas apreciamos; • culinária; • trigo e a manufatura da farinha; • estudo sobre árvores e sua importância; • atributos: espessura, tamanho, idade da árvore. Atividades • visitar feira livre, sacolão ou quitanda; • abrir diferentes tipos de frutas, comparando as sementes, a pol- pa, as cascas, as cores, as características; • visitar pomares, indústrias de farinhas, padarias, confeitarias, entre outros; • plantar sementes e/ ou tubérculos, em lugar onde as crianças possam acompanhar o desenvolvimento da planta; • dramatizar o crescimento da planta do feijão: dividir a classe em 3 grupos: sementes: as crianças ficam encolhidas no chão; chuva: outro grupo de crianças joga papéis brilhantes representando a chuva; sol - outro grupo de crianças usa, nos pulsos, papéis ama- relos amarrados, representando raios de sol. A dramatização pode ter fundo musical; • fazer doces, salgados, saladas de frutas, pães, bolos, biscoitos; • representar tipos de frutas com recorte, colagem, massa para modelar, argila, entre outros. Integração com o projeto anual da escola O projeto “não desperdício” - bal tashchit, proibição da Tora de não desperdiçar - pode ser ligado ao tema da preservação do meio ambiente. Em Tu Bishvat, por meio de todas as atividades citadas acima e da compreensão das mitzvot de shmita e orla, formamos os valores sobre o tema. A criança, com a palavra! “Quem sabe quais são as sete espécies da Terra de Israel?” perguntou a professora para seu grupo. “Eu sei,” respondeu Yoni, acompanhando o que via na mesa: “trigo, cevada, uva, figo, romã, azeitona e barata (referindo-se à tâmara seca)!” TU BISHVAT 94 Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • etz,etzim - árvore/s • shkedia porachat - amendoeira florescendo • crianças plantando • instrumentos ligados ao plantio 2. Receitas de “delícias” típicas para realizar na escola 3. Sugestão de material didático para professores Um encontro frutífero baseado em artigo escrito por Ester Barocas e Mirush Koltin, em revista editada pela Central Pedagógica da Michlelet HaNegev. Tâmaras recheadas Ingredientes Tâmaras Nozes Açúcar 3-4 colheres 1 clara de ovo Modo de Fazer 1. Tirar os caroços das tâmaras. 2. Amassar bem as nozes até virarem uma pasta. 3. Misturar com o açúcar e a clara, misturar bem e fazer pequenas bolinhas. 4. Colocá-las dentro das tâmaras e arrumar sobre um prato. Obs: O recheio pode ser alterado, de acordo com as frutas disponíveis (coco, amêndoas, entre outras) Biscoitos de Tu Bishvat Ingredientes 200g de margarina amolecida ½ copo de açúcar 3 colheres de água 3 colheres de suco de limão 3 copos de farinha 1 colher de fermento em pó Para enfeitar: nozes ou amêndoas Modo de Fazer 1. Untar uma forma retangular. 2. Misturar os ingredientes numa massa homogênea, deixando por 2 horas na geladeira. 3. Esquentar o forno em 180º. 4. Enrolar em bolas pequenas, e apertá-las no tabuleiro com a ajuda de um garfo. 5. Colocar as nozes ou amêndoas no centro de cada bolinha. 6. Assar por 20 minutos ou até que os biscoitos estejam dourados. Vamos a um encontro muito especial, mas, por en- quanto, é segredo... Quem vocês acham que vamos en- contrar? Interessante... No caminho, poderemos oferecer algumas dicas e ver se alguma criança vai conseguir des- cobrir que tipo de encontro vamos ter. O encontro será com... uma árvore (já escolhida previamente). Da escola até a árvore escolhida, as crianças poderão recolher as pistas/tarefas que estarão em vários pontos do trajeto, podendo ser, p. ex., (a) partes de um quebra- cabeça de árvore que completaremos gradativamente, ao nos aproximarmos dela, ou (b) transparências com as partes da árvore desenhadas, cuja superposição montará a árvore. Outra possibilidade é que as crianças adivinhem, de acordo com as dicas ligadas às árvores (como, p.ex., “é verde”, “é bem alta”, “é vertical”, “oferece sombra”, entre outras). É aconselhável que, ao lado da árvore, haja algum adulto (professora, um pai ou o jardineiro), espe- rando a chegada das crianças. Esta pessoa poderá ser a mediadora entre a árvore e as crianças, podendo contar para as crianças, p. ex., alguma história sobre a árvore ou uma lenda ligada a certo tipo de árvore. Quando encontrarmos com a árvore, poderemos (a) usar todos nossos sentidos, para conhecermos melhor a árvore; (b) juntar tudo o que estiver no chão, em volta da árvore: os frutos, as folhas, ramos e gravetos, entre outros, e levá-los para a classe; (c) saborear seu fruto ou preparar alguma “delícia” com o fruto de tal árvore: doce, geléia, salada de frutas, fruta recheada, entre outros; (d) observar o formato das folhas, sentir sua espessura, sua textura (p. ex., será lisa ou ondulada? Flexível ou não? Fina ou grossa? Com seus veios so- bressaindo? É alongada ou arredondada? Com o que se parece? É formada de pequenas folhinhas ou de uma folha só?); (e) verificar caule, frutos, galhos, flores (ex. Qual cheiro estamos sentindo? É agradável? Forte? Delicado?); (f) ouvir sons e vozes da natureza – pássaros, abelhas, frutos caindo, vento nos galhos e folhas; (g) fotografar a árvore, a árvore com as crianças, partes da árvore, entre outros; (h) criar, na classe, uma produçãocoletiva, com o que cada um escolher do “tesouro” que trouxemos; (i) criar livremente ou tentar “reconstruir” a árvore que visitamos, de me- mória; (j) compará-la com a foto que tiramos no local; BOM APETITE! BETEAVÓN! 95 (k) desenhar nas próprias folhas, ou em papel colocado sobre elas, para conseguir extrair a textura; (l) pintar as folhas e imprimi-las em papel ou tecido; (m) criar esculturas com partes da árvore e palitos (árvores, animais, veículos, entre outros); (n) montar móbiles para enfeitar a classe; (o) enfiar folhas secas em um fio e enfeitar a classe; (p) construir jogos de memória, com as folhas secas coladas em papel e plastificadas; (q) contar a história desde que saímos da escola, registrar as várias paradas e atividades que fizemos, e resumir este encontro especial – um encontro frutífero com a árvore. 4. Histórias de Tu Bishvat Juntos, é muito mais gostoso Conto adaptado, por Ester Barocas, a partir de outro, Shisha bessakik; Seis num saco pequeno, por Levin Kipnis. Era uma vez um saco, transparente, leve como uma pena, que foi levado pelo vento por uma janela aberta, e foi cair sobre a terra, perto de uma parreira. Aproximou- se dele, uma amêndoa amarelada, dourada, e bateu! - Toc-toc-toc, quem está aí neste saquinho? Nenhum ruído se ouviu lá de dentro. A amêndoa, rapi- damente, pulou para dentro do saquinho. Veio a tâmara, ruivinha, bateu e disse: - Toc-toc-toc! Quem está aí no saquinho? - Sou eu, amêndoa-dourada; e você, quem é? - Sou a tâmara-ruivinha, posso entrar? - Mas é claro, seja bem vinda. E a tâmara pulou para dentro do saquinho. Veio um tamarindo, alto e magro e, com voz trêmula, gritou: - Toc-toc-toc! Toc-toc-toc! Quem está aí no saquinho? - Eu, a amêndoa-dourada! - E eu, a tâmara-ruivinha! E você, quem é? - Sou o tamarindo-espigado; posso entrar? - Mas é claro, seja bem vindo. E o tamarindo pulou para dentro do saquinho. Um senhor, aproximando-se elegantemente, o Sr. Figo- Gargarejo, bateu e disse: - Toc-toc-toc, quem está aí neste saquinho? - Eu, a amêndoa-dourada! - Eu, a tâmara-ruivinha! - E eu, o tamarindo-espigado. E você, quem é? - Sou Sr. Figo-Gargarejo; posso entrar? - Mas é claro, seja bem vindo. E o figo pulou para dentro do saquinho. Veio a laranja, fruta de classe, rolando que nem uma bola. - Toc-toc-toc, quem está aí neste saquinho? - Eu, a amêndoa-dourada! - Eu, a tâmara-ruivinha! - Eu, o tamarindo-espigado! - Eu, Sr. Figo-Gargarejo! E você, quem é? - Sou a laranja, fruta de classe, posso entrar? - Mas é claro, seja bem vinda. E a laranja pulou para dentro, enchendo todo o saquinho. O pequeno Gadi levantou bem cedinho, para cum- primentar as árvores, pois era Tu Bishvat. Gadi achou o saquinho de frutas, com todas as frutas juntinhas, e ficou muito contente. Tomou o saquinho e o levou para a escola, para comemorar Tu Bishvat, junto com os ami- guinhos, como fizeram as frutas no saquinho. Tamar e os savionim Tamar e savionim (sendo este último o nome de uma flor), A Semente de Rabanete e Pinheiro Insatisfeito são contos traduzidos e adaptados do livro: Tzarfati, M. & Michlalon Niv Tzion, Tchanim Upeiluiot Lechag HaCha- nuka veTu Bishvat, Israel 2002. Esta é a história de uma menina chamada Tamar, que se mudou para um novo lugar, e não tinha muitos amiguinhos, pois ainda não sabia falar muito bem a língua deste novo lugar. Certo dia, Tamar foi brincar no pátio de sua casa e aí encontrou uma flor amarela. Contente com o achado, Tamar cuidou da flor, regan- do-a diariamente. Noutro dia, quando foi procurá-la, viu que a flor tinha desaparecido. Mas que surpresa! Em seu lugar, apareceu, no caule da flor, uma “cabeça branca como a de um vovô”. Estas eram as sementes da flor. Tamar assoprou, espalhando todas as semen- tes. No ano seguinte, logo após as primeiras chuvas, floresceram muitas flores, que Tamar chamou de sa- vionim (palavra derivada de saba, vovô), pois eram parecidas com a cabeça branca do vovô. Ela ficou muito feliz, pois ganhou muitas ‘amiguinhas’ e não se sentiu mais tão sozinha. A Semente de Rabanete Um menino pequeno, semeou uma semente de raba- nete, e todo dia ia regá-las. Ninguém em casa acreditou que iria crescer alguma coisa, nem o pai, nem a mãe e nem os irmãos, mas mesmo assim o menino continuou a cuidar e a regar a semente diariamente. Qual não foi a surpresa quando foi nascendo e cres- cendo um lindo rabanete, que ficou tão grande que o menino, teve que pedira a ajuda do seu irmão, de sua mãe e de seu pai para colhê-lo. Todos comeram uma deliciosa salada de rabanete. TU BISHVAT 96 O Pinheiro Insatisfeito Certo pinheiro vivia muito descontente, pois tinha mui- ta inveja das folhas das outras árvores. Chorava muito e implorava, pedia tanto, que seu pedidos eram atendidos. Uma vez, pediu folhas de ouro, mas logo vieram la- drões e lhe roubaram todas as folhas; depois pediu fo- lhas de vidro, mas na primeira ventania, todas as folhas se quebraram; pediu folhas tenras e deliciosas, mas o primeiro rebanho que passou, comeu todas as folhas, sem deixar ao menos uma. Assim, finalmente o pinheiro entendeu que as suas fo- lhas, finas e pontiagudas eram as que mais lhe ajudavam a se defender de todos os perigos, e deste momento em diante, começou a achá-las muito bonitas e úteis, e não quis trocá-las por outras. Adriano e o Velho Plantador Conto adaptado de Vaikra Raba, retirado do livro Sipurim miamim avaru, in Reisman, Ofra org.; Leket agadot chazal leguil harach, Israel 2000, traduzido por Rosely Mandelman Há muitos anos, os romanos governavam Israel. O Im- perador romano Adriano era um homem forte e rico, que habitava um palácio maravilhoso. Gostava das paisagens do país e costumava passear por ele. Certa vez, Adriano passeava em Tiberíades, ao lado do Lago Kineret, e, de repente, viu um homem velhinho abaixado e fazendo buracos para plantar árvores. Surpreendeu-se Adriano ao ver um velhinho, suando, trabalhando tão pesado. Dirigiu-se a ele caçoando: “Vovô! Se tivesse se esforça- do e tivesse trabalhado quando era jovem e forte, não necessitaria trabalhar na velhice; poderia sentar agora, descansar e aproveitar das árvores.” O velho ficou ereto e viu Adriano, o Imperador, parado à sua frente. Estava vestindo roupas reais e, ao seu redor, estavam seus servos abanando os leques para afastar o forte calor daquele dia. Respondeu o ancião: “Sua Alteza, trabalhei também quando era jovem, mas eu não paro de trabalhar hoje tampouco. Agradeço a D’us por poder, também agora em minha velhice, trabalhar, e satisfaço- me com o que D’us me deu.” O Imperador Adriano perguntou ao homem: “Quantos anos tem, vovô?” Respondeu o velho: “Estou com cem anos.” Riu o Imperador e falou: “Você está com cem anos e cava buracos para plantar árvores? Será que pensa em viver muitos anos mais, e conseguir comer dos frutos dessas árvores? Não vale a pena trabalhar tão pesado, pois não vai mesmo aproveitar delas.” Respondeu-lhe o velho com prazer: “Sua Alteza, pode ser que D’us queira dar-me muitos anos de vida a mais e eu consiga comer dos frutos das figueiras que planto. Se não, meus filhos aproveitarão dos frutos das árvores. Quando vim ao mundo, encontrei árvores plantadas por meus antepassados; assim, também eu planto para meus filhos e para os filhos de outras pessoas. O homem não se deve preocupar somente consigo, deve preocupar-se com seus filhos e com as gerações futuras.” Adriano ouviu as palavras do velho e pensou con- sigo mesmo: “Que velho inteligente tenho à minha frente e o desmereci.” E disse ao velho: “Se conse- guir comer dos frutos das árvores que planta agora, por favor, avise-me.” Passaram-se muitos anos, e o velho ainda vivia. Mais encurvado, rugas profundas apareceram em seu rosto e suas mãos tremiam. As árvores cresceram e deram figos.Certo dia, o velho se lembrou: “Chegou a hora de eu atender o pedido do Imperador e avisá-lo que consegui comer dos frutos das árvores que plantei.” O velho encheu a cesta de figos e foi ao maravilhoso palácio do Imperador. No portão do palácio, estavam os guardas vestidos em seus uniformes e não o deixaram entrar. Disse-lhes o velho: “O Imperador Adriano me convi- dou.” Os guardas abriram o portão e o conduziram até o salão onde se recebiam as visitas. No canto do salão, estava sentado o Imperador em seu trono. Aproximou-se o velho. O Imperador não o reconheceu e perguntou: “Quem é você e qual é a sua história?” Respondeu-lhe o velho: “Sua Alteza, há muitos anos, o senhor me encontrou em Tiberíades, ao lado do Lago Kineret. Viu que eu cavava para plantar árvores. Zombou de mim, pensou que não alcançaria comer dos frutos, e me pediu que, se eu vivesse para conseguir isto, viesse avisá-lo. E eis que D’us me abençoou com muitos anos, e pude provar do gosto doce dos figos. Agora, trouxe figos para o senhor, para que também se delicie com eles.” Assim disse o velho e ofereceu a cesta de figos ao Imperador, com suas mãos trêmulas. Emocionou-se o Imperador com a aparência do homem e lembrou-se do encontro. Chamou seus servos e lhes disse: “Tragam uma cadeira de ouro para que o velho possa sentar-se. Peguem sua cesta, tirem de seu interior os figos e colo- quem, em seu lugar, moedas de ouro.” Espantaram-se os servos com o porquê do velho ju- deu merecer uma honra tão grande, e perguntaram ao Imperador. Explicou-lhes Adriano: “Se D’us honrou este homem, dando-lhe tantos anos de vida e profunda sabe- doria para compreender que o homem se deve preocu- par com seus filhos e com os filhos de seus filhos que viverão depois de sua morte, é claro que também devo honrá-lo.”5 5 Obs.: Adriano foi o Imperador de Roma, entre os anos 117 e 138. Viveu há mais de 1800 anos. 97 5. Brachot e psukim Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam shehechianu vekiimanu vehiguianu lazman haze. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que nos deu vida, nos manteve e nos fez chegar até estes tempos. 6. “Fique por dentro” Sentido contemporâneo A comemoração e exaltação da natureza, por meio das árvores, em Tu Bishvat, demonstra a atualidade de nossa tradição milenar. O problema ecológico e a agressão à natureza são freqüentes, hoje em dia, fazendo com que devamos enfatizar e cultivar nossas raízes agrícolas e ecológicas, ligadas à religião, promovendo a defesa da natureza. Devemos, portanto, cada um a seu modo, no lar ou fora dele, louvar, proteger e cuidar das árvores e das plantas (mesmo que seja um simples vaso), como símbolo da ligação e do compromisso de nosso povo com a natureza. Canções e poemas • Chag haiom lagan • Kach shotlim shatil • Haetz • Kol hagan lavash lavan • Hashkedia porachat • Shir hashtil • Kach holchim hashotlim • Tu Bishvat higuia TU BISHVAT Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam hamotzi lechem min haaretz. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que faz brotar pão da terra. Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam bore minei mezonot. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que cria diversas espécies de alimentos. Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam bore pri hagafen. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que cria o fruto da vinha. Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam bore pri haetz. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que cria o fruto da árvore. Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam bore pri haadama. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que cria o fruto da terra. Baruch Ata Ad-nai Elokenu Melech haolam shehakol nihia bidvaro. Bendito seja o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, por meio de Cujo verbo tudo veio a existir. Passuk em parashat shoftim, cap. 20, vers. 19-20 Não destruirá árvores frutíferas 98 Sugestão de sites http://www.galim .org.il/tubishvat http://www.ort.org.il/year/2bshvat http://www.brosh-music.co.il http://www.123greetings.com http://www.kosher.co.il/times/hebrew http://www.jewishfamily.com http://www.aish.com/holidays http://www.chagim .org.il http://www.holidays.net/ http://www.jajz-ed.org.il http://www.galim.org.il/holidays/15shvat http://www.matar.ac.il/zmanim/previous.asp http://www.ualberta.ca/~yreshef/tuintro.htm http://www.ohr.org.il/special/tubshvat/index.htm http://www.torah.org/learning/yomtov/tubshvat.htm http://www.learn.jtsa.edu/topics/kids/together/tubshevat/ http://www.akhlah.com/holidays/tubshvat/tu_bshvat.asp http://www.chabad-lubavitch.com http://www.ourworld.compuserve.com/homepages/Susieq/2bshvat.htm Bibliografia Becker, J. Jewish holiday crafts. A Bonim activity book. N. Y. 1977 Cohen, L. Chag vechaguiga lepeutot. Israel. 1993 Nissim, R. Beshvilei hagan. Tochnit avoda legan haieladim hamamlachti dati, chelek beit. Misrad Hachinuch Vehatarbut. Israel. 5755 Nissim, R. Gan haieladim beavodato, chelek alef tochnei Shabat umoed. Misrad Hachinuch vehatarbut, Israel. 5737 Tzarfati, M. Tchanim upeiluiot lechag HaChanuka veTu Bishvat. Michlalon Niv Tzion, Israel, 2002. Vaadat hachinuch shel haganim hacharidim Bnei Brak. Tu Bishvat ubrachot. Chomer ezer legananot umorot leguil harach, shvat, 5745. Zamir, R. Madrich tochnit haavoda leguil harach. Israel. 5748 (1988) Chabad News nº 230 e 242, Editora Chabad Lilmod ulelamed, choveret ezer legananot, lamorot leguil harach, chodesh shvat, Chabakuk, Israel Mafteach lagananot, choveret nº3. Israel 99 Purim Brincando de melech e malka, ao som de raashanim Fontes Al ken haiehudim hApruzim, haioshvim bearei haprazot, ossim et iom arbaa assar lechodesh adar, simcha umishte veiom tov; umishloach manot, ish lereehu. Vaichtov Mordechai, et hadvarim haele; vaishlach sfarim el kol haiehudim, asher bekol medinot hamelech Achashverosh hakrovim veharechokim. Lekaiem aleihem lihiot ossim et iom arbaa assar lechodesh adar, veet iom chamisha assar bo: bechol shana veshana. Também os judeus das cidades abertas, que habitavam as cidades sem muralhas, fizeram do dia catorze do mês de adar, dia de alegria e de banquetes, e dia de festa e de mandarem presentes de alimentos uns aos outros. Mordechai escreveu isto e enviou cartas a todos os judeus que se encontravam em todas as províncias do Melech Achashverosh, aos de perto e aos de longe. Ordenou-lhes que comemorassem o dia catorze do mês de Adar, e o dia quinze do mesmo, todos os anos. (Meguilat Esther - cap. 9, vers. 19,20,21) 100 Descrição da festa A história de Purim encontra-se na Meguilat Esther, o livro de Esther, no Tanach. A leitura desta faz parte da tradição da festa de Purim e pode ser ouvida, em cerimônia festiva, na sinagoga e em demais comemorações coletivas. Esta festa é celebrada no décimo quarto dia do mês de adar. Não se sabe exatamente a data dos fatos descritos na Meguila. Há, ainda, a hipótese de ser uma história narrada com elementos típicos do século 5 a E.C. na Pérsia. * O aspecto religioso Precede a festa, um dia de jejum, chamado Taanit Esther (Jejum de Esther), como recordação do perigo de vida que correram os judeus. O traço distintivo do ofício religioso de Purim é a leitura de Meguilat Esther e a oração de agrade- cimento de Purim, pela milagrosa derrota de Haman. Lê-se, também, o capítulo do Êxodo, que relata a luta contra os amalequitas, pois Haman é citado como descendente daqueles inimigos de Israel. Na sinagoga, desenrolamos a Meguila e a dobramos em quatro, imitando a carta que Mordechai enviou a todas as províncias proclamando, pela primeira vez, a festa de Purim, na Pérsia (Meguilat Esther – cap. 9, 28, vers. 9, 29). A partir do terceiro capítulo, sempre que se anuncia o nome de Haman, as crianças tocam o raashan em sinal de indignação. Mordechai convidou os judeus a darem esmola aos pobres e, hoje emdia, na véspera de Purim, isto ainda este costume ainda é preservado.1 Em Israel Comemora-se esta festa, realçando a alegria de Pu- rim. As crianças se fantasiam tanto como as personagens da Meguilat Esther, como outras personagens cômicas, palhaços e personagens de histórias atuais do universo infantil. Promove-se os costumes de enviar mishloach manot entre as famílias e nas escolas, e de presentear pessoas carentes. No jardim-de-infância costuma-se realizar desfiles de fantasia – a Adloiada, e cada cidade organiza este tipo de evento em sua rua principal que se veste de maneira festiva especialmente para a comemoração. Mensagens das escolas Mordechai teve fé na salvação e acreditou na impor- tância de tomar uma atitude. Foi a determinação de Mor- dechai que impulsionou Esther a se responsabilizar pelo que era seu, apesar de imaginar que tal ato poderia acar- retar conseqüências não muito agradáveis. A exemplo da história de Purim, pode-se refletir a res- peito da esperança de encontrarmos sempre uma saída, mesmo em situações mais difíceis. Esta é uma mensagem de fé, que podemos transmitir às crianças. (I.L. Peretz) Nome da festa Chag Purim Vem da palavra pur, do hebraico, que significa “sor- teio”, pois, por sorteio, Haman escolheu o dia em que o povo judeu seria aniquilado. Conceitos importantes • oznei Haman: doce típico de Puri • Purim: Nome da festa, (sorteio(s)) • chag Purim sameach: Feliz festa de Purim! • raashan: reco-reco • Shushan, habira: Shushan, a capital • armon: palácio • matanot laevionim: presentes a desfavorecidos • massecha/ot: máscara(s) • mishte; seudat Purim: refeição festiva • tachposset/ot: fantasia(s) • mishloach manot: envio de porções • meguilat Esther: rolo de Esther 1 Adaptação da apostila Vaad Hachinuch Nacional, 1986. 101 Símbolos e motivos, usos e costumes Raashan É um instrumento sonoro (reco-reco) utilizado na Si- nagoga durante a leitura da Meguilat Esther. Toda vez que o leitor pronuncia o nome de Haman, aquele que tramou contra os judeus, o instrumento é tocado. A idéia deste costume é a de apagar simbolicamente Haman da nossa memória, através do barulho dos raashanim. Mishloach manot É um dos costumes de Purim e está baseado no texto da Meguilat Ester. *Uma das mitzvot de Purim, quando enviam-se manot (porções) de alimentos como presente aos amigos no decorrer do dia de Purim, enfatizando o mérito da união e amizade judaica. Meguilat Esther O rolo de Esther, com a história de Purim. *Kriat hameguila: e costume/mitzva ler e/ou ouvir a leitura da Meguilat Esther, contando a história de Purim. Deve-se ouvir atentamente a leitura da Meguila na noite de Purim, e uma vez mais no decorrer do dia de Purim. O leitor recita três bênçãos e os ouvintes respondem amen para cada uma. Oznei Haman Preparar, comer e enviar - oznei Haman - doce feito no formato de um triângulo (“a orelha de Haman”) re- cheada com geléia. Matanot laevionim “Presentes aos pobres”. Uma vez que todos, ricos e pobres igualmente, foram salvos do perigo mortal, Mor- dechai desejava assegurar que mesmo o pobre tivesse os meios para fazer uma comemoração nessa festa. Portan- to, ele ordenou que fosse dada caridade, de modo que todos os judeus, independente de sua posição financeira, pudessem celebrar Purim com alegria. . Seudat Purim - mishte Participar de uma ceia festiva. Faz-se uma refeição que deve conter pão e carne (sem recitar o Kidush), para cele- brar o espírito da festa de Purim, com familiares e amigos reunidos. Inicia-se a refeição ainda durante o dia. Como parte das comemorações, bebe-se vinho para comemorar a vitória da sobrevivência do povo judeu. Este costume aparece em alguns momentos na Meguila, como quando Esther foi coroada rainha e houve uma festa regada a vinho. Usar fantasias Faz parte do espírito da festa usar fantasias, másca- ras ou simplesmente um adereço engraçado, como nariz ou dentes postiços. Em Purim, vale tudo em termos de fantasias. É costume fantasiar-se em lembrança à trans- formação da aniquilação em salvamento. Atualmente, muitas crianças fantasiam-se de palhaços para simbolizar a alegria da festa. A história de Purim nos transporta para um mundo de reis e rainhas. Usar coroas e cetros faz com que possa- mos nos sentir como o “Melech Achashverosh” (o Rei) a “Malka Vashti” ou “Esther” (a Rainha). Adloiada Costume atual de realizar um desfile com fantasias, baseado no costume de beber vinho ad lo iada ou seja, estar em tal estado de êxtase após beber o vinho, que já nem se lembre de mais nada. *Taanit Esther (jejum de Esther) Tal qual nos relata a Meguilat Esther, no dia em que o Povo de Israel deveria ser aniquilado pelos seus inimi- gos, isto é, no dia 13 do mês de adar, os judeus conse- guiram sua salvação vencendo o adversário. É por isso que o dia 13 de adar foi declarado como sendo o dia do jejum, em memória da petição que a Rainha Esther conseguiu para o povo. PURIM 102 O significado da festa para crianças na idade infantil Para facilitar o trabalho da professora, são propostos três níveis gerais no ensino-aprendizagem dos conteúdos ligados a Purim, de acordo com as características perti- nentes a cada faixa etária (de 3 a 6 anos de idade): De 3 a 4 anos, as crianças já podem identificar a festi- vidade, e dar-lhe o nome usual e freqüente, Chag Purim. Além disto, por meio de vivências baseadas na arte, no jogo e na brincadeira, as crianças poderão conhecer parte dos símbolos do chag: oznei Haman, raashan, tachpos- sot de melech e malka, coroas e cetros. Alguns costumes característicos de Purim que enfatizem o “aqui e agora” poderão ser vivenciados: preparar mishloach manot e comer oznei Haman. A história da festa poderá ser con- tada de maneira geral e adequada a esta faixa etária. * Nesta faixa etária, inicia-se o conhecimento das mitzvot básicas: mishloach manot, seudat Purim, kriat hameguila. De 4 a 5 anos, quando a criança já manifesta compre- ensão mais intuitiva, e não somente concreta, seus co- nhecimentos de costumes e símbolos se vão ampliando, assim como ouvir a Meguila, tocar o raashan, fantasiar- se, usar coroas, cetros e massechot, preparar mishloach manot, comer oznei Haman. Nesta época, a criança já pode entender a história de Purim e seu significado, sor- teio, contada em linguagem simples, além de poder com- preender mais facilmente certos valores sociais e sentir empatia por personagens e imagens históricas: Melech Achashverosh, Malka Vashti e Malkat Esther e cenas da história. A criança pode aprender os símbolos e costu- mes e seus significados, vivenciados pela família e pelo ambiente próximo. * Nesta faixa etária, a criança já pode conhecer as mitzvot básicas e seus conceitos: kria bameguila, seudat Purim, mishloach manot, matanot laevionim. De 5 a 6 anos, juntamente com a experiência que a criança vai acumulando, ela passa a compreender mais profundamente o significado de costumes e símbolos re- levantes, que são de valor para o povo judeu - ouvir a Meguila, prestando atenção para tocar o raashan ao ou- vir o nome de Haman, fantasiar-se de melech ou malka, usando coroas e cetros, massechot e tachpossot. Já pode também preparar mishloach manot, confeccionar e comer oznei Haman. Revela curiosidade em conhecer a história de Purim que se encontra na Meguilat Esther, enfatizan- do conceitos como Melech Achashverosh, Malka Vashti e Malkat Esther, palácio, entre outros, e valores ligados à festa e aos costumes aceitos pela comunidade. Outros aspectos que se podem abordar com crianças nesta faixa etária são: o histórico e seu significado, os valores morais e nacionais ligados à festa, e os costumes aceitos pela comunidade e pelo povo e seus significados. *Nesta faixaetária, a criança já compreende o signifi- cado das mitzvot, como mishloach manot, seudat Purim, kriat hameguila, matanot laevionim. 103 Planejamento de atividades Atividades planejadas em torno do eixo principal: os conteúdos de Purim Melech, malka e a Meguila; o importante é continuar a contar… Conteúdos: história resumida de Purim, meguilat Esther. Objetivo potencial: conhecer a história de Purim e os costumes da festa. Descrição: contar a história resumida da Meguila, de acordo com a faixa etária de seu grupo, usando bonecos, fantoches, entre outros. As crianças maiores poderão preparar os bonecos e o cenário e contar a história de Purim para os menores, representando-a. As crianças preparam, em grupos, uma Meguila, juntando cenas diferentes desenhadas ou confeccionadas, de acordo com o desenrolar da história. Pode-se realizar uma exposição das diferentes meguilot confeccionadas. Materiais e recursos: Meguilat Esther original, materiais criativos e sucatas para realizar bonecos, cenário e fantoches da Meguila, tachpossot e acessórios. Obs.: É importante a professora ter sempre próximo a si a Meguilat Esther, para que possa consultá-la e mostrá-la às crianças. Chag Purim está chegando! Conteúdos: experiências e vivências com personagens de Purim. Objetivo potencial: entrar em contato com o histórico da festa por meio de atividade participativa da criança. Descrição: as crianças podem trabalhar em grupos, criando objetos e apetre- chos de melech e malka ligados a Purim, ktarim, mantos, cetros e vários outros acessórios, que caracterizam os personagens da Me- guila, vestindo bonecos feitos de meias, que serão as personagens da Meguila ou as próprias crianças. As mais velhas recebem a in- cumbência de maquiar as crianças menores; outras são maquiadas pelas próprias professoras. Quando todos ficam prontos, cantam e dançam as canções de Purim, além de outras danças israelenses (tais como Kadma eretz). No encontro, resume-se o que foi feito na escola, ligado ao chag, recontando, juntos, parte por parte, a história de Purim. No final, saboreiam-se os oznei Haman. Materiais e recursos: caixas com materiais criativos, que inspirem as crianças na criação de enfeites para os personagens como: meias, jornais, papéis co- loridos, cola, lã, materiais dourados e prateados e outros, maquia- gem, oznei Haman. Armon (palácio) Conteúdos: a vida nos palácios, ligando ao histórico de Purim. Objetivo potencial: conhecer a vida no palácio, para que as crianças possam compre- ender a história de Esther (Meguilat Esther - cap.1,6 ao cap. 3,1). Descrição: neste trecho, encontramos a descrição pormenorizada da riqueza dos ornamentos do palácio. Para as crianças de 2 a 4 anos, é importante trabalhar com a apreciação de diferentes imagens de palácio. Antes de montar um ambiente e construir um palácio, fa- zer uma pesquisa em livros, na escola e em casa. Pedir às crianças que tragam o material pesquisado com os pais. Já, para as crianças de 4 a 6 anos, dar ênfase às diferentes moradias. Trabalhar com pormenores e especificações dos palácios, tais como dormitórios, torres e cozinha, entre outros. Materiais e recursos: caixas de papelão e sucata. Trono Conteúdos: a vida no palácio e, em especial, o trono, ligando a Purim. O que representava o trono? (Meguilat Esther - cap. 3,1) Objetivo potencial: compreender, pela leitura da Meguila, do ambiente e das dramati- zações, as situações que o melech passava no trono. Descrição: construir um trono na classe que possa ser mais um ambiente para se contar um recorte da história, e acrescentar as vestimentas rela- tivas ao tema enriquecendo a dramatização. Materiais e recursos: poltrona ou cadeira, tecido, tapete e tule colorido. Vestimentas de melech e malka. Édito real “Mesmo as princesas de Paras e Madai, ao ouvirem o que fez a malka, dirão o mesmo a todos os príncipes do melech; e aí haverá muito desprezo e indignação”. (Meguilat Esther – cap. 1,18) “E foram chamados os escrivãos do melech, no décimo terceiro dia do primeiro mês e, segundo ordenou Haman, tudo se escreveu ao sátrapas do melech, aos governadores de todas as províncias e aos ministros de cada povo; e cada província no seu próprio modo de escrever, e a cada povo na sua própria língua. Em nome do Melech Achashverosh se escreveu, e com o anel do melech se selou”. (Meguilat Esther - cap. 3, 12) Conteúdos: leis e regras em situações do dia a dia fazendo a correspondência com a referência da Meguila. Objetivo potencial: compreender a função das leis que aparecem na história de Purim. Descrição: fazer um paralelo com nossas leis, regras e estabelecer as do grupo, trabalhando com o senso de responsabilidade da rotina da escola. Materiais e recursos: material para a escrita de regras da classe. Buscar, em outras fon- tes, leis como as de trânsito e/ou escola, entre outras. “Livro das memórias” “Investigou-se o caso, e era fato; e ambos foram pendurados numa forca e foi escrito no livro das crônicas, perante o melech” (Megui- lat Esther – cap. 2, 23) “Naquele dia, não conseguiu o rei dormir; e mandou trazer o livro das memórias, as crônicas, e elas foram lidas diante do melech” (Meguilat Esther – cap. 6,1) PURIM 104 Conteúdos: a função do registro, na história de Purim. Objetivo potencial: compreender a importância do registro na história de Purim. Descrição: o “Livro das Memórias” registrava todos os acontecimentos do Reino e, algumas vezes, era lido pelo melech, durante a noite, quando não conseguia dormir. Aqui, há um ‘gancho’ para explorar a importância do registro, tanto pela escrita quanto pelas fotos ou desenhos, sendo possível construir o livro das memórias da classe. Pode ser interessante explorar o sono, a hora de dormir, e os recur- sos que cada um utiliza, quando tem dificuldades para dormir, re- tomando sempre o recorte da história que se refere ao livro da vida. Materiais e recursos: papel e diversos tipos de lápis, álbum de fotografia da classe. Obs: A importância do registro pode ser mais um aspecto da histó- ria a ser trabalhado com as crianças, que iniciam seu processo de escrita do próprio nome (a partir dos 4 anos). Seudat Purim “Os judeus das cidades abertas, que habitavam as cidades sem muralhas, fizeram, do dia catorze do mês de adar, dia de alegria e de banquetes, e dia de festa e de enviarem presentes de alimentos uns aos outros.” (Meguilat Esther – cap.9, 19) Conteúdos: a seuda do Melech Achashverosh (que costumava oferecer muitas seudot) Objetivos potenciais: Conhecer a história de Purim, a partir do recorte de como se carac- teriza uma seuda/mishte. Descrição: Será que o grupo pode preparar uma seuda? (1) Ler, para as crianças, na Meguilat Esther, como eram os banquetes do Melech Achashverosh; (2) Perguntar para as crianças o que precisam para fazer um banquete; (2a) Elaborar convite, mostrando vários tipos para que possam entender a função deste portador de texto; (3) Si- mular um banquete cheio de comes e bebes, oferecendo à criança uma vivência de como podem ter sido as seudot de Achashverosh. As crianças vestir-se-ão com fantasias bem bonitas e chiques. Al- gumas farão o papel de garçons, outras, de fotógrafos; outras, de barmen e outras, de convidados da festa. Fazer do banquete um momento especial, para que as crianças possam participar do pro- cesso de organização. As crianças poderão dramatizar, utilizando toalhas, pratos, copos; (4) Preparar pratos que serão servidos no banquete – professora junto com crianças, relacionando ingredien- tes necessários, dividindo funções (um abre o ovo, outro acrescenta farinha; outro o óleo) e, quando a massa estiver pronta, oferecer um pedaço de massa para abrir e rechear com uma colher de ge- léia para cada criança. Fecha-se a porção recebida em três partes e leva-se para assar. Materiais erecursos: 1- Papéis e materiais de escrita e decoração para fazer os convites; 2- Ingredientes para as receitas dos pratos que serão servidos no banquete (bebida, canapés, pipoca, doces e salgados); 3- Acessó- rios para o banquete, como toalha para mesa, copos e pratos de plástico, diferentes dos que são utilizados no dia-a-dia; 4 - Fanta- sias e materiais da sala-de-aula. Em Purim, troca-troca, sorteio e boa ação fazem parte da nossa tradição! Conteúdos: costume/mitzva de Purim: o mishloach manot, matanot laevionim Objetivo potencial: vivenciar os costumes, sorteio e realização de boas ações, que ca- racterizam a festa de Purim. Descrição: após um sorteio dos nomes das educadoras da escola, haverá uma troca de mishloach manot, além de entrega de cestas com manti- mentos para os funcionários da escola. Materiais e recursos: alimentos preparados e trazidos pelas educadoras. Cestas de man- timentos. Convite à equipe pedagógica (modelo aqui, abaixo) Obs.: Esta é uma atividade para os adultos - equipe pedagógica. No próximo dia 17/3 (2ª feira), realizaremos, entre as professoras, o mishloach manot, importante costume/mitzva de Purim, que consta da Meguila. Para isso, cada professora deverá montar, em casa, uma cesta con- tendo uma fruta, algum alimento feito de farinha e uma bebida, e trazê-la no dia da comemoração. Realizaremos o sorteio antes da troca das manot. Participem! Além de um importante costume judaico, esta também é uma for- ma de integração do grupo. Pedimos, ainda, que cada professora traga um item a mais (bebida ou comida), para compor o matanot laevionim, outro importante costume de Purim, que tem por objetivo presentear pessoas menos favorecidas. Mishloach manot coletivo, vamos preparar... E vamos fazer tzdaka... Conteúdos: costume/mitzva de enviar manot. Objetivos potenciais: conhecer e vivenciar o costume de mishloach manot e a mitzva da tzdaka; preparar vários kits para mishloach manot, com as crianças, além da execução do mishloach manot, que podem ser enviadas para diversas entidades, revelando o quão importante é a contri- buição de cada criança. Descrição: pedir às crianças que separem brinquedos e livros seus, que gosta- riam de doar, em Chag Purim, às crianças que não têm condições de comprar tais objetos. As crianças poderão também trazer de casa algum alimento não perecível, para ser colocado numa caixa grande (na entrada da escola). Estes alimentos poderão ser dis- tribuídos em cestas que, juntamente com os oznei Haman, serão embrulhados em papel celofane. Estas manot serão distribuídas para entidades de tzdaka. É importante redigir uma carta, com os alunos na escola, desejando algumas brachot. Materiais e recursos: brinquedos e livros infantis usados (em bom estado) , alimentos não perecíveis, oznei Haman, caixa grande, cestas, papel celofane, papel, lápis, canetas (para as cartas), embalagens apropriadas para as doações. 105 Chag Sameach! Comemorações de Purim A comemoração de Purim pode ser uma grande festa: 1- O início pode ser marcado por um encontro entre todas as turmas, no qual acontecerá: • Leitura de um trecho da Meguila, para as crianças fazerem barulho com o raashan no momento em que se pronuncia o nome de Haman; • Apresentação das canções de Purim; • Baile de Purim 2- Oficinas É interessante juntar todo o grupo da escola, em um espaço maior, para que as crianças possam interagir em oficinas: • keter • raashan • tatuagem • mensageiro do melech • boneca Malkat Esther Dentro de uma caixa, colocar objetos da Malkat Esther e um grande boneco feito de meia. Um grupo de crianças enfeitará este boneco, que estará presente durante toda a festa. 3- Quatro tachanot de jogos e atividades Tachana dos mensageiros “Os homens do correio, pela ordem do melech, partiram apressadamente, e a lei se proclamou na capital Shushan; o melech e Haman se sentaram a beber, mas a cidade de Shushan estava perplexa”. (Meguilat Esther – cap. 3,15) Ao passar por essa tachana, o grupo será dividido em três subgrupos. Cada subgrupo deverá escolher 2 mensageiros (1 para o começo da fila e um para o final). Os mensageiros se- rão responsáveis por carimbar e entregar a mensagem para os mensageiros, que estarão nos postos. Tachana do armon das mulheres “Ao chegar o prazo de cada moça vir ao Melech Achashve- rosh, depois de tratada segundo as prescrições das mulheres, por doze meses, pois assim se embelezavam, seis meses com óleo de Mor e seis meses com especiarias, e com ungüentos em uso entre as mulheres.” (Meguilat Esther – cap. 2,12) Na classe estarão escondidos vestidos, meias, sapatos, jóias, coroas, perfumes, óleos e adornos (no mínimo 2 de cada). As crianças deverão procurar os objetos e vestir 2 bonecos gran- des de pano, conforme forem encontrados os objetos. Atenção: este não é um jogo de competição. O grupo todo ele- gerá a malka (boneco), que poderia representar Malkat Esther. Ao final, deverão despir os bonecos para o próximo grupo e esconder as roupas e acessórios. O último grupo deverá levar o boneco vestido para o banquete. Tachana de seudat Purim “Porém, os judeus que se encontravam em Shushan se ajun- taram nos dias treze e catorze; e no dia quinze descansaram, e o fizeram dia de banquetes e de alegria”. (Meguilat Esther – cap 9,18) O grupo será dividido em dois subgrupos. Cada um deles receberá duas caixas, uma vazia e outra cheia. Na caixa cheia, haverá objetos pertencentes à mesa de uma seudat Purim, tais como guardanapo, talheres, pratos, flores entre outros e, misturados a eles, objetos diversos, tais como livros, lápis, em- balagens, sapatos entre outros. O jogo consiste em classificar os objetos e arrumar a mesa da seudat Purim. Os subgrupos com as respectivas professoras deverão organizar-se em roda e, no meio dela, estarão dispos- tas as duas caixas. Uma criança por vez pegará um objeto da caixa e o classificará. Se pertencer à mesa da seudat Purim, deverá colocá-lo sobre a mesma (que já estará com a toalha). Caso contrário, deverá colocá-lo na caixa vazia. Ao final, as professoras, juntamente com as crianças, verificarão se os objetos colocados na mesa realmente pertencem à seudat Purim, e que mesa é a mais completa e bem arrumada. Pode ser muito agradável, se as crianças puderem comer, depois da brincadeira. Tachana do pur “No primeiro mês, que é o mês de nissan, no décimo segundo ano do Melech Achashverosh, lançou-se um pur, isto é, um sorteio perante Haman, dia a dia, mês a mês, até o décimo segundo mês, que é o mês de adar. Então, disse Haman ao Melech Achashverosh: Existe um povo, espalhado e disperso entre os povos, em todas as províncias do seu reino, cujas leis são diferentes das leis de todos os povos e que não cumpre…” (Meguilat Esther – cap. 3, 7 – cap.3, 8) Neste jogo, as crianças participam divididas em pares. No chão haverá a marcação de 6 percursos gigantes. Em cada ponta do percurso haverá uma criança (do par) identificada pelo mesmo personagem da história de Purim e receberá um símbolo repre- sentativo. Um dado gigante conterá os símbolos dos seis personagens. Cada vez que uma dupla tirar o seu personagem as duas avançarão uma casa no percurso. Ganharão o jogo, as duplas que se encontrarem primeiro no centro do percurso. 4- Contador de histórias Sala arrumada com tapete grande tipo persa e almofadões. Caracterização do contador de histórias (roupa de Sultão – pode ser alugada ou adquirida em lojas de fantasia). 5- Trono • poltrona • tule • veludo vermelho para forrar as poltronas • 2 banquinhos ou almofadões gigantes para descanso dos pés • tapetes, passadeira vermelha • baú com jóias do armon (bijuteria que as mães não usam mais) 6- “Caça ao Tesouro” Os objetos a serem encontrados deverão ser os símbolos da festa. PURIM 106 Quem quiser desfilar e brincar, venha para o blocodo Adloiada! Conteúdos: adloiada, desfile típico da festa de Purim. Objetivos potenciais: conhecer as personagens da Meguilat Esther, e realizar o costume de Purim, a passeata tradicional da Adloiada. Descrição: após a construção das personagens típicas de Purim ou outras fan- tasias escolhidas pelas crianças, estas são convidadas a participar na parada denominada Adloiada, desfilando pela escola ou pelo bairro. Materiais e recursos: a Meguila, imagens como aparecem nas artes visuais, fantasias, materiais para confeccionar fantasias. Mordechai, a cavalo, na escola! Conteúdos: história da Meguilat Eshter, e os papéis de Mordechai e Haman. Objetivos potenciais: andar a cavalo como Mordechai e puxar o cavalo como Haman, mostrando às crianças como foi a sensação de Mordechai, ao dar uma volta no cavalo do melech, e a de Haman, ao levar Mordechai montado. Descrição: após contar a história da Meguila, destaca-se a parte em que Haman teria levado Mordechai, montado no lombo de um cavalo, para dar uma volta na cidade, mostrando, assim, o que pode acon- tecer com quem engana o melech. Cada criança poderá dar uma volta num cavalo (pônei) pelo pátio da escola, vestidos com roupa e coroa de melech. Materiais e recursos: cavalo (dois pôneis deverão ser alugados especialmente para a ocasião), roupas de melech, coroa e demais acessórios. Purim, Purim sameach! Conteúdos: concretizar, na escola, o costume de alegrar-se na Festa de Purim Objetivos potenciais: vivenciar, na escola, a Festa de Purim, ajudar a criança a experen- ciar como é a vida dentro de um palácio. Descrição: esta atividade inclui a construção de um cenário especial, montado pelas crianças junto com as professoras: o palco da praça da ci- dade de Shushan, decorado com tules, almofadões, cadeiras altas, divã, como se fosse um palácio. Constrói-se um portão com pape- lão e placas de polionda, para sugerir a entrada do palácio onde Melech Achashverosh receberá as crianças. A decoração do local pode incluir candelabros, brasões e máscaras. Ma iesh baarmon? (O que há em um palácio?) Pode-se montar um espaço temático, e as crianças são convidadas a trazer de casa tudo que possa haver num palácio, para que pos- sam imaginar como viviam Achashverosh e Vashti, e como Esther provavelmente vivia. Para a seudat Purim, as mesas, dispostas em forma de U, serão arrumadas pelas crianças, que disporão taças, bandejas e oznei Haman. As crianças poderão chegar fantasiadas à escola, com fantasias de sua preferência. No centro da praça, é colocado um grande tapete vermelho como passarela, onde as candidatas à Malkat Esther desfilam para o rei após seudat Purim. Algumas professoras também são candidatas e desfilam com as crianças. Depois da coroação da rainha, o rei convida todas as crianças que quiserem para desfilar na passarela, em suas fanta- sias, mostrando-lhes a importância de se fantasiarem em Purim. O encerramento da comemoração é feito com muito confete e ser- pentina, cantando e dançando as canções de Purim. Materiais e recursos: cenário com palco da praça da cidade de Shushan, tules, almofadões, cadeiras altas, divã, portão de papelão e placas de polionda, cande- labros, brasões e fantasias, mesas dispostas em forma de U, taças, bandejas, oznei Haman, tapete vermelho, confete e serpentina. Vamos brincar e festejar Conteúdos: jogos e brincadeiras com os conteúdos de Purim. Objetivos potenciais: festejar Chag Purim por meio de jogos e brincadeiras. Descrição: no dia da Festa de Purim, as professoras chegam à escola fanta- siadas. A festa poderá ser realizada no pátio, onde são montadas (1) barracas com jogos (Acerte a boca do leitzan, Jogo de argolas, Trilha (feita no chão), onde as próprias crianças são os peões, Pes- caria, Acerte nas latas. Malabarismo e Gincana) e (2) oficinas (a) confecção de raashanim, (b) ktarim, (c) maquiagem, (d) confecção de balão - decoram balão cheio com olhos, boca, nariz, pés e mãos e (d) preparação de mishloach manot - enfeitando um pratinho, colocando guloseimas e fechando com papel celofane). As crianças podem, também, participar de (3) atividades (a) passeio de pônei, (b) ouvir histórias, contadas por professoras, (c) assistir a filmes Parpar Nechmad de Purim e Shirim Ktanim e (d) realizar a troca de manot, por meio de um pur, presenteando umas às outras. Materiais e recursos: materiais para (1) montagem de barracas no pátio; (2) oficinas (ra- ashan, maquiagem, ktarim); (3) jogos e brincadeiras; (4) atividades (pônei, balões, pratinhos, guloseimas e papel celofane para manot, além dos filmes Parpar Nechmad de Purim, e Shirim Ktanim). 107 Atividades com a família e amigos Aba, ima veieladim, todos juntos participam do Chag Purim. Conteúdo: comemoração da festa de Purim com os pais. Objetivos potenciais: participação ativa dos pais na elaboração e na realização de com- ponentes da festa de Purim. Descrição: em cada festa na escola, os pais de um dos grupos podem ser con- vidados para participar ativamente, com a confec ção de tachpos- sot e cenários, preparação de mishloach manot e atuação em tea- tro (p. ex., dramatização da “História dos Macacos e os Chapéus” de M. Eilon e R. Saporta), além da realização de um coral que en- toa canções da festa. A criação de chapéus é parte da elaboração das tachpossot de Purim (confecção de apetrechos típicos, usando materiais ricos e interessantes – coroas de reis e rainhas, chapéus de Haman e de Mordechai, de palhaços, entre outros), usados no desfile típico de Purim, a Adloiada, e posteriormente. Materiais e recursos: cada grupo usará os materiais relevantes ao tipo de atividade a que pertence, como p. ex.: cartolinas, papéis coloridos, dourados e prateados, tesoura, cola, enfeites, entre outros. Obs: convidar pais ou avós para fazerem oznei Haman (receita em anexo), na escola com as crianças, e prepararem mishloach manot. Atividades planejadas em torno de habilidades • sorteios • origami, dobraduras de papel - para mishloach manot • tocar instrumentos específicos que possam produzir sons fortes (raashanim). Organização do espaço e dos materiais Cantos Para expor imagens, objetos, símbolos, entre outros, o canto é montado pelas crianças, junto com a professora, a partir dos ma- teriais trazidos: móvel - para brincar, manipular, “agir”, com caixas de atividades com objetos trazidos de casa, brinquedos e jogos didáticos e outros, álbuns de fotos, livros. No caso, armon (caixa de papelão), Meguilat Esther, objetos de melech/malka, raashan e objetos que emitam sons. Exposições • máscaras • objetos que produzem barulho (para os momentos, em que se pronuncia o nome de Haman) • coroas • fotos das crianças de anos passados fantasiadas • fotos dos familiares fantasiados • fotos das famílias, com receitas dos doces de Purim. Murais ou Painéis Com o uso das “Cem Linguagens” de expressão, para transmitir o conteúdo da festa expõem-se: trabalho coletivo, com cena alusiva à festa; bonecos de pano dos personagens da história; enfeites coloridos como massechot, raashanim, serpentina; imagens de reis, de rainhas, palácios persas e ceias; fotos de comemorações ou outras fotos referentes à festa. Registro de projetos • Palácios • Édito • Diário (livro da vida) • Melech/malka • Seudat Purim. Idéias de atividades com materiais artísticos/ Enfeites Fazendo arte, confeccionando: • palácio com caixas de papelão • cestas para mishloach manot • fantoches dos personagens da festa, utilizando colher de pau ou meias • personagens da história, com retalhos de tecidos e madeira. • persona gens da história, com bonecos de balões. • personagens de Purim com garrafas de refrigerante, colocan- do-os num palácio, feito de caixa de papelão (garrafas vazias de refrigerante de 2 litros, sucata, materiais para colagem, cabelo artificial, bom-bril, algodão e etiquetasredondas) • coroa de papel do Melech Achashverosh e da Malkat Esther • máscaras de saco de papel, cartolina ou papier maché • raashan – instrumento pode ser feito com sucata • trono do melech com tecidos • adereços da malka, colando miçangas. A criança, com a palavra! Mora, hoje você tá parecendo uma Vashti; às vezes, você parece uma Malkat Esther! Numa turma do Infantil III (de 2 a 3 anos), as crianças construíram um palácio, após terem ouvido a história de Purim e observado imagens. Com tecidos e adereços de melech e de malka, todos puderam dramatizar. Durante as atividades, foram feitos registros das falas: Caio: “Olha, o armon! ” Arthur: “Tem escada neste armon? ” Gabriel: “E aqui, o que é mora?” Mora: “É o lugar onde o melech e a malka fazem os banquetes!” Graziela: “Olha, a rainha está de coroa!” Esther: “E de vestido bonito!” PURIM 108 Oznei Haman (60 biscoitos) Ingredientes da massa 250g de margarina sem sal 1 ½ copo de açúcar 4 ½ copos de farinha de trigo 4 ovos 1 colher (sopa) de fermento em pó Ingredientes da massa 1 copo de geléia de sua preferência Modo de Fazer 1. Misturar farinha de trigo, açúcar e fermento em pó. 2. Acrescentar a margarina, cortada em pedaços, misturando até formar uma farofinha. 3. Colocar os ovos e trabalhar a massa até que fique homogênea. 4. Enrolar a massa em bolas, como brigadeiros grandes e achatá-las, formando pequenos círculos. 5. Colocar um pouco de geléia no centro de cada uma e fechá-la como esfiha. 6. Colocar em forma untada e levar ao forno por 30 minutos. Oznei Haman (em iídiche, Humentaschen) Ingredientes 1 tablete de manteiga ou margarina sem sal 2 colheres de sopa de açúcar de confeiteiro 2 gemas 3 colheres de sopa de água bem gelada 1 ½ (copo)de farinha Geléia de amora, morangos, damasco ou uva Manteiga e farinha para untar e enfarinhar a forma Modo de Fazer 1. Bata a manteiga e o açúcar até formar uma massa lisa. 2. Junte as gemas, misture muito e junte a água gelada. 3. Gradualmente, acrescente farinha e misture, até que se forme uma bola de massa. 4. A massa vai à geladeira, coberta com plástico, por muitas horas ou mesmo uma noite inteira. 5. No dia seguinte, tire a massa da geladeira. Acenda o forno a 350oC; unte e enfarinhe a forma. 6. Divida a massa em dois, pegue uma das partes e devolva à geladeira. Cubra uma superfície com farinha, abra a massa com cuidado. 7. Corte em círculos, usando um copo. Em cada círculo, coloque 1 colher de sopa de geléia. CUIDADO, não acres- cente recheio demais, porque poderá vazar. 8. Feche os círculos na forma triangular. Passe o oznei Haman na farinha, bem de leve. 9. Coloque-os na forma, com a distância de ½ centímetro entre eles. 10. Asse por 15 minutos, ou até ficarem dourados nas pontas. Anexos 1. Sugestões de imagens para construir jogos • oznei Haman • Mordechai sendo levado por Haman • Shushan, habira • leitzan/im • raashan • massechot • melech/mlachim • Meguilat Esther • coroas e cetros • malka/ot • cálice e vinho • adloiada 2. Receitas de “delícias” típicas para realizarmos na escola BOM APETITE! BETEAVÓN! 109 3. Sugestão de material didático Charadas de Purim As charadas são brincadeiras que estimulam as crianças a descobrirem cenas da história. 1)Mora no armon. Usa keter. Senta no trono. É poderoso. Quem é ele? R: melech 2) Reina em Shushan. Gostava de fazer muitas festas e tem uma ex-esposa/rainha que se chama Vashti. Qual seu nome? R: Melech Achashverosh 3) Tem muita comida. Tem muito vinho e bebida. Acontece no armon. O que é o que é? R: Banquete real 4) Quem é, quem é, que é a bela que o melech manda buscar para o banquete real e se recusa a vir? R: Vashti 5) Melech zangado. Melech irado. E também desprezado. O que fazer, o que fazer? A quem recorrer? R: Ao conselho 6) Com o seu jeito meigo e delicado conquistou logo Hagai, o camareiro do armon, que deu um quarto espe- cial com mordomias. Quem sou eu? R: Esther 7) Quem ficava numa casa de mulheres, recebia banhos, óleos, perfumes e lá passava 12 meses até ir ao encontro do melech? R: As moças solteiras e de boa aparência. 8) Também estive na casa das mulheres e quando fui chamada pelo rei causei-lhe encantamento. Logo em seguida um banquete onde o rei me apresentou e eu já usava a coroa. Quem sou? R: Esther 9) Nele, o melech escrevia muitas coisas importantes e uma delas foi quando Esther contou sobre camarei- ros que queriam matar o melech. Quem sou eu? R: Livro das memórias 10) Quando eu passava o povo se inclinava, quem sou eu? R: Haman 11) Estava de luto, sentado na porta do armon com roupas rasgadas e sujas de cinzas. Quem sou eu? R: Mordechai 12) “Ad chatzi hamalchut veitmaten lach” Quem disse isso? R: Achashverosh para Esther 13) Fui convidado para um banquete, juntamente com meu ministro. Quem sou eu? R: melech 14) Haman quer matar todos os judeus. Preciso salvar o meu povo. Convidei Haman e Achashverosh para 2 seudot e, só na 2ª, falei o que queria. Quem sou eu? R: Esther PURIM 110 Purim no maternal Malka Hass (trad. Ester Barocas) Durante o ano inteiro, nós, educadoras de crianças na idade infantil, empenhamo-nos em criar um ambiente educacional psicologicamente seguro e estável, ade- quado ao desenvolvimento emocional e intelectual da criança pequena que freqüenta a escola. O que acontece em Purim? Por que os pequeninos do maternal choram tanto? Em Purim, todo o ambiente em volta das crianças muda: a escola fica mais enfeitada, muitas vezes até ir- reconhecível, as pessoas se fantasiam e se maquiam e, muitas vezes, usam máscaras. Será que a criança peque- na pode entender o que é uma máscara? ‘Máscara’ é um conceito adulto e não é apropriado ao nível de desenvol- vimento intelectual da criança pequena, pois seu signifi- cado principal é o da ocultação da identidade. Geralmente, adultos e crianças mais velhas apreciam a mudança e a descontração que uma máscara possibilita. O mesmo não ocorre com os pequenos, pois estes não estão ainda seguros nem da sua identidade e nem da de seus pais ou irmãos, ou seus relacionamentos com eles. Muitas vezes, os pequenos receiam até mesmo que sua mãe ou seu pai possa desaparecer repentinamente. Se até mesmo uma mudança feita por meio de ma- quiagem pode despertar ansiedade numa criança, tanto mais uma fantasia ou máscara, que escondem totalmente a identidade. Sendo assim, num dia cheio de emoções, como acontece em Purim, no qual ocorrem tantas mu- danças em seu ambiente de vida, é aconselhável que professoras e pais procurem conservar suas identidades, para dar à criança o apoio necessário e, assim, ajudá-la a orientar-se. O discernimento entre a realidade e a fantasia ainda está em desenvolvimento e, geralmente, é inútil tentar explicá-lo. Com o tempo, com as várias experiências e vivências na escola, em casa, na rua, entre outros, a criança aprenderá a diferenciar entre os dois. O que podemos fazer para que os pequenos não cho- rem em Purim, e para que uma festividade tão linda contribua para o desenvolvimento da atividade da crian- ça na escola? E quanto à fantasia? Começar a fantasiar os pequeninos, gradativamente! Mas qual seria a idade ideal para prepararmos fantasias de verdade para as crianças, sem que estas tenham medo? A fantasia é um símbolo de algo ou de alguém que já conhecemos, sobre quem já temos algum conceito. Fan- tasiar-se em Purim significa entrar num jogo simbólico. Consequentemente, depois de as crianças começarem a brincar de jogo dramático-simbólico, já poderão fanta- siar-se sem medo, entendendo a brincadeira. A própria professora, que vivencia juntamente com as crianças ex- periências na escola, poderá observá-las brincando, e retirar do próprio jogo, as idéias para as fantasias de Purim: • Uma das crianças esteve no hospitalou no médico. Portanto, é possível brincar de “médico e enfermeira”; • A professora casou-se. As crianças podem, então, brincar de “noivo e noiva”; • Depois de cuidar de coelhinhos ou ratinhos bran- cos, as crianças podem fazer o papel dos ratinhos ou coelhinhos. Cada professora poderá encontrar idéias para fantasias - alegres, fáceis de preparar e confortáveis - que simbo- lizem conceitos que os pequenos já começaram a cons- truir. Este tipo de fantasia poderá promover as crianças em sua habilidade de brincar no jogo simbólico, passado Purim. E, assim como acontece com crianças pequenas que gostam de trabalhar juntas com argila ou pintura a dedos, elas também vão gostar de fantasiar-se juntas em Purim. Desta forma, uma dará apoio a outra e se sentirá mais segura neste dia, que já é cheio de excitação. Em Purim, muda toda a organização à qual as crianças estão acostumadas - do tempo, do espaço e das pessoas. O papel da professora de crianças na idade do maternal é conservar, o máximo possível, a programação, com a plena colaboração dos pais, para as crianças que possam orientar-se. O mesmo se pode dizer quanto ao horário, enfeite da classe, e a festa em si. Cada professora poderá encontrar uma maneira de flexibilizar seu programa, ade- quando-o às possibilidades das crianças de seu grupo. Se for resolvido que os pequenos participarão de al- guma festa maior na escola, a professora deverá planejar evento, de forma que cada criança fique perto de um adulto que ela conheça, que possa defendê-la e ajudá- la a se orientar no mundo ao seu redor, até mesmo em Purim. CHAG PURIM SAMEACH!!! 111 4. Histórias de Purim História de Purim, resumida. Há muito tempo, em uma cidade denominada Shushan, vivia um melech chamado Achashverosh e uma malka que se chamava Vashti. Certo dia, o melech fez um ban- quete para apresentar a sua esposa. Ele a chamou para mostrá-la aos convidados, mas Vashti se recusou. O me- lech ficou bravo e mandou Vashti embora de Shushan. O melech tinha um problema, ele precisava de outra malka. Convidou, então, as moças da cidade para virem ao armon e uma delas seria escolhida para ser a nova malka. Elas foram bem cuidadas e embelezadas. O me- lech escolheu Esther para ser sua malka, sem saber que era judia. O melech tinha um ajudante, o primeiro ministro, que se chamava Haman. Ele não gostava do povo judeu, pois Mordechai, um judeu, não o reverenciava. Planejou puni-los e sorteou (realizando o Pur-Purim) o dia para castigá-los. Haman mentiu ao melech, dizendo que este povo não obedecia suas leis. Malkat Esther tinha um primo chamado Mordechai, que descobriu os planos de Haman e pediu a Esther que tentasse salvar o povo judeu. Esther tinha medo de falar com o melech, pois ele poderia ficar bravo se esta fosse falar com ele sem ser chamada. Ela acabou criando cora- gem e pediu ao melech para suspender os planos de Ha- man, confessando sua identidade judaica. Ao descobrir que Haman lhe tinha mentido, decidiu puni-lo, forçando Haman a reverenciar Mordechai, da mesma forma que Haman queria ser reverenciado por este: ”Assim se faz ao homem a quem o melech deseja honrar”. O melech garantiu, então, à Malkat Esther, que nem seu povo, nem ela sofreriam conseqüências. Esther, Mor- dechai e o povo judeu ficaram tão felizes, que come- moraram com seudot e com mishloach manot, uns aos outros, além de matanot laevionim. Era uma vez…. em Purim - uma história de chapéus Conto escrito por M. Eilon e R. Saporta, adaptado por Léa Cohen para a idade infantil, no livro Chag vechaguiga Lapeutot ; trad. Ester Barocas. Certa vez, um rapaz trabalhou três dias e três noites, preparando chapéus para Purim. Os chapéus eram dife- rentes e interessantes; todos coloridos e enfeitados com papel dourado e prateado. Quando terminou, escolheu um dos chapéus, alto e grande, e o colocou em sua cabeça. O resto dos chapéus, o rapaz colocou num grande saco; pôs o saco nas costas, e saiu para o centro da cidade, para vendê-los. Em seu longo caminho, passou o rapaz por uma floresta e, sen- tindo-se cansado, retirou o saco de suas costas, deitou-se na grama macia e adormeceu. Na floresta, havia muitos macacos. Viram o chapéu co- lorido que estava na cabeça do rapaz, e se juntaram em torno dele e ficaram observando. Um dos macacos repa- rou que, embaixo da cabeça do rapaz que dormia, havia um saco. Abriu o saco e virou tudo o que havia em seu interior. No mesmo momento, os outros macacos, pega- ram todos os chapéus, e os colocaram em suas cabeças, pularam para os galhos das árvores e começaram a gritar e a fazer a maior algazarra. Com o barulho, o rapaz acordou, abriu seus olhos e viu os macacos pendurados nas árvores. Todos usa- vam os chapéus que ele havia confeccionado para Pu- rim. O rapaz, surpreendido com o que estava acon- tecendo, olhou para dentro do saco e reparou que estava vazio. Havia trabalhado bastante; ficou bem chateado, e parou uns momentos para pensar no que deveria fazer, “Acho que pedirei os chapéus; quem sabe, os devolvem?” O rapaz começou a fazer movi- mentos para os macacos, mexendo seus braços, com gestos de quem pedia os chapéus, mas os macacos, que gostam de imitar os gestos dos outros, começa- ram a mexer os braços em frente ao rapaz, exatamente como este fazia. “Ufa! Estes macacos não estão entendendo nada do que estou pedindo,” refletiu o rapaz, “acho que começa- rei a ameaçá-los; quem sabe ficam com medo de mim, e me devolvem os chapéus.” Pegou uma pedra e jogou nos macacos. Fizeram os macacos o mesmo: pegaram nozes das árvores, abriram- nas e jogaram as cascas no rapaz. Este chegou à con- clusão de que não conseguiria fazer nada, para que os macacos lhe devolvessem seus chapéus, e que já podia considerá-los perdidos. Ficou muito bravo e, no meio de sua raiva, tirou o chapéu que estava em sua cabeça, jogou-o na frente dos macacos, e disse: “Peguem! Podem pegar este aí também!” De repente, os macacos, da mesma maneira que o ra- paz agiu, tiraram os chapéus e jogaram-nos na frente do rapaz. Mais do que rápido, juntou todos os chapéus para dentro do saco, colocou o saco nas costas, e continuou seu caminho alegre e contente. PURIM 112 Uma adaptação da história de Purim A história que agora vamos contar está escrita em um livro muito especial, a Meguilat Esther, que se encontra no Tanach. Há muitos e muitos anos, os judeus viviam espalhados em vários lugares do mundo. Esta história aconteceu em uma cidade chamada Shushan, na Pérsia. Nesta cidade, havia um palácio e, neste palácio, morava um melech, o Melech Achashverosh. Havia também uma malka, que se chamava Vashti. No palácio, o melech fazia muitos banquetes, com mui- ta comida e muito vinho. Certo dia, ele oferecia um ban- quete para seus convidados e Malka Vashti oferecia outro banquete para seus convidados. Então, o melech quis que a malka viesse ao seu banquete e desfilasse, para que todos seus convidados vissem como era bonita. Pediu aos seus sete camareiros que fossem buscá-la, mas ela recu- sou-se a ir. O melech ficou muito bravo, consultou seus conselheiros e resolveu que Vashti não mais seria malka, e seu reino seria dado a outra, melhor do que ela. Quando o melech estava mais calmo, lembrou-se de Vashti e os conselheiros lhe sugeriram procurar outra esposa. Passou, então, uma lei real, e foram reunidas muitas moças bonitas que moravam por lá. Foram leva- das ao palácio, permanecendo por um ano, recebendo tratamento de beleza. No meio dessas moças, veio Es- ther, que era iehudia, e que era órfã de pai e mãe. Quem cuidou dela, como se cuida de uma filha, foi um primo mais velho que se chamava Mordechai. O melech chamou as moças, uma a uma, para conhe- cê-las. Esther foi escolhida pelo melech, que a amou mais que todas. Tornou-a malka e ofereceu,então, uma grande seuda, o banquete de Esther. Mas Esther não lhe contou que era judia. Guardou esse segredo, conforme Mordechai havia ordenado. Todo dia, Mordechai pas- sava pelo pátio da casa das mulheres, no palácio, para saber como Esther estava e, certo dia, estava diante do portão real e escutou dois guardas tramando a morte do melech!!! Contou a Esther, que contou ao melech, que, após mandar investigar o caso, conseguiu salvar-se e mandou enforcar os guardas. Este fato ficou registrado no livro das crônicas do melech, onde anotava todos os acontecimentos importantes do reino. Melech Achashverosh tinha ministros, pessoas que lhe davam conselhos. Às vezes, escutava o que seus conse- lheiros falavam e, às vezes, decidia sozinho o que fazer. Haman era um dos ministros que se foi tornando cada vez mais importante para o melech. Prova disso é que foi elevado em sua cadeira. O melech ordenou que, quando Haman passasse, todos os servos que ficavam diante do portão real deveriam inclinar-se e ajoelhar-se. Mordechai não obedecia e, quando lhe perguntaram porque não o fazia, respondeu: sou judeu. As pessoas que ficavam por perto se incomodaram com o fato de Mordechai não se ajoelhar e contaram para Haman. Haman ficou com muita raiva e resolveu matar todos os iehudim. Precisava da autorização do melech para fazer isto; então, fez um plano para convencer o melech, que concor- dou e passou nova lei real, autorizando que matassem todos os judeus. Para saber o dia certo em que isto aconteceria, jogou a sorte (pur), que determinou dia 13 de Adar. A verdade, no entanto, é que os judeus se salvaram. Vou contar como ... Quando Mordechai ficou sabendo desta lei, valendo-se de um plano, fez com que Esther também soubesse e ordenou que ela falasse com o melech. Ela mandou dizer ao povo que iria jejuar por três dias e que o povo também jejuasse com ela. Esther precisou ser muito corajosa, para procurar o melech sem ter sido chamada, e também para contar-lhe a verdade… que era judia. Esther vestiu suas roupas reais e foi procurar o melech. Ele estendeu o cetro de ouro - que era o sinal para que ela entrasse e disse: “Dar-lhe-ei até metade do Reino” (ad chatzi hamalchut). Neste momento, ela convida o mele- ch e Haman para um banquete. Os dois compareceram ao banquete, mas Esther não falou o que queria. Convi- dou para um segundo banquete, no dia seguinte. Haman ficou todo orgulhoso, mas continuava com raiva de Mor- dechai; então, mandou armar o local para enforcá-lo. Vocês se lembram quando Mordechai, por meio de Esther, salvou o melech daqueles soldados? Pois é… Cer- ta noite, o melech estava com insônia, pegou o livro de crônicas e leu que Mordechai o havia salvado. Chamou Haman e perguntou o que deveria se fazer a um homem a quem o melech deseja honrar. Haman pensou que o melech queria homenageá-lo e respondeu que esse ho- mem deveria receber roupas reais, a coroa do melech e o cavalo do melech e que, montado no cavalo, deveria ser puxado pelas ruas de Shushan. Na verdade, quem puxou o cavalo por toda a cidade foi Haman. E quem estava montado no cavalo? Mordechai !!! Mesmo com muita raiva, Haman não podia deixar de ir ao banquete. E, desta vez, finalmente Esther falou para o melech que algo terrível estava para acontecer. Revelou que era prima de Mordechai e contou que ela e seu povo, os judeus, seriam exterminados. O melech perguntou quem havia mandado fazer isto e ela disse que foi Haman. O melech ordenou, então, que Haman fosse enforca- do. Isto era suficiente para salvar os judeus? Não, pois a lei ainda vigorava. Esther pediu que o melech salvasse seu povo e ele respondeu que não poderia cancelar esta lei. Entretanto, o melech deu o anel real a Mordechai, que assumiu, então, um cargo importante e pôde criar novo plano para salvar os judeus. Mordechai passou nova lei, selando-a com o anel real, dizendo que cada judeu poderia defender-se quando atacado. Houve luta, porque as pessoas de ambos os lados agiram segundo as leis. Vocês se lembram que Haman passado uma lei para que os judeus fossem mortos?! Pois é; muitos fizeram como a lei de Haman; outros fizeram como a lei de Mordechai. A luta durou dois dias e muitas pessoas morreram. Depois de terminada a luta, os judeus se reuniram, com grande alegria, para comemorar a vitó- ria e enviaram presentes uns aos outros. Mordechai escreveu cartas aos judeus, para que come- morassem todos os anos, como naquele dia, lembrando que se viram livres do inimigo e que a tristeza se havia convertido em alegria. Como os judeus foram salvos, e Esther e Mordechai muito corajosos, comemoramos Chag Purim, com muita alegria! 113 O Pequeno Vovô Alguns dias antes de Purim, Oded disse à sua mãe: “Mãe, por favor me compre uma máscara com uma barba branca, eu quero me fantasiar de vovô.” A mãe de Oded respondeu: “Está bem.” Saiu e com- prou uma massecha com uma barba branca. Na festa de Purim, Oded vestiu o casaco grande de seu pai, colocou na cabeça seu velho chapéu, vestiu a massecha com a barba branca, segurou na mão uma bengala pesada, e saiu. Andou, andou, até que chegou na casa do vovô Avraham e bateu à porta. “Quem é?” perguntou a vovó. “Sou eu!” respondeu Oded, com voz grossa e rouca, como é típico da voz de um idoso. Vovô ouviu a voz e disse à vovó: “Vovó, há um senhor batendo à porta; abra, por favor!” Vovó abriu a porta: “Bem vindo!” Oded entrou e disse: “Eu sou o vovô, dêem-me um presente!” Só que, desta vez, Oded ficou emocionado e esque- ceu-se de modificar a voz. Na hora, vovô e vovó reconheceram-no, festejaram e ofereceram-lhe um ozen Haman. 5. Brachot e psukim Antes da leitura da Meguila, o leitor recita três bênçãos e os ouvintes respondem amém para cada uma: Baruch Ata Ad-nai Elokenu melech haolam Asher kidshanu bemitzvotav vetzivanu al mikra Meguila. Bendito é o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que realizou milagres para nossos antepassados, naqueles dias, correspondentes a esta época. Baruch Ata Ad-nai Elokenu melech haolam, sheassa nissim laavotenu baiamim hahem bazman haze. Bendito é o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que realizou milagres para nossos antepassados, na- queles dias, correspondentes a esta época. Baruch Ata Ad-nai Elokenu melech haolam, shehechianu vekiimanu vehiguianu lazman haze. Bendito é o Senhor, nosso D’us, Rei do Universo, Que nos deu a vida, nos manteve e nos fez chegar até a presente época. A seguinte bracha é recitada após a leitura da Meguila. Baruch ata Ad-nai Elokenu melech haolam, harav et rivenu, vehadan et dinenu, vehanokem et nik- matenu, vehanifra lanu mitzarenu, vehameshalem guemul lechol oivei nafshenu. Baruch ata Ad-nai, hanifra leamo Israel mikol tzareihem ha’kEl hamoshia. Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo, que lutaste por nós, julgaste a nossa causa, tomaste a vingança por nós e pagaste o merecimento a todos os inimigos da nossa alma e retribuiste o mal que nos fizeram os nossos inimigos. Bendito sejas Tu, Eterno, que retribuis o mal que fazem ao povo de Israel, ó Deus salvador. PURIM 114 6. “Fique por dentro” Srs. Pais, No dia 25 de março (6ª feira), comemoraremos Purim com nossos alunos. Neste dia, as crianças poderão vir sem uniforme ou fantasiadas. Para as que não possuem fantasias, sugerimos que confeccionem adornos, utilizando materiais caseiros, tais como: papéis, retalhos de tecidos, sucatas, entre outros. Usem sua criatividade e a de seus filhos; não é necessário comprar nada. Contamos com a sua colaboração, aproveitamos para lhes desejar CHAG PURIM SAMEACH! PURIM Para lembrarmos a história da malka (rainha) e do melech (rei) Achashverosh, organizamos uma grande festa na Sinagoga, onde escutamos a leitura da Meguilat Esther. Ao ouvirmos o nome do malvado 1º Ministro, Haman,devemos fazer muito barulho com o raashan (reco-reco), mas, ao ouvirmos o nome de Mordechai - primo da Malkat Esther, nós nos lembramos de como ele foi importante para que os iehudim pudessem vencer mais uma perseguição. Comer oznei Haman, usar fantasias (tachpossot) e máscaras (massechot) e tocar e escutar o raashan fazendo baru- lho, além de comer e beber bem, são costumes desta festa. Outro ponto central é a distribuição de cestas de alimentos (mishloach manot) e, neste ano em especial, empenhamo-nos muito para arrecadar uma grande quantidade de brinquedos e livros para doarmos. Para comemorarmos Purim, na aula com as crianças, proporcionamos diferentes atividades para cada tur- ma: fizemos oznei Haman e nos fantasiamos para um divertido baile. Todos puderam brincar com o raashan, enquanto escu- tavam a história. Caros pais, Nas noites de segunda-feira e terça-feira (dias 22 e 23/03) , comemoraremos a festa de Purim. Estamos enviando-lhes um texto para que possam refletir sobre alguns conceitos de Chag Purim. Vocês poderão encon- trar, aqui, também os costumes e uma gostosa receita de oznei Haman para fazer com seus filhos. Desejamos a todos um Chag Purim Sameach! Purim, na verdade, parece muito com um quebra-ca- beças ou, talvez, com um baile de máscaras. Só con- seguimos perceber o todo coerente, ao unirmos todos os pedaços, que estão meio misturados, ou ao serem retiradas as máscaras. Purim parece ser a mais descontraída e alegre de nos- sas festas – mas, em sua essência, encontram-se dois tó- picos muito duros e sombrios: a opressão e o possível extermínio de um povo. A Rainha Esther parece ser ape- nas mais uma das candidatas ao posto vago de rainha da Pérsia, mas, na verdade, é outra pessoa. Mordechai pare- ce apenas ser mais um dos muitos que circulam pelo pa- lácio, mas seu papel surge como muito mais importante. O rei Achashverosh parece ser apenas um déspota pouco ou nada esclarecido e não razoável, pois não consegue conviver com a independência de Vashti, mas ouve as palavras de Esther e aceita suas sugestões. Assim como um quebra-cabeças, ao juntarmos as peças, vemos que a Meguila é muito mais que uma historinha de uma intriga palaciana de um país desconhecido. Para celebrar Purim intensamente, precisamos mudar nossa aparência e colocar roupas e máscara que não são nossas do dia-a-dia. Purim é uma festa com muitos signi- ficados e costumes/mitzvot de: • mishloach manot - presentear cestas com comida e presentes. • matanot laevionim - presentear os pobres e as pes- soas de idade, com roupas, comida e outros. • fantasias - usar fantasias, máscaras ou algum adereço engraçado - vale tudo em termos de fantasia. • leitura da Meguila - ler a Meguila, ficando todos prontos para fazer muito barulho a qualquer menção do nome de Haman. • raashan - (reco-reco) usaro para fazer barulho, sem- pre que se ouve o nome de Haman, ao ser lida a Me- guilat Ester. • jantar festivo - beber e alegrar-se (Iemei mishte vesimcha), comemorando com jantar festivo. • Oznei Haman Ingredientes: 1 tablete de margarina ou manteiga sem sal, 2 colheres de sopa de açúcar de confeiteiro, 2 gemas, 3 colheres de sopa de água bem gelada, 1 xícara e meia de farinha, geléia de amora, morango, damasco ou uva, manteiga e farinha para untar a forma e farinha para abrir a massa. Modo de fazer: (1) Bater a manteiga e o açúcar até formar uma massa lisa; (2) Juntar as gemas, misturando bem; (3) Juntar a água gelada e, gradualmente, a farinha, misturando até formar uma bola de massa; (4) Colocar a massa coberta com plástico na geladeira por uma noite; (5) Ligar o forno em 350oC; (6) Abrir a massa e cortá-la em círculos usando um copo; (7) Colocar, em cada círculo, uma colher de sopa de geléia, fechando num triângulo;p (8) Passar levemente na farinha, arrumar numa assa- deira untada e enfarinhada, deixando espaço entre eles e assar por 15 min. 115 Canções e poemas • Ani Purim (por Levin Kipnis) • Chag Purim (por Levin Kipnis) • Purim Sameach • Haleitzan (por Sara Levi-Tanai) • Shir Hamassechot • Iesh li raashan • Shir haraashan • Leitzanim ktanim anachnu • Shoshanat Iaakov • Mishenichnas adar • UMordechai iatza • Mischak Purim • Iom tov lanu Site de canções (sem as letras): www.postcards.org/postcards Site de canções (com as letras, em hebraico): www.hamachonhabeinkibutzi.co.il Palhacinho alegre de Purim O palhacinho alegre de Purim Faz palhaçadas e roda, roda assim Pula pra frente e pula pra trás Bate palminhas trá lá lá lá lá lá Rash, rash, rash, rash O reco-reco faz Com os seus guizos faz blim, blim, blim, blim, blim Festa alegre é a festa de Purim Festa alegre é a festa de Purim Palhacinho Bonitinho Palhacinho bonitinho Venha, venha cá Hoje é Purim Vamos já brincar Pegue a sua máscara E o seu reco-reco Rash, rash, rash, rash, rash Vamos já brincar. Palhacinho Dengoso Um palhacinho dengoso Bate ligeiro com as mãos Um palhacinho dengoso Dá três pulinhos no chão Um palhacinho dengoso Bate seus guizos assim: plim! plim! Vira os olhinhos assim Blim! blim! blim! Palhacinho Venham, venham todos Ver o palhacinho Que saiu de casa Em seu cavalinho A tocar corneta A fazer piruetas Venha, venham todos Ver sua careta! PURIM 116 Sugestão de sites http//:www.education.gov.il/preschool http//:www.regards.com http//:www.chaguim.org.il http//:www.chabadcenters.com http//:www.bluemountain.com http//:www.holidays.net http//:www.galim.org.il/holidays http//:www.museumofcostume.co.uk http//:www.holidaynotes.com http//:www.613.org/Purim.il.html http//:www.greetme.com http//:www.ort.org.il/year http//:www.Purim.co.il http//:www.theholidayspot.com http//:www.holidays.net/Purim http//:www.torah.org Bibliografia Barak, B. Bechen uvekalut 4. Israel, Gedera: Talmor. 1993 Cashman, G. F. Jewish Days & holidays. Ilustrated by Alona Frankel. 1979 Devir, O. Hop chagagti. Israel. FISESP (Federação Israelita do Estado de São Paulo). Chag Vemada - Trabalhando com Ciências no GAN. Golan, M. Origami, kipulei niar. Israel, 1994 Gordon, U. Chag Purim. hotzaat Avivim, Hasochnut Haiehudit Leretz Israel, Tel Aviv HaCohen, Harav M. & HaCohen, D. Chaguim umoadim, Israel Handelman, M. S. Jewish Every Day. A.R.E. Publishing, Inc. Denver, Colorado. 2000 Lazar-Mor, T. Shai Lechag Purim. Israel Metzeger, Harav I. Meguilat Esther. Israel, Tel Aviv: 1989 Morag, H. Chetz Vakeshet. Nir - Ianiv, N. Chaguei Israel. Israel. Nir -Ianiv, N. Tmunot Messaprot – Chaguei Israel laguil harach. Israel, Iehoshua Arenstein, hotzaat sfarim Iavne, Tel-Aviv. 1982 Schlesinger, H. C. Tradições e Costumes Judaicos. Editora S. Singol - Buenos Aires – RJ - 1951 Tzarfati, M. Tchanim upeiluiot lePurim. Israel. 1993 Enciclopédia Judaica 117 Pessach Ma Nishtana? O que difere esta noite de todas as outras? Fontes Lemaan tizkor et iom tzeetcha meretz Mitzraim kol iemei chaiecha. (Nela não comerás levedado; sete dias nela comerás pães ázimos, pão de aflição (porquanto apressadamente saíste da terra do Egito)), para que te lembres do dia da tua saída da terra do Egito, todos os dias da tua vida. Vehigadta levincha baiom hahu leemor. E naquele mesmo dia farás saber a teu filho, dizendo: Isto é pelo que o SENHOR me tem feito, quando eu saí do Egito. Bechol dor vador, chaiav adam lirot et atzmo keilu hu iatza miMitzraim A cada geração, devemos sentir como se nós mesmos tivéssemos saído do Egito. 118 Descrição da festa Pessach, vem de passach – saltar, pular, lembrando a passagem de D’us sobre as casas dos judeus no Egito, poupando- os das pragas que lançou sobre os egípcios. Pessach é uma festa ligada à formação do povo de Israel - de “bnei Israel”, tornamo-nos “am Israel”, tendo à frente o líder Moisés. Um dos valores característicos de Pessach,importante ressaltar, é o valor da liberdade para um grupo de pessoas que vivia sob o jugo do Faraó no Egito, e que continua sendo atual, valor tanto particular como universal. A festa de Pessach – celebrada por 8 dias, quando fora de Israel, e 7, em Israel – possui, como ponto central, a reali- zação do seder, jantar especial que, pela simbologia, conta toda a história da escravidão e da conquista da liberdade. A realização do seder; que significa ordem, é um jantar que segue uma ordem determinada, contando a história da saída do povo judeu do Egito, atende à máxima da hagada, “vehigadeta levincha” – “e contarás ao seu filho”. As crianças têm papel importante e cabe a elas a realização das kushiot, as perguntas que constam da Hagada. Apesar do seder ser geralmente longo, se comparado a outras refeições familiares, vários costumes realizados neste fazem com que as crianças fiquem atentas e não durmam: mostrando e abençoando os alimentos simbólicos da keara de Pessach, bebendo os quatro copos de vinho, separando mais um para Eliahu Hanavi, entoando canções alegres, procu- rando o afikoman, escondido durante o seder e lendo nas hagadot, geralmente ilustradas e coloridas. Em Israel Pessach em Israel, acontece na estação da primavera, já que a festa é comemorada no mês de nissan. Saímos do Egito, em nissan - é esta a estação do ano, que traz a renovação e o renascimento das flores, combinando com o renascimento de um povo, que sai da escravidão para a liberdade. Este é o mês que abre a temporada agrícola em Israel, acentuando a ligação do homem com a terra, do povo judeu com a terra de Israel e do povo judeu com D’us. Mensagens das escolas A energia do seder Ao comemorar nosso êxodo do Egito, Pessach reflete a libertação da alma das coerções psicológicas e emocio- nais representadas pelo “Egito”. Aliás, a palavra hebraica para Egito, Mitzraim, pode ser também traduzida por “inibições” ou “restrições”: metzarim. Todos nós com- batemos inibições interiores e exteriores, que reprimem nosso crescimento e impedem que utilizemos ao máximo o nosso potencial. Podemos ficar paralisados pelo medo, vergonha, culpa, ressentimento, vícios. Podemos carecer da habilidade de amar, sonhar, chorar e relaxar nossas defesas, ou ficar escravizados por impulsos e sentimen- tos doentios de inveja, animosidade e amargura. Nes- te sentido, todos nós nos encontramos num ou noutro tipo de “Egito”, e o seder nos oferece a oportunidade de abandonar nosso Egito pessoal e caminhar em direção à Redenção. Abrimos nossos corações e acolhemos cordial- mente em nossas vidas a energia Divina da libertação. Extraído do Chabad News – Nissan 5763 (Gani TT) Conceitos importantes • seder Pessach: refeição de Pessach • kearat haPessach: prato de Pessach • leil hasseder: noite da comemoração • iain: vinho • Chag HaPessach: festa de Pessach • kos Eliahu Hanavi: taça do Profeta Elias • Chag Haaviv: festa da primavera • arba kossot: quatro taças • Chag Hamatzot: festa de pães ázimos • matza/ot: pão/ães ázimo(s) • Chag Hacherut: festa da liberdade • afikoman: matza escondida • chag sameach: Boas festas! • beitza/im: ovo(s) • Hagada shel Pessach: livro de rezas de Pessach • charosset: purê - maçã e nozes • kushiot: perguntas de Pessach • zroa: osso • kasher lePessach: kasher • karpas: salsão • *bdikat e *biur chametz: Verificação de fermentados • maror: raiz forte • esser hamakot: 10 pragas • chazeret: erva amarga • eved/avadim: escravo(s) • egozim: noz/es • teva: cesto de Moisés • sne boer (baesh veenenu ukal: sarça ardente (que não queima) 119 A busca da Liberdade Moacyr Scliar O Êxodo do Egito é uma passagem dramática na his- tória bíblica, uma verdadeira inflexão na trajetória do povo judeu, que, neste momento, se mostra digno da denominação de “povo eleito”. E isto acontece não por- que ele será o objeto de uma eleição. Não se trata de uma eleição nos moldes de hoje, com campanhas e voto eletrônico; não, trata-se de uma opção silenciosa, mas nem por isso menos eloqüente. Uma eleição em que, parafraseando uma expressão moderna, o povo votará com os pés, em que ele mostrará sua vontade, a sua es- magadora vontade, com uma grande marcha – a marcha rumo a uma terra, e rumo também a uma consciência grupal. Eloqüente instante em que a palavra “liberdade” adquirirá um significado concreto. A liberdade tem um mote – “deixe meu povo sair” - e tem um gesto: é preciso atravessar o mar, e depois o deserto, para ir em busca do sonho. O relato do Êxodo envolve elementos míticos (ou uma interpretação mítica de fenômenos naturais), mas não se esgota nisso. De fato, a saída é relativamente rápida. Lon- go, porém, será o período em que os hebreus vagarão pelo deserto: quatro décadas, o tempo necessário para que uma geração dê lugar a outra. Também nisto - talvez muito mais nisto – o texto bíblico se revele educativo. A liberdade não depende apenas do arroubo de um líder ou de um governante. A liberdade resulta de um pro- cesso de amadurecimento. É significativo que, para os hebreus, esta fase tenha tido como cenário o deserto, um lugar árido, de poucos acidentes naturais, e onde as pessoas estão constantemente vendo-se umas às outras. Esta convivência sem barreiras é uma condição essencial para o pacto social que consolidará a liberdade. A liber- tação pode ser instantânea; a incorporação da idéia de liberdade tarda mais tempo. Mas é irreversível. Mais do que uma celebração judaica, o Pessach é uni- versal. Porque a liberdade continua sendo um bem rela- tivamente escasso em nosso planeta. Não se trata apenas dos regimes totalitários que vigem em grande número de países; trata-se também de outros tipos de liberdades. Trata-se de livrar o ser humano da miséria, da doença, da exploração. “Deixe meu povo sair” é um brado que continua eco- ando em nosso tempo. O direito à liberdade precisa ser constantemente reafirmado. E Pessach é uma grande ocasião para isto. (Bialik) Nomes da festa Chag HaPessach Nome principal, usual e freqüente, vem do hebraico e quer dizer ‘pulou, passou’, pois D’us “passou” pelas casas dos judeus no Egito, para que não morressem seus primogênitos, uma das dez pragas do Egito (Shmot, capí- tulo XII, versículo 23). Chag Haaviv A festa da primavera. Chag Hamatzot A festa das matzot, ou pães ázimos, único alimento dos judeus, ao saírem do Egito. Chag Hacherut A festa da liberdade. PESSACH 120 Símbolos e motivos, usos e costumes Matza/ot Pão ázimo, confeccionado sem levedura, que se come durante a sema- na na qual se comemora a festa de Pessach, como lembrança à massa que não fermentou quando os judeus saíram, com pressa, do Egito. Hagada shel Pessach O livro que conta a história da saída do Egito, pelos mais velhos às crianças, durante o seder de Pessach, com recitações em coro, canções e trechos para serem declamados por crianças e adultos. Leil hasseder (noite a celebração de Pessach) Ponto culminante da celebração de Pessach, inclui a leitura da Hagada, que se traduz na narração da escravidão e do Êxodo de Egito, contada pelos membros da família e pelos convidados ao redor da mesa festiva. Neste seder, realizado na primeira noite de Pessach em Israel e nas duas primeiras noites de Pessach fora de Israel, a família se reúne para sabore- ar os alimentos tradicionais da festa, adequados ao trecho da história que está sendo contado. * É mitzva recitar no seder as três palavras: Pessach, matza e maror. Kearat haPessach Bandeja, prato especial, com lugares designados para os alimentos simbólicos de Pessach, que a compõem: charosset, maror, zroa, beitza, karpas, chazeret, cada qual com seu significado e ligação a Pessach. Ke- arat haPessach tornou-se, com o passar dos anos, um objeto onde a arte judaica se pode manifestar,