DESCRIÇÃO O histórico da qualidade total, o controle da qualidade total e os sistemas de gestão da qualidade e suas normatizações. PROPÓSITO Compreender a importância dos gurus da qualidade e do controle estatístico da qualidade no contexto da qualidade total, bem como os conceitos e relações entre o Controle da Qualidade Total (Total Quality Control - TCQ), Gestão da Qualidade Total (Total Quality Management - TQM) e Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ). PREPARAÇÃO Antes de iniciar o estudo deste tema, tenha em mãos uma calculadora, preferencialmente que execute cálculo de exponenciais. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever o histórico do controle estatístico da qualidade no contexto da qualidade total MÓDULO 2 Identificar a relação entre o Controle da Qualidade Total (Total Quality Control - TCQ) e a Gestão da Qualidade Total (Total Quality Management - TQM) MÓDULO 3 Reconhecer os Sistemas de Gestão da Qualidade (SGQ) e sua padronização BEM-VINDO AOS ESTUDOS DA QUALIDADE TOTAL MÓDULO 1 Descrever o histórico do controle estatístico da qualidade no contexto da qualidade total O especialista Mauro Rezende Filho fala sobre o histórico do Controle Estatístico da Qualidade no contexto da Qualidade BREVE HISTÓRICO DO CONTROLE ESTATÍSTICO DA QUALIDADE A qualidade sempre foi parte integrante de praticamente todos os produtos e serviços. No entanto, nossa consciência sobre a sua importância e a introdução de métodos formais de controle da qualidade e melhoria tem sido um desenvolvimento evolutivo. Frederick W. Taylor introduziu alguns princípios de gestão científica em indústrias que começaram a se desenvolver antes de 1900. Taylor foi pioneiro na divisão do trabalho em tarefas, para que o produto pudesse ser fabricado e montado com mais facilidade. Seu trabalho conduziu a melhorias substanciais na produtividade. Além disso, por causa da produção padronizada e métodos de montagem, a qualidade dos produtos manufaturados também foi impactada positivamente. Foto: Autor desconhecido/Wikimedia commons/domínio público. Frederick Winslow Taylor. Junto à padronização dos métodos de trabalho, no entanto, veio o conceito de padrões de trabalho, como: um tempo padrão para realizá-lo ou um número específico de unidades que devem ser produzidas por período. Frank Gilbreth e outros estenderam esse conceito ao estudo do movimento e design de trabalho. Muito disso teve um impacto positivo na produtividade, apesar de muitas vezes não enfatizar suficientemente o aspecto da qualidade do trabalho. Além disso, se levado a extremos, padrões têm o risco de interromper a inovação e a melhoria contínua, que hoje reconhecemos como um aspecto vital de todas as atividades de trabalho. OS MÉTODOS ESTATÍSTICOS E SUA APLICAÇÃO NA MELHORIA DA QUALIDADE TÊM UMA LONGA HISTÓRIA. (MONTGOMERY, 2009) EM 1924, Walter A. Shewhart, da Bell Telephone Laboratories, desenvolveu o conceito de gráfico de controle estatístico, considerado o início ao controle estatístico da qualidade. NO FINAL DA DÉCADA DE 1920, Harold F. Dodge e Harry G. Romig, ambos da Bell Telephone Laboratories, desenvolveram a aceitação por amostragem com base estatística, como uma alternativa para inspeção de 100%. EM MEADOS DA DÉCADA DE 1930, os métodos estatísticos de controle da qualidade estavam em uso amplo na Western Electric, o braço de fabricação do Bell System. No entanto, inicialmente, o valor de controle estatístico da qualidade não foi reconhecido pela indústria. Foi no período da Segunda Guerra Mundial que se viu uma grande expansão do uso e aceitação do controle estatístico da qualidade nas indústrias de manufatura. A experiência do tempo de guerra comprovou que técnicas estatísticas eram necessárias para controlar e melhorar a qualidade do produto. A American Society for Quality Control foi fundada em 1946, a fim de promover o uso de técnicas para melhoria da qualidade para todos os tipos de produtos e serviços. As décadas de 1950 e 1960 viram o surgimento da engenharia de confiabilidade, a introdução de vários importantes livros sobre controle estatístico da qualidade e o ponto de vista de que a qualidade é uma forma de gerenciar a organização. SAIBA MAIS Muitas pessoas contribuíram para a metodologia estatística de melhoria da qualidade. No entanto, em termos de implementação e filosofia de gestão, três indivíduos emergem como líderes: W. E. Deming, J. M. Juran e A. V. Feigenbaum. Vamos agora discutir brevemente as abordagens e filosofia de alguns dos líderes que são considerados gurus da qualidade. OS GURUS DA QUALIDADE E SUA IMPORTÂNCIA PARA A QUALIDADE TOTAL E O CONTROLE ESTATÍSTICO DA QUALIDADE (CEQ) WALTER A. SHEWHART Walter Andrew Shewhart ingressou, em 1918, no departamento de engenharia de inspeção da Western Electric Co., que fabricava o hardware telefônico para Bell Telephone. Os negócios da empresa ditaram a necessidade de reduzir a frequência de falhas e reparos em seus amplificadores, conectores e outros equipamentos que estavam enterrados no subsolo, por isso, os engenheiros da Bell Telephone estavam trabalhando para melhorar a confiabilidade de seus sistemas de transmissão. A Bell Telephone já havia percebido que a redução da variação nos processos de fabricação teria um impacto positivo nos custos de reparo. Ao mesmo tempo, a empresa verificou que os ajustes contínuos nos parâmetros do processo, reagindo às não conformidades, resultavam em maior variação e degradação da qualidade. Em 1924, Shewhart definiu o problema da variabilidade em termos de causa atribuível e causa casual (Deming referiu-se a isso como causa comum). Em 16 de maio de 1924, Shewhart preparou um memorando de uma página e o encaminhou a seu superior, George Edwards. Cerca de 1/3 da página foi dedicada a um diagrama simples que hoje reconheceríamos como um gráfico de controle. Este memorando estabeleceu os princípios e considerações essenciais que ficaram conhecidos como controle da qualidade de processo. Os gráficos de Shewhart foram adotados pela American Society for Testing Materials (ASTM) em 1933. Shewhart e Deming impactaram a melhoria do material de produção durante a Segunda Guerra Mundial nos American War Standards Z1.1-1941, Z1.2-1941 e Z1.3- 1942. Frequentemente, Shewhart era chamado como consultor do Departamento de Guerra dos Estados Unidos, das Nações Unidas e do governo da Índia. Deming continuou a defender as ideias, metodologias e teorias de Shewhart ao longo de sua carreira. Enquanto trabalhava no Japão, desenvolveu algumas das propostas metodológicas de interferência científica de Shewhart, que haviam sido chamadas de Ciclo de Shewhart, e eram representadas pelos elementos planeje-faça-verifique-aja (PDCA – Plan, Do, Control, Act). Imagem: Shutterstock.com adaptado por Mauro Rezende Filho. Ciclo de Shewhart. WILLIAM EDWARDS DEMING W. Edwards Deming graduou-se em engenharia e física na Universidade de Wyoming e na Universidade de Yale. Ele trabalhou para a Western Electric e foi muito influenciado por Walter A. Shewhart, o criador do gráfico de controle. Depois de ter deixado a Western Electric, Deming ocupou cargos públicos no governo norte-americano. Após a guerra, ele se tornou um consultor nas indústrias japonesas, convencendo a alta administração do poder dos métodos estatísticos e a importância da qualidade, por toda a empresa (qualidade total), como arma competitiva. TAL COMPROMISSO COM A QUALIDADE E O USO DOS MÉTODOS ESTATÍSTICOS FOI E CONTINUA SENDO UM ELEMENTO CHAVE NAS INDÚSTRIAS DO JAPÃO. A União Japonesa de Cientistas e Engenheiros (JUSE) criou o Prêmio Deming de melhoria da qualidade em sua honra. Até sua morte, em 1994, Deming foi um consultor ativo, sendo uma força inspiradora para a melhoria contínua da qualidade nas empresas orientais e ocidentais. Ele acreditava firmemente que a responsabilidade pela qualidade é da administração. A maioria das oportunidades de melhoria da qualidade requer ação de gestão. Deming foi um