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Campo de estudo da Psicologia e Comportamento Organizacional Introdução A Psicologia Organizacional (PO) é um campo de atuação bastante amplo, com uma especial preocupação em colaborar com os indivíduos inseridos no ambiente organizacional. Nesta aula, entenderemos que a construção da PO teve a contribuição de diversas disciplinas, além das teorias da psicanálise, psicodrama e da análise do comportamento. Ao final desta aula, você será capaz de: identificar as atividades da Psicologia na Organização. identificar as disciplinas que contribuem para o estudo do comportamento organizacional. A diferença entre instituição, organização e grupo Antes de aprofundarmos nosso conhecimento no campo da Psicologia Organizacional, é essencial entendermos a diferença entre instituição, organização e grupo, conceitos que acompanharão nossos estudos. A instituição caracteriza-se como uma estrutura cognitiva, normativa e reguladora, que estabelece sentido para o comportamento da sociedade em geral, ou seja, trata-se de um guia ético e moral necessário para que as pessoas convivam com regras (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008). Assim, ela se configura, enquanto valores e regras sociais, reproduzida no cotidiano da sociedade, sem que, muitas vezes, seja percebida nas relações. Já a organização, no contexto social, reproduz as ideias das instituições, ou seja, é o local de prática das normas institucionais. Para Bock, Furtado e Teixeira (2008, p. 217), a organização “pode ser um complexo organizacional [...] ou pode estar reduzida a um pequeno estabelecimento”. Entidades como igrejas, empresas e creches são consideradas organizações. Em uma organização escolar, pode haver uma reprodução de algumas regras sociais, como o respeito à hierarquia, que consiste em um valor institucional. O grupo, por sua vez, é um elemento complementar da dinâmica social. A função do grupo é seguir as regras e promover os valores institucionais, podendo reproduzir ou reformular estas regras. Além disso, ele também exerce a função de ser responsável pela produção no contexto das organizações (BOCK, FURTADO & TEIXEIRA, 2008). Assim, as instituições consistem em valores e normas sociais, que são aplicados nas organizações, e os grupo complementam essa dinâmica social, por isso que, muitas vezes, é difícil perceber a diferença dos três conceitos de maneira clara. No próximo tópico, entenderemos sobre a interdisciplinaridade da Psicologia Organizacional. Acompanhe! Interdisciplinaridade no estudo da Psicologia Organizacional A Psicologia Organizacional é voltada para a aplicação dos princípios teóricos da Psicologia no contexto das organizações (SPECTOR, 2010). Assim, segundo Zanelli, Bastos e Rodrigues (2014), as perspectivas de análise desta área foram construídas a partir de três elementos: das demandas sociais das organizações, do mundo do trabalho e da gestão; do conhecimento científico da Psicologia, em geral, e do campo da PO, em particular; dos resultados das interações entre os conhecimentos científicos e a atuação profissional, formando uma identidade própria para a disciplina. Psicologia Industrial foi a primeira nomenclatura da Psicologia Organizacional. Surgida na época da Revolução Industrial, a disciplina apresentou resultados promissores no contexto organizacional. A construção histórica da Psicologia Organizacional (PO) teve a influência de diversas áreas. No início do seu desenvolvimento, o objetivo da disciplina era, principalmente, a seleção de funcionários e o uso de testes psicológicos, assim ela foi influenciada pela Psicologia Experimental, cujo objeto de estudo é o comportamento observável (SPECTOR, 2010). A Psicologia Organizacional foi construída a partir de duas preocupações centrais: o trabalho e a organização. A Engenharia também influenciou a PO. No fim do Século XIX e início do Século XX, o engenheiro Frederick Winslow Taylor estudou sobre a produtividade dos funcionários, estabelecendo o que foi chamado de Administração Científica, ou seja, uma abordagem pra manejar operários. Assim, a contribuição deste estudo, consiste em diversos princípios que guiam as práticas organizacionais, conforme quadro a seguir. Além disso, ainda no campo da Administração Científica, o trabalho desenvolvido por Lillian Molle Gilberth e Frank Bunker Gilberth, com o estudo do tempo e movimento, que consistia em medir e sincronizar as ações executadas, para melhorar o desempenho em tarefas, influenciou a PO a aperfeiçoar as técnicas para melhoria do desempenho dos funcionários (SPECTOR, 2010). Para aprofundar seus conhecimentos sobre o tema, leia o capítulo Campo profissional do psicólogo em organizações e no trabalho, da obra “Psicologia, organizações e trabalho no Brasil”. Durante as duas grandes Guerras Mundiais, as Forças Armadas precisaram de psicólogos organizacionais para selecionar os soldados para postos que condiziam com seus perfis pessoais e profissionais. Nesse sentido, houve uma aplicação em massa de testes para colocação profissional, o que impulsionou o campo da PO, de maneira que empresas de grande porte passaram a contratar profissionais desta área para atender as demandas organizacionais (SPECTOR, 2010). Assim, com a atuação dos psicólogos organizacionais nas indústrias, houve também um aumento nas pesquisas da área, como os estudos de Hawthorne, que modificaram quais seriam as preocupações principais dos psicólogos organizacionais. Por meio de um experimento sobre a influência da iluminação em relação ao desempenho dos participantes, os pesquisadores perceberam que o fato de estarem realizando um procedimento, influenciava o desempenho dos funcionários. Esta descoberta foi chamada de efeito Hawthorne (SPECTOR, 2010). Agora, que já conhecemos as disciplinas que contribuíram para o desenvolvimento da PO, veremos a partir de que perspectivas ela compreende seus estudos. Acompanhe! Perspectivas pelas quais a Psicologia Organizacional compreende seus estudos O campo de estudo da Psicologia, a partir das suas descobertas em relação às ações, pensamento e emoções do ser humano, por meio de suas diferentes escolas, traz muitas contribuições para o contexto organizacional. Bergamini (2015) aponta três teorias atuais pelas quais a Psicologia Organizacional compreende seus estudos: psicanalista; psicodramática; e análise do comportamento. A psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud, deixou como contribuição para os estudos da PO, a compreensão de que os instintos e emoções energizam o comportamento humano. Além disso, a escola trouxe a teoria do aparelho psíquico, que apresenta duas principais divisões. A primeira são os níveis de consciência: consciente, que armazena os fatos presentes; pré-consciente (psiquismo), onde estariam armazenados os fatos que exigem esforço para serem lembrados; e inconsciente, que armazena ocorrências traumáticas, das quais a pessoa não lembra tão facilmente. Já a segunda trata dos conteúdos psicológicos: ego, maneira de agir com o mundo, local onde estão as defesas psíquicas; superego, valores morais, normas e regras sociais ensinados na infância; e o “id”, que são os desejos sexuais reprimidos (BERGAMINI, 2015). Figura 4 - Sigmund Freud Fonte: vkilikov/Shutterstock.com Assim, as contribuições da psicanálise auxiliam a PO a atuar em atividades que compreendam as ações dos funcionários relacionadas a diversas questões, como insegurança, autoridade e liderança. Outras teorias, como a cognitiva, gestalt, humanismo etc., a partir de seus desenvolvimentos teóricos, também influenciama Psicologia Organizacional. O psicodrama, de Jacob Levy Moreno, trouxe para os estudos da PO o conceito de papéis, que são estruturas inatas e experiências vividas, das quais são incorporadas ao psiquismo. Para o psicodrama, os papéis são os comportamentos que tornam as pessoas singulares. Assim, é possível que a PO reconheça os papéis das pessoas dentro da organização e atue para que elas estejam inseridas nos cargos e ambientes adequados (BERGAMINI, 2015). Em uma seleção para um cargo de gerência, a partir de uma dramatização, o selecionador percebe que um dos candidatos apresenta papel de líder em diversos momentos, e, a partir disto, consegue tomar a decisão de contratá-lo. Em relação à análise do comportamento, proposta por Burrhus Frederic Skinner, a maior contribuição está na compreensão sobre a influência do que acontece depois do comportamento (ação), que pode aumentar (ou diminuir) a chance de que ele ocorra (ou não) novamente. Assim, quando pretende aumentar a chance de que o comportamento se repita, ou seja, para ampliar a possibilidade de um funcionário realizar alguma ação, a PO atua com o conceito de reforço, que pode ser utilizado por meio de recompensas. Por exemplo, quando os funcionários chegam dentro do horário combinado, eles ganham pontos que serão trocados por prêmios (BERGAMINI, 2015). Para saber mais sobre a influência de uma das teorias atuais nas organizações, leia o artigo “Psicologia Organizacional e a Análise do Comportamento”. Acesse: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176- 106X2009000200007>. Assim, a PO tem acesso a diferentes teorias e muitas contribuições para desenvolverem seu trabalho de maneira efetiva. Fechamento Encerramos o tema sobre o campo de estudo da Psicologia Organizacional. Aqui, você pôde compreender sobre as questões que envolvem a atuação da Psicologia no ambiente organizacional. Nesta aula, você teve a oportunidade de: conhecer a definição de instituição, organização e grupo; reconhecer as influências para a construção da Psicologia Organizacional; entender as perspectivas do estudo da Psicologia Organizacional. Referências BERGAMINI, Cecília. Psicologia aplicada à administração de empresas: psicologia do comportamento organizacional. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2015. BOCK, Ana Maria Barbosa; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Loudes Trassi. Psicologias: uma introdução ao estudo da Psicologia. São Paulo: Editora Saraiva, 2008. FRANCESCHINI, Ana. Psicologia organizacional e a análise do comportamento. TransFormações em Psicologia (Online), v. 2, n. 2, p. 114- 125, 2009. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176- 106X2009000200007>. Acesso em: 14 nov. 2016. SPECTOR, Paul E. Psicologia nas organizações. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. ZANELLI, José Carlos; BASTOS, Antônio Carlos Bittencourt; RODRIGUES, Ana Carolina Aguiar. Psicologia, organizações e trabalho no Brasil. 2. ed. Porto Alegre, Artmed, 2014. Compreendendo as Equipes de trabalho Introdução Nesta aula, compreenderemos o conceito de equipes, entendendo porque elas são consideradas importantes para as organizações. Além disso, conheceremos os principais tipos de equipes encontradas nas organizações, e como é possível criar equipes eficazes. Ao final desta aula, você será capaz de: analisar a crescente necessidade das equipes nas organizações. comparar e contrastar grupos e equipes. Diferenças entre grupos e equipes A equipe consiste em um pequeno agrupamento de indivíduos, cujas habilidades complementam-se. Desta forma, os indivíduos irão trabalhar de maneira conjunta a fim de atingir um objetivo comum, do qual os membros sentem-se responsáveis (SCHERMERHORN; HUNT & OSBORN, 2007). No contexto organizacional, as equipes tornaram-se populares ao longo dos anos, por serem flexíveis e reagirem de maneira positiva em relação às mudanças. As equipes conseguem estruturar-se, começar o trabalho, definir o foco de trabalho e se dissolver de maneira rápida. Além disso, elas produzem a promoção da democratização dentro da empresa, o que aumenta a motivação dos funcionários (ROBBINS; JUDGE & SOBRAL, 2010). Figura 1 - A equipe Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com O grupo de trabalho tem o aspecto de compartilhamento de informações, para auxiliar cada membro em sua responsabilidade em prol de um objetivo comum. Porém, não há a necessidade do engajamento em uma atividade que exija um esforço conjunto. A equipe de trabalho, por sua vez, apresenta uma sinergia positiva (cooperação em prol da produção, do resultado) gerada por meio do esforço conjunto (ROBBINS; JUDGE & SOBRAL, 2010). Assim, no grupo, há o compartilhamento de informações entre os membros de maneira independente, a sinergia é neutra (quando há cooperação, mas ela não influencia o objetivo em comum) ou negativa (quando não há cooperação em prol do resultado comum), a responsabilidade é individualizada e as habilidades aleatórias e variadas entre os membros. Já a equipe apresenta desempenho coletivo, sinergia positiva, responsabilidades que variam entre o individual e coletivo e as habilidades dos membros complementam-se (ROBBINS; JUDGE & SOBRAL, 2010). Para observar a importância das equipes na esfera pública, leia o artigo “O Trabalho em Equipe na Administração Pública Municipal”. Disponível em: <http://www.revista.ufpe.br/gestaoorg/index.php/gestao/article/viewFile/74/64>. Aqui, vimos que as equipes caracterizam por apresentar membros que possuem habilidades complementares e buscam objetivos em comum. No tópico seguinte, conheceremos os principais tipos de equipes. Acompanhe! Tipos de equipes As equipes podem exercer diferentes funções dentro de uma organização, como produção de bens e serviços, resolução de problemas e conflitos, negociar acordos, oferecer aconselhamento, tomar decisões essenciais dentro da organização, entre outras funções. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), os tipos de equipe mais comuns na organização são: equipes de resolução de problemas: grupo de cinco a 12 funcionários que trabalham no mesmo departamento e reúnem-se com o objetivo de melhorar a eficiência e o ambiente de trabalho; As equipes de resolução de problemas podem apenas sugerir soluções para os problemas, não assumindo responsabilidades gerenciais sobre essas sugestões. equipes autogerenciadas: são constituídas por um grupo de 10 a 15 funcionários, que realizam trabalhos interrelacionados e normalmente assumem responsabilidades que eram de seus supervisores; equipe multifuncional: consiste em um grupo de funcionários do mesmo nível de hierarquia, porém de diferentes setores da organização, que se reúnem para cumprir uma tarefa; Uma escola pode utilizar uma equipe multifuncional de pedagogos, professores e psicólogos, do mesmo nível hierárquico, para discutir sobre uma mudança no sistema de ensino, por exemplo. equipes virtuais: são aqueles grupos que utilizam tecnologias da informática para realizar reuniões com seus membros, que muitas vezes estão distantes fisicamente entre si. A figura a seguir ilustra os tipos de equipe apresentados. Figura 2 - Tipos de equipe Fonte: ROBBINS, JUDGE & SOBRAL, 2010, p. 300. A compreensão das diferentes configurações das equipes de trabalho irá nortear a organização na escolha do tipo de equipe que deve ser destinado para resolver determinada demanda ou realizar um objetivo dentro da organização.Criando equipes eficazes As equipes têm grande importância para as organizações, por estarem presentes em diversos contextos e exercerem várias atividades essenciais para o desempenho eficiente da empresa. Assim, torna-se essencial entender como criar equipes eficazes. Os componentes básicos das equipes eficazes podem ser classificados em três categorias: influências do contexto; composição; e processos da equipe (ROBBINS; JUDGE & SOBRAL, 2010). Conheça dicas para o sucesso do trabalho em equipe na administração pública. Acesse: <www.smtr.campos.rj.gov.br/trabalho-em-equipe>. As influências do contexto são os fatores ambientais que podem intervir no desempenho de uma equipe. Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010), os principais fatores de influências contextuais são: recursos adequados: as equipes dependem de recursos externos para sua sustentação. A escassez de recurso reduz a eficiência da equipe; liderança e estrutura: para haver um acordo sobre as questões do trabalho, é necessário que haja uma liderança; Figura 3 - A equipe e o líder Fonte: ESB Professional/Shutterstock.com clima de confiança: a confiança facilita a cooperação e reduz a necessidade de monitorar os comportamentos dos indivíduos; sistema de avaliação de desempenho e recompensas: para que os indivíduos da equipe sejam responsáveis, é necessário realizar avaliações grupais do desempenho dos membros e um sistema de incentivo. A categoria de composição da equipe trata das variáveis relacionadas aos integrantes da equipe e suas possíveis funções. As principais variáveis da composição da equipe são (ROBBINS; JUDGE & SOBRAL, 2010): capacidade dos membros: como conhecimentos técnicos, habilidade para resolução de problemas e tomada de decisão e habilidades interpessoais; personalidade dos membros: como o grau elevado de consciência e abertura e nível mínimo de amabilidade; alocação de papéis: todos os papéis necessários devem ser preenchidos. Os papéis básicos das equipes são: produtor; organizador; assessor; promotor; criador; articulador; conselheiro; mantenedor; e controlador; diversidade dos membros: para que a diversidade possa ser aproveitada da melhor maneira, é necessário que o líder ofereça um objetivo comum, que inspire os membros da sua equipe. Nem sempre a diversidade de pessoas significará o melhor desempenho da equipe. Para isso, é necessário que as pessoas apresentem integração, buscando o objetivo comum. tamanho das equipes: as equipes eficientes são compostas de cinco a dez membros. Um número grande de membros pode dificultar a coesão e o comprometimento dos indivíduos; preferência dos membros: levar em consideração as preferências e outras questões individuais para selecionar membros para a equipe. Já na esfera dos processos da equipe, as variáveis dizem respeito aos métodos utilizados. Eles são especialmente importantes em equipes grandes e interdependentes. As principais variáveis desta categoria são (ROBBINS; JUDGE & SOBRAL, 2010): plano e propósito comuns: estabelecimento da tarefa (ou tarefas) que precisa ser realizada, do objetivo a ser alcançado e das maneiras utilizadas, desde o início do trabalho; metas específicas: tradução do objetivo comum em metas de desempenho específicas, mensuráveis e realistas; autoconfiança da equipe: quando a equipe apresenta confiança em si mesma e em seu sucesso; modelos mentais: as equipes eficazes compartilham de modelos mentais exatos sobre as tarefas que precisam ser realizadas; níveis de conflito: algum conflito pode ser benéfico para o desempenho da equipe, como as discussões sobre o conteúdo da tarefa a ser executada, conduzindo para a melhoria nas decisões da equipe; folga social: ocorre quando o indivíduo apresenta um desempenho inferior em grupo. Isto pode ser evitado quando os membros do grupo são responsabilizados de maneira individual e coletiva. Transformar indivíduos em membros de equipe Como vimos, é essencial que as organizações atuem com equipes eficazes. Neste contexto, é necessário que funcionários se encaixam dentro do perfil, reconhecendo-se como membro de uma equipe. Desta forma, as empresas podem transformar seus colaboradores em membros da equipe, seguindo as orientações apresentadas a seguir (ROBBINS; JUDGE & SOBRAL, 2010): selecionando pessoas que saibam trabalhar em equipe: os gestores podem contratar pessoas que possam desempenhar seu papel dentro de um grupo. No caso de encontrarem pessoas que não saibam trabalhar em equipe, os gestores têm três opções: treinamento do candidato; transferência para outra unidade; ou não contratá-lo; treinando pessoas para trabalharem em equipe: este treinamento consiste na condução de exercícios que façam com que os funcionários percebam a satisfação que o trabalho em equipe pode trazer; Estas variáveis contribuem para a criação equipes eficazes. No tópico seguinte, compreenderemos o que fazer para transformas indivíduos em membros de uma equipe. Acompanhe! Os treinamentos que trabalham com aprimoramento de habilidades, como gerenciamento de conflitos, negociação, comunicação etc., por exemplo, conduzem o colaborador para trabalhar em equipe. Figura 4 - Equipe de trabalho Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com recompensando os indivíduos para serem bons trabalhadores em equipe:introduzindo um sistema de recompensas que estimule os esforços de cooperação, em vez da competição. Antes de decidir pelo trabalho em equipe, deve-se levar em consideração questões como o tempo e os recursos consumidos por esta forma de trabalho. A partir destas diretrizes, considerando a importância do trabalho em equipes, entendemos que, para ser eficaz, é necessário que os indivíduos sejam realmente inseridos neste contexto. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: conhecer o conceito de equipe; entender a importância das equipes; diferenciar equipes de grupos; conhecer os principais tipos de equipes; entender como criar equipes eficazes; compreender como tornar os funcionários membros de equipes. Referências FILIPPIM, Eliane Salete; TURECK, Vanessa Cristina. O Trabalho em Equipe na Administração Pública Municipal. GESTÃO.Org. Rev Gest Organ, v. 6, n. 3, 2010. Disponível em: <http://www.revista.ufpe.br/gestaoorg/index.php/gestao/article/viewFile/74/64>. Acesso em: 09 dez. 2016. ROBBINS, Stephen, P.; JUDGE, Timothy, A.; SOBRAL, Filipe. Comportamento organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. CAMPOS DOS GOYTACAZES. Secretaria Municipal de Trabalho e Renda. Trabalho em equipe. Disponível em: <http://www.smtr.campos.rj.gov.br/trabalho-em-equipe>. Acesso em: 22 dez. 2016. SCHERMERHORN, John; HUNT, James; OSBORN; Richard. Fundamentos de comportamento organizacional. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2007. Comunicação: um processo que envolve relacionamento interpessoal Introdução A comunicação é um processo essencial para o ser humano, interferindo em diversos contextos da sua vida. Neste aula, conheceremos o conceito de comunicação, seus principais elementos e funções. Além disso, compreenderemos como o processo da comunicação ocorre: partindo de um emissor (fonte) até chegar ao receptor. No contexto organizacional, entenderemos quais são as principais barreiras para a comunicação efetiva e como facilitar a sua ocorrência. Ao final desta aula, você será capaz de: compreender o processo de comunicação. identificar osobstáculos encontrados na comunicação e formas para favorece-la no ambiente organizacional. Elementos envolvidos no processo de comunicação A comunicação é o conjunto dos processos de transferência e compreensão do significado de uma mensagem (ROBBINS, JUDGE & SOBRAL, 2010). Na comunicação, é necessário que haja pelo menos duas pessoas para que o processo seja completo. Além disso, é necessário o uso de símbolos comuns, ou seja, o processo comunicativo não se estabelece entre duas pessoas que não compreendem a língua uma da outra (CHIAVENTATO, 2014). Figura 1 - Ato comunicativo Fonte: Blaj Gabriel/Shutterstock.com De acordo com Chiavenato (2014), a comunicação é composta de sete elementos: fonte: trata-se do emissor ou comunicador, ou seja, é aquele que inicia o processo de comunicação, a partir de uma decodificação do pensamento. A fonte é quem envia a mensagem; codificação: os símbolos da mensagem precisam ser traduzidos por meio de um canal escolhido pela fonte, ou seja, a fonte da mensagem deve traduzir sua ideia de maneira que o destinatário possa compreender; canal: é o veículo ou mídia pela qual a mensagem será encaminhada; Atualmente, são bastante utilizados canais como e-mail, aplicativos de mensagens e redes sociais. decodificação: trata-se do processo de tradução da mensagem pela mente do receptor; receptor (sujeito ou destinatário): é para quem a mensagem se destina; retroação (ou feedback): acontece quando o receptor decodifica a mensagem e retorna ou devolve ao emissor/fonte. Este elemento determina se houve ou não a compreensão da mensagem; ruído: são os fatores que podem distorcer a mensagem, ou causar alguma interferência ou intromissão no processo de comunicação. O emissor (ou fonte) pode apresentar limites na transmissão da mensagem, assim como o receptor pode apresentar dificuldades em sua decodificação; desta forma, poderá haver uma discrepância entre a imagem mental do emissor e do receptor. Agora que já conhecemos todos os elementos, entenderemos as etapas do processo de comunicação e suas principais funções. Acompanhe! Etapas do processo de comunicar O processo de transferência e compreensão de um significado, que resulta na comunicação, acontece em etapas (ROBBINS, JUDGE & SOBRAL, 2010). As etapas iniciam na fonte, na qual realiza a codificação, transmitindo a mensagem através de um canal, até chegar na decodificação do receptor, que pode retroagir. Assim, de acordo com Chiavenato (2014), o esquema das etapas é representado conforme a figura a seguir. Figura 2 - Processo de comunicação Fonte: CHIAVENATO, 2014, p. 208. Além das etapas do processo de comunicação, é importante compreender quais são as suas funções. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), as principais funções da comunicação podem ser divididas em: controle: a comunicação apresenta uma função de controle muito significativa no comportamento das pessoas; Quando um gestor cobra a produção de um funcionário, pode-se dizer que a comunicação está exercendo uma função de controle. motivação: a comunicação pode exercer a função de motivar a pessoa, ou seja, aumentar a chance de que ela realize algum objetivo; No ambiente organizacional, para que a comunicação tenha uma função motivadora, é necessário que haja um feedback constante sobre quais foram os resultados já alcançados pelos funcionários, para que ele tenha acesso sobre o que já foi realizado e o que ainda precisa realizar. expressão emocional: para expressar sobre as frustrações ou satisfações, atendendo à necessidade social das pessoas; informação: para fornecer informações e dados que permitam as tomadas de decisões., Dessa maneira, podemos observar que a comunicação apresenta diversas funções extremamente relevantes para o ser humano, permitindo que ele controle o comportamento, expresse seus sentimentos e emoções e transmita informações e dados relevantes para outras pessoas. Porém, nem sempre a comunicação consegue cumprir sua função, conforme veremos no item a seguir. Principais obstáculos encontrados na comunicação A comunicação eficiente é essencial para uma boa relação entre as pessoas. Porém, ela pode encontrar diversos obstáculos, ou seja, podem surgir diversas interferências na transmissão e compreensão da mensagem, fazendo com que ela não aconteça da maneira desejada. As principais barreiras na comunicação são (ROBBINS, JUDGE & SOBRAL, 2010): filtragem: consiste na manipulação da informação realizada pelo emissor de forma que o receptor a receba de maneira mais favorável; percepção seletiva: ocorre quando o receptor escuta a mensagem de maneira inflexivel, considerando suas próprias necessidades, experiências etc.; sobrecarga de informações: acontece quando as informações, com as quais se precisa trabalhar, excedem a capacidade de processamento do indivíduo; emoções: ocorre quando a mensagem é interpretada de formas diferentes, dependendo da emoção que o receptor está sentindo; idiomas: além das dificuldades entre os idiomas diferentes, podem acontecer problemas de interpretação dentro do mesmo idioma; silêncio: é definido a partir da ausência das informações. Pode ser bastante problemático porque não comunica em relação a possíveis problemas; medo da comunicação: consiste na tensão e ansiedade que pode acontecer na comunicação oral e escrita; diferenças de gênero: de maneira geral, mulheres e homens comunicam- se de formas diferentes, o que pode levar a discussões e conflitos. As barreiras da comunicação podem desencadear diversos mal- entendidos e conflitos entre os participantes do ato comunicativo. comunicação “politicamente correta”: quando o foco da comunicação está em não ser ofensiva, porém ela acaba perdendo em significado e simplicidade. A partir do conhecimento dos obstáculos encontrados na comunicação, é possível identificá-los para, então, ser capaz de amenizar suas consequências. A comunicação eficaz é essencial para uma empresa, sendo muito importante entender sobre seus desafios. Para aprofundar o seu conhecimento sobre o tema, leia: “Os Desafios da Comunicação Interna nas Organizações”, disponível em: <http://www.uel.br/grupoestudo/gecorp/images/os_desafios_de_comunica%C3 %A7%C3%A3p_interna.pdf>. Formas de driblar as falhas de comunicação Considera-se fundamental que a comunicação seja realizada de maneira efetiva, visto que quando há falhas na comunicação, poderá haver um comprometimento das relações interpessoais e grupais. Uma das maneiras de driblar estas falhas é fazer uma reflexão, análise e identificação dos obstáculos da comunicação, desenvolvendo habilidades para superá-las. Figura 4 - Driblando as falhas na comunicação Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com No contexto organizacional, a comunicação eficaz influencia diretamente o desempenho da empresa. Assim, é importante compreender as maneiras das quais a comunicação pode ser favorecida no contexto organizacional. De acordo com Chiavenato (2014), podem ser utilizadas as seguintes técnicas para melhoria da comunicação organizacional: acompanhamento: consiste em verificar se o significado da mensagem foi realmente compreendido; retroação: consiste na abertura de um canal para que o destinatário da mensagem consiga responder. Esta questão vai permitir que o emissor verifique sobre a questão anterior; empatia: consiste no emissor se colocar figurativamente no lugar do destinatário, de maneira que envolve a percepção de como o receptor irá filtrar a mensagem enviada; repetição: a redundância da informação tem como função assegurar a comunicação; simplificação: necessidade de codificar a mensagem de maneira que tenha um significado claro para o destinatário; escutar bem: ser capaz de ouvir as pessoas, buscando compreendê-las; encorajar a confiança mútua: criação de uma atmosfera de confiança para o melhor acompanhamento e compreensão entre gestores e funcionários; criar oportunidades: criação de momentos oportunos para conversar sobre mudanças na organização. Com as técnicas apresentadas, é possível estabelecer a comunicação eficaz na organização, fazendo com que a relação entre as pessoas e o funcionamento da empresa seja aprimorado. A comunicação organizacional é uma área que apresenta diversas perspectivas de compreensão. Para entender este fato, leia o artigo “Trajetórias teórico-conceituais da Comunicação Organizacional”, disponível em: <http://www.revistas.univerciencia.org/index.php/famecos/article/viewArticle/111 0>. Fechamento Nesta aula, você pôde aprender sobre os elementos envolvidos no processo da comunicação, as etapas em que este processo ocorre, quais são as suas barreiras e de que maneira podemos torná-la mais eficiente. Nesta aula, você teve a oportunidade de: Nesta aula, você teve a oportunidade de: entender a definição de comunicação; conhecer as principais funções da comunicação; compreender quais são os elementos do processo de comunicar; entender quais são as principais barreiras encontradas na comunicação; conhecer as maneiras de tornar a comunicação mais eficaz. Referências CHIAVENATO, Idalberto. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. 3. ed. Barueri: Manole, 2013. MARCHIORI, Marlene. Os desafios da comunicação interna nas organizações. Conexão, Comunicação e Cultura, v. 9, n. 17, p. 145-159, 2010 Disponível em: http://www.uel.br/grupo- estudo/gecorp/images/os_desafios_de_comunica%C3%A7%C3%A3p_interna. pdf ROBBINS, Stephen, P.; JUDGE, Timothy, A.; SOBRAL, Filipe. Comportamento organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. SCROFERNEKER, Cleusa Maria Andrade. Trajetórias teórico-conceituais da Comunicação Organizacional. Rev FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia, v. 1, n. 31, 2007. Disponível em: <http://www.uel.br/grupo- estudo/gecorp/images/os_desafios_de_comunica%C3%A7%C3%A3p_interna. pdf>. Acesso em: 22 nov. 2016. Cultura organizacional e a influência sobre os comportamentos Introdução Discussões sobre cultura organizacional ganharam repercussão no Brasil a partir de 1980, quando os aspectos culturais passaram a ser vistos como fundamentais para a compreensão das práticas organizacionais (FREITAS, 2006). Para Barbosa (1999), discussões sobre cultura contribuem para incorporar a dimensão simbólica a uma lógica pragmática que permeia o mundo dos negócios. Aqui, verá o que é cultura, a influência da cultura nacional na cultura das organizações, a importância da cultura para o ambiente organizacional, além da sua relação com o clima. Ao final desta aula, você será capaz de: identificar cultura e clima nas organizações. identificar mudanças de paradigmas culturais. Conceitos de cultura Organizações não são entidades autônomas socialmente construídas e que estão inseridas em um determinado contexto. Compreender a sua dinâmica de funcionamento implica, inicialmente, resgatar o conceito de cultura. Pode-se dizer que cultura é algo compartilhado por um grupo social, definido a partir de regras e costumes que orientam o comportamento. Sendo assim, o que é cultura organizacional? Trata-se de um conjunto de pressupostos, crenças e valores compartilhados pelos membros de uma organização que o diferencia de outras. Freitas (2006, p. 97) entende que a cultura organizacional funciona como um [...] conjunto de representações imaginárias sociais que se constroem e reconstroem nas relações cotidianas [...] e que se expressam em termos de valores, normas, significados e interpretações, visando um sentido de direção e unidade, tornando a organização fonte de identidade e de reconhecimento para seus membros. A noção de compartilhamento é expressiva quando se fala em cultura organizacional, o que merece ser reforçado com a apresentação da figura a seguir. Figura 1 - Cultura como algo compartilhado por todos Fonte: DeiMosz/Shutterstock.com ode-se dizer que a cultura organizacional é formada por elementos cuja identificação a tornam reconhecida por seus membros, bem como por terceiros, dependendo da força com que eles se manifestam. Mas você sabe que elementos são esses? Entende-se, tal como Freitas (2007), que os principais elementos da cultura organizacional são os seguintes: valores: características que determinam como a organização se comporta, ou seja, são guias para o comportamento organizacional; crenças e pressupostos: verdades tidas como naturais na organização; ritos, rituais e cerimônias: atividades que expressam como as pessoas devem se comportar na organização; sagas e heróis: narrativas que revelam como a organização venceu dificuldades, despertando, assim, a admiração de seus membros e até de terceiros; histórias: narrativas sobre situações que ocorreram na organização e que reforçam um comportamento desejado; tabus: as áreas proibidas, o que não é permitido; normas: procedimentos ou padrões que indicam o que deve ser seguido. Estes elementos são de grande valia para explicar a dinâmica das organizações, sobretudo quando são explícitos. Uma empresa brasileira do ramo de cosméticos adultos e infantis, há anos, vem posicionando-se positivamente pelo seu compromisso com a sustentabilidade. Em 2015, esta empresa foi uma das vencedoras do Prêmio Campeões da Terra, atribuído pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esse posicionamento é fundamentado nos elementos da cultura organizacional. Tal como Freitas (2006), faremos uma parada para falar dos tabus cuja importância é expressa na próxima figura. Veja que os tabus podem dificultar avanços clamados pela sociedade, como aspectos ligados à diversidade, por exemplo, o que pode ter impacto no ambiente organizacional. Como a cultura é socialmente construída, abre-se espaço aqui para a reflexão sobre o dito e o não dito na orientação de comportamentos. Figura 2 - Tabus na organização Fonte: Art3d/Shutterstock.com Reconhecer os elementos da cultura organizacional é tarefa fundamental para compreender como as organizações funcionam. Diante de elementos tão ilustrativos do ambiente, não se pode esquecer que as organizações estão inseridas em um contexto. Sendo assim, a cultura nacional revela-se como mais um importante ingrediente na tentativa de esclarecer como dá-se o funcionamento das organizações. Tal entendimento se fundamenta em Mascarenhas (2002, p. 90), que afirma que “[...] as características da cultura de uma sociedade devem ser entendidas como fatores que influenciam a formação da cultura de uma empresa”. No caso do Brasil, você sabe quais são essas influências? Nessa linha, qual a importância da cultura nacional e da cultura organizacional para o ambiente de trabalho? É o que você verá a seguir. Importância da cultura para o ambiente organizacional Nos dias de hoje, não há mais dúvidas com relação à influência da cultura nacional sobre a cultura das organizações. Mas que características pesam sobre essa influência? Chu e Wood Jr. (2008), por exemplo, destacam seis traçoscentrais da cultura brasileira que contribuem para explicar tal influência, quais sejam: jeitinho; desigualdade de poder e hierarquia; flexibilidade; plasticidade; personalismo; formalismo. É evidente que as organizações são dinâmicas e expostas a mudanças. Contudo, você não pode negar a grande influência da cultura brasileira na cultura das organizações. Figura 3 - Importância da cultura brasileira Fonte: ESB Professional/Shutterstock.com Sobre aspectos da cultura brasileira e suas relações com a cultura organizacional, vale a leitura da pesquisa de Lima, Fraga e Oliveira (2016) no âmbito do setor público. Está disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rap/v50n6/en_0034-7612-rap-50-06-00893.pdf>. Embora o interesse de acadêmicos e profissionais do mercado recaia sobre as organizações tradicionais, vale um “mergulho” em outros viveres, para complementar o entendimento da questão. A relação entre cultura nacional e cultura organizacional em outros viveres é apresentada por Vergara, Moraes e Palmeira (1997) em artigo sobre a escola de samba Imperatriz Leopoldinense, publicado no livro “Cultura organizacional e cultura brasileira”, da editora Atlas. Diante do exposto, você pode imaginar qual a relevância do estudo da cultura para o ambiente organizacional? Considerando que a cultura dá direção à organização, ela é vista como um alicerce para as ações no dia a dia. A cultura pode, por exemplo, favorecer (ou dificultar) a criatividade e a inovação, a sustentabilidade, o espírito de colaboração entre os membros da organização, entre outras variáveis. Do ponto de vista funcional, a cultura permeia as políticas e as ações de RH. No que diz respeito, por exemplo, ao processo de recrutamento e seleção, os elementos da cultura devem ser considerados centrais na hora da contratação. Indivíduos cujos valores são incompatíveis com os da organização dificilmente terão comportamento adequado aos padrões desejados, gerando, posteriormente, problemas tanto para o profissional quanto para a organização (ROBBINS, 2005). Os elementos da cultura permitem que a organização seja reconhecida até por terceiros. Em processos de recrutamento e seleção, isso é facilmente identificável, ainda no momento de atração de talentos. No passado, grandes instituições nacionais atraíam um grande número de profissionais. Já por volta de 1990, era muito comum entre os jovens o desejo de entrar em multinacionais. Evidentemente, essas empresas tinham uma cultura que atraía os candidatos. Em tempos mais recentes, organizações ligadas à internet viraram as “queridinhas” da nova geração. Outra dimensão estreitamente ligada na cultura é a gestão de desempenho, que, de imediato, deve levar em consideração os valores, as crenças e outros elementos, para definir o que se espera do indivíduo (ROBBINS, 2005). Negligenciar, portanto, a importância da cultura pode trazer consequências indesejáveis para o ambiente, como baixo comprometimento, rotatividade de pessoal, queda na produtividade, entre outros problemas que, muitas vezes, remetem ao clima organizacional. A função do clima na estrutura da organização Cultura e clima foram, no passado, tratados como sinônimos ou conceitos similares. Com o desenvolvimento dos estudos sobre o tema, chegou-se ao entendimento de que clima é uma parte da cultura, portanto, pode ser definido como o fenômeno resultante da percepção dos funcionários acerca de diversos aspectos da empresa, que podem influenciá-los de forma positiva ou negativa (LUZ, 2003). Pode-se dizer que a cultura é a base, é o que norteia a estrutura da organização. Sendo o clima uma parte da cultura, ele, obviamente, exerce influência no ambiente de trabalho. Deve, portanto, ser avaliado, monitorado, discutido. Nesse contexto, as pesquisas de clima organizacional, tanto em nível setorial quanto institucional, são instrumentos recomendados, pois têm função diretamente ligada às práticas cotidianas. Cultura e clima organizacional não são sinônimos. Clima é uma parte da cultura. Trata-se de um fenômeno temporal. Cultura é criada e desenvolvida ao longo do tempo. Considerando o exposto, saiba que, por mais que uma organização tenha uma cultura forte, demonstre preocupação com o clima e seja admirada por seus membros e até por terceiros, ela não está imune a mudanças. O modo de ser da organização deve evoluir segundo seus fundamentos, mas deve, também, considerar outros paradigmas. Em outras palavras, o contexto no qual as organizações estão inseridas é dinâmico. Mudanças de ordem econômica, política, social e tecnológica espraiam-se e exigem novas posturas das organizações. Paradigmas culturais podem ser quebrados em decorrência de fusões e aquisições, programas de privatização, discussões sobre diversidade, igualdade de gênero, automação e desaparecimento de empregos, novas carreiras, entre outros fatores. Mudanças de toda ordem exigem novas posturas da organização, o que pode levar a outros paradigmas culturais. E nos próximos anos? Você sabe o que pode sinalizar a necessidade de mudanças de paradigmas culturais? Figura 4 - Mudanças de paradigmas culturais Fonte: alphaspirit/Shutterstock.com Fica, assim, a reflexão para todos que têm interesse em compreender melhor a dinâmica das organizações e suas relações de trabalho. Fechamento Nesta aula, você teve a oportunidade de: Nesta aula, você teve a oportunidade de: identificar o conceito de cultura organizacional e sua relação com a cultura nacional identificar a importância da cultura no ambiente de trabalho compreender a relação entre cultura e clima e refletir sobre a emergência de paradigmas culturais Referências CHU, Rebeca A.; WOOD JR., Thomaz. Cultura organizacional brasileira pós-globalização:global ou local? Revista de Administração Pública. v. 42, n. 5, p. 969-991, set./out. 2008. FREITAS, Maria Ester de. Cultura organizacional: identidade, sedução e carisma? 5. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. ______. Cultura organizacional: evolução e crítica. São Paulo: Thomson Learning, 2007. LIMA, Daniella Munhoz da Costa; FRAGA, Valderez Ferreira; OLIVEIRA, Fátima Bayma. O paradoxo da reforma do Judiciário: embates entre a nova gestão pública e a cultura organizacional do jeitinho. Revista de Administração Pública. Rio de Janeiro 50(6):893-912, nov./dec. 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rap/v50n6/en_0034-7612-rap-50-06-00893.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2017. LUZ, Ricardo. Gestão do clima organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2003. MASCARENHAS, André Ofenhejm. Etnografia e cultura organizacional: uma contribuição da antropologia à administração de empresas. Revista de Administração de Empresas. v. 42, n. 2, p. 88-94, abr./jun. 2002. ROBBINS, Stephen. Comportamento organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. VERGARA, Sylvia; MORAES, Cintia; PALMEIRA, Pedro. In: MOTTA, Fernando; CALDAS, Miguel (Org.). Cultura organizacional e cultura brasileira. São Paulo: Atlas, 1997. Diversidade nas Organizações Introdução Atualmente, a diversidade, que é a pluralidade, multiplicidade de características físicas, pessoais, visões de mundo etc., é uma questão relevante em vários âmbitos da nossa vida, inclusive no contexto organizacional. Nesta aula, entenderemos como a diversidade é entendida dentro do ambiente organizacional. Além disso, conheceremos formas de aumentar a diversidade, implementando estratégias e programas para a gestão desta questão. Ao final desta aula, você será capaz de: identificar as principais formas de diversidade no ambiente de trabalho. compreender como as organizações podem administrar com eficácia a diversidade. Características demográficas da força de trabalho No contexto organizacional, a diversidade da força de trabalho consiste nas características pessoais que diferenciam uma pessoa das outras. Ela pode ser dividida em dois níveis: superficial, que são os aspectos facilmente identificáveis, como idade, sexo, etnia etc.; e profundo, que são as diferenças que não podem ser inicialmente observadas, como crenças e valores (ROBBINS, JUDGE & SOBRAL, 2010). Nesse sentido, os gestores precisam compreender que não é possível tratar todos os funcionários como indivíduos iguais, sendo necessário aprender a conviver com as diferenças da melhor forma possível, para garantir a produtividade (ROBBINS, JUDGE & SOBRAL, 2010). Figura 1 - A diversidade é essencial para as organizações Fonte: Daxiao Productions/ Shutterstock.com Assim, o grande desafio dos gestores, atualmente, é lidar com mudanças das características demográficas da força de trabalho (demografia é o estudo da dinâmica populacional humana), como envelhecimento da população, maior número de mulheres no ambiente de trabalho etc. Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010), as características demográficas e as principais questões relacionadas a elas são as elencadas a seguir. Idade A questão da relação entre a produtividade e a idade, é uma preocupação bastante comum entre os gestores, uma vez que se observa um aumento da faixa etária da força de trabalho, visto que a expectativa de vida da população é maior. Apesar desta preocupação, as pesquisas dos autores indicam que: as pessoas mais velhas apresentam menor rotatividade no emprego; os trabalhadores mais velhos apresentam menor número de faltas consideradas evitáveis; e não foi encontrada relação entre a idade e a produtividade, e em relação à satisfação no trabalho (ROBBINS, JUDGE & SOBRAL, 2010). Sexo Apesar de existirem diferenças da forma de trabalho e das preferências pessoais entre homens e mulheres, os autores indicam que não há diferença em termos de desempenho. Além disso, as mulheres apresentam mais ausências no trabalho e também maior rotatividade no emprego, por serem socialmente mais responsabilizadas por suas famílias (ROBBINS, JUDGE & SOBRAL, 2010). As mulheres, por exemplo, preferem horários de trabalho mais flexíveis. Entre os motivos, está o fato de, em muitos casos, elas serem responsáveis pela rotina dos filhos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) traça um estudo dos movimentos demográficos das empresas. Os resultados destas pesquisas contribuem para projetos governamentais e no desenvolvimento da sociedade civil (IBGE, 2013). Etnia De acordo com o IBGE (2010), o Brasil apresenta cinco classes de etnia: branco, negro, índio, amarelo (asiático) e pardo. Porém, o maior número de estudos é relacionado às diferenças étnicas entre brancos e negros. Nesse sentido, observa-se disparidades em relação a inserção dos negros no mercado de trabalho, quando comparado aos brancos. Além disso, há uma discrepância em relação aos salários recebidos pelos negros (que são normalmente menores) (ROBBINS, JUDGE & SOBRAL, 2010). Portadores de deficiências Segundo a lei n. 8213/1991, as empresas precisam reservar parte das vagas de trabalho para pessoas portadoras de deficiência. Este fato, permitiu a empregabilidade destas pessoas. Porém, observa-se que muitos ainda encontram-se fora do mercado de trabalho. Características como a religião e a orientação sexual também são alvos de discussões importantes dentro das instituições, uma vez que podem causar conflitos. Configura-se bastante importante que o gestor compreenda as características da diversidade para, assim, implementar formas de lidar com esta questão, conforme veremos no próximo tópico. Implementando estratégias de gestão da diversidade Quando falamos em gestão da diversidade, estamos nos referindo às estratégias que permitem os gestores tornarem-se mais sensíveis às necessidades e diferenças pessoais dos colaboradores da empresa, e, com isso, ter acesso a uma variedade de ideias e habilidades (ROBBINS, JUDGE & SOBRAL, 2010). Para aprofundar seu conhecimento no assunto, leia o artigo “Gerenciamento de diversidade nas organizações”.Para aprofundar seu conhecimento no assunto, leia o artigo “Gerenciamento de diversidade nas organizações”. Acesse: <http://era.org.br/2012/05/gerenciamento-da-diversidade-nas-organizacoes/>. A primeira forma de implementar questões relacionadas à diversidade no trabalho é a partir do recrutamento de pessoas com características diferentes. Durante a seleção de novos funcionários, os representantes da empresa devem utilizar critérios objetivos e imparciais, considerando apenas as capacidades e habilidades dos funcionários. Os funcionários advindos desse tipo de seleção mais inclusiva, podem ter dificuldade em permanecer no emprego por não se identificarem com a política de atuação da empresa e com seus colegas. Para que isso não aconteça e esse funcionário se mantenha no cargo, a empresa deve realizar uma mudança em suas políticas de aceitação e inclusão da diversidade em todos os seus setores (ROBBINS, JUDGE & SOBRAL, 2010). Figura 2 - Recrutamento e seleção de pessoas Fonte: A1Stock/Shutterstock.com Além disso, o trabalho em grupo se caracteriza como uma estratégia eficaz para a gestão da diversidade, pois, nele, observa-se que é possível fazer com que pessoas com características diferentes consigam um desempenho superior de trabalho em comparação aos grupos mais homogêneos, principalmente se os líderes conseguirem enfatizar um objetivo comum para o grupo (ROBBINS, JUDGE & SOBRAL, 2010). Figura 3 - O trabalho em grupo é importante para a diversidade Fonte: Rawpixel.com/Shutterstock.com Além disso, existem alguns programas eficazes que promovem a diversidade no ambiente corporativo, conforme veremos a seguir. Programas de diversidades eficazes Para o incentivo da diversidade dentro do contexto de trabalho, há programas eficazes. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), os programas eficazes de diversidade, no trabalho, devem realizar treinamentos com os gestores, informando o que a legislação atual oferece de opções para a questão das ofertas iguais de empregos. Além disso, eles devem aprender a respeitar a todos, independentemente de suas características demográficas. Para isso, os programas devem ressaltar como a diversidade na força de trabalho pode ser vantajosa na atração de um mercado que também é diverso. Outra questão essencial para que o programa de diversidade consiga ser efetivo é a criação de práticas de desenvolvimento pessoal, focando nos talentos e habilidades dos trabalhadores. Assim, os funcionários podem ser conscientizados a valorizar as diferentes perspectivas. Além disso, os programas eficazes de gestão da diversidade apoiam ações afirmativas (que consistem num conjunto de medidas voltadas para grupos específicos), pois permitem que os funcionários de grupos minoritários (ou seja, grupos que sofreram ou sofrem discriminação) tenham oportunidade de mostrar suas habilidades. Figura 4 - Ações afirmativas Fonte: Phovoir/Shutterstock.com As vagas reservadas para portadores de deficiência são exemplos de ações afirmativas. Porém, apenas implementar programas de incentivo a diversidade, sem realizar uma mudança efetiva na política de diversidade da empresa, não é, de fato, efetivo. Além de realizaresses treinamentos, é necessário operar uma mudança concreta, ou seja, a diversidade deve ser observada em seu quadro de funcionários. Para conhecer exemplos de experiências brasileiras em gestão da diversidade, leia o artigo “Gerenciando a diversidade cultural: experiências de empresas brasileiras”. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034- 75902000000300003&script=sci_arttext&tlng=pt>. O fato de uma empresa adotar um programa que atenda estes componentes, não significa, necessariamente, que a empresa observa uma mudança em seu quadro de funcionários em direção a diversidade, ou seja, para ser eficaz é necessário uma modificação em toda a política da organização em relação a esta questão. Fechamento Aqui, vimos que a diversidade deve ser considerada como uma questão fundamental para as organizações, de modo que sua gestão deve ser um dos pilares da organização. Nesta aula, você teve a oportunidade de: entender a diversidade da força de trabalho; conhecer as características demográficas da força de trabalho e suas principais questões no campo organizacional; reconhecer maneiras de implementação de estratégias para gestão da diversidade; entender as características de um programa de gestão da diversidade eficaz. Referências BRASIL. Lei n. 8.213, de 24 de julho de 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm>. Acesso em: 14 nov. 2016. _______. IBGE. Censo 2010. Disponível em: <http://mapasinterativos.ibge.gov.br/atlas_ge/brasil1por1.html>. Acesso em: 14 nov. 2016. ERA. Ética e realidade atual. Gerenciamento de diversidade nas organizações. s.d. Disponível em: <http://era.org.br/2012/05/gerenciamento- da-diversidade-nas-organizacoes/>. Acesso em: 08 nov. 2016. FLEURY, Maria Tereza Leme. Gerenciando a diversidade cultural: experiências de empresas brasileiras. Rev adm empres, v. 40, n. 3, p. 18-25, São Paulo, Jul/Set, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034- 75902000000300003&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 08 nov. 2016. ROBBINS, Stephen, P.; JUDGE, Timothy, A.; SOBRAL, Filipe. Comportamento organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. Emoções e sentimentos Introdução O homem é um ser dotado de emoções e sentimentos, sensações parecidas, que impactam diretamente o seu dia a dia, tanto nas relações interpessoais (pessoais e profissionais) quanto no ambiente de trabalho. Nesta aula, entenderemos porque a emoção e os sentimentos passaram a ser cada vez mais estudados por psicólogos, psicopedagogos e estudiosos do comportamento e do ambiente organizacional, uma vez que afetam de forma imediata na produtividade, aprendizagem e no comportamento organizacional. Ao final desta aula, você será capaz de: conhecer os principais componentes das emoções. diferenciar emoções de sentimentos. entender a influência das emoções e sentimentos no trabalho. Emoções e sentimentos Talvez, neste momento, você esteja se questionando: como entender a diferença entre emoções e sentimentos, se os dois são tão parecidos? Tenha em mente que estas sensações estão interligadas, uma vez que as emoções são desencadeadoras dos sentimentos, e que, a partir dos sentimentos desencadeados, pode-se gerar mais emoções. A principal diferença, porém, está no fato de as emoções serem perceptíveis pelo meio ao qual o sujeito está inserido, ao contrário do sentimento que não faz uma troca com o meio, ou seja, apenas o sujeito vivencia a sensação. A emoção, então, tem uma relação com o corpo e o sentimento com a mente. Perceba a diferença. Em um acidente de trânsito, dois carros colidem em uma preferencial. O motorista do carro “A” age pela emoção, sai do carro esbravejando, com raiva, ofendendo e agredindo o motorista “B”, que, por sua vez, desce do carro aparentemente chateado, pergunta se há alguém ferido, olha os estragos, não ofende e dialoga a fim de resolver a situação, ou seja, utiliza a mente. Figura 1 - As emoções são desencadeadoras de sentimentos. Fonte: Eugenio Marongiu/Shutterstock.com A emoção ocorre a partir de uma experiência afetiva que vem à tona como um vulcão e pode ser desencadeada por um objeto ou a um estímulo proveniente do meio, provocando reações motoras e glandulares, interferindo de maneira direta no estado afetivo do indivíduo. Os sentimentos podem desencadear reações orgânicas positivas, como motivação, sensação de produtividade e alegria, ou negativas, como cansaço, desmotivação, tristeza, negatividade, entre outros. Conforme a intensidade das reações desencadeadas, elas podem prejudicar algumas áreas específicas do desenvolvimento humano, como fisiológica, cognitiva, afetiva e sentimental. A seguir, para entender a influência da emoção no desenvolvimento e comportamento pessoal, conheceremos quais são os seus componentes e as reações que surgem da relação existente entre emoção e sentimento. Componentes da emoção Como vimos, as emoções ocorrem por meio de algum evento ou estímulo a que o sujeito está reagindo. De acordo com Glasmann (2008, p. 222), “as emoções provavelmente se originaram através da evolução como um mecanismo adaptativo, permitindo rápidas avaliações das situações”. Estas avaliações podem ser determinadas pelos componentes emocionais, elementos que auxiliam o ser humano a perceber, interpretar e controlar as suas emoções. Figura 2 - Desencadeando as emoções. Fonte: file404/Shutterstock.com Os componentes emocionais não apresentam uma ordem e nem quantidade para emergirem. Segundo o neurocientista Damásio (2012), estes elementos se classificam conforme abaixo. Cognitiva: quando o sujeito tem conhecimento concreto do fato que levou a desencadear a emoção. Por exemplo, quando um motorista ultrapassa o sinal vermelho e, ao colidir seu veículo com outro, se assusta, ele sabe que passou por aquela situação por furar o sinal vermelho. Avaliativa: quando o sujeito faz uma análise da emoção, estabelecendo se a emoção é agradável ou não. Por exemplo, quando um jovem sente alegria por estar apaixonado, ele consegue analisar que a emoção é agradável. Fisiológica: são as reações orgânicas que ocorrem diante de uma emoção. Por exemplo, taquicardia, tensão muscular, mãos suadas etc. Expressiva: o mais evidente de todos os componentes, trata-se das reações corporais, como o riso, choro, torcer o nariz etc. Comportamental: as emoções podem desencadear reações, ou seja, maneiras de o sujeito se comportar diante da situação e de outros seres. Por exemplo, pular de alegria, gritar, esbravejar etc. Subjetiva: está associada ao que o indivíduo sente interiormente, ou seja, somente ele consegue ter acesso a esta emoção. De acordo com a intensidade e a frequência com que as emoções ocorrem, o ser humano terá uma reação específica, e fará o uso dos componentes para enfrentar as situações de forma positiva ou não. Perceba que a emoção não está relacionada a um único componente, e que um componente pode desencadear uma ou mais reações ao mesmo tempo. Assim, no entendimento final de uma emoção manifestada, pode ocorrer uma comunicação aprofundada entre diferentes componentes (GLOSMANN, 2008). O filme “Divertida Mente”, dirigido por Pete Docter e Ronaldo Del Carmen, traz uma reflexão acerca do papel das emoções em nossas vidas, mostrando como essas sensações são importantes para nosso desenvolvimento pessoal e emocional. Confira! A seguir, entenderemos como as emoções e seus componentes podemafetar o processo de aprendizagem. Acompanhe! Como sentimentos e emoções modificam a aprendizagem As emoções e os sentimentos têm uma relação muito próxima com a aprendizagem, pois podem interferir nas funções ligadas ao raciocínio lógico e com o processo do aprender. Além disso, podem ser entendidos como estratégias pedagógicas que modificam a aprendizagem, isto é, podem funcionar como caminhos, métodos, que serão utilizados neste processo. Isto porque o ser humano vai construindo suas relações emocionais, sociais e de aprendizagem de forma gradativa, sempre colocando suas emoções no desenvolver de cada ação. Figura 3 - engrenagem da aprendizagem Fonte: snake3d/Shutterstock.com Dentre os métodos utilizados, está o ensino por meio de uma relação mais próxima e afetiva entre instrutor e aprendiz, visto que, quando ocorre esta relação mais proximal, o sujeito/aprendiz se sente mais instigado e motivado para o buscar novos conhecimentos. Segundo Oliveira (2009, p.116), a “afetividade se constitui como um fator de grande importância na determinação da natureza das relações que se estabelecem entre sujeitos (educandos) e os diversos objetos do conhecimento”. As emoções e os sentimentos afetam diretamente a autoestima do aprendente, manifestando reações positivas ou negativas para a aquisição de novos conhecimentos. Sabe-se que ambientes de aprendizagem saudáveis, bem estruturados fisicamente e humanamente, geram satisfação e motivação para o processo ensino-aprendizagem. Isto é, tanto o instrutor como o aprendente se sentem pessoas valorizadas, alegres e emocionalmente preparadas para novas tomadas de decisões. Vygotsky (2003, p. 121) diz que as “reações emocionais exercem influência essencial e absoluta em todas as formas de nosso comportamento e em todos os momentos do processo educativo”. Assim, se nos encontramos em um estado depressivo, no isolamento, com certeza o interesse, a motivação, em aprender será totalmente prejudicado. Neste caso, percebemos a emoção e o sentimento interferido diretamente no processo de aprendizagem. Um professor que tem paixão em ensinar matemática, com certeza demostrará este fato para os alunos, pois o seu corpo expressa esta emoção, ele sorri para os alunos e busca novos métodos de ensino. Neste caso, podemos perceber que a emoção tem influência direta na aprendizagem. A relação entre emoção e aprendizagem tem um papel determinante não só na aquisição do saber, mas também na relação do comportamento organizacional, como veremos no tópico a seguir. Como regular as emoções e sentimentos no ambiente de trabalho Todo o comportamento pessoal e organizacional é desencadeado e influenciado por nossas emoções e sentimentos. Assim, entender estas sensações é fundamental para a interação com o ambiente de trabalho, evitando situações conflitantes. Figura 4 - Controlando as emoções Fonte: Ivelin Radkov/Shutterstock.com A função da regulação emocional pode ser comparada a um termostato, como se o ser humano tivesse um dispositivo interno que controlasse as variações das emoções, buscando mantê-las sempre em equilíbrio, evitando explosões repentinas e conflitos nos ambientes organizacionais. Segundo GNOATO, SPINA e PELACANI (2009), alguns sentimentos e emoções podem causar alterações no ambiente de trabalho, uma vez que, se não forem bem administrados, podem causar interferências, como raiva, ódio, medo e falta de concentração, em diferentes funcionários, por vários motivos. Portanto, regular as emoções no ambiente organizacional significa fortalecer os colaboradores com recursos e estratégias de conduta que permitam um autocontrole, com o objetivo de evitar ou minimizar situações desagradáveis, pressões externas, doenças físicas e psíquicas, que prejudicam o desempenho, relacionamento e a satisfação, tanto do colaborador quanto da organização. Por meio do controle emocional (ou autocontrole), ou seja, das habilidades de lidar com as emoções e sentimentos, consegue-se manter as relações interpessoais de maneira sadia. A regulação das emoções e sentimentos depende de cada sujeito. Com o processo de autoconhecimento (conhecimento de si mesmo), o sujeito consegue identificar um sentimento no momento exato que ele se manifesta, e, por meio do autocontrole, expressa sua habilidade de gerenciá-lo. Para aprofundar seus conhecimentos sobre a regulação emocional no contexto de trabalho, leia o artigo “Expressão e regulação emocional no contexto de trabalho: um estudo com servidores públicos”. Nele, as autoras detalham algumas estratégias para trabalhar com o tema. Acesse: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678- 69712014000200003>. Fechamento Nesta aula, você pôde reconhecer as questões associadas à emoção e aos sentimentos. Com o conteúdo estudado, você será capaz de refletir e analisar suas ações relacionadas à emoção e aos sentimentos. Nesta aula, você teve a oportunidade de: entender a diferença entre emoção e sentimento conhecer os componentes da emoção compreender como os sentimentos e emoções atuam na aprendizagem aprender como regular as emoções e sentimentos no ambiente de trabalho. Referências DAMÁSIO, António R. O erro de Descartes: emoção, razão e o cérebro humano. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. DIVERTIDA Mente. Direção Pete Docter e Ronaldo Del Carmen. EUA. Disney, 2015. GLASSMAN, William E; HADAD Marilyn. Psicologia: abordagens atuais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. GNOATO, Gilberto. SPINA, Afonso Carlos. PELACANI, Inez Antonia. Psicologia das organizações. Curitiba: IESDE Brasil AS, 2009. OLIVEIRA, Mari Angela Calderari. Intervenção psicopedagógica na escola. 2. ed. Curitiba: IESDE Brasil, 2009. ROBBINS, Stephen. Comportamento Organizacional. 11. ed. São Paulo: Pearson/Prentice-Hall, 2005. TRUCON, Conceição. Mente e Cérebro Poderosos: um guia prático para a sua saúde Psíquica e emocional, com testes e exercícios cerebrais. São Paulo: editora Cultrix, 2014. VIGOTSKI, Lev Semenovitch. A Psicologia pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2003. Estresse e ansiedade no ambiente organizacional Introdução O mundo corporativo está cada dia mais competitivo, uma vez que as organizações sofrem pressões do ambiente, caracterizado pela concorrência, clientes e demais atores que com elas interagem. Nesta dinâmica, indivíduos recebem demandas, assumem responsabilidades, exercem papéis e produzem resultados; e, adicionalmente, são expostos a fatores que produzem estresse e ansiedade. Nesta aula, entenderemos que estresse e ansiedade são inerentes ao ser humano. Além disso, veremos o que pode gerar estresse e ansiedade, bem como as formas de minimizá-los. Ao final desta aula, você será capaz de: entender como o estresse e a ansiedade influenciam no ambiente organizacional. identificar estratégias para minimizar o estresse e a ansiedade no ambiente organizacional. Conceito de estresse e ansiedade e suas influências na organização Os termos “estresse” e “ansiedade” são rotineiros em conversas entre amigos e familiares e em sessões de terapia. Quem nunca externou que “está estressado” ou “ansioso”. Mas o que significa “estresse” e “ansiedade”? “Estresse” é uma palavra de origem latina, relacionada à pressão. Ladeira (1996) aponta que o estresse corresponde a respostas adaptativas ao rompimento do equilíbrio orgânico. Baumotte et al (2013, p. 133), na mesma linha, afirmam que “o estresse é uma resposta a pressões,responsabilidades e ameaças reais ou imaginárias do ambiente”. Normalmente, o estresse é associado a situações ruins. Contudo, ele também pode ser favorável ao indivíduo, configurando um estímulo para enfrentar a situação, o que chamamos de estresse positivo. Já o estresse negativo é aquele que intimida o sujeito (TANURE et al, 2015). A ansiedade, por sua vez, está relacionada com o termo “sufocar”. Para Motta (2002), ansiedade é uma reação emocional a situações de risco, sendo, normalmente, algo desagradável, ligado à tensão. Moraes e Silva (2015, p. 4), porém, explicam que ansiedade é “uma reação normal, adaptativa e positiva do organismo em resposta contra ameaças ou perigos”. É, portanto, uma reação comum e, assim como o estresse, pode ser benéfica em certas situações. Estresse e ansiedade são respostas e reações do indivíduo a ameaças ou pressões e podem tanto contribuir quanto prejudicar o trabalhador e o ambiente organizacional. Contudo, no ambiente organizacional, quando a ansiedade ultrapassa determinados níveis, as manifestações somáticas, fisiológicas e psíquicas decorrentes dela podem influenciar negativamente o trabalhador (MORAES e SILVA, 2015). Além disso, estresse, ansiedade, fadiga, depressão e outras ocorrências afetam os indivíduos, independente de faixa etária ou classe social. Algumas destas ocorrências são emocionais e outras físicas, porém, sendo causa ou consequência de algo, manifestam-se sob forma de queixas dos trabalhadores (TANURE et al, 2015). Normalmente, o cinema é rico em ilustrações de conceitos. O filme Relatos Selvagens (2014), por exemplo, traz seis histórias independentes que ilustram situações de estresse e ansiedade na sociedade contemporânea. No ambiente organizacional, problemas decorrentes do estresse e da ansiedade não se limitam ao indivíduo, propagam-se pelo ambiente de trabalho. Assim, enquanto os indivíduos sofrem com a desmotivação, conflitos e doenças, as empresas são afetadas pela rotatividade de pessoal, baixa produtividade, custos de afastamentos, além, é claro, de possíveis prejuízos para o clima e imagem da organização. Assim, torna-se indispensável identificar quais fatores são responsáveis pelo estresse e pela ansiedade, como veremos a seguir. Fatores do ambiente responsáveis pelo estresse e ansiedade O estresse e a ansiedade podem ter origem em inúmeros acontecimentos: no trabalho, como sobrecarga, prazos reduzidos, complexidade de tarefas, pressão por resultados ou falta de autonomia, papel dentro da organização, demandas interpessoais, estrutura organizacional, estilo gerencial dos dirigentes da empresa, estágio de vida da organização.; em situações da própria vida, como falecimento de familiares ou problemas conjugais; além de situações relacionadas à sociedade, como violência urbana, trânsito, entre outros. Assim, os fatores responsáveis por estresse e ansiedade são, normalmente, cumulativos (ROBBINS, 2005). No ambiente organizacional, apesar de não existir unanimidade entre os especialistas, há uma construção teórica que está entre as mais discutidas e utilizadas para explicar os estressores (fatores que causam estresse) no trabalho. Trata-se do modelo Demanda-controle de Karasek, que considera as demandas psicológicas inerentes ao cargo e a margem de liberdade de decisão dos indivíduos (MORIN e AUBÈ, 2009). Figura 1 - Prazos apertados causam estresse e ansiedade Fonte: Elnur/Shutterstock.com Fatores que podem provocar estresse e ansiedade são, em geral, cumulativos, ou seja, o aparecimento de novos fatores pode desencadear uma reação em cadeia levando a prejuízos maiores para o indivíduo e para a organização. No mundo do trabalho, é muito comum associar estresse e ansiedade a executivos e profissionais que vivem na esfera do ambiente de negócios. A realidade, contudo, revela que indivíduos que atuam em outras áreas, como segurança, saúde, transportes, entre outras, estão, muitas vezes, expostos de múltiplas formas a esses fatores. Motoristas profissionais, que atuam em estradas e rodovias, são alvos de fatores múltiplos e cumulativos de estresse e ansiedade, uma vez que, além da rotina pesada, convivem com riscos de acidentes e os roubos de cargas. Conheça uma pesquisa sobre o estresse de executivos de grandes empresas brasileiras. Acesse: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/psicologiaemrevista/article/view/291/3 00>. Formas de minimizar o estresse e a ansiedade na organização Cada indivíduo tem características pessoais próprias, uma história de vida e diferentes motivações, além de estar inserido em contextos sociais variáveis. Desta forma, o estresse e a ansiedade não afetam da mesma forma diferentes pessoas. Assim, uma situação que para alguns pode parecer corriqueira, para outros pode gerar ansiedade e ser altamente estressante. Figura 2 - Estresse e ansiedade afetam de forma diferente os indivíduos Fonte: Andrey_Kuzmin/Shutterstock.com Nesse contexto, Morin e Aubé (2009, p. 145) assinalam que “estratégias utilizadas para fazer face aos agentes estressantes ou à ansiedade serão diferentes conforme a história da pessoa, conforme sua avaliação de suas capacidades e de seus recursos, bem como de sua motivação”. Assim, as formas de minimizar o estresse e a ansiedade na organização devem levar em consideração abordagens centradas no indivíduo e na própria organização. Robbins (2005), considera que o profissional pode assumir a responsabilidade de criar suas próprias estratégias para administrar o estresse e a ansiedade, investindo em autoconhecimento e em autodesenvolvimento. Para isso, é fundamental identificar seus pontos fortes e fracos, ter em mente sua forma de reação a situações adversas, bem como a clareza do que o faz seguir em frente. Além disso, manter uma vida equilibrada em termos de alimentação, repouso e exercícios físicos pode contribuir bastante para a redução do estresse e da ansiedade. Profissionais que sofrem, de forma exacerbada, com o medo de falar em público, porém, por ocuparem determinado cargo, precisam desta habilidade, podem, por exemplo, utilizar estratégias que minimizam o estresse e a ansiedade, como apoio psicológico e cursos de oratória e de comunicação. Para a abordagem centrada na organização, há estratégias de cunho funcional e comportamental. Na esfera funcional, foca-se na melhoria do processo de recrutamento e seleção e no investimento em mapeamento de competências, para a melhor adequação do profissional ao cargo, pois quanto mais alinhado o profissional estiver às tarefas e às responsabilidades do cargo, bem como à cultura da organização, menores serão as chances de danos advindos do estresse e da ansiedade. Figura 3 - Adequação do profissional à cultura da organização Fonte: CoraMax/Shutterstock.com Entre as estratégias do campo comportamental, que podem gerar bons resultados na administração do estresse e da ansiedade, está o desenvolvimento no processo de feedback, alinhamento entre o discurso e a prática, bem como a ampliação da comunicação e da transparência. Além disso, estratégias como programas de bem-estar são bem-vindas. Figura 4 - A comunicação minimiza o estresse e a ansiedade Fonte: g- stockstudio/Shutterstock.com Estratégias para minimizar o estresse e a ansiedade podem e devem ser discutidas no âmbito da organização, mas cabe ao profissional a responsabilidade pela sua vida, traçando, assim, seus próprios métodos. Assim, seja por iniciativa do indivíduo ou da organização, as estratégias devem levar em consideração os envolvidos, bem como o contexto em que eles