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Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico de Agronegócios Olericultura Governador Vice Governador Secretária da Educação Secretário Adjunto Secretário Executivo Assessora Institucional do Gabinete da Seduc Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC Cid Ferreira Gomes Domingos Gomes de Aguiar Filho Maria Izolda Cela de Arruda Coelho Maurício Holanda Maia Antônio Idilvan de Lima Alencar Cristiane Carvalho Holanda Andréa Araújo Rocha Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 1 OLERICULTURA SUMÁRIO 1. CLASSIFICAÇÃO DAS HORTALIÇAS Helen Elisa C. R Bevilacqua Pag.2 2. IMPORTANCIA DAS HORTALIÇAS NA ALIMENTAÇÃO HUMANA Vera Lúcia T. Nakayama Pag. 10 3. ASPECTOS GERAIS DA OLERICULTURA NO MUNDO, NO BRASIL E NO CEARÁ - Situação atual da participação das hortaliças no agronegócio brasileiro e perspectivas futuras Nirlene Junqueira Vilela / Gilmar Paulo Henz Pag. 16 4. IMPORTÂNCIA DA CADEIA PRODUTIVA BRASILEIRA DE HORTALIÇAS Paulo César Tavares de Melo / Nirlene Junqueira Vilela Pag. 27 5. PLANEJAMENTO DA HORTA Adão Luiz C. Martins Pag. 34 6. PROPAGAÇÃO E PLANTIO Juscelino Nobuo Shiraki Pag. 41 7. TIPOS DE PROPAGAÇÃO Alonso da Mota Lamas Pag. 47 8. O SOLO: CONCEITOS, COMPOSIÇÃO E ATRIBUTOS IMPORTANTES PARA O MANEJO Adão Luiz C. Martins Pag. 50 9. NUTRIÇÃO MINERAL, CALAGEM E ADUBAÇÃO DAS HORTALIÇAS Adão Luiz C. Martins Pag. 58 10. CULTIVO DAS HORTALIÇAS Ingrid Vieira Machado de Moraes Pag. 67 11. QUALIDADE DA ÁGUA UTILIZADA NA IRRIGAÇÃO DE HORTALIÇAS Eduardo Lanzoni Nóbrega Pag. 85 12. TRATOS CULTURAIS Helen Elisa C. R. Bevilacqua Pag. 87 Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 2 13. IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS Juscelino Nobuo Shiraki Pag.92 14. COLHEITA DAS HORTALIÇAS Adão Luiz C. Martins Pag.98 15. PÓS-COLHEITA DE HORTALIÇAS Gilmar P. Henz Pag. 102 16. ASPECTOS TÉCNICOS DO CULTIVO CONVENCIONAL E O CULTIVO PROTEGIDO DAS HORTALIÇAS Cultivo protegido Antônio Carlos Ferreira da Silva Pag. 108 17. PRODUÇÃO ORGÂNICA E CUIDADOS AMBIENTAIS - Agricultura Convencional X Agricultura Alternativa Juscelino Nobuo Shiraki Pag. 112 18. NOÇÕES DE HIDROPONIA Silva, A. P. P. / Melo, B. Pag. 118 Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 3 1. CLASSIFICAÇÃO DAS HORTALIÇAS Helen Elisa C. R Bevilacqua Olericultura O termo OLERICULTURA é derivado do latim: olus (=hortaliça) e colere (=cultivar) e, portanto, é utilizado para designar o cultivo de certas plantas de consistência herbácea, geralmente de ciclo curto e tratos culturais intensivos, cujas partes comestíveis são diretamente utilizadas na alimentação humana, sem exigir industrialização prévia. As hortaliças também são denominadas por cultura olerácea e são popularmente conhecidas como verduras e legumes. A olericultura não é sinônimo de horticultura, sendo este último mais abrangente, referindo-se à produção de uma grande diversidade de culturas comestíveis ou ornamentais, como a fruticultura (cultura de fruteiras variadas), a cultura de cogumelos comestíveis, a jardinocultura (produção de plantas ornamentais), o cultivo de plantas bulbosas (como a tulipa), o cultivo de plantas medicinais, o cultivo de plantas condimentares e a produção de mudas diversas (viveiricultura). Segundo a Sociedade Brasileira de Olericultura do Brasil, além das verduras e legumes por nós conhecidos, devem ser incluídas entre as culturas oleráceas, a melancia, o melão, o morango, a batata-doce, a batatinha, o inhame, a mandioquinha- salsa, entre outras. Características das hortaliças Como característica mais marcante, temos o caráter intensivo, quanto à utilização do solo, aos tratos culturais, à mão-de-obra e aos insumos agrícolas modernos (sementes, defensivos e adubos químicos). Empregam-se esses insumos em quantias elevadas por área cultivada. Em contrapartida, possibilita altas rendas líquidas por área cultivada. Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 4 O olericultor é o tipo de empresário rural que obtém os maiores lucros por unidade de área explorada em relação aos demais agricultores ou criadores. Isto porque, na maioria dos casos, o ciclo cultural das hortaliças é bem mais curto, comparando-se com as demais culturas. Como exemplo: em um ano, num mesmo terreno, pode-se utilizar para 3 culturas de tomate transplantados, ou 6 culturas de alface transplantadas ou 12 culturas de rabanete plantados diretamente. O ciclo das hortaliças normalmente é de 3 a 6 meses, com exceção do aspargo (que é perene) ou do chuchu (semi-perene). Como as áreas são menores, podemos aprimorar os tratos culturais que são intensivos, podendo-se utilizar a polinização manual, fumigação dos canteiros, produção de mudas em recipientes, raleamento dos frutos, adubação foliar, etc. Com isso, utiliza-se, de modo intensivo, a mão-de-obra e a terra. Pela sua alta rentabilidade física e econômica, a olericultura permite o aproveitamento de terrenos de baixa fertilidade natural, cuja utilização seria antieconômica para outras culturas. Expansão da olericultura Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os índios que aqui viviam alimentavam-se com a mandioca, vários tipos de feijões e favas, jerimum ou moranga, batata-doce, beldroega, tomilho, maxixe, caruru, amendoim e várias espécies de pimenta. Na Europa, já era tradição agrícola e hábito dos portugueses, o cultivo de hortas, pois a base da alimentação eram os vegetais cozidos, em forma de caldos. Aqui no Brasil, para garantir a produção dessas hortaliças, os portugueses criaram os cinturões verdes (áreas de cultivo ao redor das cidades), em Olinda, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, nos quais, além de hortas, também implantaram pomares, criavam galinhas e produziam mel. Adotaram a mandioca e cultivavam os temperos (coentro, cominho, hortelã, manjericão ou alfavaca, salsa, cebola, alho, poejo), couve, nabo, pepino, cenoura, alface, espinafre e berinjela. A outra influência decisiva na agricultura e na alimentação brasileira veio com os africanos que chegaram ao Brasil a partir de 1539 e mantinham os seus Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 5 “roçadinhos” ao redor da senzala, onde plantavam quiabo, vinagreira, inhame, erva- doce, melancia, gergelim, açafrão e vários tipos de pimenta. Embora tenha surgido dessas três influências, o brasileiro não se distinguiu como um grande consumidor de hortaliças. A partir do começo do século XVII, as hortaliças pouco a pouco passaram à categoria de “mistura”, ou um complemento eventual, mas a preferência era pelas carnes de gado, de peixe e de caça, muito abundantes e baratas naquela época e pelo feijão. Houve um aumento do consumo de saladas pelos ricos que tinham acesso à Corte Imperial, com a chegada do Príncipe Regente Dom João, em 1808, que trouxe o costume da França. Contudo, a camada mais pobre da população não tinha o costume de comer as hortaliças, somente consumindo alguns temperos. Pequenas mudanças ocorreram no final do século, com a chegada dos imigrantes italianos, alemães e nórdicos, que não abriam mão de seus hábitos alimentares aqui no Brasil, aumentando o consumo de batata (entre os alemães) e do tomate (entre os italianos) – hortaliças curiosamente de origem sul-americana. A contribuição mais significativa para a incorporaçãodo hábito de consumo de hortaliças pelos brasileiros ocorreu com a chegada dos imigrantes japoneses, a partir de 1908. Depois de trabalharem nas grandes fazendas de café, instalaram-se em pequenas propriedades ao redor da cidade de São Paulo, formando o cinturão verde. Produziam em larga escala e com técnicas modernas, as culturas hortícolas já conhecidas no país e outras que eles mesmos trouxeram, como a couve-chinesa, a couve-rábano, o espinafre, a bardana, o rabanete, o repolho, a mostarda, o broto de bambu e o broto de feijão. O aumento da urbanização provocou um aumento do preço das terras próximas às cidades e da demanda de alimentos, gerando a necessidade de se aprimorar a produção das hortaliças, com a melhoria da tecnologia utilizada e aumento da produtividade. Com isso, a olericultura saiu das proximidades das cidades, indo para locais com melhores condições ecológicas (de solo e clima), ou de maior conveniência econômica (custo de utilização da terra e da água). Assim, a horta evoluiu para a olericultura empresarial, atendendo a demanda e exigência dos consumidores, tanto no aspecto da qualidade dos produtos, quanto ao Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 6 sabor e riqueza em vitaminas e minerais. No entanto, é interessante notar que o nível de consumo das hortaliças relaciona-se com a renda pessoal, o grau de escolaridade e a cultura geral da população de um país. Na década de 1940, surgiu a Revolução Verde, onde devido à demanda crescente de alimentos, o cultivo era feito com a utilização dos “pacotes tecnológicos” surgido no pós-guerra mundial (com as grandes sobras de material de guerra das indústrias química e mecânica), que incluíam o uso da mecanização agrícola, de sementes híbridas selecionadas, adubos químicos e agrotóxicos para garantir o aumento da produtividade. Esses pacotes tecnológicos chegaram a partir da década de 1960 no Brasil, com o apoio de políticas agrícolas de crédito rural e de centros e órgãos de pesquisa e extensão rural (como a EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias e EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) que foram criados para a adequação de novas variedades de produtos hortícolas à nossa realidade de clima e solo e para auxiliar o produtor na utilização dos novos insumos (adubos químicos, herbicidas, fungicidas, inseticidas, etc.). Na década de 1970 foram implantadas as primeiras CEASA’s (Centrais de Abastecimento S.A.) beneficiando a produção, com a comercialização sendo racionalizada num único local. A década de 1980 é considerada importante para a olericultura brasileira, com o lançamento de cultivares de hortaliças adaptadas às mais diversas condições climáticas do território nacional, graças às atividades da pesquisa oficial. Foi nessa época também, que a qualidade dos alimentos passa a ser considerada como fator de segurança alimentar e nutricional - já não basta produzir em quantidade suficiente para abastecer a população e viabilizar as condições de acesso ao alimento, mas também promover e manter a saúde do homem. Com a chegada da década de 1990, aprofunda-se a crise ambiental no mundo, havendo um grande questionamento sobre a influência da sociedade capitalista na natureza e também sobre a sustentabilidade do modelo de exploração dos recursos naturais até então utilizados. Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 7 Na última década acentuou-se a implantação do sistema de cultivo protegido em estufas e a hidroponia. Em 1996, na Conferência da Alimentação realizada em Roma, a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) reconhece o fracasso da Revolução Verde e o surgimento de uma Nova Revolução Verde (ou Alternativa). Além disso, movimentos internacionais que apontavam falhas na proposta química, começaram a propor soluções para uma melhor convivência com os recursos naturais, criando sistemas de produção baseados em modelos que combatem a degradação do meio ambiente e o esgotamento dos recursos naturais, garantindo alimento e saúde tanto para a atual, quanto para as futuras gerações. Nas Conferências das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizadas em 1972, 1982 e em 1992 (esta última no Rio de Janeiro, conhecida como ECO-92 ou Rio-92), tornaram-se visíveis os danos causados pela agricultura convencional (onde o objetivo principal é o aumento da produção), mostrando que a agricultura era a fonte difusa de poluição no planeta, causado, sobretudo, pelo uso excessivo de inseticidas. Com isso, buscou-se uma agricultura menos dependente dos insumos químicos, onde se quer conciliar as necessidades econômicas e sociais da população humana, com a preservação da base natural do planeta, ou seja, o desenvolvimento sustentável. Os métodos alternativos de produção, onde se prioriza a interação entre solo- planta-clima-pragas e etc., começam a crescer, refletindo uma mudança de atitude do ser humano em relação ao meio ambiente. Em maio de 1999 o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, através da Instrução Normativa nº 07, aprova normas disciplinadoras para a produção, tipificação, processamento, envase, distribuição, identificação e certificação de produtos orgânicos no país. Busca-se hoje, segundo os princípios da agroecologia, o restabelecimento de uma relação saudável entre a natureza e a sociedade e a consolidação da segurança alimentar e nutricional sustentável, como opção para viabilizar a produção de alimentos de qualidade e fortalecer a agricultura familiar. Classificação das hortaliças Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 8 Devido à grande quantidade de espécies envolvidas e as particularidades de cada cultura, torna-se necessário uma metodologia capaz de evidenciar as semelhanças e as diferenças botânicas ou de ordem tecnológica entre essas culturas. Por isso, procura-se agrupá-las didaticamente e, nesse sentido, existem várias classificações baseadas nas características comuns. Uma classificação muito antiga considera, como critério para o agrupamento, as partes utilizadas na alimentação humana, e que têm valor comercial. Atualmente, tal classificação vem sendo utilizada, com pequenas modificações, pelo sistema Nacional de Centrais de Abastecimento. A classificação é a seguinte: • Hortaliças tuberosas - são aquelas cujas partes utilizáveis desenvolvem-se dentro do solo, compreendendo: tubérculos (batatinha, cará), rizomas (inhame), bulbos (cebola, alho) e raízes tuberosas (cenoura, beterraba, batata-doce, mandioquinha-salsa). • Hortaliças herbáceas - aquelas cujas partes aproveitáveis situam-se acima do solo, sendo tenras e suculentas: folhas (alface, taioba, repolho, espinafre), talos e hastes (aspargo, funcho, aipo), flores e inflorescências (couve-flor, brócolis, alcachofra). • Hortaliças-fruto - utiliza-se o fruto, verde ou maduro, todo ou em parte: melancia, pimentão, quiabo, ervilha, tomate, jiló, berinjela, abóbora. Outra classificação, mais simples, incorreta e pouco abrangente também, e muito utilizada, é a que reúne todas as hortaliças em dois grandes grupos: as “verduras” e os “legumes”. O critério para enquadrar as numerosas hortaliças cultivadas num ou noutro grupo, seria a adequação ou não à tradicional embalagem que é a caixa tipo “K” (de querosene, pois este produto era trazido, na época da Segunda Guerra, neste tipo de caixa), também conhecida como caixa tipo “tomate”. Assim, os “legumes” seriam aquelas hortaliças consideradas adaptadas a tal embalagem (hortaliças tuberosas e hortaliças frutos); todas as demais (hortaliças herbáceas)seriam simploriamente denominadas de “verduras”, mesmo que a cor verde não predomine. Esses termos também são utilizados, frequentemente, como sinônimos de hortaliças. Porém, o melhor critério para agrupar as culturas oleráceas, é considerarmos o parentesco botânico das plantas, com a vantagem de se basear em Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 9 características muito estáveis. Assim, enquanto que os métodos culturais utilizados ou as partes aproveitáveis na alimentação podem variar de uma região para outra, conforme imposições econômicas ou por simples tradição regional, as características botânicas são invariáveis. Esse tipo de classificação baseia-se no parentesco e nas semelhanças entre elas, utilizando-se os órgãos vegetativos e reprodutivos. Para tanto, utilizamos três unidades taxonômicas que nos interessam mais de perto: • a família botânica - que é a reunião dos gêneros botânicos afins; • o gênero botânico - que é o agrupamento de espécies afins; • a espécie botânica - que é a unidade taxonômica básica, englobando indivíduos vegetais muito semelhantes entre si. Essas unidades são utilizadas desde os trabalhos pioneiros do célebre professor sueco Karl von Linnée (1707 - 1775), adotando-se um sistema binário de nomenclatura, em latim, aceito universalmente, que compreende o nome do gênero e o epíteto específico para designar uma espécie botânica. Como exemplo, temos: Variedade botânica e variedade cultivada No meio técnico atual, o antigo termo “variedade”, no sentido de uma variedade comercial plantada pelos olericultores, não vem sendo mais utilizado. Tem sido substituído pelo termo “cultivar” (do inglês cultivated variety), estabelecendo-se que sua abreviatura é cv. Define-se cultivar como um grupo de plantas cultivadas, muito Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 10 semelhantes entre si, que se distingue por quaisquer características, como morfológicas, fisiológicas, químicas, citológicas, etc., como é o caso do rabanete, que pode ser comprido ou redondo, uma alface que suporta o calor sem florescer, os diversos tipos de tomate existentes, etc. Tais características são mantidas inalteráveis durante a propagação da cultivar, por via sexual ou vegetativa. A variedade botânica ou varietas (em latim) não deve ser confundida com “cultivar”. O termo varietas ou abreviando-se var. é uma unidade taxonômica, utilizado logo após o nome da espécie botânica, para designar uma população de plantas, dentro de um mesma espécie, mas com aparência marcadamente diferente daquela. Um bom exemplo é o da espécie botânica Brassica oleracea, originária da couve selvagem mediterrânea, que abrange algumas varietas muito importantes, pois são muito conhecidas entre nós: Brassica oleracea var. capitata (repolho) Brassica oleracea var. acephala (couve-manteiga) Brassica oleracea var. tronchuda (couve tronchuda) Brassica oleracea var. botrytis (couve-flor) Brassica oleracea var. italica (brócoli) Com isso, podemos definir bem uma determinada hortaliça. Exemplificando novamente, o nome completo, do ponto de vista científico, técnico ou comercial, de uma couve-flor brasileira, criada para condições de verão quente, muito cultivada no centro-sul é: Brassica oleracea var. botrytis cv. “Piracicaba precoce”. Referenciais Bibliográficas ALMEIDA Jr., H. Práticas alternativas de controle de pragas e doenças na agricultura - coletânea de receitas. Campinas: EMOPI, 1998. 112p. Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 11 BOLETIM TÉCNICO 100 - Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico de Campinas, 1997. 285p. BOLETIM TÉCNICO 200 - Instruções agrícolas para as principais culturas econômicas. 6ª ed., Campinas: Instituto Agronômico de Campinas, 1998. 393p. CHABOUSSOU, F. A teoria da trofobiose - novos caminhos para uma agricultura sadia. Fundação Gaia, Centro de Agricultura Ecológica Ipê, 2ª ed., 1995. COMO COMBATER PRAGAS E DOENÇAS. Plantas dentro de casa. Rio Gráfica Editora, 1980, n.º 11. p.161-165. COMO ENFRENTAR A FERRUGEM. Jornal “Plantas e flores”. Editora Abril, 15/outubro, 1978. p.3. CUIDADO COM O TRIPES. Jornal “Plantas e flores”, 29/outubro, Editora Abril, 1978. p.3. FILGUEIRA, F. A. R. Manual de Olericultura. Vol. I. 2ª ed. São Paulo: Agronômica Ceres. 1981. 338p. FORNARI, E. Novo manual de agricultura alternativa. Editora Sol Nascente, 2ª ed. 273p. FRANCISCO NETO, J. Manual de horticultura ecológica: auto-suficiência em pequenos espaços. São Paulo, 1995. 141p. GUIA RURAL. Horta é saúde. Edição Especial do Guia Rural. São Paulo: Abril. 338p. KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. Piracicaba: Ceres, 1985. 492p. ______. Fertilizantes organominerais. Piracicaba: Edição do autor, 1993. 189p. LEPSCH, I. F. Solos - formação e conservação. São Paulo: Melhoramentos, 1976. 160p. (série Prisma) LOPES, C. A.; SOARES, A. M. Q. Doenças bacterianas das hortaliças - diagnose e controle. Brasília: EMBRAPA - CNPH, 1997. 70p. Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 12 LUTE CONTRA AS COCHONILHAS. Jornal “Plantas e flores”. 1º outubro. Editora Abril, 1978. p.4. MAKISHIMA, N. Produção de hortaliças em pequena escala. EMBRAPACNPH, 1983. 23p. (Instruções técnicas, 6). MEDEIROS, A. R. M. Alelopatia - fundamentos, importância e suas aplicações. Piracicaba: 1987. (Apostila) MEDEIROS, M. A. O controle biológico de insetos - praga e sua aplicação em cultivos de hortaliças. Brasília: EMBRAPA-CNPH, 1997. (Circular Técnica 8) O MANEJO INTEGRADO NO CONTROLE DO PULGÃO DO TRIGO. ICI- Agroquímicos Notícias, São Paulo, sem data, n.º 37. P.3-5. OLIVEIRA, J. A.; PINTO, A.G.; TEIXEIRA, J. E. Uma mensagem ao agricultor - Projeto Escola no Campo. São Paulo: Zeneca, 1996. 68p. PASCHOAL, A. D. Produção orgânica de alimentos: agricultura sustentável para os séculos XX e XXI. Piracicaba, 1994. 191p. 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Glueck Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 14 2. IMPORTANCIA DAS HORTALIÇAS NA ALIMENTAÇÃO HUMANA Vera Lúcia T. Nakayama A importância de uma alimentação saudável Uma alimentação saudável e equilibrada é fundamental para a saúde, constituindo uma prática que contribui para o bem estar físico, mental e social dos indivíduos. A ciência da nutrição estuda os alimentos e suas relações com a saúde, o valor nutritivo dos alimentos, o metabolismo, o equilíbrio das dietas e os fatores que interferem na saúde, os quais podem ser sociais, psicológicos, culturais e econômicos. Nos últimos anos, a alimentação saudável tem sido alvo de destaque, visando à longevidade e qualidade de vida. Prova disso são as matérias divulgadas pela mídia, muito embora, nem sempre as informações sejam transmitidas com clareza e dotadas de comprovação científica. Assim sendo, é importante que o público esteja ciente dos riscos e benefícios ao transformar um certo alimento como parte da rotina de sua alimentação e não apenas se deixar levar pelos apelos nutricionais que muitas vezes podem ser tendenciosos ou focados em apenas em um aspecto de saúde. Grupos de alimentos Através da ingestão de alimentos, o organismo recebe os nutrientes necessários para seu funcionamento. Nutrientes são substâncias químicas, com funções específicas no organismo. São eles: proteínas, vitaminas e sais minerais, carboidratos e lipídios. Podemos dividir os alimentos em três grandes grupos, conforme a quantidade de nutrientes que possuem em maior quantidade e sua função: • Construtores: são os alimentos fontes de proteínas, nutrientes importantes para a construção e manutenção dos tecidos, formação de enzimas, hormônios e anticorpos, entre outras funções. - alimentos de origem animal = carnes, ovos, leite e derivados. Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 15 - leguminosas secas = feijões, grão-de-bico, lentilha, ervilha-seca. • Reguladores: são os alimentos fontes de vitaminas e minerais, nutrientes que regulam o funcionamento do organismo, colaborando no aproveitamento de todos os outros nutrientes. - alimentos de origem vegetal = verduras, legumes e frutas. • Energéticos: são os alimentos fontes de carboidratos e lipídios, nutrientes que fornecem energia para todas as atividades do organismo. - fontes de carboidratos = cereais, massas, farinhas, açúcar, feculentos (batata, mandioca, etc.). - fontes de lipídios = óleos e gorduras. Para que uma refeição esteja qualitativamente equilibrada, é necessário que contenha pelos menos um alimento de cada grupo. O hábito de consumir alimentos variados é bastante saudável para que se garanta o fornecimento de todos os nutrientes ao organismo, uma vez que não existe alimento completo. A apresentação do prato, com diferentes cores e texturas, bem como com sabores diversificados, contribui para a implantação de bons hábitos alimentares. Em termos de quantidade, as necessidades variam conforme o sexo, faixa etária e atividade física dos indivíduos. Valor nutricional das hortaliças Como vimos, às hortaliças, juntamente com as frutas, fazem parte dos alimentos classificados como reguladores. Os benefícios que as verduras, legumes e frutas podem propiciar ao organismo estão cada vez mais comprovados por pesquisas científicas. Por esta razão, é muito importante que seu consumo seja motivado desde a primeira infância para que bons hábitos alimentares se instalem e perpetuem através das gerações. • O que já se sabia? Fontes de vitaminas e minerais têm sua importância pela função reguladora e de prevenção de doenças carenciais. Exemplos: Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 16 • Vitamina A: importante para a visão e para a manutenção da pele e mucosas. Encontra-se nas hortaliças e frutas sob forma de caroteno, que no organismo é convertido em Vitamina A. Fontes: vegetais e frutas alaranjados (cenoura, abóbora, manga, mamão, etc.) e folhas verde-escuras (agrião, almeirão, brócolis, couve, etc.). • Vitamina C: importante para o organismo no combate às infecções e no processo de cicatrização; facilita a absorção de ferro dos vegetais. Fontes: frutas cítricas, goiaba, mamão, acerola, kiwi, etc. e, dentre as hortaliças, presente no pimentão verde, espinafre, couve, brócolis, etc. • O que há de novo? Nos últimos anos, a ciência tem descoberto que alguns alimentos podem ajudar a prevenir várias doenças porque contêm, entre outras substâncias, os chamados compostos bioativos. Além das vitaminas e minerais para evitar as doenças carenciais, têm componentes ativos capazes de prevenir ou reduzir males que vão desde a prisão de ventre até certos tipos de câncer e o envelhecimento precoce. Estes alimentos estão sendo chamados de alimentos funcionais. Grande parte dos alimentos funcionais em estudo faz parte do grupo dos alimentos reguladores. Existe uma série de compostos bioativos que estão sendo pesquisados. Citaremos alguns exemplos: • licopeno: (pigmento vermelho, que dá cor ao tomate, à melancia, etc.) - estudos mostram que tem propriedades anticancerígenas, atuando como antioxidantes. • Beta-carotenos: (pigmento amarelo-alaranjado da cenoura, abóbora, mamão, etc.) - protegem as células do cérebro contra os efeitos danosos dos radicais-livres. • Glicosinolatos: compostos presentes em boa quantidade na couve-flor, couve- manteiga, repolho, brócolis, etc. – ajudam o fígado a fazer uma desintoxicação, eliminando as substâncias cancerígenas das células. Além destas, lembramos que há várias outras substâncias funcionais em estudo, mas não existe alimento milagroso. O grande segredo está na variedade da alimentação, um alimento complementando o outro. Fibras Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 17 As hortaliças também são importantes fontes de fibras, juntamente com as frutas. Componentes dos alimentos vegetais, as fibras não podem ser digeridas pelas secreções gastrointestinais e por isso, desempenham funções de grande valor para o organismo, dentre elas: • melhorar o trânsito intestinal; • ajudar a eliminar toxinas; • promover o aumento da saciedade; • proteger a flora bacteriana; • auxiliar no controle do diabetes. Obs.: É importante consumir líquidos para facilitar a ação das fibras. A boa alimentação (nutrição) é uma condição essencial à saúde. Tem sua eficácia quando praticada regularmente através de mudanças de hábitos alimentares e não apenas como uma dieta de modismo. Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 18 Referenciais Bibliográficas Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 19 ALMEIDA Jr., H. 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Situação Atual da Participação das Hortaliças no Agronegócio Brasileiro e Perspectivas Futuras Nirlene Junqueira Vilela Gilmar Paulo Henz Introdução Em 1998, o PIB brasileiro alcançou o valor de US$805 bilhões, sendo o agronegócio o setor que mais contribuiu para a produção brasileira, com 35% deste total, equivalente a US$282 bilhões. Entre os itens componentes desse setor, as frutas e hortaliças responderam por 9,4% da movimentação financeira do agronegócio, sendo o valor das hortaliças estimado em US$ 9.750 milhões, ou seja 3,5% do PIB agrícola. No ano de 1998, a produção brasileira de hortaliças alcançou mais de 11.571 mil toneladas, ocupando uma área de mais de 778 mil hectares, distribuída entre as Regiões Sudeste (68%), Sul (17%), Nordeste e Centro-Oeste (15%). Estima-se que a Região Sudeste foi responsável por uma safra de mais de 7.868 mil toneladas, no valor de US$6.630 milhões (Tabela 1), destacando-se o Estado de São Paulo com uma produção de cerca de 3.926 mil toneladas, no valor de US$3.436 milhões, ocupando uma área de aproximadamente 169 mil hectares (Tabela 2). A olericultura paulista participou com cerca de 21% da área nacional, cultivada com hortaliças, respondendo isoladamente por mais de 34% da produção brasileira (Tabela 2) e por cerca de 50% da produção regional. O Estado de Minas Gerais, segundo maior produtor nacional, produziu cerca de 2.174 mil toneladas (Correia, 1999) no valor de Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 23 US$1.902 milhões, participando com mais de 12% da área e com mais de 18% da produção nacional (Tabela 2) e com cerca de 28% da produção regional. A produção do Rio de Janeiro foi estimada em 920.300 toneladas, no valor de US$780 milhões, representando aproximadamente 7% da produção nacional e 10% da produção regional. A produção desses três estados, isoladamente, totalizou um volume da ordem de 7.021.141 toneladas, correspondendo a mais de 61% da produção brasileira de hortaliças e, aproximadamente, 90% da produção regional, no valor de US$6.119 milhões. Em ordem de importância econômica, destacaram-se na produção brasileira de hortaliças os seguintes produtos: tomate (23%), batata (23%), cebola (8%), cenoura (6%) e alho. Desse total, a produção paulista de cenoura participou com 42% do produto nacional, seguida pela cebola (40%) e pelo tomate (30%) (Tabela 2). No quadro da olericultura paulista, destaca-se o tomate (21%), seguido pela batata (16%). Já em Minas Gerais, segundo produtor nacional, destacaram-se em participação na produção nacional a batata (31%), seguida pela cenoura (33%) e tomate (20%). No âmbito da olericultura estadual, as hortaliças mais importantes foram a batata (38%), seguida pelo tomate (25%) e cenoura (11%). Características do agronegócio de hortaliças Tidas como mais lucrativas que outras culturas, como as de grãos, por exemplo, as hortaliças têm uma realidade bem mais complexa, e o sucesso dos negócios com esse grupo de alimentos depende de muitos fatores. Em primeiro lugar, deve-se considerar que as hortaliças são culturas temporárias e, assim como as outras, necessitam de um investimento inicial. Dependendo da espécie, região e época decultivo, os níveis de investimento podem variar de US$1 mil a US$5 mil por hectare. Normalmente, o produtor pode obter um lucro razoavelmente elevado por hectare, dependendo do valor agregado do produto e da conjuntura de mercado. Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 24 É difícil anunciar médias em uma atividade sujeita a tantos altos e baixos, com diferenças tão marcantes de uma hortaliça para outra. Apesar das variações cíclicas e sazonais das hortaliças, os negócios com essas culturas vêm sendo bastante atrativos. Para o produtor, as atividades hortícolas têm permitido a uma família viver razoavelmente bem, com uma pequena área plantada, ressaltando-se os atributos de qualidade e uma alta produtividade, fatores fundamentais e determinantes de melhor rentabilidade nessa atividade. O agronegócio de hortaliças é um ramo da economia agrícola que possibilita a geração de grande número de empregos, sobretudo no setor primário, devido à elevada exigência de mão-de-obra desde a semeadura até a comercialização. Estima-se que cada hectare plantado com hortaliças possa gerar, em média, entre três e seis empregos diretos e um número idêntico de empregos indiretos. De acordo com estudos desenvolvidos pela Seade (1996), demonstrou-se que a olericultura paulista absorve 7,1% da força de trabalho total da agricultura estadual, colocando-se na quarta posição dentro de uma série de 28 produtos vegetais. Quanto ao potencial de receita para o produtor, em condições normais de mercado, as hortaliças proporcionam receitas líquidas por hectare muito superiores a qualquer outro cultivo temporário. Estima-se que as hortaliças geram uma renda de US$2 mil a US$25 mil por hectare, enquanto as culturas tradicionais alcançam menos de US$ 500 por hectare (Saasp, 1997). Perfil do mercado de hortaliças Bastante dinâmico, o mercado de hortaliças é fortemente influenciado pela preferência dos consumidores, que também tem redirecionado a produção. Nota-se, nos últimos anos, uma crescente demanda por produtos diferenciados, não necessariamente associados à introdução de espécies desconhecidas. Uma das principais características do mercado atual de hortaliças é a oferta de produtos com variações ao que já é conhecido, seja em tamanho, cor ou sabor. Como exemplos, podem-se citar hortaliças diferentes dos padrões tradicionais de Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 25 apresentação de cores (alface e quiabo roxos, berinjela branca, abobrinha amarela e pimentões em sete cores diferentes); ou com variações de tamanho, como é o caso da miniaturização da cenoura (“baby carrot”), tomate cereja ou pêra e outras novidades como brócolos de cabeça única, alface americana, milho doce, pepino sem sementes, tomate extra-firme, entre outras. O mercado de hortaliças vem se estruturando em diversos segmentos. Nesse aspecto, além dos tradicionais produtos in natura, a indústria de processamento vem ampliando a oferta de produtos ao consumidor, seja na forma de vegetais conservados, gelados ou supergelados, desidratados e liofilizados, e hortaliças minimamente processadas. Na indústria, o ramo de vegetais supergelados e congelados vem firmando-se notavelmente no mercado, com tendência de expansão crescente nos próximos anos (Saasp, 1997). As hortaliças minimamente processadas já fazem parte do cotidiano dos consumidores, apresentando como vantagens a manutenção dos atributos de qualidade dos alimentos frescos e não requerem nenhuma preparação posterior quanto à seleção, limpeza, lavagem ou corte. As hortaliças minimamente processadas são mais perecíveis do que aquelas comercializadas de forma tradicional, mas sua produção tem sido estimulada pela demanda crescente do mercado por alimentos semiprontos sem conservantes químicos. O segmento das hortaliças enlatadas e em conservas responde por considerável fatia do faturamento total da indústria de alimentos. As hortaliças desidratadas e liofilizadas (que também inclui frutas) apresentam um consumo médio anual da ordem de 1.300 toneladas, sendo a produção destinada à fabricação de sopas e de molhos. Há, contudo, uma expectativa de crescimento de cerca de 100% até o ano 2000 (Saasp, 1997). Como uma alternativa aos produtos tradicionais in natura, as hortaliças orgânicas atingem cotações muito atraentes, representando em alguns casos 30% a mais nos preços obtidos dos produtos convencionais. A agricultura orgânica vem se consolidando desde o início da década de 60, como resposta aos crescentes questionamentos dos rumos da agricultura moderna, principalmente alguns fatores Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 26 negativos como prejuízos à saúde humana e desequilíbrio do ecossistema provocado pelo uso de agrotóxicos. No Brasil, existem cerca de 500 produtores certificados por associações ou entidades afins envolvidas em atividades de olericultura orgânica. Em São Paulo, estado pioneiro nessa área, existe uma associação de agricultura orgânica com um volume comercializado em torno de 40 toneladas semanais (Saasp, 1997), inclusive em supermercados de porte médio. O ramo das hortaliças orgânicas vem se disseminando de forma representativa também em outros estados, como no Espírito Santo, Distrito Federal, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Para o consumidor intermediário, representado pelo segmento institucional (restaurantes, hospitais, escolas, redes de fast food), as hortaliças industrializadas (supergeladas, congeladas e produtos minimamente processadas) proporcionam vantagens logísticas, como a menor necessidade de espaço para armazenamento e menor utilização de mão-de-obra. Pesquisas realizadas pela Saasp (1997) contabilizaram desde a implantação do Plano Real taxas anuais globais de crescimento de 25% a 30% ao ano, com faturamento interno da ordem de US$100 milhões. Apesar disso, a participação média dos congelados e supercongelados na cesta básica de consumo dos brasileiros é de apenas 2,5%, enquanto que este índice chega a 20% nos EUA e 18% na Europa. O consumo global de hortaliças congeladas é da ordem de 4,3 milhões de toneladas nos EUA, 1,2 milhão de toneladas na União Européia (25 kg/per capita) e de 80.200 toneladas no Japão. Nos EUA a distribuição desses produtos se dá, preferencialmente, no nível do consumo institucional (76%), representado por hospitais, restaurantes e escolas. Estrutura da distribuição de hortaliças no Brasil O mercado atacadista tem sido o principal canal de escoamento dos produtos hortícolas. Estima-se que no Brasil entre 55% e 60% do volume de hortaliças é comercializado pela rede de Ceasa(s), ainda com alta frequência de intermediários no Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 27 processo de comercialização. Há também o processo de vendas diretas por produtores, geralmente destinada às feiras livres locais, sacolões, supermercados, ou mercados sobre caminhões. Em alguns casos especiais, também vendem diretamente a grandes consumidores institucionais (hospitais, escolas, restaurantes). As feiras livres continuam sendo grandes mercados varejistas em diversas cidades. Evidencia-se, portanto, a existência de um grande mercado potencial que responde prontamente às iniciativas da introdução de novos produtos. Paralelamente a esse mercado que pratica preços mais acessíveis, existem núcleos mercadológicos de consumo altamente sofisticados, que tem dado suporte ao surgimento de iniciativas comerciais arrojadas como as “boutiques”de verduras e casas especializadas, que vendem produtos in natura exóticos, como escarola e endívia, e de alto valor agregado, como aspargo, alcachofra, couve-de-bruxelas, alho porró, entre outros. De caráter mais estrutural, ressalta-se a participação crescente da rede de supermercados na introdução de novas variedades hortícolas, onde a venda de produtos hortigranjeiros representa alto potencial estratégico de negócios. Os supermercados, setor de refeições coletivas, restaurantes industriais e redes de fast-food passaram a representar as mais amplas perspectivas para o desenvolvimento do setor olerícola. No Brasil, a participação dos supermercados na venda de produtos hortícolas representava apenas 3% há 15 anos, contra 25-30% atualmente, com um crescimento médio anual de 3%. No Brasil ainda é muito restrita a utilização de cadeias de frio, ou redes de armazenagem e transporte frigorificados para conservação e comercialização de hortaliças. Contudo, nota-se, nos últimos anos, um considerável impulso de crescimento do mercado para os produtos minimamente processados, supergelados e congelados. A capacidade instalada atual dos frigoríficos brasileiros é da ordem de 2 milhões de metros cúbicos, estando a maior parte concentrada na Região Sudeste (Saasp, 1997). Atualmente, identifica-se um novo agente envolvido na distribuição de hortaliças representado pela ação de empresas distribuidoras, basicamente Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 28 prestadoras de serviços aos pequenos e médios supermercados, os quais vêm praticando a terceirização das funções de aquisição e abastecimento das lojas de produtos hortigranjeiros. Apesar dos avanços evidentes no mercado varejista, de um modo geral considera-se que o consumidor brasileiro ainda é pouco exigente quanto à qualidade de produtos. As hortaliças, por exemplo, frequentemente chegam aos principais pontos de abastecimento com qualidade consideravelmente depreciada, devido às práticas inadequadas de manuseio na colheita e póscolheita, transporte precário e embalagens impróprias (Junqueira & Peetz, 1994). O modo de apresentação do produto e o preço, aliado ao comportamento do consumidor, são os principais componentes envolvidos em perdas na fase de comercialização. O produto exposto em bancadas geralmente sofre danos diretos pelo manuseio excessivo no processo de compra. Uma mudança significativa na apresentação das hortaliças no varejo é a venda de produtos selecionados e embalados em bandejas de isopor recobertas com filmes plásticos, devidamente identificados com códigos de barra e prazo de validade. Apesar de serem mais caros que as hortaliças vendidas a granel, a qualidade é superior e reduz drasticamente as perdas durante a comercialização, além de manter adequadamente a aparência e qualidade. Comercialização das Principais Hortaliças Na comercialização, algumas hortaliças de maior expressão, como batata, cebola e tomate, são consideradas separadamente, sendo os demais produtos classificados como verduras, folhosas e legumes. Batata e cebola são compradas principalmente de distribuidores, mas também há compra direta de produtores. No caso do tomate, as redes varejistas adquirem, em média, a maior parte do(s) Ceasa(s) e dos produtores (37% e 32%, respectivamente) e mistas (26%). Para aquisição das demais hortaliças, a maioria (58%) adquire de produtores e Ceasa(s). Estima-se que a CEAGESP seja responsável por mais de 25% da comercialização dos hortifrutigranjeiros no Brasil. Além de ser considerado um estado Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 29 representativo na produção e comercialização de hortaliças, São Paulo tem sido considerado como o centro formador de preços para as diversas commodities agrícolas, e por essas razões desempenha um papel fundamental nas decisões de investimento no agronegócio. A seguir, são listadas as principais características do movimento comercial de batata, tomate, cebola, alho e cenoura, assim como custos de produção no Estado de São Paulo: Batata Da produção interna, 90% é comercializada na forma in natura, sendo as cultivares Bintje e Achat as preferidas pelos consumidores brasileiros. A cv. Atlantic é usada para a produção de chips. O Brasil importa da Argentina as cvs. Spunta e Quenebec principalmente entre março e maio, período em que se colhe 70% da safra interna. O risco de mercado é muito elevado, e geralmente as batatas vendidas não são identificadas pelo nome da cultivar e sim pelo padrão visual de qualidade, principalmente aparência, tamanho e forma dos tubérculos, no caso da batata lavada. Com um volume comercializado na CEAGESP em 1997 de 141.194t, ao preço médio de mercado de R$0,24/kg, a batata atingiu o maior pico de preços em meados de abril (Agrianual, 1999). Sem expectativa de grandes altas, os produtores procuram reduzir custos, para obter preços normais. O insumo crítico da cultura ainda é a batata-semente, por conta de seu custo e de sua qualidade. Se não for de boa qualidade, mesmo que o clima seja favorável, a produtividade será baixa e o custo unitário elevado. Também é esse o insumo mais oneroso, equivalente a 40% do custo total. Produzir sua própria batata-semente é uma boa opção para o produtor, mas é necessário elevada especialização profissional. Mesmo com essas limitações, existem produtores que já verticalizaram todo o processo de produção da batata-semente, fazendo multiplicação in vitro, o plantio em telado e multiplicação em campo. A lei de proteção de cultivares impede a multiplicação de material protegido, mas permite sua utilização em cruzamentos, visando a obtenção de novas cultivares. Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 30 Algumas empresas já firmaram convênio com a Embrapa para fazer melhoramento, visando à obtenção de novas cultivares, mas essa atividade ainda não é comercial. Algumas particularidades da batata fazem com que os resultados de um programa de melhoramento genético sejam incertos e demorados. Cada cruzamento obtido por meio de reprodução sexuada mediante polinização terá de ser avaliado do ponto de vista agronômico para várias características importantes, tais como adaptação a diferentes condições de clima e solo, resistência a doenças, produtividade, características culinárias, entre outras. Se produzir batata-semente não é tarefa fácil, boas perspectivas de negócios podem ser encontradas no mercado de produtos diferenciados. Muitas empresas já atuam no mercado, processando o produto, descascando, cortando e embalando de acordo com a demanda e a necessidade de restaurantes, escolas, hospitais e outros clientes. A rentabilidade da cultura é satisfatória para os produtores eficientes e altamente profissionais. Aproveitar picos de preços, ofertando o produto fora de épocas tradicionais, tem sido uma boa opção. Em média, o custo de produção de batata beneficiada no Estado de São Paulo referente à safra 97/98, em US$/saca de 50 kg, foi de 11,60; 11,20 e 10,00 para os períodos da seca (produtividade de 400 sc/ha), das águas (500 sc/ha) e inverno (600 sc/ha), respectivamente (Agrianual, 1999). Tomate O mercado de tomate segmenta-se nos tipos tomate-de-mesa, destinado ao consumo in natura e tomate para processamento, destinado à produção de polpa, purês, extratos, sucos e molhos. No segmento industrial do tomate, as empresas Unilever, Arisco, Parmalat e Círio detém uma fatia do mercado avaliada em US$455 milhões anuais. No segmento do tomate in natura cresce, significativamente, o mercado de tomate do tipo longa-vida, com frutos mais firmese de boa aparência, correspondente a 50% do volume comercializado. Também cresce a importância dos tomates cereja e pêra, com frutos de menor tamanho e de cor vermelha ou amarela. Os cultivos em Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 31 ambiente protegido e em sistemas orgânicos vem mostrando destacável crescimento, sendo distribuídos de forma especial, com cotações de preços mais elevados para os produtores. No aspecto de embalagens, a tradicional caixa K vem sendo substituída pela caixa de papelão ondulado, principalmente para tomate longa-vida, que além de se mostrar mais higiênica, causa menos danos ao produto e ainda reduz os custos de transporte com o retorno das embalagens. No mercado varejista, o tomate vem sendo comercializado em bandejas de isopor recobertas com filmes plásticos, devidamente identificado. Além de agregar valor ao produto, essa embalagem evita o manuseio excessivo pelo consumidor e mantém a qualidade dos frutos por um período de tempo maior. A comercialização na CEAGESP, em 1997, foi de 240.403 toneladas, ao preço médio de R$0,38/kg, com o pico mais elevado em abril. O tomate de mesa tipo salada participou com aproximadamente 84% do movimento comercial do tomate em São Paulo (Agrianual, 1999). O custo de produção do tomate estaqueado em São Paulo foi de US$3,48/caixa de 24kg, gerando em média lucro de US$ 3.067/ha. Cebola Continuam crescendo as importações de cebolas argentinas. Em razão da sua boa aparência, casca grossa, cor bronzeada e formato globular uniforme, as cebolas do grupo Valenciana vêm conquistando a cada ano uma fatia maior do mercado brasileiro. A CEAGESP comercializou 67.248t (67% de cebola nacional) em 1997 ao preço médio de R$0,34, com maior pico de preço entre maio e junho (CEAGESP, 1997). Em média, os custos de produção em diferentes sistemas de cultivo no Estado de São Paulo foram estimados em US$0,15/kg para “bulbinho” (produtividade de 20t/ha), US$0,13/kg para “mudas” (20t/ha) e US$ 0,10/kg para semeadura direta (30t/ha) (Agrianual, 1999). Alho Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 32 As importações de alho, em maior parte da Argentina (68%), cresceram de 99.427t (1997) para 103.960t em 1998. Em contrapartida, observa-se uma redução drástica da área (20%) e da produção nacional (24%). Um dos principais entraves da produção de alho no Brasil é a qualidade, principalmente quando comparado com o produto importado. Entretanto, já são visíveis os saltos qualitativos, resultantes da aplicação da vernalização, que vem se difundindo no Brasil. Essa técnica consiste em conservar os bulbos na câmara fria por um período de tempo, o que possibilita o cultivo de variedades mais exigentes em temperatura e comprimento do dia. Além disso, possibilita a redução de perdas e a colheita fora da época nos meses de agosto e setembro, quando o preço do produto é aproximadamente 40% superior, e ainda a redução de custos, por causa da maior produtividade. O volume comercializado na CEAGESP, em 1997, foi de 4.608t, sendo 30% de alho nacional ao preço de US$2,31/kg, alcançando o maior pico entre os meses de agosto a meados de setembro. No Estado de São Paulo, os custos de produção foram de US$1,07/kg (Agrianual, 1999). Cenoura Com predominância da cultivar Brasília, o mercado de cenoura vem crescendo a cada ano. Observa-se notável redução (67%) de importações (1587t em 1997 para 949t em 1998) e um aumento de 35% na produção nacional de 532t (1997) para 720t (1998). O volume comercializado na CEAGESP em 1997 foi de 80.086t, ao preço médio de US$0,32/kg, sendo que a cenoura atingiu maior índice de sazonalidade no período de fevereiro à março (Agrianual, 1999). Perdas Pós-Colheita Um fator desfavorável que se observa nos negócios de hortaliças são os altos índices de perdas pós-colheita, que reduzem sensivelmente a disponibilidade interna dos produtos hortícolas. Entre todos os grupos de hortaliças, as folhosas são as que apresentam maior perecibilidade. Existem vários levantamentos e estimativas sobre Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 33 perdas pós-colheita de frutas e hortaliças tanto no varejo como no atacado realizados no Brasil durante os últimos 30 anos, utilizando-se diferentes metodologias. De um modo geral, essas estimativas refletem sempre uma situação específica, que depende do produto, época, região e até da definição do que seja perda. Tsunechiro et al. (1994) definem perdas agrícolas como “reduções na quantidade física do produto disponível para consumo, que podem vir acompanhadas por uma redução na qualidade, diminuindo o valor comercial ou nutritivo do produto”. Tomando-se apenas o tomate como exemplo, de acordo com vários trabalhos publicados, as estimativas de perdas variam de 1,6 a 10,6% no atacado; 8,18 a 16,8% no varejo; e de 20 a 40,5% em toda a cadeia de comercialização (Costa & Caixeta Filho, 1996). Segundo um estudo realizado pela Saasp (1997), as perdas pós-colheita no Brasil atingem níveis entre 9% a 11%, sendo as principais causas o manuseio incorreto, danos mecânicos e acondicionamento em embalagens inadequadas. Para hortaliças, é bem possível que as perdas em toda a cadeia estejam entre 25% e 35%. Em países desenvolvidos, a estimativa de perda é de apenas 10%. Rezende (1992), em um levantamento das perdas de produtos agrícolas em Minas Gerais, relaciona as principais causas como sendo falhas na fase de produção (época de plantio, cultivares, adubação e tratamento fitossanitário inadequado); colheita fora de época; danos mecânicos; embalagem, manuseio e transporte inadequados; tempo de exposição prolongado no varejo; hábitos prejudiciais na seleção do produto pelo consumidor; preços desfavoráveis ao consumidor; e falta de orientação do mercado. Além de aspectos puramente qualitativos, é importante ressaltar-se as consequências econômicas das perdas pós-colheita em hortaliças, com a incorporação dos prejuízos ao preço final do produto ao consumidor, tornando-o mais caro. Projeção do Consumo Uma projeção do consumo alimentar no Brasil para os próximos dez anos foi realizada por Homem de Melo (1993), que considerou o grupo de grãos (arroz , feijão, Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 34 milho, soja), frutas, leite e derivados, legumes e verduras nos cenários de baixo, médio e alto crescimento, levando-se em conta também a variação do PIB e o incremento populacional. Neste trabalho, o grupo das hortaliças (2,19%) classificou-se em posição acima de grãos (2,18%), mandioca (1,23%), e açúcar (1,90%) no cenário de baixo crescimento. No cenário de médio crescimento, o grupo das hortaliças (3,52%) perde posição apenas para frutas (5,27%), leite (4,78%), carne bovina (4, 51%) e carne de frango (3,79%). No cenário de alto crescimento, o grupo das hortaliças destaca-se com um incremento de 4,69%, perdendo posição apenas para frutas (7,41%), leite (6,37%), carne bovina (5,98%) e carne de frango (4,95%). No aspecto social, caracterizado por crescimento com equidade, o grupo de hortaliças (5,35%) destaca-se como o quinto colocado, superado apenas pelas frutas (8,44%), leite (7,26%), carne bovina (6,78%) e carne de frango (5,57%). Neste cenário, ocorreria forte mudança de hábito de consumo da população na direção de proteínas animais, frutas e hortaliças. Analisando o consumo de alimentos por diferentes classes de renda (Homem de Melo et al., 1988), verificou-se que as famílias de baixa renda consumiam maior quantidade dearroz, feijão, carne bovina e derivados do trigo, sendo pequena a participação do grupo das hortaliças. Na classe de renda média, as hortaliças foram classificadas como o quinto produto mais consumido (6,06%), perdendo somente para carne bovina (13,26%), derivados do trigo (8,50%), arroz (8,38%) e leite e derivados (7,76%). Na classe de alta renda, as hortaliças (6,03%) constituem o quarto produto mais consumido, ficando atrás apenas da carne bovina (15,32%), leite e derivados (10,33%) e frutas (6,26%). O consumo de hortaliças no Brasil, atualmente avaliado em cerca de 40kg/per capita/ano, é muito inferior ao verificado nos países desenvolvidos. Entre os fatores determinantes dessa condição, incluem-se os próprios hábitos socioculturais da população. Além disso, os produtos hortigranjeiros possuem elevada elasticidade renda, ou seja, o crescimento nos níveis de consumo está condicionado à elevação da renda da população. Homem de Melo et al. (1988) calcularam as elasticidades dispêndio-renda de dezessete produtos alimentares. A partir da magnitude dos valores Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 35 médios, as hortaliças ficaram classificadas em quarto lugar com elasticidade renda de 0,81, superadas pelo grupo de frutas (1,28), leite e derivados (1,10) e carne bovina (0,99). Não obstante, os autores preconizaram que com o avanço do desenvolvimento econômico, os padrões de consumo alimentar iriam se alterando, com menor ênfase nos produtos básicos, como feijão, mandioca e arroz. Mais recentemente, estudos realizados pela Saasp (1997) constataram que o consumo institucional de hortaliças por hospitais públicos, programas de merenda escolar, empresas prestadoras de serviços de alimentação para as empresas e redes de self service, impulsionadas pelos programas de alimentação do trabalhador pelas empresas (distribuição de tíquetes alimentação e refeição) vem crescendo acentuadamente nos últimos anos. Dessa maneira, as hortaliças vêm sendo incluídas, com considerável peso, na alimentação da classe de renda mais baixa (trabalhadores, alunos de escolas públicas e consumidores assistidos por entidades beneficentes). Antes de 1980, esse fato não era mencionado pelas pesquisas socioeconômicas. Em que pesem os avanços significativos da produção brasileira de hortaliças nos últimos anos, a insuficiência de oferta para atender à demanda crescente tem sido compensada por elevados volumes de importações, sendo a batata, a cebola, o alho e o tomate os principais produtos na pauta das importações brasileiras. Na forma processada, as maiores quantidades importadas são de tomate e batata, mesmo sendo as hortaliças mais cultivadas no País (Brasil, 1998). Podem existir diferentes razões para explicar este fato: (1) a produção dessas hortaliças não tem sido suficiente para atender à demanda interna; (2) o custo de produção e processamento no Brasil não é competitivo com os de outros países; (3) faltam atributos de qualidade ao produto nacional, tais como cultivares de batata com teores mais elevados de matéria seca, ideal para fritar, e tomate para processamento com melhor viscosidade, coloração ou ainda maior teor de açúcares; (4) suprimento em períodos de escassez temporária ou entressafra. A participação do Brasil como exportador de hortaliças é ainda relativamente muito pequena, o gengibre, o inhame, o melão e a beterraba alcançam os maiores volumes, entre mais de vinte espécies. Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 36 Impacto de Novas Tecnologias na Produção de Hortaliças Pela evolução das pesquisas na agricultura, é possível prever que a revolução tecnológica desencadeada pela engenharia genética fornecerá o delineamento de um novo perfil alimentar para o mundo no próximo milênio. Por meio da biotecnologia, novos produtos com capacidade de intervenção significativa no setor agropecuário serão lançados no mercado. Nesse aspecto, as plantas transgênicas, ou geneticamente modificadas, vêm revolucionando a produção de alimentos, ao mesmo tempo em que abrem amplas perspectivas econômicas para o agronegócio. Vários países já vêm consumindo, direta ou indiretamente, alimentos derivados de plantas cultivadas com sementes geneticamente modificadas, inclusive o Brasil. O melhoramento genético convencional tem sido praticado pela humanidade há milhares de anos, através da seleção de plantas melhor adaptadas a diversas condições ambientais. As plantas modificadas geneticamente podem ser obtidas pela introdução de genes de diferentes origens, como plantas , animais ou microrganismos, em cultivares conhecidas e amplamente utilizadas. Até agora, diversos genes específicos foram introduzidos em plantas, conferindo resistência a herbicidas, fungos, bactérias, vírus e insetos, ou melhorando aspectos de qualidade, como tomates de amadurecimento mais lento no período de pós-colheita. Ao mesmo tempo em que são abertas novas perspectivas da utilização da biotecnologia, há certa cautela em relação ao que ainda não é plenamente conhecido. As maiores preocupações têm sido relacionadas aos riscos para a saúde humana e aos efeitos sobre o meio ambiente. Embora as entidades de defesa do consumidor e outras organizações governamentais estejam lutando contra a presença dos transgênicos nas gôndolas dos supermercados e defendendo sua identificação com rótulos específicos, percebe-se uma considerável ampliação da oferta de transgênicos. A biotecnologia poderá ter um grande impacto sobre vários aspectos do sistema produtivo de hortaliças, tais como viabilização da produção em novas áreas, redução dos custos de produção e melhoria da qualidade do produto. Nesse contexto, as hortaliças oferecem perspectivas econômicas bastante favoráveis para os produtores, na medida em que poderão obter maior produtividade, Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 37 agregar maior valor aos produtos e, consequentemente, obter a maximização de lucros. Referencias bibliográficas AGRIANUAL. Anuário da agricultura brasileira. São Paulo: FNP Consultoria, 1999. 521p. BRASIL. Ministério da Indústria e Comércio. Secretaria de Comércio Exterior. Importações efetivas - dados preliminares. Brasília, 1998. Listagens de Computador. CORREIA, L.G. Situação da olericultura em Minas Gerais. Belo Horizonte: EMATER, [1999]. Não paginado. COSTA, F.G.; CAIXETA FILHO, J.V. Análise das perdas na comercialização de tomate: um estudo de caso. Informações Econômicas, São Paulo, v.26, n.12, p.9-24, 1996. FAO. FAOSTAT - Database. Disponível: site FAO. URL: http:// www.apps.fao.org. Consultado em 1o de maio 1999. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO (Belo Horizonte, MG). Programa de irrigação do Nordeste- mercados potenciais: projeções de demanda. Belo Horizonte: 1988, v.1, 210p. HOMEM DE MELO, F. Agricultura brasileira um novo horizonte de crescimento. São Paulo: USP, 1993. 43p. HOMEM DE MELO, F.; RYFF, T.; MAGALHÃES, A.R.; CUNHA, A.; MUELLER, C.; COSTA, J.M.M. da. A questão da produção e do abastecimento alimentar no Brasil, um diagnóstico macro com cortes regionais. Brasília: IPEA, 1988. 423p. INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA (São Paulo, SP). Área cultivada e produção dos principais produtos olerícolas em São Paulo, 1998. São Paulo: IEA / CATI, [1999]. Não paginado. Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 38 JUNQUEIRA, A.H.; PEETZ, M.S. Destino dos hortigranjeiros comercializados no CEAGESP/Entreposto Terminal de São Paulo. São Paulo: CAB / SAA, 1994. 190p. (Cadernos de Abastecimento,1). REZENDE, J.B. Avaliação das perdas de produtos agrícolas em Minas Gerais. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1992. 122p. SAASP (São Paulo, SP). Repensando a agricultura paulista. São Paulo: 1997. 43p. SEADE (São Paulo, SP). Força de trabalho na agricultura paulista. São Paulo, 1996. 101p. TSUNECHIRO, A.; UENO, L.H.; PONTARELLI, C.T.G. Avaliação econômica das perdas de hortaliças e frutas no mercado varejista da cidade de São Paulo, 1992-92. Agricultura em São Paulo, São Paulo, v.41, n.2, p.1-15, 1994. VILELA, N.J.; FONTES, R.R.; FIORINI, C.V.A. Evolução da produção de hortaliças no Brasil nos principais blocos econômicos e em outros países. 4. IMPORTÂNCIA DA CADEIA PRODUTIVA BRASILEIRA DE HORTALIÇAS Paulo César Tavares de Melo Nirlene Junqueira Vilela Introdução A globalização da economia tem causado alterações em todos os elos da cadeia produtiva brasileira de hortaliças. Ao mesmo tempo em que tem possibilitado avanços tecnológicos e estruturais, essa mudança expõe os gargalos que ensejam superação para melhorar a sua competitividade. Em 2005, a produção total de hortaliças foi de 17.385,9 mil toneladas, ocupando uma área cultivada de 785,2 mil ha. O valor total da produção foi estimado em R$ 11.482,42 milhões. Apenas seis hortaliças (tomate, batata, melancia, cebola, cenoura e batata-doce), respondem por mais de 64 % do volume total produzido (IBGE, 2005). Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 39 Nos últimos dez anos a produção de hortaliças no país aumentou 33 % enquanto a área foi reduzida em 5 % e a produtividade incrementou 38 %. Três quartos do volume de produção concentra-se nas regiões Sudeste e Sul enquanto o Nordeste e o Centro-Oeste respondem pelos 25 % restantes. Nos estados do Norte, a produção de hortaliças é incipiente e os mercados consumidores são abastecidos por produtos oriundos, principalmente, do Nordeste e Sudeste. Diversificação e características da cadeia produtiva Nos diversos agroecossistemas do território nacional, as hortaliças são produzidas, predominantemente, pelo sistema de cultivo convencional, mas nos últimos anos, tem se verificado um significativo crescimento de cultivos diferenciados com destaque para aqueles em ambiente protegido e sob sistemas orgânicos. A olericultura tem particularidades que a diferencia de outros setores do agronegócio, notadamente em relação às culturas de grãos. A característica mais marcante da exploração olerícola, advém do fato das hortaliças constituírem um grupo diversificado de plantas abrangendo mais de uma centena de espécies cultivadas de forma temporária (Figura 1). Outro aspecto peculiar é que, a maior parte da produção de hortaliças (60%) está concentrada em propriedades de exploração familiar com menos de 10 hectares intensivamente utilizadas, tanto no espaço quanto no tempo. Como atividade Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 40 agroeconômica diferencia-se, ainda, por exigir altos investimentos, em contraste com outras atividades agrícolas extensivas. De outro lado, permite a obtenção de elevada produção física e de altos rendimentos por hectare cultivado e por hectare/ano dependendo do valor agregado do produto e da conjuntura de mercado. A olericultura se caracteriza ainda por ser uma atividade econômica de alto risco em função de problemas fitossanitários, maior sensibilidade às condições climáticas adversas, maior vulnerabilidade à sazonalidade da oferta gerando instabilidade de preços praticados na comercialização. Além disso, gera de grande número de empregos devido à elevada exigência de mão-de-obra desde a semeadura até à comercialização (Figura 2). Estima-se que cada hectare plantado com hortaliças possa gerar, em média, entre 3 e 6 empregos diretos e um número idêntico indiretos. Quanto ao potencial de receita para o produtor, em condições normais de mercado, as hortaliças proporcionam receitas líquidas por hectare muito superiores a qualquer outro cultivo temporário. Enquanto as culturas tradicionais alcançam menos de US$ 500 por hectare, as hortaliças geram uma renda de US$ 2 mil a US$ 25 mil por hectare, (SAASP, 1997). Consumo A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem incentivado em todo o mundo campanhas de estímulo ao consumo de hortaliças e frutas. Esses alimentos são importantes para a composição de uma dieta saudável da população, já que apresentam uma densidade energética baixa e são ricos em micronutrientes, fibras e outros elementos fundamentais ao organismo. De acordo com os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF-IBGE, 2002-2003), a quantidade de hortaliças e frutas consumida pelo brasileiro atualmente está abaixo do mínimo preconizado pela OMS. A recomendação é que de 6 a 7 % da energia total consumida seja proveniente desses alimentos. Os resultados da POF-IBGE mostram que hortaliças e frutas respondem apenas por 1 a 3,5 % das calorias totais ingeridas pelo consumidor brasileiro. A pesquisa evidencia ainda que o aumento da renda familiar é refletido automaticamente no maior consumo de hortaliças. Desse modo, nas famílias onde a renda mensal era superior a R$ 3.000,00, o consumo médio anual de hortaliças foi de 42 kg por pessoa. Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 41 Já entre as famílias com renda de até R$ 400,00 por mês, o consumo por pessoa caiu para 15,7 kg/ano (Tabela 2). A título de comparação, o consumo anual médio por pessoa na Itália é de 157,7 kg, nos Estados Unidos 98,5 kg e em Israel 73,0 kg. A pesquisa detectou também que o consumo de hortaliças é maior nas áreas urbanas do que nas áreas rurais e aumenta com a idade e com a escolaridade das pessoas. A pesquisa POF mostrou de forma clara que o consumo de hortaliças nas regiões Sudeste e Sul, em média, é aproximadamente 60 % superior à média das regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste (Tabela 3). Outro fator a considerar como inibidor da expansão do consumo de hortaliças relaciona-se à contaminação das hortaliças por resíduos de agrotóxicos e por água de má qualidade utilizada na irrigação. Escola Estadual de Educação Profissional EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional CURSO DE AGRONEGÓCIOS– OLERICULTURA 42 Perfil do consumidor O perfil do consumidor de hortaliças, sobretudo, nos grandes centros de consumo, vem se tornando cada vez mais exigente em termos de qualidade e aspectos nutricionais. Por sua vez, a expectativa do consumidor de encontrar produtos frescos e comprá-los em lugar confiável, com mais conforto e flexibilidade de horário tem exercido marcada influência na dinâmica de distribuição dos produtos. O interesse dos consumidores por novidades na área alimentar, tem contribuído para que o mercado de hortaliças se estruture em vários segmentos com destaque para as hortaliças não-tradicionais, minimamente processadas, supergeladas, congeladas, conservadas e orgânicas. Com efeito, hoje, as gôndolas dos supermercados e dos varejões ofertam produtos com variações ao padrão tradicional quanto ao tamanho, formato e cor. Outros segmentos considerados especiais já estão consolidados no mercado com destaque para brócolos de cabeça única, alface americana, tomate italiano e saladete. Nos segmentos de melão e melancia, as novidades à disposição dos consumidores são a oferta cada vez maior de melões nobres (cantalupe rendilhado, pele-de-sapo, “charantais”, gália e “orange flesh”) e as melancias sem sementes com frutos de diversos tamanhos e padrão de casca, incluindo minimelancias sem sementes de polpa amarela ou vermelha. Comércio exterior
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