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Intoxicação por Produtos Químicos

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INTOXICAÇÕES EXÓGENAS 
Liz Schettini
· O que é intoxicação?
· Qual a diferença entre uma toxina e um toxicante?
· Quais as possíveis vias de entrada para venenos?
· Como classificamos a intoxicação quanto ao tempo de exposição?
· Qual a diferença entre síndrome e toxíndrome?
· Quais as causas mais comuns de intoxicação?
· Quais os tipos de toxíndromes?
· O que é a dose tóxica e a dose letal? Como são registradas?
 A intoxicação é o resultado da contaminação de um ser vivo por um produto químico, excluindo reações imunológicas como alergias e infecções. Esse produto químico pode ser de qualquer natureza.
· Toxina: produto metabólico venenoso de um organismo vivo (bactérias, fungos, plantas, serpentes etc). A toxina botulínica é um exemplo.
· Toxicante: veneno não derivado do metabolismo de um organismo vivo (ex.: produtos industriais, cloro, fosgênico, sarin etc)
· Toxicologia: estudo da interação entre agentes químicos e sistemas biológicos.
 Vias de entrada -> ingestão, inalação, pele/olhos/mucosas, injetável (medicações).
 Tempo de exposição:
· Agudo: <24h (a grande maioria dos casos)
· Subagudo: >24h e <1 mês
· Subcrônico: entre 1-3 meses
· Crônico: >3 meses
 A síndrome é um conjunto de sinais e sintomas observáveis em vários processos patológicos diferentes e sem causa específica. Já a toxíndrome é um conjunto de sinais e sintomas característicos causado por determinadas substâncias tóxicas (ou classes de substâncias) ao organismo humano.
 As causas mais usuais de intoxicações são:
· Ingesta indevida: mais comum em crianças que são atraídas pelas embalagens de produtos ou idosos que usam a medicação incorretamente
· Ingesta excessiva: uma dose acima do necessário, acima do tolerável.
· Intencional: seja por motivo terapêutico (paciente acha que está fazendo bem ingerir mais), recreativo ou auto/heteroagressão
· Não intencional: quando a pessoa acha que o medicamento é bom e acaba ingerindo em excesso por não saber as consequências ou não sabe que está ingerindo.
· Acidentes: ocorridos em lares, contaminação da água, mistura de produtos de limpeza etc.
· Atos beligerantes: provocados, guerra química, bacteriológica
 As toxíndromes são divididas em dois grandes grupos:
· Toxíndromes HAZMAT: (CHICA) é um termo em inglês que significa produtos perigosos. Esses produtos são agrupados no acrônimo CHICA -> colinérgicos, hidrocarbonetos, irritantes, corrosivos, asfixiantes.
· Toxíndromes outras: anti-colinérgicos, simpaticomiméticas, simpaticolítica, extrapiramidal, narcótica (hipnótica sedativa), alucinógena, serotoninérgica, acetaminofen, antabuse.
 A dose tóxica é aquela que produz um efeito danoso. Já a dose letal é aquela que há alto risco de mortalidade (documentada como DL100 e DL50)
· DL50: dose obtida estatisticamente em mg/kg que reflita a quantidade necessária para matar 50% de uma população de animais (geralmente obtida por testes em animais).
· CL50: dose obtida estatisticamente em ppm (partes por milhão), que reflita a quantidade necessária para matar 50% de uma população de animais. (utilizada principalmente quando o produto é um gás)· O que é a toxicodinâmica?
· O que é a toxicocinética?
· Qual a diferença entre absorção e distribuição?
· Quais as fases da intoxicação?
· Quais os passos da abordagem ao paciente com intoxicação?
· O que é a descontaminação?
· Como é feita a descontaminação da pele?
· Como é feita a descontaminação gastrointestinal?
· Como é feita a descontaminação de ferimentos?
· Como é feita a descontaminação de toxinas adquiridas via inalatória?
· Como é feita a descontaminação de toxinas adquiridas via injeção?
· Qual o primeiro passo para tratamento da intoxicação, após a descontaminação?
· Qual é o ABCDEF da intoxicação?
· Como alteramos a absorção de uma toxina?
 Outros termos importantes incluem a toxicodinâmica (o que o veneno faz quando chega ao corpo) e toxicocinética (o que o corpo faz com o veneno -> se é absorvido ou não, se se liga a proteínas, se é metabolizado pelo fígado, excretado pelo rim, etc).
 A absorção de um veneno depende da via em que ele foi obtido, ou seja, só pode ser absorvido se for ingerido ou inalado. Já a distribuição do veneno, não depende da via.
 Fases da intoxicação: fase de exposição -> absorção -> distribuição e biotransformação -> fase clínica -> eliminação. (nem todos os venenos vão passar por todas as fases).
· Abordagem
1. Descontaminação
 Processo efetuado em pessoas, equipamentos, materiais ou ambientes contaminados por materiais perigosos com o objetivo de eliminar ou minimizar o risco de expansão da contaminação e seus efeitos. A descontaminação também serve para proteger os socorristas e suas famílias. É preciso saber a via de entrada:
· Pele: ex.: produtos da área industrial que o operador acaba se contaminando. A primeira coisa a se fazer é tirar a roupa e dar banho com água e sabão.
· Evitar contaminação secundária, alterar absorção. Sempre se perguntar se é necessária a descontaminação (geralmente não para gases e vapores, sendo feita somente para sólidos ou líquidos aderentes, incluindo aerossóis). Se o veneno for solúvel, use água. Se não, use água e detergente líquido neutro ou sabão. 
· Inalado: tem que tirar o paciente do local e dar O2.
· Ingerido: lavagem gástrica e depois administrar carvão ativado.
· Descontaminação gastrointestinal: raramente é indicada após 60min, pois a maior parte do produto já foi absorvida durante esse tempo (exceto em casos de anticolinérgicos, salicilatos e cápsulas de ação prolongada). Técnicas -> êmese (cuidado com as vias aéreas), lavagem gástrica, carvão ativado, catárticos (substâncias que alteram o trânsito intestinal), irrigação intestinal.
· Injeção: a descontaminação é limitada, praticamente não é possível fazer.
 OBS.: descontaminação de ferimentos -> indicada quando temos ferimentos contaminados. Devemos fazer a limpeza com soro fisiológico no local da contaminação.
2. Tratamento de intoxicação
 Devemos realizar primeiro o ABCDE do trauma (abertura de vias aéreas, respiração, circulação, neurológico e exposição) e dar seguimento com o ABCDE da intoxicação:
· Alterar absorção: administrar antídoto, lavagem gástrica, carvão ativado, banho, não deixar que faça a ingesta de medicamentos. 
· A descontaminação com água já diminui 80-90% da absorção da toxina. Requisitos para fazer uma descontaminação adequada com água:
· Quantidade suficiente para diluir o porduto. Ex.: soda cáustica tem pH=14, então para em chegar em 13 eu preciso diluir 10x (10 copos) o ideal é que seja feita até que o pH chegue a 7.
· Razoavelmente forte para fazer limpeza mecânica do produto
· Quantidade de água suficiente para absorver o calor da reação exotérmica que pode se formar.
· Quando é feita a lavagem gástrica é preciso jogar água e tirar e ficar repetindo esse processo (diluindo e lavando ao mesmo tempo) entretanto, não se pode colocar muito volume de uma vez, porque pode acabar empurrando o produto para o intestino. A recomendação é fazer pequenas quantidades de soro (200-300ml) e ir tirando aos poucos, até que o conteúdo gástrico comece a sair limpo. Após isso, podemos administrar o carvão ativado.· Como podemos alterar o catabolismo de uma substância?
· Como alteramos a distribuição de uma substância?
· Como aumentamos a eliminação de uma substância?
· Quais as possíveis fontes de informação?
· Básico: (suporte básico de vida) manter a respiração, oxigenação PA e a volemia do paciente. A maioria dos produtos tóxicos não possuem antídoto, então temos que tentar manter as condições mínimas de vida.
· Alterar o catabolismo: se possível, administrar outra substância em que o corpo priorize no lugar do veneno para absorção/metabolismo. Ex.: o metanol é transformado em ácido fórmico no organismo, então uma pessoa contaminada com metanol deve receber etanol, que tem a mesma cadeia metabólica que o metanol.
· Alterar distribuição: hidratar mais vigorosamente o paciente para aumentar a excreção renal.
· Aumentar eliminação: hidratar mais vigorosamente o paciente para aumentar a excreçãorenal.
· Evitar falência de múltiplos órgãos/sistemas: é o passo mais importante. O paciente pode ter febre, insuficiência renal etc. lembrar que não estamos tratando uma intoxicação, e sim um paciente intoxicado.
 Fontes de informação -> pessoas (nós mesmos ou terceiros), FISPQ (ficha de informação de segurança de produtos químicos), guias de emergência (manuais), instituições (governamentais, não governamentais, privadas, a fábrica), literatura, internet, software, CIAVE (centro de informações antiveneno)
3. Histórico AMPLA
4. Avaliação secundária

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