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Comportamento alimentar

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1 
 
 
 
2 
 
 
 
Atitude e comportamento alimentar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como e onde comer. 
 
 
 
 
 
Cuidado 
 
 
 
Algumas publicações avaliam o comportamento, na verdade, apenas 
consideram a compra e consumo de alguns grupos de alimentos. A nutrição carece de 
definições homogêneas sobre construtos. 
Comportamento alimentar envolve: 
 Métodos; 
 Reações; 
 Maneiras de proceder com o alimento. 
 
Conceito Definição 
Consumo alimentar Ingestão de alimentos. 
Consumo nutricional Ingestão de energia, macro e micronutrientes. 
Comportamento alimentar 
 Consumo; 
 Modo de comer; 
 Outras questões relacionadas. 
 
3 
 
Padrão alimentar Analise sobre os alimentos verdadeiramente 
consumidos. 
Estrutura Alimentar Horários, tipo e regularidade das refeições. 
Comportamento 
alimentar 
Como se come. Ações em relação ao ato de se 
alimentar. 
Atitude Alimentar Crenças, pensamentos, sentimentos, e ações. 
Habito alimentar Costumes e modo de comer de uma pessoa ou 
comunidade. Geralmente inconsciente. 
Escolha alimentar Seleção e consumo de alimentos que 
consideram aspectos do comportamento 
alimentar. 
Prática alimentar Forma com que os indivíduos se relacionam 
com a alimentação em diferentes âmbitos. 
 
Atitudes alimentares 
 
Refere-se à ingestão alimentar que independe dos estados de fome e saciedade, 
ou seja, não atende ás necessidades fisiológicas. É regulado pelo inconsciente, 
irracional, por emoções. 
São determinadas pelas qualidades sensoriais dos alimentos (sabor, cheiro, textura 
e aparência). Difere da nutrição, ou comportamento nutricional, á medida que esta é 
racional, cognitiva. Refere-se á adequação quantitativa e qualitativa da alimentação. 
 
Comportamento Alimentar 
Relaciona-se diretamente ao controle da ingestão alimentar -> como e de que 
forma se come. Conduz às escolhas. 
Harmonização entre informações do ambiente externo (sabor, familiaridade, 
textura, entre outras) e informações fisiológicas (ações de neurotransmissores e 
hormônios, taxa metabólica, sistema gastrointestinal, entre outras). 
 
 
 
4 
 
 
FOME, APETITE E SACIEDADE: 
Quando falo em informações fisiológicas: fome e saciedade são fundamentais na 
regulação da fisiologia do comportamento alimentar. 
FOME: necessidade fisiológica de comer, privação de energia. Não tem relação de 
especificidade com nenhum alimento. Fome não é sinal reativo de emoção. 
APETITE: fome hedônica, desejo de comer algo. Intimamente ligada ao prazer e 
satisfação. Não está relacionado a fatores biológicos. Provoca emoções. 
SACIEDADE: após ingestão de determinado alimento, sinais sensoriais, hormonais, 
nervosos: informações chegam ao cérebro. 
FOME + APETITE + SACIEDADE: dependem de um complexo sistema 
biopsicossocial que exige alto grau de interação: corpo e ambiente. Pacientes com 
problemas alimentares tem dificuldade em identificar sinais de fome e saciedade. 
Hábito de fazer dietas: incentiva fome, ignorar sinais, regras rígidas não internas 
regulam a alimentação. 
Dieta e compulsão: desregulação explica compulsão alimentar e transtornos 
alimentares, em pessoas suscetíveis. 
 Eixo fisiológico: defesa do organismo: dietas nos levam a peso abaixo do nosso 
ponto de ajuste de ingestão e manutenção de peso. ECA: tentativa do 
organismo em restaurar peso adequado. 
 Efeito sanfona; 
 Desregulação: aumento de fome física (em resposta a estímulos visuais e 
olfativos – aumento de salivação e motilidade e diminuição da liberação de 
insulina e leptina – intimamente ligados aos sinais de fome e saciedade). 
Não se pode descartar fatores psicológicos: privação física e emocional. 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
Construção de um modelo comportamental 
Comportamento: maneira de se comportar ou se conduzir (condutas, 
procedimentos, conjunto de ações do individuo). 
Também é o conjunto de reações do individuo diante das interações meio 
ambiente e circunstâncias. 
Psicologia: diversas abordagens englobam as interações ambiente – social. Cada 
uma com sua premissa. 
 Técnica Cognitiva (behaviorismo – analise do comportamento): principal 
 Teorias e princípios da aprendizagem: 
Condicionamento clássico (Pavlov): 
 Foi no estudo com animais em laboratório, em 
especial a digestão de cães, que Pavlov percebeu que 
alguns estímulos provocavam a salivação e a secreção 
estomacal no animal, o que deveria ocorrer apenas 
quando o animal ingerisse um alimento. A partir disso, ele 
percebeu que o comportamento do cão estava 
condicionado a esses estímulos, normalmente aplicados 
poucos instantes antes do cão se alimentar 
(OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010). 
Por exemplo, acionando-se uma campainha antes de alimentar o cão, Pavlov 
percebeu que as reações no animal já se faziam presentes. Assim, o estímulo 
campainha provocou reflexos alimentares no cão (resposta) mesmo sem a presença do 
alimento. Constatou ainda, que o cão não podia ser enganado por muito tempo. Os 
reflexos sumiam se a comida não fosse dada ao cão logo (OSTERMANN; CAVALCANTI, 
2010). 
Tipo de condicionamento é importante para explicar a associação (positiva ou 
negativa) que um consumidor faz de uma marca, por exemplo. O condicionamento 
 
6 
 
clássico também possibilita o entendimento de coisas comuns do nosso dia a dia, 
como o barulho de um despertador, que por si só não significa nada, mas nós 
relacionamos aquele barulho ao objetivo de acordar em um determinado momento. 
 
Condicionamento Operante (Skinner): 
Skinner foi o teórico behaviorista que mais influenciou o entendimento do 
processo ensino-aprendizagem e a prática escolar. No Brasil, a influência da pedagogia 
tecnicista remonta à segunda metade dos anos 50, mas foi introduzida mais 
efetivamente no final dos anos 60 com o objetivo de inserir a escola nos modelos de 
racionalização do sistema de produção capitalista (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010). 
A concepção skinneriana de aprendizagem está relacionada a uma questão de 
modificação do desempenho: o bom ensino depende de organizar eficientemente as 
condições estimuladoras, de modo a que o aluno saia da situação de aprendizagem 
diferente de como entrou (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010). 
O objetivo do behaviorismo skinneriano é o estudo científico do 
comportamento: descobrir as leis naturais que regem as reações do organismo que 
aprende, a fim de aumentar o controle das variáveis que o afetam. Os componentes da 
aprendizagem - motivação, retenção, transferência - decorrem da aplicação do 
comportamento operante. Segundo Skinner, o comportamento aprendido é uma 
resposta a estímulos externos, controlados por meio de reforços que ocorrem com a 
resposta ou após a mesma: "se a ocorrência de um comportamento operante é 
seguida pela apresentação de um estímulo (reforçador), a probabilidade de 
reforçamento é aumentada" (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010). 
 
Aprendizagem Social (Bandura): 
A Teoria da Aprendizagem Social é uma ferramenta teórica importante, já que 
trata da aprendizagem de novos comportamentos a partir da observação de modelos 
comportamentais. 
O meio social em que vivemos determina de forma significativa o 
desenvolvimento humano. Capacidade de reproduzir um comportamento observado. 
 
7 
 
Distingue-se de outros tipos de aprendizagem por basear-se na imitação. 
Construção do modelo e o papel do nutricionista: 
 Identifica comportamento disfuncional e habitual; 
 Modifica cognições; 
 Ensina novas estratégias de mudança comportamental. 
Não desconsiderar que o comportamento alimentar reflete interações entre 
estado fisiológico, psicológico e ambiental. 
Foco da mudança é nos comportamentos inadequados e disfuncionais: 
 Mentalidade de dieta; 
 Hábitos; 
 Prazer; 
 Ingestão alimentar e suas escolhas. 
 
 
Exemplo: Propor modificações do consumo, estrutura e atitudes 
alimentares. 
Encorajar o paciente para tentar novas atitudes e experiências; trabalhar com 
exposição (combinadase programadas com o paciente, é um estratégia para 
situações de aversão e/ou fobias). 
 
Relacionar aspectos psicológicos e nutricionais: 
Os atributos importantes: um amplo conhecimento da ciência da nutrição, 
habilidade no aconselhamento educacional e comportamental e uma atitude empática 
e de não julgamento. 
 
 
 
 
Deve estabelecer, juntamente com o paciente, metas individuais de acordo com a 
necessidade específica de cada paciente. 
MUDANÇA DE COMPORTAMENTO: nutricionista não deve se prender a 
regras rígidas, como a prescrição de dietas. 
 
8 
 
Metas devem atender às necessidades mais urgentes do paciente, mas que 
também devem levar em conta a capacidade do paciente alcançá-la naquele 
momento. 
Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) 
 A Terapia Cognitiva desenvolvida por Aaron Beck, na Universidade da 
Pensilvânia no início da década de 60. 
Uma ferramenta para trabalhar a mudança de comportamento 
Princípio: emoções e comportamentos são determinados pela forma que 
interpretamos a realidade. 
 
Nutricionista: não aprofunda a análise das emoções: 
 Técnicas TCC adaptadas à nutrição; 
 Parte do aconselhamento nutricional; 
 Ajudar a resgatar os sinais internos de fome, saciedade e o prazer em 
comer. 
 
Abordagem sistemática para lidar com problema, doença ou condição irregular. É 
uma integração das abordagens: 
 Cognitiva: tudo que passa por nossa mente (sonhos, lembranças, 
imagens, pensamentos). 
 Comportamental: o que se faz o que se diz como resolve seus 
problemas, como age como evitar situações. 
 
 
9 
 
 
 
CRENÇAS: Desenvolvidas ao longo da vida. Incorporadas como verdades 
absolutas não acessadas pelo cérebro de maneira consciente. 
 
Crença central negativa: 
 Desemparo: certeza (inconsciente) de que é incompetente/fracasso. 
 Desamor: certeza (inconsciente) de que será rejeitado. 
 Desvalor: certeza (inconsciente) de ser inaceitável e sem importância. 
Objetivos da TCC: 
 Compreender os processos que mantem a condição do sofrimento emocional. 
 Identificar ideias, memorias, pensamentos e comportamentos prejudiciais. 
 Refletir e testar novos paradigmas de pensamento e comportamento. 
Princípio 1 
A terapia cognitiva se baseia em uma formulação em contínuo desenvolvimento do 
paciente e de seus problemas em termos cognitivos: 
 Identificar o pensamento atual que ajuda a manter a dor emocional; 
 Os comportamentos problemáticos; 
 Os fatores precipitantes; 
Crença 
central 
Crença 
intermediária 
Pensamento 
automático 
Resposta 
Emocional 
Comportamental 
Psicológica 
 
10 
 
 Os eventos chaves (fatores predisponentes); 
 E os padrões duradouros de interpretação (crenças). 
Princípio 2 
A terapia cognitiva requer uma aliança terapêutica segura: 
 Cordialidade; 
 Empatia; 
 Atenção; 
 Respeito genuíno e competência. 
Princípio 3 
A terapia cognitiva enfatiza a colaboração e a participação ativa: 
 Encorajar o paciente a ver o tratamento como um trabalho em equipe. 
 
Princípio 4 
A terapia cognitiva é orientada em meta e focalizada em problemas: 
 Desde a primeira sessão procura-se enumerar os problemas e estabelecer 
metas específicas. 
Princípio 5 
A terapia cognitiva inicialmente enfatiza o presente 
 Iniciar com o exame de problemas no aqui-agora, independentemente do 
diagnóstico e da história passada. 
A atenção volta-se para o passado em três circunstâncias: 
1. Quando o paciente expressa uma forte predileção a fazer isso; 
2. Quando o trabalho voltado em direção a problemas atuais produz 
pouca ou nenhuma mudança cognitiva, comportamental e emocional; 
3. Quando o terapeuta julga que é importante entender como e quando as 
ideias disfuncionais importantes se originaram e como essas ideias 
afetam o paciente hoje. 
 
11 
 
 
Princípio 6 
A terapia cognitiva é educativa, visa a ensinar o paciente a ser seu próprio 
terapeuta e enfatiza a prevenção da recaída: 
 Educar o paciente sobre a natureza e o desenvolvimento do seu problema, 
sobre o processo de tratamento e o modelo cognitivo (como os pensamentos 
influenciam as emoções e os comportamentos) e a manter um registro de sua 
evolução, inclusive dificuldades e estratégias de enfrentamento utilizadas. 
 
Princípio 7 
A terapia cognitiva visa a ter um tempo limitado: 
 O tempo do tratamento é o tempo do paciente. Enquanto alguns pacientes 
resolvem seus problemas em dois meses outros precisam de dois anos ou mais. 
 
Princípio 8 
As sessões de terapia cognitiva são estruturadas: 
 Não importa qual o diagnóstico ou estágio do tratamento, o terapeuta 
cognitivo tende a aderir a uma estrutura estabelecida em cada sessão. Seguir 
um formato tende a tornar o processo de terapia mais compreensível, 
facilitando a aprendizagem do papel de auto terapeuta. 
 
Princípio 9 
A terapia cognitiva ensina os pacientes a identificar, avaliar e responder a seus 
pensamentos e crenças disfuncionais: 
 Para tal, o terapeuta ajuda o paciente a focalizar um problema específico; 
identificar seu pensamento disfuncional; avaliar a validade do seu pensamento 
e projetar um plano de ação. 
 
 
12 
 
Três técnicas importantes são utilizadas para esse princípio: 
Questionamento Socrático: consiste em fazer perguntas contínuas sobre o que o 
paciente pensa, levando-o a novas descobertas sobre seus próprios pensamentos. 
Empiricismo Colaborativo: consiste em experimentar o comportamento para verificar 
seus pensamentos e emoções. 
Descoberta Orientada: processo em que o terapeuta questiona o paciente sobre o 
sentido dos seus pensamentos a fim de lhe revelar as crenças subjacentes (atitudes, 
suposições ou regras) que mantém em relação a si mesmo, ao mundo e as outras 
pessoas. 
 
Princípio 10 
A terapia cognitiva utiliza uma variedade de técnicas para mudar o 
pensamento, o humor e o comportamento: 
 O terapeuta seleciona técnicas com base em sua formulação de caso e seus 
objetivos em sessões específicas. 
 
Bases Metodológicas e Conceituação Cognitiva 
A terapia cognitiva baseia-se no modelo cognitivo, que levanta a hipótese de 
que as emoções e os comportamentos das pessoas são influenciados por sua 
percepção dos eventos. 
Não é uma situação por si só que determina o que as pessoas sentem, mas sim, 
o modo como elas interpretam essa situação. Por exemplo: a leitura de um livro; a 
apreciação de um filme; a avaliação de uma aula. Cada indivíduo tem uma resposta 
emocional diferente para cada uma dessas situações com base no que está passando 
por suas cabeças naquele momento. 
 
 
13 
 
O modo como as pessoas se sentem está 
associado ao modo como elas interpretam e 
pensam sobre uma situação. 
 
Comer com atenção plena Mindful Eating 
 A tradução aceita para o português é atenção plena, definida como capacidade 
de internacional de atenção ao momento presente, sem julgamentos ou críticas, onde 
há abertura e curiosidade. 
 O comer consciente abrange ambos os processos internos e ambientes 
externos; 
 O comer consciente é estar atento aos seus pensamentos, emoções, sensações 
físicas no momento atual; 
 Com prática, o comer consciente cultiva a possibilidade de libertar-se dos 
padrões reativos, habituais de pensar, sentir e agir; 
 O comer consciente promove o equilíbrio, a escolha, a sabedoria e a aceitação 
do que é; 
 Permitindo-se a tornar-se ciente do positivo e nutrir as oportunidades que 
estão disponíveis através da seleção de alimentos e preparação, respeitando a 
sua própria sabedoria interior. 
Usando todos os seus sentidos na escolha para comer comida que seja 
satisfatória para você e nutritivo para o seu corpo. Reconhecendo respostas para 
alimentos (gostos, desgostos ou neutro), sem julgamento. 
Se conscientizando das indicações de fome e saciedade físicas 
para orientar suas decisões para começar e terminar de comer. 
 
 
 
14 
 
Princípios do mindful eating 
Aquele que come de forma consciente: Reconhece que não há nenhuma maneira certa ou errada para comer, mas 
diferentes graus de consciência em torno da experiência de comida; 
 Aceita que suas experiências alimentares são únicas; 
 É um indivíduo que, por escolha, direciona sua atenção para comer em uma 
base de momento a momento; 
 Ganha consciência de como eles podem fazer escolhas que suporte a saúde e 
bem estar; 
 Torna-se consciente da interligação da terra, os seres vivos e as práticas 
culturais e o impacto de suas escolhas alimentares nesses sistemas. 
 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Comer Intuitivo - Intuitive eating 
Foi criado por duas nutricionistas americanas Evelyn Tribole e Elyse Resch. 
 
Tem como objetivo ensinar as pessoas as confiar na sua habilidade de distinguir 
suas sensações físicas e emocionais e desenvolvam a sabedoria corporal que atenda as 
suas necessidades. 
Essa abordagem não encoraja o uso de dietas como possibilidade de mudança 
de comportamento. A proposta é que os indivíduos mantenham uma sintonia com a 
comida, a mente e o corpo. 
 Sinais costumam ser ignorados, p.e. Sinais de fome e saciedade. 
 “Intuição” definição: Conhecimento imediato e claro, sem recorrer ao 
raciocínio. 
 Busca interpretar sinais físicos e trazer consequência ao escutar nosso corpo. 
 Autoconhecimento: extremamente importante na mudança do 
comportamento alimentar. 
 
16 
 
 
 
 
 
 
As pessoas que seguiram os princípios do Comer Intuitivo 
tiveram um menor IMC, maior sensação de bem estar e conseguiram 
manter o peso e as mudanças de comportamento por mais tempo. 
 
17 
 
 
Entrevista Motivacional 
Colóquio entre pessoas em 
local combinado, para 
obtenção de esclarecimentos, 
avaliações, opiniões, etc. 
 
• Técnica de aconselhamento em saúde; 
• Objetivo: motivações intrínsecas do paciente para mudança de comportamento 
por meio do diálogo profissional-paciente; 
• 1983: dependentes de álcool: aumentar motivação; 
• Orientações alimentares: consumo, frequência, parâmetros 
bioquímicos, atividade física, transtornos alimentares; 
• Alterações corporais, ganho ou perda de peso. 
 
 
 
Motivação: 
• Atingir objetivos 
• Comportamento incentivado, estimulado, energizado. 
Motivação é essencial para a vida, para entender o comportamento humano e para 
compreender o que faz com que alguém aja de determinada forma. 
 Tema pouco explorado; 
 Publicações com foco em DQ; 
 Resultados questionados. 
 
18 
 
 
Motivação é um processo individual. 
 
 
 
Como motivar meu paciente? 
 
 
Motivação Intrínseca: Força interior. Pode mudar ao longo do tempo e sofrer 
influências internas e externas. 
 
 
 
 
 
Motivação Extrínseca: Gerada pelo ambiente. Pode tornar-se mais autônoma ou 
autodeterminada quanto mais internalizada e assimilada for. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aprender Superar-se Estímulo prazer 
Regulação 
externa 
Regulação 
introjetada 
Regulação 
identificada 
Regulação 
integrada 
 
19 
 
 
 
 
REGULAÇÃO EXTERNA 
Comer de determinada 
maneira para não levar 
bronca do nutricionista ou 
outra pessoa ou porque será 
recompensado caso fizer. 
Prêmios e coação, menos 
reconhecida como controle e 
considerada a forma menos 
autônoma de motivação. 
 
 
 
REGULAÇÃO INTROJETADA 
Comer de determinada 
maneira apenas para evitar 
sentimentos de culpa ou 
comer para melhorar 
autoestima, sentir orgulho 
(sentimentos de valor). 
Evita a culpa, o que é 
considerada outra forma 
pouco autônoma de 
motivação. 
 
 
 
REGULAÇÃO IDENTIFICADA 
Comer algum alimento apenas 
por acreditar que faz bem 
para a saúde, mesmo sem 
prazer (por recomendação 
nutricional, p.e.). 
Indivíduo faz pelo 
comportamento ser 
valorizado e aceito, com boa 
vontade mesmo sem ter 
prazer. 
 
 
 
REGULAÇÃO INTEGRADA 
Aceitar a inclusão de 
determinado alimento 
agregando valores culturais, 
memoria, sabor, satisfação, 
vontade e não só seu valor 
nutricional ou calórico. 
Mais próximo da motivação 
intrínseca, assimila 
completamente o 
comportamento sugerido 
externamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Deve-se estimular incentivar e impulsionar o motivo de nossos pacientes. A 
motivação para realização de qualquer mudança se dá pela consciência, e depende do 
momento de vida da pessoa – desejo, confiança e prontidão para mudar. 
EM 
 Espírito da EM: conceitos que norteiam a 
técnica e que embasam todas as 
habilidades e estratégias. 
 Estilo da EM: elementos chave: respeito, 
empatia, colaboração, escuta. 
 Habilidades da EM: maneira de conduzir 
à mudança. 
 
20 
 
 
Respeito 
 
Reconhecer e aceitar que o paciente tem autonomia sobre sua própria saúde. 
Cada um faz suas próprias escolhas sobre sua vida. O nutricionista pode 
informar orientar, advertir. 
Reconhecer que o paciente tem liberdade para fazer suas escolhas, é isso que 
torna a mudança possível, por mais contraditório que pareça. 
 
Empatia 
Capacidade de deixar seus julgamentos de lado e colocar-se no lugar do outro 
para entender sua situação. 
Escutar com empatia é o meio mais utilizado para entender as motivações do 
paciente. 
 
Colaboração 
Relação profissional-paciente. 
Busca parceria entre ambos, entendendo 
que os dois têm conhecimentos. O nutricionista 
deve fazer com que o paciente tenha papel ativo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
Etapas da EM segundo Berg-Smith 
 
 
 
1. Iniciar a conversa: qual o motivo da procura profissional? Seja sutil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Você tem ideia de por que seu médico pediu para me procurar? Como você 
imagina que posso ajudar? 
 
 
 
 
 
 
Iniciar a conversa 
Construir e fortalecer a 
motivação 
Explorar a 
ambivalência 
Evitar o reflexo de 
consertar as coisas 
Planejar o próximo 
passo 
Finalizar a conversa 
Explorar a prontidão para a 
mudança 
Meu médico mandou 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como começou seu desejo de emagrecer? O que o fez desejar isso agora? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que exatamente você pensa em melhorar? Quais partes da sua alimentação 
você acredita que precisam ser melhoradas? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que exatamente você pensa em melhorar? Quais partes da sua alimentação 
você acredita que precisam ser melhoradas? 
 
 
 
Quero emagrecer 
Quero melhorar minha 
alimentação 
Preciso de uma dieta 
 
23 
 
 
2. Negocie a agenda 
Organize o planejamento terapêutico. Quais serão as metas. Defina junto com 
o paciente o que será trabalhado em cada encontro, uma organização da ordem 
cronológica das metas a serem trabalhadas. 
3. Construa e fortaleça a motivação 
IMPORTANTE! Buscar as razões e argumentos para a mudança de determinado 
comportamento. Momento colaborativo nutri-paciente, porém focado. 
É o momento de trazer a tona os motivos intrínsecos da pessoa para a 
mudança. 
O fortalecimento do paciente significa dar voz para ele, para que ele tenha 
papel ativo na consulta, que consiga falar e ser escutado, onde a sua alimentação é 
discutida. 
 
4. Evite o reflexo de consertar as coisas 
Muito comum em profissionais da saúde. Trabalhe a escuta. Paciente é 
resistente a persuasão. Comportamento “errado”, não “ideal”. 
O papel do nutricionista não é o de consertar as coisas! As pessoas sabem o que 
comer, o papel do nutricionista é reconhecer e aceitar os indivíduos como eles se 
apresentam - STATUS QUO. 
Status QUO: o jeito em que ele se encontra no momento. 
 
5. Explore a ambivalência 
Coexistência de dois sentimentos, ideias opostas ou contraditórias entre si. 
Existe o lado pró-mudança e o lado contra mudança. Paciente fica paralisado ante a 
ambivalência. Nutricionista pode trazer a tona a motivação intrínseca e ser “imparcial” 
na escolha dos lados. 
 
 
 
 
24 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Você já teve experiências bem ruins com as verduras e acredito que já tenham 
recomendado muitas vezes que você as comesse. Você se importaria de compartilharum pouco como foi isso? 
 
 
 
 
 
Você se preocupa em melhorar seu diabete, mas tem algumas coisas que te 
impedem, e a dor para aferir a glicemia é uma delas. Como é essa dor? Como você se 
sente? 
 
 
 
O sal parece ser um ingrediente importante para você sentir o gosto da comida 
e é fundamental para você que ela seja bem temperada, porém você se depara com 
varias orientações para reduzir o sal da comida. Como foram suas experiência em 
relação a isso? 
 
 
 
 
Eu já tentei comer salada, 
mas elas não têm gosto 
Quero melhorar meu 
diabete, mas aferir a 
glicemia dói 
Eu sei que preciso reduzir 
o sal, mas é tão gostoso 
comida bem temperada 
 
Preciso comer menos, 
mas é tão gostoso comer 
o tempo todo 
 
 
25 
 
A comida perece um problema para você, pois você acredita que come muito. 
O que o faz pensar que come muito? 
A exploração da ambivalência sempre começa com uma reflexão, ou seja, 
devolve para a pessoa alguns pontos do que ela disse e que o nutricionista considera 
importante aprofundar. 
Inicia a conversa sobre determinado tema, para assim emergirem soluções, 
problemas, angustias, facilitadores e pontos a serem mais profundamente discutidos. 
Empatia. 
6. Explorar a prontidão para a mudança 
Paciente está realmente pronto para a mudança proposta por vocês? Escala de 
zero a dez, assim o paciente consegue identificar melhor quanto está pronto, mas 
independente do grau de prontidão, é importante o nutricionista explorá-lo. Prós e 
contras podem ajudar. 
7. Compartilhar informações 
No decorrer da consulta pode surgir a necessidade do paciente de informações 
sobre as metas que estão sendo trabalhadas. O entrevistador pode compartilhar 
informações que podem ser dadas a partir de falas do próprio paciente. 
Dados importantes, situações passadas. Fazer de maneira efetiva e respeitosa. 
“Você se importa se eu compartilhar com você alguns fatos?” 
“Posso compartilhar com você essas informações?” 
“Tudo bem para você se eu te falar o que sabemos desse assunto?” 
“As pesquisas/estudos sugerem/demonstram...”. 
“Outros pessoas/pacientes/clientes tiveram benefícios com...”. 
“O que nós sabemos é que...”. 
“O que nós geralmente recomendamos é...”. 
“Alguns pacientes na sua situação...”. 
 
 
 
 
26 
 
8. Planejar o próximo passo 
Explore metas, planeje com será feita a mudança. Conduza o paciente de 
maneira a tornar a mudança viável. 
9. Finalizar a conversa 
Resumo da consulta, reforçando pontos principais e metas definidas para a 
próxima consulta. Discurso de apreciação e confiança no paciente. 
Algumas vezes pode-se ter a sensação de que algo não está bem no 
atendimento profissional, seja por falta de motivação do paciente, falta de interesse 
do profissional, falta de empatia e conexão entre as partes. 
Confira na tabela possíveis situações e possíveis soluções: 
SENTIMENTO OU SITUAÇÃO COMO CONSERTAR? 
Você sai do atendimento coma sensação 
de que repetiu várias vezes a mesma 
coisa, que se gravasse o que falou e 
repetisse nos próximos atendimentos 
seria exatamente a mesma coisa. 
Repensar suas estratégias de 
atendimento. 
Procurar ouvir se interessar realmente 
pelo paciente para descobrir as reais 
motivações dele. 
O paciente se mostra estar entediado, 
não olha para você, boceja, responde de 
forma monossilábica. 
Prestar atenção ao que o paciente está 
falando, olhar nos olhos, estar presente 
de corpo e alma, demonstrando 
curiosidade. 
O paciente responde as perguntas de 
forma pontual, sem explorar os 
sentimentos e pensamentos sobre o 
assunto. 
Evitar interromper a fala do paciente, 
deixando-o falar, e escutar com atenção e 
curiosidade. 
Você preenche um formulário enorme 
com perguntas fechadas sobre a saúde do 
seu paciente (papel ou computador). 
O ideal é ouvir seu paciente e fazer 
poucas anotações, pois o contato inicial é 
muito importante para criar vínculo. 
Quem é ouvido tende a estar mais apto 
para a mudança. 
 
27 
 
Durante o atendimento, só você fala, e o 
tempo todo você passa muitas 
informações de forma autoritária, 
julgando os comportamentos dos 
paciente, direcionando para o que você 
considera certo e saudável. 
Ouvir mais do que falar, explorar a 
motivação do paciente e sua possível 
ambivalência. Questionar o que ele quer 
mudar, o que já tentou antes, o que deu 
certo errado e quais são suas ideia no 
momentos para concretizar suas metas. 
 
Resumindo: a EM trabalha mudança de comportamento. Oferece um guia para 
condução da conversa, o que auxilia no trabalho de aconselhamento nutricional, e não 
a consulta prescritiva de nutrição. Vínculo e contrato com paciente. Ensina o 
nutricionista a focar no COMO em vez de simplesmente O QUE. 
É uma técnica de auxilio para o nutricionista. 
 
Modelo Transteórico de Mudança 
Terapia Transteórica: uma prática mais integrada e 
compreensiva. 
Teoria de mudança que explique como as pessoas mudam por si mesmas. 
Maioria das pessoas não faz terapia e, mesmo as que o fazem, se encontram em 
sessão por um breve espaço de tempo, mesmo em processos psicoterápicos de longa 
duração. 
Grande parte da mudança se dá nos intervalos entre as sessões e uma mínima 
parte no decorrer delas e, em vários casos, a ajuda a ser prestada está relacionada a 
uma melhoria da qualidade de vida da pessoa, em que não necessariamente se 
encontram envolvidos processos psicopatológicos. 
São os seguintes os estágios empiricamente definidos: pré-contemplação, 
preparação, contemplação, ação, manutenção e término. 
 
 
 
28 
 
Pré-contemplação 
 
Indivíduo não pretende mudar num futuro próximo! 
“A resistência em reconhecer ou modificar um problema é a marca da pré- 
contemplação”. 
Não aceita que precisa mudar, embora muitas vezes os outros ao seu redor 
procurem alertá-la ou pressioná-la à mudança. 
“- Talvez você devesse diminuir a quantidade de refrigerante”. 
- Deixa comigo, eu sei o que estou fazendo... Eu diminuo quando eu quiser!” 
“- Não seria bom você fazer um regime? 
- Para quê? Eu me sinto bem assim como estou!” 
 
Contemplação 
À medida que começa a admitir que tem um problema e a considerar a 
necessidade de enfrentá-lo, mas sem chegar realmente a fazê-lo, diz-se que ela está no 
estágio de contemplação. 
Prochaska: “Isto é contemplação: saber para onde você quer ir, mas ainda sem estar 
preparado para ir para lá”. 
Na prática diária são inúmeras as situações em que a passagem da intenção ao 
ato pode demorar meses, anos, ou mesmo nunca se concretizar. 
 
Preparação 
 
Quando se verifica alguma tentativa de mudança, mas ela não chega a ser bem-
sucedida ou a persistir, fala-se que a pessoa se encontra no estágio de preparação. 
 É, por exemplo, o caso do regime retomado toda segunda-feira, mas 
abandonado na quarta, porque se ficou nervoso com alguma coisa, ou porque a 
sobremesa do almoço era irrecusável. 
 
 
 
29 
 
Ação 
 Há situações em que se é capaz de tomar decisões e realmente modificar os 
comportamentos, atitudes ou padrões relacionais: Este é o estágio de ação. 
Do ponto de vista prático, deve ocorrer uma mudança bem-sucedida com a 
realização de um objetivo e a evidência de que há um esforço real para isto. 
 
Manutenção 
Se há a persistência dessas atitudes ao longo de um período em que se pode 
verificar um esforço para impedir recaídas e consolidar os ganhos obtidos, configura-se 
o estágio de manutenção. 
Esforço para não retornar aos padrões de comportamento anteriores: o estagio 
de manutenção é visto como um processo ativo de mudança. 
A manutenção é evidente, por exemplo, num relacionamento em que após a 
superação de dificuldades, continua-se atento à necessidade de cuidar para que este 
não se deteriore e não se perca a qualidade do vínculo (re) conquistado. 
 
Término 
 
Quando os padrões de conduta resultantes da mudança encontram-se 
suficientemente estáveis, por não se ter motivo derecaída ou de retrocesso, pode-se 
falar em estágio de término. São os tradicionais casos de “cura”. 
 
 
 
 
 
 
Pré-
contemplação 
Não pensa em mudar agora, não há 
motivação para mudança (“não está 
pronto, apresenta resistência”). 
Construir uma base, estabelecer 
um relacionamento e limitar 
confrontos. Investigar e estimular 
a motivação. Incentivar maio 
consciência sobre a decisão de 
mudar. Aumentar a percepção 
do paciente sobre os riscos e 
problemas do comportamento 
atual. 
 
 
 
Pensa a respeito, mas é ambivalente, pois 
tem motivos para mudar e para não mudar 
(fase de preparo e consciência). 
Identificar os problemas e fazer 
aconselhamento com base no 
encorajamento e nas vantagens e 
 
30 
 
Contemplação desvantagens de mudar. Reduzir 
os “contras” da mudança e 
começar a pensar em metas. 
 
 
 
 
 
 
Preparação 
Pretende fazer mudanças (estado de 
prontidão, antecipação) também chamada 
fase de “decisão”. 
Estruturar um plano para 
mudança. Construir auto eficácia. 
Oferecer ajudar para que o 
paciente encontre uma 
estratégia de mudança ou um 
objetivo que seja aceitável, 
apropriado e realizável. 
Proporcionar treino e assistência. 
Identificar passos e habilidades 
necessárias para a mudança 
gradual. 
 
 
 
Ação 
Tem alterações de comportamento (estado 
de entusiasmo e mudança). 
Provocar uma mudança na área 
do problema. Desenvolver plano 
de ação e compromisso de 
mudança, assistir, reforçar, 
encorajar, trabalhar a solução de 
problemas. 
 
 
 
 
 
 
Manutenção 
Mantém e sustenta as mudanças. Evitar recaídas e consolidar 
ganhos obtidos durante a fase de 
ação. Reforçar o novo 
comportamento. Esclarecer que 
lapsos e recaídas são normais e 
aproveitar para identificar o que 
o fez retomar os 
comportamentos de risco. 
Propor um plano de seguimento, 
suporte e fortalecimento. 
Explorar estratégias de 
superação. 
 
Término 
 
Embora se espere a progressão da mudança da pré-contemplação até o 
término, a prática mostra que a evolução não é necessariamente linear, já que 
inúmeros retrocessos podem ocorrer. 
Além disso, dificilmente acompanha-se o paciente até o estágio de término de 
um processo de mudança. 
 
31 
 
Por isso, faz-se importante ter atenção às técnicas de EM a fim de melhorar o 
prognóstico e aderência ao tratamento. 
 
Técnicas de Coaching e Neurolinguística para Mudança do 
Comportamento Alimentar 
 
PNL 
A PNL surgiu no início da década de 70. O objetivo era identificar padrões 
linguísticos e comportamentais utilizados por profissionais e poder aplica-los, e 
posteriormente ensiná-los, obtendo os mesmos resultados extraordinários. 
Conjunto de modelos, técnicas e princípios e deram o nome de Programação 
Neurolinguística (PNL): 
Programação: mecanismos ou esquemas inconscientes, rotinas instaladas; 
Neuro: fisiologia, emoção, sensação, 5 sentidos, representações internas; 
Linguística: estrutura linguística, pensamentos, crenças, valores. 
Ferramenta de trabalho para profissionais do comportamento humano. Pode ser 
usada em atendimentos individuais ou trabalhos em grupo. 
 Desenvolvimento de um modelo de comunicação clara, assertiva, 
influenciadora e empática. 
 Muito procurada também para o desenvolvimento de liderança, treinamentos 
na área de vendas e para gerenciamento eficiente de conflitos. 
Embora não existam estudos sistemáticos e rigorosos para verificar a validade das 
hipóteses sobre as quais se alicerça a PNL, os conceitos que ela propõe se harmonizam 
com outras abordagens. 
Pressupostos: As pressuposições da PNL são princípios sobre os quais se 
fundamenta sua aplicação. 
São eles o seguintes: 
 As pessoas respondem à sua interpretação da realidade, não à realidade em si. 
 Ter uma escolha ou opção é melhor do que não ter. 
 
32 
 
 As pessoas fazem a melhor escolha que podem no momento. 
 As pessoas funcionam perfeitamente. 
 Todas as ações têm um propósito. 
 Todo comportamento possui intenção positiva. 
 A mente inconsciente contrabalança a consciente; ela não é maliciosa. 
 O significado da comunicação não é simplesmente aquilo que você pretende, 
mas também a resposta que obtém. 
 Já temos todos os recursos de que necessitamos ou então podemos criá-los. 
 Mente e corpo formam um sistema. São expressões diferentes da mesma 
pessoa. 
 Processamos todas as informações através de nossos sentidos. 
 Modelar desempenho bem-sucedido leva à excelência. 
 Se quiser compreender, aja. 
Coaching 
Coaching é uma palavra em inglês que indica uma atividade de formação 
pessoal em que um instrutor (coach) ajuda o seu cliente (coachee) a evoluir em alguma 
área da sua vida. 
A palavra coaching vem da palavra inglesa "coach" e significa treinador. Esse 
treinador tem o objetivo de encorajar e motivar o seu cliente a atingir um objetivo, 
ensinando novas técnicas que facilitem seu aprendizado. 
Pessoal ou coaching de vida (life coaching): objetiva a capacitação das pessoas na 
sua auto realização, pelo alcance de suas metas, alinhando-as para uma vida 
equilibrada com seus valores, missão e propósito de vida. 
A meta a ser trabalhada pode estar em qualquer área da vida da pessoa, como 
saúde, relacionamentos, espiritualidade, finanças, carreira, administração do tempo, 
família, etc. 
Definição da meta, na estratégia para alcançar os resultados almejados e também 
na superação dos desafios que aparecerem ao longo do caminho. 
“Coach de emagrecimento”: Difere do papel do nutricionista? Valorização da 
profissão. 
 
33 
 
 
PNL e Coaching 
 Mudança de comportamento; 
 Relacionada a alimentação: estratégias baseadas em alteração de 
comportamento alimentar; 
 Estudos científicos não existem. 
 
Características comportamentais do paciente obeso 
Obesidade não é um Transtorno Alimentar. 
 
Pode estar associada a outras doenças psiquiátricas: 
DEPRESSÃO: 
 5,3 – 7,4 % em obesos não graves; 
 15,5 % em obesos grau II; 
 19,3 % em obesos grau III. 
Transtornos Alimentares (“oficiais” ou “não oficiais”) mais associados a obesidade: 
 TCAP; 
 Síndrome da alimentação noturna (SAN) Nocturnal Eating Syndrom – NES. 
Desordem da composição corporal definida por um excesso relativo ou absoluto de 
gordura corporal, provocado por desequilíbrio nutricional associado ou não a 
distúrbios genéticos ou endócrino-metabólicos. 
 Homens: maior prevalência no meio urbano e na região Sul e menor no 
Nordeste. Aumenta com a renda. 
 Mulheres: maior prevalência no meio rural (exceto no Nordeste) e maior na 
região Sul e menor no Norte. Maior em classes intermediárias de renda. 
 
(população adulta): Obesidade: 22,9% (1988-1994) vs. 30,5% (1999-2000) 
 
 
34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Distribuição da Gordura: 
 Dobras cutâneas 
 Bioimpedância 
 US/TC/RNM 
 Relação circunferência abdominal/ quadril 
 Circunferência Abdominal: 
Risco de complicações metabólicas Homem Mulher 
Aumentado ≥ 94 cm ≥ 80 cm 
Aumentado substancialmente ≥ 102 cm ≥ 88 cm 
 
 
 
 
 
 
 
(população adulta da cidade do Porto): obesidade: 26,1 % 
das mulheres e 13,9% dos homens. 
Taiwan (população adulta): 21,1 % de sobrepeso e 4% de 
obesidade. 
Turquia (população adulta): obesidade: 27,4% das 
mulheres e 10,7% dos homens. 
 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Comparação dos pesos e tamanhos corporais, de 1950 a 1990: 
 
 Mulheres americanas: aumento de peso; 
 Homens americanos: aumento de peso; 
 Miss América: diminuição do peso; 
 Mulheres da Playboy: peso estável (permaneceram com baixo peso); 
 Homens da Playgirl: aumento de peso, na forma de massa muscular. 
(Spitzer et al., 1999) 
 
 
 
 
 Redução da relação cintura/quadril das 
modelos; 
 Aumento das matérias sobre dieta e perda 
de peso; 
 Redução das receitas de culinária; 
 Saúde passou a ser menos citada do que a 
estética em matérias de nutrição e fitness. 
(Guillen & Barr, 1994) 
 
36ESTIGMA: um atributo que é profundamente desacreditado e que desqualifica 
uma pessoa da completa aceitação social (Goffman, 1963). 
Televisão: obesos são objetos de piadas, têm menos chance de representar 
protagonistas de relacionamentos românticos e são mais frequentemente mostrados 
comendo fora de controle (Greenberg et al, 2003). 
Mulheres ingressantes em uma academia de 
ginástica em Curitiba: 55% das mulheres entre 
20 e 30 anos desejavam redução de peso, 
somente 17% delas realmente necessitavam. 
 
(Filardo & Leite,2001) 
 
Só 2% das mulheres de todo o mundo se acham bonitas 
 (Instituto Dove) 
31,6% das estudantes espanholas com IMC <20,1 
kg/m2 queriam perder peso. 
(Ortega et al., 1996) 
 
37 
 
Crianças de 9 anos associaram as seguintes características a figuras de crianças 
obesas: têm menos amigos, são menos amadas por seus pais, vão pior na escola, estão 
mais infelizes com suas aparências e querem ser mais magras (Hill & Silver, 1995). 
Apresentação a crianças e adultos de fotos de crianças obesas, ou com 
deficiência física, desfiguradas, cegas = fotos dos obesos são as mais rejeitadas 
(Giancoli & Nieimeyer, 1983). 
Achado acima foi verificado em 1961 e em 2001: aumento de 41% na rejeição 
aos obesos (Latner & Stunkard, 2003). 
Pessoas obesas são tidas como sem de força de vontade, preguiçosas, descuidadas, 
incompetentes, emocionalmente instáveis, e até pessoas defeituosas (Puhl et al, 
2004). 
Obesos são menos aceitos nas faculdades e recebem menos bolsas de estudo 
(Crandall 1994; Canning & Mayer, 1966; Crandall 1991). 
Obesos são mais rejeitados em entrevistas de emprego (Larkin & Pines, 1979; 
Rothblum et al., 1990). 
Quando empregados, obesos recebem menores salários e menos promoções 
(Averett & Korenman, 1996). 
“É notável que nos últimos anos medidas legais e normas sociais tenham diminuído 
a estigmatização de grupos raciais, religiosos ou de gênero, enquanto que o 
preconceito contra obesos continua sendo tolerado e até socialmente aceito” 
(Stunkard & Sobal, 1995). 
 
Visão do nutricionista sobre pessoas com sobrepeso e obesidade: 
 
 
 
N = 187 nutricionistas inglesas 
 
38 
 
 Obesos seriam piores trabalhadores. 
 As pessoas se sentiriam desconfortáveis em se associar a obesos. 
 Obesos não poderiam levar uma vida normal. 
 Obesos são responsáveis pelo seu estado. 
 Principais causas da obesidade: sedentarismo, comer muito dos alimentos 
errados, mudanças de humor que levam ao exagero alimentar, prática de 
dietas, influência da família e de pares, falta de força de vontade. 
Quanto menos o nutricionista aceitava a obesidade, menor era o tempo utilizado 
para dar conselhos sobre aspectos sociais e psicológicos e para desenvolver uma boa 
relação com o paciente. 
Os nutricionistas que mais acreditavam que a prática de dietas causava a 
obesidade mais aconselhavam sobre atividade física e aspectos sociais e psicológicos, 
mais valorizavam a atualização científica, se sentiam mais confiantes nas suas 
capacidades de aconselhamento e menos prescreviam dietas. Conclusão: preconceito 
pode também atrapalhar o tratamento nutricional! 
Características comportamentais do paciente obeso 
 Fatores Emocionais; 
 Genética; 
 Sedentarismo e Alimentação; 
 Fatores Neuroendócrinos; 
 Ambiente. 
Genética 
 Poligênica: + de 127 polimorfismos identificados 
 Risco de Obesidade: 
 Um dos pais obeso: 50%; 
 Pai: 40%; 
 Mãe: 60%; 
 Nenhum dos pais obeso: 9%; 
 Ambos os pais obesos: 80%; 
 
39 
 
 40% a 70% da diferença peso podem ser explicada pela carga genética; 
 Entre 15 e 40% da variação de padrão alimentar também pode ser justificada 
por influências genéticas; 
 Síndrome de Prader Willi e a de Bardet-Biedl. 
 
Fatores Neuroendócrinos 
 Insulina/Glucagon; 
 Grelina/Obestatina; 
 Leptina; 
 α-MSH (hormônio melanocítico estimulante- gene agouti); 
 PYY; 
 Oxintomodulina; 
 PP (polipeptídeo pancreático); 
 Amilina; 
 GLP1 – GLP2 (receptores do glucagon); 
 Somatostatina (SMT); 
 NPY, AgRP, CART, CRH, TRH; 
 Sistema endocanabinóide; 
 Receptores de histamina H3. 
Ambiente 
Ambiente “obesogênico” em indivíduos geneticamente predispostos: 
 Índios Pima: > obesidade e DM; 
 Aborígenes australianos: > obesidade, DM e hipertrigliceridemia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
 
Estresse: hiperatividade do eixo hipotálamo-hipófiseadrenal → progressivo 
desequilíbrio → associado ao ↑acúmulo de gordura visceral (Matos et al, 2003; 
Rosmond et al, 1998). 
Medicamentos (benzodiazepínicos, corticosteroides, antipsicóticos, 
antidepressivos tricíclicos, antiepiléticos, sulfonulreias, insulina) (Cheskin et al, 1999). 
Abandono do tabagismo (Jorenby et al, 1999). 
 
Determinantes do desequilíbrio energético 
 
 ↑ da ingestão alimentar; 
 ↓ do gasto energético; 
 Maior capacidade de estocar gordura; 
 Oxidação de gorduras deficiente. 
 
Sedentarismo e Alimentação 
Aumento da ingestão alimentar: 
Fisiológicos: 
 Sensação de fome (que leva um animal a procurar e ingerir alimentos); 
 Sensação de prazer (que leva a continuar com uma refeição); 
 Sensação de saciação (que leva a interromper uma refeição); 
 Sensação de saciedade (que o leva a adiar a refeição seguinte). 
 
 
 
 
 
Causas pré-deglutição: 
 Papel do Inconsciente. 
 
Satisfação Saciedade 
 
41 
 
Não guardamos com precisão o que comemos (Booth & Freeman, 1995; Lowe, 
2005). 
31% das pessoas que saem de um restaurante italiano não se lembram qual 
quantidade de pão comeram e 12% dos comedores de pão negam ter comido um 
único pedaço (Linder &Wansink, 2003). 
Não somos capazes de estimar o tamanho das refeições (Lansky e Brownell, 1982; 
Barbara et al., 2003; Toozze et al., 2004). 
 Eutróficos => estimaram 20% menos; 
 Obesos => 30 a 40% menos. 
Entretanto, um estudo mostrou que os indivíduos – eutróficos ou obesos – 
subestimam os níveis calóricos com previsibilidade matemática (Chandon e Wansink, 
2007). 
 Alimentos pequenos (300kcal) - subestimavam 10%; 
 Alimentos maiores (900kcal) - subestimavam 40%. 
As pessoas não ingerem calorias, ingerem volume (Rolls B, 2005). 
 
Topografia da mesa: 
É o “tamanho da refeição” que determina a precisão com que estimamos 
quanto comemos, e não o “tamanho da pessoa”. 
 
Papel do Tamanho das Porções Alimentares: 
 
 
 
42 
 
Porções cada vez maiores, principalmente de alimentos ricos em lipídios, 
açúcares e, consequentemente, energia. 
Aspecto cultural: satisfação dos clientes com “mais comida por menos 
dinheiro” (Young & Nestlé, 2002). 
 
 
 
Consumo calórico diário 12% maior que em 1985 (300kcal/dia): 
 46% grãos refinados; 
 24% gorduras; 
 23% açúcares; 
 8% frutas e vegetais; 
 Redução 1 % carnes e laticínios. 
 
 
 
 
Papel da frequência de ingestão alimentar: 
 
Crença popular: comer entre as refeições engorda? 
 
 
 
 
 
2000 
8kcal/dia acima do GET → 10kg em 30 anos. 
Lanches entre refeições “Beliscar” 
 
43 
 
 
 
Chapelot et al. (2006): verificaram efeito de acrescentar ou omitir uma refeição 
(vespertina) na alimentação, respectivamente, de pessoas que ingeriam três e quatro 
refeições diariamente. 
 3 refeições diárias → + 1 refeições vespertina → sem efeito; 
 4 refeições diárias → - 1 refeições vespertina → aumento de massa gorda 
(possível causa: maior consumo de gordura nas outras refeições). 
Outros fatores: 
 
Relação entre horas de TV, carros por domicílio e Obesidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estudos tem demonstrado relação inversa (Drummond et al., 
1996) ou falta de relação (Summerbell et al., 1996; Crawley & 
Summerbell, 1997) entre frequência alimentar e peso corporal. 
 
44 
 
 
Fome física x Fome emocional - Gatilhos alimentares e emocionais 
Situar alimentação: 
 
 
O QUE NOS LEVA A COMER ALÉM DA 
FOME? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Relação entre alimento e corpo: alimento é responsável diretopela 
manutenção do corpo. 
 
Contexto atual: 
 Valorização da magreza como símbolo de beleza, atratividade, poder e 
sucesso; 
 Enorme disponibilidade de alimentos/ aumento da obesidade/ transição 
nutricional; 
 
COMER 
Simbolismos 
Prazer 
Lembranças 
Relações 
com algo ou 
alguém 
 
45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Aumento da incidência de transtornos alimentares. 
 
 
 
 
 
Comer apenas com fome. 
 
• De que maneira? Como fazer? Como saber? 
• Fome ou Vontade? Fome física ou emocional? 
 A alimentação é uma atividade central e necessária. É de extrema 
complexidade por envolver aspectos psicológicos, fisiológicos e socioculturais. 
 As atitudes em relação à comida pautam-se em um aprendizado que se inicia 
bem cedo, reforçado por adultos afetivamente poderosos. 
 Por ser uma atividade constante, envolve uma rotina de aprendizado calcada 
entre tantas questões no reforço positivo e na satisfação frente aos comportamentos. 
 
Cenário atual: 
 As informações sobre Nutrição e Alimentação são divulgadas não só por 
profissionais capacitados. Restrições alimentares severas: “única” opção para quem 
quer se alimentar melhor e alterar o peso. 
 
 
 
 
Alimento 
“Ameaça” 
Comer Prazer da alimentação 
 
46 
 
 
Dieta é gatilho? 
Dieta para perda de peso: 
• Causam pensamentos obsessivos para com os alimentos e o peso corporal; 
• Não melhoram a auto estima e nem significam disciplina ou auto controle; 
• Causam irritabilidade, letargia e mau humor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Levam ao reganho de peso; 
• A restrição diminui o metabolismo e o organismo é obrigado a funcionar com 
menos energia; 
• Podem desencadear episódios de descontrole e compulsão. 
 
 
 
 
47 
 
 
 
Experiências adversas são gatilhos? 
 
Abuso sexual, trauma e estímulos negativos, como comentários depreciativos 
recebidos ao longo do desenvolvimento podem ser fatores importantes. 
 
 
 
Fatores socioculturais são gatilhos? 
• Mudanças na disponibilidade e no significado dos alimentos; 
• Mudanças no conceito de beleza e supervalorização da magreza. 
 
 
 
48 
 
 
Fome física X Fome emocional – Gatilhos alimentares e emocionais: 
 
Sinais físicos, graduação, especificidade, momento, frequência, planejamento, 
sentimento. 
 
 
 
 
 
 
Fome física 
• Fome; 
• Vontade genuína; 
• Prazer. 
Fome emocional 
• Social; 
• Sentimento; 
• Emoção. 
 
49 
 
 
Gastronomia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Mãe, o que tem hoje para se nutrir? 
Nutrir-se Ato individual e fisiológico 
Comer Ato simbólico e social 
 
50 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cozinhar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cozinhar com fogo  poupar tempo 
de digestão  desenvolvimento físico 
+ transformações sociais. 
Agricultura familiar + caça  
socialização da comida > 
refeição em conjunto. 
Processamento industrial/Não Cozinhar  poupar 
tempo para outras atividades. 
Industrialização  individualização da comida e do 
comer. 
 
 
51 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mais uma vez a nutrição comportamental está totalmente de acordo com o 
novo guia alimentar, que propõe que para se orientar uma alimentação saudável, não 
é suficiente apenas dizer O QUE as pessoas devem comer, mas é importante também 
garantir outras coisas, como incentivar que as pessoas DESENVOLVAM, EXERCITEM E 
PARTILHEM HABILIDADES CULINÁRIAS. 
 
Gastronomia X Culinária 
 
Cozinha e culinárias: 
Técnicas de sobrevivência, gestos e gostos estabelecidos, identidades 
familiares, étnicas, regionais. 
Gastronomia: 
Passado  concepção médica e filosófica de uma dietética como regra de bem 
viver. 
 
52 
 
Século XIX  expressão como forma de arte e distinção social. 
Nos dias de hoje: espécie de alta-cultura da cozinha, diferente da cozinha 
cotidiana, caseira. 
 
PRAZER DE COMER! 
 
Investigação das alterações comportamentais 
 
 
 
 
 
Importância de uma boa avaliação nutricional: prezar a individualidade. A 
elucidação dos padrões dietéticos tem implicações no tratamento e conhecimento da 
variabilidade clínica dos indivíduos. 
Instrumentos padronizados X entrevistas 
clínicas: não é necessário usar instrumentos 
prontos para avaliação do paciente → 
instrumentos são melhores para pesquisa. Na 
prática clínica, é melhor desenvolver sua própria 
anamnese. 
 
• Dados básicos: 
– Idade, estado civil, filhos, escolaridade, profissão, com quem mora e 
como, indicação para tratamento. 
• Dados antropométricos: coletar 
– Peso e altura (IMC), peso desejado/habitual/mínimo/máximo, 
circunferências, dobras cutâneas, bioimpedância, etc; 
– Dados de saúde: 
ESCUTA 
 
53 
 
– Dados de saúde (doenças pregressas e atual, tratamentos já realizados 
ou em andamento, medicamentos, suplementos, qualidade do sono) 
devem ser coletados: 
– Exame físico. 
• Histórico do peso, da alimentação: 
– Não são indicadas anamneses estruturadas, com muitas perguntas 
fechadas, pois elas não dão chance para o paciente contar sua história e 
apresentar suas questões únicas e particulares; 
– Recomenda-se que não faça perguntas diretas; 
– Iniciar a entrevista com perguntas indiretas, como “Como era sua 
alimentação e peso na infância?”; 
– Anotar os dados, atentando para momentos importantes; 
– Levantar o histórico, prestando atenção em momentos importantes, 
como infância, adolescência, reação às mudanças corporais da 
puberdade e gestações, mudanças do padrão ou consumo alimentar, 
etc. 
– Avaliação clínica e bioquímicas e exames complementares. 
• Aspectos atuais: 
– História alimentar simplificada, com rotinas e horários, abordando o 
que o paciente costuma comer normalmente; 
– R24h não é recomendado  enorme variação de consumo de um dia 
para o outro. Exemplos de compulsão e frequência; 
• Alimentação habitual durante semana e finais de semana; 
– Métodos inadequados para controle de peso; 
– Aversões e preferências alimentares; 
– TA. 
 
 
 
 
 
54 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atitudes 
Alimentares 
Pensamentos 
Sentimentos 
Crenças 
Comportamento 
Americanas Francesas 
Paradoxo alimentar francês 
 
55 
 
 
Patologias do sistema nervoso e doenças psiquiátricas 
/comportamentais 
 
Esqueçam os estereótipos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Transtornos alimentares - Etiologia 
São doenças psiquiátricas que se caracterizam por profundas alterações no 
comportamento alimentar e nos comportamentos que visam controle de peso e 
forma corporal, levando o organismo a um funcionamento debilitado e inúmeras 
complicações. 
Não há uma causa específica responsável pelos TA. Acredita-se que o modelo 
multifatorial contribua no seu aparecimento, com participação de fatores biológicos, 
genéticos, psicológicos, socioculturais e familiares. 
 
 
 
 
 
Anorexia Nervosa Não come 
Bulimia Nervosa Vomita 
Compulsão 3 bombons 
Gordo Come 
muito 
Compulsivo 
 
56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fatores genéticos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pesquisas indicam maior prevalência de transtornos alimentares em algumas 
famílias, sugerindo uma agregação familiar com possibilidade de um fator genético 
associado. 
 
 
Fa
to
re
s 
Genéticos 
Biológicos 
Socioculturais 
Familiares 
Psicológicos 
 
57 
 
 
Estudos com gêmeos monozigóticos e dizigóticos também 
apontam a genética como possível participante etiologia 
dos transtornos alimentares. 
 
 
 
Fatores biológicos 
 
Alterações nos neurotransmissores 
moduladores da fome e da saciedade como a 
noradrenalina, serotonina, colecistoquinina e 
diferentes neuropeptídios têm sido postuladas 
como predisponentes para os transtornos 
alimentares. 
Existem dúvidas se tais alterações acontecem primariamente ou são 
decorrentes doquadro. 
 
Fatores socioculturais 
 
 
A obsessão em ter um corpo magro 
e perfeito é reforçada no dia-a-dia 
da sociedade ocidental. 
 
A valorização de atrizes e modelos, geralmente abaixo do peso, em oposição ao 
escárnio sofrido pelos obesos, é um exemplo disso. 
 
 
 
 
 
58 
 
 
Fatores familiares 
 
 
 
Dificuldades de comunicação entre os membros da família, interações 
tempestuosas e conflitantes podem ser consideradas mantenedoras dos transtornos 
alimentares. 
 
Fatores psicológicos 
 
 
 
 
Algumas alterações características como baixa autoestima, rigidez no 
comportamento, distorções cognitivas, necessidade de manter controle completo 
sobre sua vida, falta de confiança podem anteceder o desenvolvimento do quadro 
clínico. 
 
 
 
 
 
 
59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fatores predisponentes 
 
Experiências adversas como abuso sexual, trauma e estímulos negativos, como 
comentários depreciativos recebidos ao longo do desenvolvimento podem ser fatores 
importantes na etiologia. 
 
Fatores Psicológicos: 
Personalidade: 
Traços comuns na Anorexia Nervosa são os obsessivos, perfeccionistas, 
dificuldade em expressar sentimentos e introversão; 
Em relação à Bulimia Nervosa, traços impulsivos, instabilidade afetiva e 
sociabilidade são comuns. Baixa autoestima é um fator de risco comum a Anorexia 
Nervosa e a Bulimia Nervosa. 
 
Autoestima não está restrita a imagem corporal. 
A autoestima depende de estímulos positivos e negativos recebidos, principalmente 
da família, ao longo do desenvolvimento. 
Fatores 
predisponentes 
 Sexo feminino 
 História familiar de TA 
 Baixa autoestima 
 Perfeccionismo 
 Dificuldade em expressar 
emoções 
Fatores precipitantes 
 Dieta 
 Separação, perda 
 Alterações na dinâmica 
familiar 
 Expectativas irreais 
(escola, profissão, 
pessoal) 
 Menarca (AN) 
Fatores 
mantenedores 
 Alterações 
neuroendócrinas 
 Distorção da Imagem 
corporal 
 Distorções cognitivas 
 Práticas purgativas 
 
60 
 
 
Fatores Socioculturais: 
 Mudanças na disponibilidade e no significado dos alimentos. 
 Mudanças no conceito de beleza e supervalorização da magreza. 
 
 
Fatores Biológicos: 
TA e doenças psiquiátricas associadas, como depressão e abuso de substâncias, 
são comuns em uma mesma família, porém, ainda é incerto o tamanho da 
contribuição da genética para os TA. 
Alterações nos sistemas de neurotransmissão são frequentes em pacientes com 
TA, principalmente nos sistemas serotoninérgico (importante regulador do 
comportamento alimentar) e noradrenérgico (papel no controle do humor, impulso e 
obsessividade nos TA). 
 
Fatores Familiares: 
A família é a estrutura básica da formação das pessoas. É dentro dela que se 
forma a personalidade e se desenvolve a vida no âmbito do cotidiano como um 
processo contínuo. 
 
61 
 
Família é determinante no processo de incorporação de padrões sociais e 
culturais e na aprendizagem de como conviver com as demais pessoas. 
A condição psicológica de uma pessoa é diretamente relacionada com a 
estrutura do grupo do qual faz parte (família). O distúrbio psiquíquico tem muitas 
vezes raízes no papel inconscientemente imposto pela família. 
 
Características comuns: 
• Perfeccionismo – bom comportamento extremamente valorizados 
(especialmente na AN); 
• Hipercontrole/ rigidez, resultando em infantilização (especialmente na AN). 
• Superproteção – atraso no desenvolvimento da autonomia pessoal 
(especialmente na AN); 
• Ligação simbiótica – relação mãe e filha. (especialmente na AN); 
• Pouco espaço da individualização – papéis se misturam, posições familiares não 
claras (funcionamento em “bloco”) (especialmente na AN); 
• Controle estrito das emoções (especialmente na AN); 
• Comunicação prejudicada – dificuldade em elogiar = baixa autoestima; 
• Preocupação exagerada com o peso e dietas, valorização excessiva da 
aparência física (especialmente por parte da mãe). Membro obeso é 
geralmente criticado e humilhado; 
• Dinâmicas caóticas – ausência de regras, limites e autoridade dos pais; 
desorganização (especialmente na BN); 
• Dificuldade em lidar com impulsos e descargas emocionais (especialmente na 
BN); 
• Não raro histórico de abuso de drogas, álcool e transtornos psiquiátricos; 
• Filhos de mães com TA possuem mais de 50% de chance de desenvolver um 
transtorno psiquiátrico. 
 
 
 
 
62 
 
 
Principal: Dieta para perda de peso: 
Acontecimentos estressores, como perdas, separações, doenças, menarca e 
gravidez por provocarem desorganização e reforçar sentimentos de insegurança e 
insatisfação. 
 
Falando em dieta... 
 8 milhões de pessoas sofrem de TAs nos EUA; 
 9 em cada 10 mulheres está insatisfeita com seu corpo. Pelo menos 6 fazem 
dieta para perder peso; 
 78% das meninas americanas de 17 anos está infeliz com seu corpo; 
 Ideal de magreza apresentado pela mídia é alcançado por menos de 5% da 
população feminina; 
 80% das meninas de 10 anos nos EUA já fizeram alguma dieta; 
 Apenas 4% das mulheres no mundo se consideram bonitas; 
 Em sua vida 50.000 pessoas morrerão como resultado direto dos TAs; 
 Americanos gastam mais de 40 bilhões de dólares por ano com dietas e 
produtos relacionados a perda de peso. 
 
“Nem toda dieta resulta em transtorno 
alimentar, mas todo transtorno alimentar 
começa com uma dieta.” 
 
Risco Relativo de desenvolver um Transtorno Alimentar: 
 Dietas restritivas  em 18X; 
 Dietas moderadas  em 5X; 
 
 
63 
 
 
É necessária a interação de diversos fatores de risco para o aparecimento de um 
TA, portanto, a prática de dieta, como um comportamento isolado, não desencadeia 
um TA. 
Trazem pensamentos obsessivos para com os alimentos e o peso corporal. Não 
melhoram a autoestima e nem significam disciplina ou autocontrole. Causam 
irritabilidade, letargia e mau humor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Levam ao reganho de peso. A restrição diminui o metabolismo e o organismo é 
obrigado a funcionar com menos energia. Podem desencadear episódios de 
descontrole e compulsão. 
 
 
 
64 
 
 
 
 
Fatores Mantenedores 
• Alterações neuroendócrinas em decorrência da privação alimentar; 
• Distúrbio da imagem corporal; 
• Distorções cognitivas; 
• Práticas purgativas; 
• Dinâmica familiar; 
• Ganhos secundários com a doença; 
• Outros fatores que contribuem para a perpetuação do TA são as alterações 
psicológicas e os fatores socioculturais. 
 
Prevalência ANOREXIA NERVOSA 
A anorexia nervosa tornou-se uma importante preocupação na área de saúde 
pública no mundo ocidental. Há discussões sobre o aparente crescimento da incidência 
da AN e também sobre o seu reconhecimento em outras culturas não ocidentais 
(FLEITLICH et al., 2000). 
 
 
 
 
65 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prevalência BULIMIA NERVOSA 
A Bulimia Nervosa é uma perturbação do comportamento alimentar 
caracterizada por compulsões alimentares recorrentes, comportamentos 
compensatórios que previnem o ganho ponderal e uma autoestima por de mais 
alicerçada na autoimagem corporal (PINHO, 2016). 
 
1 – 1,5% 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
0,6% 
3 : 1 
3 : 1 
 
66 
 
 
Prevalência transtorno da compulsão alimentar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Com 18 anos ou mais 
1,6% de casos 0,8% em homens 
30% a 40% em obesos grau III 
1 : 1 
 
67 
 
 
Incidência Anorexia Nervosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Incidência Bulimia Nervosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Grupos de risco 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 por 100 mil individuos. 
0,5 por 100 mil 
individuos. 
População pareada 
13 por 100 mil individuos 
Estudantes de nutrição e nutricionistas. 
 
68 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atletas competitivos:Estudantes de educação física e educadores físicos. 
Ginastas Jóqueis 
Boxers 
Lutadores 
 
69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bailarinas 
Dançarinas 
Ginástica artística Modelo 
 
70 
 
 
 
 
 
 
DM tipo 1: maior incidência de AN e BN. 
DM tipo 2: maior incidência de TCAP. 
 
Fisiopatologia – Anorexia Nervosa 
Mortalidade: 
 20% morrem – Desnutrição; 
 50% melhoram; 
 30% cronificam. 
 
 
 
 Pode ser concomitante ou preceder à perda de peso, pode resistir mesmo após 
a recuperação de peso mínimo. 
 Pode ser acompanhada de: regressão dos ovários para estágios pré-puberais, 
regressão do tamanho mamário, redução útero, infertilidade. 
Atores (“celebridades”) 
Amenorreia 
 
71 
 
 Osteopenia e osteoporose. 
 ↓ Testosterona: em pacientes AN do sexo masculino; 
 ↓ T3 e T4: mecanismo adaptativo à desnutrição: 
o Sintomas de hipotireoidismo: constipação, intolerância ao frio, 
bradicardia etc. 
 Hipercolesterolemia (redução dos níveis de T3 e da globulina carreadora de 
colesterol e/ou da diminuição da excreção fecal de ácidos biliares e colesterol); 
Pele e fâneros: 
 Queda de cabelos; 
 Lanugo (penugem fina) → Pode ocorrer em consequente da redução da 
atividade da enzima 5-alfa redutase e/ou do hipotireoidismo; 
 Alterações hidroeletrolíticas: 
o Hiponatremia → Pode ser consequência de grande ingestão de água ou 
de flutuações do ADH; 
o Hipofosfatemia → Consequência da desnutrição ou da síndrome de 
realimentação; 
o Hipocalemia (↓potássio): K<3,5mmol/L → decorrência de métodos 
compensatórios purgativos, como uso de vômito, abuso de diuréticos e 
laxantes →  risco de arritmia. 
 Hipotensão arterial: em até 85% dos pacientes AN (depleção crônica do 
volume circulante): 
o Sintomas de tontura e desmaios → reposição hídrica; 
 Atrofia do músculo cardíaco: na AN, consequência da desnutrição; 
 Retardo no esvaziamento gástrico: 
o Pacientes queixam-se de sensação de plenitude pós-prandial e 
distensão abdominal; 
o Pacientes queixam-se de dor → limita volume de alimentos a serem 
ingeridos e atrapalha a terapia nutricional. 
 
 
72 
 
 
Fisiopatologia – Bulimia Nervosa 
 
 Mortalidade: 3%; 
 Grande variação de peso; 
 Práticas constantes de restrição e purgação (abuso de laxantes e diuréticos) → 
estado hipovolêmico → estímulo do sistema renina-angiotensina-aldosterona 
→ estímulo à retenção de fluidos; 
 Condição persiste temporariamente mesmo após a cessação das práticas 
purgativas → Edema; 
 Lesão do dorso da mão: “Sinal de Russell”. 
 
 
Alterações hidroeletrolíticas: 
- Hipocalemia (↓potássio) → Causas: vômito, desnutrição e abuso de 
diuréticos e laxantes; 
- Sintomas: fraqueza, confusão, náusea, palpitações, arritmias cardíaca, 
poliúria, dor abdominal e constipação. 
Alterações cardíacas: 
- Arritmias cardíacas → risco de morte súbita, especialmente no caso de 
hipocalemia → causa mais comum de morte nos TAs; 
Alterações renais: Nefropatia por abuso de diuréticos. 
 
 
 
73 
 
 
Alterações gastrointestinais: 
– Vômitos frequentes levam ao relaxamento do esfíncter esofagiano inferior; 
– Esofagite: comum na BN e também na AN subtipo purgativo; 
o Pode variar de branda a grave, podendo haver herniações ou até 
trazer risco de morte se houver ruptura. 
– Constipação: tanto na BN quanto na AN, decorrente do uso de laxantes → 
danos irreversíveis ao cólon intestinal (cólon catártico) e perda da função 
peristáltica normal; 
– Pacientes que abusam de laxantes devem deixar de fazê-lo gradativamente, 
concomitantemente ao aumento do consumo de fibras e água. 
Alterações dentárias e bucais: 
– Erosão do esmalte dentário (incisivos e caninos); 
– ↑ Cáries; 
– Perda de dentes; 
– Hipertrofia bilateral das parótidas (por hiperestimulação de secreção): um 
dos poucos achados físicos indicativos de BN: 
o Consumo excessivo de carboidratos: ↑ amilase; 
o Regurgitação do conteúdo ácido do estômago. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
74 
 
 
- Sobrepeso e obesidade; 
- Síndrome Metabólica e outras condições clínicas associadas à obesidade: 
 
 
 
– Diagnóstico por médico psiquiatra; 
– DSM V: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais; 
• APA: Associação Americana de Psiquiatria; 
– CID 10: Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas 
Relacionados com a Saúde; 
• OMS: Organização Mundial de Saúde * 11ª edição. 
 
Instrumentos de investigação 
 Cientistas e clínicos utilizam-se de mensurações como uma forma de 
compreender, avaliar e diferenciar características de pessoas e objetos. Na psiquiatria, 
instrumentos ou escalas de avaliação são questionários, entrevistas ou testes, 
elaborados para realizar essas mensurações na avaliação dos transtornos mentais e, 
dentre eles, dos transtornos alimentares (TA). 
 
 
75 
 
 
Investigação e avaliação 
• Importância de uma boa avaliação: pessoas com TAs não são um grupo 
homogêneo; 
• A elucidação dos padrões dietéticos tem implicações no tratamento e 
conhecimento da variabilidade clínica nestes pacientes; 
• Instrumentos padronizados X entrevistas clínicas: não é necessário usar 
instrumentos prontos para avaliação do paciente → instrumentos são melhores 
para pesquisa; 
• Na prática clínica, é melhor desenvolver sua própria anamnese. 
 
Instrumento e Escalas: forma de compreender, avaliar e diferenciar características 
de pessoas. 
 
Para os TAS: 
1) Instrumentos autoaplicáveis: 
Instrumentos autoaplicáveis possuem uma série de vantagens: são fáceis e 
rápidos de administrar, não envolvem treinamento, são eficientes, econômicos, e 
são capazes de revelar um comportamento que, por ser considerado vergonhoso, 
poderia ser omitido em uma entrevista. 
Possuem desvantagem de não avaliar com exatidão alguns conceitos mais 
complexos, como o da compulsão alimentar periódica que, em geral são melhores 
investigados por instrumentos semiestruturados, como as entrevistas clínicas. 
Sendo assim, os questionários autoaplicáveis não devem ser utilizados para 
diagnósticos. 
 
2) Entrevistas clínicas padronizadas: 
A entrevista clínica padronizada tem sido o método primário de colher 
informações de forma sistemática em TA. Quando comparada ao questionário 
 
76 
 
autoaplicável, ela tende a ser mais precisa em identificar sintomas ambíguos, 
como os episódios bulímicos, podendo, em vista disso, ser utilizada como 
instrumento diagnóstico. Entre as desvantagens, tem o fator tempo, pois a 
entrevista clínica padronizada demanda mais tempo para a avaliação e o 
avaliador precisa estar treinado. 
 
Resumo: 
• Entrevistas clínicas padronizadas: informações de forma sistemática. 
• Mais precisa que questionários autoaplicáveis. 
• Desvantagens: tempo de avaliação e necessidade de entrevistador treinado. 
• Maioria validada em originalmente em inglês. 
• Maior parte é apenas uma sessão de outro instrumento diagnóstico de 
transtornos psiquiátricos mais amplos. 
• EDE: Diagnóstico e psicopatologia de TAs. Avalia restrição dietética e episódios 
bulímicos, grande riqueza de detalhes (episódios bulímicos objetivos, 
subjetivos, hiperalimentação objetivas, subjetivas). Cooper et al., 1989. 
 
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO 
• EAT: Rastreamento de TA, Gross et al., 1986. 
• ChEAT: Rastreamento de TA em crianças, Maloney et al., 1988. 
• BITE: Rastreamento de BN, avalia C. Alim. Henderson e Freeman, 1987. 
• BES: Rastreamento de TCAP, avalia C. Alim. Gormally et al., 1982. 
• QEWP-R: Rastreamento de TCAP na pop geral. Spitzer et al., 1993. 
• BSQ: Avalia distúrbios de Imagem Corporal. Cooper et al., 1987. 
• Escala de Figuras de Stunkard: Avalia distúrbios de Imagem Corporal. Stunkard 
et al., 1983. 
• BAQ: Avalia distúrbios de Imagem Corporal. Ben-Tovin e Wlaker, 1991. 
• TFEQ: Avalia controle sobre o C. Alim. Stunkard e Messick, 1985. 
• RS: Avalia C. Alim.Herman e Mack, 1975. 
 
77 
 
• NKS: Avalia conhecimentos sobre a importância da alimentação para a saúde. 
Harnack et al., 1997. 
• DEAS: Avalia atitudes alimentares. Alvarenga et al., 2010. 
• EEICA: Avalia distúrbios de imagem corporal. Conti et al., 2009. 
 
Existem diversos instrumentos para TAs. É necessário especificar exatamente qual 
o que se quer medir, em que tipo de estudo e com qual objetivo. Deve-se privilegiar 
instrumentos que tenham tido suas propriedades psicométricas testadas em amostras 
semelhantes à população de estudo. 
 
Instrumentos devem complementar, e 
não substituir, a escuta na prática clínica. 
 
Comorbidades psiquiátricas 
Define-se comorbidade como a ocorrência conjunta de dois ou mais transtornos 
em um mesmo indivíduo avaliado clinicamente. 
Em psiquiatria as comorbidades são comuns, e alguns estudos sugerem que 50% 
dos pacientes psiquiátricos recém mais de um diagnóstico. 
Algumas interpretações são possíveis diante de dois transtornos comórbidos: 
1) O transtorno A predispõe ao transtorno B ou, de alguma forma, causa B; 
2) O transtorno B predispõe ao transtorno A ou, de alguma forma, causa A; 
3) A e B são influenciados por um fator subjacente C (predisponente ou causal); 
4) A aparente associação de A e B é um resultado casual decorrente de serem 
relativamente frequentes na amostra estudada ou por outros fatores ao acaso. 
 
 
 
 
78 
 
 
 
 
 
 
Obesidade: 
A obesidade não é um TA nem uma doença 
psiquiátrica embora alguns autores incluam-na 
didaticamente nesta categoria pelo seu funcionamento 
semelhante. 
 
 
Podem existir perturbações no comportamento alimentar, associadas a 
questões psicológicas, necessitando apoio psiquiátrico e/ou psicológico. 
Doença que se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que 
pode aumentar o risco de desenvolvimento de doenças, principalmente crônico-não-
degenerativas. 
Comorbidades psiquiátricas são mais vistas em indivíduos que buscam 
tratamento para perda de peso (hipótese: estes sofrem mais com a associação do 
quadro de obesidade X transtornos psiquiátricos e buscam ajuda). 
Estas comorbidades podem dificultar o diagnóstico e alterar o curso natural da 
doença e sua abordagem terapêutica. 
Portanto, são necessárias estratégias de tratamento diferenciadas e de 
profissionais da área da saúde que conheçam estas comorbidades. 
 
 
Estudo americano com 2.436 pacientes com TA internados 
apresentou uma incidência de 94% de comorbidades 
psiquiátricas. 
 
79 
 
 
Comorbidades mais frequentes nos TAs e na Obesidade: 
 
Doenças Anorexia Nervosa Bulimia Nervosa TCA Obesidade 
Transtornos 
de Humor 
Depressão Depressão Depressão Depressão atípica 
Transtornos 
Ansiosos 
TOC 
TOC, fobias e 
síndrome pânico 
Ansiedade Ansiedade 
Abuso de 
Substâncias 
Psicoativas 
Álcool, maconha, 
cocaína e 
anfetamina 
Álcool, 
maconha, 
cocaína e 
anfetamina 
 
Transtornos 
de 
Personalidade 
Anancástico 
Trans. 
emocionalmente 
instável e 
borderline, 
histriônico 
Trans. 
emocionalmente 
instável e 
borderline, 
histriônico 
Trans. 
emocionalmente 
instável e 
borderline, 
histriônico 
 
Conclusão 
 
Devido a complexidade dos casos de TA com comorbidades, o tratamento exige 
acompanhamento multidisciplinar com no mínimo psiquiatra, psicólogo e 
nutricionista. 
A existência da comorbidade não pode ser ignorada pelo nutricionista, sob o risco 
da não obtenção de resultados. A com comorbidades tem inúmeras complicações 
clínicas que devem ser identificadas ao longo do tratamento. 
O curso do TA comórbido difere do TA isolado, os indivíduos com comorbidades, 
são, em geral, mais resistentes. Os pacientes com comorbidades psiquiátricas são mais 
 
80 
 
a regra que a exceção, e o atendimento destes mostra-se mais difícil e requer 
conhecimento técnico e específico. 
 
Imagem corporal 
 As questões relacionadas à imagem corporal (IC) vêm recebendo cada vez mais 
atenção. O terapeuta nutricional deve estar preparado para lidar com essa questão, 
pois ela afetam o relato do consumo alimentar, os hábitos alimentares, a motivação 
para mudanças comportamentais, além de serem sintomas de algumas doenças que 
exigem tratamento nutricional, destacando-se, entre essas, os transtornos alimentares 
(TA). 
 Os distúrbios de IC são alterações graves e persistentes em qualquer 
componente da mesma (perceptivo e atitudinal), trazendo sofrimento e/ou prejuízos 
sociais, físicos e emocionais. Eles podem ocorrer nos dois componentes, de maneira 
independente ou simultânea. 
 
“Figura que temos em nossas mentes do 
tamanho e forma dos nossos corpos, e os 
nossos sentimentos associados a tais 
características e às partes que constituem 
nosso corpo.” 
 
 
 
 
 
 
Não é apenas a forma como um 
indivíduo vê seu corpo. 
 
81 
 
 
 
Componentes da Imagem corporal (IC): 
 
 
 
 
 
Componente perceptivo 
 
 
Componente atitudinal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Exemplos de distúrbios de IC 
Os distúrbios de IC são alterações graves e persistentes em qualquer 
componente da mesma (perceptivo ou atitudinal) trazendo sofrimento e/ou prejuízos 
sociais, físicos e emocionais. Eles podem ocorrer nos dois componentes, de maneira 
independente ou simultânea. 
Como a pessoa vê seu corpo. 
Sentimentos sobre a imagem, importância da 
aparência física, o quanto a pessoa se sente atraente 
fisicamente, satisfação corporal, depreciação do 
próprio corpo, ações feitas em prol da aparência física, 
preocupação com o corpo. 
Distúrbio de imagem corporal: 
Perturbação séria e persistente em qualquer um dos componentes da 
imagem corporal. 
 
82 
 
Se a pessoa se vê de forma diferente daquela que ela é (por ex. mais gorda), 
pode-se dizer que ela tem distúrbio no componente perceptual da imagem corporal ou 
uma distorção de imagem corporal. 
Se a pessoa é extremamente insatisfeita com seu corpo ou dá muita 
importância à aparência física, pode-se dizer que ela tem um distúrbio no componente 
atitudinal da imagem corporal. 
 
Distúrbios de IC em Bulimia Nervosa 
 Nem todas as pacientes com BN superestimam seu tamanho corporal; 
 Pacientes com BN têm profunda insatisfação e depreciação para com seus 
corpos, comparados a controles; 
 Bulímicas são mais insatisfeitas do que anoréxicas; 
 O peso tem importância central na vida; 
 Insatisfação corporal prediz a persistência dos sintomas bulímicos ao longo da 
vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Distúrbios de IC em Anorexia Nervosa 
 
Mais comuns: pavor mórbido de ganhar peso e hipervalorização da aparência 
física. 
Distorção da imagem corporal (superestimar o peso e o tamanho do corpo). 
– Comum, porém não universal; 
– Quem tem essa distorção também tem índices mais elevados de 
depressão, ansiedade, introversão e pior prognóstico; 
Brasil: fatores que prediziam pior resposta ao tratamento: 
insatisfação corporal, depreciação corporal, importância 
pessoal do peso e das formas corporais. 
 
83 
 
– Distorção é instável e intermitente e pode ter “gatilhos”, como emoções 
negativas, achar que comeu muito ou ver imagens de mulheres magras. 
Ideal de corpo mais magro e rígido do que na BN. 
Menor insatisfação do que na BN, pois já se encontram em seu peso “ideal”. 
O acompanhamento da evolução pode ser feito por meio de escalas e 
questionários validados: 
• BSQ (Body Shape Questionnaire), Cooper et al. 1987; Di Pietro e Silveira 2008; 
Conti et al. 2009: avalia preocupação com peso e formas corporais, “sentir-se 
gordo”. 
• Escala de Figuras de Stunkard, Stunkard et al. 1983, Scagliusi et al. 2006: avalia 
percepção do tamanho corporal e insatisfação corporal. 
• BAQ (Body Attitudes Questionnaire), Ben-Tovim e Walker 1991, Scagliusi et al. 
2005: avalia sentimentos relacionados a adiposidade corporal, depreciação 
corporal, relevância do peso e forma corporal, achar-se fisicamente atraente, 
percepção de gordura nos membros

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