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Introdução Precedentes, jurisprudência e súmula Precedente: um caso concreto, cuja decisão judicial possui elemento normativo de fundamentação, que serve como diretriz para julgamento de casos análogos Trata-se de instrumento para criação de normas mediante o exercício da jurisdição. ➔ Trata-se de uma única decisão da corte, que deve ser observado por todos os demais órgãos. “Num país tradicionalmente estruturado no regime do civil law, como é o nosso, a jurisprudência dos tribunais não funciona como fonte primária ou originária do direito. Na interpretação e aplicação da lei, no entanto, cabe-lhe importantíssimo papel, quer no preenchimento das lacunas da lei, quer na uniformização da inteligência dos enunciados das normas (regras e princípios) que formam o ordenamento jurídico (direito positivo). Com esse sistema o direito processual prestigia, acima de tudo, a segurança jurídica, um dos pilares sobre que assenta, constitucionalmente, o Estado democrático de Direito". Elemento normativo: algo dentro do caso que vai se tornar uma norma; é ele que importa e não o caso em si A estrutura básica de uma argumentação por precedentes é a seguinte: deve ser feito X quando se der Y, porque antes já aconteceu Y e a ação tomada foi X. O passado, por si só, acaba sendo uma razão que compele o sujeito à tomada de decisão em um certo sentido. Jurisprudência: conjunto de decisões, de forma reiterada, proferidas por um determinado tribunal. Súmula: enunciado sobre um determinado entendimento consolidado, de determinado tribunal. Os juízes de 1 grau, e os tribunais, devem se ater à sua jurisprudência, devem se ater aos precedentes qualificados. Ou seja, devem seguir aquela decisão dada pelos tribunais. Uma única decisão pode vincular o Poder Judiciário inteiro? Sim! Ex: recurso repetitivo - o STJ julgou no tema 988 uma questão controvertida sobre o agravo de instrumento - hoje, por conta deste julgamento, está pacificado pois foi uma decisão em recurso repetitivo. Qual foi essa decisão? O artigo 1.015 do CPC trata sobre o agravo de instrumento - estavam discutindo se o rol previsto no artigo era taxativo, exemplificativo, se ele comportava interpretação extensiva, qual era a natureza jurídica desse rol. ---- o STJ decidiu que o rol era taxativo e pode ser mitigado pela urgência. - Decisão em recurso repetitivo. Civil Law É o sistema com base nas leis escritas.. Toda fonte do direito advém da lei e o juiz é a boca da lei. O sistema anglo-saxão é um sistema regido por precedente e nós, brasileiros, sempre rejeitamos as questões dos precedentes, porém isso começou a mudar. “De tradição romana, prioriza o positivismo consubstanciado em um processo legislativo. A norma jurídica constitui-se em um comando abstrato e geral procurando abranger, em uma moldura, uma diversidade de casos futuros. A sua aplicabilidade funda-se em um processo dedutivo, iniciando-se em um comando geral com vistas a regular uma situação particular. -> Aplica-se a lei aos casos concretos (raciocínio dedutivo). Common Law Base em decisões reiteradas; sistema com base em precedentes. Adotado nos EUA e na Inglaterra. O que importa é o precedente, sob a legislação. É muito mais importante o precedente jurisprudencial do que a própria lei. “Influência anglo-americana, baseada fundamentalmente em precedentes jurisprudenciais. As decisões judiciais são fontes imediatas do direito, gerando efeitos vinculantes. A norma de direito é extraída a partir de uma decisão concreta, sendo aplicada por meio de um processo indutivo, aos casos idênticos no futuro”. -> A partir do caso se forma a norma, ou seja, é preciso a análise de casos para se extrair a norma (raciocínio indutivo). O Brasil, apesar de ser estruturado no regime da civil law, importou do common law o regime dos precedentes. Na época da revolução francesa havia um medo muito grande da própria monarquia (os juízes eram designados pelo próprio monarca) - a população tinha receio dos juízes e confiava mais no parlamento do que no poder judiciário. Eles queriam um parlamento forte, com uma representação popular forte, e um judiciário enfraquecido. DIREITO PROCESSUAL CIVIL III 17/08/2020 Vale lembrar que Napoleão Bonaparte, em 1904, fez um código que dispensava a interpretação do magistrado, por conta do medo dos juízes. Na Inglaterra e nos EUA era o contrário, havia uma desconfiança muito grande do próprio parlamento, e por isso eles optaram por fortalecer o judiciário. Ambos tomaram tais decisões por segurança jurídica. Se naquela época você questionasse um francês se eles queriam o sistema do Common Law eles iriam falar que não, por conta de sua própria segurança jurídica. Se você perguntasse, na época da revolução americana, para um americano, se ele queria o sistema do civil Law ele falaria que não, por razões de segurança jurídica. Os dois sistemas se desenvolveram por conta de razões históricas. Porém, hoje em dia, nos EUA, eles possuem um grande repertório de leis. Ou seja, não existe mais um sistema isolado de civil Law e Common law, eles se mesclam. Ou seja, mesmo depois de algumas decisões do STF dando força à suas decisões, hoje em dia, com o CPC de 2015, passou-se a ter uma força muito grande com o artigo 926 e 927, do CPC. Art. 926 CPC. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. A razão do artigo 926 é justamente trazer segurança jurídica. § 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua jurisprudência dominante. § 2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação. O tribunal deve fazer súmulas para que as pessoas saibam qual é o entendimento do tribunal. O artigo 927, também por razões de segurança jurídica, trouxe os chamados precedentes qualificados, expressão do Prof. Cássio S. Bueno. Art. 927 CPC. Os juízes e os tribunais observarão: I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. Ou seja, conforme artigo 926 e 927 do CPC, deve-se observar esses precedentes qualificados. Quando falamos sobre o Civil Law atualmente, há uma mescla entre Civil Law e Common Law. Isso significa que temos um sistema baseado em leis e é mesclado pelos precedentes qualificados, cujos quais são divididos em precedentes, jurisprudência e súmulas. Teoria dos precedentes Ampliação da litigiosidade - para os casos repetitivos, pode-se utilizar da mesma saída. Para os casos coletivos, a resposta costuma ser a mesma. Convergência entre Civil Law e Common Law - O Brasil busca do regime de Common Law a ideia de decisões que servem para casos posteriores Distinguishing e Overruling Coisas que também podem acontecer no processo: distinguishing e overruling. O primeiro é inerente à distinção, aquele caso julgado é diferente do precedente qualificativo ou da súmula. Já o overruling ocorre quando a jurisprudência está ultrapassada; quando houve a superação daquele entendimento. • Distinguishing: digamos que após o autor ingressar com uma ação judicial, o juiz constate que a matéria controvertida é idêntica a um enunciado de súmula do STJ. Em respeito ao princípio da vedação da decisão surpresa (arts. 9º e 10), o magistrado deve intimar o autor para que este se manifeste antes de prolatar a sentença.O autor então, tem o prazo de 15 dias para emendar a inicial, devendo portanto demonstrar que há DISTINÇÃO (distinguishing) entre o precedente apontado pelo magistrado e a sua demanda. O autor deve observar e se apegar às peculiaridades do caso concreto que revelam o distinguishing. • Overruling: este consiste na hipótese de afastamento do precedente, em outras palavras, é a superação do entendimento. Aproveitando o exemplo anterior, vamos supor que o autor, ao ser intimado, identifique que o precedente que o magistrado requereu a aplicação, na verdade, já teve o seu entendimento superado pelo Tribunal. Nesse caso, cabe ao autor demonstrar essa superação do entendimento, ou seja, demonstrar o overruling. Ex.: Ação de Alimentos. Precedentes Qualificados: decisões dos tribunais, em que aquela decisão vai possuir uma força vinculante e deverá ser respeitada por todos os demais órgãos do poder judiciário. Não precisa ser decisão reiterada. Vincula apenas o tribunal! Ex.: IAC - pode se dar tanto em âmbito de tribunal de justiça, quanto em âmbito de STJ/STF. Difere-se da súmula vinculante pois somente o STF tem competência para falar sobre ela (é o único órgão competente) e essa vincula todo o Poder Judiciário, inclusive os órgãos fracionários do próprio tribunal, bem como vincula a Administração Pública. Vinculante: vincula, torna obrigatório a todos os outros juízes, de mesmo grau ou grau inferior Reflexos no Processo e nos Recursos (Artigos 926, 927 e 932, do CPC) Observação: Artigo 332, do CPC (Improcedência Liminar do Pedido): o juiz pode, antes de citar o réu, julgar improcedente liminarmente os pedidos do autor. Vide hipóteses: Art. 332 CPC. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. § 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. Esse artigo retrata a força dos precedentes qualificados, no CPC como um todo. Atribuições do Relator Os recursos, em regra, não são julgados por um único julgador. Geralmente em P.J. há três julgadores. No STF/STJ temos turmas com cinco julgadores. Nesses casos que temos os precedentes qualificados, temos apenas 01 julgador, chamado de Relator, que é o julgador que vai conduzir o processo, é o julgador que tem a maior importância dentro dos recursos. Ele faz o relatório, trabalha todos os incidentes, fornece tutela antecipada (se for o caso), trata dos incidentes de desconsideração da personalidade jurídica, defere/indefere a concessão de justiça gratuita; ele quem conduz o processo. O artigo 932 fornece poderes ao relator para que faça o julgamento sozinho. Então quando ele vai julgar sozinho? Quando tiver com base os precedentes, jurisprudência e súmula. Vide inciso IV e V. O artigo 932 foi influenciado pelos precedentes qualificados, dando poderes ao relator para que ele julgue sozinho e o recurso não vá ao colegiado, quando estiver diante desses precedentes qualificados. A decisão do relator é passível de recurso. Art. 932 CPC. Incumbe ao relator: IV - negar provimento a recurso que for contrário a: a) súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência (IAC); V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária a: a) súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal; b) acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos; c) entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência. Formas de produção de precedentes: Em segunda instância: IRDR (incidente de resolução de demandas repetitivas) e IAC (Incidente de Assunção de Competência). Nos Tribunais superiores: Recursos repetitivos (especial ou extraordinário) e Ações constitucionais. Quando se gera um precedente qualificado? R.: As decisões do STF/STJ, em recursos repetitivos (recurso especial/recurso extraordinário), e o próprio IRDR (Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas). Demandas Repetitivas: multiplicidade de processos sobre determinada questão. No IAC (Incidente de Assunção de Competência) não há demandas Repetitivas. Ele existe para prevenir a multiplicidade de demandas. Serve como cautela para não surgir multiplicidade de demandas. Vide artigo 947, do CPC: Art. 947 CPC. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos. Recursos “Os meios de impugnação dividem-se, pois, em duas grandes classes: a dos recursos – assim chamados os que se podem exercitar dentro do processo em que surgiu a decisão impugnada e o das ações impugnativas autônomas, cujo exercício, em regra, pressupõe a irrecorribilidade da decisão, ou seja o seu trânsito em julgado. No direito brasileiro, protótipo da segunda classe é a ação rescisória”. (JCBM) Conceito Trata-se de uma extensão do direito de ação pois retarda a formação da coisa julgada; não é um novo processo. Meio ou instrumento destinado a provocar o reexame de decisão judicial, no mesmo processo em que proferida, com a finalidade de obter-lhe a invalidação, a reforma, o esclarecimento ou a integração. Novo julgamento, na mesma relação processual: terá novamente tudo que um julgamento tem, mas, é dentro da mesma relação processual e, em regra, é feito por outro órgão julgador, hierarquicamente superior, e em regra, órgão colegiado. Mas pode ser feito pelo mesmo julgador, que é o caso dos embargos de declaração. Natureza Jurídica Incidente ou Desdobramento do Processo Se trata de um incidente ou um mero desdobramento dentro do processo, tendo em vista o princípio do duplo grau de jurisdição; tem como natureza jurídica um ônus processual, ou seja, se não recorrer irá sofrer com os efeitos da coisa julgada ou simplesmente, da preclusão máxima. A partir do momento que temos a petição inicial, e vamos até a sentença, temos uma relação “triangularizada” (entre autor, réu e juiz) no processo. Autor aciona o Estado - o Estado convoca o réu para realizar o contraditório e sua ampla defesa (citação) - o réu é integrado à relação jurídica processual e assim se estabelece a relação jurídica de direito processual. Ao prolatar a sentença, o juiz não mais a modificará, a não ser que haja recurso (embargos de declaração) ou erro material (artigo 494 CPC). A partir do momento que se recorre (recurso da sentença se chama apelação), o processo ele só ocorre em desdobramento (dentro da mesma relação jurídico processual). Continua-se nos mesmos autos e será julgado por 3 desembargadores (TJ), gerando um acórdão. Vale lembrar que ainda cabe recurso especial para o STJ e recurso extraordinário para o STF. Fundamentos p/ existir Recursos no P.C. São dois fundamentos: 1-) Própria natureza humana - não aceitação da decisão contrária aos próprios interesses. 2-) Controle do Poder Judiciário - por meio dos recursos, é possível que os Tribunais Superiores controlem a atuação do juiz de 1° grau para uma melhor qualidade da prestação da tutela jurisdicional. Obs.: Jurisprudência Defensiva- Impedir que os recursos subam para os tribunais superiores. pode ser entendida como a prática adotada pelos tribunais brasileiros, para o não conhecimento de recursos em razão de apego formal e rigidez excessiva em relação aos pressupostos de admissibilidade recursal. Recurso versus Impugnação Decisão Judicial Diferenças entre os procedimentos Quando estamos falando de recursos em geral, significa que está na mesma relação jurídica processual. Trata-se de uma forma de impugnação de uma decisão judicial, porém, não é a única forma de impugnar uma decisão judicial. Quais são as formas de impugnação judiciais? Recursos e Ações autônomas de impugnação (nova relação jurídica em que conseguimos impugnar algumas decisões judiciais - ex.: Ação Rescisória, queremos rescindir a coisa julgada e modificá-la). Ex. 2: mandado de segurança (somente é cabível no caso de decisões absurdas/urgentes). Ex.3: habeas corpus - é uma ação autônoma de impugnação. Ex. 4: revisão criminal também é uma ação autônoma de impugnação, pois é uma outra relação jurídica. Atos sujeitos à Recurso Quais atos processuais estão sujeitos a recursos? R: Somente os atos do juiz estão sujeitos à recurso. Somente os atos do órgão julgador. Quais são esses atos? Art. 203 (pronunciamentos do juiz) e 204 (tribunais), do CPC. Não está sujeito à recurso: atos do escrivão, atos do oficial de justiça, atos das partes, e afins. Atos sujeitos à Recurso – 1º Grau - Despachos: Atos de andamento do processo; São todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. Isso quer dizer que, nos despachos, o objetivo não é solucionar o processo, mas determinar medidas necessárias para o julgamento da ação em curso. Tratam-se, portanto, de meras movimentações administrativas – por exemplo, a citação de um réu, designação de audiência, determinação de intimação as partes e determinação de juntada de documentos, entre outros. Art. 203 CPC. Os pronunciamentos do juiz consistirão em sentenças, decisões interlocutórias e despachos. § 3º São despachos todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. DESPACHO É PASSÍVEL DE RECURSO? Obs.: Se o despacho acabar violando algum direito ou impedir algum direito, é até possível pensar em embargos de declaração, mas, via de regra, não é possível pois despacho não tem conteúdo decisório. Art. 1.001 CPC. Dos despachos não cabe recurso. - Sentença: Ato do juiz de extinguir o processo ou por fim ao momento processual, com base nos artigos 485 e 487, do CPC (com resolução de mérito ou sem resolução de mérito). Nas sentenças nós temos o conteúdo (485/487) + efeito que extingue o processo ou resolve uma fase processual/momento. Por meio da sentença, o juiz decide a questão trazida ao seu conhecimento, pondo fim ao processo na primeira instância. A sentença pode ser dada com ou sem julgamento do mérito, ou seja, acolhendo ou não a causa levantada pela parte. Art. 203, § 1º, CPC. Ressalvadas as disposições expressas dos procedimentos especiais, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz, com fundamento nos arts. 485 e 487, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. SENTENÇA É PASSÍVEL DE RECURSO? Art. 1.009 CPC. Da sentença cabe apelação. Ex.: Aplicável no indeferimento da petição inicial. Ex.2: improcedência liminar do pedido. - Decisão interlocutórias: é um ato do juiz com conteúdo decisório mas sem distinguir o processo/encerrar uma fase processual. É um dos atos praticados pelo magistrado de um processo em que decide uma questão incidental sem a resolução do mérito, ou seja, sem pronunciar uma solução final à lide proposta em juízo. São atos pelos quais o juiz resolve questões que surgem durante o processo, mas não são o julgamento dele por meio de sentença. Essas questões que precisam ser decididas no curso do processo são denominadas de questões incidentes ou questões incidentais. São exemplos de decisões interlocutórias a nomeação de determinado profissional como perito, aceitação ou não de um parecer e intimação ou não de certa testemunha indicada pelas partes no curso do processo Art. 203, § 2º, CPC. Decisão interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1º. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA É PASSÍVEL DE RECURSO? Sim, cabe recurso em toda e qualquer decisão interlocutória. É possível recorrer se estiver prevista no Art. 1015 CPC (rol taxativo) e o recurso será agravo de instrumento. Se não estiver previsto no art. 1015 temos que nos perguntar se é urgente, se existe a questão da urgência. Se não for urgente/ não estiver no rol taxativo do 1015 eu vou recorrer por meio de preliminar de apelação quando o juiz proferir essa sentença – Art. 1009 §1°. Ou seja, são cabíveis de recurso, mas, nem todas serão agravadas. Exs..: Decisões de tutela provisória; ex. 2: incidente de desconsideração da personalidade jurídica; ex.3: julgamento antecipado parcial de mérito. Se não estiver previsto no rol do artigo 1015, temos que nos perguntar: é urgente? Existe o Periculum in mora? O processo vai se viciar e não será possível retomá-lo em outro momento? Se não estiver previsto no 1015, é possível recorrer pelo tema 998, STJ. Se o assunto não for urgente, eu irei recorrer por meio de apelação quando o juiz proferir essa sentença. Ou seja, se o juiz deu a decisão num momento posterior, não vou poder agravar porque não tem o carácter urgencial porém, num momento ulterior, quando o juiz der a sua sentença, é possível recorrer por meio da apelação, em preliminar (Art. 1009, parágrafo 1°, do CPC). Ou seja, todas as decisões interlocutórias são passíveis de recurso, mas, nem todas serão agravadas. - Se estiver no rol do artigo 1015 ou se não estiver no rol, mas estiver amparado pela urgência, será agravado. Por outro lado, se não estiver no rol do 1015 e não for urgente, nesse caso deverá aguardar o juiz sentenciar para que eu possa apelar, em preliminar de apelação (antes de alegar todo o mérito da ação, deve-se alegar essa preliminar naquela decisão que me prejudicou e que na época não cabia agravo de instrumento). Ex.: Eu solicito uma prova pericial no processo - o juiz denegou o pedido por não ser imprescindível, e determinou apenas a prova testemunhal - no artigo 1015, quando o juiz defere/indefere uma prova no processo, não consta em nenhuma das hipóteses a necessidade de prova - então, se não está no rol do 1015 e não tem urgência, eu tenho que aguardar até a decisão final (isso foi na fase de saneamento do Processo - quando o juiz fixa os pontos Controvertidos de fato e de direito e também distribui o ônus da prova).- então, realiza-se a audiência de instrução - e o juiz sentencia - agora, no momento da sentença (que foi contrária aos meus interesses), eu recorro dessa decisão por meio da apelação (preliminar) - alego que a decisão proferida anteriormente não precluiu (perda da oportunidade ou da faculdade de se realizar um ato processual) - então a decisão será reanalisada por cerceamento de defesa (princípio da ampla defesa). Atos sujeitos à Recurso – Tribunais Superiores - Decisão Monocrática: decisões dadas pelo relator; consiste em decisão proferida por um único magistrado, de qualquer instância ou tribunal. DECISÃO MONOCRÁTICA É PASSÍVEL DE RECURSO? Sim é recorrível, e o recurso adequado é o agravo interno (regra geral). Temos também o agravo em recurso especial e o agravo em recurso extraordinário. - Acordão: decisão final proferida sobre um processo por tribunal superior, que funciona como paradigma para solucionar casos análogos. Decisão proferida por uma turma/colegiado do tribunal superior (artigo 204, do CPC). Art. 204 CPC. A carta tem caráter itinerante; antes ou depois de Ihe ser ordenado o cumprimento, poderá ser apresentadaa juízo diverso do que dela consta, a fim de se praticar o ato.. ACÓRDÃO É PASSÍVEL DE RECURSO? Se for TJ ou TRF são cabíveis os recursos especiais para o STJ e o recurso extraordinário para o STF Duplo Grau de Jurisdição x Recursos Trata-se de uma dupla revisão de fatos e do direito. Você tem direito a recorrer sobre os fatos e sobre o direito uma única vez. Quando estamos falando de recursos, como regra geral, para os tribunais Superiores, nós recorremos apenas o direito. Não existe triplo/quádruplo grau de jurisdição!! A análise de fatos e de direito só é analisada uma segunda vez. Na terceira e quarta vez só se analisa o direito. Esquematização Juiz de 1° grau irá recorrer ao T.J. (2° grau) por meio da apelação, fatos (nova avaliação das provas) e/ou direito (verificar se houve correta aplicação da norma e a sua interpretação). Caso queira recorrer novamente, o processo será encaminhado aos tribunais Superiores (Se for STJ, será através do recurso especial e se for ao STF, será através do recurso extraordinário). - não será terceiro grau de jurisdição! Quando estamos em primeiro e segundo grau, chamamos de recursos/instâncias ordinárias. Quando temos o recurso especial e o recurso extraordinário, chamamos de instância extraordinária e instância especial. Na instância extraordinária não se analisa mais fatos, não se avaliam novamente as provas. O STJ analisará a lei infraconstitucional e a uniformização da jurisprudência, e o STF analisará qualquer violação direta à Constituição Federal. Por que violação direta? Porque a nossa constituição é analítica, trata sobre tudo. Recursos Admissíveis Em 1° grau de Jurisdição: sentença, despacho e decisão interlocutória (revisar). Em 2° grau de Jurisdição: decisões monocráticas (como regra, cabe o agravo interno e como exceção temos o agravo em recurso especial e o agravo em recurso extraordinário) e acórdãos. São decisões que ocorrem nos tribunais (TJ/TRF/STJ/STF e qualquer outro tribunal). Não esquecer: juiz de 1° grau faz sentença. É o ato de sentença. Ele faz sentença, decisão interlocutória e despacho. Se for juiz de 2° grau, o juiz só faz decisão monocrática (relator) ou acórdão. Pergunta: "Juiz de 1° grau tem competência para fazer um acórdão?” Resposta: no juizado especial não temos um tribunal, administrativamente está vinculado ao tribunal estadual. A segunda instância dele não é um tribunal, mas temos uma turma recursal para julgar os recursos. Então quando se recorre das decisões proferidas pela turma recursal dos juizados especiais, será julgado por 3 juízes de 1° grau. Como regra, acórdão é um ato dos tribunais, mas, excepcionalmente, temos turmas recursais de juizado especial, que julgam os recursos dos juizados especiais, e elaboram um acórdão. Cuidado: não cabe recurso especial das decisões dos juizados especiais, só cabe recurso extraordinário (vide artigo 105, inciso III, da CF). Art. 105 CF. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos TRFs ou pelos tribunais dos Estados, do DF e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. NÃO FALA SOBRE TRIBUNAIS RECURSAIS, APENAS SOBRE TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS E TRIBUNAIS DOS ESTADOS, por isso não cabe recurso especial. Vide artigo 102, inciso III, da CF. Art. 102 CF. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Observação: O STJ, no artigo 105, inciso III, trata apenas das decisões dos TJs e TRFs, não fala nada sobre turma recursal. Já o artigo 103, inciso III, dispõe a aplicabilidade do recurso extraordinário. Tutelas Provisórias Tem previsão nos artigos 294 a 311, do CPC. Tutela de evidência (art. 311) - dispensa a urgência, basta a verossimilhança das alegações, uma probabilidade alta do direito. Se estiver em conformidade com prova documental e em conformidade com os precedentes vinculativos, o juiz poderá conceder a tutela de evidência. Princípios Gerais Recursos Além de todos os demais princípios previstos na teoria geral do processo civil, eles também são aplicados aos recursos. Ex.: Artigo 10, do CPC - deve ser dada a oportunidade para a parte se manifestar - apelação prescreveu e nenhuma das partes alegou a prescrição - o tribunal pode reconhecer de ofício a prescrição, porque é matéria de ordem pública; porém, observando o princípio do contraditório das partes. O relator irá dar o seguinte despacho: manifestem-se as partes sobre eventual prescrição da pretensão, no prazo de 5 dias, por exemplo. ▫ Duplo Grau de Jurisdição: Princípio implícito recorrente da própria constituição que assegura o devido processo legal. O direito de recorrer e obter um reexame da primeira decisão é fundamental do ser humano. Objetiva evitar decisões jurídicas conflitantes, uniformizando as decisões. Onde é possível encontrar esse princípio? Está inserido não somente no devido processo legal, mas também nos artigos 102, 105 + seguintes da CF - vemos a organização do Poder Judiciário – por que isso é importante? Porque se a própria Constituição já estabelece uma estrutura interna para o Poder Judiciário, ela prevê justamente a possibilidade de recurso. O processo judicial vai seguir as normas e os recursos a ele inerentes. Se pegarmos a CF, artigo 5°, inciso 54, inciso 55 + toda a parte de organização do poder judiciário (prevista a partir do artigo 102 até 110), temos toda a estrutura do Poder Judiciário com possibilidade de recurso. Art. 5º CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; e LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Observação: muito se discute sobre a possibilidade de executar uma sentença penal condenatória após o julgamento em segunda instância - a CF dispõe, em seu artigo 5, que a pessoa só será considerada culpada depois da sentença penal condenatória transitada em julgado - existem divergências no STF sobre a possibilidade ou não de execução de uma sentença penal condenatória em 2° instância - a última decisão que temos do STF sobre esse assunto diz respeito à impossibilidade de execução provisória - no pacote anticrime retomou-se essa questão - uma alteração correta para retirar/possibilitar a execução de uma sentença penal condenatória, após a condenação em segunda instância, seria não alterar o artigo 5° (até mesmo porque não dá, visto que ele é uma cláusula pétrea), mas sim mexer na competência do STF e STJ - se retirarmos as hipóteses de recurso especial e recurso extraordinário, e deixar como uma ação autônoma de impugnação, em tese você consegue executar a sentença penal condenatória, não desvirtuando o artigo 5°. ▫ Taxatividade O recurso deve estar previsto em lei, caso não esteja e tenha o mesmo objetivo, será chamado de Sucedâneo Recursal. O cabimento e a forma do recurso independe de lei que previamente assim disponha.Ou seja, para que haja recurso, dependerá de lei.. Os recursos precisam estar previamente dispostos na legislação. Obs.: Por regimento interno de tribunal é possível prever recurso? As vezes prevê, por ex., no STF/STJ,,.são os chamados agravos regimentais (tem previsão em regimento). 24/08/2020 Onde encontramos os recursos? Vide artigo 994, do CPC (Recursos cabíveis no Processo Civil). Art. 994 CPC. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação (para sentença); II - agravo de instrumento (para decisões interlocutórias); Obs.: Inciso I e II se dão geralmente em 1º grau de jurisdição; III - agravo interno (em regra, cabível p. decisões do relator); IV - embargos de declaração (cabível em toda e qualquer decisão judicial, seja sentença, seja acórdão, seja decisão monocrática - não tem por finalidade modificar a decisão, mas simplesmente tem o intuito de esclarecer, de integrar ou sanar o erro material de uma decisão judicial); V - recurso ordinário (vai se dar nas ações originárias, que já começam em segundo grau ou começam no âmbito do STJ); Ex.: Mandado de segurança - ele é impetrado em 1° grau de jurisdição - teremos ao final uma sentença - o recurso cabível contra a sentença é uma apelação - contudo, se o MS for impetrado em 2° grau, contra ato de juiz, ou então, contra ato que dependa de prerrogativa de função, ou seja, que seja julgado pelo TJ, teremos um acórdão - o recurso cabível não é apelação, mas sim recurso ordinário. Obs.: Desembargadores não fazem mais sentença, o ato deles ou é decisão monocrática ou é acórdão. VI - recurso especial (para o STJ); VII - recurso extraordinário (para o STF); VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário (Ideia de destrancar recurso); IX - embargos de divergência - ex.: Foi julgado no STJ o recurso especial - no STJ temos 6 turmas - a primeira e segunda turma compõem a chamada primeira sessão, são responsáveis por julgar questões administrativas (questões relacionadas ao Poder Público) - a terceira e quarta turma cuidam de Direito Privado (compõem a segunda sessão) - a quinta e a sexta compõem a terceira sessão, são responsáveis por direito criminal (ESSA É A COMPOSIÇÃO DO STJ) - se eu interpus um recurso para o STJ, e a terceira turma julgou, e existe divergência jurisprudencial entre qualquer turma do STJ com a que julgou o seu caso, isso será resolvido por meio de um órgão que compõe as duas turmas (se for uma divergência entre a terceira e a quarta turma do STJ, será resolvido pela segunda sessão; se for uma divergência entre a segunda e terceira turma, temos um órgão especial do STJ para resolver essa divergência). ▫ Singularidade, Unicidade e Unirrecorribilidade De uma decisão não se admite interposição simultânea de mais de um recurso (salvo art. 1031, recurso especial e extraordinário). Para cada ato judicial, para cada decisão judicial, é cabível apenas um único recurso. Não dá para recorrer 02, 03, 04 recursos da mesma decisão. Obs..: Cabe embargos de declaração da sentença e posteriormente o recurso cabível (apelação) - primeiro julga os embargos - depois caberá outro recurso (apelação). Os embargos não tem por finalidade modificar a decisão judicial, mas sim integrá-la. Porém, existe uma exceção, prevista no artigo 1029, do CPC - recurso especial/recurso extraordinário ----- temos o juízo de 1° grau, que vai proferir uma sentença, que é apelável - é possível recorrer por meio da apelação ao Tribunal de Justiça - o TJ vai proferir um acórdão - esse acórdão é cabível ao mesmo tempo recurso especial, para o STJ, e recurso extraordinário, para o STF - ao ser prolatado o acórdão, eu vou ter que interpor ao mesmo tempo o RESP e o RE - Vou interpor o RE para combater questões inconstitucionais e o RESP para questões infralegais - irão em arquivos separados - será cabível ao mesmo tempo os dois recursos, cada um com uma finalidade diversa. O artigo 1029 CPC dispõe a interposição feita no mesmo momento, em petições distintas. Art. 1.029 CPC. O recurso extraordinário e o recurso especial, nos casos previstos na Constituição Federal, serão interpostos perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal recorrido, em petições distintas que conterão: I - a exposição do fato e do direito; II - a demonstração do cabimento do recurso interposto; III - as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão recorrida. ▫ Fungibilidade É o aproveitamento de um recurso interposto de forma ou capitulação incorreta. Princípio que possibilita que um recurso seja recebido como se fosse outro, por existir dúvida fundada, e que não haja má-fé. Quando é possível receber um recurso pelo outro? Ex. Absurdo: na própria sentença o juiz concedeu uma tutela antecipada - Qual recurso é cabível? Aqui não existe dúvida fundada. Se existisse dúvida fundada, eu iria interpor agravo de instrumento, alegando erro/equívoco, dizendo que na verdade não era cabível agravo, mas sim apelação - então vamos mitigar a formalidade do recurso e receber este agravo de instrumento como se fosse uma apelação - Hoje não é mais possível fazer isso, porém, a própria lei trouxe hipóteses em que é cabível o princípio da fungibilidade. Uma das hipóteses de fungibilidade é quando foi interposto embargos de declaração, e o relator os recebe como agravo interno, e não como embargos. Art. 1.024 CPC. O juiz julgará os embargos em 5 (cinco) dias. § 3º O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às exigências do art. 1.021, § 1º . Ou seja, se o relator deu determinada decisão e recebeu embargos de declaração, poderá recebê-los como agravo interno. Outra hipótese é sobre o RESP e o RE - STJ ou STF pode entender que seja caso diverso (um encaminha para o outro) - não é RESP, é RE, e vice-versa. Art. 1.032 CPC. Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional. Parágrafo único. Cumprida a diligência de que trata o caput, o relator remeterá o recurso ao STF, que, em juízo de admissibilidade, poderá devolvê-lo ao STJ. Art. 1.033 CPC. Se o STF considerar como reflexa a ofensa à Constituição afirmada no recurso extraordinário, por pressupor a revisão da interpretação de lei federal ou de tratado, remetê-lo-á ao STJ para julgamento como recurso especial. Quando falamos de recurso para o STF, como regra, deve haver uma violação à Constituição Federal (recurso extraordinário) - só caberá o recurso extraordinário quando essa violação for direta (aquela que afronta diretamente a Constituição, afronta diretamente o texto constitucional)! Não é cabível recurso extraordinário quando houver violação indireta (viola uma lei que tem por base a Constituição Federal). Ex.: Se o juiz indeferir determinada prova, a parte recorre ao TJ, alegando cerceamento de defesa - provimento do recurso negado pelo TJ - parte quer fazer um recurso extraordinário para o STF - STF vai admitir recurso? Não vai admitir pois viola o CPC, indiretamente. Bem fungível: bem substituível, ex: grãos de café; Bem infungível: bem não substituível. Dúvida fundada: discussão/dúvida na doutrina/jurisprudência sobre aplicabilidade de determinado recurso. O que era considerado má-fé (CPC/73)? Ex.: Prazo maior e prazo menor - perda do prazo menor - vou me valer da fungibilidade e vou interpor o recurso errado - a doutrina/jurisprudência considerava que, se houvesse dúvida fundada, se faça dentro do prazo do recurso que em tese seria cabível. Por que hoje não discutimos mais a má-fé? Porque os prazos recursaisforam todos uniformizados - 15 dias como regra geral, para tudo, exceto para os embargos de declaração (5 dias). ▫ Dialeticidade Todo recurso precisa de fundamentação, dependendo para ser conhecido, de exposições de razões recursais, o que permite a realização de contraditório, possibilitando à contraria o oferecimento de contrarrazões. Todo recurso é formulado por meio de uma petição, manifestando não só a inconformidade com o julgado, mas também indicando os motivos de fato e de direito pelos quais se requer um novo julgamento. O que significa razões recursais? Primeiramente temos um arquivo do word (recurso) - a 1ª página é chamada de peça de interposição - será direcionada ao juiz de 1° grau, interpondo o recurso da decisão do magistrado. Na 2ª página temos a peça chamada de razões recursais, que será direcionada ao próprio relator, ao TJ. Nesse momento vamos trazer tantos os fundamentos de fato quanto de direito para impugnar especificamente a decisão judicial. Tenho que trazer os fundamentos de fato e de direito, impugnando a decisão judicial. Não basta impugnar genericamente. Exige uma fundamentação concreta que aponte o erro daquela decisão judicial. Dentro da Dialeticidade se abre o contraditório, ou seja, nos recursos, e como regra geral, nós temos o contraditório. No recurso de apelação nós temos a peça de interposição e as razões recursais. O réu (recorrido) é intimado à apresentar as contrarrazões ao recurso. A regra é a Dialeticidade, a exceção é o relator negar provimento das hipóteses do artigo 932 - se ele negar o provimento, não precisa ouvir a outra parte. Ademais, os embargos de declaração, no artigo 1023, § 2° - se não for modificada a decisão embargada, não dá direito ao contraditório. Se puder ser modificada a decisão embargada, dá direito ao contraditório. Art. 1.023 CPC. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz, com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo. § 1º Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229 . § 2º O juiz intimará o embargado para, querendo, manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sobre os embargos opostos, caso seu eventual acolhimento implique a modificação da decisão embargada. Em tese, sempre deveria ser dado o contraditório, por força do artigo 10, do CPC (posição doutrinária). ▫ Voluntariedade Todo recurso é voluntário. Todo recurso depende de provocação da parte (advém do princípio da demanda). Sempre vai depender de provocação da parte. Recurso ex officio (artigo 496, do CPC): é recurso? Está correto? - R.: Não se trata de recurso! Chama-se remessa/reexame necessária, e não recurso ex officio. Trata-se de uma condição de eficácia da decisão judicial. Em regra, isso vai se dar demandas ou nas decisões contra a administração pública. Art. 496 CPC. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à execução fiscal. § 1º Nos casos previstos neste artigo, não interposta a apelação no prazo legal, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, e, se não o fizer, o presidente do respectivo tribunal avocá-los-á. No caso de desapropriação, por exemplo, o poder público quer construir uma creche onde está a sua casa, então ele faz um decreto com os atos desapropriatórios - O poder público quer pagar 100mil no imóvel e o valor dele na verdade é 250mil, essa decisão será reanalisada - Por que a remessa necessária é uma condição de eficácia da decisão judicial? Porque não transita em julgado enquanto não for apreciado pelo respectivo Tribunal. Se ninguém interpos recurso, o processo será encaminhado ao tribunal (o juiz não está recorrendo, ele encaminha para que o processo possa transitar em julgado). E se o juiz esquecer de encaminhar o processo ao tribunal? Parte final do § 1º --- se não o fizer, o presidente do tribunal irá avocar o processo. ▫ Non reformatio in pejus Aquele que recorrer nunca pode ter sua situação agravada pelo próprio recurso. A regra não é absoluta, considerando a possibilidade do tribunal se manifestar ex oficio sobre matéria de ordem pública, como requisitos e pressupostos. Obs: salvo em recursos adesivos em razão da sucumbência recíproca. Também é aplicado no Processo Penal. O relator não tem muitas opções - temos o autor e o réu - tem um juiz que vai decidir e prolatar uma sentença - o juiz julga procedente - se ele julgou procedente, o autor ganhou e o réu perdeu – logo, o réu irá recorrer (interpõe apelação) - encaminhamento ao TJ - o autor só responde a apelação (apresenta as contrarrazões) - o TJ vai julgar a apelação, provido ou não provido (procedente ou improcedente) - se ele não provém, prevalece a sentença. Se apenas uma parte recorre, tudo que acontece no recurso só vai beneficiar aquele que recorreu. Se ambos recorrerem, pode beneficiar/prejudicar qualquer um dos dois. Exceção: análise de questões de ordem pública - são questões que não transitam em julgado, pois violam pressupostos de existência e de validade no processo. Questões de ordem pública podem ser conhecidas à qualquer momento pelo juiz, independentemente de ser provocado. Se for conhecida alguma questão de ordem pública, o tribunal não pode julgar diretamente, deve aplicar-se o artigo 10 do CPC. Ex.: Tenho dois pedidos, p1 (prescreve em 3 anos) e p2 (prescreve em 5 anos). O juiz, na sentença, julgou procedente quanto ao P1 e julgou improcedente o P2. Se um deles é improcedente, eu irei recorrer - vou recorrer apenas o P2 - o réu não recorreu pois se conformou com a decisão - o tribunal disse que o P2 não era possível conceder, e diz que o p1 não era pra ser procedente pois já estava prescrito - nessa hipótese, deve-se fornecer o contraditório por conta do artigo 10 do CPC (antes de ser decretada a prescrição, o tribunal deve ouvir as partes). ▫ Consumação/Preclusão Consumativa Uma vez interposto o recurso no prazo, é vedada sua substituição ou retificação. Não é mais possível corrigi-lo. Preclusão: Perda de uma faculdade de se praticar um ato processual. Existem três tipos: Preclusão Temporal (perda de prazo), Preclusão Consumativa (já realizou o ato) e Preclusão lógica (um ato é incompatível com o outro). Obs.: recurso adesivo é uma forma para aduzir novos argumentos. Técnicas de Julgamento dos Recursos A técnica de julgamento dos recursos está prevista nos artigos 929 à 946, e compreende dois tipos de julgamento: Juízo de admissibilidade/juízo de prelibação; e Juízo de mérito/juízo de delibação. Juízo de admissibilidade: juízo que analisa a presença dos pressupostos recursais. Equivalente à "extinção sem julgamento do mérito do recurso". A sentença fica mantida. Se for conhecido o recurso, passará o juízo de mérito, então o recurso poderá ser provido ou não provido. Juízo de Mérito: equivaleria à "procedência ou improcedência" do recurso. Verifica-se o mérito do recurso. Dar ou negar provimento. Ex.: Tenho um recurso - já foram ofertadas as contrarrazões - vai para o TJ - no tribunal ele é distribuído para uma câmara - na Câmara é distribuído para um relator (a própria câmara vai julgar o recurso) – 1º se realiza o juízo de admissibilidade (vão verificar se todos os pressupostos recursais estão presentes - ex.: Se foi interposto dentro do prazo; ex. 2: vão analisar se pagaram as custas) - se o recurso foi interposto fora do prazo, ele "morre aqui", pois no juízo de admissibilidade pode-se conhecer ou não conhecer o recurso (exige-se preenchimento dos pressupostos). Se o recurso for conhecido, temos um juízo de mérito - recurso poderá ser provido ou não provido. Apelação ; Recurso cabívelcontra sentença Agravo de instrumento : recurso cabível contra as decisões interlocutórias, desde que esteja no rol do Art. 1015, CPC. Quem faz esse juízo de admissibilidade e de mérito? Em regra, o próprio órgão julgador do recurso; o relator julga de forma provisória, com base no artigo 932, do CPC (órgão ad quem), e a Câmara julga de forma definitiva (juízo de admissibilidade definitivo e juízo de mérito). No exemplo dado, é a Câmara quem vai julgar. O relator faz um juízo de admissibilidade provisório e depois a Câmara julga novamente. Se o relator verificou que não está presente algum dos pressupostos, ele não conhece o recurso. Então, se ele não conhecer, caberá o recurso de agravo interno. Supondo que o próprio relator conheça do recurso, pode a câmara votar pelo não conhecimento? R: Sim, pois a decisão do relator é provisória. Qual a consequência do juízo de admissibilidade? Conhecer ou não do recurso. Conhecer do recurso quer dizer que está presente todos os pressupostos, já o não conhecer não estão presentes. Na época do CPC de 1973, que vigorou até 2015, o juiz de 1° grau fazia esse juízo de admissibilidade. No novo CPC não temos mais isso. O juiz de 1° grau não vai dar outra decisão de mérito no processo. Atualmente ele profere a sentença - se eu quero recorrer por meio da apelação - eu faço a peça de interposição e interponho pro juiz de 1° grau - o juiz diz ok, determina que o réu apresente as contrarrazões e remete o recurso ao tribunal (TJ), ele não faz qualquer juízo de admissibilidade. E o juiz de 1º grau? Ele não faz nada, só colhe as contrarrazões e remete ao tribunal de justiça. No caso dos tribunais superiores, STJ e STF, quem realiza o juízo de admissibilidade de forma prévia é o orgão a quo, e depois que foi conhecido o recurso ele sobe ao STJ e o relator faz um novo juízo de admissibilidade de forma prévia, e depois a própria corte, quando for julgar o recurso, faz o juízo de admissibilidade definitivo. Ou seja, nós temos um, acordão, e eu quero interpor um recurso especial ou um recuso extraordinário - faremos uma interposição ao próprio tribunal de justiça, especificamente para o presidente ou o vice-presidente do tribunal de justiça, e ele ou quem eles designarem, fará um juiz provisório de admissibilidade. Se tribunal conheceu o recurso, vai ao STJ ou STF, e lá o relator fará novo juízo provisório e depois a corte fará um juízo definitivo. Se o tribunal não conheceu, como regra, cabe o recurso de agravo em recurso especial ou agravo de recurso extraordinário ou agravo de recurso interno, e depois sobe o recurso ao STJ e STF. Em primeiro grau sobe direto o recurso, e o relator faz um juízo provisório de admissibilidade e a corte faz um juízo definitivo, e a consequência é conhecer ou não o recurso. Resumo: se estivermos falando de um acordão de tribunal, quem realiza primeiramente o juízo de admissibilidade será o presidente ou vice-presidente do tribunal, e, se conhecerem do recurso, sobe ao STJ ou STF, e o relator faz um novo juízo de admissibilidade, e depois a corte faz o juízo definitivo de admissibilidade. Se conhecer do recurso, ele preencheu todos os requisitos, se não conheceu faltou algum ou todos requisitos. ---- Juízo “A Quo” e Juízo “Ad Quem” O que significa "juízo a quo" e "juízo ad quem"? Aquele é o órgão que prolatou a decisão recorrida. Este se refere ao órgão que julgará o recurso. Nesses dois recursos, RE e RESP, o órgão a quo faz um juízo de admissibilidade provisório. Se não conhecer do recurso, caberá o agravo em RE ou agravo em RESP, ou, dependendo da hipótese, agravo interno. Julgamento Singular ou Coletivo Art. 932, CPC – Ele permite que o relator julgue o recurso. Permitir que o relator julgue o recurso viola o princípio da colegiabilidade recursal? Não viola o princípio, pelo fato de que das decisões do relator cabe recurso para o colegiado. Ou seja, agravo interno, agravo em recurso especial, agravo em recurso extraordinário é julgado pelo colegiado, por isso se o relator fez um juízo de admissibilidade e não conheceu do recurso, você pode recorrer da decisão dele. Recorrendo da decisão dele quem julga é o próprio colegiado. Princípio da Colegiabilidade Recursal é o princípio em que os recursos interpostos ou recorrentes tem o direito que a decisão seja revista por um órgão colegiado p/ julgadores mais experientes (desembargadores). Ou seja, quando você interpõe um recurso, você tem o direito que este recurso seja julgado por um colégio de julgadores. Pressupostos Recursais Conceito - são os requisitos para recorrer de uma decisão judicial. São divididos em duas categorias: Pressupostos Intrínsecos: estão relacionados ao direito de recorrer. • Cabimento • Legitimidade Recursal • Interesse Recursal • Inexistência de fato impeditivo ou extintivo Pressupostos Extrínsecos: está relacionado à forma pela qual se recorre de uma decisão. • Tempestividade: relacionado ao cumprimento do prazo. • Preparo: pagamento das custas recursais. • Regularidade formal: requisitos específicos quanto à forma. Pressupostos Intrínsecos a-) Cabimento – É o pressuposto recursal em que, para cada decisão judicial, será cabível um único recurso específico. Ou seja, se tenho uma sentença o que será cabível é uma apelação. Ex.: Se tenho uma decisão interlocutória prevista no rol do Art. 1.015 CPC, será cabível o agravo de instrumento. Ex. 2: Se tenha uma decisão que ela é omissa, contraditória ou apresenta algum erro material, será cabível embargos de declaração. Ou seja, no cabimento nós temos que analisar se daquela decisão se cabe determinado recurso específico, e até mesmo se é cabível um recurso. O cabimento vai verificar se é cabível aquele recurso específico. Ex.: decisão que homologa uma transação, é cabível ação anulatória. Ex: Imagine que nós temos uma sentença que o juiz concede nela uma tutela antecipada na sentença. Uma pessoa precisa de medicamento que não consta na lista do sus, ele está registrado no SUS, mas não tem estoque do medicamento. A pessoa propõe a ação e o juiz nega a tutela antecipada no início, pois a pessoa não mostrou que não tem capacidade econômico-financeira, não mostrou que tem risco para saúde e afins. Foram produzidas as provas e, na sentença o juiz percebe que, de acordo com os fatos, a pessoa realmente tem direito aos medicamentos e julga procedente a ação. Na apelação, se o juiz apenas julga procedente e não tem uma tutela antecipada, a apelação é recebida apenas pelo efeito devolutivo e suspensivo, ou seja, a decisão que ele deu lá atrás fica estagnada, não consegue executar e surtir efeitos. Se, por acaso, o juiz tivesse dado a tutela antecipada a pessoa, mesmo havendo recurso, já teria direito aos medicamentos. O juiz, na própria sentença, julga procedente a ação e concede pela antecipada na sentença, para que a decisão já produza seus regulares efeitos. Qual é o recurso cabível dessa decisão? Apelação ou agravo? Vide artigo 1.015, inciso I, do CPC - Art. 1.015 CPC. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias; Resposta.: Apelação; mesmo que contenha decisões de natureza interlocutória, não desfigura o ato do juiz, que é justamente uma sentença. Da sentença cabe apelação, Art. 1009, CPC. - *Sempre olhar o ato do juiz, ato maior. Esse questionamento pode vir, por causa do próprio Art. 1015, I, CPC. Art. 1.009 CPC. Da sentença cabe apelação § 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença. b-) Legitimidade – É o mesmo que se perguntar “Quem pode recorrer? Quem tem o direito de recorrer?”. Regra geral, as partes podem recorrer, desde que seja sucumbente, aquele que perdeu a ação/aquele que sucumbiu a ação. E se for Litisconsórcio unitário? Lembrar da Classificação doutrinária:- Quanto as partes: litisconsórcio ativo/passivo/misto; - Quando ao momento: litisconsórcio inicial e ulterior; - Quanto a necessidade: litisconsórcio necessário/facultativo; - Quanto a necessidade de a decisão ser uniforme: litisconsórcio simples e unitário; Regra geral do litisconsórcio: Entre eles serão tratados como partes distintas, um litisconsorte não prejudica nem beneficia. Regra específica do litisconsórcio unitário: se o ato praticado por um beneficiar os demais, eles serão beneficiados, e, se o ato for prejudicial, será ineficaz. Se um dos litisconsortes unitários confessa, a confissão dele não tem qualquer validade. Porém, se for um ato benéfico, irá beneficiar todos. Aplicação disso na legitimidade aos recursos... Se estamos falando de um litisconsórcio unitário, sendo que um dos litisconsortes recorreu, esse recurso irá beneficiar a todos. Art. 1.005 CPC. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. Nos casos dos demais litisconsórcio, irá depender se a matéria de defesa for comum, não importando se temos litisconsórcio simples ou unitário. Se a matéria de defesa for comum irá beneficiar à todos. E se for prejudicar, não irá prejudicar a todos. Litisconsórcio simples: beneficia a todos; Litisconsórcio unitário: se a matéria for comum, beneficiará a todos, caso contrário, não. MP, pode recorrer? Pode, sempre que ele for parte ou fiscal da ordem jurídica. Nesses dois casos, o MP pode recorrer, mesmo que não for parte. E o terceiro prejudicado, quem é? Terceiro é aquele que não é parte, ou seja, se alguém for prejudicado na sua relação jurídica por determinada decisão judicial, pode recorrer? Sim! Ex: Imagine que numa ação judicial, o juiz fixou R$ 100,00 de honorários, e a sentença foi julgada procedente, mesmo tendo como honorário um valor muito baixo para o advogado. Neste caso, você pensa em comunicar o seu cliente para recorrer, porém, o objetivo do cliente já foi atendido, a ação já foi julgada procedente. O cliente com medo de o advogado recorrer até revoga a sua procuração. A pergunta é: Você advogado é parte do processo? Não, advogado não é parte, ele não tem legitimidade ordinária nem extraordinária. Ele apenas exerce a capacidade postulatória que a parte não tem, apresenta os interesses da parte, para que preste a tutela jurisdicional. Ele é apenas um veículo do interesse da parte ao poder Judiciário. De acordo com o exemplo acima, o advogado pode recorrer? Sim, na condição de terceiro prejudicado. Art. 996, PÚ CPC. Obs.: Doutrinador Marcus Vinicius inverte a classificação de fato impeditivo e extintivo, não acolher essa tese. Art. 996 CPC. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto processual. Terceiro prejudicado pode recorrer? Pode, se ele demonstrar que foi atingido pela decisão judicial. c-) Interesse Recursal - Conceito: é o interesse de agir, que é a necessidade e adequação de se interpor um recurso que estará demonstrado quando o recorrente for sucumbente, mesmo que de parte mínima. É necessário a via recursal para modificar a decisão judicial, e é necessário utilizar o recurso adequado. A adequação deve estar presente já no cabimento e a necessidade sempre que a parte for sucumbente, mesmo que em parte mínima, poderá recorrer a decisão. A ação foi julgada extinta sem julgamento do mérito, o réu pode recorrer? Sim, p/ que tenha um julgamento de mérito. d-) Inexistência de fato impeditivo ou extintivo do direito de recorrer - vai ocorrer um fato que impede ou extingue o direito de recorrer. Como diferenciar um fato impeditivo de um fato extintivo? Se impede o direito ao recurso quer dizer que a parte ainda não recorreu. Exemplo: juiz proferiu a sentença, veio um fato impeditivo do direito de recorrer e depois veio o recurso, que não será conhecido por conta deste fato impeditivo do direito de recorrer. Ou seja, fato impeditivo ocorre antes da interposição do recurso, na qual impede o próprio direito de recorrer. Ex: O juiz proferiu a sentença, veio um fato impeditivo do direito de recorrer e depois veio o recurso. Esse recurso não será conhecido por causa do fato impeditivo do direito de recorrer. Já o fato extintivo do direito de recorrer é um fato processual, que ocorre após a interposição do recurso extinguindo-o. Ex: Temos a sentença, depois o recurso e, antes do seu julgamento, vamos ter um fato, fato este que vai extinguir o recurso já interposto. --Fato Impeditivo do Direito de Recorrer O fato impeditivo ocorre antes da interposição do recurso. Temos 2 hipóteses/exs.: renúncia e aceitação/concordância. • Renúncia – Art. 999, CPC Art. 999 CPC. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. Ex: a parte, depois que o juiz profere a sentença, a parte renuncia o seu direito de recorrer e, depois de três dias, ela vem recorrer. O recurso dessa pessoa não será conhecido por causa de um fato impeditivo ao direito de se recorrer. A parte renuncia o direito que possui de recorrer. Ex: o juiz profere uma sentença em audiência e pergunta: “as partes renunciam o seu direito de recorrer?”, o autor diz que sim e o réu diz que não, três dias depois, vem o advogado do réu interpondo recurso, dessa forma o recurso não será conhecido pelo fato impeditivo. • Aceitação ou concordância – Art. 1000, CPC Art. 1.000 CPC. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de recorrer. Ex: Juiz condena o réu a pagar mil reais por danos materiais (batida de carro), o réu então deposita na conta do autor, porém, três dias depois, aparece um recurso no processo. Nesse caso será extinto porque existe um fato impeditivo. -- Fato Extintivo do Direito de Recorrer Ele extingue o direito de recorrer, ex.: desistência. • Desistência – Art. 998, CPC A desistência ocorre de maneira diferente dentro do processo. - Se colocarmos da petição inicial até a contestação, a parte pode desistir de forma livre, sem qualquer anuência da outra parte. - Da contestação até antes da sentença, pode desistir, mas dependerá da anuência do réu, e só produz efeitos com a homologação (exceção). Contrário ao artigo 200 do CPC, que, em regra, à partir do momento em que se protocola e produz seus regulares efeitos, a desistência só vai produzir efeitos depois que for homologado pelo juiz. Na esfera recursal, temos a interposição do recurso até o seu julgamento; nesse caso a desistência também ocorre de forma livre. Art. 998 CPC. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso – regra geral. Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquele objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. Pergunta: Imagine que teve um processo judicial, o juiz julgou, foi interposta uma apelação, a apelação foi julgada, e eu interpus recurso especial. No recurso especial, como estavam pipocando recursos sobre aquele assunto, foi levantado o recurso repetitivo/incidente de recurso repetitivo/ou se no STF foi reconhecida a repercussão geral, e eu quero permanecer com a decisão de 1° grau, desistindo do recurso, o que acontece? Se eu desistode um recurso que já foi interposto e reconhecido por sua repercussão geral ou por recurso repetitivo, o que acontece nessa situação? Qual é o efeito que causa essa desistência? R: 1° ponto – Se você desistiu, não tem problema, irá ficar com a decisão anterior. Ex.: foi julgado a apelação pelo acordão e do acordão eu recorri ao STF e do STF reconheceu repercussão geral, então desisto do recurso, nesse caso eu fico com a decisão do acordão. Ou então, tenho o meu acordão e recorri ao STJ e ele reconheceu o regime de recurso repetitivo e iria julgar o meu recurso, eu desisti, e fiquei com a decisão do acordão. Porém, simplesmente os tribunais superiores poderão julgar aquela questão em que foi reconhecido a repercussão geral ou foi reconhecido como recurso repetitivo. Nesse caso, na opinião do professor ficará decidido o que está no acordão, porém os tribunais superiores poderão julgar a questão de repercussão geral ou recurso repetitivo, ou seja, eles julgam e vão aplicar a todos os demais processos que veicularem a mesma questão, então, de qualquer forma, será fixado o precedente. - Previsão no Art. 998, PU., CPC. 2º ponto - Tivemos a sentença, da sentença houve uma apelação, e dela resultou o julgamento de um acordão. Deste acordão eu interpus o recurso para o STF e é requisito a chamada repercussão geral, pois o STF reconhece a repercussão geral, porém, depois de ter reconhecido a repercussão geral, eu peço a desistência, na qual é um fato extintivo do direito de recorrer, logo, o recurso extraordinário será não conhecido, e ficaremos com a decisão do acordão. Da mesma forma, se fiz um recurso especial ao STJ, na qual reconheceu o regime de recursos repetitivos e logo após apresento a minha desistência, que será homologada pelo STJ e no final ficarei novamente com o acordão, mas o STJ vai julgar o processo, que será aplicado a todos os demais processos que veiculam a mesma decisão. Pressupostos Extrínsecos É a forma pela qual se recorre de uma decisão judicial. a-) Tempestividade – está sempre relacionado a prazo. A regra geral é que o prazo para recorrer é de 15 dias. A exceção são os embargos de declaração, na qual o prazo é de 5 dias. • MP, DP, FP – Cuidado, estes temos prazo em DOBRO. o Intimação - RESP n. 1.349.935/SE – entrega dos autos na repartição – o prazo inicia a sua contagem a partir da entrega dos autos na repartição. Ex.: Juiz profere a sentença em audiência - quando começa o prazo do MP para recorrer? Da entrega dos autos na repartição do MP. Basta a entrada dos autos na repartição competente. • Litisconsórcio – A regra é a prazo simples. Exceção: tem prazo em dobro apenas se cumprir os seus requisitos cumulativamente. Quais os requisitos cumulativos para ter prazo em dobro? 1. Processo/Autos físicos 2. Com Procuradores diferentes 3. De escritórios diferentes E se só um for sucumbente? Atenção a esse detalhe: se só um for sucumbente será prazo simples. Ex.: Temos um autor e três réus (A,B,C) - a ação foi julgada improcedente em face dos réus A e B, e procedente em face do réu C. Nesse caso, apenas o réu “C” poderá recorrer, pois ele foi o sucumbente e terá prazo simples. • Recurso remetido por correio – Art. 1003, §4° Art. 1.003 CPC. O prazo para interposição de recurso conta- se da data em que os advogados, a sociedade de advogados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. § 4º Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposição a data de postagem. Neste eu considero a data da postagem, porque se não a parte não tem o controle pelo o correio. Não se considera a data da chegada! • Feriado local – Art. 1003, §6° Por exemplo, se tinha um feriado municipal e eu precisava fazer uma interposição de recurso no estado, será necessário comprovar no processo a existência desse feriado, sob pena de considerar o recurso intempestivo. Essa informação deve estar na própria petição. Ex: Colocar a lei orgânica do município. Art. 1.003, § 6º.. O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. • Recurso interposto antes da intimação Anteriormente existia um problema nisso, acontecia muito quando tinha o julgamento de uma apelação e ia fazer o recurso especial. Veja o seguinte caso: O advogado ia assistir a sessão de julgamento ou ia fazer a sustentação oral sobre determinado caso, ai a corte julgava o recurso/conhecia do recurso, negava provimento ao recurso e dai você sabia do resultado, porém, muitas vezes o acordão demorava para ser publicado. Nesse caso, o acordão ainda não foi publicado e você está com receio de perder o prazo, ai o advogado ia lá e interpunha o recurso; dois dias depois de interpor o recurso saia a publicação que você foi intimado da publicação do acordão, nesse momento, em tese, começava o prazo que você tinha para recorrer, só que você interpôs o recurso antes da intimação, e no CPC de 1973 não havia nenhuma legislação falando sobre isso. Até meados de 2000, os tribunais superiores entendiam que esse recurso fora do prazo e interposto antes de começar o prazo, era considerado intempestivo. Essa situação no CPC de 73 era considerada como recurso intempestivo. Hoje, no CPC de 2015, o recurso é tempestivo – Art. 218, §4°, CPC Art. 218 CPC. Os atos processuais serão realizados nos prazos prescritos em lei. § 4º Será considerado tempestivo o ato praticado antes do termo inicial do prazo. OBS.: Se o recurso for intempestivo a consequência é seu não conhecimento. Ex.: Temos uma sentença - no 16° dia foi interposto o recurso de apelação - o juiz não recebeu do recurso, considerando que era intempestivo - porém, houve um erro do juiz, porque foi interposto no 15° dia - o juiz contou errado o prazo, achando que foi interposto no 16° dia e ele não recebeu o recurso. A pergunta era: o que podemos fazer nessa situação? 1-) Se fosse intempestivo, o juiz de 1° grau pode não conhecer do recurso? Sim! Se o recurso realmente fosse intempestivo, haveria trânsito em julgado, pois o juiz daria o despacho de forma correta: "Considerando a intempestividade do recurso, indefiro, tendo em vista a formação da coisa julgada". 2-) Sendo o recurso tempestivo, o que podemos fazer? Será cabível uma reclamação (previsão no art. 988, do CPC), para o TJ. É uma forma de impugnar a decisão judicial, mas não é um recurso. Advém do próprio direito de petição. b-) Preparo (Art. 1007, CPC) – o preparo envolve as custas recursais. Art. 1.007 CPC. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. § 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo DF, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. § 3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos. § 5º É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, no recolhimento realizado na forma do § 4º. § 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. Custas – As custas recursais são as taxas judiciárias, um tipo de tributo que você paga por utilizar a máquina estatal. Porte de Remessa e Retorno – Se o processo foi físico você vai pagar esse porte de remessa e retorno. Este é o valor cobrado para remeter o processo para o tribunal e depois para ele voltar a origem, ele volta para o 1° grau. Se o processo for eletrônico, só incidirá as custas recursais (aproximadamente 4% do valor da condenação). Isenção – Administração públicae suas autarquias: o estado terá isenção. Beneficiários da Justiça Gratuita – Aqui é importante lembrar que ela pode ser deferida a qualquer tempo, desde a petição inicial, bem como no recurso. – Art. 98 e seguintes, do CPC. Ex.: Imagine a seguinte situação - se o cliente tinha dinheiro na época que você propôs a ação - a ação foi julgada improcedente e você, advogado, quer recorrer da decisão - no momento em que o juiz deu a sentença, você fala para o seu cliente que precisa recorrer - porém, o cliente fala que não tem dinheiro para pagar o recurso - a pergunta é: pode solicitar gratuidade da justiça na interposição do recurso? Sim! Eu peço a interposição do recurso, não junto nada, não realizo qualquer pagamento, e o tribunal, especificamente o relator, decidirá sobre a justiça gratuita. Se o relator indeferir a justiça gratuita, ele deve dar o prazo de 5 dias para recolher o respectivo valor. Art. 101 CPC. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na sentença, contra a qual caberá apelação. § 1º O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso. § 2º Confirmada a denegação ou a revogação da gratuidade, o relator ou o órgão colegiado determinará ao recorrente o recolhimento das custas processuais, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de não conhecimento do recurso. Deserção – Sanção processual que acarreta o não conhecimento do recurso, pela não realização do preparo. Nada mais é quando a parte não recolhe as custas/tendo que recolher, não recolhe as custas e aplica-se essa sanção. (não pagamento das custas). --- Peculiaridades da deserção Pode o relator considerar deserto o recurso sem qualquer possibilidade da parte recolher o tributo? Não; temos duas situações: o Recolhimento menor 1. O recorrente recolhe apenas parte das custas na interposição. Ex: tinha que recorrer 1000 e recolheu 100. O relator concede um prazo de 5 dias para recolher o restante, ou seja, neste exemplo, os R$ 900,00 que estão faltando; se não recolher, considera deserto. § 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. o Sem recolhimento 2. O Recorrente em nada recorre. Ex.: tinha que recolher 1000 e não recolheu nada. Mesmo assim, o relator deve dar possibilidade de pagar. Como não recolheu nada, haverá uma sanção, prazo de 5 dias para recolher em dobro (R$ 2.000,00), sob pena de reconhecer o recurso deserto. § 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. o Equívoco na guia de custas – também será dado o prazo de 5 dias para regularizar; não acarreta deserção. Ex.: Tinha que recolher sob o número 100 e o advogado recolheu sob o número 101, vai ter que regularizar junto ao banco ou na guia correta, para solicitar restituição do valor. § 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. Regularidade Formal Os recursos possuem uma forma para serem interpostos. Razão recursais – São duas peças, uma de interposição e outra de razões recursais. Nas razões recursais, será onde eu vou impugnar especificamente a decisão judicial. Escrito – O recurso sempre é escrito. Não tem recurso oral no processo civil. Até mesmo no JEC (até 20 salários mínimos), o recurso é escrito e necessita de advogado. Capacidade postulatória – A parte pode ir sozinha sem advogado até no JEC, somente até a sentença de 1° instancia. A partir do momento que precisa recorrer, precisa de advogado. Assinatura – Deve ser sempre assinado, é um vício sanável, então pode ser regularizado. Efeitos Recursais São as consequências da interposição de um recurso. Sempre quando falamos de efeito, lembrar que é uma consequência. A interposição do recurso vai gerar certas consequências/efeitos no processo. Consequências que podem advir diante da interposição de um recurso. Temos 09 possíveis efeitos recursais, sendo eles: 1-) Efeito Obstativo: aquele que impede a formação da coisa julgada. Ou seja, enquanto estiver tramitando o recurso, aquela solução permanece em aberto, pode haver modificações naquela decisão. Ex.: Temos a sentença - dentro de 15 dias posso interpor apelação - essa apelação impede que a sentença transite em julgado. O recurso será conhecido, depois será julgado - se não recorrer deste acórdão, fará coisa julgada. Contra acórdão cabe recurso especial e recurso extraordinário. O efeito obstativo não importa em ineficácia da decisão; não impede que aquela decisão produza seus regulares efeitos. 2-) Efeito Devolutivo: “tantum devolutum quantum appellatum" - estamos falando em remeter a matéria julgada para novo julgamento pelo mesmo órgão ou outro hierarquicamente superior. Devolver a matéria para que o tribunal julgue novamente. Remete aquela matéria que já foi julgada para novo julgamento. Se estamos falando do processo de conhecimento, nós sabemos que, em 1 grau, será julgado pelo juiz de direito, na justiça estadual. Posso Interpor uma apelação da sentença (artigo 1009) e ela vai ser julgada pelo TJ (órgão hierarquicamente superior). Exemplos de recursos julgados pelo mesmo órgão: Ex. 1: Se falarmos da lei de execução fiscal, por exemplo, (lei 6.830), nas execuções de até 50 ORTN's, teremos os embargos infringentes, que serão julgados pelo próprio juízo a quo. Ex. 2: Embargos de declaração - são julgados pelo juízo a quo. Posso devolver para o próprio órgão prolator da decisão ou para um órgão hierarquicamente superior. O efeito devolutivo pode ser concebido em duas dimensões, ou seja, dois planos que ele pode ser analisado e estudado: Ex.: Piscina cortada ao meio - posso analisar a cognição do juiz, num aspecto horizontal, ou num plano de profundidade, no aspecto vertical Dimensão Horizontal: o efeito devolutivo pode ser restrito/pontual à uma matéria, ou abarcar qualquer matéria. A matéria à ser conhecida pode ser restrita ou ampla. Ex.: Apelação - o órgão a quem tem uma cognição ampla, conforme artigo 1.013, do CPC. Na apelação cabe toda e qualquer situação prevista no processo ou apenas uma. Ex.: Agravo de instrumento tem uma cognição restrita ao artigo 1.015, do CPC. Ex.: RE e RESP estão sujeitos ao pré-questionamento, ou seja, se não for debatido na decisão, não será possível recorrer - cognição restrita. Art. 1.013 CPC. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. § 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. Dimensão Vertical: está relacionada à profundidade que o juízo pode conhecer. Se verificarmos o artigo 1013, parágrafo 2°, vamos ver que, na apelação, a profundidade da análise desse recurso chega ao extremo. Ou seja, todos os fundamentos podem ser conhecidos pelo tribunal. No caso de RE e RESP, no seu aspecto vertical, há uma restrição, pois existe um pré-questionamento. Se eu quiser levantar alguma tese para o STJ ou STF, antes de mais nada, tem que ser discutido ou debatido pelo órgão a quo. Pré-questionamento: temos o acórdão - deste acórdão eu quero Interpor um RESP
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