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EST - 103 - Apostila ALUNO - 2018

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO 
 
ESCOLA POLITÉCNICA DA USP 
 
 
 
 
 
 
 
PECE – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA 
 
EAD – ENSINO E APRENDIZADO À DISTÂNCIA 
 
 
 
eST-103 / STR-103 
HIGIENE DO TRABALHO – PARTE A 
 
 
 
ALUNO 
 
 
 
SÃO PAULO, 2018
 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
 
 
 
 
 EPUSP/PECE 
 
DIRETOR DA EPUSP 
JOSÉ ROBERTO CASTILHO PIQUEIRA 
 
COORDENADOR GERAL DO PECE 
LUCAS ANTÔNIO MOSCATO 
 
EQUIPE DE TRABALHO 
 
CCD – COORDENADOR DO CURSO À DISTÂNCIA 
SÉRGIO MÉDICI DE ESTON 
 
VICE - COORDENADOR DO CURSO À DISTÂNCIA 
WILSON SHIGUEMASA IRAMINA 
 
PP – PROFESSOR PRESENCIAL 
SÉRGIO MÉDICI DE ESTON 
 
CPD – CONVERSORES PRESENCIAL PARA DISTÂNCIA 
ANDRÉ FILLIPE BEZERRA 
CAROLINA COSTA BATISTA 
EMMANUEL BARREIRA FERRARO 
FLÁVIA VILHENA SUTTER AFFONSO 
GIOVANNA CABRAL CAZALI 
RODRIGO TONIOLO 
 
FILMAGEM E EDIÇÃO 
FELIPE THADEU BONUCCI 
KARLA CARVALHO 
THALITA SANTIAGO DO NASCIMENTO 
 
IMAD – INSTRUTORES MULTIMÍDIA Á DISTÂNCIA 
DIEGO DIEGUES FRANCISCA 
FELIPE BAFFI DE CARVALHO 
FELIPE THADEU BONUCCI 
PEDRO MARGUTTI DE ALMEIDA 
SEIJI RENAN MICHISHITA 
 
CIMEAD – CONSULTORIA EM INFORMÁTICA, MULTIMÍDIA E EAD 
CARLOS CÉSAR TANAKA 
JORGE MÉDICI DE ESTON 
SHINTARO FURUMOTO 
 
GESTÃO TÉCNICA 
MARIA RENATA MACHADO STELLIN 
 
APOIO ADMINISTRATIVO 
NEUSA GRASSI DE FRANCESCO 
VICENTE TUCCI FILHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, 
sem a prévia autorização de todos aqueles que possuem os direitos autorais sobre este documento” 
iii 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
SUMÁRIO 
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO AO MUNDO OCUPACIONAL ............................................. 1 
1.1 PREVENÇÃO: HISTÓRICO E EVOLUÇÃO ................................................................. 2 
1.1.1 O INÍCIO ................................................................................................................... 2 
1.1.2 OS ANOS 60 ............................................................................................................ 5 
1.1.3 CONTRIBUIÇÕES EXÓGENAS À PREVENÇÃO OCUPACIONAL ....................... 7 
1.1.4 O PREVENCIONISMO NO BRASIL ........................................................................ 8 
1.1.5 O “NASCIMENTO” DAS PROFISSÕES OCUPACIONAIS ................................... 10 
1.1.6 ALGUNS MARCOS HISTÓRICOS E LEGISLATIVOS NO BRASIL. LEGISLAÇÃO 
ATUAL E AS NORMAS REGULAMENTADORAS (NRS) .............................................. 12 
1.2 O PROFISSIONAL OCUPACIONAL E AS LEGISLAÇÕES A CONHECER ............. 13 
1.3 SISTEMAS DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL (SGSSO) 
(BS 8800 E OHSAS 18001) .............................................................................................. 14 
1.4 TESTES ....................................................................................................................... 16 
CAPÍTULO 2. HIGIENE OCUPACIONAL – ASPECTOS HISTÓRICOS .......................... 18 
2.1 HISTÓRIA E CONCEITO ............................................................................................ 19 
2.1.1 EVENTOS HISTÓRICOS EM SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL ........... 20 
2.1.2 OUTROS PONTOS HISTÓRICOS DE DESENVOLVIMENTO DA HIGIENE 
INDUSTRIAL .................................................................................................................... 22 
2.2 DESENVOLVIMENTOS NA AVALIAÇÃO .................................................................. 23 
2.3. PADRÕES E CRITÉRIOS .......................................................................................... 23 
2.4 CONTROLE ................................................................................................................. 24 
2.5 OUTROS ASPECTOS................................................................................................. 25 
2.6 FORMAÇÃO, EDUCAÇÃO E ASSOCIAÇÕES .......................................................... 25 
2.7 TESTES ....................................................................................................................... 27 
CAPÍTULO 3. SITUANDO A HIGIENE OCUPACIONAL .................................................. 29 
3.1 ESTABELECENDO CONCEITOS INICIAIS E DEFINIÇÕES .................................... 30 
3.1.1 CONCEITUAÇÃO GERAL ..................................................................................... 30 
3.1.2 DETALHANDO ASPECTOS BÁSICOS ................................................................. 31 
3.2 ÁREAS DE INTERAÇÃO DA HIGIENE OCUPACIONAL. ......................................... 32 
3.2.1 MEDICINA OCUPACIONAL. .................................................................................. 32 
3.2.2 ÁREA DE GESTÃO AMBIENTAL. ......................................................................... 33 
3.2.3 ERGONOMIA ......................................................................................................... 33 
3.3 POR QUE É FUNDAMENTAL AGIR SOBRE O AMBIENTE? ................................... 33 
3.4 CONCEITOS DA HIGIENE EM ALGUMAS REFERÊNCIAS ..................................... 34 
3.5 O CONCEITO DO LIMITE DE TOLERÂNCIA / LIMITE DE EXPOSIÇÃO ................ 34 
3.5.1 EXERCÍCIO DE CONSTRUÇÃO DO CONCEITO ................................................ 34 
3.6 INTRODUÇÃO AOS AGENTES FÍSICOS ................................................................. 35 
3.7 MEDIDAS GENÉRICAS DE CONTROLE DE AGENTES AMBIENTAIS................... 36 
3.7.1 MEDIDAS RELATIVAS AO AMBIENTE ................................................................ 38 
3.7.2 MEDIDAS RELATIVAS AO PESSOAL .................................................................. 41 
3.8 ENTIDADES E ASSOCIAÇÕES DA ÁREA ................................................................ 42 
3.9 ATUAÇÃO DO HIGIENISTA OCUPACIONAL ........................................................... 42 
3.10 O HIGIENISTA E AS QUESTÕES TÉCNICO-LEGAIS ............................................ 43 
3.11 A HIGIENE OCUPACIONAL, SUAS “ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO” E AS 
FORMAÇÕES PROFISSIONAIS. ..................................................................................... 43 
3.12 TEXTO COMPLEMENTAR ....................................................................................... 45 
3.13 TESTES ..................................................................................................................... 47 
CAPÍTULO 4. O CORPO HUMANO................................................................................... 49 
4.1 A CIÊNCIA DO CORPO HUMANO ............................................................................. 50 
4.1.1 A CÉLULA .............................................................................................................. 50 
4.1.2 ROTAS DE ENTRADA ........................................................................................... 51 
4.1.3 SISTEMAS INTERNOS .......................................................................................... 55 
4.1.4 ROTAS DE SAÍDA ................................................................................................. 57 
iv 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
4.2 TESTES (1) ................................................................................................................. 59 
4.3 A NATUREZA DO PROBLEMA .................................................................................. 62 
4.3.1 DANO CELULAR .................................................................................................... 62 
4.3.1.1 CARCINOGÊNICOS ........................................................................................... 62 
4.3.1.2 MUTAGÊNICOS E TERATOGÊNICOS .............................................................. 62 
4.3.1.3 ROTAS DE ENTRADA ........................................................................................ 62 
4.3.1.3.1INALAÇÃO ........................................................................................................ 62 
4.3.1.3.2. ABSORÇÃO .................................................................................................... 63 
4.3.1.3.3 INGESTÃO ....................................................................................................... 64 
4.3.1.3.4. INJEÇÃO ......................................................................................................... 64 
4.3.2 SISTEMAS INTERNOS .......................................................................................... 64 
4.3.2.1 SISTEMA CIRCULATÓRIO ................................................................................ 64 
4.3.2.2 SISTEMA NERVOSO .......................................................................................... 65 
4.3.2.3 SISTEMA REPRODUTIVO ................................................................................. 65 
4.3.3 ROTAS DE SAÍDA ................................................................................................. 66 
4.3.3.1 O FÍGADO ........................................................................................................... 66 
4.3.3.2 RINS E BEXIGA .................................................................................................. 67 
4.3.4 PERÍODO DE LATÊNCIA E DOENÇA OCUPACIONAL ...................................... 67 
4.3.5 EFEITOS AGUDOS E CRÔNICOS ....................................................................... 68 
4.4 CASOS REAIS - O ACIDENTE DE BHOPAL ............................................................. 69 
4.5 TESTES (2) ................................................................................................................. 70 
4.6 LIMITES DE TOLERÂNCIA ........................................................................................ 71 
4.6.1 DETERMINAÇÃO DO RISCO ASSOCIADO A SUBSTÂNCIAS .......................... 71 
4.6.1.1 TESTES EM ANIMAIS ........................................................................................ 71 
4.6.1.2 TESTES EM SERES HUMANOS ....................................................................... 72 
4.7 FATORES INFLUENTES ............................................................................................ 75 
4.7.1 TOXICIDADE .......................................................................................................... 75 
4.7.2 CONCENTRAÇÃO ................................................................................................. 76 
4.7.3 TEMPO DE EXPOSIÇÃO ...................................................................................... 77 
4.7.4 SUSCETIBILIDADE INDIVIDUAL .......................................................................... 77 
4.8 TIPOS DE LIMITES DE TOLERÂNCIA ...................................................................... 77 
4.8.1 LIMITES DE TOLERÂNCIA SEGUNDO A ACGIH ................................................ 78 
4.8.1.1 LIMITE DE TOLERÂNCIA MÉDIA PONDERADA - LTMAP .............................. 78 
4.8.1.2 LIMITE DE TOLERÂNCIA CURTA EXPOSIÇÃO - LTCE .................................. 79 
4.8.1.3 LIMITE DE TOLERÂNCIA VALOR TETO - LTVT .............................................. 80 
4.8.1.4 DISTINÇÃO ENTRE LIMITES MÉDIA PONDERADA (LTMAP) E VALOR TETO 
(LTVT) .............................................................................................................................. 81 
4.8.1.5 LIMITES SUPERÁVEIS CONDICIONALMENTE ............................................... 81 
4.8.2 NORMAS CANADENSES ...................................................................................... 82 
4.8.3 NORMAS BRASILEIRAS ....................................................................................... 83 
4.8.4 COMPARAÇÃO ENTRE AS NORMAS BRASILEIRAS E AS SUGESTÕES DA 
ACGIH .............................................................................................................................. 91 
4.8.4.1 CONCEITUAÇÃO ................................................................................................ 91 
4.8.4.2 VISUALIZAÇÃO GRÁFICA DE LTVT E TLV-C .................................................. 91 
4.8.4.3 VISUALIZAÇÃO GRÁFICA DO TLV-TWA (LTMAP) SEM EXISTÊNCIA DE TLV-
STEL (LTCE) ................................................................................................................... 92 
4.8.4.4 VISUALIZAÇÃO GRÁFICA DO TLV-TWA (LTMAAP) COM EXISTÊNCIA DE 
TLV-STEL (LTCE) ........................................................................................................... 94 
4.8.4.5 O CASO DO BERÍLIO ......................................................................................... 94 
4.9 METODOLOGIAS DE MEDIÇÃO ............................................................................... 95 
4.9.1 MEDIÇÕES NO INDIVÍDUO .................................................................................. 95 
4.10 AÇÕES CORRETIVAS ............................................................................................. 96 
4.11 ESTUDO DIRIGIDO .................................................................................................. 97 
4.12 TESTES (3) ............................................................................................................... 98 
4.13 CASOS REAIS ........................................................................................................ 100 
v 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
4.13.1 A CIÊNCIA DAS RESINAS ................................................................................ 100 
4.13.2 A NATUREZA DO PROBLEMA ......................................................................... 102 
4.13.2.1 COMPONENTES EPÓXI (MONÔMEROS, OLIGÔMEROS) ......................... 102 
4.13.2.2 COMPONENTES AMINO ............................................................................... 102 
4.13.2.2.1 COMPOSTO 2, 4, 6 TRIS-FENOL ............................................................... 102 
4.13.2.2.2 COMPOSTO TRIETILENOTETRAMINA ..................................................... 103 
4.13.2.2.3 COMPONENTE POLIETILENO POLIAMINA (POLÍMERO) ....................... 103 
4.13.2.3 SOLVENTES (GRUPOS EPÓXI E AMINO) ................................................... 103 
4.13.2.4 OUTROS COMPONENTES DA RESINA EPÓXI ADERENTE ...................... 103 
4.13.2.4.1 EPICLORIDRINA.......................................................................................... 103 
4.13.2.4.2 BISFENOL .................................................................................................... 103 
4.13.2.4.3 CROMATOS E METAIS ............................................................................... 103 
4.13.3 LIMITES DE TOLERÂNCIA ............................................................................... 103 
4.13.4 METODOLOGIA DE MEDIÇÃO ......................................................................... 105 
4.13.4.1 RESINAS EPÓXI ............................................................................................. 105 
4.13.4.2 AMINAS ........................................................................................................... 105 
4.13.4.3 SOLVENTES ................................................................................................... 105 
4.13.4.4 METAIS ........................................................................................................... 105 
4.13.5 RESULTADOS ................................................................................................... 106 
4.13.6 AÇÕES CORRETIVAS ...................................................................................... 106 
4.14 TESTES (4) ............................................................................................................. 108 
CAPÍTULO 5. CONCEITOS BÁSICOS DE ESTATÍSTICA EM HIGIENE ...................... 110 
5.1 A CIÊNCIA DO TRATAMENTO DE DADOS............................................................ 112 
5.1.1 MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL ............................................................... 112 
5.1.2 DISPERSÃO ......................................................................................................... 115 
5.2 TESTES (1) ............................................................................................................... 122 
5.3 A NATUREZA DO PROBLEMA ................................................................................ 126 
5.3.1 VALORES MEDIDOS ........................................................................................... 126 
5.3.2 ERROS ................................................................................................................. 127 
5.3.3 PARÂMETROS OPERACIONAIS ........................................................................ 128 
5.3.4 ESPECIFICAÇÕES DE DESEMPENHO ............................................................. 131 
5.4 CASOS REAIS E EXEMPLOS .................................................................................. 131 
5.4.1 DISTRIBUIÇÃO LOG NORMAL ........................................................................... 131 
5.4.2 EXEMPLO OCUPACIONAL 1 – SILICOSE EM MINAS DE OURO ................... 132 
5.4.3 EXEMPLO OCUPACIONAL 2 – SILICOSE EM PEDREIRAS ............................ 134 
5.4.4 EXEMPLO DE APLICAÇÃO DA MÉDIA GEOMÉTRICA .................................... 135 
5.4.5 EXEMPLO DE APLICAÇÃO DA MÉDIA HARMÔNICA ...................................... 135 
5.5 LIMITES ADMISSÍVEIS............................................................................................. 136 
5.5.1 O QUE SIGNIFICAM OS VALORES NUMÉRICOS ............................................ 136 
5.5.2 EXEMPLO DE CÁLCULO DA EXPOSIÇÃO MÉDIA ........................................... 137 
5.5.3 EXEMPLO DE EFEITOS ADITIVOS.................................................................... 138 
5.6 METODOLOGIAS DE MEDIÇÃO ............................................................................. 139 
5.6.1 SELEÇÃO DO LOCAL DE AMOSTRAGEM ........................................................ 140 
5.6.2 ESTRATÉGIA DE AMOSTRAGEM ..................................................................... 140 
5.6.3 METODOLOGIA DE AMOSTRAGEM ................................................................. 142 
5.6.4 FREQUÊNCIA DE AMOSTRAGEM ..................................................................... 143 
5.6.5 EXECUÇÃO DA AMOSTRAGEM ........................................................................ 143 
5.6.6 TRANSPORTE E CUIDADOS COM AS AMOSTRAS ........................................ 143 
5.6.7 PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS ....................................................................... 143 
5.6.8 ANÁLISE DAS AMOSTRAS ................................................................................. 143 
5.6.9 INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ........................................................................ 143 
5.6.10 APRESENTAÇÃO CUIDADOSA DOS RESULTADOS .................................... 145 
5.6.11 DISTINÇÃO ENTRE PARÂMETROS DA AMOSTRA E DA POPULAÇÃO ..... 145 
5.7 TESTES (2) ............................................................................................................... 146 
5.8 EXERCÍCIOS ............................................................................................................. 150 
vi 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................. 151 
 
 
1 
 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO AO MUNDO OCUPACIONAL 
 
 
 
 
OBJETIVOS DO ESTUDO 
 
A higiene ocupacional faz parte das disciplinas chamadas “prevencionistas” e está 
inserida num contexto maior, que é o da preservação da segurança e da saúde no mundo 
do trabalho. 
O capítulo dá um histórico sintético da evolução da prevenção através dos tempos, 
até os dias de hoje, incluindo aspectos históricos e marcos legislativos do Brasil. 
Procura situar a pessoa não inserida no meio ocupacional, que pode ter sido atraída 
para o curso diretamente de uma área não necessariamente correlata, e que tem todo um 
contexto a conhecer. 
Ao terminar o capitulo você estará apto a: 
 
• Identificar aspectos evolutivos da questão ocupacional; 
• Entender o contexto onde se insere o higienista ocupacional; 
• Identificar as modernas escolas de prevenção; 
• Reconhecer os principais marcos históricos, profissionais e legislativos 
ocupacionais no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
Nota: O conteúdo deste capítulo foi extraído das notas de aula do professor Mário 
Fantazzini. 
 
2 
 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
1.1 PREVENÇÃO: HISTÓRICO E EVOLUÇÃO 
1.1.1 O INÍCIO 
O problema dos acidentes e doenças ocupacionais não é um problema recente; pelo 
contrário, tem acompanhado o desenvolvimento das atividades do homem através dos 
séculos. Assim, o homem primitivo teve sua integridade física ameaçada e sua capacidade 
produtiva diminuída pelos acidentes próprios da caça, da pesca e da guerra, atividades 
que eram as mais importantes de sua época. 
Mais tarde, o caçador que habitava as cavernas, transformou-se em artesão e passou 
a trabalhar em minas e com os metais, gerando as primeiras doenças do trabalho, 
provocadas pelos próprios materiais utilizados na sua atividade laboral. 
As primeiras referências escritas, relacionadas com estes problemas, encontram-se 
num papiro Egípcio, que data de 2360 a.C., o chamado Papiro Seller II, e que dizem: 
“Eu jamais vi ferreiros em embaixadas e fundidores em missões. O que eu vejo 
sempre é o operário em seu trabalho; ele se consome nas goelas de seus fornos. O 
pedreiro exposto a todos os ventos, enquanto a doença o espreita, constrói sem agasalho, 
seus dois braços se gastam no trabalho; seus alimentos vivem misturados com os detritos, 
ele se come a si mesmo, porque só tem como pão os seus dedos. O barbeiro cansa os 
seus braços para encher o ventre. O tecelão vive encolhido, joelho ao estômago, ele não 
respira. As lavadeiras sobre as bordas do rio são vizinhas do crocodilo. O tintureiro fede a 
morrinha do peixe; seus olhos são abatidos de fadiga, suas mãos não param e suas vestes 
vivem em desalinho”. 
Em 460 a.C., Hipócrates, considerado o pai da medicina, também fala dos acidentes 
e doenças do trabalho. 
Quatro séculos mais tarde, Plínio (23-79 d.C.), após visitar alguns locais de trabalho, 
principalmente galerias de minas, descreve impressionado o aspecto dos trabalhadores 
expostos ao chumbo, ao mercúrio e às poeiras. Menciona então a iniciativa dos escravos 
em utilizarem à frente do rosto, à guisa de máscaras, panos ou membranas (de bexiga de 
carneiro) para atenuar a inalação de poeiras. 
Em 1556, um ano após a sua morte, Georg Bauer, mais conhecido pelo seu nome 
latino de Georgius Agricola, publica em latim seu livro De Re Metallica. Após estudar 
diversos aspectos relacionados à extração de metais argentíferos e auríferos e à sua 
fundição, dedica o último capítulo aos acidentes do trabalho e às doenças mais comuns 
entre os mineiros. Agricola dá destaque especial à chamada “asma dos mineiros”, 
provocada por poeiras que descreveu como “corrosivas”. A descrição dos sintomas e a 
evolução da doença fazem lembrar a silicose. Segundo as observações de Agricola, em 
algumas regiões extrativas, as mulheres chegavam a casarem-se sete vezes, roubadas 
que eram de seus maridos, pela morte prematura encontrada na ocupação que exerciam. 
Onze anos mais tarde, surge a publicação de Paracelso (Aureolus Theophrastus 
Bombastus von Hohenheim): “Dos Ofícios e das Doenças da Montanha”. Seu autornasceu 
e viveu durante muitos anos em um centro mineiro da Boêmia, e são numerosas as suas 
observações relacionando métodos de trabalho ou substâncias manuseadas com doenças, 
sendo de destacar-se, por exemplo, que, em relação à intoxicação pelo mercúrio, os 
principais sintomas dessa doença profissional encontram-se ali assinalados, bem como da 
silicose. 
Em 1700, era publicada em Módena, na Itália, a primeira edição do livro DE MORBIS 
ARTIFICUM DIATRIBA, escrito pelo médico Bernadino Ramazzini (1633 - 1714). Nesta 
 
3 
 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
obra fundamental que lhe valeu o epíteto de “Pai da Medicina do Trabalho”, Ramazzini 
descreve com rara sensibilidade e grande erudição literária, doenças que ocorrem em 
trabalhadores de mais de cinquenta ocupações. Às perguntas Hipócraticas, fundamentais 
na anamnese, propõe Ramazzini que se acrescente mais uma: QUAL É A SUA 
OCUPAÇÃO? 
A partir do séc. XVIII, profundas alterações tecnológicas são iniciadas pela 
humanidade, e sua importância é de tal magnitude que foi chamada de Revolução 
Industrial. São inventados a máquina a vapor (James Watts - 1781) e o regulador 
automático de velocidade (1785), inventos estes que deram ao homem a independência 
das fontes localizadas de energia (rios) e o uso de uma nova forma controlável (de energia), 
de baixo custo e abundante. 
A organização das primeiras indústrias foi uma tragédia para as classes 
trabalhadoras, dadas as condições subumanas nas quais se desenvolviam as atividades 
fabris. Os acidentes do trabalho e as doenças provocadas pelas substâncias e ambientes 
do trabalho geravam grande número de doentes e mutilados. 
As primitivas máquinas de fiação e tecelagem necessitavam de força motriz para 
acioná-las e esta foi encontrada na energia hidráulica; daí o nome de mill, pelo qual, até 
hoje, são conhecidas as fiações nos países de língua inglesa. A descoberta da máquina a 
vapor, porém, veio permitir a instalação de fábricas em quaisquer lugares e, muito 
naturalmente, as grandes cidades, onde era abundante a mão de obra. Assim, galpões, 
estábulos, velhos armazéns eram rapidamente transformados em "fábricas", colocando-
se, no seu interior, o maior número possível de máquinas de fiação e tecelagem. 
Como mulheres e crianças podiam cuidar das máquinas e receber menos que os 
homens, deram-lhes trabalho, enquanto o homem ficava em casa, frequentemente sem 
poder trabalhar. A princípio, os donos de fábricas compravam o trabalho das crianças 
pobres, nos orfanatos; mais tarde, como os salários do pai operário e da mãe operária não 
eram suficientes para manter a família, também as crianças que tinham casa foram 
obrigadas a trabalhar nas fábricas e minas. Intermediários inescrupulosos percorriam as 
grandes cidades inglesas, arrebanhando crianças, que lhes eram vendidas por pais 
miseráveis e revendidas a £ 5 (Libras Esterlinas) por cabeça, aos empregadores que, 
ansiosos por obter um suprimento inesgotável de mão-de-obra barata, se comprometiam 
a aceitar uma criança débil mental para cada 12 crianças sadias. 
A improvisação das fábricas e a mão-de-obra constituída principalmente por crianças 
e mulheres resultaram em problemas ocupacionais extremamente sérios. Os acidentes do 
trabalho eram numerosos e provocados por máquinas sem qualquer proteção, movidas por 
correias expostas e as mortes, principalmente de crianças, eram muito frequentes. 
Inexistindo limites de horas de trabalho, homens, mulheres e crianças iniciavam suas 
atividades pela madrugada, abandonando-as somente ao cair da noite; em muitos casos 
continuava mesmo durante a noite, em fábricas parcamente iluminadas por bicos de gás. 
As atividades profissionais eram executadas em ambientes fechados, onde a ventilação 
era precaríssima. Não é, pois, de estranhar-se que doenças de toda a ordem 
disseminassem entre os trabalhadores, especialmente entre as crianças (principalmente 
as infecto-contagiosas, como o tifo europeu, que era chamado de “febre das fábricas”, cuja 
disseminação era facilitada pelas más condições do ambiente de trabalho e pela grande 
concentração e promiscuidade dos trabalhadores). 
Tal dramática situação dos trabalhadores não poderia deixar indiferente à opinião 
pública, e por essa razão criou-se, no parlamento britânico, sob direção de sir Robert Peel, 
 
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 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
uma comissão de inquérito que, após longa e tenaz luta, conseguiu que em 1802 fosse 
aprovada a primeira lei de proteção aos trabalhadores: a “Lei de Saúde e Moral dos 
Aprendizes”, que estabelecia o limite de 12 horas de trabalho por dia, proibia o trabalho 
noturno, obrigava os empregadores a lavar as paredes das fábricas duas vezes por ano, e 
tornava obrigatória a ventilação destas. 
Em 1830, quando as condições de trabalho das crianças ainda se mostravam 
péssimas, a despeito dos diversos documentos legais, o proprietário de uma fábrica 
inglesa, que se sentia perturbado diante das péssimas condições de trabalho dos seus 
pequenos trabalhadores, procurou Robert Baker, famoso médico inglês, pedindo-lhe 
conselhos sobre a melhor forma de proteger a saúde dos mesmos. Baker dedicava parte 
do seu tempo a visitar fábricas e tomar conhecimento das relações entre trabalho e doença, 
o que levou o governo britânico, quatro anos mais tarde, a nomeá-lo Inspetor Médico de 
Fábricas. Assim, diante do pedido do empregador inglês, aconselhou-o a contratar um 
médico da localidade em que funcionava a fábrica de modo a visitar diariamente o local de 
trabalho e estudar a sua possível influência sobre a saúde dos pequenos operários, que 
deveriam ser afastados de suas atividades profissionais tão logo fosse notado que estas 
estivessem prejudicando a sua saúde. Surgia, assim, o primeiro serviço médico industrial 
em todo o mundo. 
Em 1831, uma comissão parlamentar de inquérito, sob a chefia de Michael Saddler, 
elaborou um cuidadoso relatório, que concluía da seguinte maneira: “Diante desta 
Comissão desfilou longa procissão de trabalhadores - homens e mulheres, meninos e 
meninas. Abobalhados, doentes, deformados, degradados na sua qualidade humana, cada 
um deles era clara evidência de uma vida arruinada, um quadro vivo da crueldade do 
homem para com o homem, uma impiedosa condenação daqueles legisladores que, 
quando em suas mãos detinham poder imenso, abandonaram os fracos à rapacidade dos 
fortes”. O impacto deste relatório sobre a opinião pública foi tremendo, e assim, em 1833, 
foi baixado o Factory Act, que deve ser considerada como a primeira legislação realmente 
eficiente no campo da proteção ao trabalhador. Aplicava-se a todas as empresas têxteis 
onde se usasse força hidráulica ou a vapor; proibia o trabalho noturno aos menores de 18 
anos e restringia as horas de trabalho destes, a 12 por dia e 69 por semana; as fábricas 
precisavam ter escolas, que deviam ser frequentadas por todos os trabalhadores menores 
de 13 anos; a idade mínima para o trabalho era de 9 anos e um médico devia atestar que 
o desenvolvimento físico da criança correspondesse à sua idade cronológica. 
Até a primeira guerra mundial, perdurou esta situação com alguns intentos isolados 
para controlar os acidentes e doenças ocupacionais, sendo que a conflagração marcou o 
início dos primeiros intentos científicos de proteção ao trabalhador, estudando-se as 
doenças dos trabalhadores, as condições ambientais, a distribuição assim como o desenho 
das máquinas e equipamentos, as proteções necessárias para evitar acidentes e 
incapacidades, etc. 
Este movimento prevencionista consegue a sua maturidade durante a segunda 
guerra mundial, quando os países em luta compreenderam que o vencedor seria aquele 
que tivesse uma melhor capacidade industrial e, para isto, conseguissemanter um maior 
número de trabalhadores em produção ativa. 
Como pudemos ver, o prevencionismo evoluiu lentamente através dos tempos, 
caracterizando-se, inicialmente, por ações eminentemente médicas. Mesmo quando as 
primeiras leis de amparo à infortunística foram decretadas, o seu objetivo foi restrito à 
reparação dos danos causados pelo trabalho; surgiu toda uma legislação social de 
 
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 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
“reparação” de danos (lesões). Dessa forma, o seguro social (Previdência Social) realizava 
e realiza ações assegurando o risco de acidentes, ou melhor dizendo, o risco de lesões. 
Por outro lado, já no nosso século, iniciaram-se as ações complementares e 
necessariamente básicas do prevencionismo, ou seja, era óbvio, como ainda hoje nos é, 
que além de se reparar os danos causados pelos acidentes, era necessário evitar a sua 
ocorrência. 
 
1.1.2 OS ANOS 60 
A preocupação com todos os tipos de acidentes e as considerações econômicas. 
O avanço da prevenção nos anos de guerra aperfeiçoou ao máximo a prevenção 
“operacional” dos riscos, desenvolvendo-se as aplicações de engenharia básica, como a 
proteção de máquinas, de incêndios, dos riscos elétricos, etc., ou seja, toda a prevenção 
de acidentes que hoje chamaríamos de tradicional (não se deixe enganar pelo nome - todas 
essas atividades são fundamentais na prevenção). Essa época também impulsionou muito 
a Higiene Ocupacional, observe-se. 
Até então, a preocupação era limitada à prevenção dos acidentes-tipo, ou acidentes 
pessoais, ou simplesmente acidentes, pois não havendo lesão, não existia o conceito (do 
ponto de vista legal, também não existe o acidente sem acidentado). 
Surgiram então, teorias que foram e ainda são importantes, mostrando que ao se 
fechar os olhos para os acidentes sem lesão (apenas com danos materiais), perdem-se em 
prevenção, pois o que é realmente aleatório deste fato chamado acidente, é o seu resultado 
(só lesão, só dano material, só dano econômico ou qualquer combinação destes). 
O acidente não é aleatório na sua chance de ocorrer, pois persistindo riscos, ele 
ocorrerá. 
O acidente é, porém, aleatório no momento de sua ocorrência e na tipologia dos 
danos consequentes. 
A vantagem em se estudar todos os tipos de acidentes era justamente poder detectar 
um maior espectro de riscos, e assim aperfeiçoar a prevenção. 
As teorias buscavam também, com razão, seduzir o empresário para a prevenção, 
mostrando que as perdas materiais e econômicas dos acidentes eram muito maiores do 
que se imaginava e que sua redução era possível. Mais ainda, tal redução passava pela 
tecnologia da Engenharia de Segurança, aliada à nova visão que as teorias planejavam 
adicionar. 
As duas principais teorias surgidas na década foram: 
 
 
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 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
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Quadro 1.1. Controle de Danos. 
 
Controle de Danos - Em 1966, o norte americano Frank Bird Jr. concluiu um 
estudo de 90.000 acidentes (75.000 com danos à propriedade), ocorridos em uma 
empresa metalúrgica durante 7 anos, e que serviram de base para sua teoria 
chamada “Controle de Danos”. Um programa de Controle de Danos requer a 
identificação, registro e análise de todos os acidentes com danos à propriedade, 
cujos custos devem ser determinados e cuja análise deve desencadear ações 
preventivas. O programa tinha uma vertente forte na mudança de cultura (ou seja, 
acidentes sem lesionados passariam a ser considerados acidentes), além de 
provisões para o levantamento dos custos (essencialmente, os custos de 
manutenção e reparos causados por acidentes, normalmente diluídos e 
irreconhecíveis na contabilidade das empresas). Como não havia a 
informatização, os controles eram feitos por etiquetas apostas aos itens a sofrer 
manutenção, ou através do uso da letra “A” nas ordens de serviço, para posterior 
controle (manual) dos custos. Pode agora parecer simples ou até bisonho, mas 
foi uma revolução para os pensamentos da época. É claro que o programa previa 
todas as outras ferramentas da prevenção tradicional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
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Controle Total de Perdas - Partindo também da premissa de que os acidentes que 
resultam em danos às instalações, equipamentos e materiais têm as mesmas causas 
básicas que aqueles que resultaram em lesões, o canadense John A. Fletcher propôs, em 
1970, o estabelecimento de “Programas de Controle Total de Perdas”. Desde já se observa 
que permanece grande o apelo desta denominação e de seus objetivos nos dias de hoje. 
Esta teoria, que deve ser mostrada com detalhe nos cursos de engenharia de segurança, 
pode ser resumida como segue: Segundo a proposta de Fletcher, o PCP deve ser 
idealizado de modo a eliminar todas as fontes de interrupção de um processo de produção, 
querem elas resultem de lesão, dano à propriedade, incêndio, explosão, roubo, 
vandalismo, sabotagem, poluição ambiental, doença ocupacional ou defeito do produto. 
Trata-se de uma visão mais abrangente do conceito de “perda” de Bird. Os passos de 
implantação previam: o levantamento do perfil dos programas de prevenção existentes, a 
definição de prioridades e a elaboração de planos de ação (usando-se as ferramentas 
tradicionais da prevenção). Particularmente interessante é o levantamento dos perfis de 
prevenção, baseado em perguntas chave, com um sistema de pontos. Tratava-se do 
embrião dos sistemas de auditoria de segurança, levantando deficiências a serem sanadas 
nos planos de ação. 
 
1.1.3 CONTRIBUIÇÕES EXÓGENAS À PREVENÇÃO OCUPACIONAL 
1.1.3.1 TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO: TÉCNICAS DE ANÁLISE DE RISCOS 
As técnicas estruturadas de análise de riscos, ou “Técnicas de Análise de Riscos”, 
como agora as conhecemos, têm sua origem em duas grandes vertentes: a área de 
processos (indústrias de processo) e a militar/bélico/aeroespacial (onde se configurou a 
disciplina “Engenharia de Segurança de Sistemas”). 
Ao final da segunda grande guerra, nascia uma indústria de armas mais sofisticadas, 
os mísseis. Em todas as áreas militares norte-americanas (aeronáutica, marinha, exército) 
já surgiam técnicas embrionárias de análise de riscos, visando reduzir a ocorrência de 
acidentes operacionais catastróficos, por uma ação antes dos mesmos, ou seja, preventiva. 
Essas técnicas foram se fortalecendo e se desenvolvendo dentro da indústria de mísseis, 
de forma a serem desenvolvidos sistemas mais seguros, com menos falhas e riscos de 
operação. Esse movimento foi se configurando numa disciplina que se consolidou com a 
corrida aeroespacial (que tinha a necessidade de alta confiabilidade, erro “zero”), chamada 
Engenharia de Segurança de Sistemas. A maioria das técnicas atuais provém desta área. 
Muitas delas surgiram como resposta a riscos inadmissíveis no desenvolvimento de 
sistemas, ou a catástrofes concretas. A APR (Análise Preliminar de Riscos), por exemplo, 
foi desenvolvida e tornou-se obrigatória após os acidentes com o sistema de mísseis Atlas. 
As árvores de falhas, pelos riscos de um lançamento não autorizado dos mísseis 
Minuteman. 
Na área de processos, a busca por plantas mais seguras foi alavancada e 
consolidada por acidentes sérios, como Flixborough, Seveso, Bhopal. As técnicas mais 
importantes que daí surgiu foram o HAZOP (Estudo de Riscos e Operabilidade) e o What 
If (Técnica E SE...). 
É importante observar que as técnicas, especialmente as de segurança de sistemas, 
foram gradualmente passando para a área “civil” de riscos já nos anos sessenta. Os 
primeiros artigos em revistas de segurança do trabalho foram provavelmente os de Recht, 
em 1966, na National Safety News norte-americana. A forma mais técnicae estruturada de 
se analisar riscos, a maior objetividade e a sistematização eram fatos novos no mundo 
 
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 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
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prevencionista, e, aos poucos, as técnicas se disseminaram nas empresas. Elas também 
geraram variantes mais simples ou adaptações que podem ser identificadas em estudos 
ocupacionais, como a ART (Análise de Riscos no Trabalho) e a própria “Árvore de Causas”, 
uma aplicação ocupacional da técnica SR (Série de Riscos). 
Observe-se que na Segurança de Sistemas há mais de 20 técnicas disponíveis, 
algumas muito específicas (ver referências bibliográficas, Willie Hammer). 
Em 1979, Mario Fantazzini e Francesco De Cicco lançaram pela Fundacentro a 
primeira obra em língua portuguesa no Brasil sobre Segurança de Sistemas, com as 
ferramentas de Análise de Riscos supracitadas e outros conceitos. 
 
1.1.3.2 ANÁLISE DE RISCOS E GERÊNCIA DE RISCOS 
É necessário relatar que a gerência de riscos não possui uma conceituação 
universalmente aceita. Sem alongar demasiadamente o tema, observamos essencialmente 
que a linha que temos seguido é a da consideração ampla dos vários processos da 
gerência de riscos, como abaixo descritos, devidamente municiados pelas técnicas de 
análise de riscos. Os processos básicos são: 
 
• Identificação de riscos; 
• Análise de riscos; 
• Avaliação de riscos; 
• Tratamento de riscos. 
• prevenção • eliminação 
 • redução 
• financiamento • retenção (auto adoção ou auto-seguro) 
 • transferência (através ou não de seguro) 
 
As técnicas subsidiam todos os processos, pois em forma geral não só identificam 
os riscos, analisam suas causas e efeitos, avalia quantitativamente os mesmos, como 
também geram medidas de prevenção e controle e permitem (nas técnicas quantitativas) 
estabelecer estudos de custo-benefício quanto a investimentos de controle e de 
financiamento (discussão de taxas de seguro frente à probabilidade de ocorrência dos 
danos, por exemplo). 
 
1.1.4 O PREVENCIONISMO NO BRASIL 
Embora em menores proporções, não seria despropósito afirmar que o período vivido 
pelo Brasil, basicamente Rio de Janeiro e São Paulo, de 1880 a 1920, guarda grande 
similitude com o período da “Revolução Industrial” da Inglaterra de cem anos antes. Nos 
seus aspectos positivos, mas também na repetição dos problemas desencadeados pela 
industrialização. 
De acordo com o relatório de Dean, “as condições de trabalho eram duríssimas, 
muitas estruturas que abrigavam as máquinas não haviam sido originalmente destinadas 
à essa finalidade, além de mal iluminadas e mal ventiladas não dispunham de instalações 
sanitárias. As máquinas se amontoavam ao lado umas das outras, e suas correias e 
engrenagens giravam sem proteção alguma”. Os acidentes se amiudavam porque os 
trabalhadores cansados, que trabalhavam por vezes além do horário sem aumento de 
 
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 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
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salário, ou quando trabalhavam aos domingos, eram multados por indolência ou pelos 
erros cometidos caso fossem adultos, ou surrados se fossem crianças. 
Cita-se o exemplo de cardadores da indústria têxtil que trabalhavam 16 horas por dia, 
das 5 às 22 horas, com uma hora para a refeição, e nos domingos, até às 15 horas. 
Os primeiros passos do prevencionismo brasileiro tiveram origens reais nos primeiros 
anos da década de 1930, depois da criação do ministério do trabalho. Desta década datam 
as primeiras tentativas para despertar os responsáveis pelo desenvolvimento industrial do 
Brasil, autoridades, empresários e trabalhadores, para a prevenção dos acidentes e 
doenças do trabalho. 
O país contava desde 1919 com uma lei de acidentes do trabalho, a qual foi 
reformulada em 1934, mas apesar da reformulação, ambas as leis foram deficientes no 
aspecto prevencionista, preocupando-se de preferência com a compensação ao 
acidentado, ou seja, atuava uma vez que o acidente acontecia. 
Surge nessa época, através da Lei 185, de 14 de janeiro de 1936, o adicional de 
insalubridade, experiência abandonada depois de comprovadamente ruim na revolução 
industrial inglesa. A partir de então, o trabalhador brasileiro, exposto aos riscos ambientais, 
tinha direito a um acréscimo salarial de até 50%. Posteriormente, essa lei foi 
regulamentada pela Portaria SMC 51, de 13/04/1939, do Ministério da Indústria, Comércio 
e Trabalho, criando os “quadros das indústrias insalubres”. Essa prática perversa de 
comprar a saúde dos trabalhadores tem se perpetuado até a presente data, completando 
em 2006, setenta anos de existência. 
Em abril de 1938, foi apresentado um projeto de lei, para modificar a parte que se 
referia aos acidentes do trabalho do Decreto nº. 22.872, de criação do Instituto dos 
Marítimos. Nesse anteprojeto, posteriormente transformado no Decreto lei nº. 3.700 de 9 
de outubro de 1941, foi incluído um capítulo dedicado à prevenção de acidentes do 
trabalho. 
Em 1940, os adicionais de insalubridade foram subdivididos em percentuais de 40, 
20 e 10% para três níveis de insalubridade, máximo, médio e mínimo. No Governo Getúlio 
Vargas foi implantada a CLT – Consolidação das Leis do Trabalho – em 1943, com um 
capítulo (V) para a segurança e higiene do trabalho. Foi também prevista a eliminação da 
insalubridade através de medidas de controle e por consequência o não pagamento dos 
respectivos adicionais. 
Neste mesmo ano, o Governo resolveu estender às outras classes operárias as 
medidas de proteção ao trabalho; nesse ano o ministro do trabalho, Sr. Marcondes Filho, 
lançou as bases da Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho, que até 
hoje vem se desenvolvendo. 
Junto com o desenvolvimento progressivo da legislação foram aparecendo diversas 
entidades, algumas de origem privada e outras de caráter oficial, tendo por objetivo o 
ensino, divulgação e pesquisas no âmbito da segurança, higiene e medicina do trabalho. 
A primeira destas entidades no nosso meio foi a ABPA (Associação Brasileira para a 
Prevenção de Acidentes) fundada em 21 de maio de 1941, constituindo-se numa das 
primeiras organizações desse tipo na América do Sul. 
A entidade nacional de maior importância e responsabilidade na área é a 
FUNDACENTRO, Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do 
Trabalho. 
 
 
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 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
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1.1.5 O “NASCIMENTO” DAS PROFISSÕES OCUPACIONAIS 
O fim dos anos 60 e início da década de 70 foram marcados por grande crescimento 
industrial e econômico. Falava-se no “milagre brasileiro” e as taxas de crescimento eram 
de até 10% ao ano. 
Isto, naturalmente, quer dizer também que não havia formação profissional que 
suprisse adequadamente trabalhadores devidamente treinados, não só para as tarefas 
requeridas, mas também para a prevenção. Somando a isso um crescimento relativamente 
desordenado das empresas, o resultado só poderia ser um: muitos acidentes. A evolução 
dos índices oficiais pode ser observada na Tabela 1.1. 
 
Tabela 1.1. Evolução dos índices oficiais de % de acidentados 
Ano* Trabalhadores 
Acidentes 
Doenças 
Total 
Acidentes 
% 
Típico Trajeto 
1970 7.284.022 1.199.672 14.502 5.937 1.220.111 16,75 
1971 7.553.472 1.308.335 18.138 4.050 1.330.523 17,61 
1972 8.148.987 1.479.318 23.389 2.016 1.504.723 18,47 
1973 10.956.956 1.602.517 28.395 1.784 1.632.696 14,90 
1974 11.537.024 1.756.649 38.273 1.839 1.796.761 15,57 
1975 12.996.796 1.869.689 44.307 2.191 1.916.187 14,74 
1976 14.945.489 1.692.833 48.394 2.598 1.743.825 11,67 
1977 16.589.605 1.562.957 48.780 3.013 1.614.750 9,73 
1978 16.638.799 1.497.934 48.511 5.016 1.551.461 9,32 
1979 17.637.1271.388.525 52.279 3.823 1.444.627 8,19 
Média 
Anos 70 
12.428.828 1.535.843 36.497 3.227 1.575.566 12,68 
1980 18.686.355 1.404.531 55.967 3.713 1.464.211 7,84 
1981 19.188.536 1.215.539 51.722 3.204 1.270.465 6,62 
1982 19.476.362 1.117.832 57.874 2.766 1.178.472 6,05 
1983 19.671.128 943.110 56.989 3.016 1.003.115 5,10 
1984 19.673.915 901.238 57.054 3.233 961.575 4,89 
1985 21.151.994 1.010.340 63.515 4.006 1.077.861 5,10 
1986 22.163.827 1.129.152 72.693 6.014 1.207.859 5,45 
1987 22.617.787 1.065.912 64.830 6.382 1.137.124 5,03 
1988 23.661.579 926.354 60.202 5.025 991.581 4,19 
1989 24.486.553 825.081 58.524 4.838 888.443 3,63 
Média 
Anos 80 
21.077.804 1.053.909 59.937 4.220 1.118.071 5,30 
1990 23.198.656 632.012 56.343 5.217 693.572 2,99 
1991 23.004.264 579.362 46.679 6.281 632.322 2,75 
1992 22.272.843 490.916 33.299 8.299 535.514 2,40 
1993 23.165.027 374.167 22.709 15.417 412.293 1,78 
1994 23.667.241 350.210 22.824 15.270 388.304 1,64 
1995 23.755.736 374.700 28.791 20.646 424.137 1,79 
1996 23.830.312 325.870 34.696 34.889 395.455 1,66 
 
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 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
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Ano* Trabalhadores 
Acidentes 
Doenças 
Total 
Acidentes 
% 
Típico Trajeto 
1997 24.104.428 347.482 37.213 36.648 421.343 1,75 
1998 24.491.635 347.738 36.114 30.489 414.341 1,69 
1999 24.993.265 326.404 37.513 23.903 387.820 1,55 
Média 
Anos 90 
23.648.341 414.886 35.618 19.706 470.210 1,99 
2000* 26.228.629 304.963 39.300 19.605 363.868 1,39 
2001* 27.189.614 282.965 38.799 18.487 340.251 1,25 
2002* 28.683.913 323.879 46.881 22.311 393.071 1,37 
2003* 29.544.927 325.577 49.642 23.858 399.077 1,35 
(*) São dados preliminares e não incluem todos os Estados da Federação 
Observação: considerando-se apenas os números oficiais do INSS que engloba 
apenas trabalhadores com carteira profissional assinada. 
 
Em 1972, quase 1/5 da força de trabalho formal (inscrita na previdência) havia se 
acidentado. Considerando-se ainda: 
 
• a grande quantidade de trabalho informal; 
• que o índice é médio, ou seja, para as atividades de alto risco as cifras seriam 
ainda mais altas; 
• e a eventual sub-notificação de acidentes; 
... pode-se perceber o quanto calamitosa era a situação. 
Tratava-se não apenas de um grande holocausto de vítimas fatais, mutilados e 
alijados da sociedade produtiva, mas também uma sangria imensa do PIB, pelas horas não 
produtivas, perdas econômicas e recursos de previdência desviados necessariamente para 
fazer frente a indenizações e pensões. Um grande drama humano, mas também uma perda 
de riqueza do país, que poderia ser dirigida a outras prioridades. 
Era necessário fazer-se algo e depressa. Assim, foram virtualmente “criadas” novas 
categorias ocupacionais, para, em caráter emergencial, passar a atuar na reversão da 
situação. As novas profissões foram: 
• O Engenheiro de Segurança; 
• O Médico do Trabalho; 
• O Enfermeiro do Trabalho; 
• O Auxiliar de Enfermagem do Trabalho; e 
• O Técnico de Segurança do Trabalho (então chamado Supervisor de Segurança 
do Trabalho). 
Observe-se que naqueles tempos, não havia formação de segurança no país. Os que 
a tinham, haviam estudado no exterior ou eram autodidatas. A preocupação com a 
segurança havia, mas era restrita às CIPAs. O Sistema SENAI também sempre se 
preocupou em formar com segurança os aprendizes e as empresas, especialmente as 
estrangeiras aqui radicadas, com honrosas exceções locais, também tinham cuidados 
oriundos das matrizes. 
A criação veio decretada, a partir da Portaria 3237, de 1972, dentro do que se 
chamou de PNVT - Plano Nacional de Valorização do Trabalhador. 
 
12 
 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
Tal era a urgência, que as profissões foram criadas no âmbito do Ministério do 
Trabalho, que outorgava a profissão, o que perdurou até os anos 80, quando passaram 
para a esfera do Ministério da Educação. O então “Supervisor de Segurança”, nos 
primeiros tempos, poderia formar-se apenas com o ginásio, atualmente conhecido como 
ensino fundamental, sendo exigido posteriormente o 2o grau (atualmente ensino médio). 
Vale salientar que já na CLT de 1943 aparecia a denominação “segurança e higiene 
do trabalho”. Na Constituição Brasileira de 1988 a higiene do trabalho ou ocupacional é um 
direito dos trabalhadores, conforme o artigo 7 °. Na revisão do Capítulo V da CLT, em 1977, 
criou-se o binômio Segurança e Medicina do Trabalho, desprezando a importância da 
disciplina que estuda os riscos ambientais. 
 
1.1.6 ALGUNS MARCOS HISTÓRICOS E LEGISLATIVOS NO BRASIL. LEGISLAÇÃO 
ATUAL E AS NORMAS REGULAMENTADORAS (NRs) 
Os marcos históricos e legislativos podem ser apresentados cronologicamente da 
seguinte forma: 
• 1917 - primeira greve geral operária em São Paulo; 
• 1919 - primeira Lei de Seguros de Acidentes do Trabalho; 
• 1923 - caixas de aposentadorias e pensões; 
• 1930 - criação do Ministério do Trabalho (Getúlio Vargas); 
• 1933 - transformação das caixas em Institutos (IAPC, IAPI, etc.); 
• 1943 - promulgação da CLT; 
• 1960 - lei orgânica da previdência social (centralização dos institutos); 
• 1966 - INPS; 
• 1966 - criação da Fundacentro, que só iria operar em 1969; 
• 1967 - estatização e monopólio do seguro acidente de trabalho (SAT), que era 
privado. Havia a tarifação individual; 
• 1972 - Plano Nacional de Valorização do Trabalhador / SESMTs obrigatórios / 
criação dos profissionais ocupacionais; 
• 1976 - taxação fixa do SAT (1, 2 ou 3% da folha de salários); 
• 1977 - alteração do cap. V, título II da CLT. (lei 6514); 
• 1978 - regulamentação da Lei 6514 e criação das Normas Regulamentadoras – 
NRs; 
• 1994 - Fundação da ABHO – Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais; 
• 1994 - obrigatoriedade de Programas Prevencionistas (PPRA, PCMSO, PCMAT, 
PPR, etc); 
• 2004 - reformulação da legislação previdenciária, introduzindo a obrigatoriedade 
de normas técnicas da Fundacentro. 
As Normas Regulamentadoras foram criadas a partir das alterações da lei 6514, com 
novidades conceituais (por exemplo, os Limites de Tolerância), e com o intuito de 
consolidar toda uma legislação fragmentada e esparsa, uma miríade de portarias, que 
existia até então. 
Houve um esforço de revisão e de ordenação, dentro de um formato que vem se 
mantendo até aqui. Atualmente existem 36 Normas Regulamentadoras básicas. 
 
13 
 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
As normas versam sobre todos os tópicos de segurança, higiene e medicina do 
trabalho. A Tabela 1.2. apresenta uma listagem de algumas das NRs, com os respectivos 
comentários. 
 
Tabela 1.2. Comentários sobre algumas das Normas Regulamentadoras 
NR CARACTERÍSTICAS E OBSERVAÇÕES 
1 - Disposições Gerais 
• define atribuições da SSST, DRTs , dá definições e 
obrigações de empregadores e trabalhadores. 
2 - Inspeção Prévia 
• para novos estabelecimentos; 
• define o CAI - Certificado de Aprovação de Instalações. 
3 - Embargo ou Interdição 
• a partir de risco grave e iminente; 
• pode ser pedido pela DRT, DTM, fiscais ou entidades 
sindicais. 
4 - Serviços Especializados 
em Engenharia de 
Segurança e em Medicina 
do Trabalho 
• define os quadros dos profissionais ocupacionais, a partir 
do grau de risco e número de trabalhadores. 
 
5 - CIPA 
• uma das normas mais modificadas e de gestação lenta na 
instância da CTPP (“NR 0”). 
7- Programa de Controle 
Médico de Saúde 
Ocupacional 
• juntamente com o PPRA (NR-9), inaugurou a era dos 
Programas Ocupacionais, atividades permanentes a serem 
desenvolvidas pelas empresas. 
 
9 - Programa de Prevenção 
de Riscos Ambientais 
• é um Programa de Higiene Ocupacional , a ser 
desenvolvido permanentemente. Incluiu novos conceitosna 
legislação. Exige novas abordagens de controle pela inspeção 
do trabalho. Impulsionou a criação de outros programas. 
15 - Atividades e 
Operações Insalubres 
• uma das mais extensas, com 14 anexos abordando todas 
as situações ambientais da insalubridade. Introduziu, ao 
regulamentar a lei 6514, os Limites de Tolerância, reduzindo 
em muito a insalubridade apenas qualitativa. 
16 - Atividades e 
Operações Perigosas 
• outra norma de importância nas empresas, define a 
periculosidade e as áreas de risco, assim como aqueles que 
deverão perceber o adicional. Originalmente apenas para 
inflamáveis e explosivos, ganhou inclusões de eletricidade e 
radiações ionizantes. Em conjunto com a NR-15, uma das 
principais causas de questões trabalhistas. 
17 - Ergonomia 
• ganhou reformulação nos anos 90 para abrigar a questão 
das lesões por esforços repetitivos, hoje chamados DORT. 
18 - PCMAT 
• segue a linha de programas ocupacionais na construção 
civil. 
 
1.2 O PROFISSIONAL OCUPACIONAL E AS LEGISLAÇÕES A CONHECER 
O higienista se move num contexto técnico-legal. Deve conhecer várias legislações, com 
graus diferenciados de aprofundamento e especificidade: 
 
 
14 
 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
Quadro 1.2. 
 
TRABALHISTA 
É a que mais deve saber. Essencialmente, as Normas Regulamentadoras, mas 
também na própria CLT há pontos que o dia -a - dia irá requerer atenção. As portarias 
da SSST (Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho), que alteram as NRs, devem 
ser conhecidas na íntegra. Possui acesso pela Internet. 
 
 
 
 
 
 
 
 
PREVIDENCIÁRIA 
É a segunda mais importante, pois se relaciona (muitas vezes mal) com a trabalhista. 
Define os eventos resultantes dos acidentes, as prestações econômicas derivadas e, 
especialmente, a questão das aposentadorias especiais e dos laudos a serem emitidos 
para tal. Em alguns casos, pode ser uma das tarefas preponderantes do profissional. 
Devem-se esperar grandes necessidades de envolvimento. 
 
AMBIENTAL 
A legislação ambiental não pode passar despercebida, pois há vários pontos de 
interseção. Lembrar que o ruído da empresa, após ser um problema ocupacional, escapa 
aos limites da planta e vai ser um problema ambiental (por exemplo). 
NÍVEIS LEGISLATIVOS 
Em todos os campos, deve-se estar atento não apenas à legislação federal, mas 
também às estaduais e municipais. Atenção, por exemplo em São Paulo, com a “lei do 
PSIU” - Programa de Silêncio Urbano”. 
 
1.3 SISTEMAS DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL (SGSSO) 
(BS 8800 E OHSAS 18001) 
Os sistemas de gestão se mostraram forma eficiente de se implementar ideias, ou, 
melhor dizendo, novos valores culturais às culturas empresariais. 
 
15 
 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
 Assim fazendo, permite-se que ações efetivas venham a ocorrer, mudanças se 
operem e o projeto corporativo enunciado se realize. 
Tal tem ocorrido com os sistemas de gestão da qualidade (sistema 9000) e, mais 
recentemente, com os sistemas de gestão da qualidade ambiental (sistema 14000). 
Assim, para realizar adequadamente a qualidade, que não é obrigação legal, mas 
sim fator de competitividade por requisitos mercadológicos e exigência de clientes, as 
empresas estabelecem sistemas de gestão. 
Eles permitem que todos na empresa possuam um repertório comum, atribuições, 
competências e responsabilidades e que o novo valor cultural seja efetivamente 
incorporado. 
Um cliente que deseje um produto ou serviço de qualidade, não precisa vir visitar 
seu exportador, pois sabe que o mesmo possui um sistema verificável de gestão, 
normalizado, que avaliza as propriedades desejadas e garante seus requisitos. Assim, o 
cliente exige tal característica de seus fornecedores. Como resultado do sistema de gestão, 
a qualidade efetivamente se instala e permeia pela organização. 
Hoje, um passo além nessa cadeia de exigências de clientes (e o cliente é 
soberano), é a certificação ambiental. 
Assim, o cliente comprará meu produto, mas quer estar certo (os seus acionistas 
querem saber) de que meu sistema produtivo não agride o meio-ambiente; isto pode ser 
evidenciado porque eu possuo um sistema de gestão de qualidade ambiental. 
Assim, a venda de qualquer produto ou serviço pode estar sendo crescentemente 
condicionada a aspectos que inicialmente não aparentam ser essenciais à produção, como 
a gestão ambiental. Isto já é uma realidade. 
Um terceiro nível nesta questão é a demanda por sistemas de gestão de segurança 
e saúde ocupacional (SGSSO). 
Os motivos que alicerçam a implementação estratégica dos SGSSO nas 
empresas, podem ser: 
• atendimento a clientes importadores, que passarão a exigir o conhecimento de 
como seu fornecedor gerencia a saúde e segurança de seus trabalhadores; 
• obter, no horizonte da privatização do seguro - acidente, indicadores de 
excelência que permitam negociar taxas mais favoráveis que as empresas “comuns” com 
os futuros operadores. Observar que neste caso, pela primeira vez de forma explícita, a 
prevenção “se paga” e a atividade prevencionista mostra evidente relação favorável de 
custo - benefício. Este pode ser um dos motivos mais fortes; 
• por valorizar os sistemas de gestão, desejando agregar a questão ocupacional 
(o que se faz facilmente nas empresas que já possuem outros sistemas de gestão); 
• para melhorar o seu desempenho em segurança e saúde de forma eficiente e 
definitiva. 
Os sistemas de gestão possuem características poderosas que irão permitir a 
efetiva implementação dos melhores padrões ocupacionais. 
 
16 
 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
1.4 TESTES 
 
1. Quando e onde foram escritas as primeiras referências relacionadas aos problemas dos 
acidentes e doenças ocupacionais? 
a) 1720 a.C, Índia. 
b) 1230 a.C, China. 
c) 1450 a.C, Grécia. 
d) 2360 a.C, Egito. 
e) N.d.a. 
Feedback: item 1.1.1. 
 
2. Quem é o “Pai da Medicina do Trabalho”? 
a) Hipócrates. 
b) Ramazzini. 
c) Agrícola. 
d) Paracelso. 
e) N.d.a. 
 
 
3. Qual o livro que delegou o título de “Pai da Medicina do Trabalho” ao seu autor? 
a) De Re Metallica. 
b) De Morbis Artificium Diatriba. 
c) Dos Ofícios e das Doenças das Montanhas. 
d) Acidentes e Doenças Ocupacionais. 
e) N.d.a. 
Feedback: item 1.1.1. “Em 1700, era publicada em Módena, na Itália, a primeira”. 
4. Qual item não se encontrava na “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”? 
a) Proibição do trabalho para menores de 14 anos. 
b) Lavagem das paredes duas vezes por ano pelos empregadores. 
c) Limite de 12 horas de trabalho diário. 
d) Proibição do trabalho noturno. 
e) N.d.a. 
 
 
5. Qual item não se aplica ao Factory Act de 1833? 
 
a) Primeira legislação eficiente no campo da proteção ao trabalhador. 
b) Idade mínima para o trabalho era de 9 anos. 
c) Escolas nas próprias fábricas que deveriam ser frequentadas por todos trabalhadores 
menores de 13 anos. 
d) Limite de 10 horas de trabalho diário. 
e) N.d.a. 
 
 
 
17 
 Capítulo 1. Introdução ao Mundo Ocupacional. 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
6. As teorias “Controle Total de Perdas” e “Controle de Danos” surgiram a partir de qual 
década do século XX? 
 
a) A partir da década de 30, durante a 1a Guerra Mundial. 
b) A partir da década de 40. 
c) A partir da década de 50, após 2a Guerra Mundial. 
d) A partir da década de 60. 
e) A partir da década de 70. 
Feedback: item 1.1.2. 
 
7. Considere as informações abaixo sobre as “Técnicas de Análise de Riscos”: 
 
I. Tem origem em duas grandes vertentes: área de processos e a 
militar/bélico/aeroespacial; 
II. A maioria das técnicas atuais provém da área chamada de “Engenharia de Segurança 
de Sistemas”, consolidadacom a corrida aeroespacial; 
III. Essas técnicas se intensificaram após a 2a Grande Guerra, com o surgimento das 
indústrias dos mísseis; 
IV. A busca por plantas mais seguras foi alavancada e consolidada por acidentes sérios, 
como Flixborough, Seveso e Bhopal; 
 
Com base nas informações acima, qual alternativa é a correta? 
a) Apenas I e III são verdadeiras. 
b) Apenas III é incorreta. 
c) Apenas I e IV são verdadeiras. 
d) Apenas II é incorreta. 
e) Todas são verdadeiras. 
Feedback: item 1.1.3.1. 
 
8. Qual é a legislação que o Higienista mais deve ter conhecimento? 
a) Ambiental. 
b) Judicial. 
c) Trabalhista. 
d) Previdenciária. 
e) Níveis Legislativos. 
Feedback: Quadro 1.2. 
 
 
 Capítulo 2. Higiene Ocupacional – Aspectos Históricos 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
18 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 2. HIGIENE OCUPACIONAL – ASPECTOS HISTÓRICOS 
 
 
 
 
OBJETIVOS DO ESTUDO 
 
Este capítulo situa a evolução da HO como disciplina ocupacional e dá sua 
conceituação básica. Reposiciona a evolução da prevenção dentro da visão da disciplina. 
Relata pontualmente a evolução dos meios de avaliação e controle dos riscos ambientais. 
Apresentam dados informativos complementares. 
Ao terminar este capítulo você deverá estar apto a: 
 
• Situar e descrever o surgimento da HO; 
• Enunciar e dar características básicas dos objetivos da HO; 
• Enunciar o conceito de atuação da HO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nota: O conteúdo deste capítulo foi extraído das notas de aula do professor Mário 
Fantazzini.
 
 
 Capítulo 2. Higiene Ocupacional – Aspectos Históricos 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
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2.1 HISTÓRIA E CONCEITO 
Vamos deixar a conceituação da Higiene Ocupacional para o final. Deixemos que o 
leitor mesmo construa sua conceituação, a partir deste resumo do interessante texto de 
Vernon Rose [Capítulo I do White Book da AIHA]. 
A identificação da origem da prática da higiene industrial é difícil, ou impossível. 
Como antigos cronistas de riscos ocupacionais e medidas de controle, que podem ser 
considerados fundadores, temos: 
 
• Agricola, em 1556, descreveu as doenças e acidentes na mineração, fundição e 
refino de metais, com medidas de controle, incluindo ventilação; 
• Plinius Secundus (Plínio, o Velho), antes ainda, no século I, escreveu que os 
fundidores envolviam as faces com bexigas de animais, para não inalar as poeiras 
fatais; 
• Outros que, (apenas) identificaram os problemas, merecem menção, como 
Hipócrates (séc. IV a.C.), com as primeiras menções de doenças ocupacionais 
(intoxicações por chumbo); 
• Também deve ser lembrado o trabalho de Bernardino Ramazzini (1713), um 
tratado completo de doenças ocupacionais. 
 
Entretanto, o reconhecimento de um vínculo causal entre os riscos dos ambientes de 
trabalho e as doenças foi o passo fundamental no desenvolvimento da prática da Higiene 
Industrial. 
 
As observações médicas, de Hipócrates a Ramazzini e estendendo-se ao século 
XX, da relação entre trabalho e doença, são os fundamentos da profissão. 
 Mas, o reconhecimento de riscos sem a intervenção e o controle, isto é, sem a 
prevenção da doença, não qualifica um indivíduo como um higienista industrial. 
 
As leis reativas ao desastre ocupacional da revolução industrial trataram de tentar 
disciplinar o combate aos novos perigos ocupacionais. O Factory Act de 1864 requeria o 
uso de ventilação diluidora para reduzir os contaminantes, e o de 1878 especificava o uso 
de ventiladores para exaustão. 
O divisor de águas para higiene e a medicina industrial veio com o Factory Act 
britânico de 1901, que iniciou a regulamentação das ocupações perigosas. 
As regulamentações criaram ímpeto para a investigação dos riscos dos locais de 
trabalho e fiscalização de medidas de controle. 
Tem sido sugerido, também, que a higiene industrial não emergiu como um campo 
individualizado de atuação até que as avaliações quantitativas do ambiente tornaram-se 
disponíveis. 
Nos Estados Unidos destaca-se, em 1910, a Dra. Alice Hamilton como pioneira no 
campo da doença ocupacional, campo que era totalmente inexplorado até então. O seu 
trabalho individual, que compreendia não só o reconhecimento da doença, mas a avaliação 
e o controle dos agentes causadores deveriam ser considerados como o início da prática 
da higiene industrial nos EUA. 
 
 
 Capítulo 2. Higiene Ocupacional – Aspectos Históricos 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
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Deve ser observado que muitos dos praticantes iniciais de higiene industrial eram 
médicos, que não estavam interessados apenas na diagnose e tratamento da doença, mas 
também no controle dos riscos, para prevenir casos futuros. Esses médicos trabalhavam 
com engenheiros e outros cientistas interessados em saúde pública e riscos ambientais. 
Dessa forma, iniciaram um processo incubado desde Hipócrates, visando deliberadamente 
modificar os ambientes de trabalho com o objetivo de prevenir doenças ocupacionais. 
Se entendermos a filosofia básica da profissão - a proteção da saúde e do bem estar 
de trabalhadores através da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos 
oriundos do ambiente de trabalho - podemos imaginar como sua presença permeou 
através da História... 
Começou quando uma pessoa reconheceu um risco e tomou providências não só 
para si, mas também para os companheiros. Esta é a origem e a essência da profissão de 
higiene industrial. 
 
Nota: 
Como tônica deste texto, é importante acompanhar o desenvolvimento nos EUA, pois 
coincide basicamente com o desenvolvimento da própria Higiene Ocupacional, não só em 
termos de progresso, mas também como atuação técnico-legal e das organizações 
públicas. Isto não retira méritos de outros países, especialmente europeus, mas, 
principalmente nas primeiras décadas do século, o desenvolvimento nos EUA é uma 
medida boa do andamento global da disciplina. 
 
2.1.1 EVENTOS HISTÓRICOS EM SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL 
DATAÇÃO CONDIÇÃO OU EVENTO 
1 M AC 
• Os Australopitecus usavam pedras como ferramentas e armas. 
Havia cortes e lesões oculares. Os caçadores de Bisões contraíam 
antraz. 
10 K AC 
• O homem Neolítico iniciou a produção de alimentos e a revolução 
urbana na Mesopotâmia. Ao final da idade da pedra, havia a confecção 
de ferramentas de pedra, chifre, ossos e marfim; fabricação de 
cerâmicas e de tecidos. Inicia-se a história das ocupações. 
5 K AC 
• Idade do bronze e do cobre. Os artesãos de metais são libertados da 
produção de alimentos. Há uma especialidade que surge: a metalurgia. 
370 AC 
• Hipócrates cuida da saúde de cidadãos, mas não de trabalhadores; 
todavia, identifica o envenenamento por chumbo de mineiros e 
metalúrgicos. 
50 
• Plínio, o Velho, identifica o uso de bexigas de animais para evitar a 
inalação de poeiras e fumos. 
200 
• Galen visita uma mina de cobre, mas suas discussões sobre saúde 
pública não incluem doenças de trabalhadores. 
Idade Média 
• Não existe nenhuma discussão documentada sobre doenças 
ocupacionais. 
1473 
• Ellenborg reconhece que os vapores de alguns metais eram 
perigosos e descreve os sintomas de envenenamento ocupacional por 
mercúrio e chumbo, com sugestões de medidas preventivas. 
 
 
 Capítulo 2. Higiene Ocupacional – Aspectos Históricos 
 
 
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1500 
• No livro De Re Metallica, Georgius Agricola descreve a mineração, 
fusão e refino de metais, com doenças e acidentes correntes e meios de 
prevenção, incluindo a necessidade de ventilação; 
• Paracelso (1567) descreve as doenças respiratórias entre os 
mineiros com uma precisa descrição do envenenamento pelo mercúrio. 
Lembrado como o pai da toxicologia, diz: “Todas as substâncias são 
venenos... é a dose que os diferencia entre venenos e remédios”. 
1665 •Em Ídria, a jornada dos mineiros de mercúrio é reduzida. 
1700 
• Bernardino Ramazzini, pai da medicina ocupacional, publica De 
Morbis Artificum Diatriba (Doenças dos Artífices) e descreve as doenças 
(com excelente precisão) e “precauções”. Introduz na anamnese médica 
a pergunta: “Qual é a sua ocupação?”. 
1775 
• Percival Lott descreve o câncer ocupacional entre os limpadores de 
chaminé na Inglaterra, identificando a fuligem e a falta de higiene como 
causa do câncer escrotal. O resultado foi a Lei dos Limpadores de 
Chaminé de 1788; 
• Os trabalhadores de chaminés alemães não apresentavam casos de 
câncer escrotal. Suas roupas eram melhor ajustadas ao corpo do que os 
colegas ingleses, e tinham escopo de EPIs. 
1830 
• Charles Thackrah é autor do primeiro livro sobre doenças 
ocupacionais na Inglaterra. Suas observações sobre doenças e 
prevenção ajudam na criação de legislação ocupacional. A inspeção 
médica e a compensação assistencial do Estado foram estabelecidas 
em 1897. 
1900’s 
• Alice Hamilton investiga várias ocupações perigosas e causa 
tremenda influência nas primeiras leis ocupacionais nos Estados Unidos. 
Em 1919 ela se torna a primeira mulher em Harvard e escreve 
“Explorando as Ocupações Perigosas”. 
1902 – 1911 
• Início de legislação compensatória federal e no estado de 
Washington. Em 1948 todos os estados cobriam as doenças 
ocupacionais. Massachusetts designa inspetores de saúde. 
1911 • Primeira conferência nacional sobre doenças industriais nos EUA. 
1912 
• O congresso cria taxa proibitiva para o uso de fósforo branco na 
fabricação de fósforos. 
1913 
• Organiza-se o National Safety Council. New York e Ohio 
estabelecem os primeiros grupos (agências) de Higiene Estaduais. 
1914 
• O serviço nacional de saúde pública (USPHS) organiza a divisão de 
Higiene Industrial. 
1922 • Harvard estabelece graduação em higiene industrial. 
1928-1932 
• O Bureau of Mines conduz pesquisa toxicológica de solventes, 
vapores e gases. 
1936 
• A lei Walsh-Healy exige de fornecedores do Governo medidas de 
higiene e segurança industrial. 
1938 
• Forma-se a ACGIH, então chamada National Conference of 
Governmental Industrial Hygienists. 
1939 
• Forma-se a AIHA (American Industrial Hygiene Association). A ASA 
(American Standards Association, hoje ANSI) e a ACGIH preparam a 
primeira lista de “Concentrações Máximas Permissíveis” (MACs) para 
substâncias químicas na indústria. 
1941-1945 • Expandem-se os programas de higiene industrial nos estados. 
 
 
 Capítulo 2. Higiene Ocupacional – Aspectos Históricos 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
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1941 • O Bureau of Mines é autorizado a inspecionar minas. 
1960 
• O American Board of Industrial Hygiene (ABIH) é organizado pela 
AIHA e pela ACGIH. 
1970 
• OSHA - Occupational Safety and Health Act - lei maior de prevenção, 
é promulgada. 
 
2.1.2 OUTROS PONTOS HISTÓRICOS DE DESENVOLVIMENTO DA HIGIENE 
INDUSTRIAL 
• Um estudo de trabalhadores siderúrgicos mostrou a incidência de câncer de rim 
nos trabalhadores de coqueria. A denominação Coal Tar Pitch Volatiles (CTPV) 
foi criada para envolver o risco a ser controlado. O excesso de mortalidade dos 
coqueiristas levou à criação de lei específica para fornos de coque; 
 
Quadro 2.1. Amianto 
 
• O segundo maior estudo epidemiológico focou-se no amianto, cujos 
dados de doenças começaram a se acumular a partir de 1906. Em 1938 
a USPHS estudou trabalhadores de tecelagens de asbestos e 
recomendou um limite tentativa para a indústria têxtil de 5 milhões de 
partículas por pé cúbico, com amostragem através de impinger. Um limite 
da OSHA só veio em 1971 (provisório) e 1972 (definitivo), após estudos 
na Inglaterra, desde 1940, sobre cânceres bronquiais em porcentagem 
acima da população em geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Capítulo 2. Higiene Ocupacional – Aspectos Históricos 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
23 
 
Hoje em dia, os esforços da Higiene Ocupacional nos EUA são guiados pela 
consideração das condições perigosas (hazards), mais do que pelas doenças. 
 
2.2 DESENVOLVIMENTOS NA AVALIAÇÃO 
• No início, o que havia era a avaliação qualitativa por identificação pelos sentidos 
(visão, olfato, paladar). A transição para uma ciência, todavia, requeria algo mais; 
• Em 1917, Harvard desenvolveu um dos primeiros métodos, que era o tubo 
detector colorimétrico (dispositivo de indicação colorimétrica) para a avaliação 
ambiental de monóxido de carbono; 
• Em 1922, Greenber e Smith desenvolveram o impinger. Em 1938, Littlefield e 
Schrenk modificaram o projeto e desenvolveram o impinger miniaturizado (midget 
impinger). Com uso de bombas manuais, os impingers criaram as primeiras 
avaliações ambientais de zona respiratória; 
• O filtro de membrana para a avaliação de partículas foi usado pela primeira vez 
em 1953, permitindo a avaliação em massa/volume, e não em contagem de 
partículas; 
• Em 1970, houve uma revolução na avaliação, com o desenvolvimento, pelo 
NIOSH, do tubo de carvão ativo. Também foi dado suporte financeiro para o 
desenvolvimento da bomba de amostragem pessoal a baterias; 
• Em 1973, Palme desenvolveu um monitor passivo para dióxido de nitrogênio; 
• Começou e desenvolveu-se em paralelo à amostragem, a aplicação de química 
analítica à saúde ocupacional. Nos anos 30, artigos descreviam o uso de 
cromatografia gasosa para vapores orgânicos; 
• Hoje, os higienistas usam absorção atômica, plasma, cromatografia líquida e 
outros métodos sofisticados em sua instrumentação. 
2.3. PADRÕES E CRITÉRIOS 
Quadro 2.2. 
 
• Em 1929, vários higienistas do USPHS recomendaram valores máximos 
para poeira de quartzo, baseados em estudos na indústria de granito de 
Vermont; 
• Em 1939, a primeira lista de valores permissíveis (MACs) é divulgada 
pela ACGIH e ASA (ANSI). Essa lista é publicada em obras médicas e 
tem 140 substâncias, possuindo também as razões dos valores 
adotados; 
 
 
 Capítulo 2. Higiene Ocupacional – Aspectos Históricos 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
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• Em 1947, a ACGIH inicia a publicação das listas. Em 1948, a 
denominação passa a ser a atual, TLVs. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.4 CONTROLE 
• O controle dos riscos necessita da abordagem tecnológica, ou seja, medidas de 
engenharia, complementadas por outras administrativas e pessoais; 
• O conceito de controle na fonte, no ambiente (trajetória) e no trabalhador, foi 
introduzido pela primeira vez, de forma abrangente, por Ulrich Ellenborg, em 
1473; 
• A história da ventilação industrial e da proteção respiratória é de particular 
interesse para os higienistas; 
• Agricola, em 1561, enfatizou a necessidade de ventilação das minas incluindo 
ilustrações de dispositivos para forçar o ar terra abaixo; 
• O primeiro projeto de ventilação registrado foi o de D’Arcet no início dos 1800. 
Havia um captor em uma fornalha, ligado a uma chaminé alta que tinha uma forte 
tiragem (vazão por diferença natural de densidade); 
• A lei inglesa das fábricas de 1864 exigia ventilação “suficiente”, mas só em 1867 
os inspetores tiveram poder de exigir ventiladores e outros meios mecânicos; 
• Em 1951, a ACGIH publica a primeira edição do Industrial Ventilation, a "bíblia" 
da ventilação industrial de controle para a higiene ocupacional. Sua importância 
nunca poderá ser devidamente enfatizada; 
• Quanto à proteção respiratória, nota-se desde Leonardo da Vinci (1452-1519), 
com a recomendação de tecidos umedecidos contra os agentes químicos de 
guerra; 
 
 
 Capítulo 2. Higiene Ocupacional – Aspectos Históricos 
 
 
eST – 103 - Higiene do Trabalho – Parte A / PECE, 1o Ciclo de 2018. 
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• Nos 1800, a compreensão das separações entre partículas e gases permitiu 
avanços. Em 1814 desenvolveu-se o precursor do filtro de partículas dentro de

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