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Apostila de Controle 1 CONTEÚDO CAPÍTULO 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS ........................................................................... 6 1.1 - INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 6 1.2 - NOÇÕES BÁSICAS DE SISTEMAS ..................................................................................... 6 1.3 - O PROBLEMA DO CONTROLE........................................................................................... 7 1.4 - TIPOS DE SISTEMAS DE CONTROLE ............................................................................... 7 CAPÍTULO 2 MODELOS MATEMÁTICOS DE SISTEMAS DINÂMICOS ......................... 10 2.1 - MODELOS DE SISTEMAS DINÂMICOS .......................................................................... 10 2.2 - SISTEMAS DE PRIMEIRA ORDEM .................................................................................. 10 2.2.1 - Circuito RC série .............................................................................................................. 10 2.2.2 - Tanque de nível ............................................................................................................... 11 2.2.3 - Sistema térmico com uma massa ................................................................................... 12 2.3 - SISTEMAS DE SEGUNDA ORDEM .................................................................................. 13 2.3.1 - Sistema massa-mola-amortecedor ................................................................................. 13 2.3.2 - Circuito RLC paralelo ....................................................................................................... 14 2.3.3 - Sistemas com dois tanques ............................................................................................. 15 CAPÍTULO 3 REPRESENTAÇÃO POR FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA ......................... 17 3.1 - DEFINIÇÃO DA TRANSFORMADA DE LAPLACE........................................................ 17 3.2 - PROPRIEDADES DA TRANSFORMADA DE LAPLACE ............................................... 17 3.2.1 - Linearidade ..................................................................................................................... 17 3.2.2 - Diferenciação real ........................................................................................................... 17 Apostila de Controle 2 3.2.3 - Integração real ................................................................................................................ 18 3.2.4 - Limite do valor final ........................................................................................................ 18 3.2.5 - Translação real ................................................................................................................ 18 3.2.6 - Translação complexa ...................................................................................................... 18 3.2.7 - Mudança na escala do tempo ......................................................................................... 18 3.2.8 - Transformada da convolução ......................................................................................... 18 3.3 - TRANSFORMADAS DE LAPLACE DE FUNÇÕES SIMPLES ........................................ 19 3.4 - FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA ....................................................................................... 22 3.5 - PÓLOS E ZEROS.................................................................................................................. 24 CAPÍTULO 4 DIAGRAMA DE BLOCOS ................................................................................... 28 4.1 - CONCEITO DE DIAGRAMA DE BLOCOS ....................................................................... 28 4.2 - MANIPULAÇÃO DE DIAGRAMA DE BLOCOS ............................................................. 30 4.3 - SISTEMA EM MALHA-FECHADA SUJEITO A PERTURBAÇÕES............................... 33 CAPÍTULO 5 ANÁLISE NO DOMÍNIO DO TEMPO ............................................................... 39 5.1 - INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 39 5.2 - FUNÇÕES DESCONTÍNUAS NO TEMPO ........................................................................ 39 5.2.1 - Função degrau unitário ................................................................................................... 39 5.2.2 - Função impulso unitário ................................................................................................. 40 5.2.3 - Função rampa ................................................................................................................. 40 5.3 - SISTEMAS DE PRIMEIRA ORDEM .................................................................................. 40 5.3.1 - Resposta ao degrau ......................................................................................................... 41 5.3.2 - Resposta ao impulso unitário ......................................................................................... 42 Apostila de Controle 3 5.3.3 - Resposta à rampa unitária .............................................................................................. 42 5.4 - SISTEMAS DE SEGUNDA ORDEM .................................................................................. 44 5.4.1 - Resposta ao degrau ......................................................................................................... 44 5.4.2 - Resposta ao impulso unitário ......................................................................................... 48 5.4.3 - Resposta à rampa ........................................................................................................... 50 5.5 - ANÁLISE DE DESEMPENHO COM BASE NA RESPOSTA TRANSIENTE ................. 52 5.5.2 - Sistemas de ordem superior ........................................................................................... 61 CAPÍTULO 6 ANÁLISE DE ESTABILIDADE ........................................................................... 63 6.1 - O CONCEITO DE ESTABILIDADE ................................................................................... 63 6.2 - O CRITÉRIO DE ESTABILIDADE DE ROUTH-HURWITZ ............................................ 71 6.3 - ANÁLISE DA ESTABILIDADE RELATIVA ..................................................................... 75 CAPÍTULO 7 ANÁLISE EM REGIME PERMANENTE .......................................................... 83 7.1 - INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 83 7.2 - ERRO ESTACIONÁRIO ...................................................................................................... 83 7.3 - ERRO ATUANTE ESTACIONÁRIO .................................................................................. 84 7.3.1 - Entrada degrau ............................................................................................................... 85 7.3.2 - Entrada rampa ................................................................................................................ 85 7.3.3 - Entrada parábola............................................................................................................. 86 CAPÍTULO 8 CONTROLE CLÁSSICO DE SISTEMAS .......................................................... 89 8.1 - DEFINIÇÕES ........................................................................................................................ 89 8.2 - CONTROLE ON-OFF........................................................................................................... 89 8.3 - CONTROLADORES PROPORCIONAIS (P) ...................................................................... 91 Apostilade Controle 4 8.4 - CONTROLADORES INTEGRAIS (I) ................................................................................. 91 8.5 - CONTROLADOR PROPORCIONAL-INTEGRAL (PI) ..................................................... 92 8.6 - CONTROLADOR PROPORCIONAL-DERIVATIVO (PD) ............................................... 93 8.7 - CONTROLADOR PROPORCIONAL-INTEGRAL-DERIVATIVO (PID) ........................ 94 8.8 - COMENTÁRIOS: ................................................................................................................. 95 CAPÍTULO 9 EFEITOS DAS AÇÕES DE CONTROLE ........................................................... 96 9.1 - SISTEMAS COM ERRO EM REGIME PERMANENTE ................................................... 96 9.1.1 - Ação de controle proporcional (P) .................................................................................. 96 9.1.2 - Ação de controle integral (I) ........................................................................................... 97 9.1.3 - Ação de controle proporcional-integral (PI) ................................................................... 98 9.2 - SISTEMAS SEM AMORTECIMENTO NATURAL........................................................... 99 9.2.1 - Ação de controle proporcional ....................................................................................... 99 9.2.2 - Ação de controle proporcional-derivativo (PD) ............................................................ 100 9.2.3 - Considerações finais ..................................................................................................... 100 9.3 - SISTEMAS SUBMETIDOS A PERTURBAÇÕES ........................................................... 101 9.3.1 - Controlador proporcional (P) ........................................................................................ 102 9.3.2 - Controlador proporcional-integral (PI) ......................................................................... 103 9.4 - CONTROLADORES PID ................................................................................................... 104 CAPÍTULO 10 ANÁLISE NO DOMÍNIO DA FREQÜÊNCIA ............................................... 108 10.1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 108 10.2 - CONCEITOS INICIAIS DE RESPOSTA EM FREQÜÊNCIA ....................................... 108 10.2.1 - Resposta em freqüência de sistemas de lineares ....................................................... 108 Apostila de Controle 5 10.2.2 - Gráfico de resposta em freqüência: ........................................................................... 110 10.3 - FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA SENOIDAL .............................................................. 111 10.4 - RELAÇÃO DE AMPLITUDES E FASE DE SISTEMAS BÁSICOS ............................. 112 10.4.1 - Sistema de 1ª ordem .................................................................................................. 112 10.4.2 - Sistema de 2ª ordem .................................................................................................. 112 10.5 - O DIAGRAMA DE BODE ............................................................................................... 114 10.5.1 - Diagramas de Bode ou gráficos logarítmicos ............................................................. 114 10.5.2 - Diagrama de Bode de fatores básicos ........................................................................ 115 10.5.3 - Margem de ganho de margem de fase ....................................................................... 119 Apostila de Controle 6 CAPÍTULO 1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS 1.1 - INTRODUÇÃO O controle automático tem desempenhado um papel vital no avanço da engenharia e da ciência. Além de sua extrema importância em veículos espaciais, pilotos automáticos de aviões e mísseis, robôs e outros sistemas complexos, o controle automático tornou-se uma parte importante dos modernos processos industriais e de manufatura, principalmente nas operações industriais de controle de pressão, temperatura, umidade, viscosidade e fluxo. A engenharia de controle é baseada nos fundamentos da teoria da realimentação e na análise de sistemas lineares. Esta base teórica faz com que a engenharia de controle não seja limitada a nenhuma disciplina específica da engenharia. Por exemplo, muitas vezes um sistema de controle inclui componentes elétricos, mecânicos e químicos. Além disso, à medida que aumenta a nossa compreensão dos sistemas políticos, sociais e financeiros, a possibilidade de controlar tais sistemas também aumenta. 1.2 - NOÇÕES BÁSICAS DE SISTEMAS Sistemas são conjuntos de componentes que atuam juntos realizando determinada finalidade. Um sistema pode ser constituído de subsistemas, e pode também ser parte de um sistema maior. Sistemas dinâmicos são sistemas cujo comportamento, quando submetidos a perturbações, varia no tempo, segundo leis físicas que podem ser modeladas matematicamente. Modelos de sistemas são representações que permitem estabelecer relações entre causa e efeito de sistemas dinâmicos. Os modelos podem ser físicos ou matemáticos: Modelos físicos assemelham-se a sistemas reais, porém mais simples, embora representativos das características mais importantes; Modelos matemáticos procuram representar o comportamento dinâmico dos sistemas por meio de equações matemáticas (equações de derivadas, equações de diferenças). Pode-se prever o comportamento dinâmico de uma planta pela análise do seu modelo físico ou matemático. Como exemplo de um sistema dinâmico, considere o mostrado na Figura 1-1 abaixo, composto por uma massa m, uma mola de coeficiente k e um amortecedor de amortecimento b. Este sistema, que se desloca na vertical, pode representar um sistema de suspensão de um veículo. A equação matemática que descreve o movimento do conjunto em função do deslocamento xo da massa e da extremidade do amortecedor e mola, xi, é também mostrada na Figura 1-1. Apostila de Controle 7 Figura 1-1: Um sistema composto por uma massa, mola e amortecedor pode representar a suspensão de um veículo. 1.3 - O PROBLEMA DO CONTROLE Especificações de desempenho são descrições do comportamento a ser apresentado pelo sistema, conforme solicitação do usuário. Controle é a ação de fazer com que um sistema atenda às especificações de desempenho determinadas a priori. Planta é também um conjunto de componentes, ou parte de uma máquina, ou uma máquina como um todo, com a finalidade de desempenhar uma determinada operação. Este é o componente do sistema a ser controlado. Problema de Controle é determinar uma forma de afetar um dado sistema físico para que ele atenda às especificações de desempenho previamente estabelecidas. Sistema de Controle é o conjunto formado pelo sistema a ser controlado e o controlador com uma configuração tal que gere uma resposta desejada. Variável manipulada (normalmente a entrada do sistema) é a quantidade ou condição que é variada de modo a afetar o valor da variável controlada da maneira desejada. Variável controlada normalmente é a saída do sistema, ou seja, a quantidade ou condição que é medida e controlada. Perturbações são sinais que tendem a afetar de maneira adversa o valor da saída do sistema, normalmente de maneira não previsível e fora do controle do sistema. Um exemplo clássico de perturbações são os sinais de ruído. Figura 1-2: Exemplo de planta Sistema de aquecimento de água. 1.4 - TIPOS DE SISTEMAS DE CONTROLE Um sistema em controle em malha aberta geralmente utiliza apenas um atuador para obter a resposta desejada, como mostrado na Figura 1-3. O atuador é responsável pela conversão e compatibilização de grandezas físicas e pela elevação do nível de potência necessário para excitar diretamente a planta. Apostilade Controle 8 Figura 1-3: Exemplo de sistema de controle em malha aberta. Um exemplo de sistema de controle em malha aberta é a torradeira elétrica doméstica. Em contraste com um sistema de controle em malha aberta, um sistema de controle em malha fechada utiliza uma medida da saída efetiva para compará-la com a saída desejada. A medida do sinal de saída, obtida por um sensor, é chamada sinal de realimentação. Um sistema de controle realimentado em malha fechada simples é mostrado na Figura 1-4. Um sistema de controle realimentado tende a manter a relação desejada de uma variável do sistema com outra, por comparação dessas variáveis e utilização da diferença como mecanismo de controle. A diferença entre o sinal de saída e o valor desejado para o sinal é o sinal de erro, ou simplesmente erro. A necessidade de sistemas de controle de malha fechada aparece principalmente nos sistemas sujeitos a perturbações. Figura 1-4: Exemplo de um sistema de controle em malha fechada. Apostila de Controle 9 A introdução da realimentação permite controlar a saída desejada e pode melhorar a precisão, mas requer atenção quanto aos aspectos de estabilidade da resposta: é bem conhecido o fato que o “controlador” humano, quando dirigindo o carro, é propenso a acidentes em determinadas situações. Um exemplo de sistema em malha fechada é uma pessoa dirigindo um automóvel: os olhos “medem” a posição do carro na rua e o motorista atua para fazer as eventuais correções necessárias. Os sistemas de controle são, às vezes, divididos em duas classes: regulador quando o objetivo do sistema de controle é manter uma variável física em algum valor constante na presença de distúrbios ou perturbações. Ex.: o sistema biológico do corpo humano, que mantém a sua temperatura em aproximadamente 36,5°C, mais ou menos, independentemente do metabolismo do corpo ou da temperatura ambiente. servomecanismos quando o objetivo do sistema de controle no qual uma variável física deve seguir ou acompanhar alguma outra variável física ou uma função do tempo desejada. Ex.: um sistema de posicionamento de antena de satélite, onde sua posição deve ser permanentemente ajustada para apontar diretamente para o satélite. Exemplo 1.1 - Questões de concursos públicos Petroquimica Suape – Engenheiro(a) de Processamento Júnior – Julho/2009 Resposta: Letra A. Petrobras 2005 – Engenheiro de Terminais e Dutos Resposta: Letra C. Apostila de Controle 10 CAPÍTULO 2 MODELOS MATEMÁTICOS DE SISTEMAS DINÂMICOS 2.1 - MODELOS DE SISTEMAS DINÂMICOS Sistemas lineares invariantes no tempo (parâmetros constantes) são descritos matematicamente por equações diferenciais ordinárias, na forma: 𝑎𝑛 𝑑𝑛𝑦 𝑑𝑡𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑑𝑛−1𝑦 𝑑𝑡𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑑𝑦 𝑑𝑡 + 𝑎0𝑦 = 𝑏𝑚 𝑑𝑚𝑥 𝑑𝑡𝑚 + 𝑏𝑛−1 𝑑𝑚−1𝑥 𝑑𝑡𝑚−1 + ⋯ + 𝑏1 𝑑𝑥 𝑑𝑡 + 𝑏0𝑥 onde x(t) é conhecido como entrada do sistema, ou então por termo forçante, y(t) constitui a saída do sistema ou variável de estado e ai (i = 1, 2, … n) e bj (j = 1, 2, … m) são constantes. 2.2 - SISTEMAS DE PRIMEIRA ORDEM Sistemas de primeira ordem são aqueles que são modelados por uma equação diferencial ordinária de primeira ordem, ou seja: 𝑎1 𝑑𝑦(𝑡) 𝑑𝑡 + 𝑎0𝑦(𝑡) = 𝑏0𝑥(𝑡) Dividindo-se a equação acima por 𝑎0, tem-se: 𝑎1 𝑎0 𝑑𝑦(𝑡) 𝑑𝑡 + 𝑦(𝑡) = 𝑏0 𝑎0 𝑥(𝑡) que pode ser reescrita na forma: 𝜏 𝑑𝑦(𝑡) 𝑑𝑡 + 𝑦(𝑡) = 𝐾𝑥(𝑡) sendo 𝐾 o ganho DC do sistema e 𝜏 a sua constante de tempo. 2.2.1 - Circuito RC série Como exemplo de sistema de primeira ordem, podemos apresentar o circuito RC série, mostrado na Figura 2-1. Figura 2-1: Diagrama esquemático de um circuito RC série O circuito RC é composto de uma fonte de tensão, 𝑣𝑖 𝑡 , em série com um resistor R e um capacitor C. Apostila de Controle 11 A corrente no capacitor é proporcional à taxa de variação da tensão através do capacitor, matematicamente: 𝑖 𝑡 = 𝐶 𝑑𝑣𝑐(𝑡) 𝑑𝑡 sendo a capacitância C a constante de proporcionalidade. Pela lei de Kirchoff, a soma das quedas dos potenciais ao longo da malha deve ser nula, o que leva à expressão: 𝑣𝑖 𝑡 − 𝑅𝑖 𝑡 − 𝑣𝑐 𝑡 = 0 Realizando as devidas substituições, surge uma equação diferencial de primeira ordem: 𝑅𝐶 𝑑𝑣𝑐 𝑡 𝑑𝑡 + 𝑣𝑐 𝑡 = 𝑣𝑖 𝑡 onde a função forçante é a tensão 𝑣𝑖 𝑡 e a variável é a tensão 𝑣𝑐 𝑡 . 2.2.2 - Tanque de nível Para o sistema da Figura 2-2 abaixo, deseja-se determinar a relação entre 𝑄𝑜 e 𝑄𝑖 Figura 2-2: Tanque aberto cuja variável de entrada é a vazão 𝑄𝑖 Como temos apenas um tanque sob temperatura constante, aplicaremos somente a Lei da Conservação da Massa e uma única vez. Assim: 𝜌𝑄𝑖 − 𝜌𝑄𝑜 = 𝑚 𝑇 Da Mecânica dos Fluidos, temos que: 𝑃 = 𝜌𝑔 Podemos relacionar a massa 𝑚𝑇 com a altura , assim como a vazão 𝑄𝑜 com a pressão 𝑃, isto é: 𝑚𝑇 = 𝜌𝐴 𝑃 = 𝑅𝑓𝑄𝑜 Fazendo as substituições, tem-se: 𝑚𝑇 = 𝜌𝐴 𝑃 𝜌𝑔 = 𝐴 𝑔 𝑅𝑓𝑄𝑜 ⟹ 𝑚 𝑇 = 𝐴 𝑔 𝑅𝑓𝑄 𝑜 Ou seja, 𝜌𝑄𝑖 − 𝜌𝑄𝑜 = 𝐴 𝑔 𝑅𝑓𝑄 𝑜 Apostila de Controle 12 𝐴𝑅𝑓 𝜌𝑔 𝑑𝑄𝑜 𝑑𝑡 + 𝑄𝑜 = 𝑄𝑖 2.2.3 - Sistema térmico com uma massa Para o sistema da Figura 2-3, determinar a relação entre 𝑇𝑜 e 𝑇𝑖 Figura 2-3: Sistema térmico com uma capacitância térmica. Como temos somente uma capacitância térmica (um corpo com capacidade de armazenar energia), então aplicaremos a Lei da Conservação de Energia apenas uma vez. Assim: 𝑞1 = 𝐶𝑡𝑇 𝑜 Da Figura 2-3 vemos que: 𝑇𝑖 − 𝑇𝑜 = 𝑅𝑡𝑞1 Substituindo-se, temos que: 𝑇𝑖 − 𝑇𝑜 𝑅𝑡 = 𝐶𝑡𝑇 𝑜 ou 𝑅𝑡𝐶𝑡 𝑑𝑇𝑜 𝑑𝑡 + 𝑇𝑜 = 𝑇𝑖 O modelo acima pode ser também o modelo de um termômetro de bulbo, Figura 2-4, se considerarmos as seguintes hipóteses: A temperatura 𝑇𝐿 do líquido que envolve o termômetro é uniforme. A parede do bulbo na armazena energia e entre o líquido e o mercúrio há somente uma resistência térmica. A variação de massa de mercúrio no bulbo é desprezível. Da equação acima, podemos escrever diretamente o modelo: 𝑅𝑡𝐶𝑡 𝑑𝑇𝑚𝑒𝑑 𝑑𝑡 + 𝑇𝑚𝑒𝑑 = 𝑇𝐿 em que: 𝑇𝑚𝑒𝑑 ≜ temperatura medida (temperatura do mercúrio); 𝑇𝐿 ≜ temperatura do líquido; Apostila de Controle 13 Figura 2-4: Esquema para modelagem dinâmica de um termômetro de bulbo. Neste caso, verificamos que: 𝑅𝑡 ≜ 1 𝑈𝐴 𝐶𝑡 ≜ 𝑀𝐶 em que: 𝑀 ≜ massa de mercúrio no bulbo; 𝐶 ≜ calor específico do mercúrio; 𝑈 ≜ coeficiente de transferência de calor total; 𝐴 ≜ área da superfície de transferência de calor; 2.3 - SISTEMAS DE SEGUNDA ORDEM Sistemas de segunda ordem são aqueles que são modelados por uma equação diferencial ordinária de segunda ordem, ou seja: 𝑎2 𝑑2𝑦 𝑑𝑡2 + 𝑎1 𝑑𝑦 𝑑𝑡 + 𝑎0𝑦 = 𝑏0𝑥 Dividindo-se a equação acima por 𝑎0, tem-se: 𝑎2 𝑎0 𝑑2𝑦 𝑑𝑡2 + 𝑎1 𝑎0 𝑑𝑦 𝑑𝑡 + 𝑦 = 𝑏0 𝑎0 𝑥 que pode ser reescrita na forma: 1 𝜔𝑛2 𝑑2𝑦 𝑑𝑡2 + 2𝜉 𝜔𝑛 𝑑𝑦 𝑑𝑡 + 𝑦 = 𝐾𝑥 sendo 𝐾 o ganho DC, 𝜔𝑛 a freqüência natural não amortecida e 𝜉 o coeficiente de amortecimento do sistema. 2.3.1 - Sistema massa-mola-amortecedor Como exemplo de sistema de segunda ordem mecânico, podemos apresentar a suspensão de um veículo, que pode ser representada, de forma simplificada, por: uma massa M (Kg) suportada pela roda; um conjunto de molas representado pela mola ideal com constante Km (N/m); e um amortecedor representado pelo sistema de absorção B (Ns/m). Este sistema massa-mola-amortecedor é mostrado na Figura 2-5. Apostila de Controle 14 Figura 2-5: Modelo simplificado de uma suspensão de automóvel. Conforme eixos coordenados, o sistema está em repouso quando na posição 𝑦 = 0 e com velocidade 𝑦 = 0. A suspensão é submetida a uma força externa 𝑓 𝑡 , dependente do terreno, da carga e da velocidade do veículo. As forças e respectivas direções de referência estão indicadas naFigura 2-5. De acordo com a lei de Newton, a soma das forças que atuam no sistema deve igualar a massa vezes a aceleração: 𝐹𝑖 𝑛 𝑖=1 = 0 ou seja, 𝑓 𝑡 − 𝐹𝑀 − 𝐹𝐵 − 𝐹𝐾 = 0 Aplicando agora as equações constitutivas dos elementos: 𝑓 𝑡 − 𝑀 𝑑2𝑥 𝑑𝑡2 − 𝐵 𝑑𝑥 𝑑𝑡 − 𝐾𝑚𝑥 = 0 Finalmente, tem-se o modelo dado por: 𝑀 𝑑2𝑥 𝑑𝑡2 + 𝐵 𝑑𝑥 𝑑𝑡 + 𝐾𝑚𝑥 = 𝑓 𝑡 onde a função forçante é a força 𝑓 𝑡 e a variável é o deslocamento 𝑥 𝑡 . 2.3.2 - Circuito RLC paralelo Como exemplo de sistema de segunda ordem elétrico, podemos apresentar o circuito RLC paralelo mostrado na Figura 2-6. Figura 2-6: Circuito RLC paralelo. Aplicando a lei de Kirchoff dos nós: 𝑖𝑐 𝑡 + 𝑖𝑟 𝑡 + 𝑖𝑙 𝑡 = 𝑖(𝑡) Apostila de Controle 15 Aplicando agora as equações constitutivas dos elementos: 𝐶 𝑑𝑣(𝑡) 𝑑𝑡 + 1 𝑅 𝑣 𝑡 + 1 𝐿 𝑣 𝑡 𝑑𝑡 = 𝑖(𝑡) Ou seja: 𝐶 𝑑2𝑣(𝑡) 𝑑𝑡2 + 1 𝑅 𝑑𝑣(𝑡) 𝑑𝑡 + 1 𝐿 𝑣 𝑡 = 𝑑𝑖(𝑡) 𝑑𝑡 2.3.3 - Sistemas com dois tanques Como exemplo de sistema de segunda ordem hidráulico, podemos apresentar o sistema de dois tanques em série, mostrado na Figura 2-7. Figura 2-7: Sistema com dois tanques, com entrada de vazão 𝑄𝑖 no tanque 1. Neste sistema, temos dois tanques, portanto, a Lei de Conservação da Massa será aplicada duas vezes. Assim: 𝜌𝑄𝑖 − 𝜌𝑄1 = 𝑚 1 𝜌𝑄1 − 𝜌𝑄𝑜 = 𝑚 2 Da Figura 2-7 vemos que: 𝑃1 − 𝑃2 = 𝑅𝑓1𝑄1 𝑃2 = 𝑅𝑓2𝑄𝑜 𝑃1 = 𝜌𝑔1 𝑃2 = 𝜌𝑔2 𝑚1 = 𝜌𝐴11 𝑚2 = 𝜌𝐴22 Combinando as equações acima, obtemos: 𝑄1 = 1 𝑅𝑓1 𝜌𝑔1 − 𝜌𝑔2 𝑄𝑜 = 1 𝑅𝑓2 𝜌𝑔2 Fazendo-se as devidas substituições: 𝑄𝑖 − 1 𝑅𝑓1 𝜌𝑔1 − 𝜌𝑔2 = 𝐴1 1 Apostila de Controle 16 1 𝑅𝑓1 𝜌𝑔1 − 𝜌𝑔2 − 1 𝑅𝑓2 𝜌𝑔2 = 𝐴2 2 Organizando vem: 𝐴1 𝑑1 𝑑𝑡 + 𝜌𝑔 𝑅𝑓1 1 − 𝜌𝑔 𝑅𝑓1 2 = 𝑄𝑖 − 𝜌𝑔 𝑅𝑓1 1 + 𝐴2 𝑑2 𝑑𝑡 + 𝜌𝑔 1 𝑅𝑓1 + 1 𝑅𝑓2 2 = 0 ⟹ 1 = 𝐴2𝑅𝑓1 𝜌𝑔 𝑑2 𝑑𝑡 + 𝑅𝑓1 1 𝑅𝑓1 + 1 𝑅𝑓2 2 Logo: 𝐴1𝐴2𝑅𝑓1 𝜌𝑔 𝑑22 𝑑𝑡2 + 𝐴1𝑅𝑓1 1 𝑅𝑓1 + 1 𝑅𝑓2 𝑑2 𝑑𝑡 + 𝐴2 𝑑2 𝑑𝑡 + 𝜌𝑔 1 𝑅𝑓1 + 1 𝑅𝑓2 2 − 𝜌𝑔 𝑅𝑓1 2 = 𝑄𝑖 𝐴1𝐴2𝑅𝑓1 𝜌𝑔 𝑑22 𝑑𝑡2 + 𝐴1𝑅𝑓1 1 𝑅𝑓1 + 1 𝑅𝑓2 + 𝐴2 𝑑2 𝑑𝑡 + 𝜌𝑔 𝑅𝑓2 2 = 𝑄𝑖 𝐴1𝐴2𝑅𝑓1 𝜌𝑔 𝑑22 𝑑𝑡2 + 𝐴1𝑅𝑓1 1 𝑅𝑓1 + 1 𝑅𝑓2 + 𝐴2 𝑑2 𝑑𝑡 + 𝜌𝑔 𝑅𝑓2 2 = 𝑄𝑖 𝐴1𝐴2𝑅𝑓1𝑅𝑓2 𝜌2𝑔2 𝑑22 𝑑𝑡2 + 𝐴1𝑅𝑓1 𝑅𝑓2 𝜌𝑔 1 𝑅𝑓1 + 1 𝑅𝑓2 + 𝐴2 𝑅𝑓2 𝜌𝑔 𝑑2 𝑑𝑡 + 2 = 𝑅𝑓2 𝜌𝑔 𝑄𝑖 ou seja, 𝐴1𝐴2𝑅𝑓1𝑅𝑓2 𝜌2𝑔2 𝑑22 𝑑𝑡2 + 𝐴1𝑅𝑓1 𝜌𝑔 + 𝐴1𝑅𝑓2 𝜌𝑔 + 𝐴2 𝑅𝑓2 𝜌𝑔 𝑑2 𝑑𝑡 + 2 = 𝑅𝑓2 𝜌𝑔 𝑄𝑖 Apostila de Controle 17 CAPÍTULO 3 REPRESENTAÇÃO POR FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA 3.1 - DEFINIÇÃO DA TRANSFORMADA DE LAPLACE A transformada de Laplace é um operador funcional (isto é, que opera e transforma funções) que modifica as funções no tempo f(t), passando a representá-las em função de uma variável s conhecida como freqüência complexa s. Por convenção, representa-se a dinâmica em função do tempo com letras minúsculas (y(t), x(t), g(t), f(t)), e suas transformadas por letras maiúsculas (Y(s), X(s), G(s), F(s)). A transformada de Laplace é definida como: 𝐹 𝑠 = L 𝑓 𝑡 ≜ 𝑓 𝑡 𝑒−𝑠𝑡 𝑑𝑡 ∞ 0− A transformada de Laplace é muito útil para resolver, de forma sistemática, equações diferenciais lineares que representam sistemas dinâmicos. O operador da transformada de Laplace pode ser invertido, obtendo-se a transformada inversa de Laplace: 𝑓 𝑡 = L−1 𝐹 𝑠 = 1 2𝜋𝒋 𝐹(𝑠)𝑒𝑠𝑡𝑑𝑡 𝜍+𝒋𝜔 𝜍−𝒋𝜔 onde j é a base dos números complexos (𝒋 = −1 ). 3.2 - PROPRIEDADES DA TRANSFORMADA DE LAPLACE A transformada de Laplace apresenta diversas propriedades que são úteis na sua aplicação. Porém estas propriedades não serão demonstradas aqui, e algumas delas sequer serão apresentadas. O leitor deverá buscar na bibliografia material adicional para complementar este estudo. Menciona- se, contudo, que as demonstrações seguem diretamente da definição fornecida acima. As propriedades mais importantes são: 3.2.1 - Linearidade Se 𝐹1 𝑠 = L(𝑓1(𝑡) e 𝐹2 𝑠 = L(𝑓2(𝑡), isto é, se a transformada de Laplace de f1(t) for F1(s), e se a transformada de f2(t) for F2(s), então L 𝛼1𝑓1 𝑡 + 𝛼2𝑓2 𝑡 = 𝛼1𝐹1 𝑠 + 𝛼2𝐹2 𝑠 3.2.2 - Diferenciação real A diferenciação real permite obter a transformada da derivada temporal de uma função. Esta propriedade é muito importante porque permite a construção da equação característica a partir da equação de derivadas, como será visto adiante. Supondo que 𝐹 𝑠 = L 𝑓 𝑡 , a diferenciação real resulta em L 𝑑𝑓 𝑑𝑡 = L 𝑓 = 𝑠𝐹 𝑠 − 𝑓(0−) Apostila de Controle 18 sendo que 𝑓(0−) é o resultado da avaliação de f(t), com t tendendo a 0 negativamente (pela esquerda). O conceito de diferenciação real pode ser estendido para derivadas de maior ordem, resultando L 𝑑𝑛𝑓 𝑑𝑡𝑛 = 𝑠𝑛𝐹 𝑠 − 𝑠𝑛−1𝑓 0− − 𝑠𝑛−2 𝑑𝑓 𝑑𝑡 0− − ⋯− 𝑠 𝑑𝑛−2𝑓 𝑑𝑡𝑛−2 0− − 𝑑𝑛−1𝑓 𝑑𝑡𝑛−1 0− Nota-se que a função f e suas derivadas temporais, quando avaliadas no instante 0−, representam as condições iniciais do sistema. 3.2.3 - Integração real A integração real permite obter a transformada de Laplace da integral da função f(t). Se 𝐹 𝑠 = L 𝑓 𝑡 , a integração real leva ao resultado L 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 = 𝐹(𝑠) 𝑠 + 1 𝑠 𝑓 𝑡 𝑑𝑡 𝑡=0− 3.2.4 - Limite do valor final O limite do valor final permite estabelecer uma correspondência entre o comportamento do sistema em regime permanente (isto é, conforme t tende ao infinito), e o valor da transformada de Laplace da função avaliada conforme s tende a zero, isto é: lim 𝑡→∞ 𝑓 𝑡 = lim 𝑠→0 𝑠𝐹(𝑠) 3.2.5 - Translação real Uma translação no domínio do tempo consiste em adicionar ou subtrair uma constante ao tempo. Corresponde, portanto, a um atraso ou a uma antecipação de um evento. Então, se 𝐹 𝑠 = L(𝑓(𝑡), a transformada de Laplace da translação real (isto é, no domínio do tempo) vale: L 𝑓 𝑡 − 𝑎 𝟏 𝑡 − 𝑎 = 𝑒−𝑎𝑠𝐹 𝑠 onde a é uma constante real. Na translação real é necessário introduzir a função degrau unitário 1(t) para evitar que a função f assuma valores diferentes de zero quando t for menor do que a. 3.2.6 - Translação complexa Na translação complexa adiciona-se ou subtrai-se uma constante na função transformada. Novamente, se 𝐹 𝑠 = L 𝑓 𝑡 , então a translação complexa afirma que 𝐹 𝑠 − 𝑎 = L 𝑒𝑎𝑡𝑓 𝑡 onde a é uma constante complexa. 3.2.7 - Mudança na escala do tempo Se a transformada de Laplace de f(t) for F(s), ou 𝐹 𝑠 = L(𝑓(𝑡), então L 𝑓 𝑡 𝛼 = 𝛼𝐹 𝛼𝑠 3.2.8 - Transformada da convolução A convolução de duas funções do tempo f1(t) e f2(t) é definida: 𝑓1 𝑡 ∗ 𝑓2 𝑡 ≜ 𝑓1 𝑡 − 𝜏 𝑓2 𝜏 𝑑𝜏 ∞ 0 onde o símbolo “*” indica a convolução de f1 e f2 por definição. Apostila de Controle 19 A transformada de Laplace da convolução de f1 e f2 vale então L 𝑓1 𝑡 ∗ 𝑓2 𝑡 = 𝐹1 𝑠 𝐹2 𝑠 Exemplo 3.1 - Questões de concursos públicos Petrobras 2005 – Engenheiro de Terminais e Dutos Solução Resposta: A. Termoaçu - Engenheiro de Processamento Júnior – Janeiro/2008 Solução Vazão: 1000 mL/min=1000cm3/min Volume da linha da amostragem: 500cmx0,5cm2=250cm3 Tempo necessário para o líquido atravessar a linha: 250cm3/1000cm3/min=0,25min Resposta: C. 3.3 - TRANSFORMADAS DE LAPLACE DE FUNÇÕES SIMPLES A manipulação de sistemas dinâmicos e o projeto de sistemas de controle são facilitados quando se trabalha no domínio da transformada de Laplace. É freqüente que os problemas sejam elaborados no domínio do tempo, resolvidos no domínio da Transformada de Laplace e, a seguir, transformados de volta ao domínio do tempo. Embora existam infinitas funções matemáticas, o comportamento dinâmico de sistemaslineares é governado por apenas uma pequena fração destas funções. Por isso, a aplicação da transformada de Laplace em sistemas dinâmicos comuns levou a um número restrito de exemplos que podem ser relacionados sem a necessidade de se efetuar a transformação a cada novo problema. Apostila de Controle 20 Em outras palavras, a quase totalidade de problemas encontrados pode ser resolvida por um pequeno conjunto de transformadas que já se encontram tabeladas. Portanto, na grande maioria das vezes não é necessário efetuar cálculos para se obter uma transformada de Laplace, mas tão somente aplicar as tabelas de transformadas. A Tabela 3-1 apresenta a Transformada de Laplace das principais funções utilizadas em sistemas lineares. Tabela 3-1: Transformadas de Laplace das principais funções: f(t) F(s) Função impulso – 𝛿(𝑡) 1 Função Degrau unitário – 1(t) 1 𝑠 Função rampa – t 1 𝑠2 𝑡𝑛 𝑛! 𝑠𝑛+1 𝑒−𝑎𝑡 1 𝑠 + 𝑎 𝑡𝑛𝑒−𝑎𝑡 𝑛! 𝑠 + 𝑎 𝑛+1 1 𝑏 − 𝑎 𝑒−𝑎𝑡 − 𝑒−𝑏𝑡 1 𝑠 + 𝑎 𝑠 + 𝑏 1 𝑎2 𝑎𝑡 − 1 + 𝑒−𝑎𝑡 1 𝑠2 𝑠 + 𝑎 sin 𝜔𝑡 𝜔 𝑠2 + 𝜔2 cos 𝜔𝑡 𝑠 𝑠2 + 𝜔2 𝑒−𝑎𝑡 sen 𝜔𝑡 𝜔 𝑠 + 𝑎 2 + 𝜔2 𝑒−𝑎𝑡 cos 𝜔𝑡 𝑠 + 𝑎 𝑠 + 𝑎 2 + 𝜔2 𝜔𝑛 1 − 𝜉2 𝑒−𝜉𝜔𝑛 𝑡 𝑠𝑖𝑛 1 − 𝜉2𝜔𝑛𝑡 𝜔𝑛 2 𝑠2 + 2𝜉𝜔𝑛𝑠 + 𝜔𝑛 2 Apostila de Controle 21 Exemplo 3.2 - Questões de concursos públicos REFAP/2007– Eng. de Processamento Júnior Resposta: Da tabela de Transformada de Laplace, tem-se que: L 𝑡 = 1 s2 Letra C. Prominp/2008 – Área Química – Processos Resposta: Da Tabela de Transformada de Laplace, tem-se que: L 𝟏 = 1 𝑠 Letra A. Transpetro/2006 – Processamento Resposta: Da Tabela de Transformada de Laplace, tem-se que: L 𝐴 = 𝐴 𝑠 Letra D. Petrobras/2006 – Processamento Júnior Resposta: Da Tabela de Transformada de Laplace, tem-se que: L 𝐴 = 𝐴 𝑠 Letra D. Apostila de Controle 22 Termoaçu/2008 – Engenheiro de Processamento Júnior Resposta: Da própria definição de sistemas de primeira ordem. Letra B. 3.4 - FUNÇÃO DE TRANSFERÊNCIA Considere um sistema dinâmico regido por uma equação diferencial linear a coeficientes constantes na variável y(t), tal que x(t) é a função forçante: 𝑎𝑛 𝑑𝑛𝑦 𝑑𝑡𝑛 + 𝑎𝑛−1 𝑑𝑛−1𝑦 𝑑𝑡𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1 𝑑𝑦 𝑑𝑡 + 𝑎0𝑦 = 𝑏𝑚 𝑑𝑚𝑥 𝑑𝑡𝑚 + 𝑏𝑛−1 𝑑𝑚−1𝑥 𝑑𝑡𝑚−1 + ⋯ + 𝑏1 𝑑𝑥 𝑑𝑡 + 𝑏0𝑥 Supondo agora que seja conhecida a transformada de Laplace de ambas as funções, isto é L(y(t)) = Y(s) e L(x(t)) = X(s), então ao aplicar-se a transformada na equação diferencial, tem-se: L 𝑎𝑛 𝑑𝑛𝑦 𝑑𝑡𝑛 + ⋯ + L 𝑎1 𝑑𝑦 𝑑𝑡 + L 𝑎0𝑦 = L 𝑏𝑚 𝑑𝑚𝑥 𝑑𝑡𝑚 + ⋯ + L 𝑏1 𝑑𝑥 𝑑𝑡 + L 𝑏0𝑥 Aplicando a seguir a propriedade de diferenciação real, resulta que: 𝑎𝑛 𝑠 𝑛𝑌 𝑠 − 𝑠𝑛−𝑖 𝑑𝑖−1𝑦 𝑑𝑡𝑖−1 0− 𝑛 𝑖=1 + 𝑎𝑛−1 𝑠 𝑛−1𝑌 𝑠 − 𝑠𝑛−1−𝑖 𝑑𝑖−1𝑦 𝑑𝑡𝑖−1 0− 𝑛−1 𝑖=1 + ⋯ + 𝑎1 𝑠𝑌 𝑠 − 𝑦 0 − + 𝑎0𝑌 𝑠 = 𝑏𝑚 𝑠 𝑚𝑋 𝑠 − 𝑠𝑚−𝑖 𝑑𝑖−1𝑥 𝑑𝑡𝑖−1 0− 𝑚 𝑖=1 + 𝑏𝑚−1 𝑠 𝑚−1𝑋 𝑠 − 𝑠𝑚−1−𝑖 𝑑𝑖−1𝑥 𝑑𝑡𝑖−1 0− 𝑚−1 𝑖=1 + ⋯ + 𝑏1 𝑠𝑋 𝑠 − 𝑥 0 − + 𝑏0𝑋 𝑠 Agrupando os termos em Y(s) e X(s), a equação fica 𝑎𝑛𝑠 𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑠 𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1𝑠 + 𝑎0 𝑌 𝑠 − 𝑎𝑛 𝑠 𝑛−𝑖 𝑑𝑖−1𝑦 𝑑𝑡𝑖−1 (0−) 𝑛 𝑖=1 − 𝑎𝑛−1 𝑠 𝑛−1−𝑖 𝑑𝑖−1𝑦 𝑑𝑡𝑖−1 0− − ⋯ − 𝑎1𝑦 0 − 𝑛−1 𝑖=1 = 𝑏𝑚𝑠 𝑚 + 𝑏𝑚−1𝑠 𝑚−1 + ⋯ + 𝑏1𝑠 + 𝑏0 𝑋 𝑠 − 𝑏𝑚 𝑠 𝑚−𝑖 𝑑𝑖−1𝑥 𝑑𝑡𝑖−1 (0−) 𝑚 𝑖=1 − 𝑏𝑚−1 𝑠 𝑚−1−𝑖 𝑑𝑖−1𝑥 𝑑𝑡𝑖−1 0− − ⋯− 𝑏1𝑥 0 − 𝑚−1 𝑖=1 Isolando agora o termo Y(s), tem-se que: Apostila de Controle 23 𝑌 𝑠 = 𝑏𝑚𝑠 𝑚 + 𝑏𝑚−1𝑠 𝑚−1 + ⋯ + 𝑏1𝑠 + 𝑏0 𝑎𝑛𝑠𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑠𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1𝑠 + 𝑎0 𝑋 𝑠 + 𝑎𝑛 𝑠 𝑛−𝑖 𝑑 𝑖−1𝑦 𝑑𝑡𝑖−1 (0−)𝑛𝑖=1 + 𝑎𝑛−1 𝑠 𝑛−1−𝑖 𝑑 𝑖−1𝑦 𝑑𝑡𝑖−1 0− + ⋯ + 𝑎1𝑦 0 − 𝑛−1𝑖=1 𝑎𝑛𝑠𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑠𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1𝑠 + 𝑎0 − 𝑏𝑚 𝑠 𝑚−𝑖 𝑑 𝑖−1𝑥 𝑑𝑡𝑖−1 (0−)𝑚𝑖=1 + 𝑏𝑚−1 𝑠 𝑚−1−𝑖 𝑑 𝑖−1𝑥 𝑑𝑡𝑖−1 0− + ⋯ + 𝑏1𝑥 0 − 𝑚−1𝑖=1 𝑎𝑛𝑠𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑠𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1𝑠 + 𝑎0 Considerando-se condições iniciais todas nulas, ou seja, que y(t) e todas as suas derivadas temporais até a ordem n são nulos, então se pode obter a resposta do sistema às condições iniciais nulas: 𝑌𝑦 0 =0 𝑠 = 𝑏𝑚𝑠 𝑚 + 𝑏𝑚−1𝑠 𝑚−1 + ⋯ + 𝑏1𝑠 + 𝑏0 𝑎𝑛𝑠𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑠𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1𝑠 + 𝑎0 𝑋 𝑠 Condições iniciais nulas significam que no início da contagem do tempo (t = 0), o sistema encontra-se em equilíbrio e em repouso. Num sistema mecânico isto corresponde a posição e velocidades iniciais nulas. Num sistema elétrico, estas condições significam que os capacitores e indutores estão descarregados e a corrente inicial é nula. Com base na resposta do sistema às condições iniciais nulas define-se a função de transferência G(s) do sistema, dada por: 𝐺 𝑠 = 𝑌𝑦 0 =0 𝑠 𝑋 𝑠 = 𝑏𝑚𝑠 𝑚 + 𝑏𝑚−1𝑠 𝑚−1 + ⋯ + 𝑏1𝑠 + 𝑏0 𝑎𝑛𝑠𝑛 + 𝑎𝑛−1𝑠𝑛−1 + ⋯ + 𝑎1𝑠 + 𝑎0 = 𝑁𝑈𝑀 𝑠 𝐷𝐸𝑁 𝑠 A função de transferência traduz o comportamento do sistema com relação a uma dada excitação aplicada pelo termo forçante. Em outras palavras, a função de transferência corresponde à transformada de Laplace da saída apresentada pelo sistema, Y(s), com relação à transformada da entrada, X(s), sob condições iniciais nulas. Exemplo 3.3 - Obter a função de transferência do circuito RC da Figura 2-1 𝑅𝐶 𝑑𝑣𝑐 𝑡 𝑑𝑡 + 𝑣𝑐 𝑡 = 𝑣𝑖 𝑡 Solução: A transformada de Laplace da tensão 𝑣𝑖 𝑡 é 𝑉𝑖 𝑠 , enquanto que a transformada da tensão 𝑣𝑐 𝑡 é 𝑉𝑐 𝑠 . Aplicando a transformada de Laplace em ambos os membros, fica-se com L 𝑅𝐶 𝑑𝑣𝑐 𝑡 𝑑𝑡 + 𝑣𝑐 𝑡 = L 𝑣𝑖 𝑡 que, pela propriedade de linearidade fornece 𝑅𝐶L 𝑑𝑣𝑐 𝑡 𝑑𝑡 + L 𝑣𝑐 𝑡 = L 𝑣𝑖 𝑡 e pela propriedade da diferenciação real, tem-se que 𝑅𝐶 𝑠𝑉𝑐 𝑠 − 𝑣𝑐 0 − + 𝑉𝑐 𝑠 = 𝑉𝑖 𝑠 Como a função de transferência assume condições iniciais nulas, então resulta Apostila de Controle 24 𝑅𝐶𝑠𝑉𝑐 𝑠 + 𝑉𝑐 𝑠 = 𝑉𝑖 𝑠 ⟹ 𝑅𝐶𝑠 + 1 𝑉𝑐 𝑠 = 𝑉𝑖 𝑠 e a função de transferência fica 𝐺 𝑠 = 𝑉𝑐 𝑠 𝑉𝑖 𝑠 = 1 𝑅𝐶𝑠 + 1 Exemplo 3.4 - Obter a função de transferência do sistema da Figura 2-5 𝑀 𝑑2𝑥 𝑑𝑡2 + 𝐵 𝑑𝑥 𝑑𝑡 + 𝐾𝑚𝑥 = 𝑓 𝑡 Solução: A transformada de Laplace da força 𝑓 𝑡 é 𝐹 𝑠 , enquanto que a transformada do deslocamento 𝑥 𝑡 é 𝑋 𝑠 . Aplicando a transformada de Laplace em ambos os membros, fica-se com L 𝑀 𝑑2𝑥 𝑑𝑡2 + 𝐵 𝑑𝑥 𝑑𝑡 + 𝐾𝑚𝑥 = L 𝑓 𝑡 que, pela propriedade de linearidade fornece 𝑀L 𝑑2𝑥 𝑑𝑡2 + 𝐵L 𝑑𝑥 𝑑𝑡 + 𝐾𝑚L 𝑥 = L 𝑓 𝑡 e pela propriedade da diferenciação real, tem-se que 𝑀 𝑠2𝑋 𝑠 − 𝑠𝑥 0− − 𝑑𝑥 𝑑𝑡 (0−) + 𝐵 𝑠𝑋 𝑠 − 𝑥 0− + 𝐾𝑚𝑋 𝑠 = 𝐹 𝑠 Como a função de transferência assume condições iniciais nulas, então resulta 𝑀𝑠2𝑋 𝑠 + 𝐵𝑠𝑋 𝑠 + 𝐾𝑚𝑋 𝑠 = 𝐹 𝑠 ⟹ 𝑀𝑠 2 + 𝐵𝑠 + 𝐾𝑚 𝑋 𝑠 = 𝐹 𝑠 e a função de transferência fica 𝐺 𝑠 = 𝑋 𝑠 𝐹 𝑠 = 1 𝑀𝑠2 + 𝐵𝑠 + 𝐾𝑚 = 1 𝐾𝑚 𝐾𝑚 𝑀𝑠2 + 𝐵𝑠 + 𝐾𝑚 Exemplo 3.5 - Obter a função de transferência do sistema elétrico da Figura 2-6: Aplicando-se a Transformada de Laplace, tem-se: 𝐶𝑠𝑉 𝑠 + 1 𝑅 𝑉 𝑠 + 1 𝐿 𝑉(𝑠) 𝑠 = 𝐼(𝑠) Logo: 𝐺 𝑠 = 𝑉(𝑠) 𝐼(𝑠) = 𝑅𝐿𝑠 𝑅𝐿𝐶𝑠2 + 𝐿𝑠 + 𝑅 3.5 - PÓLOS E ZEROS Os zeros do sistema são valores de s que anulam a sua função de transferência, ou seja, são as raízes do numerador da função de transferência. Os pólos do sistema são os valores de s que tornam a sua função de transferência infinita, ou seja, são as raízes do denominador da função de transferência. Um sistema com: com n pólos é designado por sistema de ordem n; e Apostila de Controle 25 com l pólos na origem (ou seja, em s=0) é denominado por sistema do tipo l. Uma função de transferência que possui: mais pólos que zeros finitos, i.e., lim𝑠⟶∞ 𝐺(𝑠) =0 é denominada estritamente própria; tantos pólos quanto zeros finitos, i,e., lim𝑠⟶∞ 𝐺(𝑠) = 𝐶 < ∞, é denominada própria; e mais zeros finitos que pólos, i.e., lim𝑠⟶∞ 𝐺(𝑠) = ∞ é denominada imprópria.. Por fim, um sistema é dito causal se a sua resposta não depende de valores futuros dos sinais de entrada. De modo a garantir a causalidade do sistema, o grau do polinômio do denominador deverá ser maior ou igual ao grau do polinômio do numerador, i.e., 𝒏 ≥ 𝒎. A causalidade está intimamente ligada à existência física do sistema. Desta forma, a maior parte dos sistemas físicos é modelável por funções estritamente próprias. Para exemplificar estes conceitos, considere a seguinte função de transferência: 𝐺 𝑠 = 𝐾 𝑠 + 2 (𝑠 + 10) 𝑠 𝑠 + 1 𝑠 + 5 (𝑠 + 15)2 Esta função possui 2 zeros finitos e 5 pólos, portanto é de 5ª ordem, estritamente própria. Os dois zeros finitos são simples e encontram-se em 𝑠 = −2 e 𝑠 = −10. Possui três pólos simples que se encontram em 𝑠 = 0 (portanto é do tipo 1), 𝑠 = −1 e 𝑠 = −5 e um pólo duplo em 𝑠 = −15. Caso 𝑠 ⟶ ∞, então tem-se: lim 𝑠⟶∞ 𝐺 𝑠 = 𝐾 𝑠3 = 0 Portanto, se forem considerados pontos no infinito, a função passa a ter 5 zeros (o mesmo número de pólos), tendo um zero de 3ª ordem em 𝑠 = ∞. Apostila de Controle 26 Exemplo 3.6 - Questões de concursos públicos Petrobrás/2008 – Engenheiro Júnior: Automação Resposta: A equação diferencial é: 𝑑2𝑦 𝑑𝑡2 + 4 𝑑𝑦 𝑑𝑡 + 3𝑦 𝑡 = 2 𝑑2𝑢(𝑡) 𝑑𝑡2 + 14 𝑑𝑢(𝑡) 𝑑𝑡 + 20𝑢 𝑡 Aplicando-se a Transformada de Laplace, tem-se: 𝑠2 + 4𝑠 + 3 ∙ 𝑌(𝑠) = 2𝑠2 + 14𝑠 + 20 ∙ 𝑅(𝑠) Logo: 𝑌(𝑠) 𝑅(𝑠) = 2𝑠2 + 14𝑠 + 20 𝑠2 + 4𝑠 + 3 Letra C. Apostila de Controle 27 Transpetro/2006 – Automação Resposta: Fazendo-se as devidas substituições: 𝑑2𝑦 𝑑𝑡2 + 5 𝑑𝑦 𝑑𝑡 = 10 −𝐾𝑦 𝑡 + 𝑟(𝑡) 𝑑2𝑦 𝑑𝑡2 + 5 𝑑𝑦 𝑑𝑡 + 10𝐾𝑦 𝑡 = 10𝑟(𝑡) Logo: 𝑌(𝑠) 𝑅(𝑠) = 10 𝑠2 + 5𝑠 + 10𝐾 Letra C. Apostila de Controle 28 CAPÍTULO 4 DIAGRAMA DE BLOCOS 4.1 - CONCEITO DE DIAGRAMA DE BLOCOS Funções de transferência de sistemas dinâmicos podem ser representadas graficamente por meio de diagrama de blocos. Estes diagramas permitem compor funções de transferência complexas a partir do agrupamento de outros diagramas mais simples, ou mesmo de blocos contendo as equações elementares. A representação gráfica de um bloco é mostrada na Figura 4-1, e a relação que ele representa, no domínio da transformada de Laplace (variável complexa) é: 𝑌 𝑠 = 𝐺 𝑠 𝑋(𝑠) Ou seja, a função de transferência de um bloco, G(s), traduz a relação entre a transformada de Laplace da sua saída, Y(s), e a transformada de Laplace da entrada, X(s). De outra forma, a saída de um bloco é igual ao produto da entrada pela função de transferência que o bloco abriga. Quando o conteúdo de um bloco (ou seja, sua função de transferência) for uma constante, denomina-se então esta constante de ganho do bloco. Figura 4-1: Representação de uma função de transferência G(s) por meio de diagrama de blocos As ligações entre os blocos são necessariamente orientadas, indicando qual sinal é a saída e qual sinal é a entrada. Logo, toda e qualquer ligação entre blocos deve ser orientada, caso contrário não se consegue definir qual é a entrada e qual é a saída do bloco. A grande vantagem dos diagramas de blocos é a composição de vários blocos e, igualmente, a simplificação de vários blocos em somente um, o que permite obter a função de transferência total do sistema. Considerando, por exemplo, a composição de dois blocos cujas funções de transferência são G1(s) e G2(s) em série, como mostrado na Figura 4-2, resulta: 𝑌 𝑠 = 𝐺1 𝑠 𝑋 𝑠 𝑋 𝑠 = 𝐺2 𝑠 𝑈(𝑠) Substituindo a segunda equação na primeira, para eliminar a variável X(s), tem-se que: 𝑌 𝑠 = 𝐺1 𝑠 𝐺2 𝑠 𝑋 𝑠 de onde tira-se que a função de transferência de dois blocos em série é dada por: 𝐺 𝑠 = 𝐺1 𝑠 𝐺2 𝑠 ou seja, a função de transferência equivalente de dois blocos arranjados em série é dada pelo produto das funções de transferência dos blocos. Apostila de Controle 29 Figura 4-2: Combinação de dois blocos arranjados em série As ligações entre blocos podem sofrer um número qualquer de derivações, isto é, o sinal transportado por elas pode ser inserido em um ou mais blocos, como ilustra a Figura 4-3. Figura 4-3: Derivações das ligações entre blocos Dois sinais que transitam por ligações distintas podem ser combinados por meio de adição ou subtração, indicada por um bloco com o formato de um círculo, conhecido como somador, como mostrado na Figura 4-4. Se y(t) e x(t) forem sinais combinados num somador, então a saída apresentada pelo somador será y(t)+x(t) ou então y(t)-x(t). A adição ou subtração é indicada ao lado do somador, como mostra as Figura 4-4(a) e Figura 4-4(b), ou então dentro do somador, como indica Figura 4-4(c). Figura 4-4: Bloco somador: adição (a), subtração (b) e outra forma de representação gráfica (c). É bastante comum que sistemas exibam uma realimentação do sinal, formando assim uma malha fechada ou um loop, como mostrado na Figura 4-6 (a). Neste sistema define-se: 𝐺 𝑠 ⟹ função de transferência do ramo direto (FTRD) 𝐺 𝑠 𝐻 𝑠 ⟹ função de transferência de malha aberta (FTMA) 𝐶(𝑠) 𝑅(𝑠) ⟹ função de transferência de malha fechada (FTMF) Considerando a malha fechada mostrada na, tem-se as relações do somador e do bloco que integram a malha: 𝐸 𝑠 = 𝑅 𝑠 − 𝐶(𝑠)𝐻 𝑠 𝐶 𝑠 = 𝐺 𝑠 𝐸(𝑠) ⟹ 𝐶 𝑠 = 𝐺 𝑠 𝑅 𝑠 − 𝐺 𝑠 𝐶(𝑠)𝐻(𝑠) logo: Apostila de Controle 30 𝐶 𝑠 = 𝐺 𝑠 1 + 𝐺 𝑠 𝐻(𝑠) 𝑅 𝑠 Nota-se que este resultado indica que a malha fechada pode ser substituída por um bloco equivalente cuja função de transferência é dada por: 𝐶 𝑠 𝑅 𝑠 = 𝐺 𝑠 1 + 𝐺 𝑠 𝐻(𝑠) ⟹ 𝐹𝑇𝑀𝐹 = 𝐹𝑇𝑅𝐷 1 + 𝐹𝑇𝑀𝐴 como indicado na Figura 4-5 (b). Figura 4-5: Diagrama com uma função de transferência com uma malha de realimentação negativa (a), e seu bloco equivalente (b). No caso de a realimentação ter 𝐻 𝑠 = 1, ela é chamada de realimentação unitária negativa e é representada como na Figura 4-6: Figura 4-6: Representação em diagrama de blocos de uma realimentação unitária negativa (a), e seu bloco equivalente (b). Tendo por função de transferência equivalente: 𝐶 𝑠 𝑅(𝑠) = 𝐺 𝑠 1 + 𝐺(𝑠) 4.2 - MANIPULAÇÃO DE DIAGRAMA DE BLOCOS Diagramas de blocos podem ser sempre simplificados e reduzidos a um único bloco, desde que se conheça qual é a entrada e qual é a saída do diagrama. O processo de redução é realizado aplicando-se as definições das operações realizadas pelos blocos, de maneira semelhante àquela realizada na Seção 4.1 -. Algumas configurações são, contudo bastante típicas (ocorrem com freqüência num grande número de diagramas), e isto torna mais eficiente manter uma tabela das simplificações e equivalências do que obter esta equivalência a cada novo problema. Relacionam-se na Tabela 4-1, portanto, as situações mais comuns e suas respectivas equivalências. Apostila de Controle 31 Tabela 4-1: Equivalências entre diagramas de blocos Transformação Diagrama original Diagrama equivalente Combinar blocos em série (cascata) Combinar blocos em paralelo Mover um somador para antes do bloco Mover um somador para depois do bloco Mover uma derivação para antes do bloco Mover uma derivação para depois do bloco Eliminar um laço realimentado Além de sintetizar a dinâmica e facilitar o projeto de sistemas de controle, os diagramas de blocos podem também ser utilizados na obtenção da função de transferência de plantas razoavelmente complexas. Para obter a função de transferência de um sistema por meio de diagramas de blocos, basta seguir algumas regras simples: definir as variáveis necessárias para escrever as equações decada elemento da planta, com base em regras de continuidade e equilíbrio de forças; construir blocos com as equações funcionais de cada elemento; construir blocos adicionais para cada condição de continuidade e equilíbrio; garantir que a entrada de pelo menos um bloco seja a própria entrada do sistema; garantir que um bloco apresente como saída a própria saída da planta; construir o diagrama de blocos fazendo ligações entre eles; e simplificar o diagrama para obter a função de transferência. Apostila de Controle 32 Exemplo 4.1 - Simplificação de diagramas de blocos O diagrama de blocos de um sistema de controle com múltiplos laços de realimentação é mostrado na Figura 4-7. É interessante notar que o sinal de realimentação H1C é positivo; por isso, o laço G3(s)G4(s)H1(s) é chamado de laço de realimentação positiva. Figura 4-7: Diagrama de blocos do Exemplo 4.1 - . O procedimento de redução do diagrama de blocos é baseado nas transformações da Tabela 4-1, principalmente a que permite eliminar laços realimentados. As outras transformações são utilizadas para modificar o diagrama, de forma a deixá-lo em um formato adequado à eliminação de laços realimentados. Figura 4-8: Redução do diagrama de blocos da Figura 4-7. A seqüência de transformações aplicada ao diagrama está indicada na Figura 4-8. Foram feitas as seguintes operações: Mover H2 para depois do bloco G4. Eliminar o laço com realimentação H1. Eliminar o laço com realimentação H2/G4. Eliminar o laço com realimentação H3. Apostila de Controle 33 É interessante notar a forma do numerador e do denominador da função de transferência em malha fechada final: o numerador é composto pelo cascateamento da função de transferência dos elementos que conectam em sentido direto a entrada R(s) com a saída C(s); o denominador é composto de 1 menos a soma das funções de transferência de cada um dos laços. O sinal G3G4H1 é positivo porque se trata de um laço de realimentação positiva, enquanto os laços G1G2G3G4H3 e G2G3H2 são laços de realimentação negativa. 4.3 - SISTEMA EM MALHA-FECHADA SUJEITO A PERTURBAÇÕES No sistema representado na Figura 4-9, temos dois sinais de entrada: a própria entrada do sistema X(s) e uma perturbação N(s). Figura 4-9: Representação de um sistema em malha fechada sujeito a perturbações. Quando temos um sistema sujeito a entradas diferentes podemos obter independentemente as respostas para cada uma das entradas, utilizando-se o teorema da superposição, e após adicioná- las resultando na resposta completa. Para o sistema mostrado, considere que: 𝐶 𝑠 = 𝐶𝐷 𝑠 + 𝐶𝑅(𝑠) Onde: C(s) é a resposta completa do sistema; CD(s) é a resposta do sistema devido à entrada D(s) (distúrbio); e CR(s) é a resposta do sistema devido à entrada R(s) (referência, set-point ou entrada principal). Manipulando este diagrama de blocos, tem-se: 𝐶𝐷(𝑠) 𝐷(𝑠) = 𝐺2 𝑠 1 + 𝐺1 𝑠 𝐺2 𝑠 𝐻(𝑠) 𝐶𝑅(𝑠) 𝑅(𝑠) = 𝐺1 𝑠 𝐺2 𝑠 1 + 𝐺1 𝑠 𝐺2 𝑠 𝐻(𝑠) Ou seja: 𝑅(𝑠) = 𝐺2 𝑠 1 + 𝐺1 𝑠 𝐺2 𝑠 𝐻 𝑠 𝐷(𝑠) + 𝐺1 𝑠 𝐺2 𝑠 1 + 𝐺1 𝑠 𝐺2 𝑠 𝐻 𝑠 𝑅(𝑠) Se 𝐺1 𝑠 𝐺2 𝑠 𝐻 𝑠 ≫ 1 e 𝐺1 𝑠 𝐻 𝑠 ≫ 1, então: 𝐶𝐷 𝑠 ≈ 0 𝐶𝑅 𝑠 ≈ 1 𝐻 𝑠 𝑅(𝑠) ⟹ 𝐶 𝑠 ≈ 𝑅(𝑠) 𝐻(𝑠) Apostila de Controle 34 Com isto, concluí-se que: Se o ganho G1(s)H(s) é elevado, os efeitos que as perturbações poderiam causar na resposta do sistema, são desprezados. Se o ganho G1(s).H(s) é elevado, a função de transferência do sistema independe das variações em G1(s) e G2(s) e é inversamente proporcional ao ganho H(s). Se o ganho da realimentação é unitário, então o sistema em malha fechada, tende a igualar a saída com a entrada. Exemplo 4.2 - Questões de concursos públicos Resposta: Manipulando o diagrama, temos: 𝐶 𝑠 𝑅 𝑠 = 5 𝑠 + 3 × 1 𝑠 1 + 5 𝑠 + 3 × 1 𝑠 × 10 = 5 𝑠 + 3 × 1 𝑠 1 + 5 𝑠 + 3 × 1 𝑠 × 10 ∙ 𝑠 𝑠 + 3 𝑠 𝑠 + 3 𝐶 𝑠 𝑅 𝑠 = 5 𝑠 𝑠 + 3 + 50 𝐶 𝑠 𝑅 𝑠 = 5 𝑠2 + 3𝑠 + 50 Letra A. xxxxxxxxxx Resposta: A equação característica deste sistema é: 𝑠 𝑠 + 2 𝑠 + 3 + 𝐾 𝑠 + 10 = 0 Se 𝑠 = −6 é um pólo, então, tem-se que, (−6) −6 + 2 −6 + 3 + 𝐾 −6 + 10 = 0 −6 −4 −3 + 4𝐾 = 0 Ou seja, 𝐾 = 18. Letra D. Apostila de Controle 35 Prominp - Área: Elétrica – 2006 Petrobras 2006 – Eng. de Proc. Júnior Resposta: A Função de Transferência de malha fechada é: 𝐶 𝑠 𝑅 𝑠 = 10 𝑠(𝑠 + 2) × 𝐾(𝑠 + 2) 𝑠 + 𝑝 1 + 10 𝑠(𝑠 + 2) × 𝐾(𝑠 + 2) 𝑠 + 𝑝 = 10𝐾 𝑠(𝑠 + 𝑝) 1 + 10𝐾 𝑠(𝑠 + 𝑝) = 10𝐾 𝑠2 + 𝑠𝑝 + 10𝐾 Logo os pólos são: 𝑠1,2 = −𝑝 ± 𝑝2 − 4 × 1 × 10𝐾 2 = −4 ± 𝒋5 Da equação acima, conclui-se que p=8. Dessa forma: 82 − 4 × 1 × 10𝐾 2 = 5𝒋 Elevando ao quadrado: 82 − 4 × 1 × 10𝐾 4 = −25 64 − 40𝐾 = −100 −40𝐾 = −100 − 64 Logo K=4,1. Letra A. Resposta: Se 𝐺𝐴 = 𝐺1𝐺𝑐2 1 + 𝐺1𝐺𝑐2𝐻2 e 𝐺𝐵 = 𝐺2𝐺3 então, tem-se que: 𝐶 𝑠 𝑅 𝑠 = 𝐺𝑐1𝐺𝐴𝐺𝐵 1 + 𝐺𝑐1𝐺𝐴𝐺𝐵𝐻1 Letra E. Apostila de Controle 36 Petrobrás 2008 – Engenharia Química Resposta: Manipulando, tem-se: 𝜀 = 𝑆𝑝 − 𝑉𝑐 𝑉𝑐 = 𝐾1𝐾2 1 + 𝐾1𝐾2 𝑆𝑝 𝜀 = 𝑆𝑝 − 𝐾1𝐾2 1 + 𝐾1𝐾2 𝑆𝑝 = 𝑆𝑝 1 − 𝐾1𝐾2 1 + 𝐾1𝐾2 Se fizermos em função de Vc: 𝐾1𝐾2𝜀 = 𝑉𝑐 𝜀 = 𝑉𝑐 𝐾1𝐾2 Letra C, mas o gabarito diz que é a letra D. xxxxxxxxxx Resposta Considerando dois tanques de primeira ordem com a mesma constante de tempo, tem-se que a funções de transferência são: 𝑄1 𝑠 𝑄 𝑠 = 𝑄2 𝑠 𝑄1 𝑠 = 1 𝜏𝑠 + 1 Logo: 𝑄2 𝑠 𝑄 𝑠 = 1 𝜏𝑠 + 1 2 Letra B. Apostila de Controle 37 Prominp 2007 – Área: Químicap REFAP 2007 - Engenheiro de Proc. Júnior Resposta: Neste exercício, podemos considerar que a malha direta fica sendo G3, H1 e H2, e a realimentação fica sendo Gc, G1 e G2. Logo: 𝐵 𝑈2 = 𝐺3𝐻1𝐻2 1 + 𝐺 Onde: 𝐺 = 𝐺𝑐𝐺1𝐺2𝐺3𝐻1𝐻2 Letra B Resposta: Da simplificação de diagrama de blocos, tem-se que: 𝐺𝐴 = 𝐺1𝐺𝑐2 1 + 𝐺1𝐺𝑐2𝐻2 Letra E. Apostila de Controle 38 Eletronorte – Engenharia Eletrônica ou Eletro-Eletrônica – 2006 Resposta: Da fórmula de Função de Transferência em Malha Fechada, tem-se: 𝑌(𝑠) = 1 𝑠 ∙ 2 ∙ 1 𝑠 + 3 1 + 1 𝑠 ∙ 2 ∙ 1 𝑠 + 3 ∙ 1 ∙ 𝑅(𝑠) 𝑌(𝑠) = 1 𝑠 ∙ 2 ∙ 1 𝑠 + 3 1 + 1 𝑠 ∙ 2 ∙ 1 𝑠 + 3 ∙ 1 ∙ 𝑠(𝑠 + 3) 𝑠(𝑠 + 3) ∙ 𝑅(𝑠) 𝑌(𝑠) = 2 𝑠2 + 3𝑠 + 2 ∙ 𝑅(𝑠) e 𝑌(𝑠) = 1 𝑠 + 3 1 + 1 𝑠 ∙ 2 ∙ 1 𝑠 + 3 ∙ 1 ∙ 𝑊(𝑠) 𝑌(𝑠) = 1 𝑠 + 3 1 + 1 𝑠 ∙ 2 ∙ 1 𝑠 + 3 ∙ 1 ∙ 𝑠(𝑠 + 3) 𝑠(𝑠 + 3) ∙ 𝑊(𝑠) 𝑌(𝑠) = 𝑠 𝑠2 + 3𝑠 + 2 ∙ 𝑊(𝑠) logo, a resposta é: Letra E. Termoaçu - Engenheiro de Processamento Júnior – Janeiro/2008 Resposta: Da fórmula de Função de Transferência em Malha Fechada, tem-se: 𝐹(𝑠) = 𝐺2 ∙ 𝐺3 1 + 𝐺𝑐 ∙ 𝐺1 ∙ 𝐺2 ∙ 𝐺3 ∙ 𝐻1 ∙ 𝐻2 ∙ 𝑉1(𝑠) Letra B. Apostila de Controle 39 CAPÍTULO 5 ANÁLISE NO DOMÍNIO DO TEMPO 5.1 - INTRODUÇÃO O comportamento dinâmico de sistemas dinâmicos quando sujeito a tais ações pode ser visto sob duas perspectivas diferentes e complementares: o comportamento num curto período, logo após a aplicação da ação, e o comportamento no longo período, quando sua dinâmica torna-se estável (ou não, dependendo do sistema) ou repetitiva. O comportamento de curto período é conhecido como resposta transitória, transiente de resposta ou simplesmente transiente. O comportamento após o estabelecimento de condições perenes é conhecido resposta em regime permanente. Considerando a analogia que existe entre os sistemas mecânicos, elétricos e hidráulicos (e também térmicos), pode-se restringir a análise realizada apenas a um deles, uma vez que nos sistemas análogos o comportamento dinâmico é idêntico. Melhor ainda, a análise da resposta pode ser feita tendo como base a função de transferência dos sistemas maiscomuns, de 1ª e 2ª ordem, ou seja, nos quais o polinômio do denominador é de 1ª ordem ou 2ª ordem, sem se preocupar se o sistema é mecânico ou elétrico. Sistemas de 3ª ordem ou maior possuem um comportamento dinâmico que pode ser analisado com base nas respostas de sistema de ordem menor. Neste capítulo será analisada a resposta transitória de sistemas dinâmicos quando submetidos a alguma entrada de excitação. 5.2 - FUNÇÕES DESCONTÍNUAS NO TEMPO Na solução de problemas dinâmicos, é freqüente encontrar-se situações nas quais um sistema sofre um impacto, ou uma ação descontínua no tempo, ou um impulso. Exemplos de tais ações são: o choque entre duas bolas (impulso) no qual a força exercida no contacto é alta e a duração da ação é curta; e o brusco acionamento de um sistema elétrico ao ligar-se a chave de alimentação. Tais ações são consideradas descontínuas no tempo, pois assumem valores diferentes em instantes de tempo muito próximos entre si. No mundo real macroscópico, contudo, não existem descontinuidades, pois a cada instante pode ser determinado o valor exato da ação. Porém, é conveniente considerá-las descontínuas, uma vez que é muito difícil estabelecer quais os limites do impulso e da duração do evento. Definem-se, com isso, algumas funções típicas que caracterizam eventos descontínuos no tempo. Estas funções são: a função degrau, a função impulso e a função rampa. 5.2.1 - Função degrau unitário A função degrau unitário corresponde a uma ação que modifica instantaneamente uma determinada condição, ou variável, de um sistema, tais como: a posição, ou a velocidade, ou a carga elétrica num capacitor; Apostila de Controle 40 a vazão em uma tubulação; o início da ação de uma força por exemplo. A função degrau unitário é definida como: 𝟏 𝑡 ≜ 0, para 𝑡 < 0 1, para 𝑡 ≥ 0 5.2.2 - Função impulso unitário A função impulso unitário corresponde a uma ação que age sobre um sistema durante um intervalo infinitesimal de tempo. Esta função é representada matematicamente pela função “delta de Dirac”. Na função impulso unitário, a potência e a energia despendidas na ação são limitados, porém a ação não é. Isto se deve ao fato de que o intervalo de tempo que dura o acionamento é muito pequeno, e tende a zero, fazendo com que a força neste intervalo tenda a infinito. Um bom exemplo da aplicação de um impulso unitário é no choque entre duas partes mecânicas. A função impulso unitário é definida como: 𝛿 𝑡 ≜ 0, para 𝑡 < 0 lim ∆𝑡→0 1 ∆𝑡 , para 0 ≤ 𝑡 < ∆𝑡 0, para 𝑡 ≥ ∆𝑡 5.2.3 - Função rampa A função rampa corresponde a uma ação que cresce linearmente no tempo, a partir de uma ação nula. Ela é contínua no tempo, porém sua derivada é descontínua na origem. Quando o tempo tende a infinito, o valor da ação na função rampa também tende a infinito. Na prática isto não ocorre, uma vez que não se consegue gerar ações de intensidade infinita. A função rampa é definida por: 𝜌 𝑡 ≜ 0, para 𝑡 < 0 𝑡, para 𝑡 ≥ 0 5.3 - SISTEMAS DE PRIMEIRA ORDEM Sistemas de primeira ordem possuem função de transferência na forma 𝐺 𝑠 = 𝐶(𝑠) 𝑅(𝑠) = 𝐾 𝜏𝑠 + 1 onde C(s) é a transformada de Laplace da saída e R(s) é a transformada da entrada (referência). Apostila de Controle 41 5.3.1 - Resposta ao degrau Sua resposta ao degrau unitário no domínio da variável complexa s é: 𝐶𝑑𝑢 𝑠 = 𝐾 𝑠(𝜏𝑠 + 1) Decompondo Cdu(s) em frações parciais, tem-se: 𝐶𝑑𝑢 𝑠 = 𝐾 1 𝑠 − 1 𝑠 + 1 𝜏 cuja transformada inversa de Laplace vale 𝑐𝑑𝑢 𝑡 = 𝐾 1 − 𝑒 −𝑡 𝜏 Pela equação acima, verifica-se que o sistema tende para o valor 𝐾 em regime permanente, razão pela qual este parâmetro do sistema é chamado de ganho DC. A Figura 5-1 mostra a resposta de um sistema de primeira ordem para uma entrada degrau unitário para o caso de 𝐾 = 1. A resposta parte de cdu(0) = 0 e aproxima-se do valor unitário (relativo ao degrau), conforme avança o tempo, atingido 63,2% de seu valor de regime permanente quando 𝑡 = 𝜏, pois: 𝑐𝑑𝑢 𝜏 = 1 − 𝑒 −1 ≅ 0,632 Ou seja, o sistema responde mais rapidamente quanto menor for o valor de 𝜏, razão pela qual este parâmetro do sistema é chamado de constante de tempo. Figura 5-1: Resposta de um sistema de primeira ordem ao degrau unitário. Quando t=4, o erro de resposta (isto é, a diferença entre o valor de referência e a resposta do sistema) é menor que 2%. Admite-se, para fins práticos, que se a resposta ficar confinada dentro de um erro de 2% o sistema atingiu o regime permanente. Ao contrário, se o sistema ainda não estabilizou o suficiente, então ele encontra-se no regime transitório ou transiente. Não faz sentido definir o regime permanente com base em um erro nulo, uma vez que teoricamente o sistema leva um tempo infinito para atingir o valor unitário. Como o pólo dos sistemas de primeira ordem se localiza em 𝑠 = − 1 𝜏 , quanto mais afastado do eixo imaginário estiver o pólo, mais rapidamente o sistema estabilizará, conforme pode ser verificado na Figura 5-2. Apostila de Controle 42 Figura 5-2: Influência da constante de tempo no tempo de estabilização 5.3.2 - Resposta ao impulso unitário Sua resposta ao impulso unitário no domínio da variável complexa s é: 𝐶𝑖𝑢 𝑠 = 𝐾 𝜏𝑠 + 1 = 𝐾 τ ∙ 1 𝑠 + 1 𝜏 cuja transformada inversa de Laplace vale 𝑐𝑖𝑢 𝑡 = 𝐾 τ 𝑒−𝑡 𝜏 Figura 5-3: Resposta de um sistema de primeira ordem ao impulso unitário. 5.3.3 - Resposta à rampa unitária A resposta à rampa unitária de um sistema de primeira ordem no domínio do tempo pode ser calculada a partir da solução da seguinte E.D.O: 𝜏 𝑑𝑦(𝑡) 𝑑𝑡 + 𝑦(𝑡) = 𝐾𝑡 considerando condições iniciais nulas. Da teoria de equações diferenciais sabemos que a solução é: 𝑦 𝑡 = 𝑦 𝑡 + 𝑦𝑝(𝑡) em que: 𝑦 𝑡 ≜ solução da equação diferencial homogênea; 𝑦𝑝 𝑡 ≜ solução particular, da mesma natureza da entrada 𝑥(𝑡); Solução da homogênea: A equação diferencial homogênea é: Apostila de Controle 43 𝜏 𝑑𝑦(𝑡) 𝑑𝑡 + 𝑦(𝑡) = 0 que tem a equação característica: 𝜏 ∙ 𝑟 + 1 = 0 A raiz desta equação é: 𝑟 = − 1 𝜏 Logo da teoria de equações diferenciais: 𝑦(𝑡) = 𝐶𝑒 −𝑡 𝜏 onde 𝐶 é uma constante que depende das condições iniciais. Solução particular: Da teoria de equações diferenciais sabemos que a solução particular é um polinômio de grau igual a um, pois é da mesma natureza da entrada. 𝑦𝑝 𝑡 = 𝐴1𝑡 + 𝐵1 Substituindo na E.D.O. vem: 𝜏𝐴1 + 𝐴1𝑡 + 𝐵1 = 𝐾𝑡 Da identidade entre os coeficientes do polinômio temos: 𝐴1 = 𝐾 𝐵1 = −𝐾𝜏 Portanto: 𝑦𝑝 𝑡 = 𝐾 𝑡 − 𝜏 Agora, combinando as duas soluções temos que: 𝑦 𝑡 = 𝐶𝑒−𝑡 𝜏 + 𝐾 𝑡 − 𝜏 Considerando C.I. nulas: 𝑦 0 = 0 = 𝐶 − 𝐾𝜏 ⟹ 𝐶 = 𝐾𝜏 Logo: 𝑦 𝑡 = 𝐾𝜏 𝑒−𝑡 𝜏 + 𝑡 𝜏 − 1 que é a resposta do sistema de primeira ordem à entrada rampa unitária, tendo como condição inicial o repouso. Considerando que: lim 𝑡→∞ 𝑦(𝑡) = 0 temos que: lim 𝑡→∞ 𝑦(𝑡) = 𝐾 𝑡 − 𝜏 que é a solução particular. Apostila de Controle 44 Figura 5-4: Resposta de um sistema de primeira ordem à rampa unitária. 5.4 - SISTEMAS DE SEGUNDA ORDEM Sistemas de segunda ordem possuem no denominador um polinômio do segundo grau na variável complexa s, na forma 𝐺 𝑠 = 𝑌 𝑠 𝑋 𝑠 = 𝑏0 𝑎2𝑠2 + 𝑎1𝑠 + 𝑎0 = 𝑏0 𝑎0 𝑎0 𝑎2 𝑠2 + 𝑎1 𝑎2 𝑠 + 𝑎0 𝑎2 possuindo, então, dois pólos localizados em: 𝑝1,2 = − 𝑎1 𝑎2 2 ± 𝑎1 𝑎2 2 − 4 𝑎0 𝑎2 2 = − 𝑎1 2𝑎2 ± 𝑎1 2𝑎2 2 − 𝑎0 𝑎2 = − 𝑎1 2𝑎2 ± 𝑎1 2 − 4𝑎0𝑎2 4 𝑎2 2 5.4.1 - Resposta ao degrau Sua resposta ao degrau unitário é: 𝑌 𝑠 = 1 𝑠 𝑏0 𝑎0 𝑎0 𝑎2𝑠2 + 𝑎1𝑠 + 𝑎0 O valor em regime permanente da resposta ao degrau deste sistema poder ser obtido através do Teorema do Valor Final. 𝑦∞ = lim 𝑡⟶∞ 𝑦(𝑡) = lim 𝑠⟶0 𝑠𝑌 𝑠 = lim𝑠⟶0 𝑠 1 𝑠 𝑏0 𝑎0 𝑎0 𝑎2𝑠2 + 𝑎1𝑠 + 𝑎0 = 𝑏0 𝑎0 Ou seja, pode-se definir o ganho DC do sistema como sendo: 𝐾 = 𝑏0 𝑎0 Desta forma, podem-se verificar três situações diferentes: 𝑎1 2 − 4𝑎0𝑎2 < 0 – dois pólos complexos conjugados; 𝑎1 2 − 4𝑎0𝑎2 = 0 – um pólo real duplo; e 𝑎1 2 − 4𝑎0𝑎2 > 0 – dois pólos reais e distintos. Apostila de Controle 45 a) Sistema sub-amortecido – 𝒂𝟏 𝟐 − 𝟒𝒂𝟎𝒂𝟐 < 0: Neste caso, têm-se dois pólos complexos conjugados localizados em: 𝑝1,2 = − 𝑎1 2𝑎2 ± 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 𝑗 e a função de transferência pode ser escrita na forma: 𝐺 𝑠 = 𝐾 𝑎0 𝑎2 𝑠 + 𝑎1 2𝑎2 2 + 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 cuja resposta ao degrau unitário no domínio da variável complexa é: 𝑌 𝑠 = 𝐾 𝑎0 𝑎2 𝑠 𝑠 + 𝑎1 2𝑎2 2 + 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 Decompondo a expressão acima em frações parciais, tem-se: 𝑌 𝑠 = 𝐾 1 𝑠 − 𝑠 + 𝑎1 𝑎2 𝑠 + 𝑎1 2𝑎2 2 + 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 Que pode ser reescrito na forma: 𝑌 𝑠 = 𝐾 1 𝑠 − 𝑠 + 𝑎1 2𝑎2 𝑠 + 𝑎1 2𝑎2 2 + 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 − 𝑎1 2𝑎2 𝑠 + 𝑎1 2𝑎2 2 + 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 𝑌 𝑠 = 𝐾 1 𝑠 − 𝑠 + 𝑎1 2𝑎2 𝑠 + 𝑎1 2𝑎2 2 + 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 − 𝑎1 2𝑎2 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 𝑠 + 𝑎1 2𝑎2 2 + 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 Da Tabela 3-1, sabe-se que: L −1 𝑠 + 𝑎 𝑠 + 𝑎 2 + 𝜔2 = 𝑒−𝑎𝑡 cos 𝜔𝑡 L −1 𝜔 𝑠 + 𝑎 2 + 𝜔2 = 𝑒−𝑎𝑡 sin 𝜔𝑡 Logo: 𝑦 𝑡 = 𝐾 1 − 𝑒 − 𝑎1 2𝑎2 𝑡 cos 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 𝑡 + 𝑎1 2𝑎2 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 sin 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 𝑡 Se 𝑎1 = 0, tem-se um sistema cuja resposta ao degrau unitário é: 𝑦 𝑡 = 𝐾 1 − cos 𝑎0 𝑎2 𝑡 Apostila de Controle 46 Ou seja, caso o sistema tenha 𝑎1 = 0, sua saída para uma entrada degrau unitário é um movimento oscilatório de freqüência 𝑎0 𝑎2 , podendo-se então definir este parâmetro do sistema como sua freqüência natural não-amortecida 𝝎𝒏, ou seja: 𝜔𝑛 = 𝑎0 𝑎2 Se 𝑎1 ≠ 1, a freqüência de oscilação do sistema é chamada de freqüência natural amortecida 𝝎𝒅, que é dada por: 𝜔𝑑 = 𝑎0 𝑎2 − 𝑎1 2𝑎2 2 = 𝑎0 𝑎2 1 − 𝑎1 2 4𝑎0𝑎2 = 𝜔𝑛 1 − 𝑎1 2 4𝑎0𝑎2 Verifica-se que 𝜔𝑑 < 𝜔𝑛 , ficando cada vez menor quanto maior for 𝑎1, que está associado ao amortecimento do sistema. Se ocorrer que 𝑎1 2 = 4𝑎0𝑎2, verifica-se que não haverá mais oscilação. Este valor é chamado de amortecimento crítico, ou seja: 𝑎1 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 = 2 𝑎0𝑎2 Define-se então o coeficiente de amortecimento 𝝃 como: 𝜉 = 𝑎1 𝑎1 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑜 = 𝑎1 2 𝑎0𝑎2 Usando-se as definições acima, a resposta fica: 𝑦 𝑡 = 𝐾 1 − 𝑒−𝜉𝜔𝑛 𝑡 cos 𝜔𝑑𝑡 + 𝜉 1 − 𝜉2 ∙ sin 𝜔𝑑𝑡 onde: 𝜔𝑑 = 𝜔𝑛 1 − 𝜉2 Verifica-se uma resposta oscilatória devida a um baixo valor do amortecimento, razão pela qual é chamado de sistema sub-amortecido. b) Sistema criticamente amortecido – 𝒂𝟏 𝟐 − 𝟒𝒂𝟎𝒂𝟐 = 𝟎: Neste caso, têm-se um pólo real duplo e negativo localizado em: 𝑝1,2 = − 𝑎1 2𝑎2 = − 𝑎0 𝑎2 = −𝜔𝑛 e a função de transferência pode ser escrita na forma: 𝐺 𝑠 = 𝐾 𝜔𝑛 2 𝑠 + 𝜔𝑛 2 cuja resposta ao degrau unitário no domínio da variável complexa é: 𝑌 𝑠 = 𝐾 𝜔𝑛 2 𝑠 𝑠 + 𝜔𝑛 2 Decompondo a expressão acima em frações parciais, tem-se: 𝑌 𝑠 = 𝐾 1 𝑠 − 1 𝑠 + 𝜔𝑛 − 𝜔𝑛 𝑠 + 𝜔𝑛 2 Apostila de Controle 47 Aplicando-se a transformada inversa de Laplace: L −1 𝑌(𝑠) = 𝐾 1 − 𝑒−𝜔𝑛 𝑡 − 𝜔𝑛𝑡𝑒 −𝜔𝑛 𝑡 Logo: 𝑦(𝑡) = 𝐾 1 − 𝑒−𝜔𝑛 𝑡 1 + 𝜔𝑛𝑡 c) Sistema superamortecido – 𝒂𝟏 𝟐 − 𝟒𝒂𝟎𝒂𝟐 > 0: Neste caso, têm-se dois pólos reais e negativos localizados em: 𝑝1,2 = −𝜉𝜔𝑛 ± 𝜔𝑛 𝜉2 − 1 e a função de transferência pode ser escrita na forma: 𝐺 𝑠 = 𝐾 𝜔𝑛 2 𝑠 + 𝑠1 𝑠 + 𝑠2 = 𝐾 𝜔𝑛 2 𝑠2 + 𝑠1 + 𝑠2 𝑠 + 𝑠1𝑠2 onde: 𝑠1,2 = −𝑝1,2 = 𝜉𝜔𝑛 ± 𝜔𝑛 𝜉2 − 1 cuja resposta ao degrau unitário no domínio da variável complexa é: 𝑌 𝑠 = 𝐾 𝜔𝑛 2 𝑠 𝑠 + 𝑠1 𝑠 + 𝑠2 Decompondo a expressão acima em frações parciais, tem-se: 𝑌 𝑠 = 𝐾𝜔𝑛 2 1 𝑠1𝑠2 ∙ 1 𝑠 + 1 𝑠2 − 𝑠1 1 𝑠1 ∙ 1 𝑠 + 𝑠1 − 1 𝑠2 ∙ 1 𝑠 + 𝑠2 Aplicando-se a transformada inversa de Laplace: L −1 𝑌(𝑠) = 𝐾 𝜔𝑛 2 𝑠1𝑠2 + 𝜔𝑛 2 𝑠2 − 𝑠1 𝑒−𝑠1𝑡 𝑠1 − 𝑒−𝑠2𝑡 𝑠2 e considerando que: 𝑠1𝑠2 = 𝜔𝑛 2 e 𝑠2 − 𝑠1 = 2𝜔𝑛 𝜉2 − 1 conclui-se que: 𝑦 𝑡 = 𝐾 1 + 𝜔𝑛 2 𝜉2 − 1 𝑒−𝑠1𝑡 𝑠1 − 𝑒−𝑠2𝑡 𝑠2 que pode ser escrita na forma mais completa como: 𝑦 𝑡 = 𝐾 1 + 1 2 𝜉2 − 1 𝑒−𝜔𝑛 𝜉+ 𝜉2−1 𝑡 𝜉 + 𝜉2 − 1 − 𝑒−𝜔𝑛 𝜉− 𝜉2−1 𝑡 𝜉 − 𝜉2 − 1 Verifica-se uma resposta não oscilatória devido a um grande amortecimento. Por isso este sistema é chamado de sobre-amortecido ou superamortecido. Podem-se resumir as três possíveis situações para um sistema de segunda ordem: Apostila de Controle 48 Coeficiente de amortecimento Nome Pólos Resposta ao degrau 𝜉 < 1 Sub-amortecido 2 pólos complexos conjugados Oscilatória 𝜉 = 1 Criticamente amortecido 1 pólo real duplo Não oscilatória 𝜉 > 1 Superamortecido 2 pólos reais distintos Não oscilatória A Figura 5-5 mostra as diversas respostas de um sistema de segunda ordem a uma entrada degrau unitário, em função da constante de amortecimento 𝜉 e com 𝐾 = 1. Figura 5-5: Resposta de um sistema de segunda ordem ao degrau unitário, para diferentes valores da constante de amortecimento 𝜉. 5.4.2 - Resposta ao impulso unitário A partir de agora, tendo demonstrado o significado de 𝐾 (ganho DC), 𝜔𝑛 (freqüência natural não amortecida) e 𝜉 (coeficiente de amortecimento), podemos escrever a função de transferência de um sistema de segunda ordem sempre na sua forma canônica. 𝐺 𝑠 = 𝑌 𝑠 𝑋 𝑠 = 𝐾 𝜔𝑛 2 𝑠2 + 2𝜉𝜔𝑛𝑠 + 𝜔𝑛2 que possui seus pólos localizados em: 𝑝1,2 = −𝜉𝜔𝑛 ± 𝜔𝑛 𝜉2 − 1 Sua resposta ao impulso unitário é: 𝑌 𝑠 = 𝐾 𝜔𝑛 2 𝑠2 + 2𝜉𝜔𝑛𝑠 + 𝜔𝑛2 ∙ 1 a) Sistema sub-amortecido Neste caso, o sistema possui dois pólos complexos conjugados: 𝑝1,2 = −𝜉𝜔𝑛 ± 𝜔𝑛 1 − 𝜉2𝑗 = −𝜉𝜔𝑛 ± 𝜔𝑑𝑗 e sua cuja resposta ao impulso unitário no domínio da variável complexa pode ser escrita na forma: Apostila de Controle 49 𝑌 𝑠 = 𝐾 𝜔𝑛 2 𝑠 + 𝜉𝜔𝑛 2 + 𝜔𝑑 2 = 𝐾 𝜔𝑛 2 𝜔𝑑 𝜔𝑑 𝑠 + 𝜉𝜔𝑛 2 + 𝜔𝑑 2 = 𝐾 𝜔𝑛 1 − 𝜉2 𝜔𝑑 𝑠 + 𝜉𝜔𝑛 2 + 𝜔𝑑 2 Logo: 𝑦 𝑡 = 𝐾 𝜔𝑛 1 − 𝜉2 𝑒−𝜉𝜔𝑛 𝑡 sin 𝜔𝑑𝑡 b) Sistema criticamente amortecido Neste caso, o sistema possui um pólo real duplo: 𝑝1,2 = −𝜔𝑛 e sua cuja resposta ao impulso unitário no domínio da variável complexa pode ser escrita na forma: 𝑌 𝑠 = 𝐾 𝜔𝑛 2 𝑠 + 𝜔𝑛 2 Logo: 𝑦 𝑡 = 𝐾𝜔𝑛 2𝑡𝑒−𝜔𝑛 𝑡 c) Sistema superamortecido Neste caso, o sistema possui dois pólos reais distintos: 𝑝1,2 = −𝜉𝜔𝑛 ± 𝜔𝑛 𝜉2 − 1 e sua cuja resposta ao impulso unitário no domínio da variável complexa pode ser escrita na forma: 𝑌 𝑠 = 𝐾 𝜔𝑛 2 𝑠 + 𝑠1 𝑠 + 𝑠2 = 𝐾𝜔𝑛 2 𝑠2 − 𝑠1 1 𝑠 + 𝑠1 − 1 𝑠 + 𝑠2 sendo: 𝑠1,2 = −𝑝1,2 = 𝜉𝜔𝑛 ± 𝜔𝑛 𝜉2 − 1 Ou seja: 𝑌 𝑠 = 𝐾𝜔𝑛 2 𝜉2 − 1 1 𝑠 + 𝑠1 − 1 𝑠 + 𝑠2 Logo: 𝑦 𝑡 = 𝐾𝜔𝑛 2 𝜉2 − 1 𝑒−𝜔𝑛 𝜉− 𝜉2−1 𝑡 − 𝑒−𝜔𝑛 𝜉+ 𝜉2−1 𝑡 Apostila de Controle 50 Figura 5-6: Resposta de um sistema de segunda ordem ao impulso unitário. 5.4.3 - Resposta à rampa A resposta à rampa de um sistema de segunda ordem no domínio do tempo pode ser calculada a partir da solução da seguinte E.D.O: 1 𝜔𝑛2 𝑑2𝑦 𝑑𝑡2 + 2𝜉 𝜔𝑛 𝑑𝑦 𝑑𝑡 + 𝑦 = 𝐾𝐴𝑡 considerando condições iniciais nulas. Da teoria de equações diferenciais sabemos que a solução é: 𝑦 𝑡 = 𝑦 𝑡 + 𝑦𝑝(𝑡)em que: 𝑦 𝑡 ≜ solução da equação diferencial homogênea; 𝑦𝑝 𝑡 ≜ solução particular, da mesma natureza da entrada 𝑥(𝑡); a) Solução da homogênea: A equação diferencial homogênea é: 1 𝜔𝑛2 𝑑2𝑦 𝑑𝑡2 + 2𝜉 𝜔𝑛 𝑑𝑦 𝑑𝑡 + 𝑦 = 0 que tem a equação característica: 1 𝜔𝑛2 𝑟2 + 2𝜉 𝜔𝑛 𝑟 + 1 = 0 ⟹ 𝑟2 + 2𝜉𝜔𝑛𝑟 + 𝜔𝑛 2 = 0 As raízes desta equação são: 𝑟 = −𝜉𝜔𝑛 ± 𝜔𝑛 𝜉2 − 1 Logo, a solução da homogênea tem três formas diferentes, dependendo do valor de 𝜉: Sistema sub-amortecido Neste caso, a equação característica possui duas raízes complexas conjugadas: Apostila de Controle 51 𝑟1,2 = −𝜉𝜔𝑛 ± 𝜔𝑛 1 − 𝜉2𝑗 = −𝜉𝜔𝑛 ± 𝜔𝑑𝑗 Logo da teoria de equações diferenciais: 𝑦 𝑡 = 𝑒 −𝜉𝜔𝑛 𝑡 𝐶1sen 1 − 𝜉2𝜔𝑛𝑡 + 𝐶2cos 1 − 𝜉2𝜔𝑛𝑡 onde 𝐶1 e 𝐶2 são constantes que dependem das condições iniciais. Sistema criticamente amortecido Neste caso, a equação característica possui uma raiz real dupla: 𝑟1,2 = −𝜔𝑛 Logo da teoria de equações diferenciais: 𝑦 𝑡 = 𝐶1 + 𝐶2𝑡 𝑒 −𝜔𝑛 𝑡 onde 𝐶1 e 𝐶2 são constantes que dependem das condições iniciais. Sistema superamortecido Neste caso, a equação característica possui duas raízes reais distintas: 𝑟1,2 = −𝜉𝜔𝑛 ± 𝜔𝑛 𝜉2 − 1 Logo da teoria de equações diferenciais: 𝑦 𝑡 = 𝐶1𝑒 −𝜔𝑛 𝜉− 𝜉2−1 𝑡 − 𝐶2𝑒 −𝜔𝑛 𝜉+ 𝜉2−1 𝑡 onde 𝐶1 e 𝐶2 são constantes que dependem das condições iniciais. b) Solução particular: Da teoria de equações diferenciais sabemos que a solução particular é um polinômio de grau igual a um, pois é da mesma natureza da entrada. 𝑦𝑝 𝑡 = 𝐴1𝑡 + 𝐵1 Substituindo na E.D.O. vem: 2𝜉 𝜔𝑛 𝐴1 + 𝐴1𝑡 + 𝐵1 = 𝐾𝐴𝑡 Da identidade entre os coeficientes do polinômio temos: 𝐴1 = 𝐾𝐴 𝐵1 = −𝐾 2𝜉 𝜔𝑛 𝐴 Portanto: 𝑦𝑝 𝑡 = 𝐾𝐴 𝑡 − 2𝜉 𝜔𝑛 Agora, combinando as duas soluções temos que: Sistema sub-amortecido 𝑦 𝑡 = 𝑒−𝜉𝜔𝑛 𝑡 𝐶1sen 1 − 𝜉2𝜔𝑛𝑡 + 𝐶2cos 1 − 𝜉2𝜔𝑛𝑡 + 𝐾𝐴 𝑡 − 2𝜉 𝜔𝑛 onde 𝐶1 e 𝐶2 são constantes que dependem das condições iniciais. Sistema criticamente amortecido Apostila de Controle 52 𝑦 𝑡 = 𝐶1 + 𝐶2𝑡 𝑒 −𝜔𝑛 𝑡 + 𝐾𝐴 𝑡 − 2𝜉 𝜔𝑛 onde 𝐶1 e 𝐶2 são constantes que dependem das condições iniciais. Sistema superamortecido 𝑦 𝑡 = 𝐶1𝑒 −𝜔𝑛 𝜉− 𝜉2−1 𝑡 − 𝐶2𝑒 −𝜔𝑛 𝜉+ 𝜉2−1 𝑡 + 𝐾𝐴 𝑡 − 2𝜉 𝜔𝑛 onde 𝐶1 e 𝐶2 são constantes que dependem das condições iniciais. Considerando que: lim 𝑡→∞ 𝑦(𝑡) = 0 temos que: lim 𝑡→∞ 𝑦(𝑡) = 𝐾𝐴 𝑡 − 2𝜉 𝜔𝑛 que é a solução particular. Figura 5-7: Resposta de um sistema de segunda ordem à rampa unitária. 5.5 - ANÁLISE DE DESEMPENHO COM BASE NA RESPOSTA TRANSIENTE Em geral a análise do desempenho ou das características de um sistema é realizada com base na resposta deste sistema a uma excitação qualquer. Como o degrau unitário permite diferenciar bem o comportamento dinâmico dos diversos sistemas, ele é normalmente escolhido como a excitação de referência, embora o impulso unitário possa igualmente desempenhar este papel. Como visto, a resposta de um sistema de 2ª ordem maior não atinge a referência imediatamente, mas apresenta um transiente amortecido até atingir o regime estacionário (ou permanente). Uma resposta típica destes sistemas ao degrau unitário é a mostrado na Figura 5-8, com uma ou outra alteração. Com base neste comportamento, podem-se definir alguns parâmetros Apostila de Controle 53 importantes para caracterizar o desempenho de um sistema dinâmico. Os parâmetros mais importantes são: Tempo de atraso de resposta td – é o intervalo no qual o sistema atinge pela primeira vez 50% do seu valor final (estacionário). Tempo de subida tr – é o tempo que o sistema leva para passar de 0 a 100% do seu valor final, ou então de 5% a 95%, ou ainda de 10% a 90%. Tempo de pico ou instante de pico ou instante de máxima resposta tp – é o intervalo de tempo necessário até que o sistema atinja seu primeiro sobre-sinal. Sobre-sinal máximo (ou overshoot) Mp – é a diferença entre a resposta no instante de pico e o valor da resposta em regime permanente. Pode ser mostrado que o sobre-sinal máximo relaciona- se com a estabilidade do sistema. Tempo de assentamento ts – é o intervalo que o sistema leva até que a resposta caia dentro de uma faixa de valores centrada no valor final do regime permanente. Esta faixa é geralmente escolhida entre 2% a 5%, dependendo dos objetivos do projeto. O tempo de assentamento é maior do que todos os outros intervalos definidos aqui. Admite- se, para fins práticos, que após o tempo de assentamento o sistema tenha atingido o regime permanente. Em sistemas sobre-amortecidos o instante de pico e o sobre-sinal máximo não são definidos. A Figura 5-8 representa estes parâmetros, sendo que o tempo de subida está representado considerando-se o intervalo de 0 a 100%. Figura 5-8: Caracterização da resposta de um sistema dinâmico. Apostila de Controle 54 Exemplo 5.1 - Questões de concursos públicos Petroquimica Suape Julho/2009 – Engenheiro(a) de Processamento Júnior Resposta: Este sistema possui uma constante de tempo de 11s, logo o sistema alcançará 99,33% da variação total, após um intervalo de tempo igual a 55s, descontado o seu atraso de resposta que é de 7s. Logo o tempo total é de 62s. Letra D. Petrobrás – Engenharia Química 2008 Resposta: Da própria solução de sistemas de primeira ordem ao degrau, letra D. Equipamentos Júnior - 2008 Resposta: Da própria definição de sobre-elevação, letra B. Apostila de Controle 55 Petrobras – Eng. de Proc. Júnior 2001 Resposta: 1. Errado. O comportamento da perturbação de entrada é modelado por uma função que o representa. É o sistema que é modelado por meio de uma equação diferencial de primeira ordem. 2. Certo. Se reescrevermos a equação, tem-se: 𝐴 𝑑 𝑑𝑡 + 𝑅 = 𝐹𝑒 que é um equação diferencial de primeira ordem, cuja entrada é a vazão de entrada no tanqe e a saída é a altura de líquido. 3. Certo. Verifica-se pela própria definição de constante de tempo. 4. Errado. Cosntituem sistemas de segunda ordem ou mais, dependendo do número de processos. 5. Errado. Sistemas superamortecidos possuem resposta não oscilatória. Empresa de Pesquisa Energética 2006 Resposta: A função de transferência deste sistema é 𝐼(𝑠) 𝑉(𝑠) = 10𝑠 𝑠2 + 14𝑠 + 100 Logo, tem-se que: 𝜔𝑛 = 10 𝑟𝑑/𝑠 e que: 2𝜉𝜔𝑛 = 14 𝑟𝑑/𝑠 Logo: 𝜉 = 0,7 Letra C. Apostila de Controle 56 Prominp – Área Química – Processos 2008 Resposta: Pode-se fazer através da comparação de unidades: Constante de tempo é s (segundos); Volume é m3; Vazão volumétrica é m3/s; e Concentração é kg/m3 Desta forma: a letra A dá s-1; as letras B e C dão s-1.kg/m3; a letra D dá s; e a letra E dá kg/m3. Portanto, a resposta é a letra D. Petrobras – Processamento Júnior – 2004 Resposta: 156V, 157V, 158F, 159V, 160V Apostila de Controle 57 Petroquimica Suape Julho/2009 – Eng. de Proc. Júnior Resposta: São dois sistemas de primeira ordem conectados em série. A Função de Transferência final é da forma: 𝐺 𝑠 = 𝐾1 𝜏1𝑠 + 1 ∙ 𝐾2 𝜏2𝑠 + 1 qué um sistema de segunda ordem, mas com dois pólos reais, distintos ou não. Portanto, a combinação de sistemas de primeira ordem resulta em um sistema de ordem maior, mas que possui somente pólos reais, ou seja, com resposta não oscilatória ao degrau. Portanto, Letra E. Apostila de Controle 58 Prominp 2009 – Área Elétrica Resposta: Se o sobre-sinal é de 25%, é porque tem-se: 𝑒 − 𝜉𝜋 1−𝜉2 = 0,25 = 1 4 ln 𝑒 − 𝜉𝜋 1−𝜉2 = ln 1 4 = − ln 4 − 𝜉𝜋 1 − 𝜉2 = − ln 4 𝜉2𝜋2 1 − 𝜉2 = ln 4 2 𝜉2𝜋2 = 1 − 𝜉2 ∙ ln 4 2 𝜉2𝜋2 + 𝜉2 ln 4 2 = ln 4 2 𝜉2 = ln 4 2 𝜋2 + ln 4 2 𝜉 = ln 4 𝜋2 + ln 4 2 Letra C. Prominp - Área:
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