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GEOGRAFIA DO PARANÁ Eduem Maringá 2012 EDITORA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ REITOR: Prof. Dr. Mauro Luciano Baesso VICE-REITOR: Prof. Dr. Julio César Damasceno DIRETORA DA EDUEM: Profa. Dra. Terezinha Oliveira EDITORA-CHEFE DA EDUEM: Profa. Dra. Gisella Maria Zanin CONSELHO EDITORIAL PRESIDENTE: Profa. Dra. Terezinha Oliveira EDITORES CIENTÍFICOS: Profa. Dra. Ana Lúcia Rodrigues Profa. Dra. Angela Mara de Barros Lara Profa. Dra. Analete Regina Schelbauer Prof. Dr. Antonio Ozai da Silva Profa. Dra. Cecília Edna Mareze da Costa Prof. Dr. Eduardo Augusto Tomanik Profa. Dra. Elaine Rodrigues Profa. Dra. Larissa Michelle Lara Prof. Dr. Luiz Roberto Evangelista Profa. Dra. Luzia Marta Bellini Prof. Me. Marcelo Soncini Rodrigues Prof. Dr. Márcio Roberto do Prado Prof. Dr. Mário Luiz Neves de Azevedo Profa. Dra. Maria Cristina Gomes Machado Prof. Dr. Oswaldo Curty da Motta Lima Prof. Dr. Raymundo de Lima Profa. Dra. Regina Lúcia Mesti Prof. Dr. Reginaldo Benedito Dias Prof. Dr. Sezinando Luiz Menezes Profa. Dra. Valéria Soares de Assis EQUIPE TÉCNICA FLUXO EDITORIAL Edneire Franciscon Jacob Marinalva Spolon Almeida Mônica Tanamati Hundzinski Vania Cristina Scomparin PROJETO GRÁFICO E DESIGN Luciano Wilian da Silva Marcos Kazuyoshi Sassaka Marcos Roberto Andreussi MARKETING Gerson Ribeiro de Andrade COMERCIALIZAÇÃO Paulo Bento da Silva Solange Marly Oshima COPYRIGHT © 2016 EDUEM Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo mecânico, eletrônico, reprográfico etc., sem a autorização, por escrito, do autor. Todos os direitos reservados desta edição 2016 para a editora. EDUEM - EDITORA DA UNIV. ESTADUAL DE MARINGÁ Av. Colombo, 5790 - Bloco 40 Campus Universitário 87020-900 - Maringá - Paraná Fone: (0xx44) 3011-4103 http://www.eduem.uem.br eduem@uem.br Eduem Maringá 2012 FORMAÇÃO DE PROFESSORES - EAD Geografia do Paraná Sergio Luiz Thomaz Américo José Marques 53 Coleção Formação de Professores - EAD Apoio técnico: Rosane Gomes Carpanese Normalização e catalogação: Ivani Baptista CRB - 9/331 Revisão Gramatical: Annie Rose dos Santos Produção Editorial: Carlos Alexandre Venancio Eliane Arruda Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Copyright © 2012 para o autor 2a reimpressão 2016 - revisada Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo mecânico, eletrônico, reprográfico etc., sem a autorização, por escrito, do autor. Todos os direitos reservados desta edição 2012 para Eduem. Eduem - Editora da Universidade Estadual de Maringá Av. Colombo, 5790 - Bloco 40 - Campus Universitário 87020-900 - Maringá - Paraná Fone: (0xx44) 3011-4103 http://www.eduem.uem.br / eduem@uem.br Thomaz, Sergio Luiz Geografia do Paraná / Sergio Luiz Thomaz, Américo José Marques. -- Maringá: Eduem, 2012. 68p. :il. color. fot. 21cm (Coleção formação de professores - EAD; v. 53) ISBN 978-85-7628-477-2 1. Geografia – Paraná- Estudo e ensino. 2. Paraná - Geografia – Planaltos. 3. Paraná Geografia – Região litorânea. I. Marques, Américo José. CDD 21. ed. 918.162 T462g 5 Sobre os autores Apresentação da coleção Apresentação do livro CAPÍTULO 1 Geografi a do estado do Paraná CAPÍTULO 2 A região litorânea CAPÍTULO 3 A Serra do Mar CAPÍTULO 4 O primeiro planalto paranaense CAPÍTULO 5 O segundo planalto paranaense CAPÍTULO 6 O terceiro planalto paranaense > 7 > 9 > 11 > 13 > 25 > 35 > 41 > 47 > 59 umárioS 7 SERGIO LUIZ THOMAZ Professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Graduado em Geografi a (UEPG). Mestre em Estratigrafi a (UFRGS). Doutor em Geociências (UEM). AMÉRICO JOSÉ MARQUES Professor Colaborador da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Graduado em Geografi a (UEM). Mestre em Ciências Cartográfi cas (FCT – Unesp, Presidente Prudente). obre os autoresS 9 A coleção Formação de Professores - EAD teve sua primeira edição publicada em 2005, com 33 títulos fi nanciados pela Secretaria de Educação a Distância (SEED) do Ministério da Educação (MEC) para que os livros pudessem ser utilizados como material didático nos cursos de licenciatura ofertados no âmbito do Programa de Formação de Professores (Pró-Licenciatura 1). A tiragem da primeira edição foi de 2500 exemplares. A partir de 2008, demos início ao processo de organização e publicação da se- gunda edição da coleção, com o acréscimo de 12 novos títulos. A conclusão dos trabalhos deverá ocorrer somente no ano de 2012, tendo em vista que o fi nancia- mento para esta edição será liberado gradativamente, de acordo com o cronogra- ma estabelecido pela Diretoria de Educação a Distância (DED) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES), que é responsável pelo programa denominado Universidade Aberta do Brasil (UAB). A princípio, serão impressos 695 exemplares de cada título, uma vez que os livros da nova coleção serão utilizados como material didático para os alunos matriculados no Curso de Pedagogia, Modalidade de Educação a Distância, ofertado pela Univer- sidade Estadual de Maringá, no âmbito do Sistema UAB. Cada livro da coleção traz, em seu bojo, um objeto de refl exão que foi pensado para uma disciplina específi ca do curso, mas em nenhum deles seus organizadores e autores tiveram a pretensão de dar conta da totalidade das discussões teóricas e práticas construídas historicamente no que se referem aos conteúdos apresentados. O que buscamos, com cada um dos livros publicados, é abrir a possibilidade da lei- tura, da refl exão e do aprofundamento das questões pensadas como fundamentais para a formação do Pedagogo na atualidade. Por isso mesmo, esta coleção somente poderia ser construída a partir do esforço coletivo de professores das mais diversas áreas e departamentos da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e das instituições que têm se colocado como parceiras nesse processo. Neste sentido, agradecemos sinceramente aos colegas da UEM e das demais ins- tituições que organizaram livros e ou escreveram capítulos para os diversos livros desta coleção. Agradecemos, ainda, à administração central da UEM, que por meio da atua- ção direta da Reitoria e de diversas Pró-Reitorias não mediu esforços para que os presentação da ColeçãoA 10 GEOGRAFIA DO PARANÁ trabalhos pudessem ser desenvolvidos da melhor maneira possível. De modo bas- tante específi co, destacamos o esforço da Reitoria para que os recursos para o fi nan- ciamento desta coleção pudessem ser liberados em conformidade com os trâmites burocráticos e com os prazos exíguos estabelecidos pelo Fundo Nacional de Desen- volvimento da Educação (FNDE). Internamente enfatizamos, ainda, o envolvimento direto dos professores do De- partamento de Fundamentos da Educação (DFE), vinculado ao Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCH), que no decorrer dos últimos anos empreenderam esforços para que o curso de Pedagogia, na modalidade de educação a distância, pudesse ser criado ofi cialmente, o que exigiu um repensar do trabalho acadêmico e uma modifi cação signifi cativa da sistemática das atividades docentes. No tocante ao Ministério da Educação, ressaltamos o esforço empreendido pela Diretoria da Educação a Distância (DED) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES) e pela Secretaria de Educação de Educação a Distância (SEED/MEC), que em parceria com as Instituições de Ensino Superior (IES) conseguiram romper barreiras temporais e espaciais para que os convênios para a liberação dos recursos fossem assinados e encaminhados aos órgãos compe- tentes para aprovação, tendo em vista a ação direta e efi ciente de um número muito pequeno de pessoas que integram a Coordenação Geral de Supervisão e Fomento e a Coordenação Geral de Articulação. Esperamos que a segundaedição da Coleção Formação de Professores - EAD possa contribuir para a formação dos alunos matriculados no curso de Pedagogia, bem como de outros cursos superiores a distância de todas as instituições públicas de ensino superior que integram e ou possam integrar em um futuro próximo o Sistema UAB. Maria Luisa Furlan Costa Organizadora da Coleção 11 A partir do momento em que a Universidade Estadual de Maringá encampou a efetivação do Ensino a Distância, um novo horizonte despontou para seu corpo docente, particularmente para aqueles envolvidos com o ensino da Geografi a. Até então, não se havia tido esse tipo de experiência, e após a sua introdução foi muito proveitosa a participação, pois se é ensinando que se aprende, e muito se aprendeu com o trabalho desenvolvido nos polos centralizadores das atividades do ensino não presencial. Os problemas estão por toda a parte, e suas soluções também. Basta nos deparar- mos com os obstáculos para, imediatamente, agirmos na tentativa de ultrapassá-los. Algumas soluções paliativas foram desencadeadas em razão da premência do tempo devido à necessidade de material didático adequado à nossa região. Atualmente, já com o domínio das ações que devem ser estabelecidas e mercê da experiência adquirida na primeira edição, a produção do material didático foi direcionada para atender diretamente às diversas etapas componentes do processo educativo a distância. A introdução do ensino da Geografi a do Estado do Paraná permitiu que se elabo- rasse um caderno voltado exclusivamente a esse assunto. Sem dúvida, é fascinante quando estudamos a terra em que vivemos. Os fatos estão à nossa volta: é na dis- posição da rede urbana que entendemos a ocupação do espaço; é nos elementos da natureza que observamos a variação de fenômenos que interagem modifi cando a superfície; é no traçado das formas do relevo que divisamos a dinâmica externa do planeta; enfi m, somos parte dos personagens de um conto fabuloso que se desenro- la no cenário natural e cujos atos vêm se alternando desde que a Terra surgiu. Isso, há milhões e milhões de anos atrás. Este trabalho procurou sintetizar os diferentes compartimentos que compõem o Estado do Paraná, mostrando, para cada uma dessas divisões, algumas de suas características. É óbvio que muita coisa poderá ser acrescentada e/ou modifi cada, e presentação do livroA 12 GEOGRAFIA DO PARANÁ à medida que o curso for desenvolvido, que a relação ensino-aprendizado for avan- çando, todos terão condições de acrescentar algo mais para essa que pretende ser a Geografi a do Estado do Paraná. Sergio Luiz Thomaz Américo José Marques Organizadores 13 Geografi a do Estado do Paraná ONDE ESTÁ? O Estado do Paraná, unidade federativa componente da Região Sul do Brasil, apresenta uma superfície de 195.575 km2. Seus pontos mais extremos são os seguintes: • Ao Norte, o município de Jardim Olinda, 22° 30’ 58” Sul e 52° 06’ 47” Oeste; • A Leste, o município de Guaraqueçaba, 25° 19’ 07” Sul e 48° 05’ 37” Oeste; • Ao Sul, o município de General Carneiro, 26° 43’ 00” Sul e 51° 24’ 35” Oeste • A Oeste, o município de Foz do Iguaçu 25° 27’ 16” Sul e 54° 37’ 08” Oeste; • É cortado pelo Trópico de Capricórnio, que passa na latitude de 23o. 27’30”. Limita-se ao Norte e Nordeste com o Estado de São Paulo; a Leste com o Oceano Atlântico; a Sudeste e Sul com o Estado de Santa Catarina; a Sudoeste com a Argentina e Paraguai; a Oeste e Noroeste com Mato Grosso do Sul. No sentido Norte/Sul, possui 468 quilômetros de comprimento, enquanto que no sentido Leste/Oeste tem 654 quilômetros. Mas nem sempre foi assim! 1 14 GEOGRAFIA DO PARANÁ Em 1709, foi criada a capitania de São Paulo e Minas de Ouro, cujos territórios es- tavam separados do Rio de Janeiro. A capitania foi dividida em duas no ano de 1720, e a última passou a ser chamada de Minas Gerais devido à descoberta de ouro e pedras preciosas. No ano de 1738, esses territórios foram desligados do território paulista Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em 1753, foi feita a anexação da capitania pelo governo português, e a capitania de São Paulofoi estabelecida em 1765. Estava forma- da a 5a. comarca, cuja área se estendia por uma região correspondente ao atual Estado de São Paulo, indo até a fronteira oeste do atual Estado de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul. Como a área tinha dimensões que difi cultavam o seu controle, e em decorrência de interesses políticos ela foi dividida em duas partes, a parte sul fi cou com sede em Paranaguá até 1648. Em 1812, a sede se estendeu para Curitiba, cidade que fora fundada em 1693, denominada Comarca de Curitiba e Paranaguá. Comarca signifi cava o mesmo que região, território. Hoje, o termo refere-se aos limites de atuação de um juiz. 15 Após longo período de esforço e constância, a parte sul da área foi desmembrada de São Paulo, e no dia 22 de agosto de 1853, através da Lei Imperial no. 704, foi criada a Província do Paraná, cuja instalação ocorreu em 19 de dezembro desse mesmo ano. Província era uma divisão regional e administrativa das terras brasileiras no tempo do Império. O primeiro presidente indicado para essa nova Província foi Zacarias de Góes e Vasconcelos, que tomou providências para a construção de uma estrada que ligasse o planalto ao litoral. Foi então construída a estrada da Graciosa. Em 1854, Curitiba pas- sou a ser a capital da Província do Paraná. Em 1865, o atual Estado de Santa Catarina ocupou parte das terras dessa Província, e em 1879 fez o mesmo com outra parte. Em 1889, com a Proclamação da República, o Paraná passou a Estado. Em 1901, Santa Catarina queria que os limites com o Paraná fossem feitos pelos rios Negro e Saí-Gua- çu. Em 1916, o presidente Wenceslau Brás dividiu a área em litígio em duas partes, cabendo 20.000 km2 para o Paraná e 28.000 km2 para Santa Catarina. Uma pendência com o Estado de São Paulo referente a uma pequena parte do litoral norte do Paraná foi resolvida em 1920. Na segunda metade do século XVII, como visualizamos no mapa a seguir, o Estado do Paraná recebeu a primeira etapa de colonização, que vinculada ao ciclo da mineração do ouro, trouxe contingentes populacionais provenientes de São Paulo. Com o declínio dessa atividade, a ocupação do território paranaense esteve ligada a fases econômicas representadas pelo tropeirismo, pela extração e benefi ciamento de madeira e pela extração e benefi ciamento da erva-mate, já na terceira década do século XIX. Em meados do século XIX, inicia-se a ocupação da região norte do Estado feita pelos cafeicultores paulistas que adquiriram grandes glebas de terra aproveitando o impulso dado pela economia cafeeira. A partir de 1940, o sudoeste paranaense é povoado por gaúchos e catarinenses, os quais, como frente pioneira, completam a ocupação de todo o Estado. Geografi a do Estado do Paraná 16 GEOGRAFIA DO PARANÁ FONTE: Adaptado de Serra (1992). OS SÍMBOLOS DO ESTADO DO PARANÁ Os símbolos representam manifestações gráfi cas, musicais ou mesmo culturais de grande valor histórico, criados para fortifi car e transmitir o sentimento de união de um determinado grupo de pessoas representativo de uma área geográfi ca qualquer (município, estado, nação...). Os símbolos do Estado do Paraná são quatro, quais sejam: A bandeira, que é um quadrilátero verde atravessado por uma faixa branca. No meio da faixa há uma esfera azul com cinco estrelas, que representam a constelação do Cruzeiro do Sul e estão posicionadas conforme sua posição no céu do dia 19 de dezembro de 1853. Em volta da esfera, no lado direito, há um ramo de pinheiro-do-pa- raná, e no lado esquerdo há um ramo de erva-mate. 17 O escudo ou brasão mostra uma fi gura plana na parte superior e arredondada na inferior. De baixo para cima, dois terços em verde com a fi gura de um semeador. No terço restante, em azul, representando o céu, há no lado esquerdoa fi gura do sol (amarelo) e no lado direito uma representação do relevo paranaense em um corte leste/oeste (branco). Ladeando esse conjunto há, à esquerda, um ramo de erva-mate e à direita um ramo de café. Pousando sobre todo o conjunto há uma Harpia harpyja, a maior ave do território paranaense. O sinete é usado para marcar documentos ofi ciais do Estado, formado por uma circunferência maior envolvendo uma menor. No espaço entre as duas está escrito, em letras maiúsculas, em negrito, ESTADO DO PARANÁ - 19.12.1853. No interior da circunferência de menor diâmetro inserem-se as estrelas do Cruzeiro do Sul na posição ressaltada na bandeira. Geografi a do Estado do Paraná 18 GEOGRAFIA DO PARANÁ O hino do Paraná, que foi composto por Domingos Nascimento (letra) e Bento Mossurunga (música), tem os seguintes versos: Entre os astros do Cruzeiro, És o mais novo a fulgir Paraná! Serás luzeiro! Avante! Para o porvir! O teu fulgor de mocidade Terra, tem brilho de alvorada Rumores de felicidade, Canções e fl ores pela estrada. Outrora apenas panorama De campos ermos e fl orestas, Vibras agora tua fama, Pelos clarins das grandes festas! A glória!... A glória!... Santuário! Que o povo aspira e que idolatra; E brilharás com brilho vário, Estrela rútila da Pátria! Pela vitória do mais forte, Lutar! Lutar! Chegada é a hora, Para o zênite- Eis o teu norte! Terra! Já vem rompendo a aurora! 19 DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO DO PARANÁ Sua capital é Curitiba, e é composto por 399 municípios, os quais, administra- tivamente, podem possuir distritos, povoados, vilas ou patrimônios. Alguns desses municípios, por sediarem unidades de administração judiciária do Estado, compõem as comarcas. O Paraná possui 143 comarcas. Município é uma instituição jurídica de direito público interno que possui auto- nomia política, fi nanceira e administrativa amparada pela Constituição Fede- ral, administrada por um Prefeito e uma Câmara de Vereadores. Geografi a do Estado do Paraná 20 GEOGRAFIA DO PARANÁ Relação nominal dos trezentos e noventa e nove municípios que compõem o Estado do Paraná: Abatiá Adrianópolis Agudos do Sul Almirante Tamandaré Altamira do Paraná Alto Paraíso Alto Paraná Alto Piquiri Altônia Alvorada do Sul Amaporã Ampére Anahy Andirá Ângulo Antonina Antônio Olinto Apucarana Arapongas Arapoti Arapuã Araruna Araucária Ariranha do Ivaí Assaí Assis Chateaubriand Astorga Atalaia Balsa Nova Bandeirantes Barbosa Ferraz Barra do Jacaré Barracão Bela Vista da Caroba Bela Vista do Paraíso Bituruna Boa Esperança Boa Esperança do Iguaçu Boa Ventura de São Roque Boa Vista da Aparecida Bocaiúva do Sul Bom Jesus do Sul Bom Sucesso Bom Sucesso do Sul Borrazópolis Braganey Brasilândia do Sul Cafeara Campo Magro Cafezal do Sul Califórnia Cambará Cambé Cambira Campina da Lagoa Campina do Simão Campina Grande do Sul Campo Bonito Campo do Tenente Campo Largo Centenário do Sul Campo Mourão Cândido de Abreu Candói Cantagalo Capanema Capitão Leônidas Marques Carambeí Carlópolis Cascavel Castro Catanduvas Corbélia Cerro Azul Céu Azul Chopinzinho Cianorte Cidade Gaúcha Clevelândia Colombo Colorado Congonhinhas Conselheiro Mairinck Contenda Cafelândia Cornélio Procópio Cel. Domingos Soares Coronel Vivida Corumbataí do Sul Cruz Machado Cruzeiro do Iguaçu Cruzeiro do Oeste Cruzeiro do Sul Cruzmaltina Curitiba Curiúva Diamante d'Oeste Diamante do Norte Diamante do Sul Dois Vizinhos Douradina Doutor Camargo Doutor Ulysses Enéas Marques EngenheiEngenheiro Beltrão Entre Rios do Oeste Esperança Nova Espigão Alto do Iguaçu Farol Faxinal Fazenda Rio Grande Fênix Fernandes Pinheiro Figueira Flor da Serra do Sul Floraí Floresta Florestópolis Flórida Formosa do Oeste Foz do Iguaçu Foz do Jordão Francisco Alves Francisco Beltrão General Carneiro Godoy Moreira Goioerê Goioxim Ibaiti Grandes Rios Guaíra Guairaçá Guamiranga Imbituva Guapirama Guaporema Guaraci Guaraniaçu Irati Guarapuava Guaraqueçaba Guaratuba Honório Serpa Itaperuçu Ibema Ibiporã Icaraíma Iguaraçu Iguatu Imbaú Inácio Martins Inajá Indianópolis Ipiranga Iporã Iracema do Oeste Iretama Itaguajé Itaipulândia Itambaracá Itambé Itapejara d'Oeste Itaúna do Sul Ivaí Ivaiporã Ivaté Ivatuba Jaboti Jandaia do Sul Jaguapitã Jaguariaíva Japurá Jardim Alegre Janiópolis Japira Jesuitas Joaquim Távora Jardim Olinda Jataizinho Jussara Jacarezinho Jundiaí do Sul Juranda Kaloré Lapa Laranjal Laranjeiras do Sul Leópolis Lidianópolis Lindoeste Loanda Lobato Londrina Luiziana Lunardelli Lupionópolis 21 Mallet Mamborê Mandaguaçu Mandaguari Mandirituba Manfrinópolis Mangueirinha Manoel Ribas Mal. Cândido Rondon Maria Helena Marialva Marilândia do Sul Marilena Mariluz Maringá Mariópolis Maripá Marmeleiro Marquinho Marumbi Matelândia Matinhos Mato Rico Mauá da Serra Medianeira Mercedes Mirador Miraselva Missal Moreira Sales Morretes Munhoz de Melo Nossa Senhora das Graças Nova Aliança do Ivaí Nova América da Colina Nova Aurora Ortigueira Nova Cantu Nova Esperança Nova Esperança do Sudoeste Nova Fátima Ourizona Nova Laranjeiras Nova Londrina Nova Olímpia Nova Prata do Iguaçu Ouro Verde do Oeste Nova Santa Bárbara Nova Santa Rosa Nova Tebas Novo Itacolomi Paiçandu Palmas Palmeira Palmital Palotina Paraíso do Norte Paranacity Paranaguá Paranapoema Paranavaí Pato Bragado Pato Branco Paula Freitas Paulo Frontin Peabiru Perobal Pérola Pérola d'Oeste Piên Pinhais Pinhal de São Bento Pinhalão Pinhão Piraí do Sul Piraquara Pitanga Pitangueiras Planaltina do Paraná Planalto Ponta Grossa Pontal do Paraná Porecatu Porto Amazonas Porto Barreiro Porto Rico Porto Vitória Prado Ferreira Pranchita Pres. Castelo Branco Primeiro de Maio Prudentópolis Quarto Centenário Quatiguá Quatro Barras Quatro Pontes Quedas do Iguaçu Querência do Norte Quinta do Sol Quitandinha Ramilândia Rancho Alegre Rancho Alegre d'Oeste Realeza Rebouças Renascença Reserva Reserva do Iguaçu Ribeirão Claro Ribeirão do Pinhal Rio Azul Rio Bom Rio Bonito do Iguaçu Rio Branco do Ivaí Rio Branco do Sul Rio Negro Rolândia Roncador Rondon Rosário do Ivaí Sabáudia Salgado Filho Salto do Itararé Salto do Lontra Santa Amélia Santa Cecília do Pavão Santa Cruz de Monte Castelo Santa Fé Santa Helena Santa Inês Santa Isabel do Ivaí Santa Izabel do Oeste Santa Lúcia Santa Maria do Oeste Santa Mariana Santa Mônica Santa Tereza do Oeste Santa Terezinha de Itaipu Santana do Itararé Santo Antônio da Platina Santo Antônio do Caiuá Santo Antônio do Paraíso Santo Antônio do Sudoeste Santo Inácio São Carlos do Ivaí São Jerônimo da Serra São João Sertanópolis São João do Caiuá São João do Ivaí São João do Triunfo São Jorge d'Oeste São Jorge do Ivaí São Jorge do Patrocínio São José da Boa Vista São José das Palmeiras São José dos Pinhais São Manoel do Paraná São Mateus do Sul São Miguel do Iguaçu São Pedro do Iguaçu Siqueira Campos São Pedro do Ivaí São Pedro do Paraná São Sebastião da Amoreira São Tomé Sapopema Sarandi Saudade do Iguaçu Sengés Serranópolis do Iguaçu Sertaneja Sulina Tamarana Tamboara Tapejara Tapira Teixeira Soares União da Vitória Vera Cruz do Oeste Telêmaco Borba Terra Boa Terra Rica Terra Roxa Tibagi Unifl or Verê Tijucas do Sul Toledo Tomazina Três Barras do Paraná Ubiratã Uraí Virmond Tunas do Paraná Tuneiras do Oeste Tupãssi Turvo Umuarama Ventania Vitorino Geografi a do Estado do Paraná 22 GEOGRAFIA DO PARANÁ COMO CLASSIFICAR A SUPERFÍCIE DO ESTADO DO PARANÁ? Um assunto que suscita muitas controvérsias refere-se à regionalização, já que a classifi cação pode ser feita com base nos mais diversos aspectos. Assim é que se regio- naliza uma determinada área, por exemplo, levando-seem consideração a população ou o tipo de solo, ou a fi siografi a, ou as etnias, ou o clima etc. Antonio Teixeira Guerra, em seu Dicionário Geológico-Geomorfológico (1975), afi rma que a região pode ser defi nida com base na localização (onde?), na extensão (até onde?) e na semelhança ou conexão (como?). No caso da superfície do Estado do Paraná, diversas divisões foram propostas, as quais se direcionam tanto às pesquisas estatísticas e geográfi cas quanto podem ter seu objetivo no planejamento ou na gestão. De modo geral, apresentam al- gumas características positivas, e outras controvertidas, o que faz com que cada tipo de regionalização do Estado tenha uma fi nalidade específi ca. Dentre as divisões propos- tas, uma se sobressai, pois envolve regiões naturais onde aspectos morfoestruturais dividem a superfície paranaense em blocos defi nidos e delimitados, geológica e geo- morfologicamente, o que facilita o estudo e a compreensão daquilo que se denomina geografi a estadual. Essa divisão foi apresentada por Reinhard Maack, ilustre geólogo alemão que veio ao Brasil, particularmente a Curitiba, para desenvolver estudos, e em 1953 elaborou um mapa geológico-geomorfológico para o Estado do Paraná no qual demonstrou a existência de cinco regiões compreendendo três planaltos, uma região serrana e uma região litorânea: Fonte: Perfi l geoestrutural/litológico modifi cado de MINEROPAR (2000). 23 Geografi a do Estado do Paraná Alguns fatores de ordem natural, evidenciados na superfície, demonstraram a pre- sença de subunidades que foram assim designadas: • No Primeiro Planalto Paranaense, podemos distinguir o Planalto de Curitiba, a região montanhosa de Açungui e o Planalto de Maracanã; • No Segundo Planalto Paranaense, é visível a região ondulada constituída pelas rochas de idade paleozoica e as mesetas nas proximidades da escarpa para o Terceiro Planalto Paranaense; • No Terceiro Planalto Paranaense observamos os blocos planálticos de Apucarana, o bloco do planalto de Campo Mourão, o bloco do planalto de Guarapuava e o declive do planalto de Palmas. • É uma divisão simples, fácil de ser constatada em superfície. É importante enfatizar que cada uma dessas regiões apresenta características geográfi cas próprias, o que permite individualizá-las sob qualquer aspecto. Anotações 24 GEOGRAFIA DO PARANÁ Anotações 25 A região litorânea A região litorânea compreende a faixa que apresenta largura variando de 10 a 20 km e vai do contato com o Oceano Atlântico até o início dos contrafortes da Serra do Mar, determinada por altitudes inferiores a 300 metros. Sua extensão é de aproximadamente 100 km, indo desde a vila de Ararapira ao norte, no limite com o Estado de São Paulo, até a barra do rio Saí-Guaçu, ao sul, na fronteira com o Estado de Santa Catarina, possuindo uma superfície de 9.117 km2. Com uma boa defi nição de recortes superfi ciais, a região litorânea foi dividida em três partes: Sul - entre a divisa com o Estado de Santa Catarina e a baía de Guaratuba; Centro - localizada entre a baía de Guaratuba e a baía de Paranaguá; Norte - entre a baía de Paranaguá e a fronteira com o Estado de São Paulo. O litoral paranaense é muito acidentado, apresentando inúmeras baías, donde se destacam a baía de Guaratuba, a baía de Paranaguá, a baía de Antonina e a baía das Laranjeiras. A partir da cota acima de 300 metros de altitude começam os terrenos pertencentes à Serra do Mar, que se estendem até o início da descida da escarpa em direção a Curitiba, determinando o que foi designado Primeiro Planalto Paranaense. “Escarpa: rampa ou aclive de terrenos que aparecem nas bordas dos planaltos, serras etc.” (GUERRA, 1975). O clima A região costeira ou litorânea é submetida às condições climáticas defi nidas por Köeppen como sendo do tipo Af, ou seja, tropical super úmido, sem estação seca e isento de geadas. Nos meses mais quentes, a média da temperatura é superior a 22o C, enquanto que os meses mais frios mostram uma temperatura acima de 18o C. A umidade relativa, em função do alto grau de pluviosidade, supera a marca de 85%. As massas de ar provindas do oceano encontram a vertente oriental da Serra do Mar, concentram-se e provocam chuvas intensas, o que leva o índice pluviométrico a números próximos de 4.000 mm anuais, tornando essa região a mais chuvosa do Estado. 2 26 GEOGRAFIA DO PARANÁ Na classifi cação de Köeppen temos: A: clima tropical chuvoso f: nenhuma estação seca, úmido o ano todo. O clima dessa região provoca uma sensação de desconforto nas pessoas, em parte resultante do ar saturado de vapor d’água. Como é a hidrografia? Para a planície litorânea, correm os rios pertencentes à Bacia do Atlântico. No Estado do Paraná, essa drenagem origina pequenas bacias isoladas, onde alguns pertencem à baixada litorânea e outros à Serra do Mar. Aqueles que nascem na Serra do Mar têm a característica de serem rios encachoeirados, com corredeiras, possuindo uma vazão pequena, que após uma chuva, tem seu volume aumentado, tornando-se extremamente violentos. Destacamos na região a presença de cinco sub-bacias assim nomeadas: Sub-bacia da Baía das Laranjeiras, com aproximadamente 1.440 km2, salientando-se o rio Guaraqueçaba, cuja nascente situa-se na Serra do Taquari; Sub-bacia da Baía de Antonina, que tem em torno de 1.000 km2. Seu principal curso d’água é o rio Cachoeira, que nasce na Serra do Capivari; Sub-bacia do Rio Nhundiaquara, que é a menor, pois possui 311 km2 e é determinada por esse rio que nasce na Serra dos Órgãos; Sub-bacia da Baía de Paranaguá com o rio Guaraguaçu, que nasce na Serra do Prata e possui cerca de 607 km2; Sub-bacia da Baía de Guaratuba, ocupando uma área de 393 km2, tendo no rio Cubatão, que nasce na Serra da Igreja, sua principal via fl uvial. As chuvas estão bem distribuídas ao longo do ano e o índice pluviométrico da região é bastante expressivo, atingindo aproximadamente 4.000 mm anuais. A presença de uma cobertura vegetal densa e o calor local imprimem no microclima características especiais. Disso resulta uma intensa neblina, que diariamente e ao longo do ano é provocada pela condensação da umidade atmosférica. Esses fatores são responsáveis pela perenidade dos rios que correm na vertente oriental da Serra do Mar. A umidade permanente do manto de intemperismo abastece o lençol freático, o qual, por sua vez, alimenta as fontes d’água. O manto de detritos vegetais decompostos ou semidecompostos que recobre o chão da fl oresta exerce um papel preponderante no equilíbrio hídrico da região serrana. Em primeiro lugar, o ‘tapete’ de detritos age como um verda- deiro “mata borrão”, absorvendo as águas da chuva (A Serra do Mar e a Porção Oriental do Estado do Paraná, (BIGARELLA, 1978). 27 E a vegetação, como se apresenta? Dado o excelente conjunto de fatores favoráveis (temperatura, pluviosidade, solo), essa região possui uma representatividade fl orística bem defi nida, através da presença da Mata Pluvial Tropical e Subtropical nos contrafortes da Serra do Mar, da Floresta Psamófi la, representada por fl oresta de restinga e pela fl oresta higrófi la de restinga. Além dessas duas formações fl orísticas, encontram-se também manguezais, como o vermelho (Rhizophora mangle) e o manso (Laguncularia racemosa), vegetação de praias (gramíneas Sporobolus viginicus, Panucum racemosa, ciperáceas Remirea ma- ritima) e dunas. Vegetação psamófi la (psamos=areia + philo=amigo) é aquela que se desenvolve em terrenos constituídos por areia, como dunas e restingas. Como exemplo, temos a espécie Ipomoea pes-caprae, que é muito comum na região litorânea (Citação nossa). Aspectos geológicos A planície litorânea mostra-se constituída por uma sedimentação arenosa recente, cuja origem pode ser marinha e eólica (sedimentos das restingas) e depósitos fl uviais, lagunares e coluviais. Alguns núcleos rochosos maiselevados, formados por rochas cristalinas (granitos, gnaisses), salientam-se na planura da região, assim como algumas ilhas que representam esses núcleos submersos. A divisão política e os recursos econômicos A região litorânea conta com sete municípios, os quais desenvolvem a vocação turística como a sua principal fonte de recursos. Com exceção de Morretes, os demais fi cam na orla marítima, explorando o turismo com mais intensidade na época de vera- neio. Aliás, Paranaguá, Antonina e Morretes são três centros urbanos que abrigam os polos de colonização mais antigos e importantes do litoral paranaense. Morretes, próximo da vertente oriental da Serra do Mar, foi fundado em 1721. Tem na comida típica, o barreado, na produção de cachaça artesanal (de banana) e doces e no artesanato variado, propriamente dito, suas principais fontes de recursos. Registremos que Morretes é um município litorâneo bastante distanciado do mar. A região litorânea 28 GEOGRAFIA DO PARANÁ Vista parcial de Morretes, PR. Paranaguá, importante porto brasileiro, movimenta milhões de toneladas de produtos os mais diversifi cados, que chegam ou embarcam nos navios que aí atracam diariamente. A história do Paraná está ligada diretamente à história dessa cidade. Aí encontramos vários museus, igrejas, com ênfase para a igreja de Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Estado do Paraná. Vista parcial de Paranaguá. Em primeiro plano o cais do porto. Fonte: WIKIPEDIA. 29 Antonina, cujo nome é uma homenagem a Dom Antônio, fi lho de Dom João VI e Dona Carlota Joaquina, apresenta uma importante linha arquitetônica em seu setor histórico, como também relevante é o seu porto, que possui um sistema especial de atracação de navios devido a pouca profundidade de suas águas. Vista parcial de Antonina, PR. Guaraqueçaba, município cujo perfi l liga-se ao ecoturismo, possui a Reserva Na- tural do Salto Morato, parte integrante da Mata Atlântica, onde se encontra a queda d’água, do mesmo nome, com 80 metros de altura. Um emaranhado de ilhas, mangues e canais compõe a paisagem dessa localidade. Fonte: site da Prefeitura Municipal de Guaraqueçaba. A região litorânea 30 GEOGRAFIA DO PARANÁ Pontal do Paraná é o município mais novo da região. Possui 22 km de praias, comportando 48 balneários. Aí existe o embarcadouro que leva os turistas até a Ilha do Mel. Vista parcial de Pontal do Paraná, PR. Guaratuba, município que desenvolve a atividade de turismo em temporada de veraneio, possui uma bela e extensa praia. A ligação com Curitiba é feita por meio de ferry-boat que percorre a embocadura da baía de Guaratuba partindo de Caiobá ou através de Garuva, no Estado de Santa Catarina. Guaratuba, PR. Matinhos, a mais tradicional praia do litoral do Paraná, também tem seu perfi l voltado para as épocas de veraneio, quando é procurada por turistas de diversas partes do Brasil. 31 Matinhos, PR. A Ilha do Mel Dentre as diversas ilhas que existem na orla marítima paranaense, uma possui des- taque especial: é a ilha do Mel. Com uma área total de 2.762 hectares, está situada em frente à baía de Paranaguá, se constituindo no portal de entrada para quem chega pelo mar. Mais de 90% de sua área total é considerada área de preservação ambiental. A ilha já esteve sob a possibilidade de ser dividida em duas partes pela ação do mar, porém esse mesmo mar agiu de forma construtora e recompôs a parte afetada, depositando sedimentos arenosos e mantendo a ligação. Como cartão de visita da porção de Floresta Atlântica mais preservada do país, a ilha do Mel possui inúmeros atrativos turísticos, como os povoados de Encantadas e Brasília, o morro da Galheta, a Gruta das Encantadas, o morro da Baleia etc., destacando-se, também, a Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, que foi construída no período de 1767 a 1769 com a fi nalidade de defender as terras de Portugal contra o ataque dos espanhóis. Na extremidade sul da ilha, entre esta e o balneário de Pontal do Paraná, fi ca o canal da Galheta, que permite o acesso dos navios até o porto de Paranaguá. A região litorânea 32 GEOGRAFIA DO PARANÁ Canal do Varadouro Criado artifi cialmente em 1952, o canal do Varadouro fez surgir a ilha de Supera- güi, que até então era uma porção de terra unida ao continente. A abertura do canal permitiu a ligação entre os Estados de Paraná e São Paulo, possibilitando o transporte de cargas e passageiros em águas tranquilas, evitando a perigosa navegação para a época em mar aberto. O canal do Varadouro, que no Estado do Paraná se integra ao Parque Nacional do Superagüi, foi criado em 1989, e liga Guaraqueçaba (PR) à Ilha do Cardoso (SP). 33 A região litorânea Anotações 34 GEOGRAFIA DO PARANÁ Anotações 35 A Serra do Mar No lado oriental do Estado do Paraná destaca-se a Serra do Mar, importante formação montanhosa que compõe um relevo escarpado separando duas unidades geomorfológicas defi nidas no território paranaense: de um lado, a Planície Litorânea, e de outro, o Primeiro Planalto. A Serra do Mar, no Estado do Paraná, estende-se desde a fronteira norte com o Estado de São Paulo até os limites com Santa Catarina, na porção sul. Trata-se de uma escarpa bem defi nida, abrupta no lado leste, com blocos marginais ora paralelos ora perpendiculares, determinando a presença de serras. Na porção oeste, possui um desnível suave, ligando-a ao Planalto de Curitiba ou Primeiro Planalto Paranaense. As informações seguintes sobre a orografi a, fl ora e fauna são baseadas em Bigarella (1978). Aspectos orográficos As altitudes bastante evidenciadas nesse setor podem atingir quase 2.000 metros com blocos isolados, caracterizando a presença de serras. De norte para o sul, as prin- cipais serras, com denominações próprias, são as seguintes: Serra do Capivari Grande; da Virgem Maria; Ibitiraquira, que mostra as maiores altitudes, na qual encontra-se o principal pico paranaense, que é o Pico Paraná com 1.992 metros, também o Pico Caratuba, com 1.898 metros e o Agulha de Cotia, com 1.503 metros. Além dessas serras, há a Serra da Graciosa, que possui interesse ecoturístico com as históricas estradas de ferro e de rodagem que a transpõem bem como com o caminho de pedras construído na época colonial para ligar o Primeiro Planalto à região litorânea; Serra da Farinha Seca; Serra do Marumbi, com o pico de mesmo nome (1.547 metros) e o Morro do Leão, com 1.564 metros. É interessante notar que essas serras desenvolvem-se paralelamente à linha de costa, enquanto que mais para o sul há o ramal da Serra da Igreja, que se projeta no sentido leste/oeste seguindo-se a Serra dos Castelhanos, a Serra de Araçatuba, a Serra do Iqueririm, onde se encontra o Morro do Fundão, com 1.450 metros de altitude. 3 36 GEOGRAFIA DO PARANÁ Vista da Serra do Mar, PR. A flora e a fauna A Serra do Mar é revestida pela mata pluvial e subtropical, com árvores de 25 a 30 metros de altura ocupando suas encostas, e na faixa entre 1.150 metros até 1.350 metros encontra-se uma vegetação resultante da presença quase constante da neblina formada por arbustos raquíticos cobertos por epífi tas, bromélias, musgos, pteridófi tas e orquídeas. A partir dos 1.350 metros, é substituída por campos limpos, com arbustos isolados de compostas. A fauna presente é heterogênea, caracterizada por formas arborícolas e terrícolas, além de muitas aves. Todavia, dada a pequena extensão da Serra do Mar em território paranaense, não existem espécies que lhe sejam particulares. 37 Vegetação da Serra do Mar, PR. Epífi tas são vegetais que vivem sobre outros sem retirar nutrimento, apenas usando-os como apoio. Bromélias são vegetais da família das monocotiledôneas cujo representante mais importante é o abacaxi. Musgos são vegetais minutos providos de caule e folhas pertencente ao grupo das briófi tas. Pteridófi tos é a denominação de um grupo de plantas sem flores que se reproduz por meio de esporângios. O clima na região Como um marco divisório entre a região litorânea e o Primeiro Planalto Para- naense, a Serra do Mar funciona como uma barreira bloqueando as massas de ar provenientes do sul, sudeste e leste. Esse fato ocasiona um índice bastante elevado de precipitações anuais, cujas chuvas atingem entre 3.000 a 4.000 mm, as quais se concentram nos meses de janeiro a março. Como a altitude tem infl uência na tempe- ratura, observam-se, no sopé da serra, temperaturas mais elevadas que gradativamen- te vão descendo, à medida que se caminha para o topo. Na classifi cação de Köeppen, o clima é do tipo Cf. Clima tipo C é aquele cuja média do mês mais frio fi ca abaixo de 18oC, enquanto o f signifi ca sem estação seca de acordo com a classifi cação de Köeppen. A Serra do Mar 38 GEOGRAFIA DO PARANÁ A Serra do Mar A Serra do Mar, sem dúvida alguma, é um atrativo turístico por natureza. A impo- nência dos picos que a compõem expressa no horizonte as linhas gerais de um quadro digno dos maiores pintores. A mão do homem incluiu nesse cenário duas grandiosas obras que se transformaram em cartões postais dessa região: 1. A Estrada da Graciosa (PR 410), importante rodovia, que com suas sinuosida- des durante muito tempo foi a via de escoamento das riquezas destinadas ao porto de Paranaguá. Hoje, devido à existência de outra rodovia com traçado mais retilíneo, passou a ser explorada turisticamente em razão dos fatores liga- dos ao percurso, como a existência de curvas extremamente fechadas, inúme- ras quedas d’água às margens da rodovia, grandes precipícios, uma vegetação exuberante, rios encachoeirados, enfi m, diversas atrações que colocam a Estra- da da Graciosa nos grandes roteiros de viagens. 2. A Estrada de Ferro, marco da inteligência e perseverança de dois engenheiros brasileiros – Antonio Rebouças e Fernandes Pinheiro – que se propuseram a construir uma ferrovia que os mais afamados construtores de vias férreas do mundo achavam impossível de ser construída. A Estrada de Ferro da Graciosa vai de Curitiba a Paranaguá, percorrendo cerca de 70 km de serra, onde túneis, pontes, viadutos se intercalam em um trajeto em que as belezas naturais se apresentam como personagens de um maravilhoso conto de fadas. A ferrovia é explorada pela empresa Serra Verde Express, concessionária autorizada que desenvolveu trabalhos de restauração nas estações situadas em todo o percur- so e coloca trens turísticos para atender às pessoas que querem ver de perto essa portentosa ferrovia. 39 Estrada de Ferro da Graciosa no conjunto da Serra do Mar, PR. Fonte: MBP/DCU/PEC/UEM. A Serra do Mar 40 GEOGRAFIA DO PARANÁ Estrada de Ferro da Graciosa no conjunto da Serra do Mar, PR . Fonte: MBP/DCU/PEC/UEM. A Serra do Mar, no contexto brasileiro, se estende desde Florianópolis (SC) até o Rio de Janeiro (RJ). No Estado do Paraná localiza-se bem próxima do oceano, fazendo com que essa região seja bastante acidentada. Esse fator prejudicou a construção da BR-101, determinando o afastamento dessa rodovia para o interior a partir do norte de Santa Catarina e o retorno à orla litorânea nas proximidades de Registro já no Estado de São Paulo. Anotações 41 O Primeiro Planalto Paranaense OCUPAÇÃO HUMANA Os primeiros imigrantes que aportaram às regiões do Primeiro Planalto Paranaense foram os alemães, que se fi xaram em Curitiba e Castro no ano de 1829. Introduziram novas técnicas agrícolas, mas dedicaram-se principalmente a profi ssões urbanas no comércio e na indústria. Seguiram-se os franceses, os quais haviam se estabelecido em colônias no sul do Brasil e vieram para Curitiba trazendo numerosos costumes característicos de sua terra natal, como vistosas roupas, novos instrumentos musicais, comidas típicas, técnicas agrícolas artes etc. Mais tarde, vieram os italianos, que no período de 1875 a 1878 localizaram-se em Curitiba, Colombo e São José dos Pinhais, onde se dedicaram ao plantio de uva com a consequente fabricação de vinhos. Investi- ram também nos transportes e na montagem de indústrias, cuja tecnologia conheciam desde sua terra de origem. Por essa época, ano de 1871, começam a chegar a Curitiba imigrantes poloneses, que vindos de Santa Catarina, originaram as colônias de Pilarzi- nho e Abrantes e um pouco mais tarde a colônia de Araucária, onde, difundido o uso da carroça, dedicaram-se à agricultura e à pecuária, no campo, no comércio e na área urbana. Fruto de uma imigração planejada, salientamos a vinda dos holandeses, que a partir de 1948 começaram a desenvolver atividades na agricultura e na criação de gado. Duas das maiores colônias holandesas no Brasil encontram-se nos municípios de Castro e Carambeí, onde a atividade leiteira é preponderante. Fundamentos geológicos e geomorfológicos Também conhecido por Planalto de Curitiba, ocupa uma superfície limitada a leste pela escarpa da Serra do Mar e a oeste pela “Serrinha”, com uma latitude variando entre 850 a 950 metros. Na porção sul, sua largura chega aproximadamente a 50 quilômetros, penetrando no Estado de Santa Catarina, onde ocupa todo o município de Campo Alegre e uma pequena parte do município de São Bento do Sul, enquanto que na parte norte, na fronteira com São Paulo, possui uma largura próxima de 150 quilômetros. É interessante observar que o relevo do Primeiro Planalto Paranaense acha-se 4 42 GEOGRAFIA DO PARANÁ intimamente ligado a sua formação geológica, isto é, na parte sul e leste, constituído por gnaisses e rochas cristalinas, o relevo é ondulado, em forma de meias laranjas. Ao norte, na região do Alto Ribeira do Iguape, a diversidade litológica, determinada pela presença de fi litos, quartzitos, dolomitos, micaxistos, calcários, talco, granitos etc. é identifi cada por um relevo movimentado, abrupto, com cristas orientadas no sentido N/E e S/O. Por aí, apesar das altitudes serem superiores a 1.100 metros, existem largas planícies aluviais onde correm os altos cursos de rios como o Iapó, Pitangui, Jaguariaiva e aqueles pertencentes a essas bacias hidrográfi cas. Como é a hidrografia? Basicamente, duas bacias hidrográfi cas caracterizam esse planalto e dividem a porção norte da porção sul. São os rios Iguaçu e Ribeira. O primeiro envolve a mais extensa de todas as bacias hidrográfi cas paranaenses, nascendo na região metropolitana de Curitiba e desaguando no rio Paraná, enquanto que o rio Ribeira nasce em território paranaense, mas desemboca em terras paulistas. Outro rio de importância signifi cativa e que tem suas nascentes nessa área é o rio Iapó que banha a cidade de Castro e pouco adiante forma o canyon do Guartelá. E o clima, como se apresenta? Considerando a classifi cação de Köeppen, tem-se, para a região, os tipos climá- ticos Cfa e, predominantemente, o Cfb. De um modo geral, esse planalto apresenta 43 temperaturas médias anuais mais baixas, entre 16o C e 18o C. Curitiba situa-se como uma das mais frias cidades paranaenses, e por assim dizer, também da Região Sul. A amplitude térmica verifi cada ao longo dos anos estabelece valores mínimos em 8o C negativos e máximos em 36o C positivos, sendo comum a ocorrência de geadas nos dias mais frios. Na área de transição para o Segundo Planalto, a escarpa da “Serrinha” funciona como um bloqueio orográfi co, determinando para essa área um índice pluviométrico muito maior do que aquele que possui o restante do primeiro planalto. As chuvas apresentam uma concentração maior nos meses de verão, isto é, de janeiro a março. De acordo com Köeppen: C: climas temperados chuvosos e moderadamente quentes; f: nenhuma estação seca, úmido o ano todo; a: verão quente, o mês mais quente tem temperatura média maior do que 22oC; b: verão moderadamente quente, o mês mais quente tem temperatura média inferior do que 22o. C. Como é a vegetação? As características pedológicas que seintegram à área do Primeiro Planalto Paranaense determinam a presença de três grandes grupos de solos, quais sejam: Argissolo Vermelho-Amarelo, Latossolo e Cambissolo. Com exceção da porção ligada às nascentes do rio Ribeira, portanto, norte do Primeiro Planalto, onde se encontram vestígios da mata nativa, as demais áreas mostram a interferência do homem. Assim, restaram pequenas manchas da vegetação original, como matas de Araucária, campos limpos e campos cerrados. Na associação das araucárias, além do pinheiro paranaense (Araucaria angustifolia), são encontrados Podocarpus sp, Ilex sp, Cedrela sp, representantes de cicadáceas, lauráceas, anacardeáceas, bignoniáceas e outras famílias com menor representatividade, mas compondo o perfi l fi toecológico da região. O Primeiro Planalto Paranaense 44 GEOGRAFIA DO PARANÁ Ocorrência de Pinheiro do Paraná na região dos Campos Gerais, PR. A ação antrópica está bastante evidenciada na porção em que a presença de mineradoras de talco contribuiu para a abertura de grandes clareiras na mata nativa, fato mais evidenciado pelo surgimento de extensas matas artifi ciais formadas por Pinus sp e exploradas por grandes conglomerados madeireiros. O Primeiro Planalto Paranaense e os recursos naturais Os municípios de Cerro Azul e Adrianópolis foram os principais produtores de chumbo do Brasil. Em Adrianópolis, durante algum tempo houve a exploração desse minério por uma companhia multinacional. No processo de obtenção do chumbo a partir da galena, surgia como um componente secundário a prata. Mesmo que com quantidades pouco expressivas, esse fato colocava o Paraná como o único produtor desse mineral (prata) no país. É de se ressaltar que o abandono dessa atividade exploratória, a qual era feita sem os devidos cuidados para evitar a poluição de grande risco, motivada por resíduos plúmbeos, deixou a população local frente a graves problemas de contaminação. Nessa mesma área, ou seja, nos municípios de Cerro Azul e Adrianópolis, são encontradas jazidas de fl uorita, principal minério de fl úor usado como fundente na indústria do aço e do alumínio. Na região compreendida por Abapã (distrito do município de Castro) e Itaiacoca (distrito do município de Ponta Grossa), diversas mineradoras exploram o talco e o 45 calcário dolomítico, inclusive o município de Castro tem papel preponderante na produção de calcário, muito usado como corretivo de solos. Nos contrafortes da Serra São Luiz do Purunã, município de Campo Largo, existe a exploração do calcário, mas sua ênfase está na presença de jazidas de caulim, usado na indústria de cerâmica de louças, fazendo com que seu parque industrial, apoiado nesse ramo, tenha projeção nacional. Também é de se registrar, em Campo Largo, a exploração desde longa data de água mineral, inicialmente endereçada à indústria farmacêutica e mais tarde com a difusão, junto à população, para o uso potável em geral. Os municípios de Almirante Tamandaré, Rio Branco do Sul, Bocaiúva do Sul e Cerro Azul também são produtores de areias quartzosas a partir da ocorrência de quartzito, as quais são usadas na industrialização de louças e porcelana. E a economia, como é? Curitiba, a capital paranaense, monopoliza as atenções, pois além de centralizar o setor público estadual em função da demasiada concentração econômica e populacio- nal, transformou-se no núcleo de uma região metropolitana. Outro fator signifi cativo é a posição geográfi ca de Curitiba, situada a poucos quilômetros do porto de Paranaguá e que, consequentemente, é passagem para aqueles que demandam a essa localidade. Vista parcial de Curitiba, PR. A área de infl uência da capital paranaense abrangia todo o Estado do Paraná – ex- ceção feita à região norte que estava mais ligada a São Paulo – e quase todo o Estado de Santa Catarina. A partir da década de 1970, sobretudo dada a presença da Rodovia O Primeiro Planalto Paranaense 46 GEOGRAFIA DO PARANÁ do Café ligando o Norte ao Sul, Curitiba tem a sua área de abrangência ampliada, envolvendo todo o Estado do Paraná. É importante salientar o fato de que essa cidade é centro da ligação entre a região Sudeste e a região Sul. As cidades situadas nas suas imediações, em torno de vinte municípios, formam a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) e têm na indústria pesada e de transformação suas principais fontes de renda. A indústria automotiva foi introduzida no Estado do Paraná, estabelecendo-se em cida- des como Pinhais, Piraquara, São José dos Pinhais, Campo Largo, todas integrantes da RMC. Como já citamos anteriormente, Campo Largo possui longa tradição na feitura de peças de louça, o que a coloca em evidência no cenário paranaense. Devido à ocorrência de recursos minerais de utilidade para a vida humana nas áreas do Primeiro Planalto Paranaense, os municípios aí localizados exploram comercialmente esse potencial. A petroquímica localiza-se no município de Araucária, onde se destaca a Refi naria Presidente Getúlio Vargas (Repar). A Repar, uma unidade da Petrobrás, acha-se localizada no km 16 da Rodovia do Xisto, em Araucária, município integrante da Região Metropolitana de Curitiba. Essa refi naria começou a ser construída em 1973, entrando em operação no dia 27 de maio de 1977. Hoje, é responsável por cerca de 12% da produção nacional de derivados de petróleo. Abastece os estados do Paraná, de Santa Catarina e de Mato Grosso do Sul, além do sul de São Paulo. Os aspectos turísticos O Primeiro Planalto Paranaense possui uma vocação turística bastante grande. Mesmo possuindo uma pequena área, esta é riquíssima em feições voltadas a essa indústria sem chaminés. Seu relevo bastante movimentado expõe belíssimas paisagens em toda a sua plenitude. O substrato geológico calcífero condiciona em alguns pontos a existência de cavernas; os riachos e ribeirões, com águas transparentes próximas as suas nascentes, apresentam inúmeras quedas ao longo de seus cursos; enfi m, um enorme potencial para o turismo é característica primordial desse planalto. 47 Segundo Planalto Paranaense FUNDAMENTOS GEOLÓGICOS E GEOMORFOLÓGICOS Na parte central do Estado do Paraná, estende-se, de norte a sul, um planalto com cerca de 150 quilômetros de largura. Possui uma forma côncava, com uma proeminência (vértice) na região de Faxinal. Esse planalto tem uma declividade suave orientada para oeste. Na sua borda oriental, no limite com a Serrinha – degrau para o Primeiro Planalto – as altitudes variam de 1.100 a 1.200 metros, enquanto que na extremidade oeste, base da escarpa do Terceiro Planalto Paranaense, fi ca entre 500 e 750 metros. As rochas que compõem seu substrato correspondem às camadas rochosas de idade paleozóica pertencentes à Bacia Sedimentar do Paraná. São arenitos, folhelhos argilosos, siltitos, conglomerados, carvão mineral, xisto betuminoso, e outras. De leste para oeste, passam-se, gradativamente, das rochas mais antigas de idade devoniana para as mais novas, relativas ao Período Permiano. Salientamos que o mergulho regional dessas camadas (30o) é mais intenso do que o declive geral do terreno. Riacho encachoeirado correndo sobre o arenito. O relevo, como consequência da litologia, é suave, com outeiros ondulados na porção leste passando para acidentado à medida que se chega ao limite com o Terceiro Planalto. Tudo isto em função dos inúmeros sils e diques de diabásio que cortam essas camadas rochosas, com uma orientação SE/NE. 5 48 GEOGRAFIA DO PARANÁ As intrusões magmáticas que ocorrem no interior da crosta terrestre (litosfera) po- dem se manifestar como formas concordantes (cuja deposição “concorda” com a rocha encaixante, isto é, se a rocha encaixante está disposta na horizontal, a in- trusão também fi ca horizontalizada) e discordantes (caso contrário, ou seja, se a rocha encaixante está disposta na horizontal, a intrusão se dispõe verticalmente). No primeirocaso temos: sil, lacólito, lopólito e facólito. No segundo temos: dique, apófi se, néck e batólito(Citação nossa). E a hidrografia, como se comporta? Os rios que correm no Segundo Planalto Paranaense pertencem à bacia do rio Paraná. Alguns, como o caso do rio Itararé e do rio Iguaçu, se incluem na classe dos consequentes. A maioria dos rios, porém, corre na direção Leste/Oeste, particularmente onde o terreno é atravessado por numerosos diques paralelos, com orientação SE/NO. Para passarem do Primeiro para o Segundo Planalto Paranaense, rios como o Itararé, o Iapó e o Iguaçu penetram no paredão da escarpa através de imensos boqueirões que se prolongam por meio de canyons que cortam sedimentos paleozóicos. Fato semelhante pode ser observado com aqueles que passam também através de boqueirões do Segundo para o Terceiro Planalto, como é o caso do rio Ivaí, que passa de um planalto para outro em uma cota de 410 metros, do Iguaçu, do Tibagi e do Laranjinha. No Segundo e Terceiro planaltos paranaenses, as camadas rochosas que compõem o seu substrato apresentam um mergulho para oeste. Coincidentemente, relevo também obdece essa orientação. Assim, o rio Ivaí, que corre das imediações da Serra Geral (leste) em direção ao rio Paraná (oeste), segue a direção da inclinação do relevo. Por isso, ele é classifi cado como um rio consequente. Alguns rios têm características especiais, motivadas pelo substrato rochoso. Aque- les que pertencem à bacia do rio Tibagi e estão próximos de suas nascentes formam la- jeados em virtude da presença da Formação Furnas, que é a rocha afl orante. O próprio rio Tibagi determina a existência de pequenos canyons na região adjacente ao Parque Estadual de Vila Velha, onde nasce. Já na área ocupada pela Formação Ponta Grossa – folhelhos argilosos, siltitos e argilitos –, esse rio se torna mais largo e menos profundo. Diques de diabásio são cortados transversalmente pelo Tibagi, originando cachoeiras ou trechos com corredeiras. Como exemplo, na cidade de Tibagi há um percurso utilizado para competições de canoagem, com aval internacional. 49 O rio Ivaí, formado após a junção do rio São João com o rio dos Patos, drena uma região bastante importante sob o ponto de vista econômico, inclusive existe projeto para aproveitar sua vocação hidroviária. Na região de Prudentópolis existem muitas quedas d’água pouco exploradas para o turismo até o momento, como é o caso dos saltos: São Francisco, com 187 metros de altura; Barra Grande, com 150 metros de altura; São João, com 84 metros de altura; Barão do Rio Branco, com 64 metros de altura. O clima Na classifi cação de Köeppen, predomina nesse compartimento geomorfológico o tipo Cf. C = a média do mês mais frio é inferior a 18oC f = sem estação seca defi nida O índice anual de precipitação gira em torno de 1.200 mm, e os índices mais elevados encontram-se nas regiões das serras e escarpas, locais onde se verifi cam chuvas orográfi cas. A precipitação ocorre com distribuição entre 120 e 130 dias de chuvas no ano, com ênfase ao período de verão nos meses de dezembro e janeiro. A média da temperatura oscila entre 16o C e 28O C, em parte devido às condições locais. Por outro lado, a média das máximas que ocorrem em dezembro passa para 26o C até 28o C, contrastando com o mês de julho, em que esses valores caem para 8o C a 10o C. Os valores absolutos para o Segundo Planalto Paranaense podem atingir 38o C nos meses de verão, e em função das frentes frias que avançam dos polos, podem-se ter temperaturas de 4o C negativos nas áreas serranas. E os solos, como se apresentam? Excetuando-se as regiões serranas, de um modo geral, toda a área do Segundo Planalto Paranaense é agricultável, no entanto, em razão do clima que determina a predominância do intemperismo químico, os solos não apresentam grande fertilidade. Na área de ocorrência de rochas sedimentares pertencentes à Bacia Sedimentar do Paraná, os solos são menos férteis, ácidos e com espessuras variadas, predominando os Cambissolos associados com litólicos nos locais de maior declividade, e em outras áreas, algumas associações de argissolos e latossolos. Segundo Planalto Paranaense 50 GEOGRAFIA DO PARANÁ Cambissolos são solos constituídos por material mineral com horizonte B insi- piente sempre embaixo de qualquer tipo de horizonte superfi cial exceto alguns casos particularizados (Citação nossa). Aspecto de uma plantação de soja ocupando o solo em região dos campos gerais no Segundo Planalto Paranaense. Recursos Naturais Essa unidade geomorfológica é detentora das jazidas de carvão mineral que ocor- rem no chamado “Norte Velho”, mais precisamente nos municípios de Lizímaco Cos- ta, Sapopema, Figueira, e nesse último a Companhia de Eletricidade do Paraná (Co- pel) possui uma usina de geração de energia elétrica movida a carvão mineral, a Usina Termoelétrica de Figueira (UTELFA). Também ressaltamos a presença do xisto betuminoso nas camadas da Formação Irati, cujo refi no é desenvolvido em São Mateus do Sul através da Superintendência de Industrialização do Xisto (SIX), unidade da Petrobrás que, a partir de 1972, iniciou o desenvolvimento de uma tecnologia adaptada às condições da rocha existente e que, hoje, processa inteiramente a rocha, obtendo o produto fi nal, que é o óleo de xisto. 51 Vista parcial da jazida de xisto betuminoso em São Mateus do Sul, PR. O que é o xisto betuminoso? O termo “xisto betuminoso” é incorreto, porém, seu uso constante o integrou ao vocabulário popular. Por xisto entende-se uma rocha metamórfi ca cujos diferentes minerais acham-se dispostos em camadas. Betume é o composto orgânico rico em hidrocarbonetos e que é encontrado na natureza nos estados líquido, sólido e gasoso. Como a rocha portadora é uma rocha sedimentar, o termo “xisto” é inadequado, e como o processo para a retirada do betume é através do aquecimento, o correto seria a designação folhelho argiloso pirobetuminoso (Citação nossa). O Segundo Planalto Paranaense, durante a década de 1950, foi objeto de garimpa- gem, quando, ao longo do leito do rio Tibagi, era intensifi cada a procura de diamante, talvez vinculada aos seixos provenientes da Formação Rio do Sul, cuja área fonte eram os granitos pórfi ros existentes na região de Castro relacionados com o vulcanismo, que foi a gênese do kimberlito, hospedeiro dos diamantes na África do Sul. Outros recursos naturais dessa área correspondem aos depósitos de argila, areia e a ocorrência de água mineral, os quais são explorados em toda a sua extensão. O povoamento Os primeiros europeus a chegar aos campos gerais, por volta de 1820, foram os alemães, que se radicaram na região de Entre Rios, Palmeira e Ponta Grossa. Em 1847, alguns franceses fundaram a Colônia Teresa Cristina às margens do rio Ivaí, próximo a Prudentópolis. A partir de 1871, grandes levas de poloneses ocuparam as áreas de Segundo Planalto Paranaense 52 GEOGRAFIA DO PARANÁ Mallet, Irati, onde fundaram colônias e, posteriormente, se espalharam por Palmeira, Ponta Grossa, Reserva, Ortigueira, Pitanga, Cândido de Abreu, cidades que possuem traços marcantes da cultura desse povo. Também devemos fazer referência aos imi- grantes ucranianos que contribuíram para a colonização das regiões de Prudentó- polis, Mallet, União da Vitória e Lapa e que aqui chegaram atraídos pelas ofertas de trabalho na agricultura. Prudentópolis destaca-se no cenário paranaense por manter as tradições ucranianas mediante suas inúmeras igrejas, os pratos típicos, as danças, os conjuntos folclóricos e por preservar a riqueza das pêssankas. Na tradição ucraniana, observamos uma manifestação artesanal excepcional, que é a confecção das pêssankas ou a arte de colorir ovo pascal. São ovos naturais pintados a mão, cuja origem remonta a 3.000 anos a.C., e em sua origem, tinham a fi nalidade de homenagear o Deus Sol, agradecendo a chegadada primavera – lembremos de que no hemisfério norte a primavera começa em março, coincidindo com nosso outono. Outros elementos da natureza também os recebiam como oferendas, fato que os colocavam como integrantes de ritos pagãos. Por volta de 988 d.C., esses ovos foram adotados como símbolos cristãos. Assim, os ucranianos faziam as pêssankas na última semana da Quaresma para levá-las à igreja no Domingo de Páscoa para serem abençoadas. Hoje, os ovos são considerados talismãs e são oferecidos como prova de amizade, materializando as boas intenções para aqueles que as recebem. Aquelas etnias que não possuem uma área geográfi ca defi nida também estão representadas integrando a gente que povoou o Segundo Planalto Paranaense, como é o caso dos sírio-libaneses, ingleses e holandeses, que devido à proximidade com Carambeí, local da colônia original, estabeleceram-se no comércio em Ponta Grossa. Arquitetura própria de países do leste europeu nessa residência de Ponta Grossa. 53 Como é o turismo? Muito privilegiado é o Segundo Planalto Paranaense quando o assunto é o turismo. Podemos iniciar pelas belezas naturais da região abrangida pelo arenito furnas com seus canyons (Guartelá no município de Tibagi), rios do tipo lajeado (rio das Pombas e rio dos Papagaios na BR-376), dolinas (furnas no Parque Estadual de Vila Velha, Buraco do Padre, com acesso pela PR-513), rios com sumidouro (rio Itararé, rio Quebra-Perna), quedas d’água (cachoeira da Mariquinha com acesso pela PR-513); nos diabásios que cortam os folhelhos da Formação Ponta Grossa com suas quedas (Telêmaco Borba), suas corredeiras (Tibagi); nas 42 quedas que ocorrem no município de Prudentópolis; no turismo histórico, particularmente na cidade da Lapa, em Tibagi; o Parque Estadual de Vila Velha, no município de Ponta Grossa; enfi m, os campos gerais proporcionam uma beleza indescritível em seu conjunto, que tanto entusiasmaram M. Auguste Saint- Hilaire, famoso geógrafo francês que visitou a região em 1820, cujo relatório científi co contendo notáveis descrições da paisagem dos campos gerais foi publicado em 1851. O canyon do Guartelá Esse canyon é formado pelo rio Iapó, que transpõe os contrafortes da “serrinha”, passando do Primeiro para o Segundo Planalto Paranaense. Dista 18 km da cidade de Tibagi e apresenta uma extensão de 32 km, com uma profundidade média de 300 me- tros. Protegido por leis ambientalistas, faz parte do Parque Estadual do Guartelá, que possui inúmeras cachoeiras, corredeiras, blocos areníticos com inscrições rupestres, uma vegetação primitiva composta em parte por campos limpos, cerrados e matas galerias. Da sede do parque, junto à PR-340, até a foz do rio Iapó, desembocando no rio Tibagi, há aproximadamente 10 km de distância. Segundo a tradição local, o nome Guartelá vem da época da colonização, quando, na eminência de um ataque de índios, um fazendeiro enviou uma mensagem a seu vizinho, distante, nos seguintes termos: Guarda-te-lá que cá bem fi co! Segundo Planalto Paranaense 54 GEOGRAFIA DO PARANÁ Vista parcial do canyon do Guartelá - Tibagi, PR. Parque Estadual de Vila Velha O Parque Estadual de Vila Velha resultou de uma desapropriação da área feita pelo Governo do Estado do Paraná através da Lei no. 63, de 4 de setembro de 1942. Mais recentemente, isto é, em 14 de outubro de 1977, a Lei no. 6937 autorizou a empresa Paranaense de Turismo (Paranatur) como responsável pela administração de uma pe- quena parte onde estão situados os esplêndidos monumentos naturais: os arenitos de Vila Velha, as Furnas e a Lagoa Dourada. O acesso para visitação é pago na entrada do parque. A Vila Velha Localizada a 22 km do centro de Ponta Grossa, na BR-376, sentido para Curitiba, faz parte do conjunto do parque como formações rochosas areníticas com algumas fi guras esculpidas pela erosão como o camelo, o índio, o navio e a mais famosa de todas, a taça. O arenito é a litologia que consolida a Formação Campo do Tenente, de origem fl úvio- glacial. Isto signifi ca que a área, durante a última fase do Período Carbonífero, esteve coberta por gelo, o qual, em virtude de degelos ocasionais, provocava a presença de cur- sos de água que depositavam sedimentos em pequenas bacias de deposição originando, pela ação de seleção do material, extensos blocos arenosos. Com a consequente ação da erosão superfi cial, esse bloco foi recortado, originando as formas que hoje são vistas. Diz a lenda que esse recanto havia sido escolhido pelos primitivos habitan- tes para ser o local onde esconderiam um tesouro. Com a proteção de Tupã, era 55 cuidado pelos varões especialmente escolhidos entre os homens das diversas tribos que tinham direito sobre o tal tesouro. Se esse tesouro fosse perdido, Tupã lançaria as maiores desgraças sobre o povo responsável. Em certa ocasião, um guerreiro, treinado desde sua infância para essa missão, estava na eminência de chefi ar o grupo que se revezava na guarda do tesouro. Um dos requisitos era o celibato e esse indígena, no entanto, não admitia essa condição, era um cunharapixara – mulherengo. Uma tribo rival, sabendo da situação que ocorria naquele momento, escolheu uma de suas mais lindas jovens e a incumbiu de conseguir a atenção do chefe da guarda do tesouro. Não foi difícil a sua missão. O indígena fi cou apaixonado por ela. Acontece que a índia também se apaixonou pelo índio. Ela já havia entrado no lugar do tesouro, e em uma tarde em que os ipês já fl orescidos deixavam cair suas folhas, a índia trouxe uma taça de licor de butiás para embebedá-lo, mas ela também bebeu. Tupã fez valer sua fúria. Um terremoto abalou toda a planície, trazendo morte e dor. O local do tesouro transformou-se em rocha, o ouro derreteu, os dois amantes foram castigados, sendo petrifi cados. Ao seu lado fi cou a causa de sua desgraça: a taça de pedra. Assim surgiu Itacueretaba = a cidade extinta de pedra. A terra se fendeu, originando as grutas e furnas que se encontram nas proxi- midades da Vila Velha. O ouro derretido fl uiu pela superfície como um córrego e originou a lagoa, hoje conhecida por Lagoa Dourada. Ao entardecer, os raios do sol, batendo na superfície da água, refl etem o brilho aurífero. Os sobreviventes partiram para outras regiões, deixando, atrás de si, as marcas petrifi cadas da grande traição. Vista parcial de arenitos da Vila Velha - Ponta Grossa, PR. Segundo Planalto Paranaense 56 GEOGRAFIA DO PARANÁ As Furnas As Furnas são depressões semelhantes a crateras, com formato circular levemente ovalado, com paredes íngremes, nuas, que ocorrem no arenito Furnas, de idade devoniana, tendo por causa os desabamentos. No Parque Estadual de Vila Velha mostram a presença de água em seu interior, com profundidades variáveis. A Furna no. 1, com diâmetro de 80 metros, tem 107 metros de profundidade, sendo 53 metros constituídos por água. O acesso até a superfície da água é feito por um elevador panorâmico. A Furna no. 2, com um diâmetro irregular, tem 110 metros, sendo 56,4 tomados pela água. A Furna no. 3 está coberta pela vegetação e a Furna no. 4, a mais ou menos 1 km de distância das anteriores, tem 43,5 metros de profundidade, dos quais apenas 13,9 correspondem à lâmina d’água. A Lagoa Dourada Considerada uma furna em extinção, essa pequena depressão que não ultrapassa 2 metros de profundidade com um diâmetro em torno de 320 metros recebe a água, pela ação subterrânea, vinda das outras furnas. Um canal com 150 metros de extensão coloca suas águas no rio Guabiroba. Seu fundo, lodoso, é formado por deposição de mica. Ao entardecer, a incidência dos raios solares provoca o surgimento de uma coloração dourada na superfície da água, de onde provém a sua denominação. Muitos peixes são facilmente visíveis, dada a transparência de suas águas, contudo a pesca é proibida. Vista parcial da Lagoa Dourada, Parque Estadual de Vila Velha. Estriasglaciais Na localidade denominada Colonia Witmarsum, município de Palmeira, desenvolve-se o chamado turismo científi co em virtude da presença de afl oramento 57 com marcas estriadas sobre o arenito, cuja origem está vinculada à presença de geleiras carboníferas nessa porção da superfície, hoje do Estado do Paraná. A Minerais do Paraná S.A. colocou no local um painel explicativo sobre a gênese dessa ocorrência. Estrias glaciais ocorrentes em afl oramento de arenito na Colônia. Witmarsum (Palmeira, PR). Segundo Planalto Paranaense Anotações 58 GEOGRAFIA DO PARANÁ Anotações 59 O Terceiro Planalto Paranaense CONSIDERAÇÕES SOBRE A GEOLOGIA O Terceiro Planalto Paranaense está compartimentado na área que vai desde a Serra Geral até as barrancas do rio Paraná. Lembremos que a Serra Geral compreende o degrau de transição entre o Segundoe o Terceiro Planalto Paranaense, conforme a classifi cação de Maack (1953), aqui adotada. A Serra Geral é a denominação que envolve os derrames de lava basáltica que tiveram início em meados do Período Jurássico, se estendendo até o meio do Período Cretáceo. Além dessa litologia, esse contraforte da escarpa mesozoica também compreende os arenitos Pirambóia, na base, e os arenitos Botucatu, intermediariamente. Observamos que esse arenito compreende o chamado Aquífero Guarani. Na porção noroeste do Estado do Paraná, os basaltos que compõem a Formação Serra Geral são recobertos por arenitos de origem eólica e/ou fl uvial, chamados de Formação Caiuá. Nas imediações de Terra Rica destaca-se, na paisagem, os Três Irmãos. 6 60 GEOGRAFIA DO PARANÁ O Terceiro Planalto Paranaense possui uma inclinação leste/oeste, indo de aproximadamente 1.250 m na região central (Serra da Esperança) até altitudes menores do que 250 m, na margem com o rio Paraná. Afl oramento de basalto da Formação Serra Geral, na rodovia BR-369, trecho entre Campo Mourão e Pitanga, PR. Como é a geomorfologia desse planalto? Há uma homogeneidade do ponto de vista geomorfológico em quase toda a extensão desse planalto, pois somente naqueles quatro subcompartimentos descritos por Maack (1968) é que verifi camos a existência de movimentação no terreno, caracterizada pela presença de blocos soerguidos que quebram a homogeneidade aparente dessa unidade. 61 Na região de Apucarana, alguns pontos se elevam em altitudes de 850 a 900 m em uma sucessão de altos e baixos que se estendem por uma área que acompanha, para- lelamente, a escarpa mesozoica, originando um relevo de serras. O bloco planáltico de Campo Mourão, situado entre os rios Piquiri e Ivaí, determina uma área movimentada na borda do Terceiro Planalto Paranaense, com altitudes que podem chegar a 1.150 metros, decrescendo em direção às margens do rio Paraná (+230 metros). Na parte noroeste, o relevo torna-se bastante suave, com colinas levemente ondu- ladas funcionando como divisores de água. O bloco planáltico de Guarapuava, como uma faixa situada entre os rios Iguaçu e Piquiri, apresenta um relevo também ondula- do, com colinas que separam largos vales. Ao sul do rio Iguaçu, na região de Palmas, temos o divisor de águas Iguaçu-Uruguai, com a altitude diminuindo de 1.150 metros para 300 metros no vale do rio Iguaçu. O Terceiro Planalto Paranaense e seus aspectos hidrológicos Apesar de nascer na região de Curitiba, o rio Iguaçu é bem marcante na superfície des- se planalto, correndo em um vale encaixado situado no basalto e se comportando como nível de base para uma densa bacia hidrográfi ca. Em sua margem direita, recebe importantes afl uentes como o rio D’Areia, o rio Jordão, o rio Cavernoso. Na margem esquerda, seus principais afl uentes são o rio Iratim, o rio Chopim e o rio Capanema. Muitos saltos ocorrem ao longo do curso do rio Iguaçu, alguns com importância estratégica. O rio Piquiri nasce no Terceiro Planalto Paranaense, onde recebe um importante afl uente, que é o rio Cantú. Outro rio com características diferentes é o rio Ivaí, que nas- ce no Segundo Planalto Paranaense, atravessa a escarpa mesozoica em boqueirões com altitudes em torno de 450 metros e já no Terceiro Planalto recebe as águas do rio Alonzo que, por sua vez, também tem suas nascentes localizadas no Segundo Planalto Paranaense. Finalmente, o rio Tibagi, que nasce no Segundo Planalto, nas proximidades da passagem para o Primeiro Planalto Paranaense, entra na escarpa da Serra Geral, em vales, e desemboca no rio Paranapanema, defi nindo a fronteira entre os Estados do Paraná e São Paulo. Inúmeras bacias de ordens inferiores cobrem toda a região compreendida pelo Terceiro Planalto Paranaense, integrando-se à bacia do rio Paraná. O clima e o solo A área desse planalto encontra-se nas faixas correspondentes aos tipos Cfb na região, junto à escarpa mesozoica, Cfa(h), na porção noroeste, coincidindo com a presença do arenito Caiuá, e na faixa central restante o clima é do tipo Cfa motivado por invasões O Terceiro Planalto Paranaense 62 GEOGRAFIA DO PARANÁ de massas polares ou massas tropicais. Na porção a leste, ou seja, nas proximidades do limite do Terceiro Planalto Paranaense, ocorre uma precipitação pluvial em torno de 2.000 mm, que decresce para 1.000 mm na parte central, havendo um aumento para 1.500 mm nas imediações da calha do rio Paraná. As temperaturas variam de 30o C a 32o C nos meses mais quentes e 10o C a 12o C nos meses mais frios. O valor mínimo já registrado foi de –2o C e 40o C foi a temperatura mais elevada alcançada na região. Em 1975, a região Norte do Estado do Paraná sofreu uma das maiores geadas de todos os tempos, a qual provocou grandes transformações regionais, arrasando o parque cafeeiro paranaense, fazendo com que os agricultores optassem por novas formas de cultivo. A introdução dessas novas lavouras modifi cou não só a paisagem, mas também o quadro rural, pois teve início o desenvolvimento da mecanização e de técnicas inovadoras no uso e manejo do solo. Os solos não apresentam grande variedade em virtude da litologia também não ser variável. Basicamente predominam os basaltos da Formação Serra Geral e os arenitos da Formação Caiuá como integrantes do substrato rochoso. Essas litologias, submetidas às condições climáticas atuantes, propiciaram a ocorrência das seguintes unidades pedológicas, distribuídas de norte para o sul: a) na porção norte, centro norte, oeste e sudoeste predominam os solos do tipo Latossolo Vermelho Distroférrico e Eutroférrico e Nitossolo Vermelho argilosos; b) na porção centro-sul e sul há a ocorrência de Latossolos Brunos, argilosos e Cambissolos; c) na área noroeste, sobre o arenito Caiuá, surgem os Latossolos Vermelhos e Ar- gissolos Vermelhos, ambos com textura arenosa. A vegetação, como se apresenta? O Terceiro Planalto Paranaense pode ser dividido em função de sua cobertura ve- getal: a área norte é dominada pela presença de culturas vinculadas à industrialização. Tal é o caso do café, do algodão, do trigo, com destaque para a soja. Algumas pequenas manchas esparsas ainda preservam os representantes da mata nativa. Na região de do- mínio do arenito, intensifi cou-se a citricultura. Na faixa central e sul do Estado, local onde predominam os pequenos agricultores, estes se dedicam ao cultivo de produtos alimentares. Poucos agricultores dedicam-se às culturas para fi ns agroindustriais (trigo e soja) como sua fonte de renda. Nada mais resta da mata que, em sua plenitude, era rica em palmeiras representa- das pela Euterpe edulis, as históricas perobas (Aspidosperma sp), os cedros (Cedrela sp), as canelas (Nectandra sp), os ipês (Tabebuia sp), a cabreúva (Myrocarpus sp) e outras espécies que compunham a associação vegetal presente na região. 63 As matas ciliares, apesar de terem sido em parte substituídas por plantações que demandam até a margem dos cursos de água, começam a ser refeitas, tendo em vis- ta as campanhas de conscientização
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