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TERAPIA GÊNICA PARA CARDIOPATIA ISQUÊMICA EDUARDA ZAMINIANI GOMES, EMILY OLIVEIRA, MATHEUS HENRIQUE M. FREIRE, ROSELI ROCHA DA SILVA, TAIS ALMEIDA MATOS, VALESKA ARAUJO DA SILVA, DENY ANDERSON DOS SANTOS BIOMEDICINA - UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO RESUMO. As cardiopatias fazem parte de uma alteração na estrutura do coração que promove um mal funcionamento. No Brasil as doenças cardiovasculares causaram 33% dos óbitos e representam a principal causa de internação do setor público (Kaiser,2004). A cardiopatia isquêmica é causada por obstrução nas artérias coronárias por acúmulo de placas de colesterol que pode ocasionar um infarto ou insuficiência cardíaca. Existem algumas formas de tratamento para a cardiopatia isquêmica e uma delas que é estudada atualmente é a terapia gênica que visa mudar geneticamente as células para tratar a doença, pois os genes influenciam diretamente na maioria das patologias. A terapia gênica representa uma opção de tratamento, pela possibilidade de induzir angiogênese, estabelecer circulação colateral e reperfundir miocárdio isquêmico (Eibel,et al, 2011). A terapia gênica em doenças cardiovasculares não visa a substituir um gene anormal, mas sim, suprarregular a expressão de uma proteína útil aumentando o conteúdo de DNA. ABSTRACT. Heart disease is part of a change in the structure of the heart that promotes malfunction. In Brazil, cardiovascular diseases caused 33% of deaths and represent the main cause of hospitalization in the public sector (Kaiser, 2004). Ischemic heart disease is caused by obstruction in the coronary arteries by accumulation of cholesterol plaques that can lead to a heart attack or heart failure. There are some forms of treatment for ischemic heart disease and one of them that is currently being studied is gene therapy that aims to genetically change cells to treat the disease, because genes directly influence most pathologies. Gene therapy represents a treatment option because of the possibility of inducing angiogenesis, establishing collateral circulation and reperfusing ischemic myocardium (Eibel, et al, 2011). Gene therapy in cardiovascular disease is not intended to replace an abnormal gene, but rather to over-regulate the expression of a useful protein by increasing DNA content. Palavras-chave: Terapia gênica; Cardiopatias. Infarto do miocárdio. Vetores. Angiogênese cardíaca. 2 1 INTRODUÇÃO Neste estudo envolvendo avanços e desenvolvimentos genéticos ampliam as opções de terapia em casos de doenças cardíacas (Cardiopatias), o cerne das pesquisas tem como principal foco a diversidade e possibilidade do tratamento das cardiopatias por meio de engenharia genética, especificamente biologia molecular. Hoje sabemos que há mais opções terapêuticas, não só no ramo das doenças cardiovasculares, mas no entendimento de síndromes, e doenças hereditárias por meio da genética. Através das descobertas de novos genes e proteínas as modulações reversíveis de alguns mecanismos específicos das fisiopatologias cardíacas, como por exemplo, as cardiopatias isquêmicas compreenderam que há resultados significativos como no desenvolvimento da angiogênese cardíaca (Elizabeth, et al, 2013). 1.1 Problema As cardiopatias fazem parte de uma série de incongruências cardíacas, que promovem o mau funcionamento do coração, logo as doenças cardiovasculares apresentam abrangentes métodos e possíveis formas de diagnósticos e tratamentos. A Insuficiência Cardíaca tem como desafio aos profissionais da saúde entender, às múltiplas etiologias e grande incidência na sociedade, o tratamento muitas vezes é bastante complexo, o que requer um investimento maior em recursos, tanto físicos como também humanos para se ter uma qualidade de vida melhor, reduzindo a estadia em hospitais dos pacientes, e assim, aumentando a sobrevida dos pacientes. Atualmente, os tratamentos que temos disponíveis são basicamente medidas de prevenção terciárias, onde os esforços são feitos para cura ou estabilização de uma doença isquêmica já estabelecida e com manifestações clínicas. É importante que comecemos a estabelecer uma medicina preventiva para as doenças crônico- degenerativas e de que, com os conhecimentos atuais, ela possa ser realizada com eficiência e eficácia, e também, que os órgãos públicos e entidades médicas apliquem mais esforços na preservação da saúde, é necessário que se invista mais na saúde (Gus, I., 1998). A figura abaixo nos mostra a quantidade de pessoas que foram a óbito por doença cardiovascular no mundo, assim como a porcentagem que elas representam em 3 cada região. Os dados abaixo apresentados são de 2010 e como se pode notar, o número de mortes causadas por doença coronária é altíssimo, o que a torna uma doença de alto risco para a população (Global Burden of Disease Study, 2010). Figura 1 Mortes por doença cardiovascular como porcentagem de todas as mortes em cada região e a população regional total em 2010 (Fonte: adaptado de Global Burden of Disease Study, 2010) Por conta de o tratamento ser principalmente preventivo e essa ser uma doença que atualmente não tem cura, é fundamental a instalação de novos protocolos e estudos de terapias novas, como é o caso da terapia gênica, para que o paciente possa ter uma melhor qualidade e maior expectativa de vida possível, visando que esse tipo de terapia visa à solução para a origem do problema (Eibel, et al, 2011). 1.2 Justificativa Nos últimos anos, a doença cardiovascular (DCV) se tornou a maior causa de morte em todo o mundo. Estima-se que, em 2015 a DCV tenha causado 17,7 milhões de mortes, representando 31% de todas as mortes em nível global. Desses óbitos, estima-se que 7,4 milhões ocorrem devido às doenças cardiovasculares (OMS, 2017). Assim como em muitos países de alta renda durante o último século, os países de baixa e média renda têm tido um aumento alarmante nos índices de DCV, de acordo com analisado, mais de três quartos das mortes por doenças cardiovasculares ocorrem em países de baixa e média renda (OMS, 2017). Com o conhecimento da capacidade de interferir na constituição genética de um individuo através da terapia gênica, surge uma ampla gama de possibilidades de 4 tratamento até a possível cura de doenças genéticas herdadas dos pais e também de doenças que podem ser adquiridas ao longo da vida como as cardiopatias, infecções virais e até mesmo o câncer. (Menck, et al, 2007). 1.3 Hipótese O esperado dos avanços terapêuticos, focando na biologia molecular, propondo métodos não invasivos, de modo que o paciente possa vigorar das melhores condições de saúde e qualidade de vida, vem por meio de esta pesquisa analisar a situação mundial e oferecer assertivamente a melhor escolha para os pacientes que sofrem de cardiopatia (Harlan M, 2013). Com os novos avanços na biologia molecular e com a terapia gênica, cada vez mais estão sendo desenvolvidos recursos para aplicação na terapêutica cardiovascular em situações nas quais não há opções, ou quando estas apresentam limitações pelos métodos convencionais (Eibel B, et al, 2011). 1.4 Objetivo Analisar através da revisão de artigos científicos e livros como forma de revisão de literatura, a eficiência e eficácia da utilização da terapia gênica como forma de tratamento e possivelmente cura para cardiopatias isquêmicas. 2 METODOLOGIA Esse estudo consiste em uma revisão com base em artigos científicos, em relação à utilização da Terapia Gênica em tratamentos para a cardiopatia isquêmica. Foram incluídos estudos relacionados à terapia gênica, como esses tratamentos podem ajudar na qualidade de vida do paciente. A pesquisa foi realizada com base em diversos artigos científicos e livros para verificar como esse tratamento pode ajudar e se há algum malefício em sua utilização, todoo conteúdo mostra métodos modernos que podem revolucionar todo o tratamento. 5 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO A terapia gênica na cardiopatia é utilizada principalmente para indução de angiogênese miocárdica. Essa angiogênese induzida pela administração de fatores de crescimento destina-se a promover a formação de novos vasos, capilares e arteríolas (Kalil, et al, 2004). Esse tipo de angiogênese é chamada de terapêutica, ela foi desenvolvida para amplificar o processo natural da angiogênese e reperfundir tecidos isquêmicos, podendo assim, iniciar um novo processo de revascularização nos pacientes de alto risco (Eibel B, et al, 2011). O Vascular Endothelial Growth Factor – fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) funciona como um importante marcador de dano endotelial e também como mediador de reparo. A reconstrução endotelial ocorre pela migração e proliferação de células endoteliais maduras circulantes. No entanto, o VEGF também é importante em vários processos vasculares e a sua inibição mostrou efeitos colaterais significativos (Eibel B, et al, 2011). Para analisar-se os prós e contras em relação ao vetor utilizado, devem ser analisados: o tamanho do gene inserido, o sítio de incorporação no núcleo, a duração da expressão, a eficiência da transferência e o grau de resposta imune do organismo (Giordano FJ et al., 1996, apud Eibel B, et al, 2011). De acordo com Kalil, et al, (2004) a terapia gênica para doenças cardiovasculares não é utilizada para substituição de um gene anormal, e sim para suprarregular a expressão de uma proteína útil aumentando assim o conteúdo de DNA. A efetividade vai variar de acordo com o gene, vetor, e também pela forma de administração utilizada. A escolha de vetores está relacionada à segurança, ao tempo de expressão e a forma de administração em questão. Através da análise de ensaios clínicos, verificou-se que a aplicação clínica dos fatores de crescimento em humanos, apresentou resultados favoráveis e não apresentou efeitos adversos relacionados. Ensaios atuais comparam o uso de altas doses de VEGF, com baixas doses e com placebo, e os resultados demonstram melhora na perfusão miocárdica em pacientes com angina estável grave e fornece evidências de um efeito 6 positivo dose-dependente. Tendo isso em vista, o VEGF se mostrou um potencial fator angiogênico, com benefícios em médio e longo prazo de acompanhamento que já foram ou estão sendo avaliados. Entre os benefícios, pode-se notar a melhora da qualidade de vida do paciente além da classe funcional de insuficiência cardíaca, classe de angina, capacidade funcional e redução da isquemia miocárdica (Eibel B, et al, 2011). Alguns estudos com injeção intramiocárdica de plasmídeo DNA codificando VEGF-2 mostram resultados positivos para terapia gênica. O primeiro deles com 30 pacientes apresentaram aos 90 dias diminuição da frequência de angina e do consumo de nitroglicerina, aumento no tempo de exercício, além de melhorar a perfusão miocárdica nuclear e contratilidade cardíaca por mapeamento eletromecânico. (Kalil, et al , 2004) . A cardiopatia isquêmica grave com angina refratária a formas convencionais de tratamento apresenta-se em uma crescente incidência. Para tratar angina refratária, terapias alternativas na tentativa de redução da isquemia miocárdica e alívio de sintomas têm sido estudados. Neste contexto, a terapia gênica representa uma opção, pela possibilidade de induzir angiogênese, estabelecer circulação colateral e reperfundir miocárdio isquêmico. (Eibel, et al , 2011). 4 CONCLUSÃO A DCV se tornou a doença com a maior causa de morte no mundo, principalmente nos países de renda média e baixa. Tendo em vista os aspectos observados que a Terapia Gênica em tratamentos de Cardiopatia Isquêmica vem como uma forma de proporcionar um melhor tratamento e qualidade de vida para os pacientes com a indução da angiogênese miocárdica que ajuda na formação de novos vasos, reparando vasos já existentes. Com os avanços tecnológicos essa forma de terapia vem tendo diminuição nos efeitos colaterais, regressão da doença e mais qualidade de vida para os pacientes. A terapia gênica possui grande potencial de atuação e, certamente conforme avanços nos estudos ela deverá ter papel significativo na terapêutica cardiovascular do futuro, principalmente nos casos em que as terapias convencionais já não são suficientes para uma boa expectativa x qualidade de vida do paciente portador. 7 REFERÊNCIAS CARVALHO; Antônio C.; SOUSA José Marconi A – Cardiopatia isquêmica. Disponível em: http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/8-3/cardiopatia.pdf. Acesso em 22 de março de 2019. EIBEL, B. et al. 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