Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
NATÁLIA GIACOMIN LIMA – MEDICINA UFES 101 Distúrbios da circulação do SNC o EDEMA: acumulo anormal de líquido no espaço intra ou extracelular do tecido nervoso o Características macroscópicas do edema Cérebro aumentado de volume e peso Apagamento dos sulcos e achatamento dos giros Redução do espaço subaracnóide Redução das cavidades ventriculares o BHE: endotélio + LB + pés vasculares dos astrócitos (aquaporina-4) o Características da BHE Ausência de poros/ fenestrações Junções intimas (tight junctions) Poucas vesículas citoplasmáticas de transporte VASOGÊNICO (+ COMUM) o Causado por lesão na BHE o Edema se forma ao redor da lesão o Maior atividade pinocítica associada a diminuição da expressão de proteínas das junções intimas (aumento de permeabilidade capilar) o Acúmulo de liquido é maior na substancia branca (cél. Menos interligadas) o Edema prolongado → gliose (proliferação de astrócitos), fragmentação e perda mielínica o Causas: hemorragia, infarto, abcesso, TCE, crises convulsivas, encefalopatia hipertensiva, radiação, intoxicação por chumbo CELULAR (CITOTÓXICO) o Isquemia cerebral – regional ou global o Astrócitos são mais susceptíveis do que neurônios (localização perivascular) o Hipoxemia → redução do ATP → acúmulo de Na+ intracelular → aumento da osmolaridade → entrada de água na célula → edema citotóxico (degeneração hidrópica) INTERSTICIAL o Obstáculo a circulação do LCS o Aumento da pressão intraventricular → hidrocefalia não comunicante → LCS passa do ventrículo para a substancia branca periventricular HIPOSMÓTICO o Diminuição da osmolaridade plasmática o Ex:. infusão intra-venosa de solução salina/ glicosilada, secreção inapropriada de ADH, depleção aguda de sódio (120mmol/L) Pode levar a: o Hérnias cerebrais o Diminuição da pressão de perfusão cerebral MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS PRINCIPAIS HIC o Cefaleia (estiramento da dura-máter) o Vomito (compressão do IV ventrículo – área postrema) o Papiledema – alta pressão do LCS ao redor do NCII→ impedimento do fluxo axoplasmático – visto no fundo de olho OUTRAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA HIC o Meningismo o Hipertensão arterial secundaria ao aumento da atividade simpática o Distúrbios no ritmo respiratório o Edema pulmonar neurogênico o Lesões agudas na mucosa do TGI HÉRNIA DO GIRO DO CÍNGULO o Lesão expansiva na região frontoparietal de um hemisfério o Desloca o giro do cíngulo para o lado oposto o Bem tolerada clinicamente o Pode comprimir artérias pericalosas e levar a infartos em córtex parietal parassa/gital – déficit motor e sensitivo dos MMII HÉRNIA DAS TONSILAS CEREBELARES o Lesões expansivas da fossa posterior o Deslizamento do bulbo e porção inferior do cerebelo pelo forame magno o Perturbações cardiorrespiratórias → compressão dos centros respiratórios → hipóxia → coma HÉRNIA DO GIRO PARA-HIPOCAMPAL E ÚNCUS o Lesões expansivas do lobo temporal ou na parte lateral do hemisfério o Pode vir a comprimir: MESENCÉFALO aqueduto cerebral – aumento da HIC Alteração do nível de consciência, (compressão da formação reticular) Ruptura dos ramos perfurantes (A.basilar) que irrigam mesencéfalo e ponte → coma de distúrbios cardiorrespiratórios NCIII (N.OCULOMOTOR) midríase (dilatação pupilar) perda do reflexo fotomotor direto (simpático sem oposição parassimpática) Oftalmoplegia Ptose palpebral PEDÚNCULOS CEREBRAIS Fibras do trato cortico-espinal TIPOS DE EDEMA HÉRNIAS CEREBRAIS HIPERTENSÃO INTRACRANIANA NATÁLIA GIACOMIN LIMA – MEDICINA UFES 101 Hemiparesia contralateral com rigidez extensora Artéria cerebral posterior RR. CALCARINOS SÃO ATINGIDOS → necrose de parte do córtex calcarino e radiações ópticas → hemianopsia homônima contralateral o Aumento de volume e pressão do LCS – desequilíbrio produção x reabsorção o COMUNICANTE – sem bloqueio da circulação do LCS (pode ocorrer por redução da absorção e/ ou aumento da produção de LCS) o NÃO-COMUNICANTE (OBSTRUTIVA) – há bloqueio na circulação de LCS para o espaço subaracnóideo (ex. obstrução do III e IV ventrículos – tumores, hemorragias, cirsticercos ...) o EX- VÁCUO: dilatação ventricular e aumento do espaço subaracnóideo secundária à hipotrofia/ hipoplasia cerebral de qualquer natureza ATEROSCLEROSE CEREBRAL o Doença vascular mais frequente no SNC o Uma das principais causas de infarto o Acometimento inicial das ACI (~2ª década de vida) → vasos do polígono de willis (mais tarde) o Normalmente a obstrução é discreta – não ocorre alteração no FSC o Redução expressiva do FSC e infarto (obstrução acentuada) – crescimento da placa, hemorragia, trombose, embolia (fragmentação do trombo) o Outras consequências: ataque isquêmico transitório, dolicoectasia (alongamento/ tortuosidade do vaso → aneurisma fusiforme) o FATORES DE RISCO: HAS, hiperlipidemia, DM MICROANGIOPATIA HIPERTENSIVA o Eleva os limites da curva de regulação do FSC o Agrava aterosclerose – vasos intra e extracranianos o Lenticulo-estriadas e lenticulo-ópticas o Lesão nos vasos de pequeno e médio calibre - segmentares → quebra da BHE → deposição de fibrina e proteínas plasmáticas na parede vascular que se torna espessada → lipo- hialinólise o Microaneurisma de Charcot-Bouchard + comum em idosos (dilatações saculares mais comuns na interface de substancia branca e cinzenta – destruição da lamina elástica interna e substituição da túnica média por fibrose ANEURISMA SACULAR o Aneurisma verdadeiro o Parede delgada e flácida formada apenas pela intima e adventícia – lâmina elástica interna reduzida ou ausente o Causado por enfraquecimento da parede vascular o Principal causa de hemorragia subaracnóidea não traumática o Vasos do polígono de Willis, principalmente na bifurcação ou junção → preferencialmente na porção anterior o Único, múltiplo, bilaterais e simétricos ou assimétricos o Aumenta de tamanho com a idade → sintomático a partir 40-50 anos o Fatores associados: malformação arteriovenosa (MAV), doenças do TC (pseudomixoma elástico, sd. Ehlers-Danlos IV, displasia fibromuscular, etc.) o Outros fatores de risco: HAS, tabagismo, anticoncepcionais, alcoolismo INFARTO CEREBRAL o Redução acentuada/ interrupção do FSC → infarto (necrose isquêmica) o Hemorrágico (vermelho - reperfusão) – infarto por embolia (70%) trombose venosa o Não hemorrágico (anêmico/ branco): Trombose arterial, vasoespasmo, hipotensão o Recente (< de 1 semana): Alterações microscópicas (> 12 h) tumefação da área atingida, achatamento dos giros, borramento do limite entre substancias branca e cinzenta, faixa de edema vasogenico o Fase de organização (2-5ª semana):limites mais precisos, aspecto de granulação se acentua e fica mais friável – início da cavitação o Infarto antigo – cavitações o OBS: Pode haver a dilatação do ventrículo lateral correspondente (hidrocefalia ex-vácuo) o OBS: o infarto hemorrágico tem a mesma evolução – no processo de cicatrização possui hemossiderina (coloração ferruginosa) o CAUSAS: trombose arterial e embolia – obs: também pode resultar de trombose venosa, vasoespasmo, hipotensão o Area + afetada: A. CM DOENÇAS CIRCULATÓRIAS DO SNC HIDROCEFALIA NATÁLIA GIACOMIN LIMA – MEDICINA UFES 101 EMBOLIA o Gordurosa – politraumatismos, queimaduras, pancreatite → purpura cerebral (hemorragia petequial difusa na substancia branca) o Gasosa o Neoplásica o Séptica INFARTO LACUNAR - microcavidades o núcleos da base, tálamo, substancia branca e ponte o Causas: isquemia, infecção,hemorragia, infecção, neoplasia - Quando vascular (oclusão de pequenas artérias) ex. lipo-hialinólise das Aa. lenticulo-estriadas ou tromboembolismo aterosclerótico ENCEFALOPATIA HIPÓXICO ISQUÊMICA o Redução generalizada do FSC abaixo dos níveis de regulação ou interrupção completa (transitória) do FSC → isquemia global → dano difuso o Causa: Hipotensão arterial grave o Lesões: necrose neuronal seletiva e necrose tecidual (envolvimento de células gliais e vasos) o Substancia cinzenta + sensível que a branca (maior número de neurônios) o Macro: aspecto granuloso, perda de delimitação córtex/ substancia branca → necrose laminar, redução da espessura cortical o OBS: Na necrose neuronal seletiva não ocorre liquefação, infiltrado de macrófagos nem cavitação → neurônios lesados substituídos por gliose HEMORRAGIA INTRAPARENQUIMATOSA o HAS principal causa o Em geral volumosa (>3cm), maciça o Pode resultar em hemorragia intraventricular ou subaracnóidea o Hematoma → efeito de massa → HIC / hérnias / compressão da cápsula interna o Outros: MAV, doenças hematológicas, e angiopatia amiloide central o Limites precisos - circundado por edema o Com o tempo → macrófagos com hemossiderina e parede ferruginosa HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA o Ruptura de aneurisma sacular (1ª) o MAV (2ª) o Complicações: vasoespasmo → isquemia e infarto cerebral o Difusão liquórica → acumula em maior quantidade nas cisternas e sulcos o Espessamento fibroso e cor ferruginosa HEMORRAGIA EPIDURAL: trauma HEMORRAGIA SUBDURAL: trauma HEMORRAGIA SUBEPENDIMÁRIA – anóxia intra- uterina HEMORRAGIA INTRAVENTRICULAR (secundária a parenquimatosa) o LESÕES 1ª (AÇÃO IMEDIATA TRAUMATISMO): Fratura, laceração, hematoma extradural, hematoma subdural, LAD o LESÕES 2ª (TARDIAS) → edema cerebral, HIC, distúrbios circulatórios e respiratórios - lesões decorrentes de hipóxia são as + comuns LACERAÇÃO CEREBRAL o Agente traumatizante o Impacto direto → perfuração dos ossos do crânio → dura máter → pia-aracnoide → solução de continuidade do tecido nervoso o Causa: traumatismos e projéteis por arma de fogo TRAUMATISMOS CRÂNIO-ENCEFÁLICOS (TCE) HEMORRAGIA INTRACRANIANA E INTRARRAQUIDIANA Figura 26.63 Hemorragia subaracnóidea na base do encéfalo, por ruptura de aneurisma sacular. Figura 26.62 Hemorragia dos núcleos da base com ruptura intraventricular, na hipertensão arterial NATÁLIA GIACOMIN LIMA – MEDICINA UFES 101 HEMATOMA EXTRADURAL o Sangue coagulado entre dura-máter e crânio (cavidade neoformada) o Associação a fraturas o Local: + comum na região temporoparietal – A. meníngea média (porção escamosa do osso temporal) o Aumento progressivo o Pode haver período assintomático, silencioso, intervalo lucido antes do surgimento dos sintomas → compressão pelo hematoma → herniações / HIC CONTUSÕES CEREBRAIS o Lesão fechada → meninges integras/ sem solução de continuidade o Aceleração/ desaceleração de grande intensidade e curta duração + comum em quedas e agressões o Focos hemorrágicos perivasculares múltiplos o Formação de cicatriz cuneiforme de cor ferruginosa (hemossiderina) HEMATOMA SUBDURAL o Agudo – até 48h pós traumatismo – sangue coagulado o Subagudo – 2-14 dias (mistura de sangue coagulado e liquido) o Crônico>14 dias (liquido turvo e sangue) o Mais frequente em quedas ou agressões o Envelhecimento é fator importante → esclerose das veias ponte e alargamento do espaço subaracnoideo o Causa: rompimento das veias ponte (seio sagital superior) o Espaço subdural facilmente expansível → coleção hemorrágica envolvida por capsula oriunda da dura-máter o Compressão cerebral, HIC, desvio de estruturas da linha media LESÃO AXONAL DIFUSA (LAD) o Causada diretamente por traumatismo – aceleração e desaceleração da cabeça – ex. acidentes de trânsito o Principal responsável pela elevada morbimortalidade do TCE não acompanhado por lesões expansivas o Lesão difusa do axônio (hemisférios cerebrais, cerebelares, e tronco) lesão focal no corpo caloso o Substrato da inconsciência no momento do traumatismo, estado vegetativo, incapacidade permanente o Micro: tumefação e fragmentação axonal ENCEFALOPATIA TRAUMÁTICA CRÔNICA o Alterações neuropatológicas progressivas – TCE repetitivo (por anos) o Associação com a pratica de esportes: boxe, futebol americano, luta livre, hóquei o Relatada também em veteranos de guerra sujeitos a explosivos o Deposição da proteína TAU hiperfosforilada como emaranhados neurofibrilares em neurônios e em astrócitos – caracteriza uma taupatia o A taupatia se estabelece sobretudo em torno dos vasos, no córtex adjascente aos sulcos e nas regiões subpiais e periventriculares o Pode haver deposição difusa de beta-amiloide e de TDP-43 o Alguns pacientes com esse tipo de lesão apresentaram ELA, Alzhaimer e taupatias concomitantemente o CLÍNICA: perda de memória, alterações comportamentais e de personalidade, declínio cognitivo, parkinsonismo e distúrbios na fala e marcha Figura 26.65 Laceração cerebral recente, no polo frontal e na região orbitofrontal, à esquerda, provocada por acidente de trânsito.
Compartilhar