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Calendário Vacinal GENERALIDADES BCG (Baciullus de camette-Guérin): Vivo, atenuado; Mycobacterium bovis. Adm: ID; o Ao nascer – BCG e Hepatite B o 2 meses – Penta, VIP, Pneumocócica 10 Valente, Rotavírus humano o 3 meses – Meningocócica C o 4 meses – Penta, VIP, Pneumocócica 10 Valente, Rotavírus humano o 5 meses - Meningocócica C o 6 meses - Penta, VIP o 9 meses – Febre Amarela o 12 meses – Tríplice viral, , Pneumocócica 10 Valente, Meningocócica C o 15 meses – DTP, VOP, Hepatite A, Tetra viral o 4 anos – DTP, VOP, Varicela atenuad As vacinas de vírus vivos atenuados ou de bactérias vivas atenuadas não devem ser administradas nas condições a seguir, salvo sob orientação médica documentada: - Imunodeficiência congênita ou adquirida - Neoplasia maligna - Gestante - Altas doses de corticoides - Terapia imunossupressora Temporariamente - Episódio de febre - Até 30 dias – após término de corticoide - Até 90 dias – imunossupressão - 3 meses – transplante de células hematopoiéticas - 3 a 11 – transfusão de plasma fresco SISTEMA IMUNOLÓGICO IMATURO • Reduzida capacidade de produzir IgG no 1º ano de vida; • Resposta ineficaz a antígenos polissacarídeos (timo-independentes) – necessidade de vacinas polissacarídeas conjugadas a proteínas; • Resposta inadequada a antígenos timo-dependentes – necessidade de maior número de doses das vacinas • Influência inibitória dos anticorpos maternos sobre a imunização VACINA BCG (BACILLUS DE CALMETTE-GUÉRIN) • Constituição: bacilos vivos, atenuados e liofilizados de cepa de Mycobacterium bovis, subcepa Moreau-Rio de Janeiro. • Via: intradérmica (ID). • Esquema vacinal: dose única, a partir do nascimento, o mais precocemente possível. Recomendação de 2ª dose: para comunicantes domiciliares de hanseníase, independente da forma clínica (com intervalo mínimo de 6 meses após a 1ª dose). • Evolução da lesão vacinal: 6 a 12 semanas, podendo ir até 24 semanas. Eventualmente, há recorrência. Ocorre enfartamento ganglionar único ou múltiplo (axilar, supra ou infraclavicular direito) em 10% dos vacinados em torno da 3ª a 6ª semana, que involui espontaneamente após 2 a 3 meses. • Contraindicações: o Relativas (temporárias): recém-nascidos com peso < 2.000 g e lesões dermatológicas extensas afetando o local de aplicação da vacina; o Absolutas: imunodeficiências congênitas e adquiridas. Crianças com exposição perinatal ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) devem receber a vacina ao nascimento, mas as que chegam ao serviço ainda não vacinadas poderão receber BCG apenas se assintomáticas e sem sinais de imunodepressão. VACINA HEPATITE B • Constituição: antígeno de superfície do vírus da hepatite B (HbsAg) purificado e associado ao adjuvante hidróxido de alumínio. • Via: intramuscular (IM). • Esquema vacinal: recomenda-se 3 doses (1ª dose nas primeiras 24 horas de vida, preferencialmente nas primeiras 12 horas, 2ª dose com 1 ou 2 meses de idade e 3ª dose aos 6 meses). PNI: dose ao nascer e continuação do esquema com a vacina penta (difteria, tétano, pertussis, hepatite B recombinante e Haemophilus influenzae b conjugada) aos 2, 4 e 6 meses e, nesta situação, o esquema corresponde a 4 doses. Aqueles que forem vacinados em clínicas privadas podem manter o esquema de 3 doses. Crianças com peso de nascimento ≤ 2.000 g ou idade gestacional < 33 semanas devem receber necessariamente as 4 doses. • Contraindicações: reação anafilática prévia a qualquer componente da vacina e púrpura trombocitopênica pós-vacinal. • Observações: o Recém-nascidos filhos de mães portadoras do vírus da hepatite B devem receber imunoglobulina humana específica (IGHB,) nas primeiras 12 horas de vida, além da vacina, para a prevenção da transmissão vertical. o Crianças maiores de 6 meses e adolescentes não vacinados devem receber 3 doses da vacina no esquema 0, 1 e 6 meses; 0, 2 e 6 meses; ou 0, 2 e 4 meses. o Em circunstâncias excepcionais, pode ser utilizado um esquema de 3 doses aos 0, 7 e 21 dias, com uma 4ª dose 12 meses após a primeira. VACINA ORAL DE POLIOVÍRUS VIVOS ATENUADOS (VOP) E VACINA INJETÁVEL DE POLIOVÍRUS INATIVADOS (VIP) • Constituição: a VIP é trivalente (poliovírus tipos 1, 2 e 3) e a VOP é bivalente (poliovírus tipos 1 e 3). • Via: a VIP é intramuscular (IM) e a VOP é oral (VO). • Esquema vacinal: recomenda-se 3 doses (2, 4 e 6 meses de idade), com reforços aos 15 meses e 4 anos de idade. As 3 primeiras doses devem ser obrigatoriamente com a VIP. Recomenda-se que as subsequentes sejam feitas preferencialmente com a VIP. PNI: 3 doses iniciais de VIP (2, 4 e 6 meses) seguidas de 2 doses de VOP (15 meses e 4 anos). • Contraindicações: o VIP: reação alérgica grave prévia aos produtos contidos na vacina. o VOP: imunodeprimidos e seus comunicantes, assim como indivíduos que desenvolveram pólio vacinal associada a dose anterior da vacina. Os vírus da vacina VOP podem sofrer mutações em nível intestinal, revertendo-se ao estado de neurovirulência, podendo provocar poliomielite (poliomielite paralítica pelo vírus da vacina – VAPP). VACINA ROTAVÍRUS • Constituição: o Vacina monovalente composta pela cepa humana atenuada (RIX4414) do sorotipo G1P1A do rotavírus, disponível na rede pública de saúde (o compartilhamento de alguns epítopos protetores comuns propicia a possibilidade de proteção cruzada contra outros sorotipos). o Vacina pentavalente, humano-bovina, tipos G1G2G3G4P1A, disponível somente na rede privada. • Via: via oral (VO). • Esquema vacinal: o Vacina monovalente no PNI: 2 doses (2 e 4 meses de idade). o Vacina pentavalente: 3 doses (2, 4 e 6 meses de idade). o Se a criança regurgitar, cuspir ou vomitar durante a administração da vacina ou depois dela, a dose não deve ser repetida. • Contraindicações: imunodeficiências congênitas e adquiridas (as crianças expostas ao HIV no período perinatal e as infectadas assintomáticas e sem sinais de imunodepressão podem receber a vacina), alergia a algum componente da vacina, doença gastrointestinal crônica, malformação congênita do trato digestivo ou história prévia de invaginação intestinal. Deve ser adiada nos casos de doença febril aguda e em caso de vômitos e/ ou diarreia grave. VACINA DIFTERIA, TÉTANO E PERTUSSIS DE CÉLULAS INTEIRAS (DTP), ACELULAR TIPO INFANTIL (DTPA) E ADULTO (DTPA) E VACINA DIFTERIA E TÉTANO TIPO INFANTIL (DT) E ADULTO (DT) • Constituição: toxoides diftérico e tetânico, sendo que o tipo infantil contém 10 vezes mais toxoide diftérico e a igual quantidade do tetânico (infantil: DT; adulto: dT). O componente pertussis pode ser a bactéria inteira inativada ou os componentes antigênicos da bactéria (pertussis acelular), este último disponível no tipo infantil (Pa) e adulto (pa), sendo que o tipo adulto contém menos toxoide diftérico e 1/3 da quantidade de antígenos da B. pertussis do tipo infantil. • Via: intramuscular (IM). • Esquema vacinal: 3 doses (aos 2, 4 e 6 meses). PNI: no 1º ano de vida, a penta (DTP + hepatite B + Hib) aos 2, 4 e 6 meses de vida com reforço com DTP aos 15 meses e 4 anos de idade e a cada 10 anos com a dT. A SBP recomenda, quando possível, utilizar a DTPa pela menor reatogenicidade (reações locais ou sistêmicas são comuns com a DTP). Se o adolescente nunca tiver sido vacinado ou desconhecer seu estado vacinal, iniciar esquema de 3 doses, sendo que a 1ª dose pode ser com dTpa e as demais com dT. A vacina dTpa é recomendada para gestantes com o objetivo de proteger recém-nascido e lactentes nos primeiros meses de vida da coqueluche. • Contraindicações: nos casos de eventos adversos graves com a DTP, o esquema deve continuar com a DTPa, nos casos de encefalopatia continua com a DT. VACINA HAEMOPHILUS INFLUENZAE TIPO B (HIB) CONJUGADA • Constituição: Polirribosilfosfato (polissacáride capsular) purificado do Hib, conjugado a uma proteína. Existem 4 tipos, de acordo com a proteínaconjugada. • Via: intramuscular (IM). • Esquema vacinal: PNI: administrada na vacina penta aos 2, 4 e 6 meses de idade. A SBP recomenda que, quando forem utilizadas vacinas acelulares, mesmo que apenas em uma das doses, uma 4ª dose da Hib deve ser aplicada aos 15 meses. • Contraindicações: doenças febris agudas, hipersensibilidade aos componentes. VACINA PNEUMOCÓCICA CONJUGADA • Constituição: o 10-valente: sorotipos 1, 4, 5, 6B, 7F, 9V, 14, 18C, 19F e 23F, faz parte do PNI. o 13-valente: mais três sorotipos adicionais, 3, 6A e 19A. • Via: intramuscular (IM). • Esquema vacinal: PNI: pneumocócica 10-valente em 2 doses (2 e 4 meses de idade) e reforço aos 12 meses. Crianças e adolescentes com risco aumentado para doença pneumocócica invasiva (DPI) entre 2 e 18 anos devem receber dose adicional com a 13-valente. Para essa população, recomenda-se também a 23-valente, com revacinação 5 anos após a 1ª dose. • Contraindicações: reações anafiláticas com doses anteriores. VACINA MENINGOCÓCICA C CONJUGADA E VACINA MENINGOCÓCICA ACWY CONJUGADA • Constituição: polissacarídios dos sorotipos A, C, W e Y conjugados com a toxina mutante diftérica (MCC-CRM197) ou com o toxoide tetânico (MCC-TT). • Via: intramuscular (IM). • Esquema vacinal: PNI: 2 doses (3 e 5 meses) da meningocócica C e reforço aos 12 meses. A meningocócica ACWY está presente apenas no particular, recomendada pela SBP devido ao maior espectro de proteção. • Contraindicações: reações anafiláticas com doses anteriores. Vacinação: conceitos e exemplos CONCEITO As recomendações das práticas de imunizações devem ser baseadas em evidências científicas. Os calendários de vacinação devem ser consultados constantemente, uma vez que sofrem frequentes modificações, como inclusão de novas vacinas ou alteração nos esquemas preconizados. São fontes para informações dos calendários de vacinação no Brasil: Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e Associação Brasileira de Imunizações (SBIm), em anexos. Ao se indicar um imunobiológico, devem-se conhecer suas características principais, como: natureza do antígeno imunizante; presença de adjuvantes; via de administração; principal método de produção e o risco de eventos adversos. Orientações gerais: • Em vacinação, não se deve perder a oportunidade; • Em geral, vacina aplicada não necessita ser refeita, desde que documentada, mesmo que se tenha ultrapassado os prazos indicados para as doses subsequentes. Reinicia-se o esquema a partir da interrupção; • Em caso de documentação perdida e não houver possibilidade de recuperação da informação, deve-se reiniciar todo o esquema de vacinação, adaptando-o de acordo com a idade e respeitando-se os intervalos e as vacinas recomendadas. Contraindicações gerais: • As vacinas de vírus vivos atenuados ou de bactérias vivas atenuadas não devem ser administradas nas condições a seguir, salvo sob orientação médica documentada: o Imunodeficiências congênitas ou adquiridas; o Neoplasias malignas; o Gestantes (exceto em situação de alto risco para algumas doenças, como febre amarela, poliomielite, sarampo); o Uso de corticosteroides em altas doses (equivalente a 2 mg/kg/dia ou ≥ 20 mg/dia de prednisona em crianças), por período superior a 15 dias; o Terapia imunossupressora (radioterapia, quimioterapia, uso de imunossupressores). • A vacinação deve ser adiada temporariamente nas seguintes situações: o Episódios agudos de doenças com febre (principalmente para evitar confusão entre os eventos adversos de algumas vacinas e a evolução clínica da doença); o Até 30 dias após o término de corticoterapia em dose imunossupressora; o Até 90 dias após o uso de outros medicamentos ou tratamentos que provoquem imunossupressão; o Até no mínimo 3 meses (variação de acordo com a vacina de 3 a 12 meses) após transplante de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea) para vacinas com microrganismos não vivos e 2 anos para vacinas com microrganismos vivos; o De 3 a 11 meses após transfusão de plasma fresco ou imunoglobulinas, para vacinas com vírus vivos, em razão da possibilidade de neutralização do antígeno vacinal por anticorpos presentes nesses produtos. É importante que o antígeno vacinal seja aplicado o mais precocemente possível, antes que a pessoa entre em contato com o agente infeccioso. A vacina aplicada irá estimular a produção de anticorpos específicos e a produção de células de memória (resposta primária). Tais células permitirão a rápida produção de anticorpos específicos no momento da exposição ao agente causador da doença (resposta secundária). Assim, na reexposição, a resposta será mais rápida e mais potente, prevenindo a doença. A resposta imune que se deseja por intermédio da vacinação é semelhante à resposta que ocorre quando há o contato com o microorganismo selvagem. A imunização natural ativa seria a doença induzindo a imunidade Vacina com agente infeccioso vivo atenuado: BCG, Rubéola, Sarampo, Caxumba, Varicela, Poliomielite oral, Febre Amarela Vacina inativada: DTP, dT e DT, dTpa-R, Influenza, Hepatite B, Hepatite A, Meningocócicas, Pneumocócicas, Hemófilos, Pentavalente, Pólio injetável, Vacinas contra HPV Vacinas conjugadas (polissacarídeo da cápsula bacteriana + proteína = complexo indutor de resposta imune T- dependente): Hemofilos (Hib), Pneumococo conjugado com proteína, Meningococo C conjugado com proteína Vacinas combinadas (múltiplos antígenos para prevenir diferentes doenças ou proteger contra múltiplas cepas): penta Quem não se vacina não coloca apenas a própria saúde em risco, mas também a de seus familiares e outras pessoas com quem tem contato, além de contribuir para aumentar a circulação de doenças. Tomar vacinas é a melhor maneira de se proteger de uma variedade de doenças graves e de suas complicações, que podem até levar à morte. A maioria das doenças que podem ser prevenidas por vacina são transmitidas pelo contato com objetos contaminados ou quando o doente espirra, tosse ou fala, pois ele expele pequenas gotículas que contém os agentes infecciosos. Assim, se um indivíduo é infectado, pode transmitir a doença para outros que também não foram imunizados. Graças à vacinação, houve uma queda drástica na incidência de doenças que costumavam matar milhares de pessoas todos os anos até a metade do século passado - como coqueluche, sarampo, poliomielite e rubéola. Mas, mesmo estando sob controle hoje em dia, elas podem rapidamente voltar a se tornar uma epidemia caso as pessoas parem de se vacinar. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças Infecciosas (CDC) defende a importância de um planejamento relacionado à vacinação da família. Afinal, as vacinas são instrumentos de proteção tanto individual quanto coletiva. A atualização do cartão vacinal é uma das estratégias mais custo-efetivas para a prevenção de doenças infectocontagiosas. Vacinação na gestação VACINAS RECOMENDADAS INFLUENZA (GRIPE) A vacina contra a gripe é uma das mais importantes durante a gestação. Além de imunizar contra o vírus da gripe, também protege de quadros mais graves com pneumonia. O risco de pneumonia na gestante é maior, devido à queda da imunidade. A vacina contra a gripe é a única que pode ser tomada em qualquer período da gestação. Deve ser aplicada mesmo que a mulher já tenha sido vacinada na gravidez anterior. Quando tomar: a dose da vacina da influenza pode ser prescrita em qualquer mês da gravidez ou em até 45 dias após o nascimento do bebê, para aquelas que não tomaram durante os nove meses, em uma dose única. Caso a gestante tenha suspeita de gripe deve iniciar o tratamento o mais breve possível. H3 TRÍPLICE BACTERIANA (DTPA-DIFTERIA, TÉTANO E COQUELUCHE) A vacina Tríplice Bacteriana Adulta (DTPa) protege contra Coqueluche, Tétanoe Difteria. A Coqueluche é a quinta maior causa de morte em crianças, sendo especialmente grave em bebês até seis meses. O Tétano é uma doença conhecida no período pré- natal devido à contaminação do cordão umbilical. Já a Difteria é uma doença que pode causar obstrução respiratória, tendo alta taxa de mortalidade entre os recém-nascidos. Quando tomar: a gestante deve tomar essa vacina no período entre a 27ª e a 36ª semanas, pois qualquer vacina demora de 7 a 15 dias para poder desenvolver os anticorpos no indivíduo. É fundamental que a mãe tome a vacina no prazo, para que haja tempo de criar e transmitir os anticorpos para o feto. Se acontecer de ela ter seu bebê prematuramente, este já terá recebido a proteção da mãe. A vacina dTpa (tríplice bacteriana acelular do adulto) tem o objetivo específico na gestação de proteger contra tétano neonatal e coqueluche no recém-nascido. A preocupação com a coqueluche é decorrente do aumento dos casos em lactentes jovens (em idade pré-vacinação) com alta taxa de letalidade em todo o mundo. No Brasil, em 2014, mais de 50 crianças menores de 6 meses de idade morreram por coqueluche. Foi constatado que esses recém-nascidos são infectados pelos contatos próximos, principalmente pela mãe, em cerca de 40% dos casos. Os lactentes antes dos 6 meses de idade não completaram seu esquema de vacinação. Um adulto infectado pela Bordetella pertussis pode resultar em até 17 novos casos. O quadro clínico da coqueluche no adulto não é típico, devendo-se suspeitar dos pacientes com tosse seca por mais de 14 dias. O objetivo da vacinação da gestante é diminuir a transmissão da mãe para o recém-nascido após o parto e a proteção relativa do recém-nascido através dos anticorpos maternos via transplacentária. A efetividade de proteção dos anticorpos transplacentários para o feto não é totalmente conhecida, mas certamente modifica a severidade da doença. Após a vacinação na gestação, os anticorpos maternos atingem o pico em algumas semanas e caem em poucos meses. A vacinação da gestante deve ser com idade gestacional acima de 20 semanas (preferencialmente entre 27 e 36 semanas). A mulher deve ser vacinada em todas as gestações, independente de quando tomou a última dose da vacina dT (que é a dupla bacteriana, disponível nos postos de saúde, porém, confere proteção apenas para Difteria e Tétano). É preciso reforçar que: 1 Se a gestante já tem seu esquema de vacinação contra tétano completo (3 doses prévias), ela precisa tomar apenas a dTpa entre 27 e 36 semanas. 2 Se a gestante não tem ou não sabe se o esquema de tétano está completo, ela deve ser vacinada com 2 doses da dT e 1 dose da dTpa (sendo esta, entre 27 e 36 semanas). O intervalo entre as doses deve ser entre 30 e 60 dias. HEPATITE B A doença não apresenta sintomas bem definidos, mas o indivíduo que a contrai pode ter vômito, dores musculares, náuseas e mal-estar (sintomas pertinentes a outras complicações também). A infecção durante a gravidez é uma via comum de transmissão, então é importante evitar que a mãe se infecte e não transmita ao feto ou ao recém-nascido. A vacinação contra a Hepatite B também é muito importante. No caso de transmissão perinatal, quase 25% das crianças contaminadas desenvolverão infecção hepática crônica. Os bebês podem vir a morrer de carcinoma hepatocelular (um tipo de câncer que acomete o fígado) ou de uma cirrose. A vacinação contra Hepatite B está no calendário oficial infantil e quem toma as três doses, em geral, já está protegido por toda a vida. Entretanto, é importante a mulher, até mesmo antes de engravidar, ter certeza se já foi ou não vacinada. Caso não tenha tomado as três doses (ou não tenha certeza disso), ela deve realizar a sorologia da doença para se certificar se está imunizada. Quando tomar: a vacina contra hepatite B deve ser administrada em três doses, preferencialmente a partir do segundo trimestre da gestação. Se a gestante já foi vacinada anteriormente, não há necessidade de reforço. Caso a gestante não tenha o esquema de vacinação completo para Hepatite B ou nunca tomou nenhuma dose, ela deve ser vacinada durante a gestação preferencialmente durante o segundo ou terceiro trimestre. O esquema completo consiste em 3 doses (0-1-6 meses). Se a gestante já tiver recebido 1 ou 2 doses, deverá completar as doses durante a gestação, não sendo necessário tomar novamente a(s) dose(s) recebidas. Por fim, os recém-nascidos podem ser infectados ao nascerem de mães portadoras do vírus B da hepatite. O risco de infecção crônica é mais elevado, quando a exposição ocorre no período perinatal. Cerca de 25% das crianças que desenvolvem a infecção crônica morrem de carcinoma hepatocelular ou cirrose décadas após a infecção inicial. RECOMENDADAS EM SITUAÇÕES ESPECIAIS HEPATITE A E HEPATITE A E B Como no Brasil as situações de risco de exposição ao agente transmissor da hepatite A são frequentes, a vacinação deve ser considerada. Além disso, por se tratar de vacina inativada, não tem contraindicação. PNEUMOCÓCICAS Esquema sequencial de vacinas pneumocócicas pode ser feito em gestantes de risco para doença pneumocócica invasiva. Meningocócica conjugada ACWY e meningocócica B Neste caso, considera-se a situação epidemiológica, que varia de região para região. FEBRE AMARELA Normalmente é contraindicada para gestantes. Porém, em situações em que o risco da infecção supera os riscos potenciais da vacinação, pode ser feita durante a gravidez. CONTRAINDICADAS PARA GRÁVIDAS As mulheres gestantes não podem tomar vacinas de vírus e bactérias vivos, como é o caso da Tríplice Viral – que combate o Sarampo, a Caxumba e a Rubéola –, Varicela (Catapora), Febre Amarela e BCG (contra a Tuberculose). Essas vacinas são elaboradas a partir do vírus ou da bactéria (no caso da BCG) vivos e atenuados. Por isso há o risco, mesmo que seja baixo, de a mulher grávida, que já está com a imunidade alterada por conta da gestação, desenvolver a doença. TRÍPLICE VIRAL (SARAMPO, CAXUMBA E RUBÉOLA) A vacina tríplice viral não pode ser tomada por gestantes, mas pode ser aplicada no puerpério e durante a amamentação. HPV E VARICELA (CATAPORA) Também só podem ser aplicadas no puerpério e durante a amamentação. DENGUE Esta é contraindicada não só para gestantes, mas também durante a amamentação DÚVIDAS Como proteger o bebê quando ele ainda está na barriga? Vacinando as mães! As vacinas são importantes durante a gravidez, momento de descobertas e dúvidas para a mulher. Além de zelar pela própria saúde, a gestante transfere para o bebê os anticorpos obtidos com a vacinação — primeiro por meio da placenta e, depois, pelo leite materno. Essa proteção é fundamental nos primeiros meses de vida da criança, já que o sistema imunológico ainda está se desenvolvendo e fortalecendo. O Ministério da Saúde oferta gratuitamente, por meio do Programa Nacional de Imunizações, quatro vacinas para gestantes: dTpa (difteria, tétano e coqueluche); dT (difteria e tétano); hepatite B. Além disso, tem a contra gripe (influenza), que é ofertada durante campanhas anuais. É prejudicial aplicar mais de uma vacina ao mesmo tempo na gestante? Não! Vários estudos têm demonstrado a possibilidade de as grávidas tomarem mais de uma vacina ao mesmo tempo. Quando a gestante for vacinar contra a gripe, por exemplo, pode aproveitar a oportunidade e atualizar a caderneta de vacinação. Mas, em todas as situações, deve se seguir o que for orientado pelo profissional de saúde e também quais vacinas estão indicadas no Programa Nacional de Imunizações (PNI) para gestantes. Mercúrio em vacinas causa problema nas grávidas? Não! O timerosal é um conservante à base de mercúrio que tem sido utilizado durante décadas em frascos multidose (frascos que contêm mais do que uma dose) de algumas vacinas para evitar a contaminação por bactérias e fungos. Os estudos sobre esse assunto indicam que as vacinascontendo timerosal não são prejudiciais e mostram que as baixas doses de tiomersal não causam danos. A substância pode estar associada com reações locais, como vermelhidão e inchaço no local da injeção. A OMS considera um produto seguro para uso em vacinas. Existe alguma vacina que gestantes não podem tomar? Sim! Na rotina de vacinação a gestante não deve ser vacinada com vacinas vivas e atenuadas, que contém agentes infecciosos vivos, mas extremamente enfraquecidos, como a BCG, tríplice viral e varicela. Se uma mulher não sabe que está grávida e for vacinada com esse tipo de vacina, ela deve ser acompanhada pelo serviço de saúde capaz de acompanhar qualquer reação e/ou problema de saúde em decorrência da vacina. Atenção para a vacina da febre amarela! Apesar de evidências científicas demonstrarem que vacinas como febre amarela e tríplice viral não causam danos fetal, por precaução, não se recomenda a vacinação durante a gestação. Mas, em situação de surto da doença, as gestantes, independentemente da idade gestacional, não vacinadas ou sem comprovante de vacinação deve considerar o risco de adquirir a doença e, por causa disso, vacinar. É o serviço de saúde quem deve avaliar, caso a caso, o risco/benefício da vacinação. A vacina da gripe causa gripe na gestante? Não! Nem na gestante e nem em ninguém. A vacina da gripe usa vírus inativado (morto) em sua composição, portanto, NÃO é possível que provoque a doença causada pelos 3 tipos de vírus contidos na vacina. A combinação antibiótico e vacina é perigosa para quem está grávida? Não! A vacina em gestantes pode ser administrada com segurança mesmo que a pessoa esteja usando antibiótico. A gestante pode tomar vacinas se estiver doente? É preciso que a gestante faça uma avaliação em um serviço de saúde para saber se o caso específico requer adiamento ou contraindicação da vacina. O profissional de saúde quem deve orientar a gestante nesses casos!
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