Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O sistema respiratório é dividido em trato respiratório superior e inferior BEATRIZ GURGEL- MEDICINA UFMS CPTL SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)/ SARA/ ATELECTASIA/ EDEMA DISTÚRBIOS DA PLEURA Alteram as trocas gasosas. A pressão negativa da cavidade pleural é o que evita o colabamento dos pulmões durante a expiração (passiva). Além disso, outro mecanismo é o surfactante que evita o colapso. Entre a pleura parietal e visceral (cavidade pleural), existe um espaço onde existe encontra-se o líquido pleural (seroso) que lubrifica essa camada e permite o deslizamento dos pulmões. Quando há formação excessiva de líquido, há acúmulo e compressão do pulmão, podendo levar à um colapso, sendo parcial (atelectasia por obstrução) e pneumotórax (total). ● Derrame pleural- acúmulo de líquido anormal na cavidade pleural. Excesso na produção do líquido. Quando tenho a entrada de líquido via diafragma (cavidade peritoneal), parietal ou visceral, No espaço intersticial há excesso ou defeitos na remoção pelos vasos linfáticos da pleura parietal. Ele pode ser transudato (líquido sem proteínas/sem inflamação associada/ hidrotórax), exsudato (acúmulo de proteínas/ processos inflamatórios/ BEATRIZ GURGEL- MEDICINA UFMS CPTL SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)/ SARA/ ATELECTASIA/ EDEMA empiema). Quilotórax é um líquido leitoso com muitos quilomícrons (rico em lipídeos), muito comum em derrame de linfa na cavidade torácica. Como diagnosticar cada um deles na clínica? Dosagem de LDH (lactato desidrogenase= tecido lesado/ exsudato) e de proteínas plasmáticas (baixas concentrações delas e LDH/ provável transudativo). Hemotórax (acúmulo de sangue na cavidade pleural). O hemotórax pode ser mínimo quando há em torno de 250 ml no espaço pleural, moderada (⅓ do espaço pleural/ drenagem imediata); grande (enche cerca de metade ou mais). ● Pneumotórax- acúmulo de ar na cavidade pleural. Pode levar ao colapso total ou parcial do pulmão, comprometendo a hematose. Pode ser classificado em 3 tipos: 1. Espontâneo: ruptura de uma bolha de ar atmosférico, que começa a entrar na cavidade pleural, levando a um quadro de colapso parcial. Pode ser pequeno ou grande, depende da quantidade de ar. Posso classificá-lo em 2 tipos: primário (pessoa saudável) ou secundário (doença de base no indivíduo). Os secundários normalmente são mais graves, por já possuírem uma doença pré instalada. 2. Traumático: classificado em penetrante ou não penetrante. A fratura ou luxacao de costelas pode levar à danos na pleura. Durante a inspiração no penetrante, perde-se a pressão negativa pela pleura estar em contato com o ar atmosférico, puxando o ar e criando um vácuo que pode colapsar o pulmão. No processo de expiração, ao tentar jogar o ar pra fora, o pulmão tenta expandir junto. 3. Tensão: nessa situação, o pulmão empurra o mediastino médio contra o pulmão que não foi afetado. O grande problema desse desvio é a compressão da veia cava, tendo diminuição de retorno venoso e DC. ● Atelectasia: colapso parcial ou expansão incompleta dos pulmões. Podem ser classificadas em neonatal (recém nascidos) ou adquiridas (colapso do pulmão previamente inflado / áreas de parênquima pulmonar sem ar). A adquirida pode ser classificada em 3 tipos: 1. Reabsorção: quando há obstrução em algum local da árvore traqueobrônquica e esse processo leva à um quadro de hipóxia na região, sofrendo reabsorção e colabando parcialmente o local. 2. Compressão: resultado de um pneumotórax, comprimindo uma área afetada. Pode ser por líquido, tumor. 3. Contração: por algum motivo o pulmão fica mais fibrótico, perdendo a complacência e não conseguindo expandir normalmente. BEATRIZ GURGEL- MEDICINA UFMS CPTL SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)/ SARA/ ATELECTASIA/ EDEMA BEATRIZ GURGEL- MEDICINA UFMS CPTL SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)/ SARA/ ATELECTASIA/ EDEMA BEATRIZ GURGEL- MEDICINA UFMS CPTL SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)/ SARA/ ATELECTASIA/ EDEMA EDEMA PULMONAR Acúmulo de líquido nos alvéolos. Na membrana respiratória acontece a hematose, quando há líquido acúmulo e a difusão fica comprometida. Os edemas podem ser hemodinâmicos (chamados também de cardiogênicos/ ICC), traumáticos (não cardiogênicos) ou indeterminadas. BEATRIZ GURGEL- MEDICINA UFMS CPTL SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)/ SARA/ ATELECTASIA/ EDEMA BEATRIZ GURGEL- MEDICINA UFMS CPTL SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)/ SARA/ ATELECTASIA/ EDEMA Cardiogênico: há aumento da pressão hidrostática o que consequentemente aumenta o diâmetro capilar. Isso causa extravasamento maior de líquido, tanto no interstício quanto no alvéolo. No PNT 1 e 2 existem canais de aquaporinas, bomba de sódio atpase, tentam remover o líquido pois entendem que à eficiência pulmonar diminui. Logo há aumento de líquido levando ao edema. A IC esquerda contribui de forma que o VE se hipertrofia e posteriormente se dilata, na tentativa de continuar ejetando todo sangue que chega até ele. A longo prazo ele perde a força de propulsão, não ejetando de forma eficaz, pois há um aumento da resistência periférica e com isso congestionado todo o sistema, regurgitando o sangue que chega pelos pulmões. Como o VD está trabalhando normalmente, ao mandar sangue venoso para os pulmões, há aumento de pressão hidrostática, pelo lado esquerdo não conseguir realizar seu trabalho. A congestão pulmonar acontece então, pelo aumento da RVP, o que aumenta ainda mais a dificuldade do VE em ejetar seu sangue pela aorta, por ter que vencer essa pressão. Diminui-se o DC do lado esquerdo, e toda periferia nao consegue receber a quantidade de oxigênio, prejudicando a perfusão tecidual. Logo, o sistema renina-angiotensina-aldosterona é ativado, na tentativa de aumentar a PA. A ECA que converte angiotensina I em II é produzida no endotélio pulmonar. A angiotensina faz aumento da pré carga, aumentando o DC e a RVP. Como o lado direito ejeta todo sangue que chega até ele (FRank Starling), com o tempo os pulmões ficam congestionados pelo lado esquerdo nao conseguir ejetar da mesma maneira. Não cardiogênico: na região onde acontece a troca gasosa está danificada. Podem ser danos diretos (associados à processos infecciosos por agentes tóxicos) ou indiretos (mediado por citocinas inflamatórias). Danos no epitélio alveolar ou no endotélio capilar, faz com que haja aumento da permeabilidade, pois o endotélio fica mais espaçado entre uma célula e outra, tornando mais permeável, levando a entrada de células, proteínas. Com isso, gera-se um processo inflamatório dentro do alvéolo que atrai muitas citocinas, causando um ciclo vicioso de reparo e destruição. À longo prazo, os alvéolos podem levam a um quadro de fibrose, diminuindo a funcionalidade do pulmão. PNEUMONIA Todas as vezes que tenho aumento de permeabilidade local e ele está associado à processo inflamatório no pulmão, tenho pneumonia. Quando essa permeabilidade encontra-se difusa, tenho um quadro de lesão pulmonar aguda(LPA). Quando essa condição é grave, o indivíduo desenvolve uma síndrome da angústia respiratória aguda. SDRA/ SARA/ DANO ALVEOLAR DIFUSO (DAD)/ PULMÃO DE CHOQUE BEATRIZ GURGEL- MEDICINA UFMS CPTL SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)/ SARA/ ATELECTASIA/ EDEMA Esse edema acontece com principal característica a falha de contenção na barreira alveolocapilar, pois ela sofre injúria e não encontra-se íntegra, deixando passar muitas moléculas que não deveriam. Há extravasamento de exsudato, rico em proteínas. OBS: Todo paciente com SDRA tem LPA. Mas nem todo LPA tem SDRA. ● FATORES DE LESÃO DIRETA: infecção pulmonar, aspiração de conteúdo gástrica. Depende de quanto tempo o estímulo perdurou. De modo geral, temos a inalação de agentes tóxicos (infecciosos ou não), que agridem a barreira alvéolo-capilar. O organismo ativa o sistema imunologico, atraves dos macrofagos alveolares, que fagocitam os agentes tóxicos e liberam citocinas responsáveis pelo recrutamento de novas células de defesa que são os neutrófilos, acontecendo quimiotaxia e ativação dessas células nos septos alveolares. A ativação faz com que haja liberação de mediadores químicos como leucotrienos, proteases (enzimas que degradam proteínas), oxidantes (radicais livres instáveis que lesionam), fator ativador de plaqueta (favorecimento da produção de microtrombos). Quando chegam no local tem-se mais danos no epitélio alveolar, assim como no endotélio vascular, virando um ciclo vicioso, potencializando o dano. O aumento da permeabilidade da barreira alvéolo capilar, permite extravasamento de plasma, hemácias, fibrina, membranas hialinas (restos celulares associado ao plasma e à fibrina). Nesses locais há ativação dos fatores ativadores de plaquetas, potencializam efeitos nocivos para o indivíduo. Isso tudo gera inativação de surfactante, pelo extravasamento, perde-se a tensão superficial da hematose, além de favorecer colabamento dos alvéolos, inativando-o. Também pelo fato de ter muita liberação de agentes pró inflamatório, tem-se o desnudamento do tecido de revestimento, pela destruição, substituindo esses locais por membranas hialinas, prejudicando ainda mais o processo de hematose. LPA Shunting pulmonar é quando há perfusão sanguínea, mas não há troca gasosa, isso causa hipoxemia sistêmica, e chega a um ponto em que ela torna-se refratária, por não conseguir reverter o dano alveolar e suprir o organismo. 3 FASES (que se sobrepõe) ● Exsudativa (4-7 dias): marcada por exsudato por conta do recrutamento de células (neutrófilos e ativação dos macrofagos), uma vez que a barreira sofreu algum tipo de dano. Há liberação de mediadores químicos (citocinas ), recrutamento de neutrófilos tanto para interstício quanto pro alvéolo, extravasamento de plasma proteínas, tendo edema no próprio alvéolo. Esses neutrófilos produzem citocinas que fazem o ciclo vicioso citado acima. Formação dos microtrombos, prejudicando a perfusão sistêmica. Desnudamento do pneumócito I começa a morrer pela inflamação. Os derivados como prostaglandinas, leucotrienos, potencializa o dano e desnudamento das membranas hialinas e diminuição BEATRIZ GURGEL- MEDICINA UFMS CPTL SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)/ SARA/ ATELECTASIA/ EDEMA da complacência pulmonar e combinação entre danos epiteliais e endoteliais, resultando no agravo da ventilação-perfusão. ● Transição: ● Proliferativa (depois de 7 dias): processo de recuperação pulmonar. Os pneumócitos II começam a sofrer proliferação, se diferenciando em pneumócitos I, além de produzir surfactantes. Por possuir canais iônicos, bombas de sódio atpase, aquaporinas, fazem a drenagem de líquido da região alveolar para o sistema linfático. Clareamento das células inflamatórias, retomando o funcionamento adequado do septo alveolar. No entanto, quando o dano é muito extenso, a fase proliferativa não consegue ser efetiva, podendo levar à fase fibrótica ● Fibrótica (3-4 semanas): quando há falhas na remoção do colágeno alveolar, e toda MEC, tanto do interstício quanto do alvéolo, limita-se a recuperação desse local, levando à hipóxia sistêmica. Com o tempo há disfunção na produção da ECA (enzima), automaticamente leva-se à uma conversão diminuída de angiotensina II, não havendo a cascata que ela causa. Quando há possibilidade de reparo, a interleucina 8 no processo inflamatório, estimula o fibroblasto a produzir pró colágeno, formando as membranas hialinas, que apesar de temporárias, são impermeáveis, dificultando a hematose. BEATRIZ GURGEL- MEDICINA UFMS CPTL SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)/ SARA/ ATELECTASIA/ EDEMA OBS: o indivíduo começa a apresentar vasoconstrição pulmonar (mecanismo de defesa), por conta do edema, nestes locais difusos a troca gasosa fica comprometida, mas não quer dizer que é todo pulmão. Então quando falamos em vasoconstrição pulmonar nos referimos as artérias pulmonares que desviam o sangue dos locais edemaciados para os locais onde ainda há ventilação adequada. A alteração regional de fluxo é justamente para manter a perfusão dos locais onde ainda não foram lesados. Automaticamente pode-se levar ao colapso alveolar, pois se os locais edemaciados não forem recuperados, tende-se a levar um quadro de atelectasia. E quanto maior esse colapso, maior o trabalho respiratório, que sentirá cada vez mais falta de ar (dispneia). Logo o quadro de hipoxemia sistêmica torna-se prejudicada, sendo necessário ventilação mecânica. Em alguns casos essa ventilação já não é suficiente pois as lesões já estão todas fibrosadas. BEATRIZ GURGEL- MEDICINA UFMS CPTL SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA)/ SARA/ ATELECTASIA/ EDEMA
Compartilhar