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CURSO DE DIREITO DISCIPLINA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV TUTELAS PROVISÓRIAS 1. TUTELAS PROVISÓRIAS NA DOUTRINA (DIFERENÇAS) A tutela provisória é aquela que não se estabiliza pela coisa julgada, ou seja, pode ser mudada. a) Tutela antecipada É uma tutela provisória, na medida em que pode ser mudada/ reformada/ mantida/ cassada. Caracteriza-se por seu caráter satisfativo somado a possibilidade de, caso não seja concedida, causar um risco ou um dano irreparável a parte. Por isso, o bem da vida (a proteção) é entregue ao autor no início da demanda. Ex.: concessão de remédios. b) Tutela cautelar É uma tutela provisória, também fundada na urgência. Possui caráter conservativo do processo, uma vez que não satisfaz o direito da parte, apenas conserva-o para que, oportunamente, o direito da parte seja satisfeito. Ex.: arresto, separação de corpos. c) Tutela de evidência Também é uma tutela provisória, assemelha-se à tutela antecipada, pois é satisfativa, mas não possui o requisito de urgência. Assim, pode-se afirmar que é uma espécie de tutela antecipada sem urgência. São casos em que o direito do autor é tão evidente que, mesmo sem urgência, concede-se de forma antecipada. Ex.: busca e apreensão de bens alienados fiduciariamente. 2. DISCIPLINA DA TUTELAS PROVISÓRIAS NO CPC Ao disciplinar a temática, o CPC abarca as três espécies de tutelas vistas acima. Ressalta-se que a tutela provisória estará presente tanto no processo de conhecimento quanto na execução, por isso se colocou na parte geral. a) TUTELA DE URGÊNCIA (300/302 CPC) (com perigo da demora) Satisfativa/antecipada: (incidental/antecedente) Conservativa/cautelar: (incidental/antecedente) b) TUTELA DA EVIDÊNCIA (Sem perigo da demora) (só incidental) 3. PRINCIPAIS QUESTÕES 3.1. Fim das tutelas cautelares em espécie (Poder Geral de Cautela do juiz) No CPC/73 havia dois grandes grupos de tutelas cautelares: • Cautelares típicas – previstas no CPC, que trazia seus requisitos • Cautelares atípicas – não possuem previsão legal, mas podiam ser concedidas com base no poder geral de cautela do juiz. 3.2. Urgência ou preventividade (periculum in mora) Tutela Antecipada: Satisfaz para garantir. (Perigo de dano) Tutela Cautelar: Garante para satisfazer. (Risco ao resultado útil do processo) Como visto, a urgência (periculum in mora) e a preventividade são características das tutelas antecipadas e cautelares (tutelas de urgência), não estando presentes na tutela de evidência. 3.3. Reversibilidade: precariedade, revogabilidade e mutabilidade As três espécies de tutelas provisórias são precárias e mutáveis, por isso podem ser revertidas, revogadas. Ressalta-se que em determinadas situações, pelo menos do ponto de vista fático, são irreversíveis, o que não impede que sejam concedidas. Como exemplo, tutela antecipada para concessão de medicamento, será dado para o autor. Caso depois fique provado que não possuía o direito, a reversibilidade pode ser em pecúnia, ou seja, ele irá pagar o valor do medicamento. 3.4. Inexistência de coisa julgada material As tutelas provisórias, em regra, não formam coisa julgada material, possuem cognição sumária (juízo de probabilidade), em que há celeridade e baixa segurança. 3.5. Fungibilidade Apesar do art. 305 do CPC afirmar que a tutela cautelar pode ser transformada em tutela antecipada, quando o juiz assim entender, é pacífico na jurisprudência que a tutela antecipada também pode ser convertida em tutela cautelar, já que ambas tutelam a urgência. Destaca-se que na tutela de evidência, conforme entendimento dominante, não há como aplicar a fungibilidade, já que há ausência de urgência. 3.6. Recurso cabível da decisão sobre a tutela provisória: Da decisão de primeiro grau, nos termos do art. 1.015, I do CPC, caberá agravo de instrumento. Da decisão do relator (art. 932), caberá agravo interno. Da decisão de primeiro grau, concedida em sentença, caberá apelação. QUADRO GERAL DAS TUTELAS 4. TUTELA ANTECIPADA INCIDENTAL Natureza satisfativa. Probabilidade do direito + Perigo de dano. 5. TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE Está disciplinada nos arts. 303 e 304 do CPC/15. Como já mencionado, a tutela antecipada pode ser concedida antes do início do processo (antecedente), bem como no curso da ação principal. TUTELA PROVISÓRIA 294 a 311 CPC TUTELA DE URGÊNCIA 300 a 310 CPC ANTECIPADA 300 a 303 CPC Antecedente 303 e 304 CPC Incidental 300 CPC CAUTELAR 300 a 303 CPC Antecedente 305 a 310 CPC Incidental 300 CPC TUTELA DE EVIDÊNCIA 311 CPC O pedido antecedente de tutela antecipada poderá ser feito com base em: - Urgência extrema 5.1 Inicial (06 requisitos) a) Indicação na petição inicial que pretende valer-se do benefício do caput do art. 303. b) Indicação do pedido de tutela final; c) Exposição da lide; d) Direito que se busca realizar (Probabilidade do direito); e) Perigo de dano; f) Valor da causa – pedido principal; 5.2 Decisão e aditamento/emenda nos mesmos autos (sem novas custas) Após o recebimento, o juiz irá decidir pelo: • Deferimento da TA: competirá ao autor, no prazo de 15 dias, promover o aditamento da inicial, a fim de transformá-la em pedido principal. • Indeferimento da TA: o autor deverá emendar, no prazo de 5 dias, a fim de transformá-la em uma ação principal. Caso não seja aditada/emendada, haverá a extinção do processo sem análise de mérito. 5.3 Estabilização da tutela antecipada antecedente Funcionamento da técnica da estabilização no Brasil A técnica da estabilização foi inspirada no direito francês. Imagine, por exemplo, que o indivíduo ajuíze uma ação pedindo apenas a tutela antecipada. Há o deferimento pelo juiz. Perceba que há a satisfação para o autor. Caso réu se conforme com a concessão, haverá a estabilização. Assim, havendo concordância (ainda que tácita) tanto do autor quanto do réu, não faz sentindo que o processo prossiga. Em regra, ao conceder a tutela antecipada, caso as partes não se manifestem, haverá a estabilização. Não será necessária a confirmação por meio de sentença definitiva. O art. 304 do CPC afirma que a tutela antecipada tornar-se-á estável caso não seja interposto recurso. Contudo, nada impede que seja apresentado um pedido, através de ação revisional, a fim de desfazer a tutela antecipada. Hipóteses de não cabimento da estabilização A estabilização cabe apenas para a tutela antecipada antecedente. Desta forma, não existe estabilização de tutela antecipada incidental. Tem prevalecido o entendimento, sobre o não cabimento de estabilização da tutela antecipada antecedente nos Juizados Especiais. Enunciado n. 163 FONAJE: Os procedimentos de tutela de urgência requeridos em caráter antecedente, na forma prevista nos arts. 303 a 310 do CPC/2015, são incompatíveis com o Sistema dos Juizados Especiais. Por fim, não há impedimento para que se estabilize uma tutela antecipada contra o Poder Público. 6. TUTELA CAUTELAR INCIDENTAL Natureza conservativa do processo. Probabilidade do direito + Risco ao resultado útil do processo. 7. TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE Inicialmente, salienta-se que a tutela cautelar possui natureza conservativa. Ou seja, visa conservar o resultado útil do processo que está por vir. Como exemplos, pode-se citar: • Separação de corpos • Arresto 7.1. Inicial (06 requisitos) a) Lide e seu fundamento: Indicação do pedido principal. b) Exposição sumária do direito: probabilidade c) Risco ao resultado útil do processo: Urgência d) Valor da causa do pedido principal: recolhimento de custas. 7.2. Formulação do pedido principalem 30 dias No regime do CPC/73, deferida a cautelar a ação principal deveria ser proposta em 30 dias. Com o CPC/15, o pedido principal é feito na própria cautelar. Não há o ajuizamento de uma nova ação. Imagine, por exemplo, que o juiz conceda o arresto antecedente. A parte terá 30 dias para transformar, através de aditamento ou emenda, o pedido de arresto em execução. Assim, não há o ajuizamento de uma nova ação, mas sim a transformação da cautelar antecedente no próprio pedido principal. Destaca-se que o prazo de trinta dias úteis é contado da data da efetivação da medida cautelar. 8. TUTELA DE EVIDÊNCIA Natureza satisfativa. Não se baseia em perigo da demora ou risco ao resultado útil do processo. Não há na tutela da evidência a necessidade de urgência, em virtude disso possui altíssima probabilidade do direito do autor, aliada à ausência de seriedade ou possibilidade de êxito da defesa. Trata-se de tutela satisfativa que dispensa a ocorrência do periculum in mora. 8.1 Inicial Completa A petição inicial deve ser completa, com a formulação do pedido principal. Por isso, afirma-se que tutela de evidência só pode ser requerida de forma incidental. Consequentemente, não há tutela de evidência antecedente. Hipóteses de cabimento: Ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; As alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; A petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
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