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AULA 1 GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE Prof. Me. Guilherme Arruda Santos 02 CONVERSA INICIAL Antes de discutirmos e aprendermos sobre a qualidade e como podemos adotá-la de maneira estratégica, é importante conhecer o que é qualidade. Portanto, nesta primeira aula, abordaremos o conceito de qualidade, fornecendo uma visão histórica da trajetória desta área, trazendo a visão de Edward Deming, Juran e Crosby, mas principalmente buscando interpretar esse conceito à luz do ambiente produtivo vigente da época. CONTEXTUALIZANDO A qualidade está presente na história da humanidade desde que o ser humano começou a fazer seus utensílios, visto que esses objetos eram sempre aprimorados. Porém, é importante observar que, nesse período, o conceito de qualidade não era tão complexo; era tratado como algo simples, sempre em relação a um padrão previamente estabelecido, por exemplo. Diante desse fato, podemos ressaltar que a evolução desse conceito está intrinsecamente ligada ao caminhar histórico da humanidade. É importante destacar que, num primeiro momento, deve-se entender o conceito de qualidade, além das ferramentas utilizadas para medir e adotar a qualidade proposta. Ao longo de nossas aulas também iremos entender que a qualidade pode ser tratada sob outro aspecto. Tal aspecto engloba o conceito de qualidade diretamente ligado à satisfação do cliente, ao controle de processos, à uniformização, à melhoria contínua, à obtenção de melhorias e aos benefícios no que se refere ao tempo e aos insumos. Nesse contexto, a Gestão da Qualidade é utilizada para desenvolver a melhoria do comportamento organizacional e, por consequência, desenvolver a vantagem competitiva nas empresas. TEMA 1 – O SURGIMENTO DA QUALIDADE A história da qualidade é tão antiga quanto a própria civilização. O conceito de qualidade estava apenas atribuído à alta precisão na medição do comprimento, da massa e do tempo. No entanto, os usos de sistemas de tolerância para especificação dos princípios de qualidade e dos estatísticos são de origem mais recente. No século XVII, as fábricas na Grã-Bretanha adotavam como qualidade 03 a inspeção dos produtos que, anos depois, no período da Revolução Industrial, passaram a ser mais ainda utilizados. No ano de 1798, Eli Whitney introduziu o conceito de “produção de peças intercambiáveis” para promover a simplificação do processo de montagem. O objetivo de Eli era garantir a coerência dimensional das peças produzidas. Mais tarde, no início do século XX, Frederick W. Taylor introduz os princípios científicos, enfatizando a divisão do trabalho com foco na produtividade. Essa mudança produz um efeito negativo na então qualidade da época. Em 1924, Walter A. Shewhart começa a aplicar as ideias de controle estatístico de processo, marcando o início da era do controle estatístico da qualidade. Já na Segunda Guerra Mundial as indústrias com aplicações militares promoveram a qualidade do produto, criando, em 1946, a Sociedade Americana de Controle de Qualidade. No mesmo período, os japoneses começaram a aplicar conceitos de W. Edwards Deming e Joseph M. Juran, tornando-se líderes no conceito de qualidade em 1970. Como resposta, os Estados Unidos iniciaram o processo de mudança no foco da qualidade, englobando toda a organização, e não apenas a qualidade do produto final. Esse movimento ficou conhecido como Gestão da Qualidade Total. Diante desse cenário histórico, a seguir iremos traçar a filosofia de alguns estudiosos que guiam as diversas estratégias da qualidade, sendo considerados orientadores do caminho e da importância que hoje a qualidade possui. TEMA 2 – A VISÃO DE EDWARD DEMING Deming é considerado um dos maiores pensadores em relação à qualidade, e talvez o especialista mais conhecido no mundo. Suas ideias foram fundamentais para o renascimento pós-guerra do Japão Industrial, sendo posteriormente adotadas pelas indústrias nos Estados Unidos. Sua definição de qualidade sempre foi pautada no princípio do Controle Estatístico de Processo. Ele acreditava que as utilizações de ferramentas de estatística poderiam promover resultados que produziriam um aumento significativo da melhora de qualidade. Na década de 1950, Deming, no Japão pós-guerra, aplica o gráfico de controle, também conhecido como PDCA, idealizado por Shewhart em 1920. 04 O Ciclo PDCA consiste em um modelo de melhoria contínua de qualidade, tendo, por definição, a clareza e a agilidade dos processos envolvidos na execução da gestão, como, por exemplo, a Gestão da Qualidade. O ciclo é baseado em quatros etapas. Para entendermos melhor, veremos a figura 1 a seguir: Figura 1: Ciclo PDCA. Adaptado de Carvalho, M. M.; Paladini, E. P., 2012. A primeira etapa do ciclo (em verde, na Figura 1) refere-se ao planejamento necessário para atingir os resultados definidos (metas). Nesse passo do ciclo, deve-se definir missão, visão, objetivos, procedimentos e processos a executar, sempre com foco no resultado final definido. Nessa etapa também são definidos os métodos para o atingimento de metas, utilizando ferramentas que serão abordadas nas aulas subsequentes, como Diagrama de Ishikawa, Gráfico de Pareto, brainstorming e 5W2H, como suporte no processo de tomada de decisões. Já a segunda etapa do processo, conhecida como Execução (Do) – (em roxo, na Figura 1), está associada à execução do plano definido na etapa do planejamento. Esse passo exige o comprometimento de todos que estão envolvidos no projeto, sendo necessário o treinamento de todas as pessoas para que haja comprometimento e para que a execução seja conforme o planejado na etapa anterior. • Executar e implementar as ações planejadas • Verificar • Monitorar • Produtos • Planejar • Definição dos objetivos • Executar as ações corretivas quanto a possíveis anormalidades Act Plan DoCheck 05 Como o conceito de qualidade de Deming sempre foi pautado no “controle estatístico de processo”, a terceira etapa do ciclo, conhecida como Check (em azul, na Figura 1), é considerada a mais importante. Essa importância está intimamente relacionada com as metas definidas na etapa de planejamento. Deming acreditava que era necessário e de suma importância utilizar ferramentas estáticas que permitissem o acompanhamento das metas planejadas, evitando possíveis erros encontrados na execução, visando sempre a diminuição dos custos e tempo. A quarta, mas não última etapa do processo (em vermelho, na Figura 1), chamada de Act, é o passo no qual são detalhados e alinhados todos os erros de execução encontrados na etapa anterior. Nesta etapa também é verificado se houve atingimento das metas definidas no plano inicial, a fim de implantar as correções na primeira etapa de planejamento novamente. Ao voltarmos para a etapa de planejamento do ciclo, damos início ao processo de melhoria contínua, inserindo e corrigindo os possíveis erros encontrados ao longo do projeto executado anteriormente. Saiba mais Resumindo o Ciclo PDCA Plan Planejamento das ações e definição das metas a atingir. Do Treinamento dos envolvidos e execução das ações visando o atingimento das metas. Check Monitoramento e acompanhamento das ações planejadas. Act Levantamento dos problemas encontrados ao longo da execução do projeto. A qualidade, segundo Deming, não se resume à aplicação do Ciclo PDCA, mas a um programa composto por 14 pontos voltados para a melhoria do gerenciamento da qualidade, podendo ser aplicado em organizações de pequeno e grande porte, bem como na indústria. 1. Ser perseverante na definição de propósitos para a melhoria de produtos, salientando a missão da empresa, que deve ser entendida por todos os funcionários, fornecedores e clientes. Oplanejamento estratégico deve traçar planos em longo prazo dentro da empresa. 06 2. Adotar uma nova filosofia que tenha foco na gestão por resultados, definindo uma matriz de responsabilidades, evitando produtos e processos defeituosos e de qualidade não aceitável. 3. Eliminar a necessidade de inspeção em lotes, por meio de critérios que utilizem controle estatístico de processo, permitindo produtos de maior qualidade e controles mais eficientes. 4. Evitar a prática de compras de suprimentos baseada apenas no preço, adotando a ideia de um único fornecedor para cada item, com o objetivo de criar um relacionamento longo pautado na qualidade do serviço. 5. Buscar sempre a melhoria contínua dos processos e projetos, aplicando ferramentas da qualidade, bem como o ciclo PDCA. 6. Promover a formação dos funcionários, fornecendo treinamentos específicos, permitindo que os colaboradores apliquem o conhecimento adquirido. 7. Ser líder, com objetivo de fiscalizar e ajudar as pessoas a desenvolver um trabalho mais elaborado, criando um ambiente no qual os colaboradores assumam papéis de liderança na realização dos seus trabalhos. 8. O setor estratégico da organização deve ser capaz de criar um ambiente no qual os colaboradores são incentivados a fazer perguntas e a dar suas sugestões, permitindo um clima de inovação, conduzindo para o progresso. 9. A organização deve ser única, as barreiras entre departamentos e unidades devem ser quebradas. Os setores de pesquisa, design, compras, vendas e produção devem estar alinhados, com o mesmo entendimento dos requisitos e especificações, afinal, o trabalho em equipe promove melhorias na qualidade e na produtividade. 10. Evitar slogans, advertências e avisos para os colaboradores operacionais sem a devida presença dos mesmos na etapa de elaboração, impedindo, desse modo, problemas no relacionamento que possam baixar a produtividade e diminuir a qualidade do processo ou projeto. 11. Eliminar metas pessoais. Elas induzem a problemas na qualidade do processo. Detalhe o processo, definindo a capacidade máxima, buscando métodos para melhorar. 12. A qualidade é alcançada, na organização, quando todos os colaboradores estão satisfeitos e motivados. A alta direção deve criar um ambiente no qual todos tenham orgulho do seu trabalho. 07 13. A busca pelo conhecimento e aperfeiçoamento dentro da organização deve ser incentivada por todos, principalmente pela alta direção, que deve promover cursos constantemente. 14. Realizar medidas que permitam a transformação de todos dentro da organização. Como já citado anteriormente, esses pontos estão associados à melhoria do gerenciamento da qualidade e contemplam em diversos uma síntese filosófica da administração. TEMA 3 – A TRILOGIA DE JURAN Na mesma época em que Deming conceituava a qualidade utilizando como base o controle estatístico de processo, Juran criava o Instituto Juran, que oferecia consultoria e formação em gestão da qualidade, contribuindo para a qualidade por meio de ideias originais e da grande quantidade de literatura desenvolvida por ele. Se Deming elaborou 14 itens para o melhoramento do gerenciamento da qualidade, Juran propôs a trilogia da qualidade: Figura 2: Trilogia da qualidade. Como podemos observar, o pensamento de Juran, assim como o de Deming, também foi desenvolvido tendo como base o planejamento, o controle e a melhoria. Para Juran, o planejamento da qualidade deve ser o processo de preparação para o cumprimento das metas estabelecidas pela empresa. Nesta etapa, todos os clientes internos, assim como os fornecedores, devem ser identificados, verificando as necessidades e visando o desenvolvimento de novos produtos e serviços. Qualidade Planejamento Controle Melhoria 08 Já na etapa de controle da qualidade, os processos devem ser monitorados visando o atendimento dos objetivos da organização. Neste passo, devem ser utilizadas técnicas de controle estatístico de processo, como ferramentas de controle. O conceito de melhoria, para Juran, inicia-se no reconhecimento das necessidades de melhoria em cada etapa, transformando as oportunidades de melhoria em atividades recorrentes de todos os colaboradores da organização. Com o objetivo de identificar e eliminar os problemas que poderiam ser encontrados durante o processo, Juran conceituou o “Princípio de Pareto”, baseando-se na desproporção simétrica relacionada ao economista Vilfredo Pareto que, no século 19, observou que 20% das pessoas italianas detinham 80% da riqueza. Juran propôs que 80% dos problemas são criados por 20% das causas, como podemos observar na figura 2, que busca exemplificar esse conceito. Figura 3: Esquema 80/20. Geralmente, esse princípio é usado na gestão das empresas, na economia e nos negócios, visando a melhoria da produtividade e a tomada das melhores decisões; também é usado na Ciência da Computação. Diante desse aspecto, percebemos que, muitas vezes, a maioria dos resultados vem de uma minoria de insumos. TEMA 4 – OS QUATRO PRINCÍPIOS DE CROSBY Phillip Crosby nasceu nos Estados Unidos da América em 1926, e formou- se na Reserve University. Seu primeiro emprego foi como inspetor de linha, encarregado pelo controle da qualidade; mais tarde tornou-se gerente da 09 qualidade do programa de mísseis Pershing, construído pela empresa Martin Marietta para o exército americano. Essa experiência o ajudou a integrar a International Telephone and Telegraph, onde foi vice-presidente e diretor de qualidade pelo período de 14 anos. Inspirado por sua própria experiência com qualidade, escreveu o livro “Quality is free” (tradução livre para o português: “A qualidade é grátis”). Em seu primeiro livro, Crosby argumenta que a qualidade é gratuita, não custa dinheiro, e todas as não conformidades geram custos para o processo. Esse entendimento está intimamente ligado à fabricação. A definição de “qualidade” para Crosby, abordada no livro, está relacionada ao controle de qualidade que oferece diversas fases da gestão, tais como: Figura 4: As diversas faces da gestão do controle da qualidade. Com base nesses conceitos, surgiu a filosofia “Zero Defeitos”. Segundo Crosby, as metodologias até então empregadas não representavam propostas reais de qualidade. Para ele, as empresas devem estabelecer padrões de qualidade a seguir rigorosamente, sendo relevantes para os clientes. O não cumprimento dos padrões, para Crosby, pode gerar um custo de 20% das receitas da organização em retrabalhos, mesmo antes de o produto atingir o mercado. Para a empresa, muitas vezes a qualidade dos produtos é tratada como falha no processo gerada pelos colaboradores, mas, para Crosby, a alta direção, que atua diretamente no campo estratégico da organização, precisa definir padrões de qualidade específicos, que devem ser aplicados em todos os setores da empresa. Diante disso, Crosby apresenta quatro conceitos de qualidade, sendo chamados por muitos de “os quatro absolutos”: 010 1. A qualidade é a conformidade com as especificações definidas, e todos os envolvidos devem ter conhecimento para proceder corretamente desde o início, evitando o retrabalho. 2. A prevenção promove a qualidade, e quem promove a qualidade é a própria gestão organizacional através de treinamentos, disciplina, exemplo e liderança. 3. Não existem níveis de qualidade aceitáveis, o único padrão de desempenho aceitável é o zero defeito. 4. Os índices não devem ser fatores que meçam a qualidade, sendo esta medida pelo preço da não conformidade. Para Crosby, as organizações possuem três fases de mudança na política organizacional: 1. As providências em relação aos problemas apresentados são motivos de mudança quando uma pessoa ou uma liderança da organização concluique o problema encontrado é real. 2. A demonstração de seriedade deve ser compromisso assumido. 3. Os erros diagnosticados no passado são incorporados na nova forma de gerenciar, não se tornando mais recorrentes. Seguindo esses princípios, o conceito de qualidade é bem incorporado pela alta direção das empresas; contudo, o processo de implantação não ocorre da forma correta, como definido nos programas de qualidade, se os problemas são associados somente à parte técnica, e não aos colaboradores. Para a correta implantação e sucesso dos programas de qualidade, devem existir: compromisso da alta direção, confiabilidade na empresa e nos conceitos de gerenciamento da qualidade, objetivos comuns, integração com fornecedores e padrão de zero defeito. Para pensar “Qualidade é o resultado de uma política operacional, não uma questão de aplicação de técnicas.” Crosby, 1990 O forte envolvimento da gerência assim como de todos os colaboradores da empresa foi proposto por Crosby visando o melhoramento da qualidade, com ênfase na prevenção e na mudança da cultura organizacional, evitando ferramentas estatísticas até então utilizadas. Crosby desenvolveu um guia com o 011 objetivo de assegurar o comprometimento por parte da gerência e de todos os envolvidos nas etapas de produção. Este guia propôs 14 pontos para o melhoramento da qualidade. Ele se assemelha muito com os pontos sugeridos por Deming, já apresentados aqui. 1. A alta direção deve estar comprometida com a qualidade. 2. Formar uma equipe da qualidade com um membro de cada setor. 3. Promover a medição da qualidade, apontando os problemas. 4. Avaliar o custo da qualidade, explicando sua utilização. 5. Promover a qualidade com todos os colaboradores da organização. 6. Aplicar ações corretivas nos problemas identificados. 7. Promover um planejamento visando o Defeito Zero. 8. Capacitar supervisores, visando o programa de melhoria da qualidade. 9. Atribuir uma data para o dia do Defeito Zero. 10. Incentivar as pessoas a estabelecer metas de melhoria para si e para os seus grupos. 11. Promover a comunicação entre a gerência e os funcionários sobre a dificuldade no atingimento de metas. 12. Reconhecimento e valorização dos colaboradores que participam ativamente do programa de melhoria da qualidade. 13. Criar conselhos de qualidade visando o compartilhamento de problemas com gerentes de outros setores. 14. Aplicar novamente todos os itens, para que o programa de melhoria da qualidade nunca termine. TEMA 5 – A QUALIDADE TOTAL DE FEIGENBAUM Armand Feigenbaum é uma figura crucial na história da qualidade. Publicou seu primeiro livro, “Controle de qualidade: princípios, práticas e administração”, em 1951, baseando-se principalmente no conceito de que todos da organização participam do processo de melhoria da qualidade. Para Feigenbaum, o desenvolvimento de um sistema eficiente deve integrar desenvolvimento, manutenção e aprimoramento por meio de vários setores que formam uma organização, tais como engenharia, marketing, produção, entre outros, com o objetivo de atingir e satisfazer as necessidades do cliente final, visando a maior economia possível. 012 Os componentes do sistema – os departamentos – devem funcionar de forma integrada, a fim de que conservem as propriedades de um sistema, visando a efetividade do todo. Esse conceito está associado a um processo de três etapas visando a melhoria da qualidade: Figura 5: Melhoria da qualidade. Ainda sob o ponto de vista de Feigenbaum, a evolução do controle da qualidade pode ser analisada por meio das seguintes etapas. 1ª etapa Início do século XX (1900): o controle da qualidade é exercido pelo operador, sendo este responsável pela fabricação do produto. Esse processo fazia com que cada um controlasse a qualidade do serviço. 2ª etapa Em 1918, o controle de qualidade passa a ser exercido pelo supervisor, que assumiu a responsabilidade da qualidade do produto realizado pelo trabalho do operador. 3ª etapa O termo “inspeção” passa a ser utilizado em 1937, e tem como finalidade a verificação de materiais, peças, componentes e ferramentas de acordo com padrões estabelecidos, visando detectar problemas na linha de produção. 4ª etapa Já em meados de 1960, o controle possui uma visão mais estatística. Nessa etapa ocorre a separação das variáveis aceitáveis daquelas que indicam problemas, surgindo, então, as sete ferramentas básicas da qualidade: fluxograma, folha de verificação, diagrama de Pareto, diagrama de Melhoria da Qualidade 1 Liderança para a Qualidade: neste passo a qualidade deve ser planejada de forma detalhada, com uma abordagem focada nas falhas, sendo guiada para a excelência, o que significa manter o foco constante na manutenção da qualidade. 2 Tecnologia Moderna da Qualidade: os colaboradores devem ser responsáveis pela qualidade dos produtos e serviços, sendo integrados visando o atingimento de um único objetivo. O processo não deve possuir erros, e deve ser objetivo de novas técnicas quando for necessário. 3 Compromisso Organizacional: o compromisso deve ter motivação contínua, sendo a qualidade um modo de vida corporativa, uma forma de gerenciamento, na qual o controle da qualidade total gere impacto em todos os segmentos da empresa. 013 causa e feito, histograma, diagrama de dispersão e carta-controle (que serão abordados nas aulas subsequentes). Essas ferramentas foram utilizadas apenas no nível operacional, desenvolvendo-se de forma lenta, mas são aplicadas até hoje. 5ª etapa A última etapa se dá em meados de 1980, quando há o início do gerenciamento da qualidade, tornando-se um conceito mais amplo, porém, com objetivo principal de prevenir e atacar problemas. Nesta etapa os instrumentos de qualidade se expandem: custos da qualidade, confiabilidade e zero defeito. A evolução do controle da qualidade também pode ser representada pela figura a seguir: Figura 6 – Evolução do controle da qualidade. FINALIZANDO Chegamos ao final da nossa primeira aula, falando principalmente sobre o conceito de qualidade, importante para entendermos os principais pensadores dessa área. Ao longo desta aula, observamos o conceito do ciclo PDCA, criado por Walter A. Shewhart, contemplando algumas considerações de estatística. Foi nos anos de 1950 que o ciclo ficou conhecido como “Ciclo de Deming”, em 014 homenagem a William E. Deming, discípulo de Shewhart, que publicou e aplicou o método. Vimos também o conceito de Juran, que propôs a “Trilogia da Qualidade”, envolvendo planejamento, controle e melhoria. Ainda para Juran, o planejamento da qualidade deve ser o processo de preparação para o cumprimento das metas estabelecidas pela empresa. Na etapa do “controle”, os processos devem ser monitorados, visando o atendimento dos objetivos da organização. Neste passo, devem ser utilizadas técnicas de controle estatístico de processo, como as ferramentas de controle. O terceiro item envolve o conceito de “melhoria” que, para Juran, inicia-se no reconhecimento das necessidades de melhoria em cada etapa, transformando as oportunidades de melhoria em atividades recorrentes de todos os colaboradores da organização. Além disso, Juran propôs o “Diagrama de Pareto”, pautado na observação de que 20% das pessoas italianas detinham 80% da riqueza, propondo que 80% dos problemas são criados por 20% das causas. Nesta aula, vimos e entendemos os conceitos de Crosby, e também a “Qualidade Total” de Feigenbaum que propõe um processo de melhoria da qualidade, contemplando aspectos associados à liderança, à tecnologia e ao compromisso organizacional. 015 REFERÊNCIAS CARVALHO, M. M.; PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e casos. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2012.FEIGEBAUM, A. V. Controle da qualidade total: gestão e sistemas. São Paulo: Makron Books, 1994. OLIVEIRA, O. J. Gestão da qualidade: introdução à história e fundamentos. In: OTÁVIO J. O. (Org.). Gestão da qualidade: tópicos avançados. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. PALADINI, E. P. Gestão da qualidade: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. _____. Avaliação estratégica da qualidade. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
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