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1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina – IFSC Câmpus São Miguel do Oeste Unidade curricular: Análise de Alimentos Docente: Stefany Grützmann Arcari Estudantes: Aline Barbieri Eduarda Theisen Vogt Graziela Franco Assumpção Liandra Ruschel DETERMINAÇÃO DO CONTEÚDO DE NITROGÊNIO TOTAL E ESTIMATIVA DO CONTEÚDO DE PROTEÍNAS PELO MÉTODO KJELDAHL 1. PRINCÍPIO DO MÉTODO O método de Kjeldahl é empregado na determinação do conteúdo total de nitrogênio presente em uma amostra. Ele consiste em três etapas principais: digestão, destilação e titulação (ARCARI, 2020). Sendo assim, na digestão, o carbono e o hidrogênio são oxidados e a matéria nitrogenada reage com o ácido sulfúrico para formar o sulfato de amônio (sal amoníaco). Posteriormente, este sal reage com o NaOH (hidróxido de sódio) para formar a amônia, a qual é destilada e reage com uma solução de ácido bórico presente em um frasco Erlenmeyer. O borato de dihidrogênio de amônio formado é então titulado com HCl para a estimativa do conteúdo de nitrogênio total. Por fim, este valor é convertido em proteínas por meio de um fator de conversão apropriado (ARCARI, 2020). 2. RESUMO TEÓRICO As proteínas desempenham papéis extremamente importantes, na maioria dos processos biológicos, atuando como enzimas, hormônios, neurotransmissores, transportadores, através das membranas celulares e outros (ZAIA et al., 1998). 2 O método de Kjeldahl pode ser considerado o mais utilizado para a determinação de proteínas. Ele é constituído de três etapas: a digestão, destilação e titulação, onde a proteína sofre uma hidrólise ácida, deste modo, a matéria orgânica é decomposta e o nitrogênio transformado em amônia. Sendo o conteúdo de nitrogênio das diferentes proteínas aproximadamente 16%, introduz-se o fator empírico 6,25 para transformar o número de g de nitrogênio encontrado em número de g de protídios. Em alguns casos, emprega-se um fator diferenciado de 6,25 (ZENEBON et al., 2008). 3. PROCEDIMENTO 3.1 Digestão da amostra Primeiramente, foram pesados 1,5 g da mistura catalítica e depositados no fundo de um tubo de microkjeldhal, onde adicionou-se 200 µL de amostra de leite semidesnatado. Figure 1 Pesagem da amostra Em seguida, utilizando a capela, efetuou-se a pipetagem de 5 mL de ácido sulfúrico concentrado no tubo contendo a amostra e a mistura catalítica. Tomando sempre o cuidado de que o reagente caia no fundo do tubo, sem tocar as paredes. 3 Figure 2 Pipetagem com ácido sulfúrico Posteriormente, os tubos foram acomodados no bloco digestor e iniciou-se o aquecimento com o exaustor da capela ligado. O conteúdo dos tubos foi digerido até o aparecimento de uma coloração azulada, que anteriormente era negra. Por fim, desligou- se o bloco digestor e esperou-se até que os tubos esfriassem. Sendo que, ao final desse procedimento, fez-se um ensaio branco, utilizando somente os reagentes, ou seja, sem a amostra. Figure 3 Amostra após o aquecimento no bloco digestor 3.2 Destilação da amostra 4 Ao iniciar a segunda fase do procedimento, foram adicionados 10 mL de água destilada no tubo com a amostra digerida. Seguidamente, pipetou-se 10 mL de solução de ácido bórico a 2% em um Erlenmeyer, junto ao ácido bórico, aos quais foram adicionadas 4 gotas de indicador misto (verde de bromocresol e vermelho de metila) a 0,1%. Figure 4 Pipetagem do ácido bórico Em seguida, colocou-se o Erlenmeyer com ácido bórico e o indicador na saída do destilador, mergulhando a ponta do destilador completamente no ácido. Ajustou-se o tubo digestor no suporte até que estivesse devidamente fixo. De forma lenta, abriu-se a válvula do reservatório de NaOH até que a solução do tubo apresentasse coloração marrom escuro. Figure 5 Destilador de nitrôgenio 5 Posteriormente, fechou-se a válvula do reservatório, ligando a resistência da caldeira, desligando-se a mesma após coletados 50 mL de destilado no Erlenmeyer com ácido bórico. O tubo digestor, por sua vez, foi retirado cuidadosamente do suporte com uma luva resistente ao calor e ao resíduo, sendo transferido para um frasco de descarte. 3.3 Titulação da amostra Por fim, titulou-se o conteúdo do Erlenmeyer com a solução padronizada de HCl 0,1 M. Figure 6 Resultado da titulação com HCl 4. CÁLCULOS Para a realização dos cálculos referentes ao conteúdo de proteínas, deve-se, inicialmente, calcular o percentual de nitrogênio total. Em seguida, calcula-se o percentual de proteína bruta. E, por fim, determina-se a média entre as amostras, bem como seu desvio padrão. Os cálculos são realizados a partir dos dados obtidos na prática, os quais podem ser visualizados na tabela abaixo. Tabela 1 Dados obtidos nas análises Amostra Volume de amostra (mL) Molaridade do ácido (N ou M) Volume de HCl gasto na titulação (mL) Branco 0 0,1 0,4 6 Leite (1) 0,200 0,1 1,3 Leite (2) 0,200 0,1 1,1 Leite (3) 0,200 0,1 0,9 Assim, pode-se seguir 2 passos para a realização dos cálculos, os quais são vistos a seguir: Passo 1: Calcular a quantidade de nitrogênio total, em percentual: 𝑁(%) = 𝑀á𝑐𝑖𝑑𝑜 × (𝑉𝑎 − 𝑉𝑏) × 14 × 100 𝑚 × 1000 Onde: N = nitrogênio total, em percentual Va = volume de solução de ácido clorídrico gasto na titulação da amostra (em mL) Vb = volume de solução de ácido clorídrico gasto na titulação do branco (em mL) m = volume de amostra (em mL) Passo 2: Calcular a quantidade de proteína bruta, em percentual: 𝑃𝐵 = 𝑁𝑇 × 𝐹 Onde: PB = proteína bruta (%) NT = nitrogênio total F = fator de conversão Passo 3: Calcular a média dos percentuais de proteína bruta obtidos: 7 𝑀é𝑑𝑖𝑎 = 𝑃𝐵1 + 𝑃𝐵2 + 𝑃𝐵3 3 Passo 4: Calcular o desvio padrão de proteína bruta da amostra 𝑆 = √ (𝑥 − 𝑥1)2 + (𝑥 − 𝑥2)2 + (𝑥 − 𝑥3)2 𝑛 − 1 Onde: S = desvio padrão x = média dos resultados em % x1 = resultado da PB um x2 = resultado da PB dois x3 = resultado da PB três n = número de amostras analisadas Dessa forma, realiza-se as contas referentes a cada uma das amostras de leite, bem como a média entre elas e o desvio padrão. Amostra de leite 1: o Primeiro passo: 𝑁(%) = 𝑀á𝑐𝑖𝑑𝑜 × (𝑉𝑎 − 𝑉𝑏) × 14 × 100 𝑚 × 1000 𝑁(%) = 0,1 × (1,3 − 0,4) × 14 × 100 0,200 × 1000 𝑁(%) = 0,1 × 0,9 × 14 × 100 200 8 𝑁(%) = 126 200 𝑁 = 0,63% o Segundo passo: 𝑃𝐵 = 𝑁𝑇 × 𝐹 𝑃𝐵 = 0,63 × 6,38 𝑃𝐵 = 4,01% Amostra de Leite 2: o Primeiro passo: 𝑁(%) = 𝑀á𝑐𝑖𝑑𝑜 × (𝑉𝑎 − 𝑉𝑏) × 14 × 100 𝑚 × 1000 𝑁(%) = 0,1 × (1,1 − 0,4) × 14 × 100 0,200 × 1000 𝑁(%) = 0,1 × 0,7 × 14 × 100 200 𝑁(%) = 98 200 𝑁 = 0,49% o Segundo passo: 𝑃𝐵 = 𝑁𝑇 × 𝐹 𝑃𝐵 = 0,49 × 6,38 𝑃𝐵 = 3,12% 9 Amostra de leite 3: o Primeiro passo: 𝑁(%) = 𝑀á𝑐𝑖𝑑𝑜 × (𝑉𝑎 − 𝑉𝑏) × 14 × 100 𝑚 × 1000 𝑁(%) = 0,1 × (0,9 − 0,4) × 14 × 100 0,200 × 1000 𝑁(%) = 0,1 × 0,5 × 14 × 100 200 𝑁(%) = 70 200 𝑁 = 0,35% o Segundo passo: 𝑃𝐵 = 𝑁𝑇 × 𝐹 𝑃𝐵 = 0,35 × 6,38 𝑃𝐵 = 2,23% A média dos resultados do percentual de proteína bruta nas amostras pode ser feita a partir da fórmula: 𝑀é𝑑𝑖𝑎 = 𝑃𝐵1 + 𝑃𝐵2 + 𝑃𝐵3 3 𝑀é𝑑𝑖𝑎 = 4,01 + 3,12 + 2,23 3 𝑀é𝑑𝑖𝑎 = 9,36 3 𝑀é𝑑𝑖𝑎 = 3,12% 10 Posteriormente, se realiza o desvio padrão segundo a fórmula a seguir: 𝑆 = √ (𝑥 − 𝑥1)2 + (𝑥 − 𝑥2)2 + (𝑥 − 𝑥3)2 𝑛 − 1 𝑆 = √ (3,12 − 4,01)2 + (3,12 − 3,12)2 + (3,12 − 2,23)2 3 − 1 𝑆 = √ (−0,89)2 + (0)2 + (0,89)2 2 𝑆 = √ 0,7921 + 0 + 0,7921 2 𝑆 = √ 1,5842 2 𝑆 = √0,7921 𝑆 = ±0,89 Portanto, o percentualmédio de proteína nas amostras de leite analisadas é de 3,12% ± 0,89 %. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Primeiramente, com os resultados obtidos, determinou-se a média e o desvio padrão das amostras de leite semidesnatado, as quais obteve-se, respectivamente, 3,12% e ± 0,89%. 11 Assim, segundo a Instrução Normativa Nº 76, de 26 de novembro de 2018, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o teor de proteínas mínimas no leite cru deve ser de 2,9 g/100g. Além disso, na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA), o leite UHT de vaca semidesnatado possui, como média de conteúdo proteico, 3,23% em 100 gramas. Sendo assim, se consideramos a Instrução Normativa, bem como a tabela alimentar, tem-se que as amostras analisadas estão dentro da média satisfatória de proteínas. 12 5. REFERÊNCIAS ARCARI, S. Roteiro de Aula Prática: Determinação de nitrogênio total e estima do conteúdo de proteínas pelo método de Kjeldahl. 2020. Disponível em: < https://moodle.ifsc.edu.br/pluginfile.php/433004/mod_resource/content/1/Aula%20Pr%C 3%A1tica%20ANP_Prote%C3%ADnas%20M%C3%A9todo%20Kjeldahl.pdf> Acesso em: 10 dez. 2020. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa 76/2018. Disponível em: <https://www.in.gov.br/materia/- /asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/52750137/do1-2018-11-30-instrucao- normativa-n-76-de-26-de-novembro-de-2018-52749894IN%2076> Acesso em: 15 dez.2020. Instituto Adolfo Lutz (São Paulo). Métodos físico-químicos para análise de alimentos/coordenadores Odair Zenebon, Neus Sadocco Pascuete Paulo Tiglea- São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. 1020. Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA). Universidade de São Paulo (USP). Food Research Center (FoRC). Versão 7.1. São Paulo, 2020. Disponível em: <http://www.fcf.usp.br/tbca> Acesso em: 14 dez. 2020. ZAIA, D. et al. Determinação de Proteínas Totais via espectrometria: Vantagens e de Desvantagens dos métodos existentes. 1998. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/qn/v21n6/2914.pdf.> Acesso em: 09 dez. 2020. ZENEBON, O. et al (org.). Métodos físico-químicos para análise de alimentos. Disponível em:<file:///C:/Users/Cliente%20Especial/Downloads/NormasADOLFOLUTZ%20(1).pdf> Acesso em: 09 dez. 2020
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