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TRABALHO COMPETENCIA CPP

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FACULDADE DE SABARÁ
Daniel Gonçalves Pereira
COMPETÊNCIA
Sabará
2020
FACULDADE DE SABARÁ
Daniel Gonçalves Pereira
COMPETÊNCIA
Trabalho apresentado à disciplina de 
Direito Processual Penal I do Curso de Direito da Faculdade de Sabará.
 Orientador: Marco Antônio Monteiro de Castro 
Sabará
2020
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	4
2.	DA COMPETÊNCIA	5
3.	ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA	6
3.1	Ratione Materiae	6
3.2	Racione Funcionae	6
3.3	Racione loci:	6
3.4	Competência Funcional:.	6
3.4.1	Competência funcional por fase do processo:	7
3.4.2	Competência funcional por objeto do juiz	7
3.4.3	Competência funcional por grau de jurisdição:	7
4.	COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA	8
1.1.	Quanto a natureza do interesse:	8
1.2.	Quanto a arguição da incompetência:	8
4.2	Quanto ao reconhecimento no juízo ad quem	10
5.	FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA CRIMINAL	10
1.3.	Competência de Justiça:	10
1.4.	Competência originária:	11
1.5.	Competência de foro ou territorial:	11
1.6.	Competência de juízo:	11
1.7.	Competência interna ou de juiz:	11
1.8.	Competência recursal:	11
6.	COMPETÊNCIA INTERNACIONAL	11
7.	CONCLUSÃO	12
BIBLIOGRAFIA:	13
INTRODUÇÃO
Jurisdição e competência:
A vida em sociedade produz inevitáveis conflitos de interesses. Na grande maioria das vezes, esses conflitos são solucionados pelas próprias partes e litígio, seja através de transações, seja por meio de renúncia ou outra forma de auto composição, ocorre que a autotutela é vedada (salvo em hipóteses excepcionais, como a legítima defesa, estado de necessidade e até mesmo casos de prisão em flagrante), caso haja resistência de uma das partes à pretensão da outra, surge a necessidade de que o Estado, através do processo, resolva esse conflito de interesses opostos, dando a cada um o que é seu e reintegrando a ordem e a paz no meio social. Desse mister se desincumbe o Estado por meio da jurisdição poder/dever reflexo de sua soberania, por meio do qual, substituindo-se à vontade das partes, coativamente age em prol da segurança jurídica e da ordem social. 
No âmbito específico da jurisdição penal, cogita-se da resolução de um conflito intersubjetivo de interesses: por um lado, na intenção punitiva do Estado, inerente ao ius puniend; por outro, no direito da liberdade do cidadão. Esses dois interesses traduzem, na realidade, o conteúdo da causa penal, que deve se limitar a verificação da materialidade de fato típico, ilícito e culpável, a determinação da respectiva autoria, e à incidência, ou não àquele, da norma penal material incriminadora.
Compreende-se como competência, por conseguinte, como a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão jurisdicional poderá aplicar o direito objetivo ao caso concreto, na dicção de Vicente Greco Filho, a competência é “o poder de fazer atuar a jurisdição que tem um órgão jurisdicional diante de um caso concreto. Decorre esse poder de uma delimitação prévia, constitucional e legal, estabelecida segundo critérios de especialização da justiça, distribuição territorial e divisão de serviço. A exigência dessa distribuição decorre de a evidente impossibilidade de um juiz único decidir toda a massa de lides existentes no universo e, também, da necessidade de que as lides sejam decididas pelo órgão jurisdicional adequado, mais apto e melhor resolvê-las”.
DA COMPETÊNCIA
Noções introdutórias:
A competência é a medida e o limite da jurisdição, é a delimitação do poder jurisdicional. 
Sendo assim, torna-se evidente que um juiz não poderá julgar todas as causas e nem a jurisdição poderá ser exercida ilimitadamente por qualquer magistrado; sendo, portanto, o poder de aplicação do Direito a casos concretos, ou jurisdição, distribuído pela Constituição Federal e por Lei entre os diversos órgãos do judiciário, por meio da competência.
Consoante Júlio Fabbrini Mirabete, essa distribuição baseia-se em dois elementos, a saber:
a causa criminal – em que a competência é delimitada tendo em vista a natureza do litígio, é determinada conforme a causa a ser julgada (competência material). O segundo é o referente aos atos processuais, em que o poder de julgar é distribuído de acordo com as fases do processo, ou o objeto do juízo, ou o grau de jurisdição (competência funcional). (MIRABETE, 2008, p. 156).
ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA
Tradicionalmente, a doutrina costuma distribuir a competência considerando quatro aspectos diferentes:
1.1 Ratione Materiae: é aquela estabelecida em virtude da natureza da infração penal praticada (CPP, art. 69, III). É o que ocorre, por exemplo, com a competência da justiça militar para julgar crimes militares, da justiça eleitoral para julgar crimes eleitorais, do tribunal do júri para julgar e processar crimes dolosos contra a vida, etc.
1.2 Racione Funcionae: em regra, a doutrina prefere utilizar a expressão racione personae. Todavia, queremos crer que essa espécie de competência, relativa aos casos foro por prerrogativas de função, de modo algum guarda qualquer relação com a pessoa do acusado, mas sim com as funções por ele desempenhadas. Daí em consideração as funções desempenhadas pelo agente como critério de fixação de competência.
1.3 Racione loci: uma vez delimitada a competência da justiça, importa delimitarmos em qual comarca (no âmbito da Justiça Estadual) ou subseção Judiciária (no âmbito da Justiça federal) será processado e julgado o agente. Daí a fixação da competência territorial, seja pelo lugar da infração, seja pelo domicílio ou residência do réu. (CPP, art. 69, I e II)
1.4 Competência Funcional: é a distribuição feita pela lei entre diversos juízes da mesma instância ou de instâncias diversas para num mesmo processo, ou em um segmento ou fase do seu desenvolvimento, praticar determinados atos. Nesse caso, a competência é fixada conforme função que cada um dos vários órgãos jurisdicionais exerce em um processo. São três as espécies de competência funcional.
1.4.1 Competência funcional por fase do processo: 
de acordo com a fase do processo, um órgão jurisdicional diferente exerce a competência. A título de exemplo, é o que acontece no procedimento bifásico do Tribunal do Júri: enquanto o juiz sumariamente exerce sua competência na 1º fase, podendo prolatar as decisões de pronúncia, impronúncia, absolvição sumária e desclassificação, o Juiz-Presidente do Tribunal do Júri exerce sua competência na segunda fase, prolatando sentença condenatória ou absolutória, a depender do veredicto dos jurados. Outro exemplo seria a competência outorgada ao juiz do processo e ao juiz das execuções. Recentemente, o Pacote Anticrime também introduziu no CPP uma nova espécie de competência funcional por fase do processo, qual seja, a divisão funcional entre o juiz das garantias, cuja competência tem início com a deflagração da investigação criminal e se estende até o recebimento da peça acusatória, e o juiz da instrução e julgamento, cuja competência tem início tão logo recebida a denúncia (ou queixa) e se estende pelo menos em tese, até o transito em julgado de eventual sentença condenatória ou absolutória;
1.4.2 Competência funcional por objeto do juiz: cada órgão jurisdicional exerce uma competência sobre determinadas questões a serem decididas no processo, como ocorre em juízos colegiados heterogêneos. É o que ocorre no tribunal do júri. Ao conselho de sentença compete o julgamento da existência do fato delituoso e de sua autoria, por meio de respostas aos quesitos formulados, enquanto ao juiz-presidente compete prolatar a sentença condenatória ou absolutória, de acordo com o decidido pelos jurados, fazendo a dosimetria da pena, além de decidir questões de direito que possam surgir ao longo da sessão de julgamento, tais como arguições de nulidade, suspeição, etc. Outra hipótese de divisão de competência pelo objeto do juiz é a do reconhecimento de questão prejudicial que leve a suspensão do processo penal para se aguardar a sentença do juízo cível (CPP, art,92 e 93);
1.4.3 Competência funcional por grau de jurisdição:divide a competência entre órgãos jurisdicionais superiores e inferiores. A lei, em razão da natureza do processo, distribui as causas entre órgãos judiciários que são escalonados em graus. Em tal hipótese, a competência pode ser originária (competência por prerrogativa de função) ou em razão de recurso (princípio do duplo grau de jurisdição). Por isso, um juiz de primeiro grau não pode rescindir acordão de instancia superior, mesmo na hipótese de existência de nulidade absoluta, sob pena de violação das normas processuais penais e constitucionais relativas a divisão de competência
COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA
Apesar de não haver expressa disposição legal acerca do assunto, doutrina e jurisprudência são uníssonas em dividir as espécies de competência em absoluta e relativa.
1.1. Quanto a natureza do interesse: denomina-se absoluta a hipótese de fixação de competência que tem origem em norma constitucional, apresentado como seu fundamento o interesse público na correta e adequada distribuição de Justiça. Como é o interesse público que determina a criação dessa regra de competência, essa espécie de competência é indisponível às partes e se impõem com força cogente ao juiz. Logo, não admite modificações, cuidando-se de uma competência improrrogável, imodificável. A propósito, consoante dispositivo no art. 62 no novo CPC, a competência determinada em razão de matéria, da pessoa ou função é inderrogável por convenção das partes.
Caso um juiz absolutamente incompetente decida determinada causa, até que sua incompetência seja declarada, essa sentença não será considerada inexistente, mas sim dotada de nulidade absoluta, dependendo do pronunciamento judicial para ser desconstituída.
1.2. Quanto a arguição da incompetência: a exceção da incompetência está prevista no art. 95, inciso II, do CPP. De acordo com o art. 108 do CPP poderá ser oposta verbalmente ou por escrito, no prazo de defesa. Esse prazo de defesa a que se refere o art. 108 do CPP, antes das alterações trazidas pela Lei nº 11.719/08, era o prazo para o deferimento da defesa prévia, a qual era apresentada em até três dias após o interrogatório. Com as alterações do procedimento comum ordinário a exceção da incompetência deve ser oposta no prazo da reposta a acusação 10 dias a qual é oferecida logo após a citação pessoal ou por hora certa do acusado. Como a incompetência absoluta e relativa podem ser conhecida até mesmo de ofício pelo juiz, o fato de a parte arguir a incompetência sem faze-la por meio da oposição de uma exceção, quer o faça no bojo da resposta a acusação, quer o faça em sede de memoriais, não impede que o magistrado conheça e aprecie a preliminar.
Diversamente do que se dá no processo civil, no processo penal o juiz pode declarar de oficio tanto a incompetência absoluta quanto a relativa. Entende-se que o magistrado dispõe de competência para delimitar sua própria competência, pouco importando se qualificada como absoluta ou relativa. Como o art. 109 do CPP não faz qualquer distinção quanto à espécie de incompetência, não cabe ao interprete fazê-lo.
A súmula nº33 do STJ “a incompetência relativa não pode ser declarada de ofício”, não se aplica ao processo penal. Apesar de esse ser o entendimento pacífico da doutrina e da jurisprudência, em alguns julgados isolados, o STJ vem reconhecendo (estranhamente) que a incompetência relativa não pode ser declarada de oficio pelo juiz nem mesmo no processo penal.
Cuida-se de entendimento absolutamente equivocado. Na verdade, o STJ parece desconhecer da própria jurisprudência. Isso poque a súmula nº 33 foi editada sob a ótica do processo civil. Deveras, quando se pesquisa a própria criação da súmula nº 33 do STJ, percebe-se que todos os precedentes que deram origem ao referido preceito sumular estão relacionados ao processo civil.
No processo civil, onde estão em jogo, em regra, direitos individuais, nada mais lógico do que não se permitir ao juiz o reconhecimento de ofício da incompetência relativa. Porém, no processo penal, em que a competência territorial é geralmente determinada pelo local da consumação do delito, acima do interesse das parte se encontra o interesse público na busca da verdade: onde se deram os fatos é mais provável que se consigam provas idôneas que os constituam mais fielmente no espirito do juiz. Evidente, portanto, que o juiz criminal não irá permanecer inerte diante do oferecimento de denúncia, por exemplo, perante o juízo de Santa Maria/RS quanto ao crime cometido em Rio Branco/AC. Por isso, mitiga-se, no processo penal, a diferença entre competência absoluta e relativa: mesmo esta pode ser examinada de ofício pelo juiz, o que não acontece no cível.
Essa apreciação de competência pelo magistrado deve anteceder a análise de todas as demais questões processuais e de mérito.
4.2 Quanto ao reconhecimento no juízo ad quem
Em relação ao reconhecimento da incompetência no juízo ad quem, é certo dizer que, na hipótese do conhecimento da matéria ser devolvido ao Tribunal em virtude de irresignação da acusação ou da defesa, é plenamente possível que o Tribunal declare a incompetência absoluta ou relativa, lembrando que, em relação a esta, sua arguição deve ter sido feita oportunamente na 1º instância, sob pena de já ter se operado a preclusão. Vigora assim a regra do tantum devolutum quantum appellatum, ou seja, tendo em conta que as partes insurgiram quanto à incompetência, é plenamente possível que o juízo ad quem aprecie a matéria.
FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA CRIMINAL 
Ao se buscar o juízo competente para processa e julgar determinada infração penal, devemos passar por várias etapas sucessivas, concretizando-se gradativamente o poder de julgar, passando do geral para o particular, do abstrato ao concreto. 
	Supondo, assim, que uma infração penal seja praticada na comarca “X”, devemos nos perguntar, inicialmente, se a infração penal é de competência da justiça brasileira. Posteriormente a partir da análise da natureza da infração penal, busca-se definir a justiça competente para processar e julgar o delito. Firmada a competência da justiça, devemo-nos perquirir se o acusado é titular do foro por prerrogativa de função. Depois, caso o acusado não faça jus ao julgamento perante ao órgão superior, observa-se a competência territorial (ou de foro). Por fim, chegamos à competência de juízo, determinando-se a vara, câmara ou turma competente. 
	Esse caminho que percorre a fixação da competência pode assim ser sintetizado, parando-se na fase em que a competência estiver determinada ou prosseguindo-se até que seja devidamente fixada:
1.3. Competência de Justiça: qual é a justiça competente? Tradicionalmente, a doutrina costuma dividir as justiças em Especial e Comum. São consideradas justiças especiais: a) justiça militar (da união e dos estados); b) justiça eleitoral; c) justiça do trabalho; d) justiça política (crimes de responsabilidade). Da justiça comum fazem parte a justiça comum federal (geral, júri e juizados) e a justiça comum Estadual (geral, júri e juizados)
1.4. Competência originária: o acusado é titular de foro de prerrogativa de função? O acusado encontra-se no exercício de cargo ou função que o sujeite diretamente a determinado tribunal, perante a qual deva ser oferecida a peça acusatória?
1.5. Competência de foro ou territorial: qual foro competente para processar e julgar a infração penal? Qual a comarca (justiça estadual), secção ou subseção judiciárias (justiça federal), circunscrição judiciária militar (justiça militar da união) ou zona eleitoral (justiça eleitoral) competente? 
1.6. Competência de juízo: qual o juízo competente para processar e julgar a infração penal? Cabe aqui a analise acerca da possível existência de vara especializada para o julgamento do delito, tal como ocorre em relação a drogas, acidentes de trânsito, lavagem de capitais e crimes contra o sistema financeiro, etc.
1.7. Competência interna ou de juiz: qual o juiz ou órgão internamente competente? Em regra, havendo juiz titular e juiz substituto em uma mesma vara, a competência édeterminada a partir da distribuição.
1.8. Competência recursal: em regra essa competência recursal recai sobre órgão jurisdicional superior. No entanto é possível que a competência recaia sobre o mesmo órgão que prolatou a decisão recorrida.
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
Antes de se proceder à distribuição interna da competência criminal pelos diversos órgãos jurisdicionais, surge a indagação prévia acerca da possibilidade de o poder jurisdicional brasileiro ser, ou não, para o exame competente para o exame da retenção punitiva. Refere-se essa indagação a denominada competência internacional. 
Quem estabelece os limites internacionais da jurisdição de cada estado são as normas internas desse mesmo estado. Entretanto como sublinha a doutrina “o legislador não leva muito longe a jurisdição de seu país, tendo em conta principalmente duas ponderações ditadas pela experiência e pela necessidade de coexistência com outros estados soberanos.
No ordenamento jurídico, a competência internacional é definida pelas regras de territorialidade e extraterritorialidade definida nos artigos 5º a 7º do código penal.
De acordo com a regra de territorialidade é competente a autoridade judiciária brasileira para o processo e julgamento dos crimes cometidos no território nacional. Tem-se como território em sentido estrito o solo, o subsolo, as águas interiores, o mar territorial, a plataforma continental, e o espaço aéreo acima de seu território e o seu mar territorial. Considera-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem com as embarcações e aeronaves brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se ache respectivamente no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. A mesma extensão ocorre em relação aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
CONCLUSÃO
A competência nada mais é que, o limite da jurisdição. Não é de se espantar que dentro de um país inúmeros conflitos de interesse surjam. Vimos que o Estado detém a jurisdição para legislar e resolver estes conflitos. Para realizar tais tarefas ele reparte o exercício da jurisdição entre diversos órgãos, estes passam a ser competentes para que, dentro de um limite estabelecido, possam solucionar os conflitos. Segundo Liebman, competência é a quantidade de jurisdição cujo exercício é atribuído a cada órgão ou grupo de órgãos.
BIBLIOGRAFIA:
Brasileiro, R. (2020). Manual de Processo Penal. Em R. B. Lima, 5. Editora jusPodivm.

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