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1 Disciplina: Comportamento organizacional Autora: M.e Patrícia Affonso Gaspar Revisão de Conteúdos: M.e Monika Fritz Designer Instrucional: Vianeis Rodrigues Pereira Revisão Ortográfica: Esp. Alexandre Kramer Morgentern Ano: 2020 2 Patrícia Affonso Gaspar Comportamento organizacional 1ª Edição 2020 Curitiba, PR Faculdade UNINA 3 Faculdade UNINA Rua Cláudio Chatagnier, 112 Curitiba Paraná 82520-590 Fone: (41) 3123-9000 Coordenador Técnico Editorial Marcelo Alvino da Silva Conselho Editorial D.r Alex de Britto Rodrigues / D.ra Diana Cristina de Abreu / D.r Eduardo Soncini Miranda / D.ra Gilian Cristina Barros / D.r João Paulo de Souza da Silva / D.ra Marli Pereira de Barros Dias / D.ra Rosi Terezinha Ferrarini Gevaerd / D.ra Wilma de Lara Bueno / D.ra Yara Rodrigues de La Iglesia Revisão de Conteúdos Monika Fritz Designer Instrucional Vianeis Rodrigues Pereira Revisão Ortográfica Alexandre Kramer Morgentern Desenvolvimento Iconográfico Juliana Emy Akiyoshi Eleutério FICHA CATALOGRÁFICA GASPAR, Patrícia Affonso. Comportamento organizacional / Patrícia Affonso Gaspar. Curitiba: Faculdade UNINA, 2020. 67 p. ISBN: 978-65-990214-5-9 1. Diversidade nas organizações. 2. Estrutura organizacional. 3. Tipos de equipe. Material didático da disciplina de Comportamento organizacional Faculdade UNINA, 2020. Natália Figueiredo Martins CRB 9/1870 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade UNINA! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos, o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade UNINA 5 Sumário Prefácio ...................................................................................................... 07 Aula 1 O estudo sobre o comportamento organizacional........................ 08 Apresentação da aula 1.............................................................................. 08 1.1 Introdução ao comportamento organizacional........................... 08 1.1.1 Disciplinas que contribuem para o estudo do comportamento organizacional................................................................... 10 1.1.2. Principais questões e desafios no campo do comportamento organizacional................................................................... 13 1.2 Mapa conceitual da disciplina.................................................... 18 Conclusão da aula 1................................................................................... 19 Aula 2 O indivíduo................................................................................... 20 Apresentação da aula 2.............................................................................. 20 2.1 Diversidade nas organizações................................................... 20 2.1.1 A diversidade superficial......................................................... 22 2.1.2 A diversidade profunda........................................................... 25 Conclusão da aula 2................................................................................... 33 Aula 3 O grupo......................................................................................... 34 Apresentação da aula 3.............................................................................. 34 3.1 Atitude e comportamento........................................................... 35 3.2. Definição e classificação dos grupos....................................... 38 3.2.1 Tomada de decisões em grupo............................................... 40 3.2.2 Grupos e equipes.................................................................... 41 3.2.3 Tipos de equipes..................................................................... 44 3.3 Comunicação organizacional...................................................... 46 3.3.1 Liderança................................................................................. 47 Conclusão da aula 3................................................................................... 49 Aula 4 A organização.............................................................................. 50 Apresentação da aula 4.............................................................................. 50 4.1 Estrutura organizacional............................................................ 51 4.1.1 Estrutura organizacional e estratégia..................................... 54 4.1.2 Estrutura organizacional e o comportamento dos funcionários................................................................................................ 57 4.2 Cultura organizacional............................................................... 58 4.2.1 Vantagens de uma cultura organizacional forte.................... 59 6 4.2.2 Desvantagens da cultura organizacional forte........................ 60 4.3 Práticas de recursos humanos.................................................. 61 Conclusão da disciplina.............................................................................. 64 Índice Remissivo......................................................................................... 65 Referências................................................................................................. 67 7 Prefácio Para administrar uma empresa no atual contexto de competitividade, é fundamental aprender a lidar com o elemento mais complexo e valioso das organizações, as pessoas. O estudo do comportamento humano é um importante recurso para os gestores encarregados de selecionar e reter os profissionais certos que sejam alinhados à cultura organizacional e capazes de desenvolver diferenciais estratégicos ou vantagens competitivas para a organização. Esta disciplina será iniciada por uma aula que contextualiza o comportamento organizacional, buscando destacar desafios e oportunidades, o que se desenvolve ao longo das três aulas seguintes em que será estudado o indivíduo, o grupo e a organização. Ao final desta disciplina, você será capaz de definir o Comportamento Organizacional , entender a importância da diversidade nas empresas, identificar fatores que influenciam o comportamento individual e coletivo dentro das organizações e compreender as relações entre estratégia, cultura organizacional e práticas de Recursos Humanos. Vamos iniciar? 8 Aula 1 O estudo sobre o comportamento organizacional Apresentação da aula 1 Nesta primeira aula desta disciplina de Comportamento Organizacional, faremos uma introdução aos estudos sobre comportamento organizacional, buscando destacar os principais desafios enfrentados nas organizações, diante do atual contexto de competitividade e globalização. Esta aula será encerrada com a apresentação do mapa conceitual das nossas aulas. 1.1 Introdução ao comportamento organizacional O comportamento organizacional é um estudo relativamente recente no campo da administração. Até o final da década de 1980, pouco se falava acerca do comportamento interpessoal nas organizações, apesar do capital humano ser reconhecidamente uma das principais fontes de vantagem competitiva para as empresas. Somente nos anos 1990, as escolas passaram a reconhecer a importância das relações interpessoaispara o funcionamento e a produtividade nas organizações. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), o comportamento organizacional investiga a influência dos indivíduos, grupos e estrutura organizacional sobre o comportamento dos indivíduos dentro das organizações. Na definição desses autores, a organização é uma unidade social coordenada composta por pessoas que funciona em torno de objetivos em comum. É necessário esclarecer que organizações não são somente empresas privadas com fins lucrativos, mas também escolas, hospitais, igrejas e órgãos públicos. 9 A organização Fonte:https://br.freepik.com/vetores-gratis/situacao-organizacao-empresarial_832118.h tm O objetivo dos estudos sobre comportamento organizacional é em aprimorar a eficácia organizacional, buscando analisar quatro aspectos fundamentais: A produtividade, ou seja, quanto a pessoa é capaz de produzir; O absenteísmo, ou seja, o não comparecimento ao trabalho; A rotatividade que é a constante saída e entrada de pessoas, seja de forma voluntária ou involuntária. Um alto índice de rotatividade aumenta os custos de recrutamento, seleção e treinamento; A cidadania organizacional que significa apoiar os colegas de trabalho, tornar o ambiente agradável e evitar conflitos (MENEGON, 2014). De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), a cidadania organizacional é um comportamento que não faz parte das exigências funcionais de um cargo, mas que ajuda a promover o funcionamento eficaz da organização. Além desses aspectos, a disciplina de comportamento organizacional estuda também a satisfação dos funcionários. Funcionários satisfeitos geralmente produzem mais e melhor. Além disso, diante das instabilidades econômicas e das pressões por competitividade, é necessário que as organizações se preocupem em criar condições para melhorar a qualidade de vida dos profissionais, para que eles possam permanecer engajados, otimistas e resilientes em tempos de crise. É importante ressaltar que o enfoque no bem-estar dos profissionais vem tomando força com as novas abordagens da sustentabilidade no campo da 10 administração. Atualmente, as organizações devem não somente produzir valor para os seus consumidores, mas também para todos os seus públicos diretos e indiretos, incluindo funcionários, comunidades locais e meio ambiente. O objetivo é desenvolver soluções que possam conciliar os objetivos de lucratividade da organização às necessidades de bem-estar de todos os grupos envolvidos. 1.1.1 Disciplinas que contribuem para o estudo do comportamento organizacional De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), o estudo do comportamento organizacional é uma ciência aplicada que se apoia na contribuição de outras disciplinas, tais como a sociologia, a psicologia, a psicologia social, a antropologia e a ciência política. Embora a maioria das pessoas se considerem observadoras do comportamento humano, o estudo sistemático do comportamento busca produzir resultados baseados em evidências científicas, ou seja, a partir de dados coletados, mensurados e interpretados por meio de métodos científicos. É importante destacar, entretanto, que o método científico não permite que conclusões sejam generalizadas sem que sejam consideradas as condições situacionais. Isso quer dizer que os resultados das pesquisas sobre comportamento organizacional dependem das variáveis que compõem o contexto em que a organização está inserida. Psicologia: a psicologia é a ciência que busca explicar e, quando necessário, modificar o comportamento de seres humanos e de animais. Os profissionais que atuam nessa área de conhecimento estudam os processos de aprendizagem e a formação da personalidade, das atitudes e do comportamento. De acordo com Pesca (2011), psicólogos que tratavam de situações que ocorriam dentro das organizacionais foram inicialmente denominados psicólogos industriais . Esses profissionais investigavam problemas relacionados à fadiga, falta de entusiasmo e outros problemas prejudiciais à produtividade. Mais recentemente, a psicologia industrial passou a ser denominada psicologia organizacional, incluindo estudos sobre aprendizagem, percepção, 11 personalidade, emoções, treinamento, liderança, motivações, estresse e tomada de decisões (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). Pesca (2011) explica que a psicologia organizacional possui seis especialidades: A psicologia pessoal: que aborda as diferenças individuais e o desempenho pessoal; Comportamento organizacional: que aborda as relações entre a estrutura organizacional e o comportamento; Ergonomia: que busca compreender a relação homem e máquina; Aconselhamento de carreira: orientações para a satisfação pessoal e profissional, atualmente popularizada pelo termo coaching; Desenvolvimento organizacional: busca diagnosticar problemas e propor soluções no sistema psicossocial e nos sistemas de trabalho; Relações industriais: refere-se às questões respectivas à empregados e empregadores, de forma que é necessário ter conhecimento da legislação trabalhista atribuído à função do psicólogo interagir com os sindicatos e mediar negociações. (Hierarquia e relações de poder). Sociologia: a sociologia estuda as bases estruturais da sociedade, as relações entre grupos e as formas pelas quais esses fatores influenciam o comportamento das pessoas. As contribuições da sociologia para o comportamento organizacional abrangem os estudos sobre a cultura organizacional e suas influências sobre os grupos que se formam dentro das organizações, como as relações entre esses grupos, dinâmicas entre equipes de trabalho, bem como a inter-relação entre a força de trabalho e a tecnologia. Psicologia social: a psicologia social é uma área da psicologia que abrange conceitos da sociologia. De acordo com Robbins, Timothy e Sobral (2010) a mudança é um dos principais temas investigados pela psicologia social dentro das organizações. A psicologia social também estuda padrões de comunicação e o processo de tomada de decisão em grupo. 13 anos atrás. Nesta seção, serão abordas algumas das questões mais sensíveis que permeiam os estudos em comportamento organizacional. Globalização e desindustrialização: para Haesbaert e Limonad (2007), o termo globalização nascido no meio jornalístico, passou a ser utilizado em diversos campos do conhecimento para caracterizar de modo generalizado a disseminação global de processos sociais e econômicos. No que se refere às relações de trabalho, a globalização transformou a estrutura das empresas, provocando mudanças profundas no dia a dia dos trabalhadores. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), é cada vez maior a quantidade de executivos que são transferidos para outras cidades e países, mesmo aqueles que permanecem em sua terra natal, passam a trabalhar com profissionais que possuem outros valores e outras culturas. Para esses autores, a globalização também obriga as empresas a rever suas estratégias de produtos e marcas, para que possam responder às diferenças culturais dos mercados de consumo em diversos países. Na indústria, a globalização trouxe uma série de impactos negativos para os trabalhadores. Devido à concorrência centrada na redução de custos, os processos de produção de diversos setores industriais foram fragmentados e transferidos para países em desenvolvimento que se tornaram competitivos devido a incentivos tributários e à exploração da mão de obra de baixo custo (GEREFFI, 1999). O deslocamento da produção para países com baixos custos salariais prejudicou a competitividade de países em desenvolvimento, como o Brasil, que possui custos de fabricação mais elevados. O resultado desse processo pode ser observado na desindustrialização (redução da quantidade e na atividade de indústrias) e na perda sistemática de postos de trabalho tanto nas fábricas quanto no setor de serviços. Santos e Silveira (2001) explicam como a globalização transformou a divisão internacional do trabalho, sobretudo nospaíses subdesenvolvidos, em que a lógica das grandes empresas passou a interferir na política interna e externa de cada país: Na situação anterior à globalização, as localizações eram determinadas pela presença de recursos naturais, infraestruturais 16 produção e da comoditização digital nos mercados de trabalho, especialmente dos países em desenvolvimento. Analisa, ainda, o caso do Brasil. Para saber mais, acesse o link a seguir: http://www.sindfesp.org.br/imagens/informativos/1855pdf.pdf# page=34 Hoje, cada vez mais, os profissionais trabalham em um clima de impermanência e insegurança. As funções vêm sendo continuamente redesenhadas e as atividades vêm sendo realizadas por equipes temporárias. No passado, os funcionários eram contratados para atuar em um grupo de trabalho permanente e havia uma sensação de segurança em trabalhar sempre com a mesma equipe. Com o tempo, os grupos permanentes foram sendo substituídos por equipes temporárias, muitas vezes formadas por pessoas de diferentes departamentos. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), as empresas estão constantemente reorganizando suas divisões, desfazendo-se de negócios que não apresentam um bom desempenho, terceirizando operações e substituindo funcionários permanentes por temporários. Os executivos de hoje precisam aprender a lidar com a incerteza e a impermanência. Profissionais são contratados não mais para ocuparem cargos no espaço físico da empresa, mas para trabalharem sob demanda, presencialmente, ou a distância, em projetos com prazos pré-estabelecidos. Salários fixos estão sendo substituídos por remunerações esporádicas, variáveis e sem qualquer vínculo empregatício. Estresse e a busca do equilíbrio: o funcionário típico de 30 anos atrás comparecia ao trabalho de segunda a sexta-feira e cumpria uma jornada de oito a nove horas por dia. O local de trabalho e os horários eram claramente especificados. Hoje, essa rotina está deixando de existir. Os profissionais se queixam cada vez mais de que a linha entre o trabalho e a vida pessoal está desaparecendo, aumentando os conflitos pessoais e o estresse. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), há uma série de fatores que contribuem para essa situação. Em primeiro lugar, os mercados se tornaram globais e isso significa que o mundo do trabalho nunca dorme. A qualquer hora, em qualquer dia, milhares de funcionários de empresas globais estão 17 trabalhando em algum lugar. Se, por um lado, as tecnologias da informação e comunicação (TIC) permitem que as pessoas trabalhem em casa, no carro ou em uma praia, por outro, elas aumentam a pressão para que os profissionais estejam disponíveis em qualquer lugar e a qualquer hora. Além disso, poucas famílias são sustentadas por apenas um trabalhador. Os funcionários de hoje, em sua maioria, integram um casal de trabalhadores que não possuem tempo livre para atender a compromissos domésticos, conjugais ou com os filhos, parentes e amigos. Os trabalhadores percebem que o trabalho vem tomando cada vez mais espaço de suas vidas pessoais e não estão satisfeitos com isso. Estudos recentes sugerem que os trabalhadores desejam empregos com mais flexibilidade de horários para que eles possam compatibilizar a vida pessoal e a o , a exemplo do que fizeram as gerações anteriores. As pesquisas com - ge e Sobral (2010), as organizações que não souberem ajudar seus profissionais a atingirem esse equilíbrio terão dificuldades para atrair e reter talentos. 1.2 Mapa conceitual da disciplina A disciplina de comportamento organizacional foi organizada em três níveis: Estudos sobre o nível individual; Estudos sobre o nível de grupo; Estudos sobre o nível de sistemas organizacionais. Os três níveis básicos correspondem a blocos de construção, sendo que cada nível é construído sobre o anterior. Dessa forma, é necessário 20 Nesta segunda aula será estudado a questão da diversidade nas organizações. Veremos que a correta gestão da diversidade contribui para o desenvolvimento de vantagens competitivas. Além disso, você estudará as características individuais dos profissionais, buscando analisar fatores como características demográficas, habilidades, valores e personalidade. Será estudado que o desempenho profissional é maior quando indivíduo é alocado em empresas e atividades de combinem com seus valores, personalidade e habilidades. 2.1 Diversidade nas organizações De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), a gestão eficaz da diversidade pode trazer uma série de benefícios às empresas. Quanto maior a diversidade, maior a variedade de habilidades, competências e ideias. Uma força de trabalho diversificada produz empresas mais capacitadas para atender um mercado consumidor igualmente diversificado. Além disso, conhecer as diferenças entre as pessoas é fundamental para os gestores que buscam evitar problemas de comunicação, mal-entendidos e conflitos. A diversidade nas organizações pode ser compreendida pela variedade das características demográficas, psicográficas e comportamentais entre os indivíduos de uma organização. Em um nível mais superficial, a diversidade abrange as características demográficas que podem ser observadas em diferentes idades, gêneros e etnias. Em um nível mais profundo, a diversidade corresponde às diferenças psicográficas, comportamentais e de valores entre os indivíduos. Além da vantagem da variedade de ideias, a empresa que implementa políticas e práticas de proteção às minorias também passa a ser vista como defensora dos direitos humanos. Essa é uma qualidade que valoriza a empresa em termos de sustentabilidade e que pode ser transferida para os seus produtos e suas marcas em forma de diferencial. Empresas que se posicionam positivamente em relação à diversidade tendem a ser mais bem vistas por mulheres e minorias étnicas, tanto na perspectiva dos consumidores quanto na perspectiva dos profissionais. Além disso, as pesquisas revelam que anúncios de recrutamento que não mostram as minorias em posição de liderança mandam 22 Embora a discriminação seja proibida por lei, milhares de casos são denunciados a cada ano. A discriminação consiste em projetar estereótipos pertencem àquele grupo possuem os mesmos defeitos. Impedir ou dificultar o acesso equitativo às oportunidades, diferenças de remuneração para profissionais que exercem as mesmas funções, assédio sexual, intimidação e incivilidade são alguns exemplos de práticas discriminatórias. 2.1.1 A diversidade superficial As características mais óbvias pelas quais as pessoas se distinguem são sexo, idade, etnia, deficiência física e estado civil. O estudo da relação entre a idade e o desempenho do funcionário provavelmente ganhará mais importância nos próximos anos. Isso deve ocorrer porque a mão de obra está envelhecendo. Evolução da pirâmide etária no Brasil Fonte: (IBGE, 2019. n. p). Apesar de haver uma crença de que a produtividade diminui com a idade, os estudos revelam que isso ocorre, em pequena escala, com profissionais que dependem de habilidades físicas e motoras. No geral, funcionários mais velhos são os que menos faltam ao trabalho. Quando faltam, é porque apresentaram problemas de saúde que realmente justificam a ausência. Quanto às diferenças entre os sexos, os estudos revelam que não há diferenças biológicas relevantes, capazes de afetar o desempenho no trabalho. As diferenças, na verdade, são socioculturais. As mulheres possuem um nível de absenteísmo ligeiramente mais elevado que os homens porque normalmente recai sobre elas as responsabilidades sobre os filhos e família. 24 possuem exatamente as mesmas habilidades dificilmente funcionaria tão bem quanto uma empresa que sabe gerenciar as diferentes habilidades. A habilidade pode ser entendida como a capacidade de um indivíduo para desempenhar determinadas tarefas. Nesse sentido, pode-se distinguir as habilidades físicas e as intelectuais. Diferentes habilidades formam uma equipe Fonte: http://www.votorantim.com.br/academia/votonews/473/sete-habilidades-criticas-para-os-trabalhos-do-futuro É importante destacar que não existe apenas um tipo de inteligência. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), a inteligência pode ser melhor compreendida se for dividida em quatro tipos: cognitiva, social, emocional e cultural. A inteligência cognitiva abrange as aptidões de aprendizagem e memória, a inteligência social é a habilidade de se relacionar com os outros. A inteligência emocional refere-se à habilidade de identificar, compreender e administrar as emoções. inteligência cultural é a percepção das diferenças culturais (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). Grupos de pessoas com diferentes habilidades e bagagens acadêmicas tendem a ser mais eficazes do que os grupos homogêneos. Grupos formados por pessoas com as mesmas características tendem a configurar aquela situação em ser formados por pessoas com diferentes habilidades para que possam 25 funcionar melhor. Cabe à empresa saber identificar e alocar as habilidades de cada profissional nas atividades mais adequadas. 2.1.2 A diversidade profunda Agora serão analisadas as características que compõem a diversidade mais profunda entre as pessoas. Imagine dois profissionais recém contratados. Ambos são homens, brancos, de 30 anos, formados em administração. O primeiro é filho de empresários do setor de serviços, valoriza a estabilidade e cultiva valores conservadores. O outro, é filho de professores universitários, é músico nas horas vagas e cultiva valores progressistas. Demograficamente, ambos pertencem aos mesmos grupos. Entretanto, as diferenças nos valores podem indicar profundas diferenças na personalidade, no comportamento e na atitude. Valores: de acordo com Menegon (2014), valores correspondem às convicções e aos princípios de cada indivíduo. A partir dessas convicções e princípios, as pessoas formam suas opiniões e moldam seus comportamentos. De forma resumida, os valores representam aquilo que o indivíduo acha que é certo. Valores representam convicções básicas e possui julgamentos, dicotomias e hierarquias, na medida em que revela a conduta que o indivíduo acredita ser correta, em comparação às condutas que ele observa em outras pessoas. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010) os valores possuem atributos de conteúdo e de intensidade, que especifica o quanto aquele aspecto é importante. O sistema de valores de um indivíduo corresponde aomapeamento do conteúdo e da intensidade de cada valor. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), o sistema de valores identifica a importância relativa que atribuímos a valores como liberdade, prazer, espeito, honestidade, obediência e justiça. Para esses autores, os valores costumam ser relativamente estáveis e duradouros. Entretanto, é possível reorganizar o sistema de valores diante de novos aprendizados e novas experiências. Os valores constituem um importante elemento de análise no estudo do comportamento organizacional, pois eles estabelecem a base para a 26 compreensão das atitudes, da motivação e da percepção das pessoas. Por que é importante entender os valores do profissional? Porque o desempenho no trabalho tende a ser mais elevado quando o profissional trabalha em uma empresa que possui os mesmos valores que os seus. Portanto, diferente das outras diversidades, os valores dos profissionais precisam estar alinhados aos valores organizacionais. Supondo, por exemplo, que um profissional seja atraído por uma empresa que se posiciona em favor da diversidade, entretanto, ao ser contratado, ele observa que a diversidade não é tão valorizada na prática. Qual será a reação provável desse profissional? Provavelmente ele se sentiria desapontado, é bem possível que, a partir dessa constatação, ele reduza o nível de comprometimento com a organização. Entre o fim dos anos 1960 e o início dos anos 1970, o psicólogo social Milton Rokeach conduziu uma pesquisa que se tornou conhecida como Rokeach Value Survey (RVS). Com base nessa pesquisa, dividiu os valores das pessoas em dois grandes grupos: os terminais e os instrumentais. Os valores terminais são as metas que o indivíduo deseja atingir ao longo da vida. Os valores instrumentais, por sua vez, são os comportamentos e os meios que o indivíduo adota para atingir esses objetivos. Valores terminais Valores instrumentais Vida confortável (próspero). Ambição (dedicação ao trabalho e aspirações). Sentido de realização (contribuição duradoura). Capacidade (competência e eficácia). Um mundo em paz (livre de guerras ou conflitos). Alegria (despreocupação e arrumação). Um mundo de beleza (beleza na natureza e nas artes). Limpeza (asseio e arrumação). Igualdade (fraternidade e oportunidades iguais para todos). Coragem (defesa de seus ideais). Segurança familiar (cuidar dos seres amados). Espírito prestativo (dedicação ao bem-estar dos demais). Liberdade (independência e liberdade de escolha). Honestidade (sinceridade e fraqueza). Felicidade (contentamento). Imaginação (ousadia e criatividade). 27 Harmonia interior (ausência de conflito interior). Lógica (coerência e racionalidade). Prazer (uma vida com alegria e lazer). Afetividade (carinho e ternura). Salvação (redenção e vida eterna). Obediência (zelo e respeito). Reconhecimento social (respeito e admiração). Polidez (cortesia e boas maneiras). Amizade verdadeira (forte companheirismo). Responsabilidade (comprometimento e confiabilidade). Valores terminais e valores instrumentais Fonte: (ROBBINS, JUDGE E SOBRAL (2010). De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, os valores variam entre pessoas, grupos e gerações. Isso quer dizer que os valores refletem o contexto sociocultural em que o indivíduo vive. Valores geracionais correspondem aos valores cultivados por diferentes gerações. Claro que não se pode generalizar esses valores, como se todas as pessoas de determinada geração fossem exatamente iguais. Entretanto, é possível observar algumas constantes nos valores de uma determinada geração. A geração dos veteranos, que ingressou no mercado de trabalho entre 1950 e 1960, costuma cumprir os papéis tradicionais de gênero, são mais conservadores, conformados, leais e apegados à empresa em que trabalham. As três gerações predominantes do atual mercado de trabalho Fonte:https://encenasaudemental.com/comportamento/insight/conflito-de-geracoes-na- organizacao/ Já os babies boomers, que ingressaram no mercado de trabalho entre 1965 e 1985, são menos conservadores, rejeitam o velho autoritarismo e são mais leais à própria carreira. 28 A geração X, que ingressou no mercado de trabalho entre 1985 e 2000, é formada por profissionais mais flexíveis em relação às regras, que buscam o status profissional, gostam de trabalhar em equipe e são leais aos relacionamentos profissionais. Por fim, a geração Y, que ingressou no mercado de trabalho a partir dos anos 2000, valoriza a autoconfiança, a independência pessoal e financeira, o trabalho em equipe, a lealdade própria e aos relacionamentos profissionais. A lealdade própria se refere ao desejo de buscar a satisfação pessoal na vida profissional, ou seja, o desejo de ganhar dinheiro fazendo aquilo que gosta. Os valores diferem entre as gerações, mas diferem ainda mais entre as culturas. Diferentes culturas Fonte: http://www.americanbusinessmag.com/2011/10/how-to-build-a-sales-culture-in- your-organization/ A dimensão cultural vincula os indivíduos ao espaço, marcando semelhanças e diferenças entre as comunidades (ALBAGLI, 2004). Para Albagli (2004), cultura é um atributo que distingue o ser humano dos demais seres vivos. Geert Hofstede pesquisou mais de 116 mil funcionários da IBM em 40 países e identificou cinco dimensões de valores culturais em cada país: Distância do poder X igualdade. A distância do poder corresponde ao grau em que as pessoas de um país aceitam as distâncias hierárquicas e a concentração de poder. No lado oposto, estão os países mais democráticos em que se observa a equidade e a descentralização do poder;Individualismo X coletivismo. O individualismo refere-se ao grau em que as pessoas de um país preferem agir como indivíduos e não como 29 membros de uma comunidade. Muitos países asiáticos e especialmente o Japão são mais coletivistas do que individualistas; Masculinidade X feminilidade. A masculinidade representa o grau em que a cultura favorece valores tipicamente masculinos, tais como: sucesso individual, realização e concentração de poder. A feminilidade, por outro lado, representa o grau em que a cultura favorece valores tipicamente femininos, como igualdade e colaboração; Aversão às incertezas X tomadores de risco. A aversão ao risco representa as culturas em que há baixa confiança em relação à economia, os níveis de insegurança e ansiedade são elevados e as pessoas preferem segurança e previsibilidade. No lado oposto estão as culturas em que as pessoas se sentem mais livres e seguras diante de incertezas e aceitam melhor as mudanças; Orientação para longo prazo X curto prazo. Culturas orientadas para o longo prazo valorizam a persistência e as tradições. Culturas de orientação de curto prazo dão mais importância à qualidade de vida do presente. Personalidade: a definição de personalidade mais utilizada foi criada há mais de 70 anos por Gordon Allport. Para esse pesquisador, a personalidade é a organização dinâmica dos sistemas psicológicos do indivíduo que determinam o seu ajuste ao ambiente. A personalidade pode ser descrita por meio dos traços mensuráveis de um indivíduo. Por que é importante identificar os traços de personalidade do profissional? Porque a personalidade se relaciona com as habilidades do indivíduo. Além disso, o desempenho no trabalho tende a ser mais elevado quando existe a compatibilidade entre a personalidade do profissional personalidade mais aberta, ou seja, criativa e que se interessa pelo o que é novo, provavelmente apresentará um desempenho melhor em uma empresa inovadora e que favorece essas características. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), a personalidade é uma combinação entre fatores hereditários, ambientais e situacionais. Segundo 30 Menegon (2014), hereditariedade são traços que herdamos de nossos pais biológicos. Características físicas como altura, cor dos olhos e cabelos, são fatores hereditários. Outros pesquisadores alegam que determinados traços de personalidade podem ser hereditários, tais como medo, energia e ritmo biológico. De acordo com De Barros Laraia (1986), desde as primeiras décadas do século XX, a antropologia está convencida de que homens e mulheres são seres predominantemente culturais. Para esse autor, o comportamento humano não é biologicamente ou geograficamente determinado, mas resultado de um processo de aprendizado. Entendemos, portanto, que a hereditariedade tem um papel menor na definição da personalidade, se comparada ao ambiente em que a pessoa se desenvolve e aos fatores situacionais. Entre os fatores determinantes para a formação da personalidade estão a cultura, o aprendizado, a experiência individual, as condições da infância, a cultura familiar e os grupos de referência. Existem algumas ferramentas de autoavaliação que ajudam pessoas e empresas a identificar traços de personalidade. O Indicador de Tipos de Personalidade Myers-Briggs, ou MBTI, é um teste de cem questões que busca identificar traços de personalidade pela forma como as pessoas reagem diante de determinadas situações. Com base nas respostas dadas, o indivíduo é classificado como extrovertido ou introvertido (E ou I), sensorial ou intuitivo (S ou N, pela sigla em inglês), racional ou emocional (T ou F) e julgador ou perceptivo (J ou P). Tipos de personalidade Características Extrovertido (E) X Introvertido (I) Expansivo e sociável. X Quieto e tímido. Sensorial (S) X Intuitivo (N) Pragmático, gosta de ordem e rotina, foca detalhes. X Criativo, prefere processos inconscientes, tem visão mais ampla. Racional (T) X Emocional (F) Usa lógica e raciocínio para tomar decisões. X Usa valores pessoais e sentimentos para tomar decisões. 31 Julgador (J) X Perceptivo (P) Organizado, estruturado, gosta de ter o controle. X Flexível, espontâneo, inseguro ao tomar decisões. Tipos de personalidade Myers-Briggs Fonte: (ROBBINS, JUDGE E SOBRAL, 2010, n.p). De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), o MBTI não deve ser utilizado como teste para seleção de candidatos ao emprego, pois os resultados não revelam características que se relacionam com o desempenho no trabalho. Já o Modelo Big Five tem sido utilizado em uma quantidade crescente de pesquisas. Esse modelo identifica cinco fatores de personalidade: Extroversão: esta dimensão se refere ao nível de conforto de uma pessoa em relação aos outros. Os extrovertidos são afirmativos e sociáveis. Os introvertidos costumam ser reservados, tímidos e quietos; Afabilidade: esta dimensão refere-se à propensão de um indivíduo em acatar as ideias dos outros. As pessoas afáveis são cooperativas e receptivas. As pessoas que têm baixa pontuação nesta dimensão tendem a ser mais frias, individualistas e confrontadoras; Conscienciosidade: esta dimensão é praticamente uma medida de confiabilidade. Uma pessoa altamente conscienciosa é responsável, organizada, confiável e persistente. Aqueles que têm baixa pontuação nesta dimensão tendem a ser desorganizados e pouco confiáveis; Estabilidade emocional: esta dimensão se refere à capacidade de uma pessoa para enfrentar o estresse. As pessoas com estabilidade emocional positiva costumam ser calmas, autoconfiantes e seguras. Aqueles com pontuação negativa tendem a ser nervosos, ansiosos, deprimidos e inseguros; Abertura: a abertura refere-se ao interesse de uma pessoa pelo que é diferente e novo. Pessoas mais abertas tendem a ser criativas, curiosas e interessadas em arte. No lado oposto, estão 34 Aula 3 O grupo Apresentação da aula 3 Nesta terceira aula apresenta conteúdo interessante. Encerraremos as reflexões acerca do indivíduo, suas atitudes, sentimentos, comportamentos e passaremos a estudar o papel dos grupos nas organizações. Identificaremos as características dos grupos e analisaremos as diferenças entre grupos e equipes, buscando destacar a relação entre as características e o desempenho de um grupo na realização de tarefas. Também falaremos da tomada de decisão em grupo e da comunicação organizacional, que pode fluir de forma vertical e horizontal dentro da organização. Encerraremos esta aula estudando a liderança, que é a capacidade de influenciar um grupo a seguir alguma ideia ou direção. 3.1 Atitude e comportamento Na nossa última aula estudamos as características individuais das pessoas, buscando relacionar fatores como características demográficas, habilidades, valores e personalidade com o desempenho profissional. As atitudes são reações favoráveis ou desfavoráveis em relação aos produtos, marcas, pessoas, ideias ou eventos. Atitudes desfavoráveis, um exemplo: pessoas que provavelmente não seriam convencidas pela propaganda a formar uma atitude favorável em relação à empresa seriam as que já conhecem bem a empresa, pessoas que possuem sistemas de crenças e valores contrários ou divergentes em relação à forma como a empresa atua e já formaram uma atitude negativa em relação a ela. As atitudes, em resumo, refletem como um indivíduo se sente em relação a alguma coisa. Elas estão profundamente relacionadas aos valores do indivíduo. As atitudes são compostas por três elementos: cognição, sentimento ou afetividade e intenção de comportamento. 36 É importante ressaltar que há diferenças entre comportamentos e atitudes. Comportamentos são modos mais ou menos estáveis de existir e interagir. A atitude, por outro lado, corresponde à postura emocional do indivíduo em relação à produtos, marcas, pessoas, ideias ou eventos. A atitude contém um elemento emocional. Geralmente, elas estão alinhadas ao comportamento. Entretanto, há situaçõesem que existe uma dissonância entre o comportamento e a atitude. Nesse caso, o indivíduo busca alinhar seu comportamento em função da mudança de atitude ou buscará motivos racionais que justifiquem a mudança de atitude, apesar do seu comportamento. A seguir um exemplo que ilustra a relação entre atitude, comportamento e valores: as mensagens publicitárias procuram modificar as atitudes do consumidor em relação a determinados produtos e serviços. Ao fazer a propaganda sobre um determinado produto, a empresa busca obter uma atitude positiva que levará o consumidor a comprar o produto (comportamento). Valores, comportamento e atitudes Fonte: elaborado pelo autor (2020). Entretanto, a mensagem publicitária dificilmente mudará a atitude do consumidor, se o produto ou serviço não estiver alinhado aos seus valores e sistemas de crenças. Dentro das organizações, as atitudes são importantes porque afetam o comportamento no trabalho. Se o indivíduo desenvolve uma atitude negativa em relação ao seu empregador, por exemplo, é bem provável que essa atitude afete a sua satisfação com o trabalho. 38 níveis baixos de comprometimento organizacional estão relacionados a índices mais elevados de rotatividade e absenteísmo. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), o nível individual de comprometimento organizacional é um indicador mais forte para prever a rotatividade do que a satisfação com o trabalho. A falta de identificação com a empresa é responsável por 34% do índice de rotatividade. Para esses autores, o comprometimento organizacional é um indicador melhor por se tratar de uma resposta mais duradoura à organização. Um funcionário pode não estar satisfeito com suas funções atuais, enquanto espera uma colocação melhor por estar satisfeito com a organização como um todo. 3.2. Definição e classificação dos grupos Um grupo é composto por dois ou mais indivíduos que se reúnem em torno de um objetivo. Grupos podem ser formais ou informais. Os grupos formais são definidos pela estrutura da organização, cada membro do grupo possui atribuições e atividades a serem cumpridas. Já os grupos informais são formados de forma orgânica, por afinidades ou interesses em comum. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), um grupo de interesse é composto por funcionários que se unem para mudar seus esquemas de férias, para apoiar um colega que está em dificuldades ou para reivindicar melhores condições de trabalho. Já os grupos que se formam devido a afinidade entre pessoas são denominados grupos de amizade. Segundo esses autores, essas alianças geralmente ultrapassam o ambiente de trabalho. O tamanho do grupo pode afetar o desempenho geral? De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), os grupos menores são mais rápidos na realização de tarefas e mais eficazes para a tomada de decisões e resolução de problemas. Já os grupos grandes, com pelo menos doze pessoas, recebem contribuições mais diversificadas e podem atingir mais qualidade no processo de obtenção de informação. Por outro lado, grupos maiores tendem a abrir espaço para os participantes folgados, aqueles que se esforçam muito menos quando trabalham em grupo do que quando trabalham sozinhos. Isso ocorre porque o desempenho 39 do grupo aumenta conforme o número de participantes, mas o desempenho individual tende a cair com a entrada de novos membros. Grupo de trabalho Fonte:https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR-YnzdJCpIbKua9NL O0qRqPcenS7dvI5UAq3oZkTG3j_jK8cY2&s Os grupos também diferem em relação à sua coesão, ou seja, o grau de união entre os membros e a vontade de permanecer trabalhando em grupo. Grupos mais coesos tendem a ser mais produtivos. Para estimular a coesão do grupo, um gestor pode: reduzir o tamanho do grupo, aumentar o tempo em que os membros do grupo permanecem juntos, recompensar o grupo ao invés de recompensar individualmente, ou, até mesmo, isolar o grupo no espaço de trabalho. Grupos de trabalho possuem uma estrutura baseada em papéis que são determinantes para o comportamento dos indivíduos. Cada membro do grupo desempenhando um papel que é um conjunto de padrões comportamentais, atribuídos a alguém que ocupa uma determinada posição em um grupo social. Um indivíduo frequentemente desempenha diversos papéis: uma mulher pode ser, ao mesmo tempo, uma diretora de empresa, mulher, mãe e filha mais nova. Alguns desses papéis são compatíveis entre si, outros, entretanto, podem gerar conflitos. Por exemplo, como conciliar as demandas da vida profissional com as demandas de uma mãe de família? O conflito de papéis ocorre quando uma pessoa percebe que o desempenho de um papel pode dificultar o compromisso de realizar um outro papel. 40 De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), quando as pessoas possuem atitudes e comportamentos consistentes com um papel, há uma identidade do papel. A percepção do papel é a visão que os indivíduos têm sobre como agir ao assumir um papel em uma determinada situação. As percepções das pessoas sobre como um homem deve se comportar como juiz de direito são completamente diferentes das percepções que se têm sobre o comportamento de um técnico de futebol, mesmo que ambos sejam a mesma pessoa. 3.2.1 Tomada de decisões em grupo A principal vantagem dos grupos maiores é poder gerar informações e conhecimentos mais completos. Por agregar diversas contribuições, os grupos reúnem uma quantidade maior de informação, uma diversidade maior de pontos de vista e como resultado, podem obter mais qualidade nas decisões. Além disso, quando a solução final é definida, haverá mais gente predisposta a apoiar e implementar a ideia. Contudo, as decisões em grupo também possuem algumas desvantagens. Em primeiro lugar, decisões em grupo consomemmais tempo em comparação às decisões tomadas por apenas um indivíduo. Portanto, antes de implementar o trabalho em grupo, o gestor deve avaliar se o trabalho realmente se beneficiará do esforço coletivo ou se pode ser realizado individualmente com os mesmos resultados. Além disso, uma pessoa ou um subgrupo pode acabar liderando o processo de tomada de decisão, especialmente quando há desigualdade de status entre os membros. Por fim, é mais difícil apontar responsabilidades no caso de uma decisão em grupo mal tomada. A tomada de decisão em grupo geralmente ocorre durante a interação entre os membros. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), grupos de interação geralmente pressionam os indivíduos à uniformidade de opinião por meio da autocensura. Para reduzir esse problema, os autores sugerem a prática do brainstorming, que é uma técnica bastante utilizada para iniciar a solução de problemas. O brainstorming é um processo de geração de ideias que estimula a verbalização de toda e qualquer solução, sem que haja qualquer tipo de censura. 41 Essa técnica reduz as pressões para a conformidade que dificultam o surgimento de ideias criativas. 3.2.2 Grupos e equipes Um grupo é formado por dois ou mais indivíduos que se reúnem para atingir um objetivo. Um grupo de trabalho é formado por pessoas que compartilham informações enquanto cada membro desempenha a sua função sem que haja a necessidade da participação dos outros membros. Em um grupo, o trabalho de um membro não depende do trabalho do outro e não existe necessariamente uma colaboração entre as partes. Além disso, grupos geralmente são formados por profissionais de diferentes hierarquias. Uma equipe de trabalho, por outro lado, é aquela que reúne membros que trabalham de forma sinérgica por meio de um esforço coordenado. Em uma equipe, os profissionais não realizam suas atividades de forma individual, pois as atividades de um participante complementam o que foi executado pelo outro. Por esse motivo, é necessária a cooperação de todos para que os resultados sejam atingidos. Apesar de haver um líder na equipe, todos os membros trabalham idêntico com um elevado nível de interação. A sinergia positiva entre aspessoas resulta em um desempenho maior do que a soma das contribuições individuais, sem que haja a necessidade de aumentar os investimentos por parte da empresa. Trabalho em equipe Fonte:https://i.pinimg.com/originals/7b/8e/de/7b8ededd6c4d7577d1d9481da2ba25b3.p ng 43 Em uma cultura que valoriza o sucesso individual, muitas preferem trabalhar sozinhas, competir com os outros colegas e serem reconhecidas por suas realizações individuais. É necessário que haja uma mudança de cultura e de postura por parte das empresas, dos gestores e funcionários, para que seja possível criar equipes produtivas. As equipes se ajustam melhor às culturas coletivistas e colaborativas. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), as empresas devem estimular a cultura de equipe, evitando mensurar o sucesso do funcionário a partir de seu desempenho individual. Para participar produtivamente de uma equipe, o profissional precisa saber se comunicar aberta e honestamente, confrontar diferenças, resolver conflitos e aprender a sublimar suas metas pessoais em favor do grupo (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). 3.2.3 Tipos de equipes De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), as equipes mais encontradas em uma organização são: equipes de solução de problemas, equipes autogerenciadas, equipes multifuncionais e equipes virtuais. Equipes de solução de problemas: são compostas por 5 a 12 funcionários que se reuniam durante algumas horas por semana para discutir formas de melhorar a eficiência, a qualidade e o ambiente de trabalho. Nascem dessas equipes muitas soluções importantes que abrangem desde a reengenharia de processos até a qualidade de vida dos funcionários; Equipes autogerenciadas: as primeiras equipes de solução de problemas dificilmente tinham autonomia para implementar as ideias que sugeriam. Assim, começaram a surgir as equipes autogerenciadas que podiam não apenas solucionar os problemas, mas implementar as soluções. Dessa forma, essas equipes passaram a planejar os próprios cronogramas, a delegar 44 tarefas, a controlar a execução do trabalho e a assumir responsabilidade integral pelos resultados; Equipes multifuncionais: são equipes formadas por profissionais de diferentes departamentos ou processos, mas que possuem o mesmo nível hierárquico. As equipes multifuncionais são uma oportunidade para que pessoas de diferentes áreas possam compartilhar informações, propor ideias, solucionar problemas ou coordenar projetos; Equipes virtuais: equipes virtuais podem fazer tudo o que as outras equipes fazem, sem que seja necessário que os participantes estejam presentes no mesmo espaço e tempo. A reunião dos seus membros, fisicamente dispersos, se se dá por meio das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação). Essas equipes podem compartilhar informações, tomar decisões e realizar tarefas sem as tradicionais limitações de espaço e horário. Além disso, graças às TICs, essas equipes agregam a contribuição de pessoas que, de outra forma, nunca seriam capazes de trabalhar juntas. Tipos de equipes Características Equipes de resolução de problemas. Têm de 5 a 12 funcionários do mesmo departamento que se reúnem algumas horas por semana para discutir formas de melhorar a qualidade, a eficiência e o ambiente profissional. Equipes de resolução de problemas são criadas para a rapidez no atendimento ao cliente, cortar custos, reduzir acidentes de trabalho ou diminuir o número de etapas em um processo. Os integrantes trocam ideias e sugestões sobre os métodos de trabalho. Mas não têm autoridade para implementar soluções. Quem decide é a direção da empresa? Equipes autogerenciadas Têm de 10 a 15 funcionários que fazem trabalhos relacionados entre si. Assumem responsabilidades de seus antigos supervisores, como planejar o trabalho, delegar tarefas, controlar o andamento do trabalho e resolver problemas de relacionamento com fornecedores e clientes. São equipes autônomas, com permissão para implementar soluções e se responsabilizar pelos resultados. Podem até escolher seus componentes, avaliando o desempenho uns dos outros e dispensados supervisões. Sua eficácia depende da situação. Se a criação de equipes autogerenciadas pode aumentar a 45 rapidez no atendimento ao cliente e a produtividade, também apresentam maiores índices de absenteísmo e rotatividade. Equipes multifuncionais Reúne funcionários do mesmo nível hierárquico, mas de setores diferentes, para cumprir uma tarefa. São uma forma eficaz de juntar pessoas de várias áreas da própria empresa ou até de outras empresas para trocar informações, desenvolver novas ideias e coordenar projetos complexos. Um comitê para solucionar determinado problema é um exemplo de equipe multifuncional temporária. Sua implantação é demorada, pois os integrantes precisam de tempo para lidar com a diversidade e desenvolver o espírito de equipe. Equipes virtuais Usando a tecnologia da informação para unir pessoas fisicamente separadas, permitem a colaboração on-line por um objetivo comum. Seus participantes podem pertencer à mesma empresa ou a empresas diferentes, como parceiros ou fornecedores. Equipes virtuais se diferenciam das outras por: 1) Ausência de gestos não verbais e para verbais, não há tom de voz, expressões faciais e outras formas de linguagem corporal. 2) Contexto social limitado, a falta de interação direta tende a resultar em falta de empatia, aindamais quando os integrantes não se conhecem pessoalmente. A equipe virtual se foca na realização das tarefas mais do que troca social e emocional. 3) Capacidade para superar limitações de espaços e tempo, a equipe pode estar tanto na sala ao lado como quilômetros além do oceano e em fusos horários diferentes. Fonte: (MENEGON, 2014, n. p), adaptado pelo DI (2020). 3.3 Comunicação organizacional A comunicação tem quatro funções básicas dentro de um grupo ou de uma organização: controle, motivação, expressão emocional e informação (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). A comunicação pode fluir no sentido vertical ou horizontal. Na forma vertical, a comunicação pode fluir na direção ascendente e descendente. A comunicação descendente é aquela que flui dos superiores para os subordinados, normalmente ela é utilizada para atribuir tarefas, comunicar instruções de trabalho, informar quanto aos procedimentos e fornecer feedback sobre o andamento do trabalho. A comunicação ascendente é aquela que parte dos subordinados em direção aos escalões mais altos da organização. É utilizada para informar os gestores sobre o andamento do trabalho, bem como para relatar eventuais 46 problemas que possam estar ocorrendo. É por meio da comunicação ascendente que os funcionários informam os gestores sobre as condições de trabalho e sobre como os procedimentos podem ser melhorados. A comunicação ascendente também pode ser estratégica para a organização. Muitas empresas não conseguem atender às expectativas dos seus clientes por não terem uma compreensão precisa das expectativas deles em relação ao produto ou serviço que elas oferecem. Sabe-se que a falta de interação dos gerentes com os clientes e a falta de pesquisas de mercado são as principais causas desse problema. Entretanto, parte desse problema pode ser resolvido se houver um canal aberto de comunicação ascendente. Normalmente, os funcionários da linha de frente conhecem bem o cliente e possuem uma compreensão mais ampla das expectativas deles em relação ao produto ou serviço. Entretanto, quando não há um canal a comunicação possa fluir dos funcionários para os gerentes, a informação se perde. Por fim, quando flui no sentido horizontal, a comunicação passa a ser lateral, entre os membros de um mesmo grupo ou de grupos distintos, porém da mesma hierarquia, geralmente para agilizar os trabalhos e economizar tempo. Em determinadas situações é mais rápido recorrer a um colega do que a um superior para esclarecer dúvidas ou tomar pequenas decisões. A comunicação também pode fluir por meio de sistemas informais, como no casodas redes de rumores ou conversas. As pesquisas revelam que 75% dos funcionários ficam sabendo das notícias primeiro por meio da rede de rumores. Além disso, a maioria dos funcionários considera a rede de rumores mais confiável do que a comunicação descendente que flui pelos canais formais da organização. Quanto à relação entre comunicação e satisfação de funcionários e quanto mais canais de comunicação (verticais, horizontais e informais) maior o fluxo de comunicação e menores as incertezas dos trabalhadores. Quanto menores as incertezas, melhor será o desempenho e a satisfação de todos. Por outro lado, quando há inconsistências entre a comunicação verbal e a não-verbal, maiores as incertezas e menores serão os níveis de satisfação. Para evitar que isso ocorra, Robbins, Judge e Sobral (2010) recomendam a utilização de canais adequados e de feedbacks. 47 3.3.1 Liderança De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010) a liderança está relacionada ao enfrentamento da mudança. Para esses autores, líderes são pessoas que possuem uma visão de futuro e que possuem a capacidade de engajar as pessoas na mesma direção. Em outras palavras, a liderança pode ser definida como a capacidade de influenciar um grupo a seguir alguma ideia ou direção. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), essa influência pode ser formal, como resultado do cargo que a pessoa ocupa e da autoridade que lhe é conferida ou pode ser informal, como no caso das lideranças que surgem naturalmente dentro de um grupo. A liderança não sancionada (ou informal) pode ser tão ou mais importante quanto a liderança formal. Liderança Fonte:https://www.europeanbusinessreview.com/senior-team-development-for-the-unw illing/ Liderança e poder são conceitos inter-relacionados. Os líderes utilizam o poder como meio de atingir os objetivos do grupo. A diferença entre liderança e poder está na compatibilidade de objetivos entre líder e liderados. Na liderança, líderes e liderados precisam ter os mesmos objetivos. Quando há poder, por outro lado, não é necessário que haja compatibilidade de objetivos, apenas a relação de dependência do subordinado em relação ao superior. Relações de poder podem gerar uma série de conflitos. O conflito se estabelece quando uma parte percebe que pode ser prejudicada pela outra. Essa definição engloba todos níveis de conflito: desde a violência física até as formas mais sutis de desacordo. 48 Para Robbins, Judge e Sobral (2010), a confiança é um dos aspectos mais importantes para a liderança. A confiança depende da familiaridade entre as partes. Ela demanda tempo para ser construída. Para esses autores, as dimensões básicas da confiança são: integridade, competência, consistência, lealdade e abertura. A integridade está relacionada à honestidade. Ela é considerada o principal atributo da liderança; A competência se refere às habilidades e aos conhecimentos técnicos do indivíduo. Para ser confiável, é necessário que a pessoa saiba o que deve ser feito e como deve ser feito; A consistência está relacionada à coerência entre o que a pessoa fala e forma como ela age; A lealdade é a disposição de defender, proteger e manter-se fiel a outra pessoa; A abertura se refere à reciprocidade e transparência entre os interlocutores, ou seja, a certeza de que o outro confia em você. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), a confiança é fundamental para a manutenção da liderança. Portanto, é necessário que os executivos busquem construir relacionamentos de confiança com aqueles que pretendem liderar. Para esses autores, laços fortes de confiança podem equilibrar o clima de instabilidade que se vive hoje nas organizações. Conclusão da aula 3 Nesta aula foi estudado as relações entre características de grupos e equipes e o desempenho na realização de tarefas. O tamanho do grupo é o primeiro aspecto que pode afetar o seu desempenho: enquanto os grupos maiores recebem contribuições mais diversificadas e reúnem informações de forma mais ampla e profunda, os grupos menores são mais ágeis na realização de tarefas. Para Robbins, Judge e Sobral (2010), as equipes mais eficazes geralmente são enxutas, são formadas por especialistas que possuem diferentes 50 Aula 4 A organização Apresentação da aula 4 Nesta quarta e última aula, será analisada as variáveis que caracterizam a estrutura organizacional e suas relações com a produtividade dos funcionários. Também será estudado um dos aspectos que considero mais importantes para as empresas que desejam criar e manter vantagens competitivas de longo prazo, produzir valor para consumidores, profissionais e acionistas: a cultura organizacional. A aula será encerrada tecendo algumas relações entre a cultura organizacional, as políticas e práticas de RH. 4.1 Estrutura organizacional A estrutura organizacional determina a distribuição e coordenação de tarefas em uma empresa. Ao projetar a estrutura de uma empresa, o empreendedor deve considerar seis elementos básicos: a especialização do trabalho, a departamentalização, a cadeia de comando, a amplitude de controle, a centralização, descentralização e a formalização. Atualmente, a especialização do trabalho ou divisão do trabalho é o termo que descreve a subdivisão do trabalho em diversas funções. Dessa forma, a produção de um produto por exemplo é dividida em diversas etapas, desde a manufatura da matéria prima até o momento em que o produto está acabado e pronto para ser embalado. Empresas voltadas para a produção em larga escala geralmente fazem com que os funcionários se especializem em uma pequena etapa do processo. Empresas que manufaturam produtos de luxo por outro lado normalmente qualificam profissionais para que eles se tornem especialistas no produto, do início ao fim do processo de manufatura. A departamentalização é o agrupamento de atividades comuns que possam ser coordenadas em conjunto. Dessa forma, todas as etapas da produção de um produto se transformam em único departamento. Assim como 52 escalões ou hierarquias que uma empresa utilizará. Quanto maior a amplitude, ou seja, quanto mais funcionários um líder puder comandar, menor a quantidade de escalões e mais eficiente será a organização. As amplitudes maiores tendem a reduzir burocracias e são mais eficientes em termos de custos. Entretanto, quando a amplitude se torna grande demais, o líder não consegue dar a mesma atenção a todos os funcionários e a eficácia começa a declinar. O quarto elemento da estrutura organizacional se refere ao grau de centralização de uma empresa. A centralização se refere à concentração de poder nos processos decisórios. Na centralização absoluta, todas as decisões são tomadas por um único grupo, sem a participação dos profissionais dos escalões inferiores. Em um modelo altamente descentralizado, as decisões são tomadas de forma democrática, incluindo todos os grupos subordinados. Centralização e descentralização Fonte: https://image.shutterstock.com/image-vector/vector-illustration-website-banners- centralization-260nw-400000420.jpg A formalização, por fim, se refere ao nível de padronização das tarefas que ocorrem dentro da empresa. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), quando uma tarefa é altamente padronizada, seu responsável tem pouca ou nenhuma autonomia para decidir o que, quando e como deve ser feito. A vantagem de um nível elevado de padronização é a conformidade, ou seja, a certeza de que o processo será executado sempre da mesma maneira e que ele produzirá sempre os mesmos resultados. Muitas empresas de serviços possuem procedimentos claramente definidos e descrevem as etapas de cada tarefa nos 53 mínimos detalhes. Quando a padronização é baixa, é necessário treinar ainda mais os funcionários para que eles adquiram competência e autonomia para tomar decisões, especialmente quando ocorre algo de errado durante o processo ou a execução do serviço. 4.1.1 Estrutura organizacional e estratégia Uma organização deve serestruturada para atingir seus objetivos e maximizar a proposta de valor das suas marcas. Uma marca é em primeiro lugar a promessa de continuidade na entrega de uma série de diferenciais que ta de valor. Sendo assim, é necessário que a estratégia da empresa e sua estrutura organizacional estejam intimamente relacionadas. Se uma empresa oferece preços baixos como diferencial, é necessário que toda a sua estrutura administrativa e operacional esteja configurada para eficiência produtiva e a redução de custos. Os benefícios que compõem uma proposta de valor podem ser: Funcionais e tangíveis: que satisfazem necessidades racionais dos consumidores; Emocionais e intangíveis: que satisfazem necessidades do ego; Espirituais e tangíveis ou intangíveis: que conseguem conciliar a satisfação do consumidor com necessidades locais, sociais e ambientais. Benefícios funcionais e tangíveis podem ser referir à: preço baixo, durabilidade, conforto, praticidade, conveniência, entre outros; Benefícios emocionais que podem ser tangíveis ou intangíveis, se referem à: status, elegância, diversão, refinamento, nostalgia, sedução, exclusividade, inovação, entre outros; Benefícios espirituais: podem ser tangíveis ou intangíveis, mas que necessariamente devem produzir resultados coletivos. São 56 custos e os preços competitivos, ao mesmo tempo que buscam investir na criação de outros diferenciais relevantes que não dependam somente do preço. 4.1.2 Estrutura organizacional e o comportamento dos funcionários Nem todas as pessoas preferem trabalhar em empresas descentralizada e com baixa formalização. Algumas pessoas se sentem mais seguras e satisfeitas quando seu trabalho é padronizado, sob uma estrutura organizacional mais mecanicista. A seguir, serão feitas algumas relações entre a estrutura organizacional e o comportamento organizacional. Níveis mais elevados de especialização do trabalho contribuem para o aumento quantitativo da produtividade. Entretanto, trabalhadores mais especializados tendem a se sentirem menos satisfeitos com esse tipo de trabalho. Por outro lado, de acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), existe uma parcela significativa da força de trabalho que ainda prefere a segurança e rotina dos trabalhos especializados e repetitivos. Também podem observar correlações entre a centralização e a satisfação ao trabalho. Organizações mais descentralizadas incluem mais grupos e pessoas nos processos decisórios. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), a participação no processo decisório aumenta a satisfação no trabalho. Entretanto, a relação entre descentralização e satisfação é mais forte entre os funcionários com baixa autoestima, segundo esses mesmos autores. Profissionais com baixa autoestima geralmente são mais inseguros. Por esse motivo, preferem compartilhar as decisões e as responsabilidades. Contudo, como não pode generalizar essas conclusões, é importante reforçar que ao RH considerar as diferenças individuais para alocar o profissional em tarefas que o mantenham motivado e, ao mesmo tempo, satisfeito com o trabalho. 57 Diversidade comportamental Fonte:https://psmag.com/news/diversity-is-losing-its-meaning-what-should-we-say- instead A estrutura organizacional é capaz de influenciar as atitudes e os comportamentos dos funcionários. Existem estruturas que facilitam, motivam, estimulam e estruturas que restringem, limitam e controlam. Empresas com elevados níveis de formalização e de especialização limitam a autonomia e a variedade de comportamentos dentro do mesmo espaço. Por outro lado, empresas com pouca especialização, baixa formalização e grande amplitude de controle oferecem mais liberdade e possibilitam uma variedade maior de comportamentos. 4.2 Cultura organizacional Para a antropologia, o estudo de outras culturas ajuda a identificar e compreender aspectos que caracterizam a própria cultura. A cultura é construída a partir da história particular de cada grupo, como resultado de um processo cumulativo de transmissão de experiências, percepções e conhecimentos. A cultura organizacional, corresponde aos padrões valorativos (sistema de valores) compartilhados entre os membros de uma organização. Em uma empresa, a dimensão cultural vincula os indivíduos ao espaço, marcando as semelhanças e as diferenças em relação às outras organizações. Esse sistema de valores compartilhados podem ser traduzidos, grosso modo, no conjunto de características que a organização valoriza. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 501), existem sete características básicas que capturam a essência da cultura de uma empresa: Inovação e aceitação aos riscos: o grau em que os funcionários são estimulados a inovar e a assumir riscos; Atenção aos detalhes: o grau em que se espera que os funcionários demonstrem precisão, análise e atenção aos detalhes; 58 Orientação para os resultados: o grau em que os dirigentes focam mais os resultados do que as técnicas e os processos empregados para o seu alcance; Orientação para as pessoas: o grau em que as decisões dos dirigentes levam em consideração o efeito dos resultados sobre as pessoas dentro da organização; Orientação para a equipe: o grau em que as atividades de trabalho são mais organizadas em termos de equipes do que de indivíduos; Agressividade: o grau em que as pessoas são competitivas e agressivas, em vez de dóceis e acomodadas; Estabilidade: o grau em que as atividades organizacionais enfatizam a manutenção do status quo em contraste com o crescimento. De forma simplificada, a cultura organizacional é a percepção compartilhada sobre o grau em que essas sete características estão presentes em uma organização. A cultura organizacional estabelece como as coisas devem ser feitas e de que forma as pessoas devem se comportar. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), mesmos os funcionários com diferentes históricos dentro da organização conseguem descrever a cultura organizacional de forma mais ou menos parecida. É importante notar que uma cultura organizacional, mesmo sendo compartilhada por todos os funcionários, pode acomodar subculturas que convivem dentro da organização. O departamento de finanças, por exemplo, pode ter uma subcultura compartilhada exclusivamente pelos seus membros. Além disso, empresas que possuem uma forte cultura organizacional tendem a apresentar uma rotatividade menor. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), isso acontece porque em uma cultura forte os valores essenciais da organização são amplamente divulgados, praticados e acatados pelos funcionários. Quanto maior a identificação e o comprometimento dos funcionários com a cultura organizacional, maior a satisfação com o trabalho e menor a predisposição dos funcionários em deixar a organização. 4.2.1 Vantagens de uma cultura organizacional forte 59 A formalização se refere ao nível de exigência com relação à padronização das tarefas que são executadas pelos funcionários da empresa. As regras e regulamentações da formalização controlam o comportamento e limitam a autonomia dos funcionários com relação ao que deve ser feito e como deve ser feito. Entretanto, uma cultura organizacional forte pode cumprir o papel de estabelecer o que deve ser feito e como deve ser feito, sem a necessidade de burocratizar os processos ou de limitar a autonomia dos funcionários. Em outras palavras, quanto mais forte a cultura organizacional, menor a necessidade de desenvolver regras para orientar o comportamento dos funcionários. Além dessa vantagem, a cultura organizacional oferece um senso de identidade e pertencimento aos membros da organização. Isso pode ser observado nos funcionários recém-chegados: até que aprendam as regras, eles não são considerados membros da organização. Construir uma cultura organizacional forte é fundamental diante das atuais tendências de descentralização das organizações. As pesquisas revelam que os profissionais organizados em equipes tendema ser mais fiéis à equipe do que à organização. Robbins, Judge e Sobral (2010) afirmam que quando não há uma linha única de autoridade e os sistemas de controle são reduzidos, os valores de uma cultura organizacional forte garantem que todos permaneçam no mesmo caminho. 4.2.2 Desvantagens da cultura organizacional forte Culturas organizacionais fortes também podem produzir alguns efeitos colaterais que precisam ser administrados. O primeiro desses efeitos é o comportamento repetitivo. Quando a empresa passa a ser valorizada pelo que ela representa e não somente pelo que faz, é possível observar alguns comportamentos e atitudes que deveriam ser questionados, mas não são por se repetitivo, que visa garantir a manutenção da cultura organizacional, dificultando a aceitação de ideias que possam ser realmente inovadoras. Com o passar do 60 tempo, a cultura organizacional pode se tornar incompatível com as mudanças que poderiam atualizar a empresa e melhorar a sua eficácia. Além disso, culturas organizacionais fortes podem impor barreiras à diversidade, impedindo a contratação de profissionais que não poss da empresa. Sabe-se que quanto maior a diversidade, maior a variedade de habilidades, competências e ideias. A diversidade pode aumentar a inovação e ser uma importante fonte de vantagem competitiva para a empresa. Para reduzir esse problema, a empresa deve manter-se atenta e aberta à diversidade no seu quadro profissional. Isso não significa, entretanto, contratar pessoas que cultivem valores conflitantes em relação aos valores da organização, pelo contrário. A empresa deve contratar profissionais que estejam alinhados aos valores da organização, mas que possam trazer visões ou ideias diferentes daquelas que a empresa já está acostumada a ver. É importante reforçar que a contratação de pessoas com valores conflitantes em relação aos valores da organização resulta em funcionários descomprometidos e desmotivados. O adensamento das redes de relacionamento digitais vem modificando o relacionamento das empresas com os seus diferentes públicos. Na medida em que novos espaços de diálogo vão sendo criados, as novas tecnologias vêm separavam das organizações. Diante dessa realidade, não são raros os casos de funcionários que tiveram seu comportamento registrado e divulgado por consumidores em redes sociais, justamente por revelar incoerências em relação aos valores da empresa que ele representa. Esse tipo de situação pode gerar uma série de prejuízos que vão da imagem às finanças da organização. 4.3 Práticas de recursos humanos As políticas e práticas de recursos humanos devem estar alinhadas à cultura organizacional para contratar, capacitar e reter os profissionais certos. Investimentos no recrutamento, no treinamento e na retenção de profissionais qualificados representam um investimento direto na qualidade dos produtos ou serviços que a empresa oferece. Mais do que contratar profissionais 61 que possuem competências para desempenhar o cargo, é necessário treiná-los para que possam realizar as tarefas na qualidade exigida pela empresa. Nos meus atendimentos como consultora, eu sempre questiono as empresas quanto ao treinamento dos funcionários. Muitos gestores ficam envergonhados em admitir que não há um treinamento formal, afirmando que os Quando não há um programa de treinamento, novos funcionários tendem a adquirir os mesmos vícios dos funcionários antigos. Quanto à retenção de funcionários, as organizações devem elaborar estratégias para acomodar as diferentes necessidades de uma força de trabalho diversificada. Horários de trabalho flexíveis e benefícios adicionais podem reduzir o stress e ajudar o profissional a equilibrar a vida profissional e a pessoal. De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010), as pressões de tempo não são o problema principal, mas a interferência psicológica da vida profissional na vida familiar. As pessoas se preocupam com a família durante o trabalho e pensam no trabalho quando estão em casa. Para esses autores, as empresas não deveriam se preocupar tanto em cobrar pontualidade, mas sim em ajudar seus funcionários a organizar melhor o seu dia a dia. Trabalho e as responsabilidades familiares Fonte: https://www.notibras.com/site/mae-servidora-dona-de-casa-haja-rotina-duradou ra/ Manter cargas de trabalho razoáveis, diminuir o número de viagens de negócios e oferecer creche de qualidade na empresa são algumas práticas que podem auxiliar (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010, p. 553). 63 Conclusão da disciplina Foi estudado nesta disciplina sobre a complexidade do comportamento das pessoas dentro das organizações, assim como suas relações com os grupos e com a cultura organizacional. Também foi estudado que os profissionais tendem a apresentar um desempenho profissional e uma satisfação maior com o trabalho quando são inseridos em empresas que representam seus valores, suas crenças e sua personalidade, pode observar que uma pessoa que valoriza a inovação, a autonomia e a criatividade, empresa burocratizada e dinâmica. Pode se identificar que as características dos grupos, as diferenças entre grupos e equipes, buscando destacar a relação entre as características e o desempenho de um grupo na realização de tarefas. Além disso, foi visto também que um dos aspectos mais estratégicos para as empresas é atrair, capacitar e ter bons profissionais com alto desempenho. 64 Índice Remissivo A diversidade profunda............................................................................... (Diversidade; princípios de cada indivíduo; valores) 25 A diversidade superficial............................................................................. (Desempenho; etnia; funcionário) 22 A organização............................................................................................ (Capacitação; estrutura organizacional; práticas de RH) 50 Atitude e comportamento............................................................................ (Afetividade e intenção; cognição; sentimento) 35 Comunicação organizacional...................................................................... (Controle, expressão emocional; motivação) 46 Cultura organizacional................................................................................ (Dimensão cultural; sistema de valores; transmissão de experiências) 58 Definição e classificação dos grupos.......................................................... (Absenteísmo; estrutura da organização; rotatividade) 38 Desvantagens da cultura organizacional forte............................................ (Comportamento repetitivo; novas tecnologias; relacionamento digitais) 61 Disciplinas que contribuem para o estudo do comportamento organizacional............................................................................................. (Ciência aplicada; métodos científicos; processo de aprendizagem) 10 Diversidade nas organizações.................................................................... (Direitos humanos; diversidade nas organizações; gestão eficaz da diversidade) 20 Estrutura organizacional e estratégia......................................................... (Estratégia de imitação; estratégia de inovação; minimização de custos) 54 Estrutura organizacional e o comportamento dos funcionários.................. (Comportamentos dos funcionários; processos decisórios; satisfação no trabalho) 57 Estrutura organizacional............................................................................. (Amplitude de controle; distribuição; tarefas) 51 Grupos e equipes....................................................................................... (Diferentes hierarquias; forma sinérgica; recursos fornecidos) 41 65 Introdução ao comportamento organizacional............................................ (Comportamento interpessoal; produtividade nas organizações; relações interpessoais) 08 Liderança....................................................................................................
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